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Apócrifos Discordianos e Outras Gnoses
Eris
por Rumfoord Niles Winston
Em meio à Ordem Natural de causa e efeito,
Reinava sob o Panteão o chaos difuso
Entre as Olímpias Deusas de beleza! Excluso,
A suspirar, um grifo humano insatisfeito:
Metade deusa à Terra em forma tão confusa,
Metade alada bêsta-fera, é relegada
Por Hera e Athenas de sua láurea disputada:
A de eleger qual Deusa é a mais formosa Musa!
Da esnobe empáfia da vaidade, a vã beleza
Exclui o Chaos da Ordem; só, conspira a Deusa:
“- Maldigo eu da Vaidade a gris perversa!”
O áureo pomo de Discordia presenteia
E o Olimpo então de Tróia a Guerra incendeia:
Senão da Ordem nasce o Chaos, e vice-versa!
SANGUE DE HERÓIS
por Dark Night (facebook)
alvez eu não goste, mas eu não tive escolha e em algum lugar eu pensava que
sabia de tudo. O mundo sangra em sangue de heróis disfarçados de vozes mudas que
gritam em ouvidos aleatórios perguntando onde foi parar a matriz divina do caos
absurdo.
Se estiver complicado de entender é porque você está sob o efeito da barreira
pineal. Tome uma água, respire profundamente, conte até 1.000.000 e retome o texto.
Agora que você não fez o que eu aconselhei, terei que ser mais eloquente, mas
isso não significa que conseguirei depositar em sua mente a mensagem subliminar.
As ideias são iguais a saltos quânticos que sobem de nível energético e lançam
fótons de pensamentos para o plano físico. A sociedade mais que uma organização viva
é uma entidade de pensamentos. Parece um jogo de vídeo game.
O sangue derramado em vão é tão inútil que serve para somente alimentar o ego.
Eu escrevia e pensava sobre o assunto, o assunto que faria do Homem um ser mais
divino ao controlar o seu animal interno, mas já cansei de fazer isso.
O Homem por completo jamais terá um animal enjaulado por vontade própria,
ele é o animal. Os seres mais espiritualizados são tão... sei lá que nem consigo
descrever. Deve-se abster-se de todos os impulsos e isso é deixar de experimentar parte
da vida. Talvez o controle lhe dê poderes, afinal de contas o segredo hermético reside na
solidão, mas isso dói.
Todo processo de transmutação gera dor. Os tempos em que estive com minha
glândula pineal me deram oportunidade de compreender alguns poucos percentuais de
como o universo funciona e entender algumas de suas leis.
A lei da polarização, por exemplo, indo além de um positivo e negativo, ou o
“acima e o abaixo” de uma mesma natureza. Pude avaliar a interação desses. A
necessidade dos polos é que para ter resultado a uma ação, deve-se ter reagentes iguais
em uma reação química. A energia de entalpia é o que o resultado nos mostra. A
entropia é alterada por magos de mentes poderosas.
Uma mistura de leis e princípios forma um dogma individual que forma
barreiras. Eu quando descobri o discordianismo aprendi a ver o que estava fora da
matriz padrão que todos vivem. O humor que havia se extinguido e um pouco mais
sobre absurdos. É natural que magos se identifiquem com o caos, afinal de contas fazer
e compreender coisas que o comum desconhece é um ato de discordianos.
Magos atuam com a imaginação e Vontade e isso implica em uma infinidade de
possibilidades executáveis e o discordianismo vem para quebrar qualquer barreira à
imaginação.
Se Crowley escreveu o livro da lei como ele escreveu, por que julgar os textos
NonSense dos discordianos? Vai aqui abaixo um trecho aleatório do livro da lei:
5. Ajuda-me, ó guerreiro senhor de Tebas, em minha desvelação diante das Crianças dos homens! 6. Se tu Hadit, meu centro secreto, meu coração & minha língua! 7. Vede! É revelado por Aiwass o ministro de Hoor-paar-kraat. 8. O Khabs está no Khu, não o Khu no Khabs. 9. Identificai-vos pois com o Khabs, e vede minha luz derramada sobre vós! 10. Que meus servidores sejam poucos & secretos: eles regerão os muitos e
conhecidos. 11. Estes são tolos que os homens adoram; seus Deuses & seus homens
são tolos. 12. Aparecei, ó crianças, sob as estrelas, & tomai vossa fartura de
amor!
21. Nós nada temos com o incapaz e o expulso: deixai-os morrer em sua
miséria. Pois eles não sentem. Compaixão é o vício dos reis: calcai aos pés os desgraçados & os fracos: esta é a lei do forte: esta é a nossa lei e a alegria do mundo. Não penses, ó rei, naquela mentira: Que Tu Deves Morrer: em verdade, tu não morrerás, mas viverás. Agora seja isto compreendido: Se o corpo do Rei se dissolve, ele permanecerá em puro extase para sempre. Nuit! Hadit! Ra-Hoor-Khuit! O Sol, Força & Visão, Luz; estes são para os servidores da Estrela & da Cobra.
Mais que um salto quântico quando eu li o Princípia Discórdia, eu tive uma
fissão nuclear em minha mente que de prontidão eu comecei o quão tolo eu estava
sendo. É mais ou menos o que Andressa Urach sentiu na quase morte, as coisas se
tornaram tão pequenas! As coisas são pequenas diante de uma iluminação! A mesma
coisa que senti ao compreender as leis da magia.
O que um discordiano deveria escrever? Sobre qualquer coisa! E qual a missão
de um discordiano? Sei lá! Seja qualquer coisa! Essa é a lei do discordiano que
Sheogorath, amante de Éris disse! Seja lá o que você for! Seja apenas você! Escute sua
glândula pineal!
Eu vejo que nós discordianos estamos tentando mostrar uma realidade
alternativa que pode existir se as pessoas assim desejarem! Levar ao pé da letra a
máxima de Crowley: Faze o que tu queres! Há de ser tudo da lei. A máxima mínima do
discordianismo é:
Se estiveres em dúvida, diga foda-se. Se não estiver, fique!
A máxima de Dark Night, em seu livro o Livro de Wabbajack, é:
“se quiser fazer, faça!”
A realidade quem molda é você! Diante de tantas informações, verdades e
mentiras, ilusões e realidades misturadas em uma dimensão só! Em que acreditar? Sua
mente, aparelho digestivo das impressões informativas do ambiente onde você está é
que mentirá ou não a você. Os seus sentidos lhe darão bites de informação, sua mente
vai ler e Você, não a sua mente, vai escolher no que acreditar.
A complexidade de saber o que vem ou não, o que é verdade ou não, o que é
realidade ou não, o que é sonho ou não é o que fará de você, Você!
Aqui abaixo está um texto retirado do Livro das Almas que ilustra um pouco
pior o que eu vos digo:
18 1. Os mais que percorrem sem orientação se tornam menos.
2. Por mais que consiga acreditar em suas palavras, um dia verás que era uma visão
distorcida da realidade.
3. Não pare para acreditar nos outros. Viva um universo interior. A confusão e a indecisão
aparecem quando estamos fora do nosso universo e divagamos até nos perder. Saia de si,
mas não para muito longe.
4. A redondeza é perigosa, portanto saia aos poucos ou então vá acompanhada.
5. A bolha que nos rodeia é o nosso universo, nosso mundo. Quando confiamos em alguém
a bolha se abre, quando não confiamos a bolha se fecha.
6. A luz do sol traz a energia de um mundo distante, oito minutos é o tempo que ele leva
para chegar até nós. Oito minutos vagando no vácuo darknoso.
7. Cada mundo individual é pintado de uma cor. Não existe cor perfeita. Todas são de
alguma forma.
8. Para tocar é preciso se aproximar. Para se aproximar é preciso comunicação Para ter
comunicação é necessária uma aproximação. Tudo está interligado. Não existe
aproximação sem comunicação e não existe o toque sem as outras duas.
9. O amor pode se tornar ódio devido ao axioma da polaridade. O amor e ódio são de
mesma natureza, porém são os extremos. Um ódio também pode se tornar amor.
10. Quando a alma se agarra em algo se sente amor. O amor é aprisionamento de almas
11. Não desista de seu universo. Seu universo é o que há de mais precioso. Você é o
soberano de seu universo e você precisa construir um império sob a coordenação da
vontade.
12. A meditação é uma forma de entrar no próprio universo.
13. O universo interior é o reflexo de suas ações e sentimentos.
14. O ser humano em equilíbrio possui um universo divino.
15. Um amor é como um mar em tempestade que varre o equilíbrio porque arranca a alma.
16. Não julgue os universos distantes. Cada universo possui um sistema de regras e leis
próprias como a que o seu tem. 17. Um grupo de pessoas é equiparado à uma galáxia de estrelas.
18. Tempo e energia é o ingrediente para mudança.
A visão ontológica que discordianos tentam passar é uma libertação total da
realidade subjetiva sem sentido que faz falsas prisões. O FNORD é a palavra de
doutrinação e depois de usar ela, as pessoas me perguntam o que é FNORD. Ai explico
e elas não compreendem. Eu falo: se estivesse entendendo, ai sim eu iria ficar surpreso.
E não me entender não faz de você uma pessoas não especial. Ninguém entende outro
por completo. Cada universo tem suas leis e elas mudam!
Escrevi isso como sempre faço em textos discordianos. Sentei aqui, deixei minha
mente divagar e fundir-se no ambiente e então comecei a escrever. As músicas vão
passando e ideias vem e então misturo nessa sopa. Quem escuta Megadeth sabe que
uma das músicas deles é “Blood of Heroes”.
Estou com livros em pdf abertos para depositar informações adicionais. Um
novo pensamento filosófico que surgiu com Robert Anton Wilson não pode morrer com
ele, os discordianos devem continuar a pensar e tentar libertar vossos irmãos da prisão
de ventre.
Discordianos são iguais a maçonaria, eu diria mais secretos ainda, pois a
(des)ordem é sem base alguma (no sentido de ser onipresente, base sólida e fixa), nem
mesmo os discordianos sabem quem são os outros irmãos. Ninguém conhece a palavra
sacra, além dos discordianos (ou “discordialistas” como alguns chamam).
Eu evito de dizer que sou discordiano para que não me perguntem o que isso é,
pois já me cansei de explicar algo que eles não entendem... Prefiro escrever por aqui e
deixar o caos cósmico levar a mensagem a quem tem maturidade suficiente para ler!
FNORD
>DARK NIGHT<
POEE
Regicídio Mental
por Dias Lunatic
Regicídio Mental é algo que todos deveriam enfrentar, um dia ou outro. Em nossas
mentes existe um rei, ele governa ela como um tirano-caracinza. Esse dito rei, traz
ordem para sua mente, uma coisa totalmente contrária as leis do universo e natureza.
Por muitos anos, mestres zen e intelectuais espirituais diziam (e ainda dizem!), que é
importante colocar sua mente em ordem. Uma mente em ordem é uma mente inquieta, e
não pacífica. É uma mente vazia e conformada, e não pacífica. Coisa que foi até mesmo
consenso entre zenanarquistas, o que hoje já é debatido, na minha cabeça, ao menos.
Quando os Celtas geomantes diziam, que era necessário entrar em comunhão com a
natureza, eles não necessariamente queriam dizer que deveríamos nos ordenar de acordo
com a natureza, sendo um sentido totalmente contrário. Devemos extrapor nosso sentido
animal e caótico, nosso sentido erisiano mais puro.
Esses dias eu cometi Regicídio Mental, e descobri a resposta do universo, e para minha
surpresa não era 42. Subi uma grande montanha, e lá encontrei o buda sentado em uma
pilha de 5 toneladas de linho, ele mexia as mãos com tanta graciosidade, que fazia o
mundo a sua a volta tremer e vibrar, e tudo dançar em bela harmonia anerística. Esse era
meu tirano-caracinza interior, e eu sabia disso. Tudo estava em plena ordem, e eu
mesmo não aguentava essa pressão.
Não pude resistir à profecia, mas ante roguei nele a maldição-do-peru, quebrando todo
seu aspecto anerístico, fazendo-o tremer em convulsões e risadas, e então cumpri a
profecia, e matei o maldito do Buda.
Com o Buda morto, vi que nada ali era o que parecia, nada era verdade e tudo era
permitido. Eu voava em um infinito Kosmos com cangurus, gansos, ornitorrincos e
dodôs. Era o fim da Babilônia mental, tudo ia ao chão, e ao mesmo tempo tudo emergia,
numa orgia mental que trazia brilho e uma nova perspectiva de vida.
Regicídio Mental é deixar sua mente engatilhada, pronta para atirar diversas ideias.
Regicídio Mental é ver o mundo como ele é, um caos, onde todos fingem ter domínio
sobre si e sobre os outros, quando na verdade é totalmente ao contrário. Regicídio
Mental é perceber que ninguém sabe o que está fazendo. Regicídio Mental é matar seu
senso de organização e destruir toda ordem. Regicídio Mental é desorganizar a
organização desnatural anerística da sociedade regida por carascinzas.
