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Tomás Martins E. S. E. V. C. Bacteriologia, parasitologia, virulogia Microbiologia: estudo de seres vivos de dimensão microscópica. Microbiologia : Geral Médica (a mais importante) Veterinária Agrícola (estuda os microorganismos , benéficos e prejudiciais para a fertilização) Sanitária (estuda os microorganismos presentes no processamento e eliminação de lixos e esgotos e na água de abastecimento pública) Industrial (estuda os microorganismos que são utilizados na produção de determinados produtos alimentares, e.x. queijo, vinho, cerveja...) Ambiental ou ecologia microbiana (estuda os microorganismos presentes no meio ambiente: solo, água, ar...) Microbiologia médica: ciência aplicada que engloba a etiologia (causa) das infecções, a patogenia (mecanismo de ataque dos tecidos), o diagnóstico laboratorial, a terapêutica (tratamento da doença), a epidemiologia (estudo da frequência da doença e seus factores condicionantes) e a prevenção da infecção na comunidade. A microbiologia divide-se em várias áreas: B. P. V Docente: Humberto Faria Página 1 de 72

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Bacteriologia

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Tomás Martins E. S. E. V. C.

Bacteriologia, parasitologia, virulogia

Microbiologia: estudo de seres vivos de dimensão microscópica.

Microbiologia : Geral Médica (a mais importante) Veterinária Agrícola (estuda os microorganismos ,

benéficos e prejudiciais para a fertilização)

Sanitária (estuda os microorganismos presentes no processamento e eliminação de lixos e esgotos e na água de abastecimento pública)

Industrial (estuda os microorganismos que são utilizados na produção de determinados produtos alimentares, e.x. queijo, vinho, cerveja...)

Ambiental ou ecologia microbiana (estuda os microorganismos presentes no meio ambiente: solo, água, ar...)

Microbiologia médica: ciência aplicada que engloba a etiologia (causa) das infecções, a patogenia (mecanismo de ataque dos tecidos), o diagnóstico laboratorial, a terapêutica (tratamento da doença), a epidemiologia (estudo da frequência da doença e seus factores condicionantes) e a prevenção da infecção na comunidade.

A microbiologia divide-se em várias áreas: Bacteriologia (estuda a estrutura, a função e a actividade

das bactérias) Virulogia (estuda os vírus) Parasitologia (parasitas, protozoários...) Micologia (fungos)Microorganismo: seres vivos de dimensões microscópicas Patogénicos (=doença) Saprófitas (inofensivos) Comensais (+/- 87%, convivem connosco, fazem parte da

flora normal de qualquer organismo saudável)

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Oportunistas (+/-10%, sub grupo dos comensais, em determinadas circunstancias saem do local onde estão e podem provocar doença transformando-se em patogénicos)

Relação parasita- hospedeiro

Parasitismo: um deles beneficia em detrimento do outro Mutualismo: quando os dois tiram proveito da relação Comensalismo: há um deles que tira benefícios da

relação e o outro não é beneficiado nem prejudicado

Em condições normais, o homem vive em associação com biliões de microorganismos:Bactérias +++++++Fungos ++Protozoários ++Vírus + (não fazem parte da flora natural do organismo)

Localização da flora normal do organismo

Pele Cavidade oral Tracto respiratório Tracto gastro-intestinal Tracto genito-urinário

Zonas estéreis do organismo saudável

Sangue Liquido cefaloraquidiano Órgãos Tecidos internos

Nota: se alguma destas zonas tiverem microorganismos, o organismo está infectado = infecção.

Os verdadeiros microorganismos patogénicos têm capacidade para: Vencer as defesas do organismo Invadir os tecidos Produzir substâncias tóxicas (toxinas)

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Proliferar (poder invasivo/multiplicação)

O tratamento das infecções consegue-se através de: Capacidade de identificar o quadro patológico

(sintomas e sinais)

característica de um determinado agente microbiano

Dificuldades no diagnóstico:

Recurso ao laboratório ---» isolamento e identificação do agente microbiano ---» antibiograma ou TSA

Actividade profissional dos enfermeiros: Primeira linha na batalha contra doenças infecciosas

Razões da importância dos conhecimentos em microbiologia: Fácil integração dos profissionais de enfermagem na

equipa de saúde. Prestação de bons cuidados de saúde aos doentes. Junto de doente, o enfermeiro deve conhecer os

mecanismos das infecções cruzadas, de modo a evitar contágios desnecessários (a si próprio, aos colegas, a outros doentes e á própria família) .

Ao nível das unidades de saúde centros de saúde, hospitais) o enfermeiro deve prestar especial atenção á infecções nosocomiais (infecções hospitalares), causa de elevados índices de morbilidade e mortalidade.

O enfermeiro deve possuir conhecimentos de antibioterapia e quimioterapia que lhe permitam vigiar e acompanhar as prescrições terapêuticas feitas pelo médico.

Ao efectuar colheitas de produtos biológicos (sangue, urina..) para exames laboratoriais, o enfermeiro deve saber quais os perigos/riscos de contaminação ou de adulteração das amostras (tanto no acto da colheita, como no seu transporte ao laboratório).

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O enfermeiro deve conhecer e estar familiarizado com o plano nacional de vacinação, e também com a composição das diversas vacinas, as reacções adversas que podem provocar, a cadeia do frio, etc...

Pelo exposto, conclui-se que a microbiologia é uma das ciências fundamentais na preparação do futuro profissional de enfermagem.

Perspectiva histórica

O nascimento da microbiologia---» microscópico

Antony Van Leeuwenhock (1632-1723)---» construiu os primeiros microscópicos, observou e desenhou “animáculos”

Verificou também, que esses seres, presentes em infusões, com o tempo apareciam em maior quantidade, o que o fez pensar que os mesmos se multiplicariam apartir dos pré- existentes.

Desde a época da Aristóteles até á renascença, surgiram diversas teorias que defendiam a geração espontânea.

Durante séculos---» enorme polémica entre duas correntes: Aqueles que defendiam a teoria da geração espontânea. Os que afirmavam que todos os seres vivos tinham

progenitores.

Francesco Redi, John Needham, Felix Pouchet, entre outros, defendiam a teoria da geração espontânea. Lazzaro Spallanzani, Louis Pasteur, John Tyndall, defendiam que os seres vivos provinham de outros seres vivos pré-existentes.

A suspeita de que os microorganismos seriam agentes etiológicos de doenças e que esses agentes passariam de pessoa, a pessoa, foi lançada por muitos investigadores.

Investigadores como Fracastorius de Verona, Agostino Bassi, Schoenlein, Joseph Lister, conduziam as suas pesquisas no sentido de tentarem provar que os

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microorganismos eram agentes de doenças e que se transmitiam de indivíduos doentes a indivíduos sãos.Lister (cirurgião inglês) deu um grande contributo na introdução de medidas de assépsia em cirurgia, uma vez que as infecções eram a causa de grande mortalidade entre os indivíduos operados e grávidas.

Teorias e descobertas e Pasteur---» inicio da moderna microbiologia---» época de ouro da microbiologia (período durante o qual foram descobertos grande parte dos agentes microbianos que hoje se conhecem).

Robert Koch, descobriu o agente da tuberculose (BK) e o agente do carbúnculo (Bacillus antracis) ---» define os princípios da microbiologia.

Postulados de Koch---» transmissão e isolamento de agentes infecciosos.

Nos finais do século XIX, Elie Metchnikoff, descobriu o papel dos leucócitos na destruição das bactérias; Emil Van Behring e Kitasato descobriu a acção das toxinas e antitoxinas e Dinitri Ivanowski e Beijerinck descobriram os vírus.

No inicio do século XX, Schandinn e Hoffman relacionaram a existência do treeponema palidumm com a sífilis.

Paul Ehrlich descobriu um derivado do arsénio- o salvarson- com acção especifica sobre aquela bactéria.

Outras descobertas, já no século XX marcaram a história da microbiologia, como a da lixozina e a da penicilina por Fleming e a da sullfonnamida (prontosil) por Donagk.

A biologia molecular e a genética surgem como novas áreas de estudo e investigação, tendo por base os microorganismos, após a descoberta da estrutura do DNA por Watson e Crick.

Ernest Ruska e Max Knoll, foram os pioneiros na construção do microscópio electrónico, instrumento que permitiu a descoberta dos diferentes tipos e estrutura celular presente nos seres vivos.

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Oswald Avery, C. Mc Leod e M. Mc. Carty, realizaram trabalhos notáveis ao nível dos processos de transformação bacteriana, que revelaram a possibilidade de passagem de material genético de uma bactéria para outra.

Microbiologia em Portugal

Câmara Pestana---» fundador da bacteriologia

Estagiou em Paris e em 1892, é nomeado director do real instituto bacteriológico de Lisboa.Epidemia de Peste Bubónica (1899, Porto)---»Câmara Pestana e outros investigadores europeus no combate ao flagelo. ---» Câmara Pestana viria a falecer no Porto, vitimado por essa doença (36 anos de idade).

Evolução das doenças infecciosas ao longo do tempo

Conceito de saúde: estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença. (OMS)

Saúde individual: capacidade de cada homem, mulher ou criança, para lutar pelo seu projecto de vida pessoal e original, em direcção ao bem estar.

Saúde pública: (saúde do povo, das comunidades ou de grupos de populações humanas, no meio ambiente em que vivem). A prática de saúde pública é uma profissão que assenta

no conhecimento cientifico de várias disciplinas, nomeadamente: a medicina, biologia, engenharia, sociologia, epidemiologia, demografia, estatística, nutrição... e que através de uma organização de serviços próprios, utiliza esses conhecimentos no sentido da resolução dos problemas de saúde das populações.

