14
1 | 17 0 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e Núcleos; Autores, Editores e Leitores; uma história cultural de um best-seller do ensino universitário de Física ANDRÉ FANTIN 1* Resumo: Vêm se estabelecendo no campo das humanidades que na historio- grafia das ciências deve-se estudá-las a partir de suas práticas, as quais sugerem que as ciências são constituídas de processos sociais e comunicativos, nos quais o conhecimento se consolida em trânsito entre agentes humanos. Esse trânsito se dá através de meios materiais com uma história de concepção e fabricação, um dos mais notáveis e importantes sendo o livro-texto, ou livro didático. A disciplina científica Física, no início do século XX, passou por intensas transformações epis- temológicas e institucionais, relacionadas a Segunda Guerra Mundial e a emer- gência de um conjunto de técnicas e conceitos voltados ao estudo de fenômenos de escala microscópica que ficou conhecido como Teoria Quântica, ou apenas Física Quântica. Aqueles que se dispuseram a serem institucionalizados e treina- dos para ocuparem-se da atividade profissional de pesquisa em ciências físicas nas décadas seguintes, foram-no através de livros didáticos, entre eles “Física Quântica”, de Eisberg e Resnick, de 1974. Estudando o processo de elaboração desse livro, incluindo os interesses de múltiplos agentes a ele relacionados, e das leituras possíveis e efetivas dele, usando recursos da História Cultural do Livro e da Leitura, entenderemos melhor os processos de subjetivação de cientistas e professores na Física do pós-guerra, assim como a consolidação do conhecimen- to físico e os caminhos contingentes de desenvolvimento na disciplina. Palavras-chave: História do Livro e da Leitura; História da Física; História da Educação; Livro Didático; Eisberg e Resnick 1 * Instituto de Física, Universidade de São Paulo; Mestrando no Programa Interunidades em Ensino de Ciências (Modalidade Física); [email protected]

“Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

  • Upload
    others

  • View
    26

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

1 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

“Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e Núcleos; Autores, Editores e Leitores; uma história cultural de um best-seller do ensino universitário de Física

ANDRÉ FANTIN1*

Resumo: Vêm se estabelecendo no campo das humanidades que na historio-grafia das ciências deve-se estudá-las a partir de suas práticas, as quais sugerem que as ciências são constituídas de processos sociais e comunicativos, nos quais o conhecimento se consolida em trânsito entre agentes humanos. Esse trânsito se dá através de meios materiais com uma história de concepção e fabricação, um dos mais notáveis e importantes sendo o livro-texto, ou livro didático. A disciplina científica Física, no início do século XX, passou por intensas transformações epis-temológicas e institucionais, relacionadas a Segunda Guerra Mundial e a emer-gência de um conjunto de técnicas e conceitos voltados ao estudo de fenômenos de escala microscópica que ficou conhecido como Teoria Quântica, ou apenas Física Quântica. Aqueles que se dispuseram a serem institucionalizados e treina-dos para ocuparem-se da atividade profissional de pesquisa em ciências físicas nas décadas seguintes, foram-no através de livros didáticos, entre eles “Física Quântica”, de Eisberg e Resnick, de 1974. Estudando o processo de elaboração desse livro, incluindo os interesses de múltiplos agentes a ele relacionados, e das leituras possíveis e efetivas dele, usando recursos da História Cultural do Livro e da Leitura, entenderemos melhor os processos de subjetivação de cientistas e professores na Física do pós-guerra, assim como a consolidação do conhecimen-to físico e os caminhos contingentes de desenvolvimento na disciplina.

Palavras-chave: História do Livro e da Leitura; História da Física; História da Educação; Livro Didático; Eisberg e Resnick

1 * Instituto de Física, Universidade de São Paulo; Mestrando no Programa Interunidades em Ensino de Ciências (Modalidade Física); [email protected]

Page 2: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

2 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

1. Introdução: Os eixos do projeto e as pretensões do presente artigoO presente artigo é um recorte de pesquisa preliminar do projeto de mestra-

do do autor no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universi-dade de São Paulo (PIEC-USP), Modalidade Física, chamado “Átomos, Moléculas e Núcleos - Autores, Editores e Leitores : Uma história cultural do livro “Física Quântica”, de Eisberg e Resnick, um best-seller do ensino universitário de Física”.

Em resumo, pretende-se estudar tomando como referência a nova história cultural do livro e da leitura2, e pesquisas na recente tradição de uma epistemo-logia histórica do ensino de ciências3, o livro didático voltado ao ensino superior “Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas introdutórias de Física Moderna dos cursos de Física no mundo todo.

