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“BALBÚRDIA” E COLONIZAÇÃO: DESMANCHE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL E SUAS RESSONÂNCIAS NO ENSINO DAS ARTES NA UNILA “MESSINESS” AND COLONIZATION: DISMOUNTING OF PUBLIC EDUCATION IN BRAZIL AND ITS RESONANCES ON ART EDUCATION AT UNILA Gabriela Canale Miola / UNILA RESUMO O objetivo desse artigo é apresentar um breve panorama do atual projeto de desmanche da Educação no Brasil refletindo-o como parte de um extenso processo de colonização. Em seguida são apontadas práticas decolonias de Ensino como estratégia de resistência nesse contexto. Para tanto, apresentam-se perspectivas e práticas de ensino das Artes Visuais em andamento no curso de Letras Artes e Mediação Cultural, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana(UNILA) dentro de um projeto de universidade bilíngue e intercultural na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. PALAVRAS-CHAVE Artes Visuais; decolonialização; UNILA; Arte-educação; Educação. ABSTRACT The aim of this article is to present a brief overview of the current project of dismounting of the Education in Brazil, reflecting it as a part of an extensive process of colonization. Then, some decolonial practices of Education are reflected as a strategy of resistance in this context. Therefore are presented practices and perspectives of Education on the Visual Arts field developed in Letras Artes e Mediação Cultural graduation of Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA) within a bilingual and intercultural university on the border of Brazil, Argentina and Paraguay. KEYWORDS Visual Arts; decolonization, UNILA; Art-education; Education

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“BALBÚRDIA” E COLONIZAÇÃO: DESMANCHE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL E SUAS RESSONÂNCIAS NO ENSINO DAS ARTES NA UNILA

“MESSINESS” AND COLONIZATION: DISMOUNTING OF PUBLIC EDUCATION IN BRAZIL AND ITS RESONANCES ON ART EDUCATION AT UNILA

Gabriela Canale Miola / UNILA

RESUMO O objetivo desse artigo é apresentar um breve panorama do atual projeto de desmanche da Educação no Brasil refletindo-o como parte de um extenso processo de colonização. Em seguida são apontadas práticas decolonias de Ensino como estratégia de resistência nesse contexto. Para tanto, apresentam-se perspectivas e práticas de ensino das Artes Visuais em andamento no curso de Letras – Artes e Mediação Cultural, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana(UNILA) dentro de um projeto de universidade bilíngue e intercultural na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.

PALAVRAS-CHAVE Artes Visuais; decolonialização; UNILA; Arte-educação; Educação. ABSTRACT The aim of this article is to present a brief overview of the current project of dismounting of the Education in Brazil, reflecting it as a part of an extensive process of colonization. Then, some decolonial practices of Education are reflected as a strategy of resistance in this context. Therefore are presented practices and perspectives of Education on the Visual Arts field developed in Letras – Artes e Mediação Cultural graduation of Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA) within a bilingual and intercultural university on the border of Brazil, Argentina and Paraguay. KEYWORDS Visual Arts; decolonization, UNILA; Art-education; Education

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MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.

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Uma forma básica de negar a realidade é não aceitar argumentos racionais. O sujeito delirante continua atuando, trabalhando, vivendo, até mesmo normalmente, mas é incapaz de aceitar argumentos relacionados que possam estar ligados à vida real. Tudo aquilo que lhe pareça real demais deve desaparecer. E o que é o real nesse caso? A presença do outro em todas as suas formas. Política, por exemplo, é um tema que chama ao real. Ela traz o outro à presença por isso deve desaparecer. Tudo que ocultar o real, e essa existência do outro, será bem-vindo. Toda ideologia capaz de cumprir esse papel será desejada. E para que não seja percebida como uma cortina será bem-vinda, também, a atitude fanática por meio da qual se diz que ideologia é o que eu não penso. Ideologia se torna, portanto, o que os outros pensam e fazem. (TIBURI, 2019, p. 34)

Para pensar e exercer o Ensino das Artes hoje no Brasil é incontornável lidar com as

os ataques à Educação que estão em curso. Entre eles estão modificações nas leis,

a retirada de obrigatoriedade da disciplina de Artes, crescentes reduções de verbas

destinadas à educação e à pesquisa. Para entender essas medidas se faz necessária

uma mirada abrangente que permita observar o processo de larga duração a qual

integram.