É a ciência e a arte de prevenir as doenças, de prolongar a visa e melhorar a saúde e a eficiência mental e física dos indivíduos, por meio de esforços organizados da comunidade tendo em vista o saneamento do meio ambiente, a luta contra as doenças que apresentam

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importância social, o ensino aos indivíduos das regras de higiene pessoas(...)(...)a organização de serviços médicos e de enfermagem com a finalidade do diagnóstico precoce e do tratamento preventivo das doenças, assim como pôr em execução as medidas sociais convenientes para assegurar a cada membro da colectividade, um nível de vida adequado á manutenção da saúde de forma a que cada indivíduo possa usufruir o seu direito á saúde e á longevidade. (Winslow, 1923)

Nesta definição, estão implicadas: Medidas de ordem sanitária Medidas de medicina preventiva Medidas de medicina curativa Medidas de promoção de saúde Medidas de melhoria do nível de vida

Quatro grandes épocas na evolução das doenças infecciosas

1. Dos primeiros tempos históricos até ao renascimento;2. Do renascimento até meados do século XIX;3. Da Segunda metade do século XIX até á Segunda metade

do século XX;4. Período actual (após Segunda grande guerra)

1)Até ao renascimento: Doenças = autenticas calamidades Carácter endémico (malária, lepra, tuberculose)---» há

oscilações ao longo do ano, p.e a gripe é mais frequente em dezembro, janeiro, fevereiro.

Forma epidémica (varíola, peste..)

Invasões intermitentes- dizimavam grandes massas de população.A vida humana tinha duração muito curta (esperança média de vida: 18/20 anos); cheia de sofrimentos e de riscos

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desde o nascimento (fome, lutas, assaltos, migrações, acidentes...); muitas morriam de maneira pouco diferente dos animais selvagens.Na Grécia clássica, iniciou-se uma nova fase da história da medicina, baseada no empirismo, com duas descobertas importantes: As doenças não eram um capricho dos deuses, nem

matéria de magia, mas sim processos da natureza; O corpo humano era dotado de poder natural de cura,

que era preciso auxiliar em vez de contrariar, durante a doença.

2)Do renascimento ao industrialismo e ao movimento sanitário

Novas tendências na maneira de pensar e de viver da parte mais evoluída da humanidade; a Europa, ficou marcada pelo desenvolvimento do comércio, da industria e dos descobrimentos;

Misericórdias fundadas pela rainha D. Leonor em 1512, tiveram um papel decisivo nessa época.

Descoberta da acção dos frutos citrinos na cura e prevenção do escorbuto (J. Lind, 1748); experiências de Jenner (1796) demonstraram a possibilidade de prevenção da varíola, através da vacina.

No entanto, só vieram a Ter verdadeira importância prática, em termos de saúde pública, muitos anos mais tarde.

Este período caracteriza-se por más condições de habitabilidade e de higiene geral (casas sem água, sem luz, mal ventiladas, sem dispositivos de eliminação de esgotos e/ou recolha de lixos); indivíduos mal alimentados, sem assistência médica eficaz, sem educação e trabalhando mais de 14 horas/dia.

3)Do início do movimento sanitário á organização mundial de saúde

Neste período a saúde pública começa a desenvolver-se de forma definitiva.

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O 1º congresso internacional de saúde (Paris, 1851) foi ainda dominado pela discussão acerca da origem miásmica (desconhecida) ou por contágio das doenças. Nessa altura, não havia prova absoluta da origem bacteriana das doenças infecciosas. Cinco influências poderosas, todas resultantes do

progresso técnico e científico, vieram mudar radicalmente, em poucos anos, a compreensão dos problemas de saúde pública:

1. O movimento iniciado por Chadwick em Inglaterra, sobre a importância das condições de higiene e do saneamento do meio ambiente, foi progressivamente estendendo-se a outros países.

2. A descoberta da Era Bacteriana (época de ouro da microbiologia) iniciada por Pasteur, Koch e Lister (1870).

3. A formação dos enfermeiros profissionais que, em combinação com as medidas de assepsia, transformaram o hospital de um simples lugar de refúgio e morte, num centro de tratamento e recuperação da saúde.

4. O registo de dados sobre estatística da população e sobre os inquéritos sociais, relacionando a mortalidade e a morbilidade com as condições económicas e sociais dos indivíduos.

5. A acção dos reformadores sociais que começou a influenciar e esclarecer a opinião pública e a acção dos políticos.

A necessidade de formar técnicos com formação especifica, capazes de compreender, palear e executar estas tarefas, levou á organização de cursos especiaias e mais tarde, á criação de escolas de saúde pública, a 1º das quais (Johns Hopkins school of hygiene) começou a funcionar em 1918, na universidade de Baltimou (EUA).

4)Período actual

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Depois da 2º grande guerra, assistiu-se a uma evolução generalizada da saúde pública, devido á influência de três factores principais:1) A pressão social e política sobre os governos no sentido

do aperfeiçoamento da política de saúde.2) O progresso da medicina.3) A entrada em funcionamento da OMS, criada através da

carta das nações unidas (1945) e posta a funcionar em 1948, como agência oficial de coordenação no campo a saúde internacional, com o fim de ajudar os países membros a organizarem eles próprios os seus serviços de saúde e a luta contra as grandes doenças.

O futuro da saúde pública

O progresso nas ciências sanitárias, médica e social e o aperfeiçoamento das estruturas de aplicação prática dos conhecimentos adquiridos em beneficie da população.

A melhoria progressiva e rápida das condições sociais e económicas, com a eliminação das carências/deficiências elementares dos indivíduos ou grupo de indivíduos.

O reconhecimento generalizado que a protecção da saúde é uma responsabilidade primária das comunidades e dos governos e implica a organização de serviços adequados.

História natural da doença

Evolução ao longo do tempo de uma doença não afectada pelo tratamento.

Cada doença tem a sua história natural própria.

Estado de susceptibilidade

A doença ainda não se desenvolveu, mas os seus alicerces já estão criados pela presença de factores que favorecem a sua ocorrência.Por exemplo: a fadiga e o alcoolismo crónico, aumentam a susceptibilidade á pneumonia; um elevado teor de

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colesterol sérico, aumenta a probabilidade de ocorrência de uma cardiopatia isquénica.

O conjunto de factores cuja presença num indivíduo, está associada a uma maior probabilidade de ocorrência de uma determinada doença, são designados por factores de risco. A identificação desses factores é fundamental na

prevenção das doenças; Os factores de risco podem ser imutáveis ou susceptíveis

de modificação.

Factores de risco imutáveis: Idade; Sexo; Raça; História familiar.

Factores de risco susceptíveis de modificação: Tabaco; Bebidas alcoólicas (em excesso); Excessos alimentares (sal, açúcar, gordura...); Sedentarismo; Stress.

Conceito de epidemiologia: Ciência que estuda a frequência e a distribuição das

doenças nas populações humanas, bem como os factores condicionantes dessas doenças.

Causalidade múltipla na doença: A exigência da presença de mais do que um factor para

que a doença se desenvolva, é designada por causalidade múltipla da doença ou etiologia multifactorial.

Microorganismo---»Homem---»Doença

Conjunto de factores que podem favorecer ou não o aparecimento da doença: Nível de imunidade da população; Condições do meio ambiente; Grau de contacto com o agente;

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Nível dos hábitos higiénicos; Presença de outros microorganismos.

Um agente é considerado uma causa necessária mas não suficiente de doença;

Para que a doença se desenvolva, devem também estar presentes condições favoráveis no hospedeiro e no ambiente;

Os factores que afectam o desenvolvimento da doença, dividem-se em dois grupos:

1)Factores do hospedeiro;2)Factores do ambiente.

1) factores do hospedeiro (intrínsecos):

O estado do hospedeiro num determinado momento é o resultado das interacções que ao longo de toda a sua vida, se estabeleceu entre a sua carga genética e o ambiente.Por exemplo, indivíduos com um grupo sanguíneo do tipo A, têm o risco acrescido de cancro gástrico (Aird, 1953); os do tipo O, têm mais probabilidade de desenvolver uma úlcera duodenal (Clarcke et all, 1955).

2) Factores ambientais (extrínsecos)

Ambiente biológico; Ambiente social; Ambiente físico.

Ambiente biológico:1. Agentes infecciosos;2. Reservatórios de infecção (Homem, animal, solo...);3. Vectores que transmitem doenças (pulgas...);4. Plantas e animais.

Ambiente social:1. Organização sócio-económica e política (determinados

hábitos sociais que podem afectar a saúde);2. Nível geral de receptividade a novas ideias (nível cultural

das pessoas);

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3. Grau de integração dos indivíduos numa sociedade.

Ambiente físico:1. Calor;2. Luz;3. Ar;4. Água;5. Radiações;6. Pressão atmosférica;7. Agentes químicos.

Relações entre os factores do hospedeiro e do ambiente no ecossistema

Modelo ecológico:1. Triângulo epidemiológico

hospedeiro

Agente ambiente

2. Teia de causalidade:Os efeitos não dependem de uma causa isolada, mas sim do resultado de cadeias de causas em que cada um dos elos é el próprio o resultado de “uma complexa genealogia de antecedentes”.

(ver fotocópia)

3. Roda de interacções Homem-ambiente:

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A roda consiste numa área central (o hospedeiro ou Homem), com o seu núcleo genético. Rodeando o hospedeiro, está o ambiente (biológico, social, físico). Os tamanhos relativos dos diferentes componentes da roda, dependem da doença específica em causa.