Informado pelas perspectivas teóricas citadas e articulando metodologia his-toriográfica de levantamento e avaliação de fontes, cientometria e produção de narrativa, o trabalho toma o livro como um objeto histórico produzido devido a certas circunstâncias e necessidades e cujas leituras também situam-se his-toricamente e são passíveis de estudo. Assim, compreende-se uma obra como constituída em complexas relações de produção, distribuição e adoção (leitura) entre grupos e instituições tão distintas quanto editores, cientistas profissionais, professores, estudantes, editoras, bibliotecas universitárias, universidades, cur-rículos, dentre outros.

Em particular, pretende-se indicar de que forma esse objeto pode ter rela-cionado-se a e constituído, na física profissional contemporânea, processos de disciplinarização, aculturação e subjetificação de seus praticantes.

2. O Livro Didático e a História das CiênciasJames Secord, historiador das ciências britânico, em um encontro de História

das Ciências realizado em Halifax, em 2004, apontou que sua disciplina, apesar de madura e rica em diferentes abordagens e metodologias inspiradas em diversas ciências humanas, evidenciava fragmentação e carecia de uma certa coerência, de questões e narrativas, que poderia ser suprida através do entendimento das ciên-cias como um conjunto de práticas e processos eminentemente comunicativos, e que esse entendimento poderia permitir a disciplina “escapar” de certas frontei-ras auto-impostas (de nacionalidades, periodização e discipinares), expandindo seu escopo e atuação (Secord, 2004).

2 Ver Belo, 2002; Chartier, 1993, 1998, 2012; Darnton, 2010; Johns, 1998.3 Ver Kaiser & Warwick, 2005 e Badino & Navarro, 2013.4 Eisberg & Resnick, 1974.

Page 3: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

3 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

O conjunto de estudos históricos de livros didáticos das ciências evidencia tanto essa constatação quanto a promessa articuladas por Secord. Ele é inicia-do de certa forma por “patronos” da disciplina, como George Sarton e Bernard Cohen, que pretendiam estudar a evolução das “ideias cientifícas” nos “tratados” usados para comunicação científica antes do século XIX, introduzindo assim uma primeira categorização importante, de período, indicativa de uma mudança de qualidade desses objetos de “tratados” para “livros didáticos” (Simon, 2013).

Kuhn identificará o livro didático como o compêndio de técnicas e modelos de resolução de problemas (um dos sentidos do termo paradigma) que o descre-dita como fonte para os historiadores das ciências, dado que serviria um papel de doutrinação e conteria a “história dos vencedores” emergentes do período de crise e revolução (Kuhn, 2013).

Nos anos 1970, o trabalho inovador de Owen Hannaway ajuda a renovar o papel de estudos históricos da educação em ciências para a história das ciências ao rejeitar o papel excessivamente restrito atribuído por Kuhn ao livro didático e apontar que os modos de organização do conhecimento nos livros didáticos con-tribuiu para a formação disciplinar da Química (Olesko, 2006), conclusão que foi aprofundada e corroborada nos estudos do grupo de Bernardette Bensaude-Vin-cent, Antonio García-Belmar e José Ramón Bertomeu-Sánchez (Bensaude-Vin-cent; Bertolomeu-Sánchez; García-Belmar, 2003, 2004, 2005; Gavroglu & Simões, 2000; Simon, 2011), então já havendo bebido das inovações historiográficas que marcam o período dos anos 1970 aos 1980 que tomaram forma na “Nova Histó-ria Cultural”, que, em particular nos trabalhos de importantes historiadores como Roger Chartier e Robert Darnton, expressou-se em uma história do livro interes-sada nesses objetos como “cultura material” e na história da leitura.

Entendendo a produção de um livro didático como uma negociação entre diferentes agentes, como autores, editores, leitores e Estados-Nacionais, esse programa de trabalho ajudou a elucidar a centralidade de processos dados entre os séculos XVIII e XIX de insitucionalização da escolarização e de crescimento de editoras voltadas ao mercado da educação para a consolidação do livro didático como um gênero no século XIX. Ressaltou, também, o papel que a escrita de li-vros teve na prática de cientistas como fonte de prestígio, algo por vezes preteri-do pelos historiadores da ciência ao reconhecimento de prestígio nas atividades de ciência de fronteira (Simon, 2016).

Livros didáticos são objetos sempre presentes onde desenvolveram-se prá-ticas científicas a partir dos séculos XVIII e XIX. Essa presença não limitada por fronteiras nacionais e linguísticas (o que de forma alguma implica que seja um objeto invariante a essas transformações, o que o empobreceria como fonte) re-força seu impostante papel como objeto de interesse de uma historiografia mais ampla das ciências.

Page 4: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

4 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

A transmissão de traduções dos livros didáticos dos centros científicos para as periferias5, como parte importante do processo de seleção e apropriação do conhecimento por essas periferias, que também informa os processos de fomen-to a produção de livros e a escolha de seus conteúdos nessas regiões, configura outra área de atuação desses estudos, sendo levada à cabo para o caso da peri-feria europeia pela iniciativa STEP (Gavroglu, 2012).

