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UNIVERSIDADE DE LISBOA - FACULDADE DE LETRAS Departamento de História HISTÓRIA DO CRISTIANISMO MODERNO Primeiro Semestre – Cadeira de Opção (75731) Ano Lectivo 2010-2011 TP – 4 horas semanais Docente: António Matos Ferreira PROGRAMA Subtítulo do Programa: Correntes cristãs no Ocidente do século XV ao XVIII 1. Introdução à historiografia sobre o Cristianismo nas épocas moderna e contemporânea: principais correntes, problemas metodológicos e principais vectores da investigação actual. 2. Das Reformas à Revolução (séculos XV a XVIII): o Cristianismo como factor de fragmentação social. 2.1 A «reforma religiosa» como paradigma de transformação Reforma monástica e Reforma Gregoriana como resposta ao caldeamento religioso resultante da cristianização dos povos do continente europeu. A sociedade de cristandade (características e principais vectores). As fracturas institucionais e espirituais do Cristianismo nos séculos XIV e XV. Principais correntes teológicas e espirituais nos séculos XIV e XV e os contornos dos movimentos sócio-religiosos reformadores. A religião nos universos «humanistas»: pessimismo e optimismo dos humanistas. A salvação em confronto com as mediações institucionais. A Bíblia como autoridade religiosa (reelaboração da memória cristã). A deslocação do epicentro da Ortodoxia em face do avanço do Islamismo. O «renascimento» cultural e a emergência dos Estados modernos. A Europa no contexto do império de Carlos V. 2.2 As fracturas religiosas no ocidente europeu A reforma luterana e a formulação do universo protestante. As disputas teológicas em torno da liberdade e da Eucaristia como confrontos de paradigmas antropológicos. As correntes anabaptistas. O anglicanismo como reforma regalista. A reforma calvinista e a sua reformulação eclesiológica. Figuras marcantes da Reforma: Lutero, Zwinglio e Calvino. A segunda geração de reformadores evangélicos e a nova geografia religiosa do continente europeu. 2.3 A reforma católica e o Concílio de Trento Heranças e utopias na formulação reformadora da religião: Nicolau de Cusa, Erasmo e Tomás Moro. O papado compreendido como exercício do «poder do príncipe»: o papado da Renascença. Mediações da reforma religiosa: o concílio e a cúria romana. As sociedades de Inquisição. Novas formas de vida religiosa e novos fundadores. Inácio de Loiola e a Companhia de Jesus. Reforma e contra-reforma: renovação e ruptura. Realização do Concílio de Trento e sua implementação. Figuras e correntes espirituais da renovação católica. 2.4 Da guerra das religiões à secularização (séculos XVII-XVIII) Recomposição das experiências religiosas e espirituais. Potências europeias e religião: paz religiosa e regalismo. Fragmentação religiosa: o jansenismo católico e o pietismo no universo protestante. Pluralidade e tolerância religiosas nas sociedades europeias. Rupturas culturais: o iluminismo e o seu impacto nas diferentes correntes do Cristianismo. 3. Expansão europeia e actividade missionária: A importância da missionação ibérica nos séculos XV a XVIII: principais etapas. Organização da actividade missionária e modelos de evangelização (questões teológicas e pastorais). Problemas suscitados na relação com outros povos e religiões: a escravatura, atitudes em face das religiões não-cristãs, proselitismo e conversão. Impacto das fracturas religiosas europeias na concorrência missionária. Interacção das novas sensibilidades religiosas no seio do Cristianismo com as dinâmicas do mercantilismo capitalista. Lisboa, Julho de 2010

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UNIVERSIDADE DE LISBOA - FACULDADE DE LETRAS Departamento de História

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO MODERNO Primeiro Semestre – Cadeira de Opção (75731)