Componentes do processo infeccioso

Infeccção: situação que se verifica quando um microorganismo patogénico entra em contacto com o hospedeiro.

Quando essa infecção produz sintomas, designa-se por doença infecciosa.

A infecção assintomática tem lugar, quando um indivíduo é hospedeiro de um microorganismo patogénico, sem mostrar qualquer sintoma clínico.

Estado de portador: verifica-se quando um agente infeccioso se mantêm num indivíduo sem causar qualquer sinal de doença, sendo uma fonte potencial de transmissão de doença a outros indivíduos.

Os portadores assintomáticos constituem um problema importante em saúde pública.

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As medidas de controlo dessa infecção estão dificultadas.

Existem quatro tipos de portadores:

1)Portadores com infecção inaparente (assintomáticos): indivíduos que têm uma infecção mas não apresentam qualquer sintoma.

2) Portadores em fase de incubação: indivíduos capazes de transmitir o agente infeccioso mesmo antes de mostrarem qualquer sinal de doença.

3)Portadores convalescentes: indivíduos que mantêm a sua infecciosidade mesmo depois da fase aguda da infecção.

4)Portadores crónicos: indivíduos que mantêm, continuam a albergar o agente muito tempo depois das fases aguda e de convalescência da infecção.

Reservatórios: organismos vivos ou matéria inerte (p.e. solo), nos quais os agentes infecciosos vivem e se multiplicam.Exemplo: o Homem, animais, ambiente...

A transmissão de um agente infeccioso de um reservatório para um hospedeiro, pode ocorrer por vários processos:

Transmissão directa: passagem imediata do agente infeccioso, do reservatório para o hospedeiro por contacto directo.

Exemplo: mononucleose infecciosa; doenças sexualmente transmissíveis; varíola...

Transmissão indirecta: o agente infeccioso é transportado do reservatório até ao hospedeiro, por intermédio de vectores animais (moscas ou mosquitos), partículas em suspensão no ar ou veículos inanimados.

Exemplo: malária, infecções respiratórias, infecções alimentares.

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Período de incubação: intervalo de tempo entre o primeiro contacto com o agente infeccioso e o aparecimento dos primeiros sintomas da doença. É muito variável e depende da infecção em causa. Pode ir desde algumas horas ou poucos dias (gripe, meningite meningocócia), até alguns anos (VIH).

Tempo de geração: intervalo de tempo entre a infecção do hospedeiro e o momento em que este atinge a máxima comunicabilidade (infecciosidade).

Imunidade de grupo: resistência de um grupo ou comunidade á invasão e disseminação de um agente infeccioso, baseado na imunidade de uma elevada porção dos membros individuais dessa comunidade.Exemplo: sarampo.

Taxa de ataque secundária: numero de casos de doença que se desenvolvem durante um determinado período de tempo, entre os membros de um grupo fechado que estejam em risco.

A disseminação de uma doença num determinado grupo (creche, jardim de infância, escola, casa...), é medida pela taxa de ataque secundária.

Resistência natural: capacidade de um indivíduo conseguir evitar que um agente patogénico, com o qual entra em contacto, nele produza doença.

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Imunidade adquirida: conjunto de defesas que se desenvolvem com o tempo, numa resposta do hospedeiro ao microorganismo.

Actualmente, assiste-se cada vez mais ao aparecimento de condições que colocam o hospedeiro numa situação de maior susceptibilidade, em que as suas defesas se tornam deficientes ou mesmo inexistentes, conduzindo a uma situação designada por imunodeficiência.Exemplo: HIV

Propriedades intrínsecas dos agentes infecciosos

Morfologia Tamanho Características Químicas Composição antigénica Exigências de crescimento Capacidade de sobrevivência fora do hospedeiro Viabilidade sob diferentes condições de temperatura e

humidade Capacidade de produzir toxinas Capacidade de resistir aos antibióticos e ao outras

substâncias químicas

Interacções hospedeiro-agente patogénico

Infecciosidade: capacidade de um agente para invadir e multiplicar-se no hospedeiro (provocar infecção).

Patogenicidade: a capacidade de um agente para produzir doença clinicamente aparente.

Virulência: a proporção de casos clínicos que apresentam manifestações clinicas graves incluindo sequelas.

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Imunogenicidade: a capacidade de uma infecção para produzir uma imunidade específica (para toda a vida).

Exemplo: o agente do sarampo produz imunidade para toda a vida, enquanto que o gonococos não possuem essa capacidade.

As condições ambientais, a dose infecciosa e a via de infecção, podem modificar as propriedades dos agentes infecciosos.

Factores do hospedeiro Idade Raça Estado de nutrição

Podem alterar a capacidade de um agente para infectar, para produzir doença ligeira ou grave e para imunizar o hospedeiro.

A dose infecciosa necessária para um organismo causar doença varia muito entre as bactérias patogénicas.A dose infecciosa de uma bactéria depende dos factores de virulência da bactéria:1) Se os pilli permitem ou não uma boa aderência ás

membranas mucosas;2) Se as bactérias produzem exotoxinas ou endotoxinas;3) Se possuem cápsula para protecção contra a fagocitose;4) Se sobrevivem ás defesas não especificas do hospedeiro

(acidez do estômago).

Tipos de infecções bacterianas

As bactérias podem causar doença por dois mecanismos principais:1) Produção de toxinas;2) Invasão e inflamação dos tecidos

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Toxinas: Exotoxinas: são polipéptideos segregados pelas

bactérias (gram positivo e gram negativo) e são substâncias muito tóxicas.

Endotoxinas: estão presentes apenas nas bactérias gram negativo e são um componente da parede celular. São lipopolissacarídeos, muito menos tóxicos.

(ver quadro)

Mecanismos patogénicos

1)Invasão directa dos tecidos:Grande numero de agentes patogénicos provoca doenças por invasão directa dos tecidos.Exemplo: doenças parasitárias; meningite bacteriana; infecções do trato urinário; faringites/amigdalite; otites.

2)Produção de toxinas:Algumas doenças resultam fundamentalmente da produção de toxinas.Exemplo: tétano; difteria.

3)Estimulo imunológico:Muitas doenças têm um componente imunológico significativo no processo patogénico.Exemplo: tuberculose; glomérulonefrite estreptocócica.

4)Infecção latente ou persistente:Infecções bacterianas persistentes ou crónicas e infecções virais latentes são um mecanismo patogénico importante na produção de várias doenças.Exemplo: infecções da laringe; infecções da vesícula; infecções virais.

5)Sensibilização do hospedeiro a drogas que normalmente têm toxicidade mínima:

Um agente infeccioso pode causar doença grave, por um mecanismo de sensibilização do hospedeiro a drogas que noutras condições seriam relativamente não tóxicas.Exemplo: síndroma de Reye (doenças com infecções viricas – varíola ou gripe- tratado com ácido acetil salicilico.

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6)Imunodepressão:Algumas doenças estão relacionadas com um mecanismo de alteração ou supressão da imunidade celular .Exemplo: sida (infecções oportunistas causadas por pneumocystis corinii, mycoplasmas...)

Nutrição e crescimento de microorganismo

1) Nutrição e exigências nutricionais;2) Crescimento microbiano

Meios de cultura Contagem da população microbiana Curva de crescimento microbiano

3) factores que influenciam o crescimento microbiano

1) Nutrição e exigências nutricionais:O crescimento de qualquer ser vivo é um processo dinâmico que requer energia e nutrientes para a síntese dos componentes celulares e manutenção da célula. Os microorganismos são os seres vivos mais diversificados nas suas exigências nutricionais.Alguns podem crescer exigindo apenas substâncias inorgânicas, enquanto outros exigem a presença de compostos orgânicos complexos.A água representa cerca de 80 a 90% do peso total das células.Composição química das células microbianas: Macronutrientes: nutrientes exigidos em quantidades

relativamente elevadas o que desempenham papeis fundamentais na estrutura e metabolismo da célula.Exemplo: carbono, oxigénio, hidrogénio, azoto, enxofre, fósforo, magnésio...

Micronutrientes: nutrientes exigidos em menores quantidades mas, funcionalmente muito importantes, isto é, são elementos essenciais para a actividade de certas enzimas.Exemplo: manganês, cobalto, cobre e zinco.

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O carbono e água são os elementos necessários ao crescimento microbiano mais importantes.

Todos os organismos necessitam de carbono, embora os microorganismos sejam muito diversificados quanto ao tipo e numero de compostos orgânicos que podem utilizar.

Microorganismo heterotrófico: são aqueles que usam carbono orgânico como principal fonte de carbono.

Microorganismos autotróficos: são aqueles que usam CO2, como principal ou exclusiva fonte de carbono.

Microorganismos autotróficos facultativos: usam CO2 ou carbono orgânico.

Fonte de energia: Fototróficos (luz) Quimiotróficos (reacções químicas)

Fonte de carbono: Heterotróficos (carbono orgânico) Autotróficos (CO2)

Quimioheterotróficos (os mais importantes em termos médico)Exemplo: a maioria das bactérias, fungos, protozoários.

2) Crescimento microbiano

Meios de cultura: o conhecimento dos mecanismos e exigências da nutrição microbiana permite cultivar microorganismos em laboratório, usando substratos alimentares adequados (meios de cultura). Neles, é possível multiplicar, isolar e identificar microorganismos, através de técnicas apropriadas.

Os meios de cultura, depois de inoculados, devem ser incubados a temperaturas adequadas.Temperatura (máxima, mínima, óptima):

Microorganismos psicrófilos (baixa temperatura)

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Microoraganismos termófilos (alta temperatura)

Microorganismos mesófilos (média temperatura)

Classificação dos meios de cultura

Estado físico: meios sólidos (ágar), líquidos e meios semi sólidos.