Partindo do ponto de apoio da epistemologia histórica6, existem defesas do papel do livro didático em um modelo epistemológico da dinâmica de trans-missão do conhecimento que abrangesse a vasta coleção de estudos históricos particulares desse fenômeno (Badino & Navarro, 2013).

Podemos então concluir que, assumindo uma visão consensual historiográfi-ca das ciências como constituindo processos comunicativos espaciais (centro-pe-riferia, por exemplo) e temporais, é central o papel de estudos históricos voltados ao livro didático de ciências7, situados entre a História da Educação, das Ciências, do Livro e da Leitura, pela sua capacidade de evidenciar importantes aspectos dos conhecimentos e práticas científicas.

3. A História Cultural da Física QuânticaA História da Física Quântica, como disciplina, consolidou-se ao longo das

décadas de 1960 e 1970 como um empreendimento majoritariamente situado na tradição da história intelectual. A grande obra clássica para a disciplina nesse período, o clássico de Max Jammer The Conceptual Development of Quantum Physics (Jammer, 1966), consolida esse tipo de escolha narrativa e metodológica, além de priorizar certa periodização (a chegada a Mecânica Matricial em 1925 como evento central) e tipo de fonte (publicações dos físicos ativamente envolvi-dos com o desenvolvimento da teoria).

As notáveis exceções a esse molde nas décadas de 1970 e 1980 foram os trabalhos de alguns autores, como Paul Forman e Silvan Schweber, cujas teses principais8 tornaram-se quase que programáticas para uma nova geração de his-toriadores da Física Quântica, de sensibilidades mais antenadas às inovações da História Cultural e da Historiografia em geral da época (Maia, 2016).

Esses fatores, somados a tendência crescente da História das Ciências de passar a utilizar novas abordagens tomadas da sociologia, etnografia e de outras

5 A dinâmica entre os centros, e de como os centros mantém-se através dessas trocas, tam-bém é de interesse (Topham, 2011).6 Para o campo da epistemologia histórica, ver Daston, 2017 e Hacking, 2009.7 Apesar de ainda ser necessário um grande esforço de estabelecimento de arquivos e levan-tamentos bibliográficos das obras publicadas. Sobre isso, ver Choppin, 2004. 8 Respectivamente, o componente ideológico, reativo a um ambiente cultural hostil às ciên-cias físicas na Alemanha, no abandono do determinismo na teoria quântica e a mudança nas formas majoritárias de se praticar física com a Segunda Guerra Mundial e a mudança de centro da Física da Europa para os Estados Unidos (Forman, 1971; Schweber, 1986).

Page 5: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

5 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

sub-disciplinas da história, levaram um conjunto de historiadores interessados na Física Quântica (e do século XX, em geral) a um conjunto de práticas e éthos que podemos identificar com a prática de um História Cultural da Física Quânti-ca, encapsulada na chamada programática de Peter Galison e Andrew Warwick, Cultures of Theory:

“Understanding science as a cultural activity, then, means learning to identify and to interepret the complicated and particular collection of shared actions, values, signs, beliefs and practices by which groups of scientists make sense of their daily lives and work. It is an approach which [...] seeks to understand theories and experiments not as idealised or reified entities, but as part of the daily-lived experience of collections of individuals.” (Galison & Warwick, 1998, p. 288).

De particular importância para essa abordagem é como se dão os processos de aculturação dos indivíduos a essas práticas. Em outras palavras, como na pe-riodização de interesse o processo de formação científica se dá majoritariamente em instituições escolares, como se dão os processos educacionais que formam esse indivíduo, em um certo recorte espacial e temporal, como um praticante de uma cultura científica relativa a esse recorte, e como essa própria cultura consti-tui-se a partir das práticas educacionais (Kaiser, 2005b).

Trabalhos voltados a essa questão por vezes concentraram-se na compo-nente institucional e na influência de práticas pedagógicas na forma do conteúdo científico, por exemplo nos casos da Alemanha e do eixo Oxford-Cambridge bri-tânico, no século XIX, e na Física internacionalizada (mas centralizada nos EUA), do pós-guerra (Olesko, 1991; Warwick, 2003; Kaiser, 2005a), por outra em como as demandas de formação científica e as realidades materiais da sala de aula formatam os conteúdos a serem abordados, influenciando os caminhos de de-senvolvimento da disciplina, como no boom da Física americana no pós-guerra (Kaiser, 2002, 2007, 2011).