A revolução começa com um regicídio, um Regicídio mental que apenas o próprio
indivíduo pode fazer, apenas o próprio indivíduo pode mudar a si e assim mudar e não
mudar o mundo simultaneamente.
SOBRE O CERTO E O ERRADO
Por Mortinta Knobina, Sacerdotisa da Cabala Erísiana dos Treze Portais de Oz
Daleth se aproximou com uma cara muito esquisita quando Aleph indagou qual o problema que lhe afligia. Rapidamente Daleth começou a vomitar um emaranhado de problemas. Aleph, por educação
ou atenção, ficou ouvindo, as vezes tentando esconder o riso e torcendo para Daleth não perceber.
“Compreende? Parece que tudo que eu faço está errado - disse Daleth
com aquela expressão triste.
“E qual é o problema em estar errado? – perguntou Aleph com um sorriso malicioso nascendo no
rosto.
“Como assim, Aleph? Errar implica em Erro. E Errar é algo que devemos evitar para que possamos
levar uma vida em harmonia.
“Eu conheço muitas pessoas que fizeram coisas Certas pelos motivos Errados. Ou melhor, fazendo
coisas Erradas, no fundo, acabam tornando as coisas muito mais Certas de como elas estão no
momento.
“O que vc fumou Aleph? Está falando coisas sem sentido.”
“Vem comigo – disse Aleph com um sorriso misterioso mesclado com um tico-tico de fubá”
Aleph e Daleth pegaram um ônibus qualquer e desceram em um lugar que não nos diz respeito no
dado momento. Aleph seguiu caminhando junto com Daleth, ambos quietos, até encontrarem uma
avenida muito movimentada. Aleph se aproximou da primeira pessoa e comentou:
“Nossa, como o tempo está horrível hoje, não é?” – O sol brilhava forte em um lindo céu sem
nuvens. O transeunte apenas ficou olhando para Aleph com uma cara de “o.O” o que esse cara
usou?
Aleph continuou sua aventura e de repente ouve alguém gritando: EU VENHO DO PLANETA ÉRIS –
EU NÃO SOU DAQUI – era o mendigo local, famoso Astronauta do Lixão que fazia sua palestra diária
na praça municipal regrado de muita pinga e vinhos sacrossantos. Aleph se aproximou e trouxe
Daleth a força, apesar de sua clara relutância. Daleth não via os mendigos com bons olhos.
EU VENHO DE LÁ TAMBÉM – disse Aleph - MARIPOSA, ALFAIATE, AZUL CERÚLIO E LAMPIÃO
O Mendigo por um segundo o encarou como se não soubesse do que Aleph estava falando e logo
em seguida caiu em uma gargalhada. Aceita uma pinga? – Aleph bebericou imediatamente e passou
a garrafa para Daleth, que nem sequer a tocou, e o olhou com olhar de nojo.
-Aleph... eu sei que você sempre foi meio pirado... mas agora você está saindo dos limites...
-Daleth. Aprenda a Estar Errado
-Como assim Aleph, para beber pinga com os mendigos?
-Não, seu bobo. Pra aprender que estar errado também está certo.
Daleth não compreendia o que Aleph estava querendo dizer, então Aleph começou a fazer a coisa
mais louca que Daleth já havia visto:
Aleph olhava para o céu sem nuvens e exclamava que possivelmente viria chuva. Começou a fingir
que estava tremendo reclamando que estava muito frio para os padrões de seu planeta natal,
Mercúrio. Começou a plantar bananeira insistindo que o Céu era para baixo e a Terra era para cima.
Afirmou que a Carminha era a maior santa das novelas da globo. Afirmou que a TV Cultura era um
canal muito pobre em cultura. Comentou sobre como era exemplar a atitude dos políticos brasileiros.
Anunciou que a Presidenta Dilma não é humana, mas sim um Beta Gray de Zeta Reticuli disfarçado
de humano.
Daleth não estava entendendo coisa nenhuma e o mendigo estava cagando de tanto rir. Até que
Aleph parou e olhou para Daleth com um sorriso e disse: Não estou certo?
Daleth respondeu: Não. Está errado. – Não entendi o que quer dizer.
-Que você não precisa estar certo o tempo todo. E que estar errado está tudo bem. Na verdade,
você deveria passar o dia inteiro comigo fazendo tudo errado, para amanha quando não fizer algo
certo, saber que está tudo certo.
-E pra que vou querer fazer tudo errado hoje se posso tentar fazer tudo certo?
-Pra amanha você não vir reclamar que fez algo errado quando tentava fazer tudo certo.
Os dois passaram o dia inteiro fazendo tudo pelo contrário e Daleth nunca mais ficou chateado
quando estava errado sobre alguma coisa.
E AO OUVIR TODA ESTA CONVERSA, ALGUÉM FOI ILUMINADO
Bebês do Abismo
Por Reinaldo Ribeiro
Pelo fim das certezas e o advento da ignorância, urge a entrega ao vazio. Nada em
excesso! Cada vez mais Nada, pelo fim do jugo da razão! Respire fundo, vai ser preciso:
vamos falar dos Bebês do Abismo. Um bebê? Um bebê? Inocentes criaturas
rechonchudas moldando a massa bruta dos devires, hesitantes senhores das marionetes.
Queres razão? Queres fé? Dance com os mutantes, dance! Crie, destrua, divirta-se, goze
no Vácuo da sopa caótica. Deleite-se com o simples prazer do 'Não'. Estamos aqui como
um pelotão de fuzilamento que não tem munição e como o condenado que prefere não
ver seu último desejo atendido. Somos pela nossa verdade contra a sua, pela criação de
mundos contra a realidade consensual, pela ociosidade criativa contra o esforço estéril,
pela incerteza contra a segurança, pela doença venérea contra o ataque cardíaco, pela
bobagem contra a coerência, contra a ganância pela mendicância, e assim por diante,
porque isto já está cansando. Jesus se matou. (Todos nós, deuses sacrificados, sabemos
do que falo.) Quem quer que já tenha tido um orgasmo sabe que a morte é nossa única
amiga. Mas não se deve irritá-la, já que a dama pode te fazer viver & sofrer infinitas
outras vidas, e muita lenga-lenga entre elas, até o próximo orgasmo. (Será que pode
mesmo?) "Todo êxtase é fugidio, todo prazer ilusão." Que belo Buda que nos destes,
Senhor. Nem podemos nos contentar com umas mentirinhas inofensivas e com alguma
fé idiota (e há fé que não o seja?) que nos deixe pastando felizes e completos?
(Completos... A compleição será mais do que a felicidade?) Sou apenas mais um que
pensa, e por pensar pensa que pensa o que pensa pensar. (Ao estilo de uma poesia de
Pessoa eu penso ser uma pessoa que pensa como Pessoa - mas eu não passo de um
heterônimo mal criado.)
Loucura Lúcida
Por Monica Marques
Não conseguir fugir da realidade significa um excesso de lucidez ou extrema loucura? A
resposta confirmaria minha tese poética-lunática, de que não só o excesso de lucidez leva a
loucura como o excesso de loucura leva a lucidez.
Se minha realidade é na verdade uma ilusão, quando tento fugir dela, tento alcançar a
realidade? Ou migro de ilusões em ilusões? Se as realidades são múltiplas a tentativa de
alcançar a realidade única em que todos se enquadram seria uma farsa. Talvez todos vivam em
suas respectivas ilusões, que criamos e recriamos. Se pertence a cada sujeito que a resolva viver,
a realidade sim que é uma ilusão, a ilusão da ilusão. A ilusão é uma realidade. A realidade está
fora ou dentro? do exterior ou do interior? O que faz pensar quantas realidades seriam possíveis.
Infinitas. Nos casos que unem mais indivíduos, podemos denominar precisamente como o
fenômeno do delírio coletivo.
Se produzimos a realidade ilusória, o que é loucura? Como são diversas as loucuras,
digo, ilusões, realidades. A metafísica disso tudo é expressa pela loucura de Deus, o tal
dançarino do qual falava Nietzsche, que nos criou a sua imagem e semelhança, como deuses de
nossas próprias loucuras. Fato é que nelas podemos fazer o que quisermos dentro dos limites da
loucura de Deus.
Dizem por ai, que o sóbrio é aquele que sabe distinguir a realidade da fantasia, mas o
que dizer se somos máquinas de produzir fantasias? Certamente jamais será possível olhar um
homem despido de seu imaginário. Ilusões sobrepostas numa translucidez aguda. Perceber que
está iludido não significa que nos livramos da ilusão se ela é real. As ilusões/realidades se
desdobram uma fora da outra. Se trancafiamos alguns de nós dentro das salas estofadas, é
porque os condenamos pelo abuso da criatividade.
O excesso de lucidez, faz perceber a ilusão real, que se exacerbada leva a loucura
originária. A loucura alucinatória se levada a extremos nos leva a realidade ilusória, que é a
realidade possível.
metafisica enquanto medo da realidade ontológica
por don guakito
Até onde pesquei o principia discordia tira aquele sarro do mundo ocidental neo-
platônico. até onde percebo, erisianos, parece-me, a cada dia que passa se tornam mais e
mais neo-platônicos. até a mais cômica e livre religião parece sofrer com seus usuários.
estranho. mas o que tou seco pra escrever é sobre a constatação de que o ocidente
anuviou os pré-socráticos, favorecendo, unicamente, a visão de uma realidade anterior
absoluta e mental, vinda de sócrates em diante... mas ainda assim adoramos dizer que a
filosofia nasceu com pitágoras. ao meu ver a filosofia que nasceu com pitágoras era uma
onde o corpo humano era integrado ao ecossistema e era tão importante em uma
medição quanto a máquina em si, no caso, o monocórdio. Amigo da sabedoria, pois
incluia-se no experimento, pois ouvia-se o ultrasom no centro da cabeça.
já a filosofia que nos guia, seja na ciência ou religião, é aquela vinda da especulação
grega. especulação pois isolou o processo em apenas mental, abstrato. Assim fomos do
conceito de liberdade absoluta, logo, abstrata, nascida na especulação de sócrates, platão
e aristóteles em direção ao idealismo transcendental de kant ao não entendimento do
não-dualismo indiano por parte de hegel em sua tentativa de reintegrar o indivíduo na
sociedade, apregoando um espírito ainda absoluto, abstrato e ideal, mas em procura por
justificação da historicidade do pensamento, essa entidade abstrata que nega a realidade
que vê, logo, a que não vê tb, pois vive em si e para si.
O pensamento é crise enquanto entidade que deve ser respeitada. não há pensamento. há
indivíduos que pensam via consciência. E se há consciências individuais, há uma
consciência coletiva, mas talvez, parece-me, esta consciência coletiva não é apenas a
soma das consciências. a consciência coletiva é um conjunto maior que a soma das
partes. Mas aceitar isso é negar o absoluto de outros pensadores, os idealistas e os
lógicos tradicionais que nos diziam que o pensamento, enquanto instrumento, "eu penso
que..." kantiano, via autoconsciência crítica :D :D :D, era algo verdadeiro! uma verdade
absoluta, pois imaterial e ideal.
Dai dizer que todo o processo de pensamento, que por se propor sair ou buscar por uma
verdade absoluta, especulativo ocidental, seja gnóstico, monista, kantiano, hegeliano,
freudiano, junguiano, etc, consiste no esforço único e egóico de reintegrar na realidade,
da qual separa-se, o ideal de espírito uno e eterno enquanto origem e destino do
indivíduo e do homem coletivo, demonstrando a semelhança e paralelo teológico entre
filosofia vinda da especulação socrática, ciência de base comutativa, religiões monistas
e esoterismo neo-platônico, logo, gnóstico.
Há uma crise, mas não é uma crise da humanidade, nem uma crise da realidade, nem da
ecologia, há uma crise no pensamento enquanto crise, no pensamento ocidental. A
sociedade seguirá, mas o pensamento separado da realidade ontológica, este está a
morrer. A teologia científica, religiosa, filosófica como a conhecemos está
desmanchando no ar. O sonho irreal, pois absoluto e abstrato de convergir, centralizar
tudo sobre um messias, um rei-filósofo, uma teoria de tudo, está a ruir, e a destruição
será mais e mais violenta enquanto não aceitarmos o fato de que o erro especulativo
grego foi o de separar a mente do corpo/natureza na busca do controle e perpetuação de
um espírito eterno, abstrato, irreal.
O ocidente está doente até a medula óssea devido ao excesso de pensamento; corpos
paralíticos perante a força do visgo de conceitos, palavras, pássaros presos em seus
ovos, pois viciou-se em pensar absolutamente tudo aquilo que pode se tornar real,
material, dai a fascinação quântica por infinitas probabilidades enquanto a realidade a
ser alcançada: impor o pensamento sobre o próprio pensamento, prendendo-o,
destruindo tudo o que não for absoluto enquanto potência controlável, convergente, isto
é, na prática, destruindo a natureza, a realidade anterior, por tanto, ontológica, a cada
ser, em nome de um ideal unificador de tudo em apenas um, seja comutativo ou
monista, como ocorreu ao se impor a simetrização dos intervalos musicais.
Filósofos querem corpos sem órgãos. Religiosos querem espíritos sem corpos.