Composição química: meios quimicamente definidos e meios quimicamente complexos.

Objectivos funcionais: meios simples, selectivos (seleccionar do meio para se desenvolver aquilo que queremos), diferenciais e enriquecidos (acaba por ser um meio selectivo).

Embora o crescimento dos microorganismos possa ser considerado a nível individual, de um modo geral, devido ao seu pequeno tamanha, os microbiologistas estudam populações microbianas (culturas).

Cultura pura ou axénica: cultura com apenas um tipo de microorganismos.Cultura mista: quando existe mais do que um tipo de microorganismos.

Avaliação quantitativa do crescimento microbiano: para seguir a evolução do crescimento de uma população microbiana, é necessário fazer avaliações quantitativas. Os parâmetros normalmente utilizados são: A massa celular ou o número de células.

Métodos de determinação do número de células:1) Câmaras de contagem2) Contadores electrónicos

Curva de crescimento microbiano:1) fase de latência 2) fase exponencial3) fase estacionária4) morte das bactérias

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Factores que influenciam o crescimento microbiano

1) temperatura2) pH3) oxigénio4) concentração de nutrientes5) pressão osmótica6) actividade da água

Controlo do crescimento dos microorganismos

esterilização anti-sepsia desinfecção

Os processos de esterilização e desinfecção permitem o controlo do desenvolvimento dos microorganismos.

São métodos essenciais na prevenção e tratamento de infecções, na prevenção de contaminação de culturas microbianas puras e na indústria farmacêutica e alimentar.

Esterilização: completa destruição ou remoção de todas as formas de vida, quer patogénicas, quer não patogénicas, incluindo a destruição de esporos.

Desinfecção: remoção de parte dos microorganismos patogénicos, de um determinado objecto ou de uma superfície inerte (sem vida).

Controlo do crescimento microbiano

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O “controlo de crescimento” significa prevenir o crescimento de microorganismos. Pode ser feito: Destruir os microorganismos (bactericidas) Inibir o seu crescimento (bacteriostáticos)

Os agentes utilizados para destruir ou impedir o crescimento de microorganismos, designam-se por agentes antimicrobianos e podem ser: Físicos Químicos

Agentes físicos: Calor (calor húmido- mais rápido e mais eficaz- e calor

seco) Filtração Radiações (ionizantes - raios X e Y; radioterapia - e não

ionizantes - ultravioleta)

A utilização de elevadas temperaturas é dos métodos mais eficazes na destruição de microorganismos.

O calor húmido pode ser obtido em autoclaves, aparelhos especiais de esterilização, cujo funcionamento é idêntico ao de uma panela de pressão.

Normalmente, para um processo de esterilização em autoclave, usam-se temperaturas de 121º C durante 15 a 20 minutos.

Ponto térmico letal- temperatura mínima necessária para a destruição total de microorganismos, incluindo esporos.

Tempo térmico letal- tempo mínimo necessário para a destruição completa dos microorganismos incluindo esporos, com uma determinada temperatura.

Agentes químicos: Anti-sépticos (utilizado em tecidos vivos) Desinfectantes

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Germicidas Esterilizantes Sanitarizantes

Fenol e compostos fenólicos, álcoois, peróxido de hidrogénio, halogéneos (betadine), sais metálicos, compostos mercuriais e detergentes catiónicos, são as substâncias químicas com maior utilização na desinfecção de equipamento médico e na anti-sepsia.

Classificação dos microorganismos Estrutura da célula bacteriana Flora normal do organismo

Seres vivos: objecto de várias classificações ao longo do tempo.

Linnaeus (Lineu) – 1735 : reinos---» Animalia Plantae

Com as descobertas dos microscópios Haeckel (1866) propôs a criação de mais um reino:Reino protista---» bactérias (sobretudo); fungos; protozoários; algas.

Com os avanços tecnológicos (microscópio electrónico), Robert Whittaker (1969):Reinos---» animalia, plantae, fungi, monera.

Descobertas dos Virús (parasitas intracelulares obrigatórios).

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Classificação das bactérias (forma e tamanho)

Bactérias:

Cocos Bacilos Espiroquetas

(ver escala)

Classificação taxonómica actual das bactérias

Bactérias gram positivas (violetas) Bactérias gram negativas (vermelho)

(ver quadro, bactérias das bactérias clinicamente importantes- não é importante)

Estrutura da célula eucariótica

Mais complexa Células que existem em tudo que não é bactéria

Robert Hook (+/- 1680): Menbrana celular Citoplasma (com organelos, e cada um deles tem

função especifica) Núcleo verdadeiro

Parede celular- nas células vegetais (celulose)Cloroplastos- nas células vegetaisVacuolos grandes- na vegetal, vacuolos pequenos nas animais

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Centriolos- apenas na animal

Estrutura da célula procariótica

Sem núcleo verdadeiro (não há núcleo a individualizar o património genético)

Com uma cápsula (quanto mais espessa, mais defesa---» evita a fagocitose)

Citoplasma com menos organelos (ribossomas, material genético, mesossomas- substitui as mitocondrias, produz energia que a bactéria precisa)

Com flagelos (dão movimento)

Gram positivo---» parede celular mais espessa do que as gram negativo.

Comparação entre a célula eucariótica e procariótica

(ver quadro)

Parede celular bacteriana: Composição química:

Peptidoglicano- mais nas gram positiva (mucopeptideo ou mureína)

NAG- N. ACETIL- GLICOSAMINANAM- N. ACETIL- MURÁNICO

NAG-----NAM-----NAG----NAM (confere rigidez e estrutura)----- ligações peptideas

Funções Protecção e rigidez

Membrana citoplasmática Composição química:Camada fosfolipida (dupla), macromoléculas de proteinas

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Função: Transporte activo de moléculas para o interior da

célula Produção de energia por fosforilação oxidativa Sintese de precursores (sinteses da parede

celular) Secreção de enzimas e de toxinas

Outras estruturas: Cápsula Flagelos (locomoção) Pili ou fimbrias (fixação) Esporos ou endosporos

Bactéria monotriquia – um flagelo numa extremidade

Bactéria anfitriquia – dois flagelos, um em cada extremidade

Bactéria lototriquia – vários flagelos numa das extremidades ou em ambas as extremidades.

Bactéria peritriquia – vários flagelos em toda a volta da bactéria

Esporulação: Só as bactérias do género Bacillus e Clostridium

podem produzir esporos

Esporulação reprodução

Esporulação- libertação de um esporo para a bactéria se defender das condições desfavoráveis do meio.

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Reprodução- há uma divisão do material genético, forma-se um septo, revestimento do esporo, libertação do esporo- divisão binária

(ver quadro - estrutura/composição química/função)

Comparação entre organismos de importância médica (ver fotocópias)

Características gerais dos diversos grupos biológicos

BACTÉRIAS Organismos unicelulares, com grande diversidade em relação ao tamanho, à forma e ao tipo de agrupamento celular, com parede celular rígida, sem organitos citoplasmáticos (à excepção de ribossomas) e com núcleo sem membrana envolvente. Exemplos: - Staphylococcus aureus

- Streptococcus pneumoniae - Neisseria meningitidis - Escherichia coli - Treponema pallidum (etc).

PROTOZOÁRIOS Microrganismos eucarióticos, unicelulares, não fotossintéticos, sendo os maiores do reino protista. Ingerem algas inteiras, leveduras, bactérias e outros protozoários menores como fonte de nutrientes. Exemplos: - Plasmodium falciparum

- Entamoeba histolytica - Giardia lamblia - Toxoplasma gondii (etc)

FUNGOS Microrganismos eucarióticos, não fotossintéticos, que incluem os bolores e as leveduras. Possuem parede celular rígida (quitina). Muitos fungos são

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unicelulares; outros crescem em filamentos ramificados (hifas). Exemplos: - Candida albicans

- Trichophyton tonsurans - Microsporum canis (etc)

Vírus Os vírus não são células, isto é, não são capazes de reproduzir-se independentemente (parsitas intracelulares obrigatórios); não possuem núcleo e não têm organitos celulares. São menores que as células (invisíveis à microscopia óptica). Exemplos: - VIH

- Herpes vírus - Vírus varicela-zoster - Vírus de epstein-barr (etc)

FLORA NORMAL DO ORGANISMO

Residentes Permanentes (bactérias, fungos e protozoários)1-Pele2-Orofaringe3-Cólon4-Vagina(ver fotocópias-localização e organismos importantes)

O cólon é o principal ponto de localização de bactérias no corpo. Principais bactérias do cólon:

- Bacteroides (B. Fragilis)- Coliformes- Streptococcus (S. Faecalis)- Clostridium ( C. Perfrigens)

IMUNOLOGIA

A principal função do sistema imunológico é prevenir ou limitar infecções causadas por microorganismos. A protecção é principalmente mediada por células e por anticorpos.

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Outros componentes importantes do sistema imunológico são: o sistema do complemento e os fagócitos.

As principais funções dos anticorpos:- neutralização de toxinas e vírus;- opsonização de bactérias.

A imunidade mediada por células inibe bactérias e fungos intracelulares e mata células infectadas por vírus e células tumorais.(ver fotocópias- esquema da I. celular e I. humoral)

As respostas mediadas quer por células quer por anticorpos, apresentam 3 características importantes:

- diversidade;- longa memória;- especificidade.

Especificidade da resposta himune (defesa do hospedeiro):

Reconhecimento do organismo estranho, através de células específicas do sistema imunológico;

Activação das células do sistema imunológico à produção de uma resposta específica (anticorpos);

Resposta que identifica o organismo para a destruição.