De particular interesse para nós são aqueles que se debruçaram sobre o pa-pel dos livros didáticos (ou livros-texto, termo mais comum em inglês) na Física do século XX. Um volume recente de Jaume Navarro e Massimiliano Badino, Re-search and Pedagogy: A History of Quantum Physics through Its Textbooks, contém estudos de historiadores renomados sobre livros didáticos produzidos nos anos de “formação” da teoria quântica, renovando as narrativas sobre esse período tão estudado com atenção a outros processos e atores, de cunho pedagógico, pouco explorados nas narrativas mais tradicionais (Badino & Navarro, 2013).

David Kaiser e Karl Hall, voltando-se a espaços e tempos distintos (respectiva-mente, os EUA na década de 1970 e URSS nas décadas de 1930 e 1940) fazem um tour de force de investigar o contexto de produção e a trajetória de certos livros que, em algum momento, foram reconhecidos como livros didáticos9, apontando

9 Gravitation, de Wheeler, Misner e Thorne; The Tao of Physics, de Capra; Course of Theoretical Physics, de Landau e Lifshitz (Hall, 2005; Kaiser, 2012).

Page 6: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

6 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

como intenções autorais, respostas do público leitor e demandas editoriais, es-tatais e mercadológicas se embrenham na forma final do livro e em como ele é recepcionado, todos efeitos e processos que podem ser capturados pelo uso do gênero literário como uma categoria analítica para essa historiografia (Hall, 2005; Kaiser, 2012).

Finalmente, se a compreensão da maneira como a Física Quântica vêm sendo praticada no último século imprescinde da categoria cultura, sendo, então, cul-turas quânticas o objeto de estudo de sua história (Joas & Hartz, 2019), e do uso de fontes pedagógicas, incluindo os livros didáticos, “the most important me-thodological innovation of the last two decades” (Badino, 2017, p. 5), podemos considerar que a História Cultural da Física Quântica caminha viva e bem ao lado da História dos Livros Didáticos.

4. Física Quântica: Autores A primeira edição de Quantum Physics of Atoms, Molecules, Solids, Nuclei

and Particles, de Robert Eisberg e Robert Resnick, foi publicada em 1974 pela John Wiley & Sons. David Kaiser assim explica o contexto em que ele emergiu na realidade do ensino universitário de Física americano, que nos anos 1950 e 1960 testemunhou uma grande expansão de matrículas e financiamento (Kaiser, 2002):

“Yet by the early 1970s, the effects of economic recession, détente between the West and the Soviet Union, and immense cuts in defense and education spending led to a decline in students numbers, with physics plummeting faster than any other field. By the end of that decade, the number of physics students had halved from its post-war peak” (Kaiser, 2007, p. 29).

Se nos anos das “vacas gordas” da Física americana do pós-guerra, seus livros didáticos voltados a exposição da Mecânica Quântica e suas aplicações homege-neizaram-se, priorizando problemas puramente quantiativos e matemáticos, que aumentaram em uma ordem de grandeza comparado aos livros pré-guerra, e excluindo discussões filosóficas (Kaiser, 2007), em paralelo a crise dos anos 1970, outro modelo de livro surge:

“In 1974, for example, Robert Eisberg [...] and Robert Resnick [...] published their 700-page Quantum Physics of Atoms, Molecules, Solids, Nuclei and Particles. [...] Although there were hundreds of quantitative problems, Eisberg and Resnick also included long lists of “discussion questions”, each of which called for an explanatory (rather than algebraic) response on topics such as the nature of black-body radiation, parti-cle tunneling and the conceptual difficulties associated with a point electron. (Kaiser, 2007, p. 32).

Kaiser aponta que o Quantum Physics é uma das primeiras instâncias de uma nova abordagem aos livros didáticos de Física Quântica, notadas a partir dessa década.

Page 7: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

7 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

No prefácio da primeira edição, de 1974, os autores delineam as intenções pedagógicas da obra:

“The basic purpose of this book is to present clear and valid treatments of the pro-perties of almost all of the important quantum systems from the point of view of elementary quantum mechanics. [...] Thus we have chosen to emphasize the appli-cations of the theory more than the theory itself. In so doing we hope the book will be well adapted to the attitudes of contemporary students [...].”(Eisberg & Resnick, 1985, p. vii).

Pouco depois, a divisão de trabalho entre eles:

“Successive preliminary editions of this book were developed by us through a pro-cedure involving intensive classroom testing in our home institutions and four othe schools. Robert Eisberg then completed the writing by significantly revisingand ex-tending th last preliminary edition. He is consequently the senior author of this book. Robert Resnick has taken the lead in developing and revising the last preliminary edition so as to prepare the manuscript for a modern physics counterpart at a so-mewhat lower level. He will consequently be that book’s senior author.” (Eisberg & Resnick, 1985, p. vii).

Para entendermos mais profundamente as influências de cada um dos auto-res no produto final, convém um levantamento da carreira de ambos no campo pedagógico da Física.