Os ataques à educação no Brasil nos últimos anos não são uma crise, mas um índice

de um largo projeto de invisibilização e dominação para incluir a maior parte da

população no lado de lá do regime abissal (SANTOS, 2007), aquela sem direitos

fundamentais sistematicamente posta às margens sociais, culturais, políticas,

econômicas e históricas.

Trata-se da face contemporânea da empresa multissecular colonialista de

apagamentos e dominações. A colonização, sustentáculo da modernidade, dissemina

a ideia de eficiência e desenvolvimento. Borram-se nela os sujeitos, espaços e tempos

que sustentam a modernidade em nome do progresso. Progresso e Educação para

quem? Para quê?

Utilizo a palavra desmanche porque nela estão contidas tanto as ideias de

desestruturação como de reestruturação. O desmanche visa destruir o giro decolonial

(MALDONADO-TORRES, 2007) voltado à cidadania e a autonomia iniciado,

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MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.

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sobretudo, pelas Pedagogias propostas por Paulo Freire, para, então, estruturar uma

Educação tecnicista, voltada ao mercado e por ele regulada.

O projeto de desmanche está organizado em três frentes fundamentais: o corte de

verbas, que incluem o congelamento do teto, a extinção de bolsas de pesquisa e o

recente “contingenciamento” de 30% das verbas das instituições federais de ensino;

extinção da obrigatoriedade de disciplinas; combate de conteúdos em nome de uma

pretensa neutralidade ideológica que visa, em última instância, esconder a imposição

de uma ideologia de dominação cultural, política e econômica.

A despeito do destaque dado à Educação no período eleitoral, o tripé desse projeto

de desmanche se finca a passos largos. Trata-se de uma das colonizações mais

sintomática do século XXI, aquela que quer sinalizar o espaço da Educação como

base para o desenvolvimentismo e o mercado, solapando lugares de fala, diferenças

e contextuais locais.

A palavra Educação é praticamente onipresente nos discursos de campanha eleitoral.

Parece senso comum a necessidade de valorizar o ensino. O contexto que se delineia

nos últimos três anos no Brasil assinala a distância entre discurso eleitoral e prática

de Políticas Públicas consistentes e dialógicas nesse campo.

Retomo Paulo Freire, para abordar esse distanciamento entre discurso eleitoral e

prática na gestão. “Uma coisa é o discurso do candidato, outra coisa é a prática do

político eleito. Depois de eleitos os políticos não têm nada a ver com o discurso do

candidato” (FREIRE, 2016, p.31).

No Plano de Governo do presidente eleito em 2018, Jair Bolsonaro, intitulado “Brasil

acima de Tudo, Deus acima de Todos”, a palavra “educação” é citada 20 vezes. Uma

das principais propostas é a alteração de conteúdos e métodos e o alinhamento

ideológico inscrito no slogan religioso da campanha: “Conteúdo e método de ensino

precisam ser mudados. Mais matemática, ciências e português, SEM DOUTRINAÇÃO

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MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.

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E SEXUALIZAÇÃO PRECOCE” (BOLSONARO, 2018). Foram mantidas a caixa alta

e a coloração vermelha tal qual o programa do então candidato.

O programa de governo de Bolsonaro segue criticando as propostas de um dos

pesquisadores mais referenciados no planeta na área do ensino: “Além de mudar o

método de gestão, na Educação também precisamos revisar e modernizar o

conteúdo. Isso inclui a alfabetização, expurgando a ideologia de Paulo Freire,

mudando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)” (idem). O ataque a Paulo Freire

é sintomático de um projeto político articulado e planejado dentro das premissas

neoliberais e privatistas, voltado para a geração de lucro e produção de trabalhadores

sem direitos mínimos ou mesmo consciência da dominação a que são submetidos –

elaborando a dissimulação e invisibilização dos lugares de fala.