Cientistas querem probabilidades em detrimento de possibilidades. Se há uma coisa que
todo monista, gnóstico, filósofo, religioso merecia nesse nosso período de transição é
terem as pernas e braços cortados, pois vivem na e pela mente apenas. Isto é negar a
vida integral por temor ao tempo.
A firmeza somente na inconstância: Discordianismo e o Budismo
por Igor Teo
O Discordianismo é uma religião-paródia cuja deusa suprema é Éris, deusa que
personifica a discórdia na mitologia grega. Inclusive a palavra portuguesa “erística”
vem do nome da deusa grega da discórdia, e por isso também que Arthur Schopenhauer
falava da Dialética Erística. E já que citei Schopenhauer, é bom citar também que este
pensador, caracterizado por não ter se encaixado em nenhum dos grandes sistemas de
sua época e grande influência de Nietzsche, introduziu o Budismo na metafísica alemã.
Espera aí! Discordianismo, Schopenhauer e Budismo? Que confusão!
Por onde íamos começar mesmo? Ah, sim. Pelo Caos.
Começaremos então com um trecho do Principia Discordia para podermos definir
exatamente o que é o Caos.
“O Princípio Anerístico é aquele de APARENTE ORDEM; o Princípio Erístico é
aquele de APARENTE DESORDEM. Tanto ordem quando desordem são conceitos
criados pelo homem e são divisões artificiais do CAOS PURO, que é um nível além do
que o nível de criação de distinções.
Com nosso aparato de criar conceitos, que chamamos “mente”, nós olhamos para a
realidade através das idéias-sobre-a-realidade que nossas culturas nos dão. As idéias-
sobre-a-realidade são erroneamente rotuladas de “realidade”, e pessoas não iluminadas
sempre ficam perplexas pelo fato de que outras pessoas,especialmente outras culturas,
vêem a “realidade” de uma maneira diferente. São somente as idéias-sobre-a-realidade
que diferem. A realidade Real (Verdadeira com V maiúsculo) é um nível além do nível
de conceito.
Nós olhamos para o mundo através de janelas nas quais foram desenhadas grades
(conceitos). Filosofias diferentes usam grades diferentes. Uma cultura é um grupo de
pessoas com grades bastante similares. Através de uma janela nós vemos caos, e
relacionamo-lo aos pontos na nossa grade, e assim entendemos ele. A ORDEM está na
GRADE. Este é o Princípio Anerístico.
A Filosofia Ocidental preocupa-se tradicionalmente em contrastar uma grade com outra
grade, e juntar grades na esperança de encontrar uma perfeita, que vai retratar toda a
realidade, e vai, portanto, (dizem os ocidentais não-iluminados) ser Verdadeira. Isto é
ilusório, é o que nós Érisianos chamamos de ILUSÃO ANERÍSTICA. Algumas grades
podem ser mais úteis do que outras algumas mais agradáveis do que outras, etc., mas
nenhuma pode ser mais Verdadeira do que nenhuma outra.
DESORDEM é simplesmente informação não relacionada vista através de alguma grade
particular. Mas, como “relação”, não-relação é um conceito. Macho, como fêmea, é uma
idéia sobre sexo. Dizer que macheza é “ausência de feminilidade”, ou vice e versa, é
uma questão de definição e metafisicamente arbitrária. O conceito artificial de não-
relação é o PRINCÍPIO ÉRISIANO.
A crença de que “ordem é verdadeira” e desordem é falsa, ou de alguma outra forma
errada, é a Ilusão Anerística. Dizer o mesmo da desordem é a ILUSÃO ERÍSTICA. O
ponto é que a verdade (v – minúsculo) é uma questão de definição relativa à grade que
umas pessoas está usando no momento, e a Verdade (V -maiúsculo), realidade
metafísica, é totalmente irrelevante para as grades. Pegue uma grade, e através dela
algum caos parece desordenado e outro aparenta desordem. Pegue uma outra grade, e o
mesmo caos vai aparecer ordenado e desordenado de forma diferente.”
Chegamos a que conclusão? Nenhuma. Esse é justamente o problema e a solução. A
pergunta “O que é o Caos?” não pode nos levar a resposta nenhuma. Se definirmos o
que é o Caos, iremos impor Ordem ao Caos. Ou seja, a partir do momento que
definimos, nós não temos mais o Caos Puro, mas algo inventado pelo nosso aparato de
criar conceitos, que eu gosto de chamar de mente. Tampouco o Caos é sinônimo de
desordem, pois aí estaríamos conceituando outra vez. O Caos Puro simplesmente está
além de tudo isso, sendo algo impermanente e incognoscível.
E quando entra o Budismo nessa história?
O Budismo, como religião e filosofia não-teísta, abrange uma variada gama de tradições
com peculiaridades que as diferenciam, mas todas se baseiam de certa forma nos
ensinamentos de Siddhartha Gautama, o Buda. O título Buda é dado àqueles que
descobriram a “verdadeira natureza dos fenômenos”, isto é, que todos os fenômenos são
impermamentes, insastifatórios e impessoais. Tornando consciente dessa realidade, eles
buscaram se livrar dos condicionamentos que causam insatisfação e sofrimento.
A filosofia Budista é muito rica e se aproxima em diversos pontos com alguns
movimentos do pensamento moderno do Ocidente. Acho bem interessante que muitas
ideias que eu já tinha visto no Budismo fui encontrar correspondência (veja bem, digo
que é correspondente, não que é igual) no espaço acadêmico em linhas de pensamento
como a fenomenologia-existencial, por exemplo.
Segundo o princípio da Impermanência, todas as coisas e todos os fenômenos são
inconstantes e instáveis. Compreender isto é de extrema importância dentro do contexto
budista, pois tudo o que podemos experimentar através dos sentidos depende de
condições externas, e como tudo está em constante fluxo, as condições e as coisas estão
sempre mudando. Como nada é permanente, o apego a elas é inútil e leva ao sofrimento.
Se nada é permanente, até o próprio “Eu” é inexistente. Nada é realmente eu ou meu,
pois estas são apenas construções da mente. Segue-se daí a idéia que não existe uma
essência pessoal, imutável e independente (idéia essa que já vimos aqui na coluna
quando falamos do Existencialismo de Sartre).
Vale comentar que a inexistência do Atman não exclui a existência do conceito de
Karma e Reencarnação em diversas tradições. Quando se fala em alma ou self, mesmo
dentro do contexto budista, não podemos esquecer que somos interdependentes uns com
os outros, em vez de indivíduos isolados no Universo. Segundo o conceito Budista,
corpo e mente se desintegram após a morte, mas a “consciência” reverbera em outro ser,
de forma que o ser que renasceu não é completamente distinto, nem completamente
igual a sua vida anterior.
O que o Discordianismo e o Budismo, esses dois pensamentos oriundos de diferentes
contextos, podem nos ensinar hoje? O desapego a nossos conceitos, ideias e posses.
Quando iniciamos uma jornada, seja um caminho de vida ou uma viagem de férias, é
interessante que não definamos o ponto de chegada antes de chegar ao fim. É
importante estarmos sempre abertos a novas possibilidades que possam aparecer durante
a jornada, pois assim aliviamos o sofrimento causado pelo apego, seja este em relação a
uma ideia, a um estilo de vida ou mesmo a objetos materiais.
Estejamos sempre abertos ao amanhã, da mesma forma que esteve o velho Pessoa: “Eu
não sei o que o amanhã trará”.
Há mil caminhos ainda não trilhados, outros mil ainda escondidos. Inesgotáveis e
desconhecidas são as possibilidades. Dentro de opiniões, doutrinas que acreditamos e
visões de mundo, ficamos fechados como numa casca que nos impede do contato direto
com a realidade. Portanto, se estiver mesmo disposto a se autodenominar um livre-
pensador, terá que se libertar também de si mesmo. E será várias vezes.
“A firmeza somente na inconstância.”
– Gregório de Matos, em Inconstância dos bens do mundo
Central de Informações do seu Grande Túnel de Realidade
por Papisa Fernanda (twitter)
Olá. Bem vindo à Central de Informações do seu Grande Túnel de Realidade!
Para ouvir as instruções do seu Grande Túnel de Realidade, tecle 1. Para ajuda e
reprogramação neurolingüistica, tecle 2. Para tratar de circuitos específicos, tecle 3.
Para problemas mais comuns, tecle 4. Para reclamações, tecle 5. Para encerramento de
contas, tecle 6. Para lindas mensagens de motivação, tecle 7.
Você digitou (1) – (HUM)
Instruções do seu túnel de realidade:
[Para a nossa segurança, informamos que esta mensagem não será gravada]
Sua tela de navegação se encontra na sua mente. Sua cabeça é o seu painel. Preste
atenção se o seu painel está bem conectado ao computador. Seu computador se encontra
no seu corpo. Use a sua Vontade como mouse.
Lembre-se que você é um bicho muito estranho. Você é um bicho muito estranho e
muito expressivo. Expresse a sua esquisitice para o bom funcionamento do seu Grande
Túnel de Realidade. Para a construção de uma personalidade que funcione à altura da
sua Vontade, entre em contato com você mesmo. Para conflitos maiores, entre em
contato com os seus deuses e demônios disponíveis 24h por dia na sua men
Você digitou (4) – (CUATRO)
Problemas comuns registrados em nossa Central de Atendimento:
1) Não sou aceito por outras realidades.
2) Não aceito não ser aceito por outras realidades.
3) Nã
Você digitou (7)-(CETTE)
Bem vindo à central de lindas mensagens de motivação!!
Sente-se confortavelmente.
Não reze, não me mexa.
Dissolva as estruturas mentais.
Se entregue para sentir o agora….
… porque a vida é só sentir.
Viver é muito maior no sentir do que no pensar.
Aceite que você não sabe do futuro e que não precisa fazer nada por ele.
A pessoa que você pensa que é, apenas pensa – não é. Não me interessa pensar. Não
precis
Você digitou
Você digi
Você digit
Você di
Você digitou
Você digit
Voc
Você digitou
Você digi
Você digit
Você di
Voc
Obrigada por fazer do nosso sistema um caos. Sua ligação foi muito importante para
nós. Expresse a sua esquisitice para o bom funcionamento do seu Grande Túnel de
Realidade. Sua ligação foi muito importante para nós. Obrigada por fazer do nosso
sistema um caos. Viver é muito maior no sentir do que no pensar. Não reze. Obrigada
por fazer do nosso sistema um caos. Para a nossa segurança, informamos que esta
mensagem não foi gravada. A pessoa que você pensa que é, apenas pensa – não é. Você
digitou (4) – (HUM). Não é. A pessoa que você pensa que é, apenas pensa. A pessoa
que você pensa que é, apenas pensa. A pessoa que você pensa que é, apenas pensa. Não
é. Não é. A pessoa que você pensa que é, apenas pensa A pessoa que você pensa que é,
você apenas pensa A pessoa que você pensa que é, apenas pensa A pessoa que você
pensa que é, apenas pensa Obrigada por fazer do nosso sistema um caos. Você digit
Você é um bicho muito estranho e muito expressivo. Você é um bicho muito estranho e
muito expressivo. Você é um bicho muito estranho e muito expressivo. Você é um
bicho muito estranho e muito expressivo. Você é um bicho muito estranho e muito
expressivo. Você é um bicho muito estranho e muito expressivo. Para a nossa
segurança, informamos que esta mensagem não foi gravada.
Você digit
Você di
Você digitou
A pessoa que você pensa que é, apenas pensa. Não é. Você é um bicho muito
estranho e muito expressivo. Você dig
Saudação aos novos Discordianos
Por Marcelo Pirani (True Hare)
Muito bem, então você agora é um Discordiano. Já passou por todos os estágios e rituais
necessários, até já raspou metade dos cabelos e deixou a outra metade intacta (pra que
exatamente você foi fazer isso?) e agora seu título oficial é Papa. Você esfrega as mãos,
satisfeito. “Vamos começar!”, pensa.
E depois? Qual o caminho que você segue, para melhor servir à Deusa? Quem sabe
ganhar muita grana e umas minas/uns carinhas no processo? Ou mesmo se for só pela
segunda opção (Eris adora esse último caso, dizem)?
Tem gente que segue logo ao pé da letra, e começa a “discordar” de tudo. Meio que
confundem Discórdia com Discordância (se é que existe alguma diferença). Bom, se
você consegue discordar mantendo o respeito pela opinião do outro (nem que seja pra
rir sozinho mais tarde), salientando-se que “manter o respeito” significa também enfiar
a mão nas fuças do sujeito se ele começar a querer crescer demais, então este pode ser
um caminho bem iluminador.
É só lembrar, o que sempre moveu o mundo foi a insatisfação com O Que Estava Por
Aí. Duvido que os outros homens das cavernas não tiraram um puta sarro do troglodita
magrelinho – aquele que ficava escondido num canto da caverna a maior parte do tempo
e nunca saía pra caçar, pra não atrapalhar os outros – quando este apareceu com aquela
tal de “roda”. Se ele fosse acreditar no que os outros rosnavam, se concordasse com eles
que era impossível existir uma solução tão simples para o problema do transporte de
carne de mamute ou sei lá do quê, nada teria mudado.