4.1 Robert Resnick Robert Resnick, nascido em 1923, completou seu PhD em Física na John

Hopkins University em 1949, quando foi contratado pela University of Pittsburgh. Em 1956 transferiu-se para Renssealaer Polythechnic Institute, onde permaneceu até sua aposentadoria, em 1993 (Stith & Wilson, 2014).

Na década de 1970, ele já tinha uma carreira bem sucedida como autor de livros didáticos de ensino superior10, sendo coautor, junto a David Halliday, de Physics for Students of Science and Engineering, publicada em 1960 pela John Wiley & Sons em dois volumes, voltada a disciplinas introdutórias de “Física Bá-sica” do currículo universitário americano, atendidas por um ampla diversidade de estudantes, em particular engenheiros e aqueles almejando uma carreira em Física (Halliday & Resnick, 1960). Reformulado por outros co-autores, com mu-danças gráficas, de título, de organização e seleção de conteúdos, o livro subsiste até hoje como bibliografia de disciplinas introdutórias de Física.

10 Além de influência nos grandes projetos de ensino de Física dos anos 1950 e 1960, como o PSNS e o Harvard Project Physics, para o qual contribuiu com materiais (Jossem, 1975). Para a renovação do ensino de ciências americano no pós-guerra e o papel dos físicos acadêmicos nela, ver Rudolph, 2002.

Page 8: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

8 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

Ausente nesse projeto, os conteúdos de Relatividade Especial e Física Quân-tica são abordados por Halliday e Resnick em um volume intitulado Basic Con-cepts in Relativity and Early Quantum Theory, cuja primeira edição data de 1972 (Halliday & Resnick, 1985). Resnick já havia se aventurado no campo de livros didáticos sobre a Física do século XX em 1968, com Introduction to Special Re-lativity, os textos relativos a esse tema na sua colaboração com Halliday sendo selecionados dessa obra (Resnick, 1968).

Em 1975, Resnick recebeu a Medalha Oersted da Associação Americana de Professores de Física (AAPT), explicando em seu discurso de agradecimento sua trajetória como professor de Física e autor de livros didáticos, concentrando-se em particular na escrita daquele que é seu maior sucesso, a obra de Física Básica com Halliday:

“[...] the book was deliberately it’s own study guide because mass education was coming on at the time into colleges and lecture halls were getting filled bigger and bigger and students had less chance to learn from a professor and the book beca-me much more important. So they studied and learned from the book, and it, with worked examples and Lord knows what else, and it did become it’s own sort of study guide [...].” (Resnick, 2010, 5:11 - 5:35)

Sobre o nível de complexidade matemática incluída no livro, inovadora em alguns aspectos, Resnick também relembra:

“ [...] but, of course, after Sputnik standards were rising dramatically, then. You may remember the good days of physics when you didn’t care whether the students sank or swam, well, you know, or swam, you know, you had so many students coming in, you just took the best of the top. Today we wish we didn’t behave so arrogantly, I guess.” (Resnick, 2010, 5:55 - 6:15)

Resnick parece se referir, no último trecho transcrito, à crise de matrículas na Física da década de 1970, e parece ser uma preocupação do autor do então recém publicado Quantum Physics.

4.2 - Robert EisbergA experiência de Robert Eisberg11 como autor de livros didáticos era mais

restrita em sucesso e tópicos. Foi autor principal de um livro de “Física Moderna”, Fundamentals of Modern Physics, também pela John Wiley, em 1961, baseado em notas de aula de um curso da graduação de um ano de duração, cuja seleção de tópicos incluía a Física Quântica e a Relatividade Especial (Eisberg, 1961).

11 Nascido em 1928, doutorou-se em 1953 e durante a maior parte de sua carreira foi professor da University of California-Santa Barbara. Registrou uma empresa de software em seu nome em 1989, dissolvida em 1997 (Documentação disponível em https://businesssearch.sos.ca.gov/CBS/SearchResults?SearchType=NUMBER& SearchCriteria=C1455792. Acesso em jul. 2020).

Page 9: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

9 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

É digno de nota que a organização (ordem de capítulos e seleção de conteúdos) e o texto do livro de 1961 correspondem a organização e o conteúdo textual mesmo de grande parte do Quantum Physics. Difere de seu sucessor, en-tretanto, quanto a natureza dos problemas apresentados. Se o Quantum Physics apresentará além dos problemas puramente quantitativos (na seção “Problems”), questões descritivas e qualitativas sobre o conteúdo apresentado em um capítulo (na seção “Questions”), o Fundamentals restringia-se aos primeiros.

Depois da publicação da primeira edição do Quantum Physics, seu próprio projeto de um livro de “Física Básica”, Physics: Foundations and Applications, em colaboração com Lawrence Lerner, foi publicado pela McGraw-Hill em dois volu-mes, em 1981, totalizando impressionantes 1700 páginas.