O que hoje nomeamos como lugar de fala (RIBEIRO, 2017) já se elaborava em Paulo

Freire. O educador propunha a articulação do educar às questões do cotidiano e a

emancipação dos sujeitos, inclusive a emancipação política. Proposições, estas, não

só de Paulo Freire, mas de muitas e muitos educadores nomeados e ainda por serem

estudados.

As ideias de Paulo Freire deslocam o monopólio do saber, são, em última análise, o

que se tem pesquisado na academia, ampliado por orientações geopolíticas, de raça,

gênero a que se tem denominado descolonialidade/decolonialidade.

Walter Mignolo assinala o alcance social e temporal da colonialidade. Inscrita nos

regimes de verdade, se alastra desde o renascimento até a onipresença da

globalização. “Não há modernidade sem colonialidade” (MIGNOLO, 2017, p.94).

Do mundo policêntrico e não capitalista ao projeto de expansão globalizada, na base

dessa “modernidade” estão as tramas desumanas e anti-ecológicas que as urdiram.

As mesmas que pretendem invisibilizar no projeto de desmanche da Educação no

Brasil: a escravidão e seus rastros, os espistemicídios, as questões de gênero, as

identidades subalternizadas, a homogeneização dos corpos, a sobreposição do

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MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.

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extrativismo à conexão com a pacha mama, o patriarcado, a sobreposição da razão

científica sobre os outros saberes, a textolatria e o uso da fé como estratégia de

colonização.

Do século XV ao século XXI as resistências seguem. Boaventura de Souza Santos

assinala que até a II Guerra Mundial 85% do planeta havia sido, ou ainda era, colônia.

(SANTOS, 2007). O empreendimento colonialista, tão bem sucedido, esteve e

permanece no Ensino. Ressoa nos apagamentos e culturas, cosmovisões e,

sobretudo, na elaboração de epistemologia moderna ocidental que orienta boa parte

da produção científica. Esta, inclusive, atrelada ao produtivíssimo acelerado

neoliberal.

No campo das Artes Visuais a colonialidade têm muitas faces: a pintura europeia como

paradigma, o parâmetro das “grandes civilizações” não africanas ou americanas como

berços da arte, a definição de arte dissociada das cosmovisões não-europeias, a

importação não crítica de referências bibliográficas, a observação da arte africana e

indígena com exotismo, o apagamento das cosmovisões dos povos originários, a

implementação de uma referência universalista de linha do tempo de História da Arte

que repete o processo de apagamento do discurso da modernidade.

O projeto de desmanche da Educação pública de qualidade teve na Emenda

Constitucional 95, de dezembro de 206, a consolidação de um de seus eixos. Ela criou

um teto para os gastos públicos por vinte anos. Ou seja, os investimentos na área da

educação não atenderão, entre outras demandas, o aumento constante nos últimos

20 anos de ingresso de estudantes no ensino, como aponta André Salata:

No que diz respeito aos jovens com Ensino Médio completo, a tendência é de claro e acentuado crescimento absoluto – saindo de 3,6 milhões, em 1995, para mais de 12 milhões em 2015 – e percentual – de 20% a quase 60% no período analisado. Em relação aos jovens no Ensino Superior, o quadro é um pouco diferente. Em termos absolutos verificamos uma tendência acentuada de crescimento no período, já que o número de jovens cursando o Ensino Superior (ou com Ensino Superior completo) salta de 1,3 milhões, em 1995, para 5,1 milhões em 2015. (SALATA, 2018)

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MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.

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Em 2017 foi sancionada pelo então presidente Michel Temer, a Medida Provisória nº

746 que institui alterações profundas no ensino. A medida revogou o artigo segundo

da lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que definia “o ensino da arte, especialmente

suas expressões regionais” para “promover o desenvolvimento cultural dos alunos”,

como componentes curriculares obrigatórios da educação infantil e do ensino

fundamental. Revogou, também, a lei 11.684, de 2008, que determina o ensino

obrigatório em todas as séries do ensino médio a Filosofia e a Sociologia. Revogou,

ainda, a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005, que dispunha sobre o ensino da língua

espanhola, tornando o Inglês como segunda língua obrigatória. Essa medida ignora

os mais de 15 mil quilômetros de fronteira entre Brasil e países da América Latina em

que se fala Espanhol e outras centenas de línguas de povos originários. Para além da

questão geográfica de fronteira, a medida assinala o alinhamento das relações

internacionais do país cujo eixo deixa de priorizar o Mercosul e as relações culturais

latino-americanas.