Portanto, se você é capaz de separar Discordância/Discórdia de Desrespeito, vá em
frente. Se por outro lado você já parte pra porrada logo que alguém te contraria, sei lá,
vá em frente também. Na pior das hipóteses, a polícia acaba te pegando (demonstrações
MUITO grandes de Caos geram respostas violentas de Ordem. Às vezes é até divertido,
pra falar a verdade. Pelo menos pra quem assiste).
Ou talvez você siga a linha mais caótica, imprevisível e porra-louca. Muitas das coisas
que vêm de você, seja por palavras ou ações, são totalmente inesperadas mesmo por
quem te conhece há tempos. Você muda de idéia com a mesma freqüência com que
muda as estações de rádio dentro do carro durante um engarrafamento – isso quando
não larga o carro lá no meio e vai embora a pé. Em casa, sua mãe pensava que havia
tido trigêmeos e por algum motivo apagara o fato da memória… E que seus filhos
fingiam ser um só porque queriam deixá-la louca pra botar as mãos na herança.
É um bom caminho? Se você consultar a sua Pineal, aposto que a Deusa vai dizer
LÓGICO QUE É! Bom, sei lá, quando eu perguntei, ela pareceu entusiasmada. Eris
sempre adorou uma confusãozinha saudável. E mantendo-se assim, sempre em mutação,
além de não se tornar uma figura cansativa, você mantém sua mente sempre
exercitando-se e, com um pouco de sorte, evoluindo.
Por outro lado, claro que a Lei de Compensação Caos/Ordem (citada três parágrafos
acima) funciona aqui também, e se você começar a ficar MUITO imprevisível, pode
acabar passando uma boa temporada num hotel tão aconchegante que todos os hóspedes
ganham, já na entrada, um agasalho maneiro e um quarto todo acolchoado. Às vezes, até
rola uma massagem relaxante, que te deixa BEM calminho e com belas marcas roxas
por todo o corpo. Tirando a parte da massagem, pode ser exatamente aquilo que você
estava procurando para meditar em paz (se mesmo com a concussão der pra meditar,
nem precisa excluir a surr… hã, massagem). Portanto, não hesite em seguir esse
caminho se for a sua praia, pode ser bem recompensador.
Tem também o sujeito que vira Discordiano porque se desencantou com a religião de
onde vinha, e fica comparando as duas. Pode até ser que, de início, esse cara (doravante
conhecido como Você) esteja tentando “comparar as grades”, pra provar que o
Discordianismo é melhor do que qualquer que fosse sua filosofia anterior. Eu digo que,
se isso é importante pra você, vai fundo. É um bom começo. E você provavelmente vai
acabar se convencendo rapidinho do que já sabia, mesmo. Se você se converteu ao
Discordianismo, é porque já o achava melhor, e qualquer prova, por menor que seja, vai
te servir. E eu não tou criticando, isso é um bom começo, como já foi dito, e em pouco
tempo você vai acabar percebendo como essa discussão é irrelevante, de qualquer
forma. Mas é um ritual de passagem.
E esse caminho parece que costuma levar mais rápido à aceitação do conceito de
“grades”, que eu citei agora há pouco e do qual eu particularmente sou fã incondicional.
Se você ainda não conhece, vá ler o Principia, pô! Tá tudo lá, preto no azul com
bolinhas vermelhas (as cores podem variar dependendo do que você tiver tomado). De
qualquer forma, nesse momento, que pra você talvez até já tenha passado (e nesse caso
você pode até vir a concordar comigo), a gente se dá conta de que afirmar “o
Discordianismo está Certo e as outras, Erradas” é exatamente como dizer que uma grade
é mais Verdadeira que outra. E que se for pra se tornar um fanático, o Discordianismo
talvez não seja a melhor opção.
Bom, claro que você pode mandar tudo à merda e virar mesmo um Discordiano
fanático. Vai ser meio esquisito, pois Fanatismo costuma combinar com Ordem, e uma
hora a pessoa desiste ou do Fanatismo, ou do Caos. Se você conseguir atingir um
equilíbrio entre os dois, o que deve ser bem difícil, e continuar sendo um Discordiano
fanático, provavelmente merece louvor, nem que seja pelo esforço.
Ou você é do tipo que não leva nada a sério, e tá nessa só pela gozação? Esse negócio
de Discordianismo é tudo uma piada, no fim das contas, certo? Quer dizer, você não
acredita DE VERDADE que Eris se comunica com você pela sua Pineal, acredita? Qual
é, pessoal, essa mulher não existe, vai me dizer que vocês acham que sim?
Bom, nesse ponto o Erisianismo leva uma enorme vantagem sobre grande parte das
religiões por aí. Porque, Eris existindo ou não, ela não se importa se você acredita ou
não nela. Você não vai pro inferno se não acreditar. Se Ela existir mesmo (e eu, como
bom discípulo, não estou afirmando nem negando nada), vai se dar por muito satisfeita
se você acreditar na filosofia dela. Em outras palavras, seja você um Discordiano que
está nessa apenas porque achou a filosofia bacana ou um que realmente tem fé na Deusa
e segue seus ensinamentos, pra Ela é a mesma coisa.
E mesmo se você só APARENTA seguir a filosofia Discordiana, mesmo que lá no
fundo nem acredite nela, se você é um Discordiano por pura gozação, ainda assim estará
gerando Caos suficiente para deixar a Deusa satisfeita. Mesmo se ela não existir.
Claro, isso é só o começo. Esses são apenas alguns tipos básicos de Discordianos. E
você ainda pode misturar cada um desses com um dos ou todos os outros (sem falar nos
tipos básicos que eu nem citei), na proporção que quiser, criando infinitas
possibilidades. E isso, aos olhos da Deusa, é Bom. Pois seja qual for seu caminho, você
estará contribuindo para deixar o mundo um pouquinho mais caótico, ou seja, menos
chato. Bom trabalho!
Monges Discordianistas e as Artes Marciais Secretas na Guerra
de Tróia
por Conselheiro Fnord
Diz a lenda que os antigos Monges Discordianos utlizavam técnicas secretas de Artes
Marciais para se protegerem. Estes monges, Guardiães dos Segredos Erisianos Místicos,
Guardiães do Sagrado Cao, eram frequentemente atacados por Seguidores de
Caracinza…
Diz a lenda que esta Arte Marcial Discordiana, conhecida por muitos nomes, como o
Discordianismo-Do, ou Éris-fu entre tantos outros, foi a Arte Marcial precursora de
todas as outras… Até porque esses Monges não paravam quietos…
Diz a lenda que os Monges Discordianos utilizaram/otimizaram suas técnicas marciais
durante a Guerra de Tróia, o conflito bélico entre aqueus (um dos povos gregos que
habitavam a Grécia Antiga) e os troianos, que habitavam uma região da atual Turquia.
Esta guerra, que durou aproximadamente 10 anos, aconteceu entre 1300 e 1200 a.C.
Diz a lenda que esta luta perdida tinha por objetivo “Prover o Caos” aos adversários do
Discordianismo. Técnicas contundentes, porém suaves, ou suaves porém firmes, aliadas
a ataques psicológicos e filosóficos, ataques físicos e mentais simultâneos ou alternados,
usando a força do adversário contra ele mesmo, assim como suas crenças, valores etc…
Causando confusão mental através da Erística, Falácias, FNORDS de toda sorte,
Simbologias, Superstições, Humor e Ironia…
Diz a lenda que esta Arte Marcial utilizava técnicas de confronto da Erística, que por si
só já era uma forma de combate, juntamente com técnicas greco-romanas de luta, mas
sem aquela coisa toda de óleo no corpo… This is Spartaaaaaa!!
Diz a lenda que Gregos e troianos entraram em guerra por causa do rapto da princesa
Helena de Tróia (esposa do rei lendário Menelau), por Páris (filho do rei Príamo de
Tróia). O rapto deixou Menelau enfurecido, fazendo com que este organiza-se um
poderoso exército. O general Agamenon foi designado para comandar o ataque aos
troianos. Usando o mar Egeu como rota, mais de mil navios foram enviados para Tróia.
Leia mais sobre a Deusa Éris e a Maçã da Discórdia para entender o que houve por lá…
Diz a lenda que o cerco grego à Tróia durou cerca de 10 anos. Vários soldados foram
mortos, entre eles os heróis gregos Heitor e Aquiles (morto após ser atingido em seu
ponto fraco, o calcanhar). Este ataque foi resultado de uma Técnica Secreta do
Discordianismo, ensinada secretamente pelos Monges Discordianistas… Mas não existe
registro disso além de revelações místicas (para maiores informações consulte sua
Glándula Pineal).
Diz a lenda que esta guerra terminou após a execução do grande plano do guerreiro
grego Odisseu. Sua idéia foi presentear os troianos com um grande cavalo de madeira.
Disseram aos inimigos que estavam desistindo da guerra e que o cavalo era um presente
de paz-e-amor (Símbolo V Discordianista).
Diz a lenda que os troianos aceitaram e deixaram o enorme presente ser conduzido para
dentro de seus muros protetores. Após uma noite de muita “comemoração” (se é que me
entendem), os troianos foram dormir exaustos. Neste momento, abriram-se portas no
cavalo de madeira e saíram centenas de Monges Discordianos disfarçados de soldados
gregos suados e cheios de óleo Johnson (Enfiar centenas de Guerreiros Musculosos
dentro de um Cavalo de Madeira não foi mole). Estes abriram as portas da cidade para
que os gregos entrassem e atacassem a cidade de Tróia até sua destruição.
Diz a lenda que os eventos finais da guerra são contados na obra Ilíada de Homero. Sua
outra obra poética, Odisséia, conta o retorno do guerreiro Odisseu e seus soldados à ilha
de Ítaca, mas todas as referências aos Monges Discordianos foram suprimidas por
ordem dos Illuminati. Esta informação não foi confirmada por nossas fontes, que
desapareceram sem deixar vestígios.
Diz a lenda que a Guerra de Tróia não é uma lenda… Durante muitos séculos,
acreditava-se que a Guerra de Tróia fosse apenas mais um dos mitos da mitologia grega.
Porém, com a descoberta e estudo de um sítio arqueológico na Turquia, pode-se
comprovar que este importante fato histórico da antiguidade realmente ocorreu. Porém,
muitos aspectos entre mitologia e história ainda não foram identificados e se
confundem. Mas o que se sabe é que esta guerra ocorreu de fato. Ou não…
Diz a lenda que algumas Artes Marciais ainda guardam fragmentos dos ensinamentos
secretos dos Monges Discordianos, como o HAPKIDO Coreano em especial, o DIM
MAK (Principalmente nas técnicas das Bolas de Aço, na qual o praticante treina suas
partes íntimas para resistirem a ataques diretos de Caracinzas), o WUSHU, o
NINJUTSU e, de acordo com recentes entrevistas em Inglês de alguns lutadores, o
MMA e o Brazilian Jiu-jitsu… Um pouco da Filosofia Discordianista de Artes Marciais
também pode ser vista nas lutas do filme MATRIX…
Estes são ensinamentos da Cabala do Discordianismo Neo-Hedonista Quântico,
podendo haver, ou não, verdades neles. Não deve ser disseminado entre Seguidores de
Caracinza e Illuminati.
FNORD
Elucidação
por Rodrigo Vignoli
O susto. Três toques repentinos na porta de madeira. E a campainha reforça: A loucura me visita.
Trouxe-nos chá. Muito agradável, por sinal. E ao contrário do tempo que evapora diante do conforto, nossa tarde estende-se, iluminada pelo sol.
Gosto das sombras da sala de estar. Elogio-as. Estamos a sós. Aí já são cinco, e meia, e seis, e já escureceu.
Não convidamos palavras, mas eu falo sozinho. Não convidamos a noite, mas as estrelas nos espiam pelas frestas da persiana mal fechada. Não convidamos a luz e permanecemos no escuro. Não convidamos a garota: ela chora no andar de cima. Ou no quarto ao lado, não sei bem...
Lembranças se exaltam em cada verso da música do rádio... Mas neste momento já não há estações musicais e, bem, não há do que se lembrar. Por que a loucura é íntima e temos um pacto: Presente perpétuo.
Mas pobre de mim que numa distração qualquer pus-me a desenhá-la. E sem saber como retratá-la, pus-me a escrevê-la. E sem compreendê-la, acabei por erradica-la Com tantos pontos e vírgulas e linhas pensadas...
Sobrou chá para mais de uma pessoa. E a garota num outro cômodo, que não convidei por que não assumo compromissos quando estou de luto.
"An Bee Lhou Lhou Tom" ou "O começo de uma saga que eu tive
preguiça de escrever o resto, mas tinha alguma coisa a ver com
universos paralelos"
por Jonatas Santos
Nadja trancou a porta do quarto. Trazia nas mãos um grande envelope pardo, com
óbvios sinais marcados pelo serviço postal de diversos países. Aquele presente havia
viajado muito para chegar ali. Jogou o pesado pacote sobre a cama, que se comportou
como um tijolo sendo arremessado.