Imunidade Natural (inata) É a resistência não-adequirida por um contacto com um antigénio. É inespecífica e inclui as defesas do hospedeiro: as barreiras aos agentes infecciosos (pele e membranas mucosas), certas proteínas (proteínas da cascata do sistema do complemento), a fagocitose, a febre e a inflamação.

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Imunidade (resistência) – Natural (inata)

-Adquirida (adaptativa):- activa:

natural (doença)

Artificial (vacinas)

- Passiva

Imunidade adquirida (adaptativa) Conjunto de defesas que se desenvolvem com o tempo, numa resposta do hospedeiro ao microorganismo. É específica e é mediada por anticorpos e por linfócitos T. pode ser activa ou passiva.

Imunidade activa Resistência induzida após o contacto com antigénios estranhos (p. ex.:microorganismos). Este contacto pode ser através de uma infeccção clínica, imunização com agentes infecciosos atenuados ou inactivos, ou exposição a produtos microbianos (toxóides). Vantagem: Resistência a longo prazo. Desvantagem: Início lento de acção.

Imunidade passiva Resistência com base em anticorpos pré-formados em outros organismos (gamaglobulinas). Vantagem: Disponibilidade imediata de grandes quantidades de anticorpos. Desvantagem: Curta duração do tempo de vida útil desses anticorpos, hipersensibilidade.

Himunidade activa-passiva Implica a administração de anticorpos pré-formados conferindo protecção imediata e simultaneamente uma vacina capaz de fornecer protecção a longo prazo.

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Essas preparações devem ser administradas em locais diferentes do corpo, para evitar que os anticorpos neutralizem os imunogénicos da vacina.

Antigénios – moléculas que reagem com anticorpos.

Imunogénios – moléculas que induzem uma resposta imune.

Na prática antigénios = imunogénios.Excepção: Haptenos- moléculas que não são imunogénicas por si só, mas podem reagir com anticorpos específicos (p. ex.: penicilinas).

Pele intacta 1ª linha de defesa (inespecífica) membranas mucosas

fagocitos Resistência 2ª linha de defesa febre(imunidade) (inespecífica) inflamação complemento

linfóctos B 3ª linha de defesa

(específica) linfócitos T

Idade / Resposta Imune

A imunidade é mais fraca no início e no fim da vida, isto é, no período de recém-nascido e na 3.ª idade.

No período de recém-nascido, parece haver uma ausência de funções das células T.

Os anticorpos são adquiridos através da transferência de IgG materna (placenta); a partir dos 6 meses de idade, as IgG maternas desaparecem. colostro também contêm anticorpos, sobretudo

IgA secretória.

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Bases Celulares da Resposta Imune

- A capacidade de responder a um estímulo imunológico pertence às c´lulas linfóides. Durante o desenvolvimento embrinário, as células sanguíneas precursoras originam-se no fígado fetal. Após o nascimento, as células precursoras estão localizadas na medula óssea.

- As células linfóides dão origem a 2 importantes populações de linfócitos: as células T e as células B. A proporção de células T e B é 3:1.

- Células T desempenham várias funções que podem ser agrupadas em 2 categorias: reguladora e efectora. As funções reguladoras são desempenhadas por células T auxiliares (CD4 positivas) e as funções efectoras, pelas células T citotóxicas (CD8 positivas).

- Os linfócitos CD4 positivos desempenham as seguintes funções auxiliares: 1 - Auxiliam as células B a diferenciarem-se em células plasmáticas produtoras de anticorpos; 2 - Auxiliam as células CD8 positivas a tornarem-se células T citotóxicas activadas; 3 - Auxiliam os macrófagos no desenvolvimento da hipersensibilidade tardia.(ver fotocópias esquema da origem das células T e B)

- Os linfócitos CD8 positivos executam funções citotóxicas, isto é, eliminam células infectadas por vírus, células tumorais e enxertos.A semi-vida dos linfócitos T é bastante longa (meses a anos).

- Células B desempenham 2 funções importantes: 1-diferenciam-se em células plasmáticas produtoras de anticorpos; 2-são células apresentadoras de antigénios.

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As células B representam cerca de 30% de pool de pequenos linfócitos circulantes. Têm curta duração (dias ou poucas semanas).

- Macrófagos exercem 3 funções principais: 1-fagocitose; 2-apresentação de antigénio (o material estranho é ingerido e degradado e os fragmentos de antigénio são apresentados à superfície do macrófago; 3-produção de interleucinas (IL-I TNF- factor de necrose tumoral).

Anticorpos

- São proteínas globulínicas (imunoglobulinas) que reagem especificamente com o antigénio que estimula a sua produção.- Constituem cerce de 20% do total das proteínas plasmáticas.- O sangue contém 3 tipos de globulinas ( alfa, beta e gama).

Os anticorpos são gamaglobulinas. Existem 5 classes de anticorpos: IGM, IgM, IgA, IgE, IgD

Anticorpos policlonais vs anticorpos monoclonais

Estrutura das imunoglobulinas: são glicoproteínas constituídas por cadeias polipepdicas leve (L) e pesada (H). As cadeias L e H são subdivididas em regiões variáveis e regiões constantes. As regiões variáveis são responsáveis pela ligação aos anticorpos.

Estrutura da IgG – ver fotocópias

As regiões constantes são responsáveis por várias funções biológicas (activação de complemento, ligação a receptores da superfície celular).

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As regiões variáveis de ambas as cadeias (leve e pesada), possuem 3 sequências de aa extremamente variáveis.

Ver fotocópias.

As cadeias alfa são de 2 tipos: K (capa) ou (lambda), conforme a sequência de aa da região constante. Os 2 tipos estão presentes em todas as classes de imunoglobulinas.

As cadeias H são distintas para cada uma das 5 classes de imunoglobulinas e têm os seguintes símbolos: Y, , , e .

Ver fotocópias.

Classe das imunoglobulinas

IgGCada cadeia consiste em 2 cadeias L e 2 cadeias H, ligadas por pontes dissulfídricas. É o corpo predominante na resposta secundária e constitui uma importante defesa contra bactérias e vírus. É o único anticorpo que atravessa a placenta. É a imunoglobulina mais abundante nos R.N..

IgAÉ a principal imunoglobulina das secreções ( colostro, saliva, lágrimas, secreções dos aparelhos respiratório, intestinal e genital). Evita a ligação de bactérias e vírus às membranas mucosas. Não fixa o complemento.

IgMÉ a principal imunoglobulina produzida no início da resposta primária. É o receptor antigénio na superfície das células B. Fixa o complemento, não atravessa a placenta.

IgEÉ clinicamente importante por 2 razões:

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1.ª- responsável pela reacção de hipersensibilidade imediata (Anafilaxia), desencadeando uma resposta alérgica;2.ª- é a principal defesa do organismo contra a infecção por parasitas (vermes).Não fixa o complemento. Indivíduos com reacções alérgicas têm níveis aumentados de IgE.

IgDÉ encontrada na superfície de muitos linfócitos B e em pequenas quantidades no soro. As suas funções são desconhecidas.

Ver quadros fotocópias.IMUNIDADE HUMORAL

A imunidade humoral é dirigida primariamente contra:

1- doenças induzidas por toxinas;2- infecções em que a virulência está relacionada

com a presença de polissacarídeos capsulares;3- algumas infecções víricas.

Resposta Primária (1ª. Exposição ao antigénio)

- Quando há um primeiro contacto com o antigénio, os anticorpos específicos são detectados no soro depois de um período de latência variável (7 a 10 dias) que depende da natureza, da dose de antigánio e da via de administração.- Forma-se um pequeno clone de células B e células plasmáticas específicas para este antigénio.- O 1.º anticorpo a ser formado: IgM, seguido de IgG e IgA.- Os níveis de IgM diminuem antes dos níveis de IgG.

Resposta Secundária (2ª. Exposição ao antigénio)

- Quando ocorre uma 2.ª exposição ao mesmo antigénio meses ou anos após o 1.º contacto, há uma resposta de anticorpos muito rápida (3 a 4 dias) e

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com níveis muito mais elevados do que na resposta primária.- Este facto deve-se à persistência de células de memória, específicas ao antigénio após o 1.º contacto (clones de células B e células plasmáticas).- Maiores quantidades de IgG são produzidas e os níveis tendem a manter-se elevados por períodos mais longos que na resposta primária.- A quantidade de IgM produzida é semelhante àquela após o 1.º contacto com o antigénio.

Resposta a múltiplos antigénios administrados simultaneamente:

Quando 2 ou mais antigénios são administrados ao mesmo tempo o organismo reage produzindo anticorpos contra todos esses antigénios (por exemplo a imunização combinada- DTP ou VASPS/MMR).

Anticorpos do feto

- IgM é o anticorpo produzido em maiores quantidades pelo feto.- São também produzidos IgG e IgA fetais (pequenas quantidades).- O feto tem maiores quantidades de IgG e IgM.

Imunidade Mediada por Células

A imunidade celular é dirigida fudamentalmente contra:- Infecções bacterianas causadas por organismos intracelulares (Mycrobacterium tuberculosis) e certas infecções virais;- Infecções causadas por fungos e parasitas;- Protege contra tumores e rejeição de órgãos transplantados.

Os constituintes do sistema imunológico responsáveis pela imunidade mediada por células são:

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MacrófagosCélulas T auxiliaresCélulas T citotóxicasCélulas NR ???? (Kiler Cells)

Testes para avaliar a imunidade celular:

Teste in vivo para competência das células linfóides (testes cutâneos para a presença de hipersensibilidade do tipo tardia);Testes in vitro para competências para competências de células linfóides (laboratório).