A prática de desmanche atua também no campo da pesquisa. Desde o início de 2019

foi anunciado o corte de mais de 6 mil bolsas de pesquisa, quase 7% do total de

bolsas. O valor total do “contingenciamento” de verbas do Ministério da Educação em

2019 passa de R$ 5,8 bilhões, atingindo ensino básico, universidades e instituto

federais.

Ainda sobre o campo direto de interesse do Ensino das Artes, acrescenta-se a

extinção do Ministério da Cultura que incluía programas de produção, reflexão e

circulação no campo das Artes. Muitas das áreas de interesse da Cultura foram

rearticulados para o recém criado Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos

Humanos, coordenado pela advogada e pastora evangélica Damares Alves, que

falaciosamente se apresentara como mestre em Educação.

Nas universidades em implantação, como a UNILA e a Universidade da Integração

internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB), as restrições orçamentárias são

mais graves já que parte do projeto básico previsto está ameaçado antes mesmo de

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MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.

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ser concluído. Nelas, assim como as demais da rede pública, a maioria dos estudantes

vem de famílias em que nem o pai, nem a mãe, ou quem os criou, teve acesso ao

Ensino superior.

Em maio de 2019 houve o “contingenciamento” de 30% do orçamento para custeio e

investimento nas instituições federais de ensino. Em declaração na audiência na

Comissão de Educação no Senado, o ministro da Educação, Abraham Weintraub,

afirmou que a medida pode ser revogada caso a Reforma da Previdência que tramita

no congresso seja aprovada. Longe de assegurar o direito pleno ao conhecimento

voltado à cidadania, a Educação se tornou moeda de barganha.

Em entrevista o referido ministro afirmou que o bloqueio, se devia à “balbúrdia”

praticada nas universidades: “as universidades que, em vez de procurar melhorar o

desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”

(WEINTRAUB, 2019). Pela referida declaração e pela conduta desde que assumiu a

pasta, o Ministério Público Federal ajuizou por danos morais coletivos aos estudantes

e professores uma ação civil pública contra o ministro da Educação e a União.

De etimologia grega, a palavra “Balbúrdia”, quer dizer gago, ou estrangeiro, se refere

àquele que fala uma língua que não conhecemos (WUNKER, 2019). A etimologia da

palavra e o campo semântico a que pertence alertam ao ataque discursivo, além de

material, aos espaços públicos de Ensino. Trata-se da inaptidão à alteridade de que

trata Marcia Tiburi, nesse caso, estruturada do ponto de vista político para se instaurar

no campo da subjetividade dos sujeitos em formação.

As mudanças no campo do ensino são inerentes, o que cabe discutir é o tipo de

mudanças em curso e a que projeto estão submetidas. Paulo Freire apontava a

importância da mudança constante nos processos de ensino e indicava como as

transformações deveriam ser foco dos educadores: “a principal responsabilidade, para

os educadores é de mudar a educação. As pessoas responsáveis pela educação

deveriam estar inteiramente molhadas pelas águas culturais do momento e do espaço

onde atuam (FREIRE, 2016, p.27). Nessa observação de Paulo Freire é relevante

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assinalar o descompasso das alterações na Educação e a ausência de diálogo com

os educadores.

Nesse contexto as perguntas se agudizam: Qual o papel do ensino das Artes nesse

contexto? Como ensinar Artes a partir de uma perspectiva decolonial? Como resistir

nesse contexto ensinando e aprendendo Artes no plural – de forma a tirar do campo

do exotismo e do excêntrico a maior parte da produção artística e cultural?