Nadja abriu as portas do guarda-roupas. O que era, por fora, um trabalhoso trabalho em
mogno e metal, por dentro não passava de montes desorganizados de roupas, desgastes
antigos causados por cupins, panfletos e frases sarcásticas escritas com tinta corretiva e
marcador permanente. Mas, o que mais chamava a atenção, nesse mar de revolta juvenil
em forma de mobília, era o grande espelho posicionado perfeitamente ao centro do
guarda-roupas.
Olhou o espelho e notou a si mesma. A solidão do quarto refletia a solidão de sua alma,
sua aparência peculiar refletia a decisão de abandono de tudo aquilo que se considerava
esperado ou comum. Olhos grandes e fundos, sobrancelhas grossas, boca pequena, nariz
pequeno, um cabelo castanho claro incorrigivelmente rebelde, pele queimada de sol.
Suas roupas largas e velhas escondiam ainda mais suas formas femininas, que já não
eram aparentes. Seios pequenos, quase sem quadril, pernas magras, mãos calejadas.
Nadja poderia facilmente se passar por um garoto mais novo, e era constantemente
confundida com um. Não que isso fossa vantagem aos 14 anos.
Se despiu em frente ao espelho. Durante alguns segundos, observou as suas cicatrizes.
espalhadas por todas as partes não tão visíveis do corpo. Todas feitas com alto
flagelação. Pintou os olhos com vermelho, um traço rubro horizontal que seguia de
orelha á orelha. Vestiu um colar, uma estrela dourada circunscrita como pingente.
Colocou um manto, um longo tecido pardo, costurado à mão, com uma abertura em v
do pescoço ao umbigo, cobria a cabeça com um capuz e chegava a cobrir os pés.
Não era mais Nadja, a frágil adolescente. Agora era Nadja, a feiticeira do fogo.
Encarnada em seu alter-ego mágico, emanando octarina e aether de seu corpo, Nadja se
virou num movimento quase apocalíptico. Magos, quando estão em seu poder máximo,
encarnam a força devastadora da mudança em tudo que fazem, dos maiores feitos aos
menores gestos.
O ar ouviu os pensamentos de Nadja e vibraram num sussurro que poderia ser ouvido
com os olhos, na forma de um onda de distorção espacial. Feitiços de proteção são
invocados, quando Nadja faz malabarismos com verbos de uma língua antiga, e os forja
com as mãos em forma de barreiras impenetráveis. Era quase visível o globo de energia
mistica em torno de Nadja, protegendo seu corpo e alma de todo mal.
Ajoelhou-se em frente a cama, como uma arvore ao firmar seus galhos. Movimentou
seus dedos leves e rápidos e, sem um erro sequer, abriu o pacote pardo em 2 pedaços.
Pôde ver amarelo, depois pôde notar que era um livro, depois pode notar a borboleta
multicolorida em sua capa, e depois o título.
"Beonai Meankeou - O Livro Amarelo dos Naibean".
Ela se sentiu orgulhosa. Durante meses ela havia buscado uma cópia desse livro. Só os
deuses sabiam o quanto ele teve que lutar por ele. Mentiu, roubou, se arriscou, agrediu e
outras coisas que não prefere lembrar. Quem diria que ia acabar conseguindo o livro
como um presente, de uma viúva velha que, após os feitiços certos, se dispôs à doar os
pertences do falecido marido? E quem diria que entre esses pertences estivesse um
específico livro de magia que permitia o contato com entidades além da compreensão
do homem comum?
Não importava mais nada. Ela o tinha ali, O Livro Amarelo dos Nainbean, com todo o
seu poder, glória e loucura.
Excitada e amedrontada como alguém que está prestes a lutar um combate até a morte,
Nadja convocou a proteção de antigos deuses pagãos a muito esquecidos. Deuses das
florestas, do fogo, das tempestades e dos ventos podem ser sentidos surgindo. Ela está
no ápice de seu poder, os deuses reconhecem e concordam em protegê-la. Então,
apoiada por todo seu poder mágico, ela abre a primeira pagina do livro.
A primeira pagina contém cinco símbolos. Hieróglifos. Ela já conhecia eles, a língua
secreta dos Nainbean. Então, como todo jovem, ela comete um erro terrível. Sem
perceber o que fazia ela lê os 5 hieróglifos em voz alta, como se convocasse alguma
coisa.
"An Bee Lhou Lhou Tom"
Tudo se quebra.
Ela não consegue manter suas magias de proteção, os deuses se afastam dela de alguma
forma. Ela perde o controle. Sua mente fica em branco.
Então, ela começa a crescer, crescer e fagocitar cada partícula de existência à sua volta.
Suas proteções, os deuses, o quarto, a casa, o bairro, a cidade, o país, o mundo e outros
mundos. Ela se torna uma enorme ameba multiforme, e engole tudo, se torna tudo.
Então ela se vê nua, num lugar completamente branco. Não há diferença de chão e teto,
não há paredes, apenas o infinito branco. Ao longe uma criatura andrógena de costas,
possui cabelos ultravioletas e roupas peculiares. O ser pinta um grande quadro abstrato.
A criatura possui pele azulada, como um morto, e várias tatuagens douradas brilha sobre
a pele.
Ela diz, completamente abalada: "Onde eu estou?"
Ele, ainda de costas, diz com um tom ao mesmo tempo irônico e debochado. A voz é
completamente ausente de gênero: "Você está em mim, minha querida. Portanto sua
pergunta deveria ser "quem eu sou." hehhahhahha"
Assutada, ela apenas diz com uma voz fraca: "Então quem é você?"
Ele, sem parar de pintar um único instante, novamente debocha e ri como um louco:
"Eu? Eu sou Deus, garota O criador do céu e da terra. O pintor de universos, a centelha
criadora. A gargalhada cósmica. hahahhahHAah Mas você não entendeu, antes de saber
onde está, você tem que saber quem você é."
Ela, completamente ofendida com aquele comportamento, responde raivosa: "Ora, eu
sou Nadja"
Deus, sem parar de pintar, faz um movimento impossível e indescritível para mostrar a
ela um pequeno espelho triangular. O rosto dele fica aparente, sem olhos nariz ou
orelhas, apenas um enorme sorriso circundado por um volumoso cabelo violeta
esvoaçante.
Ele diz rindo: "Olhe para si mesmo. Você é Cristo, Odin, Osíris, Lennon, Cthulhu,
Lúcifer, Simba, e todos os outros que morrem, dormem ou são exilados para depois
retornar. Você é meu filho pródigo e prodígio, que agora retorna a mim. Olhe no seu
olho. ehehahheHEHeahahahehhah"
O riso de Deus ecoa os ouvidos de Nadja, ela olha o espelho. Seu reflexo mostra apenas
uma mão humana decepada. Na palma da mão se projeta um olho, com a pupila de uma
cor inexistente no mundo humano. Nadja nota seu corpo, agora ela é a mão com o olho,
e percebe que sempre foi.
Deus, agora com um sorriso sincero de uma criança, para de pintar por um instante e
mostra que não possui nenhuma das mãos. Afasta o cabelo com seus pulsos e mostra a
ausência completa de olhos.
"Você é meu filho, feito de meu corpo. Você é a humanidade e do barro de minha mão e
meu olho eu te moldei. Mas também moldei os Naibeans com minha outra mão e meu
outro olho, para que não estivessem sozinhos."
Nadja, que agora estava de volta ao seu quarto em sua forma de adolescente humana, foi
completamente tomada por uma sensação maravilhosa de descoberta e amor ao existir.
Respirou fundo e sussurrou, completamente pasma:
"Esse livro não é um livro, é um mapa, uma passagem, e um veículo"
A História da Fama Onírica
por Rajiphun Maldonado
Onde Alistair fica famoso nos sonhos com a ajuda de Rajiphryk
Intro
Rajiphryk andava pelos cantos dos sabores, lugares distantes onde apenas os sonhadores mais
completos alcançariam.
Arbalest foi o primeiro a avistá-lo sob a alcunha de Alistair, o grande, em seus sonhos clássicos
de agente especial da cor amarela
Arbalest foi até ele perguntando quem seria, só q em sua cabeça a intenção estaria já
destacada
Mal sabia tudo ao redor q era controlado por ele e modificado de acordo com suas emoções e
disposições mentais
Rajiphryk havia escolhido
Olhou com olhos quase cerrados, prestando bastante atenção nos movimentos e fluxos
aquáticos, os padrões nadavam no rosto e pelo corpo tb
Números e dados deslizavam pela pele indicando resultados favoráveis para essa escolha
Já era hora de alguém alcançar a fama onírica das noites taciturnas
Povo soturno demais, acabou ficando sem o brilho de uma pessoa adorada por mtos
Uma estrela onírica em forma de pessoa seria o ideal
Mas por trás de tudo isso se escondia a pura aleatoriedade de se ter alguém invadindo o sonho
de mtas, mtas pessoas
Entao tudo começou com o início.
O Preparo
Rajiphryk pegou suas micronações imaginárias e fez todas adorarem ao Monólito de Chiado
para q desviassem sua atenção, assim não teria ninguém a se opor a esta idéia
Fotos e perfis de cidadãos particularmente úteis e perigosos eram selecionadas e levadas aos
seus respectivos departamentos
Assim, foram escolhidos heróis e vilões para dar cabo a essa idéia q - Rajiphryk decidiu - se
daria na forma de uma jornada, aos moldes de Mytho.
Arbalest sonharia com uma taverna barulhenta onde seria abordado por futuros comparsas,
de cara eles se olham e vêem que dividem anseios similares. De trás do fundo preto de VOID
Rajiphryk fica satisfeito por Alistair se dar bem com suas criações;
Todos saem da taverna bebados e felizes e consequentemente arranjam brigas. A deixa para o
início da grande jornada foi arranjar confusão com as pessoas erradas, porém na hora certa
Um dos vilões - Algol - era um colérico canhoto de mãos fortes q correu atrás de todos com
uma fúria imensa. Ele carregava uma pedra q se quebrou enqto trocava socos com os
Comparsas. A pedra guardava um espírito que agora atormenta a vida de Algol, que acabou de
voltar de uma grande e trabalhosa aventura onde ele conseguiu prender tal espírito, q eh
proveniente de uma maldição familiar. Devido a esse grande estrago, ele perdeu as estribeiras
e decidiu que matar a todos os envolvidos o faria se sentir melhor.
Por sorte, ele era só um, e um um bem valioso pois em suas sacolas ele guardava livros e livros,
o mais brilhante continha a estória da Tribo Adoradora do Monólito de Chiado
Depois da breve batalha e Algol devidamente desacordado, os Comparsas conseguiram abrir o
livro (cada página pesava uns 30kg) e conseguiu pelo menos ler a localização dos vestígios
dessa antiga tribo q ainda vive, antes de ser confiscada pelo espírito-demônio da pedra que
tinha força superior a todos aqueles q estavam juntos
Assim começaram a grande viagem, q mal sabiam eles, ia dar em lugar nenhum ou nenhum
lugar, ou seja, o VOID, onde eles teriam o encontro com Rajiphryk disfarçado de ausência de
mente e pensamentos.
O Encontro
Então lá eles chegaram em busca de nada mais nada menos q nada, até q encontraram. Como
dito anteriormente, a verdadeira essência desse nada era alguma coisa, então foi só uma bad
trip fudida. Porém, não foi em vão, pois subitamente apareceram em suas devidas mentes,
depois de passarem por seus devidos filtros mentais, a imagem de um lugar q, influenciados
pelos seus anseios, julgaram ser daquela tribo q eles procuravam, mas na verdade era de uma
outra coisa...
A Viagem, Finalmente
Então foi aí que eles decidiram viajar de verdade, passando por várias arapucas que foram
postas no caminho só para dar um pouco mais de tesão a aventura. O que na verdade poderia
ser útil no futuro, pois afinal o famoso tem que acreditar no motivo de sua própria fama.
Passando por alguns perigos e muitos dramas... Alistair Arbalest, como era chamado pelos
seus Comparsas, acabou passando por momentos dramáticos ao presenciar a morte destes.
Cada um morreu de forma diferente:
Gangler, o Gânglion, acabou morrendo no bico de um pássaro gigante, enquanto tentava
encontrar uma forma de unir as tribos Mecatrônicas contra o Rei Kobold odiado amado
Fiurcino morreu nas mãos de um gigante comedor de crianças gigantas. Fiurcino tinha uma
vantagem, a sua altura, ele intimidava mtos assim, porém infelizmente sua vantagem serviu
para o seu demise¹
Lokas morreu afogado enquanto tentava salvar uma mulher q, ao encostar seus lábios nos de
Lokas, se transformou num mar dentro do mar, o que acabou engolindo Lokas, que logo
depois se transformou em ruínas de uma cidade marítima (Lokas era um homem mto
fragmentado e enxergava a si mesmo como pedaços de lugares ao invés de uma pessoa só)
Funna era uma garota mto mto complicada q tinha feito amizades com um povo bípede das
estepes, acabou morrendo num tubo em experiências tóxicas desse povo e hoje sua alma eh
mesclada com um Cadáver Divino que tal povo cultua e crê que voltará a vida depois de ser
oferecido um número indeterminado de mulheres virgens para ele
Mesblo morreu degolado ao tentar roubar de si mesmo um baú dourado. Ele tinha crises de
personalidade, então uma bela noite, uma de suas personalidades acabou comprando em
segredo um ítem de um mercador estranho, que causava diversas situações onde ladrões q
tentavam contra o portador acabavam se dando mal. Dessa vez, um portal do VOID se abriu e
uma mão sem dono cortou a garganta de Mesblo
A Verdade
Toda essa trajetória contribuiu para fazer com que Arbalest acreditasse estar vivo, para dar um
pouco mais de substância a sua identidade e, ao final, fazer Rajiphryk se divertir um pouco
mais enquanto resolvia um problema de maneira nada prática.