O principal fator de distinção do livro em relação ao mercado de livros in-trodutórios de Física, alardeado pelos autores no prefácio, é o uso de métodos numéricos para a resolução de inúmeras equações apresentadas no texto, cujas soluções analíticas demandariam uma competência técnica e uma intuição caren-tes entre os estudantes do nível alvo, intuição essa que a abordagem pedagógica do livro poderia vir a desenvolver (Eisberg & Lerner, 1981). O livro era, inclusive, suplementado por um material adicional em que foram incluídos programas de receitas numéricas para calculadoras programáveis e computadores (Eisberg & Peckham, 1981).

Essa abordagem já está presente na primeira edição do Quantum Physics, em um apêndice com a solução numérica da equação de Schrödinger para o poten-cial quadrado (Eisberg & Resnick, 1974).

Em 1976, Eisberg publica pela McGraw-Hill, a casa de seu futuro projeto com Lerner, o livro Applied Mathematical Physics With Programmable Pocket Calcula-tors, uma coleção de instruções para implementar métodos numéricos de inte-resse para a Física em calculadoras programáveis, com exercícios (Eisberg, 1976). Foi escrito com a pretensão de ser entendido e usado mesmo por estudantes sem experiência com esse tipo de calculadora, a qual pode não ter sido atingida (Schmidt, 1977).

Na segunda edição do Quantum Physics, de 1985, o apêndice com o pro-blema do potencial quadrado é consideravelmente reescrito para a inclusão de linhas de código em linguagem de computação BASIC de um programa para solução de equações diferenciais de segunda ordem (Eisberg & Resnick, 1985).

5. Avaliações Preliminares e PerspectivasA análise desse conjunto de fontes, majoritariamente relacionado a biografia

e a produção bibliográfica dos autores, não nos permite tirar conclusões muito assertivas, mas sugere férteis hipóteses de trabalho.

Seria Resnick, ciente das dificuldades de atração de alunos pela qual passava a Física, autor de um bem sucedido livro para os níveis introdutórios da educação

Page 10: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

10 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

superior em Física e atribuído da revisão “didática” do texto preliminar de Eisberg para o Quantum Physics, diretamente responsável pela produção e inclusão dos elementos inovadores do livro apontados por Kaiser (Kaiser, 2007)?

A predileção de Eisberg pela abordagem numérica aos problemas de Física e suas pretensões de incluí-la já nos estágios iniciais da educação superior em Físi-ca reflete tendências no seu trabalho como físico na época e tendências da pró-pria Física Quântica como campo de atuação profissional ou de alguma de suas sub-disciplinas (como Física Nuclear)? Adotando as categorias de Joas e Hartz (Joas & Hartz, 2019), seria a abordagem numérica e computacional uma ascen-dente tendência nas práticas dos físicos de algumas das culturas quânticas e as pretensões de incluí-la na educação de potenciais físicos reflexo desse processo? Essas práticas pedagógicas tiveram efeito na formação da geração seguinte de praticantes das culturas quânticas?

Como foi a interação entre os autores durante a prdução do texto e quais seus efeitos no produto final? Seus papéis foram bem acordados, assim como os objetivos e elementos do livro, a priori, ou negociados durante a produção? Como deu-se essa negociação e qual o papel de outros agentes, como editores, nela?

Além dessas, que demandam uma análise mais pronfunda da carreira dos dois físicos e da Física praticada no período, além da sondagem de novas fontes, como correspondências, ainda estão em aberto questões associadas a influência do público-leitor (imaginado) no livro acabado (Darnton, 2010; Ong, 1975) e a recepção, com fontes ainda a serem sondadas, como críticas do livro. Outros ele-mentos ainda a serem avaliados são o mercado editorial para livros didáticos no período e o currículo americano de Física unversitária.

Referências BibliográficasBADINO, Massimiliano. What Have Historians of Quantum Physics Ever Done For Us?. Centaurus, 58 (4), 327-346, John Wiley & Sons, 2017.

BADINO, Massimiliano & NAVARRO, Jaume. Pedagogy and Research. Notes for a Historical Epistemology of Science Education. In: Research and Pedagogy: A His-tory of Quantum Physics through Its Textbooks. Max Planck Library for the History and Development of Knowledge, Edition Open Access, 2013, p. 7-25.

BELO, André. História & Livro e Leitura. Autêntica Editora, Belo Horizonte, 2002.

BENSAUDE-VINCENT, Bernadette; BERTOLOMEU - SÁNCHEZ, José Ramón; GAR-CÍA-BELMAR, Antonio. Looking for an Order of Things: Textbooks and Chemical Classifications in Nineteenth Century France. AMBIX, Vol. 49, Part 3, (Nov. 2002). pp. 227-250.