Assumir o próprio lugar de fala, percebendo o que se leva e o que se abandona no

processo de Ensino, pode ser um início de esboço de resposta. Aí pode-se começar

a perceber o quanto de colonialidade e de colonizador há no próprio educador. No

campo do Ensino das Artes, perceber se as referências estão centradas unicamente

nos parâmetros modernos europeus, nas produções do circuito de Bienais, Feiras,

galerias. Evidentemente não se trata de descartar esse escopo, mas observá-lo em

seus contextos e, consequentemente, alargar a compreensão de arte e ensino para

artistas, pensadores e práticas até então fora de cena. Assim se possibilita elaborar

processos afirmativos de reparação dos apagamentos colonialistas.

Esse giro não é a operação simples. É uma travessia mais funda. Trata-se de

questionar os regimes de autoridade e delinear práticas e críticas epistemológicas.

Com a dupla finalidade de compartilhar uma proposta decolonial no Ensino das Artes

e, também, como alerta de que práticas em curso poderão ser comprometidas pelo

projeto de desmanche da Educação no Brasil apresento reflexões e práticas de Ensino

das Artes Visuais em andamento na área de Artes Visuais e suas transversalidades

na Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA)

Localizada em Foz do Iguaçu - fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, a UNILA

possui um projeto bilíngue, interdisciplinar e latino-americanista. Recebe estudantes

de todas as regiões da América Latina em seus 29 cursos de graduação, 6

especializações, 12 mestrados e 2 programas de doutoramento. Criada pela criada

pela Lei nº 12.189/2010, no governo Lula, durante a gestão de Fernando Haddad, a

UNILA tem como missão formar recursos humanos aptos a contribuir com a integração

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MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.

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latino-americana, com o desenvolvimento regional e com o intercâmbio cultural,

científico e educacional da América Latina, especialmente no Mercado Comum do Sul.

Em 2019 foram recebidos estudantes com visto humanitário, refugiados e o primeiro

grupo de indígenas aldeados. Além dos latino-americanos, a UNILA recebe

estudantes de Angola, Barbados, Benin, Congo, Gana, Haiti, Costa do Marfim,

Paquistão, República Democrática do Congo, Rússia, Senegal e Síria.

O contexto da criação da UNILA, sua localização, o projeto interdisciplinar e a

variedade de origens de servidores e discentes produz a urgência de se pensar as

práticas de Ensino decoloniais.

Atuo sobretudo no curso “Letras – Artes e Mediação Cultural” (LAMC), proposta que

possui apenas 5 anos com características únicas e ousadas, trata-se “um curso que

jamais existiu na América Latina e de uma universidade também inédita, com vocação

internacional e integradora dos povos” (LESSA, 2019, p. 55). LAMC é composta por

disciplinas de Letras, Artes, Comunicação com intersecções com História,

Antropologia, Audiovisual, Sociologia “na abordagem de teorias que abarcam a

confluência das linguagens verbal, corporal, sonora, visual e plástica”. (UNILA, 2013,

p.5). O curso foi criado a partir de debates

sobre a necessidade de promover a interculturalidade, sabendo que estávamos diante da construção de uma das facetas de um conceito polissêmico devido, sobretudo, ao lugar a partir do qual era enunciado. Sabíamos que teríamos que estabelecer uma relação com este, a partir de uma prática descolonizadora do próprio sujeito – refletindo, dialogando e trazendo para a academia vozes subalternizadas, inferiorizadas e desumanizadas pelo colonialismo. (LESSA, 2019, p.50).

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Figuras 1. Slam de Teodora Régia sobre a questão transgênero na disciplina Genealogia das Artes,

Foz do Iguaçu, 2018. Acervo da autora.

O foco principal é articular saberes e fazeres para desenvolver propostas de Mediação

Cultural consistentes e críticas.

iniciamos uma trajetória – inacabada – em busca da construção de um conceito de mediação cultural no contexto latino-americano. Estávamos cientes de que o conceito complexo, em processo de elaboração e ainda não consolidado, resultava das demandas ocasionadas pelos fluxos migratórios e toda gama de deslocamentos culturais que, de forma intensa e progressiva, vem colocando sujeitos em contato (...) O curso de LAMC se constrói na medida em que tenta oferecer às sociedades latino-americanas profissionais capazes de potencializar diálogos e traduções interculturais a partir de uma reflexão e elaboração sensíveis às idiossincrasias históricas, estéticas, políticas e sociais da região marcadas pelos processos de pós-colonialismo e globalização. É a partir da descrição da formação do curso que emergem as bases para a construção do conceito de mediação cultural no contexto latino-americano. (LESSA, p.52-53).