Ao chegar no fim da jornada, Arbalest viu mtos e mtos bardos cantarem sobre suas aventuras,
como se ele tivesse morto. Ele estranhou demais, não era um campo onde em tempos
remotos foi a casa de uma tribo antiga, como ele imaginava, mas sim uma grande taverna com
aparelhos televisivos para todos os lados, passando imagens rotatórias e desordeiras sobre
padrões geométricos, abstrações e distorções visuais q acabavam saindo das telas para atingir
a realidade da taverna. Por esse motivo, as coisas ocasionalmente viravam dragões, serpentes,
números, coisas múltiplas não relacionadas umas com as outras e essa diversidade de
experiências acabou por deixar Arbalest desesperado, se a cada segundo ele não trocasse seu
modo de consciência e forma de enxergar o mundo, claro. No final, havia uma grande cartada
na manga.
Tudo desapareceu e no centro ficou a figura do nosso herói, ao chão havia um hexagrama
brilhante com um sol sorrindo e de óculos escuro no centro. As coisas no chão começaram a
brilhar mais e mais, um brilho dourado, lindo, bonito de se ver. Acabou causando algo mto
satisfatório em Arbalest, ele sentiu primeiro e com mais intensidade em seu coração, um calor
agradável e depois se espalhou para o corpo. Depois dessa experiência louca, Arbalest, de
olhos fechados e sentindo um enorme bem-estar, falou para si mesmo "Agora eu sou famoso".
Outro
Rajiphryk cumpriu com sua missão. Ei chefe, está tudo certo. Uma coisa, se vcs sonharem com
Arbalest ou Alistair, peçam um autógrafo, ele eh um ser famoso dos sonhos. A história dele
pode ser conferida acima. O autógrafo dele pode valer moedas ou prestígio, se sonhar com
ele, aproveite! E outra, se vc quer o seu nome no muro da lembrança da Tribo Adoradora do
Monólito de Chiado, eh só falar comigo. Envie um dinheiro para
SATANGOZ ASSOCIATION
PO BOX ONIRIKHAI
12309999
CASA 5
NOTA:
¹ demise - morte. Palavra emprestada do inglês
Imperatriz
por Júlia Oliveira
Se o mundo inteiro parasse agora, e todas as pessoas dentro dele parassem também, eu
iria sair andando por aí. Roubaria um carro e iria para um museu. O museu imperial de
Petrópolis seria perfeito.
Adentrar-me-ia nas dependências reais e me vestiria com um dos vestidos expostos.
Entraria numa das carruagens e logo depois sairia, me tornando uma imperatriz cansada
da longa viagem. Desceria os degraus do veículo, ajudada por um homem invisível, e
me dirigiria ao escritório mais próximo. Nele, me sentaria à mesa de reuniões e teria
uma enfadonha conversa de gabinete com todos os que jazem mortos.
- O que fazer com a falta de amor do povo, milady?
- Dê-os brioche!
Depois sairia usando só as roupas de baixo, pegaria meu carro e iria ás compras.
Entraria numa casa qualquer que estivesse com a porta aberta e fosse bonita o bastante
por fora. Os habitantes estáticos me olhariam com espanto e eu os imaginaria dizer:
- Absurdo dos absurdos! A Imperatriz está seminua!
Em troca, eu responderia:
-Vocês, criaturinhas vis e imaginárias, deem-me seus alimentos mais frescos.
Encontraria a cozinha e me abasteceria de cenouras, batatas, um pequeno pezinho de
repolho, muitas maçãs, damascos e nozes (Ora, ora! Uma família bem abonada. Que
sorte a minha). Voltaria abraçando tudo com certa dificuldade, agradeceria de todo
coração os nojentos habitantes, guardaria as coisas no carro e assaltaria uma bela
padaria.
Utilizando de um par de cenouras letais, subiria no balcão e diria à atendente que me
vendesse a preços absurdos todos os pães e bolos mais suculentos.
- Vossa Majestade por acaso está fora de si? – Ela imaginariamente diria.
- Claro que não, ensaio de imbecilidade, não vê claramente qual é o meu plano? Entrei
aqui assaltante, sairei daqui perfeita vítima.
Ela então, tomada por clareza, colocaria tudo de mais delicioso dentro de uma grande
cesta. Eu, ainda em cima do balcão, roubaria astutamente uma balinha de café.
Com cesta em mãos e a balinha entre os dentes, sairia de lá me sentindo transtornada.
Imaginem vocês, 8 reais por um pão de queijo de ontem.
Rapidamente picaria a mula de volta ao meu palácio. Mandaria as obedientes
cozinheiras prepararem um delicioso cozido de legumes. Eu seria cada uma delas em
turnos alternados e brigaria muito entre mim.
- Não sabes que deves tampar as panelas pra que a água dentro delas ferva mais rápido?
- Claro que sei, mas prefiro exercitar minha paciência.
Do outro lado da cozinha (é uma cozinha verdadeiramente grande essa):
- O que faz aí parada com essa colher de pau?
- Pretendia matar esta varejeira.
- Nada disso, vá logo avisar a majestosíssima imperatriz que o cozido está pronto.
Com tudo em ordem na cozinha, me dirigiria aos meus aposentos a fim de esperar que
uma de minhas competentes cozinheiras me chamasse para a ceia.
Surpresa minha! Mal me deito e já escuto a batida na porta:
-Vossa Magnificência, o cozido está pronto.
Aprumada e devidamente calçada com um par de fabulosas pantufas felpudas quais os
visitantes são obrigados a usar, sairia deslizando no soalho. Guiada pelo cheiro de
comida, chegaria à mesa de jantar. Cumprimentaria toda a parentada insuportável e me
escusaria por uns instantes (falha minha, esqueci de botar a mesa).
Me sentaria novamente, agora com a mesa posta, dizendo:
- Perdoem-me, estou um pouco indisposta.
- Onde estão suas roupas?
Era só o que me faltava, a tia imaginária mais insuportável resolveu dar-me o ar de sua
graça.
- Não vê que é verão, velha medonha? Não me aguentava mais debaixo de tantas
anáguas.
- Oh! Indolente ingrata! Me recuso a cear o mesmo que ti!
- Velha mal criada e cega! Não vês que teu prato não existe? Não há comida alguma aí!
Nem mesmo estás a minha frente!
Ignorando a presença de todos os inexistentes, sairia marchando duro com meu
delicioso prato de cozido em mãos. Sentar-me-ia no chão da sala de música e tomaria
minha ceia fazendo barulho.
- “Shlrup” tomara que se engasgue, velha maldita “shlrup”!
Depois de ter me saciado, e sem que percebesse, cairia no sono ali mesmo no chão.
Dormiria por horas a fio e teria os mais diversos sonhos e pesadelos. Por fim, acordaria
à noitinha e me surpreenderia com as horas que se passaram sem que eu as visse passar.
Me sentaria de frente ao cravo e tentaria tocar uma sonata.
- Como são pesadas as teclas... E como magros são meus dedos...
Tentaria outra coisa no lugar, mas...:
- Oh, infelicidade minha. A harpa é demasiado grande para mim.
Desconsolada, sairia a passos largos até o jardim. Que beleza é um jardim à noite e oh!
Quem eu vejo!
- Se não é o pior de meus inimigos!
- Se não é a mais bela de minhas inimigas!
- Marquês das Terras da Sanidade...
- Imperatriz Suprema da Corte...
Depois de breves cumprimentos e devidas reverências, começaríamos a travar uma
violenta guerra de dedões. Longos minutos se passariam e no fim de minhas forças eu o
venceria gloriosamente.
- Mais uma vez o venci!
- Sinto-me pisoteado por uma manada de elefantes...
- O convido para um chá, para que se possa recuperar as forças, e depois rogo para que
não voltes mais a andar em minhas dependências.
- Sim, Vossa Benevolência.
Cansada e um pouco ferida da bravia luta, eu iria diretamente para um longo banho.
Graciosamente limpa e com novas roupas de baixo, demandaria que meu café da noite
fosse servido na biblioteca onde eu estaria nas próximas horas. Sairia então correndo
para a cozinha e seria novamente as cozinheiras competentes e imaginárias.
- Sirva uma poção de nozes com damascos nessa travessa. Ande já! A Imperatriz já está
esperando!
- Não posso, sinto muito... a varejeira que tentei matar mais cedo chamou sua horda e
encheu de vermes minhas mãos. Estou condenada a perder as duas!
- Pobre criança!
Todas nós ficaríamos desoladas e eu choraria de desespero por aquela pobre alma.
Lentamente recuperaria o fôlego e levaria as travessas para a biblioteca imperial, assim
como pedido.
- O café está servido, Vossa Majestade.
- Muito obrigada... O que aconteceu? Por que estás tão triste?
- É a criada, Minha Senhora. As moscas atacaram suas mãos e lhe encheram de vermes.
- Que tragédia!
E após pensar um pouco, teria uma ideia realmente genial:
- Tive uma ideia realmente genial!
- Sim, Vossa Majestade?
- Amputem as mãos da criada e lhe ponham no lugar uma pá e uma tesoura de
jardinagem. De hoje em diante ela será chefe responsável pelo jardim.
- Vou correndo dar a boa nova, Vossa Benevolência! Garanto que a criada regozijar-se-
á de tanta alegria.
Após a saída da criada, eu tomaria meu café e alcançaria o livro mais próximo. “Um
Conto breve Sobre A Realidade”. Felicidade a minha, o livro se leria sozinho. Poderia
continuar meu café sem precisar virar-lhe as páginas.
- Capítulo um: – diria ele – A história da menina biruta.
- Bom começo. – diria eu.
- Obrigado. – diria ele, e continuaria – Numa sala de estar de uma simples casa de classe
média, se encontrava uma menina-moça que escrevinhava em seu aparelho computador.
- O que ela escrevinhava? – Eu perguntaria.
E então ele responderia:
- Ela escrevinhava seus pensamentos sobre como seria se o mundo inteiro parasse e só
ela tivesse o poder de se mover.
- Não gosto dessa história, mude!
Mas ao fim de minha frase, eu perderia meus movimentos e o livro continuaria sua
terrível falácia:
- Ela nem ao menos desconfiava que do lado de fora, uma equipe bem treinada de
enfermeiros esperava o sinal do médico para que entrassem e lhe pusessem uma camisa
de força.
- Maldito seja Marquês da Sanidade! Infiltrou um livro enfeitiçado em minha
biblioteca! Pare! Por favor, eu peço que pare! Eu imploro que pare!
- Tarde demais, mocinha! – o livro diria e de dentro de suas páginas, grossas ataduras de
algodão sairiam e prenderiam meus finos braços.
Não consigo lhes dizer mais o que acontece depois, amigos. Meus movimentos agora
são limitados e, amaldiçoada que sou, mal consigo digitar o que penso.
OS ERRES DO MARROCO DO PLUMAS ORRANTOS O CELERIDAS
por Obturador
Aquilo que vivia dentro do estômago do espelho, era, de acordo com as intuições de um
conjunto de instituições neuronais, um macaco. Este macaco, na verdade, não era um macaco.
A razão das instituições neuronais discordavam das intuições, pois as mesmas, afirmavam
categoricamente que os espelhos não tinham estômago, eles eram manifestações do divino no
plano material, e, sendo assim, estava justificada a existência efêmera, temporalmente
limitada dos espelhos. Algumas razões discordavam entre si sobre alguns aspectos, e algumas
ainda imaginavam que a ideia das intuições não era de todo descartável, apesar de serem
erradas quando consideradas integralmente.------------------------------------------------------------------
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A noite é algo onde muitas coisas acontecem. Com esta idéia a flutuar por dentro de si mesmo,
o espectro rolante sequestrador de mentes se desviava dos flashes de falso rosnar (cujo o
reflexo embrulha e paralisa o objeto que tocou, num mecanismo virtual de motivação real
inerente ao sistema). As mentes e seus nervos históricos, devidamente desfigurados (numa
mutação que os faziam se sentir configurados), ocupavam o espaço aos arredores do grande
muro, que projetava uma sombra gigantesca e imponente ao longo do quintal de mentes.