BENSAUDE-VINCENT, Bernadette; BERTOLOMEU- SÁNCHEZ, José Ramón; GAR-CÍA-BELMAR, Antonio. The Power of Didatic Writings: French Chemistry Textbooks of the Nineteenth Century. In: Pedagogy and the Practice of Science: Historical

Page 11: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

11 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

and Contemporary Perspectives. Ed: David Kaiser and Andrew Warwick. MIT Press, 2005.

BERTOLOMEU- SÁNCHEZ, José Ramón; GARCÍA-BELMAR, Antonio. Atoms in French Chemistry Books During The First Half of The Nineteenth Century: T h e Elémens de Chimie Médicale by Mateu Orfila (1787-1853). Nuncius. Vol 19, No. 1 (2004). pp. 77-119.

CHARTIER, Roger. Cultural History: Between Practices and Representations. Polity Press, 1993.

______. A ordem dos livros: leitores,autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e XVIII. Tradução de Mary Del Priore. Editora UnB, Brasília, 1998.

______. O que é um Autor?. Edufscar, 2012.

CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.3, p. 549-566, set./dez. 2004.

DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette. Tradução de Denise Bottman. Compan-hia das Letras, São Paulo, 2010.

DASTON, Lorraine. Historicidade e Objetividade. Tradução de Derley Menezes Al-ves, Francine Iegelski e organização de Tiago Santos Almeida. Editora LiberArs, São Paulo, 2017.

EISBERG, Robert & RESNICK, Robert. Quantum Physics of Atoms, Molecules, Solids, Nuclei and Particles. John Wiley & Sons, 1974.

______. Quantum Physics of Atoms, Molecules, Solids, Nuclei and Particles. John Wiley & Sons. Second Edition. 1985.

EISBERG, Robert. Fundamentals of Modern Physics. John Wiley & Sons, 1961.

______. Applied Mathematical Physics With Programmable Pocket Calculators. Mc-Graw-Hill, 1976.

EISBERG, Robert M. & LERNER, Lawrence S. FÍSICA: FUNDAMENTOS Y APLICACIO-NES, volumen II. Libros McGraw-Hill de Mexico, 1984 (edição original 1981).

______. PHYSICS: Foundations and Applications volume I. McGraw-Hill, 1981.

EISBERG, Robert M. & PECKHAM, Herbert D. Numerical Calculation Supplement to Accompany Eisberg and Lerner PHYSICS: Foudations and Applications. McGraw--Hill, 1981.

FORMAN, Paul. Weimar Culture, Causality and Quantum Theory, 1918-1927: Ad-aptation by German Physicists and Mathematicians to a Hostile Intellectual Envi-ronment. HSPS, Vol. 3 (1971), pp. 1-115.

HACKING, Ian. Ontologia Histórica: Ontologia Histórica. Tradução de Leila Mendes e revisão técnica de Alessandro Zir. Editora Unisinos, São Leopoldo (RS), 2009.

HALLIDAY, David & RESNICK, Robert. Basic Concepts in Relativity and Early Quan-tum Theory. John Wiley & Sons. Second Edition. 1985

Page 12: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

12 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

______. Physics for Students of Science and Engineering. John Wiley & Sons. 1960.

HALL, Karl. “Think Less about Foundations”: A Short Course on Landau and Li-fshitz’s Course of Theoretical Physics. In: Pedagogy and the Practice of Science: Historical and Contemporary Perspectives. Ed: David Kaiser and Andrew Warwick. MIT Press, 2005.

HARTZ, Thiago . A teoria quântica atravessa o Atlântico: algumas reflexões histo-riográficas sobre a física quântica no imediato pós Segunda Guerra Mundial. In: Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, 15, 2016, Florianópo-lis. Anais eletrônicos... Disponível em: https://www.15snhct.sbhc.org.br/resources/anais/12/1473994730_ARQUIVO_Hartz-AteoriaquanticaatravessaoAtlantico.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.

JOAS, Christian & HARTZ, Thiago. Quantum Cultures: Historical Perspectives on the Practices of Quantum Physicists. Ber. Wissenschaftsgesch. 42 (2019): 281-289.

JOHNS, Adrian. Science and the Book in Modern Cultural Historiography. Studies in the History and Philosophy of Science. Vol.29, No 2, pp.167-194, 1998.

JOSSEM, E. Leonard. Robert Resnick: Oersted Medalist for 1974. American Journal of Physics. Vol. 43, No. 5, May 1975. p. 387-388.

KAISER, David & WARWICK, Andrew. Conclusion: Kuhn, Foucault and the Power of Pedagogy. In: Pedagogy and the Practice of Science: Historical and Contempo-rary Perspectives. Ed: David Kaiser and Andrew Warwick. MIT Press, 2005.