Nos dois primeiros anos os estudantes cursam, assim como todos os graduandos da

universidade, o Ciclo Comum que inclui disciplinas de Fundamentos da América

Latina sobre temas amplos – da colonização do século XV à televisão no XXI. A

proposta é falar desse espaço geográfico desde uma perspectiva decolonial. Portanto

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não se trata apenas de mudar o foco do espaço analisado, mas a epistemologia com

que se compreende esse lugar diverso e uno. Todos os ingressantes na UNILA

cursam também uma segunda língua. Os brasileiros (que são maioria) cursam

Espanhol e os hispanohablantes cursam Português. São ofertadas como optativas ou

extensão Quechua, Aymara, Alemão, Inglês, Francês, entre outras.

Figura 2. Produção de Eva Bigadein em processos de criação colaborativa intermidiática e bilíngue.

Foz do Iguaçu, 2015. Acervo da autora.

Um dos grandes desafios tem sido propor práticas e reflexões de ensino de forma

decolonial para grupos com repertorio tão distinto, advindos de mais de vinte países

e culturas diversas, muitas delas não articuladas com os estados nacionais mas com

determinados grupos originários. Uso a palavra repertório não apenas para descrever

o conjunto de obras de Artes a que elas e eles tiveram acesso, mas também às

experiências subjetivas, à ideia de ensino, aos campos de interesse, aos valores, às

relações que estabelecem com as tensões vividas no nosso continente.

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Há certamente um contexto que une as e os estudantes. A história de colonização, os

rastros do genocídio indígenas e dos povos africanos sequestrados e trazidos para

cá. Há a concentração de poder nas suas mais variadas escalas – do poder midiático

ao poder da política institucional – comuns a toda América Latina.

Fomentar o giro decolonial na universidade é enfrentar também os desafios das

estruturas de ensino cristalizadas em que há a separação por disciplina (mesmo que

ela se pretenda interdisciplinar), carga horária fixa, sala de aula padronizada, nota,

chamada. Além da escala hierárquica de cargos e títulos. É complexo perceber como

um professor doutor se relaciona com saberes que na sua formação possivelmente

foram desqualificados por serem de uma classe social ou contexto segregados.

Parto das ideias de Paulo Freire e da proposta triangular de Ana Mae Barbosa. A esta

última acrescento um outro eixo, em uma proposta “quadrangular”. Nela incluo, além

do fazer arte, ver arte e contextualizar arte, perceber e praticar a circulação das obra

e saberes. Pensa-se a circulação tanto no momento em que analisamos produções

existentes e também nas práticas criativas.

Essa camada possibilita aprofundar os contextos em que as obras foram criadas e de

que forma elas são vistas ao longo do tempo. Além disso, durante as atividades de

criação, ao pensar na circulação do que criam, os estudantes pensam nos

mecanismos de circulação da imagem e do imaginário contemporâneos, percebendo

os objetos e produtores das Artes como partes de um contexto móvel, em rede, cujos

elementos incluem desde o mercado da arte, o mecenato até as práticas expositivas

museológicas e outras, de uma espécie de Geopoética subalterna, formando estéticas

em trânsito organizadas em comunidades experimentais (LADDAGA, 2012).

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MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.

1334

Figura 3. Criação de Pedro Vazquez para a “I Mostra de Letras – Artes e Mediação Cultural” que

culminou com sua pesquisa de conclusão de curso sobre Arte Urbana. Foz do Iguaçu, 2015. Acervo da autora.

Busca-se uma aproximação crítica dos cânones e a incorporação de novas

cosmologias. Propõe-se um afastamento da Arte como um grande processo linear e

evolutivo em que alguns artistas são vistos como gênios. A leitura das obras e suas

contextualizações são articuladas para evidenciar os agenciamentos que produzem

observando técnicas, estéticas e éticas. Nesse sentido “Se reconoce que la

representación ocurre a través de una serie de negociaciones que se dan en diferentes

dimensiones expresando las diferencia y el pluralismo propios de la identidade” (RUIZ,

2020, p.53).