Complemento

- O sistema de complemento consiste em cerca de 20 proteínas presentes no soro.- O termo “complemento” refere-se à capacidade dessas proteínas.- O complemento é sensível ao calor (inactivado pelo aquecimento do soro a 56ºC durante 30 min.).- As proteínas do complemento são sintetizadas principalmente pelo fígado.

Principais efeitos biológicos do complemento:1-Lise de células (C5b, 6,7,8).2-Produção de mediadores que participam na inflamação (C3a, C5a).3-Opsonização (C3b).

Hipersensibilidade (alergia)

Verifica-se quando uma resposta imune origina uma reacção exagerada ou imprópria que provoca lesão no hospedeiro.

Principais tipos de reacções de hipersensibilidade: - Tipo I – IgE (anafilata) - Tipo II- IgG e IgM (citotóxica) – hipersensibilidade imediata ( 24 horas)

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Ex: transfusão de sangue - Tipo III- IgG (complexo imune) - Tipo IV- (células)- hipersensibilidade tardia (24horas)Ex: teste de tuberculina

Ver fotocópias (importante para exame)

Vacinas

Conceito de vacina

Vacina significa introduzir um antigénio num organismo de forma a provocar da parte deste, uma resposta imunológica comparável à que se segue quando o indivíduo contacta com o agente patogénico.

Objectivos da Vacinação

- Proteger o indivíduo contra a doença e suas complicações;- Proteger a comunidade contra a transmissão da doença através de indivíduos infectados;- Reduzir o n.º de indivíduos susceptíveis para que a imunidade de grupo os possa proteger;- Controlo/enradicação da doença.

Tipos de Antigénios mais Frequentes na Vacinação

Microorganismos vivos atenuadosMicroorganismos mortosToxóides (toxinas bacterianas inactivadas)Polissacarídeos bacterianos

1 - Microorganismos vivos atenuadosSão microorganismos vivos, agentes de doença em causa, que sofreram um processo de atenuação que lhes retira poder patogénico, mantendo-se o poder imunogénico.Exemplos: vacinas contra a tuberculose, poliomielite, sarampo, rubéola, febre amarela, etc.

2 - Microorganismos mortos

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Têm um poder imunogénico inferior e menor duração de acção, em relação aos antigénios de microrganismos vivos; necessitam de reforços mais frequentes.Exemplos: vacina contra a tosse convulsa, febre tifóide, cólera, etc.

3 - ToxóidesSão antigénios resultantes de substâncias produzidas a partir de microorganismos mortos e que têm a capacidade de estimular a formação de antitoxinas.Exemplos: vacinas contra o tétano e a difteria.

4 - Polissacarídeos bacterianosEstes produtos vacinais permitem a formação de anticorpos contra os diversos tipos de polissacarídeos capsulares dos microorganismos contidos nas vacinas.Exemplos: vacinas contra meningococo, pneumococo, etc.

Qualidades Exigidas de uma Vacina

- Ser inócua e não originar reacções secundárias significativas; - Ter poder antigénico suficiente: Tipo de antigénio Modo de preparação Conservação; - Conferir imunidade duradoura.

Conservação das Vacinas mais Utilizadas BCG- entre 0ºC e 8ºC Tretraet- HIB, DTP, Dt Et- entre 3ºC e 5ºC VASPR, VAS, VAR e VAP- entre 2ºc e 8ºCNota: as vacinas não devem ser congeladas.

Actos Vacinais – Cuidados Gerais

Esclarecer os pais sobre o acto a realizar Verificar se a vacina é realmente a que se pretende Verificar o prazo de validade, o aspecto do produto e

as condições da cadeia do frio Verificar se as contra-indicações à vacinação Utilizar agulhas e seringas descartáveis

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Administrar a vacina com a técnica adequada Registar correctamente o acto vacinal nos locais

indicados (boletim individual de saúde e ficha de vacinação)

Esclarecer os pais sobre dúvidas que possam ter e sobre eventuais reacções esperadas à vacina, como actuar nesses casos e relembrar a data do próximo acto vacinal

Vacinas – Falsas Contra-indicações

Doenças benignas (infecções respiratórias superiores ou diarreias com temperatura inferior a 38,5ºC)

Alergias, asma, rinite alérgica Tratamento com antibióticos, mesmo no decurso da

terapêutica Dermatoses, eczemas ou infecções cutâneas

localizadas Doenças crónicas cardíacas, pulmonares, renais e

hepáticas Doenças neurológicas não evolutivas (paralisia

cerebral, síndroma de Bawn) História de ictericia neonatal Prematuridade e/ou baisxo peso à nascença Malnutrição Aleitamento materno História anterior de sarampo, parotidite ou rubéola Convalescencia de doenças Exposição recente a uma doença infecciosa

Precauções e Contra-indicações

* As contra-indicações às vacinas são raras. * A decisão de não vacinar deve ser sempre cuidadosamente ponderada e partilhada com o médico assistente. * De um modo geral as vacinas (BCG, VAP, VASPR) não devem ser administradas a: Síndroma de imunodefeiciência congénita Situações de imunodepressão grave Situações de transplantes de órgãos

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Grávidas.

Vacinas – Intervalos entre as Doses

A maior parte das vacinas requer administração de várias doses para se obter uma resposta imunológica adequada.Sempre que se verifiquem intervalos superiores ao estabelecido no calendário vacinal (vacinas em atraso), consideram-se válidas as doses já administradas nestes casos, será apenas necessário completar o esquemas recomendado, independentemente do tempo decorrido desde a administração da última dose.

Intervalos entre Administração de Vacinas de Antigénios Diferentes

* As vacinas inactivadas (microorganismos mortos) não interferem com a resposta imunitária de outras vacinas. Por isso, podem ser administradas quer simultaneamente, quer antes ou depois de outra vacina (viva ou inactivada). * A administração de 2 ou mais vacinas vivas, devem ser feitas no mesmo dia (locais diferentes), ou respeitando um intervalo mínimo de 4 semanas. * As vacinas vivas (VAS e VASPR) podem interferir com a resposta à prova tuberculinica; por isso, deve respeitar o intervalo mínimo de 4 semanas, ou então serem feitas no mesmo dia.

Acto Vacinal – Técnica Vacinal

* A técnica vacinal inclui a via, o local e o modo de administração. * A utilização de uma via errada, pode originar reacções locais ou sistémicas indesejáveis, além de comprometer a eficácia da vacina. * As vacinas ejectáveis devem ser administradas em locais onde haja menor probabilidade de lesão nos tecidos, nervos e vasos sanguíneos.

Injecção Subcutânea - devem ser administradas na coxa (lactentes e crianças pequenas), ou na região deltoide (crianças mais velhas e adultos).

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Injecção Intradérmica - devem ser administradas na face anterior ou latero-externa do terço médio do antebraço; o aspecto de “casca de laranja” no local de administração é indicativa de boa técnica.

Injecção Intramuscular - o local preferido é a face antero-lateral da parte superior da coxa (lactentes e crianças pequenas) e o músculo deltoide (crianças mais velhas e adultos).

Nota 1: não se devem injectar vacinas na nádega como rotina, pelo risco de lesão do nervo ciático.Nota 2: após a inserção da agulha, puxar o êmbolo para trás. Sempre que surja sangue, deve retirar-se a agulha. Escolher outro local de inoculação. Se várias vacinas forem administradas simultaneamente e não fizerem parte do mesmo produto, deverão ser escolhidos locais diferentes (ex.: DTP+VASPR+VHB).

Recomendações

Para que todas as vacinas mantenham a máxima eficácia: 1 - Respeitar o prazo de validade 2 - Proteger todas as vacinas de calor e da luz do sol, com especial atenção para as vacinas vivas 3 - Congelar as vacinas nomeadamente as de microorganismos mortos e as constituídas por toxoides 4 - Armazenar e transpor as vacinas a temperaturas entre 2ºC e 8ºC 5 - Respeitar as seguintes indicações, na utilização dos frigoríficos:

As vacinas devem ser armazenadas no compartimento principal do frigorífico, com a seguinte disposição:

Prateleira superior – vacinas vivas (BCG, VASPR, VAP, VAS e VAR)

Prateleira inferior – vacinas mortas e toxoides (DTP, DT, T, VHB)

A temperatura deverá ser controlada por termómetro e regulada através do termostato, mantendo-se dentro dos limites de 2ºC e 8ºC

As vacinas nunca devem ser armazenadas na porta do frigorífico porque neste local a temperatura é mais irregular

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A porta do frigorífico deve manter-se bem fechada O frigorífico onde se armazenam as vacinas, nunca

devem ser simultaneamente para conservação de alimentos e bebidas que tornam a temperatura irregular

6 - Respeitar as seguintes recomendações, no uso de recipientes isotérmicos (malas/sacos):

As vacinas devem ser transportadas em recipientes isotérmicos, utilizando os sacos com líquido já congelado, devidamente acondicionados

Quando se colocam os produtos dentro dos recipientes isotérmicos, as vacinas VAP, VAS e VASPR podem ficar próximas dos sacos com o líquido congelado, enquanto que a DTP, DT, T e VHB deverão ficar afastadas para evitar possíveis congelações

A temperatura no interior dos recipientes isotérmicos, deveria ser controlada pelo uso de um termómetro (2ºC a 8ºC)

Nos recipientes isotérmicos que contêm vacinas não devem ser transportados alimentos e/ou bebidas que tornam a temperatura irregular.

