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ENXERTIA PROF. CELSO LOPES DE ALBUQUERQUE JUNIOR Tubarão - SC Julho de 2009 UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CAMPUS DE TUBARÃO CURSO DE AGRONOMIA DISCIPLINA DE FRUTICULTURA

APOSTILA DE ENXERTIA

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Page 1: APOSTILA DE ENXERTIA

ENXERTIA

PROF. CELSO LOPES DE ALBUQUERQUE JUNIOR

Tubarão - SC Julho de 2009

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

CAMPUS DE TUBARÃO

CURSO DE AGRONOMIA

DISCIPLINA DE FRUTICULTURA

Page 2: APOSTILA DE ENXERTIA

RESUMO

A reprodução assexuada nos vegetais pode ocorrer por propagação vegetativa através

de caules, folhas ou raízes. Os mecanismos de desenvolvimento de novas plantas

podem ocorrer espontaneamente na natureza ou podem ser provocadas pelo homem,

principalmente para cultivo econômico de certas plantas. A enxertia é um método de

obtenção de novas plantas pelo processo assexuado de multiplicação vegetativa, com a

intervenção humana. A enxertia é a união dos tecidos de plantas, geralmente de

diferentes espécies, passando a formar uma planta com duas partes: o enxerto (garfo) e

o porta-enxerto (cavalo). O garfo, cavaleiro ou enxerto é a parte de cima, que vai produzir

os frutos da cultivar desejada. E o cavalo ou porta-enxerto é a parte de baixo, que vai

formar o sistema radicular, o qual tem como funções básicas o suporte da planta,

fornecimento de água e nutrientes e a adaptação da planta às condições do solo, clima e

doenças. Essa técnica só é possível porque as células vegetais são totipotentes. Os

meristemas secundários iniciam uma grande produção de novas células através de

sucessivas mitoses, que posteriormente sofrerão diferenciação celular para a formação

de novos tecidos, ocasionando, assim, a união (soldadura) dos tecidos das partes

enxertadas. A enxertia pode ser realizada por vários métodos, sendo os mais comuns a

encostia, a borbulhia e a garfagem com suas variações. Essa técnica possui inúmeras

vantagens como, por exemplo, a união de várias características desejáveis em uma

única planta, a não necessdade de a planta passar pelo período de juvenilidade para

entrar em produção, a formação de plantas de menor porte e a garantia genética do

material. O painel terá como objetivo discutir os fatores morfofisiológicos relacionados

com a técnica da enxertia.

Palavras-chave: propagação, morfogênese, totipotência, incompatibilidade, conexão,

tecido vegetal, fenóis, garfo, borbulha.

Page 3: APOSTILA DE ENXERTIA

1- INTRODUÇÃO

Um dos principais fatores que garantem o sucesso da fruticultura, olericultura,

floricultura e a horticultura em geral é a qualidade das mudas utilizadas, pois, sabe-se

que a muda é a base da horticultura. A produção de uma boa muda depende de

cuidados especiais e novas tecnologias. Para produzirem mudas de plantas hortícolas

com eficiência e qualidade, deve-se dar importância a vários aspectos, desde a forma de

obtenção, a sanidade das plântulas e as técnicas de manejo antes do plantio definitivo.

Existem várias formas de propagar plantas, que vão desde a propagação por

sementes, passando pelos métodos de propagação vegetativa, até a utilização da

biotecnologia com o uso da cultura de tecidos.

A reprodução assexuada nos vegetais pode ocorrer por propagação vegetativa

através de caules, folhas ou raízes. Os mecanismos de desenvolvimento de novas

plantas podem ocorrer espontaneamente na natureza ou podem ser provocadas pelo

homem, principalmente para cultivo econômico de certas plantas.

A enxertia é um método de obtenção de novas plantas pelo processo assexuado

de multiplicação vegetativa, com a intervenção humana. Consiste em transplantar uma

muda chamada cavaleiro ou enxerto, em outra planta denominada cavalo ou

porta-enxerto, provida de raízes. O cavalo e cavaleiro geralmente são de plantas da

mesma espécie ou de espécies próximas. A enxertia pode ser feita por vários métodos,

sendo os mais comuns a encostia, a borbulhia, a garfagem com suas variações,

conforme a planta, pois cada espécie se adapta a um tipo. Dentre as vantagens da

técnica da enxertia pode-se destacar a seleção de plantas com raízes resistentes a

certas doenças e utilizá-las como cavalo, assim à reprodução vegetativa de espécies

sensíveis a essas doenças torna-se mais eficiente.

Essa técnica só é permitida devido à grande capacidade de produção de novas

células nas regiões de união das plantas, e na totipotencialidade existente nessas

células vegetais. Essa característica faz com que as células, depois de sucessivas

mitoses, consigam diferenciar-se em células de tecidos e de vasos condutores,

perfazendo então uma completa união entre as partes envolvidas na enxertia.

Page 4: APOSTILA DE ENXERTIA

2- HISTÓRICO

A enxertia teve seu primeiro caso, provavelmente, por volta de 1.500 a.C. Entre

1.400 a 1.600 d.C. na época do Renascimento, encontraram-se diversos registros de

plantas enxertadas e, a partir do século XIX, já haviam centenas de técnicas descritas.