KAISER, David. A Tale of Two Textbooks: Experiments in Genre. Isis, 103:126-138, 2012.

______. Cold War requisitions, scientific manpower, and the production of Ameri-can physicists after World War II. HSPS, Volume 33, Part 1, pages 131-159, 2002.

______. Drawing theories apart: The Dispersion of Feynman Diagrams in Postwar Physics. The University of Chicago Press, 2005a.

______. How the Hippies Saved Physics: Science, Counterculture and the Quantum Revival. W.W. Norton & Company, 2011.

______. Introduction: Moving Pedagogy from the Periphery to the Center. In: Ped-agogy and the Practice of Science:Historical and Contemporary Perspectives. Ed: David Kaiser and Andrew Warwick. MIT Press, 2005b.

______. Turning physicists into quantum mechanics. Physics World (May 2007): 28-33.

GALISON, Peter & WARWICK, Andrew. Introduction: cultures of theory, Studies in History and Philosophy of Modern Physics, 29(3), 287-294: 1998.

GAVROGLU, Kostas & SIMÕES, Ana. One Face or Many? The Role of Textbooks in Building the New Discipline of Quantum Chemistry. In: Communicating Chemistry. Textbooks and Their Audiences, 1789-1939. Ed. Anders Lundgren and Bernardette Bensaude-Vincent. Canton: Science History Publications. 2000. pp. 415-449.

Page 13: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

13 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

GAVROGLU, Kostas. The STEP (Science and Technology in the European Periphery) Initiative: Attempting to Historicize the Notion of European Science. Centaurus (54), pp. 311-327, 2012.

JAMMER, Max. The conceptual development of quantum mechanics. McGraw-Hill, 1966.

KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. Tradução de Beatriz Vian-na Boeira e Nelson Boeira, revisão de Márcia Abreu. Perspectiva, São Paulo, 2013.

OLESKO, Kathryn M. Physics as a Calling: Discipline and Practice in the Königsberg Seminar for Physics. Cornell University Press, Ithaca, 1991.

______. Science Pedagogy as a Category of Historical Analysis: Past, Present, and Future. Science and Education, 15 (2006): 863-80.

ONG, Walter J. Ther Writer’s Audience is Always a Fiction. PMLA, Vol. 90, No. 1 (Jan. 1975), pp. 9-21.

RESNICK, Robert. Introduction to Special Relativity. John Wiley & Sons. 1968.

______. resnick oersted lecture 1.mov. Youtube, 2010. Publicado pelo canal Res-nickPhysicist. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=THPGQDLde-Hw>. Acesso em: 11 jul. 2020.

RUDOLPH, John L. Scientists in the Classroom: the Cold War Reconstruction of American Science Education. Palgrave, New York, 2002.

SCHMIDT, Stanley A. review: Applied Mathematical Physics With Programmable Pocket Calculators. American Journal of Physics, Vol. 45, No. 9, Nov. 1977. p. 887-888.

SCHWEBER, Silvan S. The empiricist temper regnant: Theoretical physics in the United States 1920-1950. HSPS, 17:1 (1986): 55-98.

SECORD, James A. Knowledge in transit. Isis. Vol. 95, No. 4 (Dec. 2004), pp. 654-672.

SIMON, Josep. Communicating Physics: The Production, Circulation and Appro-priation of Ganot’s Textbooks in France and England, 1851-1887. Pickering and Chatto, Londres. 2011.

______. Textbooks. In: A Companion to the History of Science. Ed. Bernard Lightman. Wiley Blackwell: Wiley Blackwell Companions to World History. 2016. pp. 400-413.

______. Physics Textbooks and Textbook Physics in The Nineteenth and Twentieth Centuries. In: The Oxford Handbook of The History of Physics. Ed. Jed Z. Buchwald and Robert Fox. Oxford University Press. 2013. pp. 651- 678.

TOPHAM, Jonathan. Science, print, and crossing borders: Importing French scien-ce books into Britain, 1789-1815. In: Geographies of Nineteenth Century. Ed: David N. Livingstone and Charles W.J. Withers. University of Chicago Press. pp. 311-344. 2011.

Page 14: “Física Quântica” de Eisberg e Resnick: Átomos, Moléculas e ......“Física Quântica” de Robert Resnick e Robert Eisberg4, obra muito adotada como bibliografia nas disciplinas

14 | 170 SNHCT ANAIS ELETRÔNICOS

STITH, James H. & WILSON, Jack M. obituaries: Robert Resnick. Physics Today 67, 5, 2014. p. 66-67.

WARWICK, Andrew. Masters of Theory: Cambridge and the Rise of Mathematical Physics. The University of Chicago Press, 2003.