Conceito de Cadeia do Frio

* Consiste no equipamento e nas pessoas que contribuem para manter as vacinas em condições adequadas à manutenção da sua eficácia, ao longo das diferentes etapas – fabrico, armazenamento, distribuição e administração. * É necessário respeitar escrupolosamente a cadeia do frio. * A vacinação é um processo simples, de grande eficácia, mas exige que sejam respeitadas estratégias, programa, objectivos, métodos e regras precisas. * As vacinas permitem salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico. * Portugal dispõe desde 1965 de um programa nacional de vacinação, universal e gratuito, integrado na rede de cuidados de saúde primários. * O impacto deste programa depende, em grande parte, da motivação da população, da formação dos profissionais envolvidos e da qualidade de cada acto vacinal.

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* O actual PVN, aprovado em 1999 (despacho n.º 8. 707/99 Dr. nº. 102 de 03.5.99, IIª Série) e em vigor a partir de Janeiro de 2000, inclui vacinas contra: Tuberculose Parotidite Hepatite B Epidémico Difteria Rubéola Tétano Tosse convulsa Poliemielite Sarampo E doenças provocadas pelo: Meningite bacteriana, Influenzae tipo b, Haemophilus.

Objectivos do PNV

1 - Minimizar o impacto das doenças alvo na saúde da população 2 - Erradicar o sarampo e a poliomielite.

Esquema cronológico recomendado.

Estudo das Bactérias mais Importantes

Bactéria – Família – Género – Espécie 1 – cocos Gram + (violeta) Gram – (vermelho)Bactéria 2 – bacilos Gram + (violeta) Gram – (vermelho) 3 - espirilos

Bactérias

Principais tipos de bactérias com repercussões clínicas importantes

1 – Cocos Gram + Staphylococcus

Família: MicrococcacearGénero: staplilococcusEspécie: S. Aureus

S. aureus

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S. epidermidis S. saprophyticus

Streptococcus S. pyogenes ( - hemolítico – grupo A) S. agalactiae ( - hemolítico – grupo B) S. faecalis S. bovis S. pneumoniae ( - hemolítico) S. do grupo viridans ( - hemolítico)

STAPHYLOCOCCUS AUREUS

1 – DoençasAbcessos em vários órgãos, endocardites, gastroentrites (intoxicação alimentar) e síndroma do choque tóxico.2 – CaracterísticasCocos gram + dispostos em cachos. São coagulase (é produzida pela bactéria capsulada imóvel,..) e catalase-positivos (enzimas).3 - Habitat Habitam o nariz e a pele humana. A transmissão ocorre através das mãos.4 - Patogénese Os estafilococos causam doenças através de 2 mecanismos: produção de toxinas e multiplicação em tecidos (inflamação).A lesão típica é o abcesso. As toxinas e enzimas produzidas são: enterotoxina (mais frequente nas intoxicações alimentares), toxina da síndroma do choque tóxico e a coagulase.5 – Diagnóstico Laboratorial Esfregaço corado pelo método de Gram e cultura. O S. Aureus é coagulase-positivo; o S. Epidermidis e o S. Saprophyticus são coagulase-negativo. Os testes serológicos não têm utilidade diagnóstica.6 – TratamentoPenicilina G para os isolados sensíveis. Cefalosporinas ou Vancomicina, para as estirpes resistentes à Penicilina G (produtoras de - lactamases).7 - Prevenção

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Não há vacina ou medicamento disponível. A lavagem frequente das mãos e a assépsia das lesões são insdispensáveis no controlo da disseminação do S. Aureus.

STREPTOCOCCUS PYOGENES

1 – DoençasDoenças supurativas (faringite, amigdalite e celulite) e não-supurativas (febre reumática e glomerulonefrite aguda).2 – CaracerísticasCocos gram + dispostos em cadeias. São - hemolíticos e catalase-negativos.3 – Habitat e TransmissãoHabitam a orofaringe e a pele humana. A transmissão ocorre através de gotículas respiratórias.4 - PatogéneseOs estreptococos causam doença através de 2 mecanismos: produção de toxinas e multiplicação em tecidos (inflamação). As mais importantes toxinas e enzimas produzidas são: toxina eritrogénica, estreptolisina O, estreptolisina S, estreptoquinase e hialuronidase.5 – Diagnóstico LaboratorialEsfregaço corado pelométodo de Gram e cultura. O grupo é determinado através de anti-soro contra o polissacarídeo C da parede celular. Os testes serológicos não são realizados em infecções supurativas. Quando existe suspeita de febre reumática, determina-se o título de anti-estreptolisina O (TASO), para verificar se houve exposição prévia ao S. Pyogenes.6 – TratamentoPenicilina G (não há resistência significativa).7 - PrevençãoNão há vacina disponível contra as infecções estreptocócicas. A penicilina é utilizada em doentes com febre reumática, para evitar faringite recorrente por S. Pyogenes.

STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE1 – Doenças

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As doenças mais comuns são a pneumonia e a meningite nos adultos e a otite média aguda e a sinusite nas crianças.2 – CaracterísticasCocos gram + agrupados em pares (diplococos) ou em cadeias curtas. São - hemolíticos e catalase-negativos.3 – Habitat e TransmissãoHabitam no trato respiratório superior (naso e orofaringe). A transmissão ocorre através de gotículas respiratérias.4 – PatogéneseHá indução de resposta inflamatória. Não existem exotoxinas conhecidas. A cápsula polissacarídica retarda a fagocitose. Os anticorpos antipolissacarídicos opsonizam o organismo econferem imunidade específica. Infecção respiratória vírica predispõe à pneumonia pneumocócica e a esplenectomia predispõe à septicémia.5 – Diagnóstico LaboratorialEsfregaço corado pelo método de gram e cultura. Há produção de colónias -hemolíticas em ágar-sangue. Reacção de Quellung (intumescimento de cápsula com o anti-sor tipo-específico). Os testes serológicos não têm utilidade no diagnóstico.6 – TratamentoPenicilina G (não há produção de -lactamase). Eritromicina em alternativa à penicilina.7 – PrevençãoA vacina contém o polissacarídeo capsular dos 23 serotipos mais frequentemente envolvidos em infecções. A administração de penicilina oral pode estar indicada em crianças imunodeprimidas.

2 – Cocos Gram –

Neisseria N. meningitidis

Meningococo – 13 serogrupos (A, B, C, J, W – 135) – são os que provocam mais de 98% das meningites nas criançasNa Europa Ocidental: B e C – 90% das meningites

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NEISSERIA MENINGITIDIS1 – DoençasMeningite e meningococcémia (no sangue).2 – CaracterísticasDiplococos gram – em forma de grãos de feijão. São oxidase-positivos e possuem uma grande cápsula polissacarídica.3 – Habitat e TransmissãoHabitam o tracto respiratório superior. A transmissão ocorre através de gotículas respiratórias.4 – PatogéneseApós colonizar o tracto respiratório superior, o mengococo alcança as meninges através da corrente sanguínea. As endotoxinas da parede celular causam sintomas de choque séptico (meningococcémia). Não existem exotoxinas conhecidas. A cápsula polissacarídica retarda a fagocitose. A deficiência nos componentes tardios do complemento predispõe à infecção.5 – Diagnóstico LaboratorialEsfregaço corado pelo método de gram e cultura. Há produção de colónias oxidase-positivas em ágar-chocolate. Fermentam a maltose, em contraste com os gonococos. Os testes serológicos não têm utilidade no diagnóstico.6 – TratamentoPenicilina G (não há resistência significativa). Ceftriaxona (usada mais recentemente).7 – Prevençãoa vacina contém o polissacarídio capsular das estirpes A, C, Y e W-135. A rifampicina é administrada aos contactos próximos do doente, para evitar a disseminação através da orofaringe.

3 – Bastonetes Gram Positivos Bacillus Produzem esporos Clostridium Corynebacterium Diphtheriae Não produzem

esporos Listeria Monocytogenes

BACILLUS ANTHRACIS1 – Doenças

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Anthrax (carbúnculo).2 – CaracterísticasGrandes bastonetes gram + formadores de esporos. O Bacillus anthracis é o único organismo de importância clínica que possui cápsula composta por aminoácisdos em vez de polissacarídios. São imóveis.3 – Habitat e TransmissãoHabitam o solo. A transmissão ocorre através do contacto com animais infectados (cutâneo - + frequente e – grave), ou pela inalação dos esporos presentes na lã ou nos pêlos dos animais (respiratória) e ainda pela ingestão de esporos contidos no animal doente (digestivo).4 – Patogénese (= factores de virulência)O Bacillus anthracis invade o hospedeiro e produz a toxina anthrax que é formada por três proteínas: o antigénio protector, o factor letal e o factor do edema. O factor do edema (exotoxina), é uma adenilato ciclase; o antigénio protector permite a entrada dos outros dois componentes para o interior da célula; o mecanismo de acção do factor letal é desconhecido. A lesão típica é uma úlcera não dolorosa com uma cicatriz necrótica escura – “pústula maligna”.5 – Diagnóstico LaboratorialEsfregaço corado pelo método de gram e cultura aeróbia em ágar-sangue. O Bacillus anthracis é imóvel, ao contrário de outras espécies de bastonetes. 6 – TratamentoPenicilina G é o tratamento mais eficaz ( não há resistência significativa), ou em alternativa a ciprofloxacina.7 – PrevençãoUma vacina constituída pelo antigénio protector é administrada aos indivíduos com ocupações de alto risco.

CLOSTRIDIUM TETANI1 – DoençasTétano ( muito grave e mortal).2 – CaracterísticasBastonetes anaeróbios gram +, formadores de esporos.3 – Habitat e TransmissãoHabitam o solo. Os organismos penetram na pele através de lesões traumáticas (feridas).