Ano Lectivo 2010-2011 TP – 4 horas semanais

Docente: António Matos Ferreira

PROGRAMA

Subtítulo do Programa: Correntes cristãs no Ocidente do século XV ao XVIII 1. Introdução à historiografia sobre o Cristianismo nas épocas moderna e contemporânea: principais correntes, problemas metodológicos e principais vectores da investigação actual. 2. Das Reformas à Revolução (séculos XV a XVIII): o Cristianismo como factor de fragmentação social. 2.1 A «reforma religiosa» como paradigma de transformação Reforma monástica e Reforma Gregoriana como resposta ao caldeamento religioso resultante da cristianização dos povos do continente europeu. A sociedade de cristandade (características e principais vectores). As fracturas institucionais e espirituais do Cristianismo nos séculos XIV e XV. Principais correntes teológicas e espirituais nos séculos XIV e XV e os contornos dos movimentos sócio-religiosos reformadores. A religião nos universos «humanistas»: pessimismo e optimismo dos humanistas. A salvação em confronto com as mediações institucionais. A Bíblia como autoridade religiosa (reelaboração da memória cristã). A deslocação do epicentro da Ortodoxia em face do avanço do Islamismo. O «renascimento» cultural e a emergência dos Estados modernos. A Europa no contexto do império de Carlos V. 2.2 As fracturas religiosas no ocidente europeu A reforma luterana e a formulação do universo protestante. As disputas teológicas em torno da liberdade e da Eucaristia como confrontos de paradigmas antropológicos. As correntes anabaptistas. O anglicanismo como reforma regalista. A reforma calvinista e a sua reformulação eclesiológica. Figuras marcantes da Reforma: Lutero, Zwinglio e Calvino. A segunda geração de reformadores evangélicos e a nova geografia religiosa do continente europeu. 2.3 A reforma católica e o Concílio de Trento Heranças e utopias na formulação reformadora da religião: Nicolau de Cusa, Erasmo e Tomás Moro. O papado compreendido como exercício do «poder do príncipe»: o papado da Renascença. Mediações da reforma religiosa: o concílio e a cúria romana. As sociedades de Inquisição. Novas formas de vida religiosa e novos fundadores. Inácio de Loiola e a Companhia de Jesus. Reforma e contra-reforma: renovação e ruptura. Realização do Concílio de Trento e sua implementação. Figuras e correntes espirituais da renovação católica. 2.4 Da guerra das religiões à secularização (séculos XVII-XVIII) Recomposição das experiências religiosas e espirituais. Potências europeias e religião: paz religiosa e regalismo. Fragmentação religiosa: o jansenismo católico e o pietismo no universo protestante. Pluralidade e tolerância religiosas nas sociedades europeias. Rupturas culturais: o iluminismo e o seu impacto nas diferentes correntes do Cristianismo. 3. Expansão europeia e actividade missionária: A importância da missionação ibérica nos séculos XV a XVIII: principais etapas. Organização da actividade missionária e modelos de evangelização (questões teológicas e pastorais). Problemas suscitados na relação com outros povos e religiões: a escravatura, atitudes em face das religiões não-cristãs, proselitismo e conversão. Impacto das fracturas religiosas europeias na concorrência missionária. Interacção das novas sensibilidades religiosas no seio do Cristianismo com as dinâmicas do mercantilismo capitalista.

Lisboa, Julho de 2010

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BIBLIOGRAFIA (algumas referências)

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Flammarion, 2003.

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Paris: Aubier, 1993.

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CHAUNU, Pierre – L’aventure de la Réforme: le monde de Jean Calvin. Paris: Hermé-Desclée, 1986.

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FEBVRE, Lucien – Au coeur religieux du XVIe siècle. Paris: SEVPEN, 1968.

______ - Matinho Lutero: um destino. Porto: Edições ASA, 1994.

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GARCIA-VILLOSLADA, Ricardo – Martín Lutero. 2 volumes. Madrid: B.A.C., 1973.

HISTOIRE du christianisme des origines à nos jours. Direcção de Jean-Marie Mayeur; Charles e Luce Pietri; André Vauchez; Marc

Venard. 14 volumes. Paris: Desclée, 1990-2001.

HISTOIRE et dictionnaire des guerres de religion. Direcção de Arlette Jouanna; Jacqueline Boucher; Dominique Biloghi; Guy Thiec.

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JEDIN, Hubert – Crise et dénouement du concile de Trente (1562-1563): une rétrospective après quatre cents ans. Paris: Desclée,

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TREVOR-ROPER, H. R. – Religião, reforma e transformação social. Lisboa: Editorial Presença, 1981.

VOVELLE, Michel – Piété baroque et déchristianisation en Provence au XVIIIe siècle. Paris: Éditions du Seuil, 1978.