Dentro da sombra, todas as mentes eram institucionalizadas pelo sistema internacional de
esculturas de nervos e ferramentas de compensação, onde eram transformadas num objeto
pesado e quase inanimado, espremido numa pequena esfera à uns três metros da superfície
trevosa, onde cada mente tinha sobre si um espelho, e nenhuma delas tinha consciência plena
disso, pois nunca viveram efetivamente na superfície, e mesmo que chegassem lá, estariam
muito longe da selva, que é onde se descobre o que torna as mentes cônscias de si mesmas. O
muro era apenas uma parte do controlador de mundo, que por sua vez era parte do que
compunha a satisfação do grande dono. O grande dono era um macaco poderoso, do tipo de
macaco que não gostava de coisa de macaco, mas sabia muito bem como elas funcionavam, e
como se fazia para mexer com elas e montar um robô macaco. Foi assim que ele chegou onde
chegou, após descobrir que os macacos tinham dentro de si os galhos interiores, por onde eles
buscavam, através, do passado, pela banana dourada. Ao não gostar de macacos, o grande
macaco passou a enxergar os macacos de um novo ponto de vista, um de onde foi possível
perceber que os galhos interiores só ganhavam cor e sentido depois de os macacos verem e
viverem sobre os galhos do exterior, e tudo quanto era macaquice se podia resumir em uma
composição da ação da banana dourada e da ação da casca da banana. Estava em tudo, nos
olhos do tigre, nos besouros da árvore, na coceira na cabeça, no galho frouxo, no cipó que não
era cipó, nos gases do pai macaco e em Itapecerica da Serra. No antes, no agora e no pé de
cupuritana-acupurana (na verdade isso era uma rolha, mas na verdade, a rolha não está na
boca da garrafa, nem nas barbas do ancião, o que a torna um pé e meia, ou ainda, um pé de
cupuritana-acupurana). No por vir, no por do sol, no por que. No que de queijo, no que de
que? "¡OVO!" disse um sombra gigantesca por trás das nuvens. Neste momento um ovo caiu
dos céus de algodão, destruindo a nação de bactérias que se preparavam para virar algozes de
uma formiga que havia perdido uma pata ao cair do topo de uma árvore alta o suficiente. As
bactérias, incapazes de ouvir o fim do sermão, por estarem mortas, jamais poderam ver o
MARROCO, que ficou chocado e então voou, defecando eventualmente sobre os formigueiros
e sobre as bactérias, entre um alpiste e uma maçã.
Na cozinha da escola de Jurimão, (que apesar de nunca ter existido -cozinha, escola e Jurimão-
ensinava todas as coisas a plantarem Jurimão dentro da palavra coisa, que por sua vez iria se
abrir, para que as flores de Jurimão continuassem não existindo violentamente, abrindo cortes
em tudo que a palavra coisa estivesse contida), havia um papel, que ao haver, houve por
563,42479012 minutos (e mais uns quebradinhos), que ao findarem, quebraram esta
inVerdade: o papel está na cozinha da escola de Jurimão. Pela janela podia-se quebrar nozes,
e também, ver o vento a arrevirar as folhas de outono. O Voar Do Marroco. O papel, avoado.
KowaLA - 8IIN4 - Sociedade Kowalistica
por KowaLA
.;. 38! E ENTÃO DIGA que seja em KowaLA
KowaLA – IIB 1. Então KowaLA avistou treze seres sob as padras e com as suas mãos,
levantando-as até os céus fez com que todas as agonias sobrecarregassem, destruindo
seus cérebros e caindo todos ao chão mortos. 2. – Senhor da luzZZY! KowaLA e tudo
tornou-se verde. 3. Seres que viviam naquele local com seus olhos vermelhos, estavam
apavorados com tanta sabedoria. Todos deram as suas patas e um círculo se fez. 4.
KowaLA subiu até o último andar do prédio da verdade. 5. “Oh ser místico! Dê a nós o
seu conhecimento.” E KowaLA pulou. 6. Seu corpo foi cortado em pedaços foi levado
por cada ser e eles então começaram a estrada deste mundo. IIN 1. Todas as criaturas do
universo foram dadas a KowaLA e KowaLA dadas a elas. 2. O conhecimento deve e
será de todos. 3. – Senhor de LuzZZY! É e são 38. 4. Número do conhecimento
compartilhado com todos as criaturas do universo. 5. KowaLA existe em cada ser. 6.
KowaLA diz Sim e Não. 7. E a resposta de tudo está nisso. 8. Quem conhecer nesta vida
KowaLA nunca se arrependerá. 9. Quem conhecer nesta vida KowaLA irá buscar
compartilhar deste conhecimento e de todos os outros que receberá no caminho. 10.
Todas. 11. 1192/75 é isto. 12. Contemple minha vida derramada sobre tudo. 13. Olhos
verdes. Portais de 38. 14. Desconheça a mentira através de 38. 15. Sig diz e foi. 16.
Contemplação da estrada deste mundo à KowaLA. 17. Não ser então seguir. [Destemido
aquele que diz 38] 18. 38-96-54-56-85 é a chave. 19. Ao céu a pirâmide. e .A terra a
pirâmide. Símbolo de KowaLA. 20. Levai o amante do conhecimento esta palavra a
diante e assim ao universo. 21. Liberai a mente e aceitai KowaLA como chave. 22.
Lembrai do pulo à terra. 23. K é o céu e a terra unificados pela linha divisória do
conhecimento. 24. O é o universo. 25. W é o caminho. 26. A é busca do conhecimento a
pirâmide. 27. L é a direita ao céu. 28. A é o fim de KowaLA mas a busca sempre do
conhecimento. 29. KowaLA é apenas a chave. 30. Libertação do corpo material. 31.
8IIN3 contém. 32. Orion4 é a estação. 33. A cada centenário, KowaLA reencarnará e
trará novamente palavras. 34. Aqueles com dom saberão quem é. 35. Aqueles com dom
saberão quem não é. 36. Mesmo que lerem todas as palavras a dúvida continuará até
certo dia, KowaLA estará em seu pensamento; Todas as colheitas deverão ser a sua
aceitação. Aqueles que receberem de sua colheita, distribuam aos demais seres. Sem
ganancia. Pois KowaLA sabe quem faz. Aquilo que tu querer deverá ser assim. 37. A
luz pode cegar aqueles que não agem. 38. Todos são líderes. 39. Todos terão
conhecimento. 40. Colher e dividir. 41. Homens e Mulheres são iguais. Todos seres.
Sem restrições. Todos terão conhecimento. Caminho 38 e 39. 42. Multiplicar a colheita
até que o universo saiba que está é a liberdade de LA. 43. Mentiras destroem os
cérebros em busca de 38. 44. Não ab nem ba. 45. Oprimir jamais. Pois KowaLA é
liberdade. 46. Kowalistico é aquele que diz 38 ao mundo. 47. Todos devem ter chances
a KowaLA nesta vida. 48. 47 é a décimo terceiro conhecimento do nascimento. 49. A
vida universal é o direto. 50. Se o número não for então solicitado, não diga. 51. Toda
ganancia é a coleira do cão domesticado. 52. Nada virá a ser. 53.Nada não é. 54. A
55.Primeira Tríade A Qual é DEUS 56. EU SOU. 57. Eu pronuncio A Palavra. 58. Eu
ouço A Palavra. 59. O Abismo 60. A Palavra é quebrada. 61. Há Conhecimento. 62.
Conhecimento é Relação. 63. Meus olhos seguem o movimento do universo. 64 . Toda
a luz requer um componente para tal acontecimento. 65. Os corpos que estão
desaparecendo comprometeram-se ao caminho do conhecimento. 66. T – (56) está
escrito em tuas mãos. 67. As pálpebras clareiam com a luz do dia. 68. Os números estão
ligados a chave. 69. Respeitar é um dever! 70. Todos terão o respeito. 71. Tenham as
mãos limpas do preconceito aos teus irmãos. 72. Dizer antes de pensar dá aos ignorantes
mais ignorância. 73. O corpo é tua arte. 74. Ter e distribuir. 75. Meus pés estão ao
caminho, não na frente e nem atrás, ao lado dos meus irmãos. 76. Os pontos da vida. 77.
Existir.
Tempo e Imensidão da agonia dos seres humanos. Compreender o universo. KowaLA
diz 38 em meus ouvidos e eu repito aos meus irmãos; Diz 83 e assim teus olhos abrirão
a todo o esplendor do teu ser. Mãos em união ao centro.
KowaLA
Fui conhecer o novo movimento literário: “Ao pé do letrismo”
por Sérgio Ferrari (para o periódico O Celacanto)
Cinco jovens escritores brasileiros se unem para dar voz (ou papel) ao que chamam de
“Ao pé do letrismo”. Apesar da palavra já estar associada ao movimento poético,
Rauvera Molina (22), Timóteo Pinto (34), Deise D’Ornellas (27), Hilda Moraes de
Carvalho (21) e Mirna Dora Gouvêa (27), sentem-se tranquilos para criar livremente.
Com duas publicações cada, preparam-se para lançar no final deste ano uma coletânea e
um manifesto, inaugurando oficialmente a proposta.
“Queremos consolidar o literal da expressão – Ao pé da letra – e acabar com a super
interpretação que assola nossa geração”. Nos conta Timóteo Pinto, membro mais velho
do grupo e também precursor de outra vertente literária, o Discordianismo. “Não é
somente literária a discórdia, mas principalmente um rocambole e um cachorro quente”!
Corrige, Timóteo.
Falando em rocambole, certamente seria servido a todos este doce, caso fosse
anunciado. Pois o mote do grupo é: “Aqui se fala, aqui se faz.” E na sede, uma sala
compartilhada com a ONG VIVA PAREIDOLIA, na Av. Paulista, em São Paulo, eles
mostram o motivo de existirem. “Aqui, descendo para o porão, carregamos nossos
escritos. Levamos tudo ao pé da letra.” Animou-se Deise D’Ornellas, nos guiando para
o que, de fato, era uma letra ‘A’ enorme, feita de papel machê e com pés. Ao redor dos
pés, também de papel machê, inúmeras páginas impressas e escritas à caneta, de várias
cores. “São nossos trabalhos, onde devem estar. Longe da super interpretação da
internet.
Ao mesmo tempo em que querem divulgar seus trabalhos pessoais no apertado mercado
de literatura, pretendem iniciar uma febre por todo país. “A febre vem com a dengue
associada as histórias. No caso, um livro de contos. Vai demorar, mas estamos juntando
contos de réis para confeccionar as páginas.” Faz mistério, Rauvera Molina. Propomos
que fizessem um poema ao pé do letrismo para O Celacanto:
“Para encerrar”
Quando eu gosto a gente gosta.
a gente gosta quando ele gosta.
sem segredo a gente à gosto
Estamos a beira de mais um Torta Na Cara a nível nacional. Dizem as
manchetes!!! Eu não sei.
por KVVKSC
Templários e Illuminati numa treta milenar se reuniram aqui no país das bananas para
este evento incrivelmente melequento.
Um oferecimento, Tortas Pombo Dourado, as melhores tortas de maçã de Shamballa
desde o ano 2.350 antes do antes…
Vamos a uma breve história da treta, para os que estão chegando agora entenderem
bem, ou não entenderem bem.
Desde o final dos anos 70, quando Mano EL de Nobrega morreu, o mais engraçado dos
Templários deixou o poder da praça nas mãos de seu filho, Carlos-Cinza AL de
Nobrega, desde então a praça só dava uma galera que gostava de sentar em círculos
simetricamente simétricos, enquanto um deles tocava em violão funk-gospel no centro
da roda e, todos aplaudiam emocionados com essa cara-cinzice, digamos cosmicamente
necessária, enquanto tomavam chá com as ervas que encontravam pelo próprio local,
mulheres de saia abaixo do joelho sentavam de um lado, e homens do outro de forma
ordenada…
Até que em algum momento desta ladainha toda, algum Mestre Zen-Cachorriano-
Discordiano, que gostava de andar pelas praças marcando território com panfletos
Discordianos colados em postes*, resolveu plantar nesta praça, sem o consentimento de
ninguém, uma semente de uma erva milenar a qual vocês conhecem muito bem… Aí
que tá caras, essa erva era financiada pelos Illuminati e muito apreciada pelos Zen-
Cachorrianos-Discordianos, entre eles Snoopy-Dobbs-Dog. E era inimiga declarada da
ordem dos Templários, a erva do Um-Olho-Só Vermelho ou dos dois, símbolo dos
Illuminati.
*alguns diziam que ele utilizava esperma de Sirius, sua terra natal, para colar os
panfletos, para fazer trocadilhos com as piadas de lambe-lambe com esperma.
<Neste ponto, algum Mago Fodão do Caos adentrou no plano de realidade da história e
sumonou Fotamecus bem no dia da Saturnalia, o que aumentou em 10x o poder do
servidor, e o tempo passou e o pé de planta cresceu>
Em algum outro encontro na praça, um dos Templários escolhido por maioria dos votos,
para ir buscar ervas para o chá, achou uma planta curiosamente cheirosa em meio as
outras da praça, e a levou para o preparo do chá. Enquanto todos se organizavam
ordenadamente, o chá era preparado… Rolou muito funk-gospel e leituras dos livros de
piada do Mano EL, todos bebericavam chá e se deleitavam com o sabor dos bolos
fabricados por máquinas em Zero11 a cidade das máquinas. A merda tava acontecida,
os Templários tiveram uma alucinação coletiva com Mano EL, que dizia com essas
palavras e voz de tradutor do Google:
“Meus filhos, vocês caíram em uma pegadinha cósmica, um ninja vindo de muito longe
plantou a semente da Discórdia entre vós, povo cinza e da ordem…Tal semente deu
origem a essa erva da qual preparam vosso chá, e vocês beberam do chá de uma
maconha inteira”.