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MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.

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Figura 4. Registros da disciplina Tópicos Monográficos em Artes Visuais. Foz do Iguaçu, 2015.

Acervo da autora.

Transitamos criticamente, também, pelo que se convencionou chamar de artesanto e

arte naif e popular, observando a desqualificação das práticas de grupos que não se

enquadram no padrão de “civilidade”, de belo ou do refinamento.

Nos últimos anos tenho buscado incluir exemplos de criações dos povos originários e

de artistas que problematizam as questões africanas e afro-brasileiras, muito

orientada pelas leis 10.639/03 e Lei 11.645/08 que regulamentam a obrigatoriedade

do ensino da História e da Cultura desses grandes e diversos grupos (MIOLA e

CORREA, 2017).

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Figura 5. Registros de atividade e obra criada pela estudante Juliana Zacarias. Foz do Iguaçu, 2015.

Busca-se pensar a ideia de Genealogia das Artes como algo vivo, em que cada

estudante pode e deve elaborar sua própria genealogia. Inclusive fazendo parte do

campo da criação em que pode desenvolver suas percepções, imaginações,

apreender realidades. Por meio das artes os estudantes são convidados a

desenvolver a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. “Relembrando Fanon”, eu diria que a arte capacita um homem ou uma mulher a não ser um estranho em seu meio ambiente nem estrangeiro em seu próprio país. Ela supera o estado de despersonalização, inserindo o indivíduo no lugar ao qual pertence. (BARBOSA, 2015)

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MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.

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Figuras 6. Registro da montagem da “I Mostra de Arte Contemporânea da Tríplice Fronteira” dos

alunos das disciplinas Estéticas Contemporâneas e Genealogia das Artes, 2018. Acervo da autora.

Nesse sentido desenvolvemos exercícios de criação artísticas como gesto político que

faz com que o estudante se perceba como autor no mundo da arte. Ele convive de

forma crítica e criativa com a historiografia da arte, inscrevendo seu trabalho entre as

produções que conhece. Dessa forma a Genealogia passa por perceber-se como

parte viva dessa construção. Quando digo viva, penso no exercício de criação também

como pesquisa na qual se articulam, de forma investigativa, todo o repertório a que

tiveram acesso e incluem sobre ele uma inscrição material e crítica que irá circular no

mundo. e que cada um pode contribuir e elaborar sua própria genealogia ativamente

em que cada criação revisita todas as outras, instaurando sincronicamente um campo

novo, diacronicamente.

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Figura 7. Descrição e videoinstalção da estudante Talita Augusta. Foz do Iguaçu, 2015.

Acervo da autora.

São múltiplas as linguagens utilizadas pelos estudantes. Incluem desenho, pintura,

colagem, fotografia, stencil, performance, slam, escultura, land art, instalação, vídeo,

videoinstalação, grafite, entre outras. Os trabalhos de pesquisa criativa dialogam tanto

com os cânones tradicionais quanto com as Estéticas Contemporâneas.

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1339

Figura 1. Série de colagens de Felípe Espínola exposta na “I Mostra de Letras – Artes e Mediação Cultural”. Foz do Iguaçu, 2015. Acervo da autora.

Os desafios são muitos. Eles são, também, potência de mediações e resistências a

serem criadas, refletidas e compartilhadas. Desafios urgentes que ressoam

dominações de larga duração. Quiçá a arte siga sensibilizando e a Educação deixe os

discursos eleitorais e se torne o locus coletivo capaz de organizar o grande giro

decolonial.

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Gabriela Canale Miola

Docente de Artes Visuais no Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História (ILAACH) na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). É membro do Núcleo de Arte e Tecnologia latino-americano. Coordena o projeto de pesquisa “Arte e Natureza: Poéticas e Pedagogias da Mãe Terra”. Como artista densenvolve trabalhos multimídia investigando conexões entre literatura, fotografia, instalação e audiovisual. Contato: [email protected], [email protected].