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4 – PatogéneseOs esporos encontram-se espalhados no solo e germinam no local de lesão, em condições anaeróbias. A porta de entrada é habitualmente uma ferida. A toxina tetânica é uma neurotoxina produzida pelas células vegetativas no local do ferimento; é transportada para o sistema nervoso central, onde se liga a receptores e bloqueia a libertação de inibidores dos neurotransmissores.5 – Diagnóstico Laboratorialè basicamente um diagnóstico clínico. O organismo raramente é isolado. Os testes serológicos não têm utilidade no diagnóstico.6 – TratamentoA imunoglobulina tetânica é utilizada para neutralização da toxina. Penicilna G (não há resistência significativa). As benzodiazepinas são úteis para evitar os espasmos.7 – PrevençãoUma vacina toxóide é administrada a crianças (aos 2, 4 e 6 meses de idade), combinada com o toxóide da difteria e a vacina da tosse convulsa (Pertussis) – DTP. Imunidade activa-passiva quando as vacinas não estiverem actualizadas.

4 – Bastonetes Gram Negativos associados ao tracto intestinal

Família: Enterobacteriaceae Escherichia colli Salmonella typhi Salmonella enteriditis Shigella Vibrio cholerae Etc.

ESCHERICHIA COLI1 – DoençasInfecções do tracto urinário (ITU), septicémia, meningite neo natal e diarreia.2 – CaracterísticasBastonetes gram – facultativos, fermentadores da lactose. Móvel com muitos flagelos e pilli.

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3 – Habitat e TransmissãoHabitam o colón (também pode haver colonização da vagina e da uretra). A partir da uretra, o organismo pode ascender e causar ITU. A meningite neo natal é adequirida durante o parto e a diarreia pela via fecal-oral.4 – PatogéneseA E. Coli possui vários componentes responsáveis pela produção dos mecanismos de doença: pilli, cápsula, endotoxina e duas exotoxinas.A – Infecções do Tracto IntestinalOs pilli facilitam a adesão à superfície mucosa das células intestinais. As duas enterotoxinas produzidas ( a toxina de alto PM, termolábil, actua estimulando a adenilato ciclase e a toxina de baixo PM, termoestável, estimula a gualinatociclase), são as responsáveis pela produção de diarreia.B – Infecções SistémicasÁ cápsula e a endotoxina têm uma função mais marcada na patogénese da doença sistémica: o polissacarídio capsular interfere na fagocitose, aumentando acapacidade do organismo para causar infecções, em vários órgãos.Factores predisponentes para ITU em mulheres são: a pproximidade entre ânus, a vagina e a uretra; a uretra curta; a prsença de catéteres urinários permanentes (infecções nosocomiais).5 – Diagnóstico LaboratorialEsfregaço corado pelo método de gram e cultura. Colónias fermentadoras de lactose (coloração rosa)são identificadas, em meio diferencial. Os testes serológicos para identificar anticorpos, não têm utilidade no diagnóstico.6 – TratamentoO tratamento das infecções por E. Colli depende do local da doença e do padrão de resistência. Uma ITU não complicada pode ser tratada com Trimetoprim-sulfametoxazol ou uma ofloxacina; nas ITUs complicadas as quinolonas são eficazes. Nas diarreias provocadas por E. clli, está indicada a re-hidratação oral ou e.v.; a terapia com antibióticos não está normalmente indicada.Uma septicémia causada por E. Colli, requer a administração de antibióticos, via e.v. – cefalosporinas de 3ª geração (cefotaxime) associados ou não a um aminoglicosídio (Gentamicina).

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Para o tratamento da meningite neo natal, a associação entre a ampicilina e a gentamicina é eficaz.7 – PrevençãoNão existe nenhuma prevenção específica para as infecções provocadas por E. Coli.Algumas precauções gerais:Limitar a frequência e a duração do uso de catéteres urinários (ITU);Evitar a ingestão de alimentos mal cozidos e de água não potável (diarreias);Remoção imediata ou alteração dos locais de injecção intravenosa (septicémia).

5 – Bastonetes Gram Negativos associados ao tracto Respiratório

Haemophilus influenzae Legionella pneumophila Bordetella pertussis

HAEMOPHILUS INFLUENZAEFamília: pasteurellaceae1 – DoençasAs doenças mais comuns são a meningite, a pneumonia e a otite média aguda.2 – CaracterísticasPequenos bastonetes gram -. A cápsula tipo b (responsável por 95% dos casos de doença) é composta por polirribitol fosfato.3 – Habitat e TransmissãoHabitam o tracto respiratório superior. A transmissão ocorre através de gotículas respiratórias.4 – PatogéneseA cápsula polissacarídica é o determinante de virulência mais importante – 95% da doença invasiva é causada pelo tipo capsular b. Há produção de IgA protease. A maioria dos casos de meningite ocorre em crianças até 2 anos de idade. Nenhuma exotoxina foi identificada.5 – Diagnóstico Laboratorial

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Esfregaço corado pelo método de Gram e cultura. O antigénio capsular está presente no soro ou no LCR. Os testes serológicos não têm utilidade no diagnóstico.6 – TratamentoCeftriaxona é o tratamento de eleição.7 – PrevençãoA vacina contém o polissacarídio capsular do tipo b (Hib). É administrada a crianças entre os 2 e os 18 meses de idade 3 doses e 1 reforço. A rifampicina é administrada aos contactos próximos do doente, para evitar a disseminação através da orofaringe.

6 – Bastonetes Gram Negativos causadores de Zoonoses Brucella Francisella tularensis Pasteurella multocida Yersinia pestis

BRUCELLA (B. Abortus, B. Suis, B melitensis)Familia mista1 – DoençasBrucelose (febre ondulante)2 – CaracterísticasPequenos bastonetes gram -, sem cápsula.3 – Habitat e TransmissãoHabitam o gado doméstico (bovinos, suínos, caprinos e ovinos). A transmissão ocorre através de leite e queijo não pasteurizados ou através da pele, por contacto directo com o animal infectado.4 – PatogéneseOs organismos localizam-se no sistema reticulo-endotelial (fígado, baço e medula óssea). A virulência está associada à sobrevivência intracelular. A endotoxina é necessária à patogénese. Não foram identificadas exotoxinas nem cápsulas. Os factores predisponentes são o consumo de produtoa lácteos não pasteurizados e o trabalho em matadouros.5 – Diagnóstico LaboratorialEsfregaço corado pelo método de Gram e cultura em ágar-sangue. A identificação é feita através de reacções

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bioquímicas. O diagnóstico pode ser feito através de testes serológicos (pesquisa de anticorpos específicos).6 – TratamentoTetraciclina7 – Prevenção - Pasteurizar o leite; - Vacinar o gado; - Abater os animais infectados.Não há vacina disponível para uso humano.

6 – Micobactérias e Actinomicetos Mycobacterium tuberculosis

MYCOBACTERIUM TUBERCULOSISFamília: Mycobactecriaceae1 – DoençasTuberculose.2 – CaracetrísticasBacilos álcool-ácido resistentes; são aeróbios obrigatórios. Alta concentração de lípidos na parede celular. Crescimento muito lento (tempo de geração de 18H).3 – Habitat e Transmissão Habitam os pulmões. A transmissão ocorre através de gotículas produzidas pela tosse.4 – PatogéneseExistem 2 tipos de lesões: - Lesões exsudativas (resposta inflamatória aguda no local da infecção). - Lesões granulomatosas (granulomas e formação de caseum, mediada pela imunidade celular).* Não produz toxinas e não contém endotoxina na parede celular.*A lesão primária da tuberculose ocorre nos pulmões.*A lesão parenquimatosa exsudativa e os gânglios linfáticos são denominados complexo de Ghon (= tuberculose).*A imunossupressão aumenta o risco de reactivação da doença.5 – DiagnósticoSão as únicas bactérias álcool-ácido resistentes (corante carbolfucsina). Não são gram + nem gram -. Os bastonetes são visualizados pela coloração de Ziehl-Nielsen. As

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colónias crescem lentamente (3 a 8 semanas), em meios de cultura especiais (Löwenstein-Jensen). Não há testes serológicos. O teste PPD (ou prova de Mantoux) – tuberculina – é positivo quando houver uma “induração” cutânea igual ou superior a 10 mm, 72 H após a inoculação (hipersensibilidade tardia). Um teste positivo indica exposição ao bacilo, mas não necessariamente a presença de doença.6 – TratamentoTerapia de longa duração – 6 a 9 meses – com 3 drogas: isoniazida, rifampicina e pirazinamida. Uma 4ª droga – etambutol – pode ser necessária, nos casos mais graves (meningite tuberculosa) ou quando existir alta probabilidade de organismos resistentes à isoniazida.*A resistência à isoniazida e a outras drogas antituberculosas é um problema crescente em todo o mundo – tuberculose multiresistente.*Tratamento prévio contra a tuberculose e a interrupção da terapêutica são factores que favorecem a sobrevivência de organismos resistentes – TOD (toma sob observação directa).7 – PrevençãoQuimioprofilaxia com isoniazida durante 6 a 9 meses para previnir a reactivação da tuberculose. Está indicada nasseguintes situações: - Doentes assintomáticos com teste PPD positivo; - Crianças em contacto com doentes com tuberculose pulmonar sintomática; - Doentes imunodeprimidos com teste PPD positivo.*Vacina BCG com o organismo atenuado, pode previnir ou limitar a extensão da doença, mas não evita a infecção. É utilizada na Europa e outras regiões do mundo, mas não é administrada nos EUA. A pasteurização do leite e a destruição de gado infectado, são importantes na prevenção da tuberculose intestinal.

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