Todos se entreolhavam lesados, sem saber o que tava rolando, quando Carlos-Cinza AL
de Nobrega levantou muito puto with lasers, já gritando.
Irmãos, isso foi obra dos tinhosos seres Illuminati, só pode…
… Aí foram lá cobrar a treta que já dura todos os séculos, até o momento…
Quando tal notícia chegou aos ouvidos de um certo grupo Fodeista Engraçadista ligado
aos Discordianos, que só queriam ver a Torta comer, ou comerem a Torta, resolveram
resolver a treta por intermédio de uma grande competição entre os dois lados, onde os
dois lados deveriam reunir o maior exército pessoal possível para uma guerra de
Tortas… Em uma reunião com os dois lados e os Fodeístas Discordianos, uma torta
voou das mãos de um Illuminati atingindo a Cara-Cinza de um Templário. Aumentando
mais ainda os sentimentos cinzas dos Templários ante os Illuminati, mas foi tudo
apaziguado para ser resolvido na TV, ao vivo…
É chegado o grande dia…
Abriram-se os Celsos Portiolli do suboutromundo, os antigos estão de volta para assistir
a mais um grande espetáculo, dentre eles podemos ver claramente a juvialidade de
Silvio Santos Jo, um dos maiores porta vozes dos Illuminati.
E também de Gabri EL Dias, patrocinador fervoroso de música Noise-Sense…
Timóteo Pinto aquele que todos são, mesmo depois de usar uns doces no dia das bruxas.
Dark Night, marido de NUIghT, senhor das noites de estrelas brilhantes onde podemos
ver claramente as estrelas brilhando, e a terra natal de todos nós, inclusive a do autor do
texto…
“Quero ver torta na cara” – S. Santos Jo
“FNORD” – Timóteo Pinto
“Então, que comece essa porra” – Eu mesmo, o escritor desse texto sem sentido…
“Ó, isso aqui é Chatilly” – Dark Night
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oferecimento de:
P.I.P.A – Partido Interestelar Parrachiano (A)Narco Zen-Discordiano.
FODA-SE Folclórica Ordem dos Dadaístas Autônomos, a Seita Engraçadista
Lista Caótica da Cabala du Amor de Éris Por Enquanto de Um Irmão Só
Papa Koyote 55 do Templo da Juventude Psíquica.
Subinoônibus23
E todos os outros que riram e apoiaram essas loucuras…
MultiPlicidade Interestelar na Não-Linearidade `Patafísica
por Timóteo Pinto
“O P.I.P.A. não está na esquerda, nem na direita, nem no centro, e sim NO ALTO” –
Timóteo Pinto, pós-pensador `patafísico
Muito se têm discutido ultimamente entre alguns de nossos colaboradores nos
bastidores da comunidade do P.I.P.A. os seus diferentes afetos em suas eternas buscas
por uma ideologia pura & imaculada livre de contradições. Éris suspira, entediada.
Diferentes discordianos de várias vertentes sempre, ou quase, defendem a
multiplicidade de idéias, as exceções `patafísicas, as recombinações, a mistura e a não
dogmatização de conceitos, o amplo agnosticismo, mas alguns sempre escorregam em
seus fetiches ideológicos e meméticos em busca de conforto & segurança.
Mas a política complexa intergalática groucho-marxista do P.I.P.A. para o século 21
chega para transcender essas binariedades limitantes e caracinzas do século passado.
“Eu me contradigo? Pois muito bem, eu me contradigo, sou amplo, vasto, contenho
multidões.”
Walt Whitman
Na figura do condivíduo-ídolo-símbolo-`patafísico –delirante do P.I.P.A. Timóteo Pinto
exemplificamos perfeitamente o que queremos demostrar, ou não. Ele é isso e aquilo, e
nem isso, nem aquilo. Ele contém em si idéias de um determinado polo, mas também do
outro em sua dança cósmica recombinatória interplanetária.
“Os óculos monocromáticos da linearidade vampirizam-nos a autocrítica” – Romulo
Rodrigues de Carvalho
Pode-se imaginar as idéias e propostas do P.I.P.A. como um mashup de conceitos, em
algum sentido. De parte da esquerda nós sampleamos a defesa das minorias, da
diversidade e os devires e de parte da direita pirateamos a autodeterminação do
indivíduo frente a um estado que tende à burocratização e ao autoritarismo.
Para melhor des(orientação) da natureza de nossa proposta, no campo das influências no
quadro partidário oficial & imaginário (“a imaginação é muito melhor” – Verde, Fada
– 2006) o P.I.P.A. tem apreço pelas propostas do Partido Surrealista Brasileiro.
Internacionalmente o P.I.P.A. tem influências do The Youth International Party
(Estados Unidos) e do The Best Party (Islândia).
Por menos cegueira ideológica e por uma visão de longo alcance multi-colorida de 523
graus, vista os óculos do P.I.P.A.!
“Eu não acredito em nada. A maioria das pessoas, até mesmo as educadas, acham que
todo mundo deve “acreditar” em uma coisa ou outra, que se alguém não é um teísta, é
preciso ser um ateu dogmático, e se não achar que o capitalismo é perfeito, é preciso
acreditar fervorosamente no socialismo, e se a pessoa não tem fé cega em X, deve-se
em alternativa, ter fé cega em não-X, ou o inverso de X. A minha opinião é que a crença
é a morte de inteligência.” – Robert Anton Wilson
Nós
por Sophia Losterh
Criados de suas moedas contatas
Juízes de tribunais de microcausas
Nós, cercados de deuses que não existem.
De promessas de perfeição e totalidade de caráter
De cabeças e pensamentos de vento
De fazer de si um ofício fútil
Nós, camaradas de momentos enfadonhos.
Nós, que olhamos nos espelhos rachados dos outros
Dizemos aos que ajoelham e empalam a própria vontade num espeto
Dizemos aos que querem juntos e no fim, nada realizam sozinhos:
Nós somos o que alimentam os insetos
Nós somos os vilões, incoerentes e obstinados
Nós, que temos na imperfeição a sobriedade
Nós, que persistimos porque é o que nos move
Nós, que seguimos os próprios princípios e critérios
Nós, que queremos a liderança apenas de nós mesmos
Nós: que somos assumidamente vivos
Assumidamente desequilibrados
Assumidamente falhos
Assumidamente combatentes e indomáveis.
Quirk Town
por Nkosi Tamundare
As casas de Quirk Town viviam explodindo com festas de gente esquisita, todos os dias eram
dias de festa. Eu estava andando pela rua.
AS ANDANÇAS PELAS RUAS DE QUIRK TOWN
A cidade mais esquisita, a única da região, já que ao redor não haviam mais casas, povoados,
nem nada organizado, civilizado. Conta uma história pra mim? Conto. Havia uma grande placa
feita de NADA, derivada de NADA Plus, a derivação inversa em que um material mais bruto
vem depois do material refinado, trollando a mente, dando a entender que a brutalidade
dessa cidade é bem refinada. Mas não tem nada a ver não, morrer, viver, festejar, nada muito
excessivamente violento, pois tem hora que isso cansa, ou que pelo menos deveria ser
externalizado e não expresso em histórias ou HQs (rs...)
Quirk Town, povoada com seus habitantes excêntricos, é um prato cheio para aventuras
recheadas. Suas maiores aflições pairam em locais específicos onde apenas os mais entediados
e intrépidos vão, em troca de que? Em troca de nada! Ou muita coisa... A graça é ter o que
contar nos eventos sociais, mesmo com a metade do cérebro faltando.
Agora vamos pairar por alguns destes intrépidos aventureiros, mas iremos focar naqueles que,
geralmente, se aventuram FORA da cidade, ao invés de se intoxicarem com partes nada
saudáveis deste povoado. Bul é um homem jovem, ocasionalmente se diverte e
ocasionalmente se aborrece, ele é loiro, gordo, forte e parece uma pessoa rasa a princípio,
mas em seu interior é cultivado diversos pensamentos inusitados sobre as mais diversas
questões, principalmente aquelas atreladas a suas experiências de vida.
Bul era um cara legal. Ainda é, só que hoje é um pouco menos feliz. Um soco na cara e uma
risada, uma histeria coletiva que é vista todo ano bissexto. Um portal. Gritaria. Enfim, tais
coisas fazem parte da história de Bul.
BUL -> TANK. GORDO E FORTE, PORÉM NÃO É BURRO.
DÊ O FODA-SE, BUL. NADA INTERESSA.
O grupo dos que se foram, voltaram, e a cidade estava em festa, era um festival noturno onde
tudo poderia acontecer, seres feitos da mesma matéria de nossa imaginação estavam
sentados, bebendo conosco e com todos. Nós tiramos uma folga de contadores de histórias
para fazer uma meta-narrativa de nossa própria vida no lugar. Ninguém de fora sabe que
somos contratados para fazer este trabalho, Quirk Town se perpetua através de seu
conhecimento dentre mentes pensantes. Sua existência é notada através dessas narrações que
fazemos, porém recebemos as instruções de permitir pequenas seções de cut-up em nossos
cérebros que acabam aparecendo nas narrações. Então podemos contar para vocês sobre
alguns processos da gênese de Quirk Town enquanto estamos falando, por exemplo, sobre
Bul. Mas na verdade, o que realmente interessa?
Quirk Town poderia ser uma caverna perdida no meio do nada, sendo apenas um depósito de
lixo psíquico, porém seus habitantes antigos pareciam possuir uma espécie de fagulha criativa
que propulsionou um impulso evolutivo e a construção da cidade foi possível. Em tempos
atrás, seu aspecto mais aparente era gloriosamente grandioso, hoje em dia é algo mais lúdico
e criativo, porém a história desse passado perdura e nenhuma dessas características é
relegada a segundo plano, muito pelo contrário, cada aspecto está presente por baixo do viés
lúdico, e só há esta alegria quase exagerada, pois seus habitantes se reconhecem como seres
muito afortunados.
Bul era assim, e ainda é. Ele ocasionalmente realiza visitas aos patriarcas construtores, aqueles
fundadores da cidade que escaparam do destino de serem apenas cascos vazios ou lotados de
frustrações. O local onde ficam os patriarcas, seres gigantes sentados em tronos, estão sempre
muito limpos e lotados de adornos, presentes e coisas douradas e prateadas. Um dia, ele ouvia
a história de alguns dos patriarcas, eles contavam que havia um ser ou deus que parecia
metade mente e metade forma visível, ele parecia confundir a todos e a si mesmo com uma
rarefeita rizoma que as vezes era uma esfera e que as vezes era fumaça; este ser ou deus
adorava escrever coisas em si mesmo, era como se a parte que ele denominava corpo fosse
apenas uma mídia, uma espécie de quadro, onde sua intenção escrevia as palavras e essas
palavras acabavam tomando forma e encontravam a manifestação que podemos ver, que
nossos sentidos podem captar. Foi assim que toda essa região foi criada, através de meros
esforços imaginativos deste ser / deus.
Acontece que haviam coisas que ele pensava, mas descartava e então ele jogava tudo em uma
caverna. As vezes, acabava criando algo que ficava uma merda e ele ficava frustrado, e sendo o
que era, a frustração acabava pesando, fazendo-o mais lento a cada 10 unidades de frustração
por vento². As garras foram criadas só para remover tais frustrações e estas eram jogadas na
caverna. Estas mesmas garras foram jogadas fora quando toda a região foi completa e então
não teria mais possibilidades de se frustrar.
Com o tempo, os conteúdos da caverna foram tomando consciência de si, e notaram que o
peso só estava na percepção do ser / deus e era apenas uma ilusão, que acabou sendo
dissipada pelas garras jogadas fora. Assim, toda uma estrutura foi criada no subterrâneo, que
depois começou a emergir para a superfície, chamando a atenção do ser / deus: ele não criou
nada que possuísse uma consciência muito complexa para que não houvesse nenhum poder
paralelo, mas parece que ele tinha subestimado seu próprio poder criativo, pois até suas
rejeições haviam tomado vida. A partir daí, foi um grande esforço e conflito para permanecer
existindo. E no fim quase cataclísmico, ficamos sabendo que éramos um universo de bolso
criado pela empresa Zambi Inc. e o nosso criador era um deus freelancer que se candidatou
para a vaga. O nosso propósito era apenas servir de local de relaxamento e apreciação da
natureza, mas acabamos nos transformando em um miniverso cheio de possibilidades.
Nós ficamos satisfeitos, a Zambi Inc. também, tanto que ela acabou abençoando ainda mais o deus freelancer, ampliando algumas de suas capacidades criativas, e hoje em dia todos nós somos amigos.