(ASSUMPÇÃO NETO, et al,2005).

A utilização da enxertia em plantas lenhosas é conhecida pêlos chineses há três

mil anos, e Aristóteles (384-322 a.C.) em sua obra já faz referência à utilização dessa

prática na época do Império Romano (CAÑIZARES, et al., 2003).

O período Renascentista (1350- 1600 D.C.) mostra uma renovação no interesse

das práticas de enxertia. Numerosas plantas novas vindas de países estrangeiros foram

importadas para jardins europeus e mantidas por enxertia. No século XVII, pomares da

Inglaterra foram plantados com árvores produzidas por borbulha e enxertia.

No início do século XVIII foram iniciados estudos sobre a circulação da seiva nos

sistemas de enxertia. Duhamel considerou que o tempo de união do enxerto atua como

um tipo de filtro que muda a composição da seiva circulante através dele.

Liberty Hyde Bailey, em seu trabalho publicado em 1821, descreveu e ilustrou os

métodos de enxertia e borbulhia, comumente utilizados nos USA e Europa na época. Os

métodos usados hoje, diferem daqueles descritos por Bailey (HARTMANN, et al., 1997).

Os primeiros estudos de enxertia hortaliças no Brasil foram com trabalhos

relacionados à resistência/tolerância e doenças e efeitos na enxertia na qualidade e

produtividade (CAÑIZARES, et al., 2003).

3- VANTAGENS E IMPORTÂNCIA DA ENXERTIA

Dentre as diversas vantagens que a enxertia nos apresenta, podemos considerar

as seguintes, segundo (CÉSAR, 1982):

� Pela enxertia, reduz-se o porte das plantas em geral, o que constitui considerável

vantagem, notadamente em relação às árvores frutíferas de alto porte, de vez que,

com isso, a colheita do produto torna-se mais fácil, assim como os tratos culturais

relativos à poda e combate às pragas e moléstias, etc.

Page 5: APOSTILA DE ENXERTIA

� Pela enxertia, as plantas tornam-se mais produtivas, os produtos melhoram em

qualidade gustativas, em aspecto, etc.

� Pela enxertia pode-se transformar plantas estéreis em produtivas,

inoculando-lhes ramos ou gemas frutíferas.

� Pela enxertia, consegue-se cultivar certas plantas em solos que lhe são

completamente impróprios, como o caso da cultura da pereira enxertada sobre

marmeleiro- em terras úmidas, assim como a do marmeleiro sobre o pilriteiro em

solos pedregueiros.

� Assegurar as características da planta matriz (a nova planta produzirá flores e

frutos igual ou melhor como a que deu origem);

� Assegurar a precocidade na frutificação (arvores frutíferas enxertadas produzem

muito mais cedo do que aquelas cultivadas a partir de sementes, devido que a

parte enxertada provém de um adulto que já está em sua fase reprodutiva);

� Maior ganho genético no melhoramento de plantas perenes propagadas

vegetativamente: toda a variância genética pode ser aproveitada, incluindo a

aditiva, dominante e epistática. A partir da obtenção de um genótipo superior,

geralmente heterozigótico, estas características favoráveis seriam transmitidas

vegetativamente para as gerações posteriores, resultando em ganho de seleção

anual (GSa) maior do que as propagadas por sementes, devido a herdabilidade

(h2) maior e ao número de gerações de seleção necessárias para obtenção de

cultivares ser igual a 1,0 (DESTRO.et al, 1999).

4- ENXERTIA

De acordo com VIEIRA JÚNIOR & MELO (2008), o verbo enxertar, vem do latim

insertare, e significa inserir, introduzir.

Para HARTMANN et al., (1997), a enxertia é uma forma de propagação

assexuada de vegetais superiores, na qual se colocam em contato duas porções de

tecido vegetal, de tal forma que se unam e, posteriormente, se desenvolvam, originando

uma nova planta.

De acordo com VIEIRA JÚNIOR & MELO (2008), enxertia é a operação que

Page 6: APOSTILA DE ENXERTIA

consiste em se justapor um ramo ou fragmento de ramo com uma ou mais gemas sobre

outro vegetal, de modo que ambos se unam e passem a constituir um único indivíduo.

PAIVA & GOMES (1993), citam que o princípio fundamental da enxeria baseia-se na

faculdade que possuem as plantas de unirem suas partes, graças a atividade do câmbio

(tecido delgado situado entre o floema e o xilema e composto por células meristemáticas

capazes de se dividirem e formarem novas células).

Segundo FACHINELLO et al. (2005), uma planta propagada por enxertia é

composta por duas partes: O porta-enxerto ou cavalo e o enxerto ou garfo.

Para planta receptora (porta-enxerto) dá-se o nome de hipobioto, enquanto o

enxerto (órgão doado) é denominado epibioto (PAIVA & GOMES, 1993).

O enxerto é a parte representada por um fragmento da planta, contendo uma ou

mais gemas, responsáveis pela formação da parte aérea da nova planta (FACHINELLO

et al., 2005).

O porta-enxerto é responsável pela formação do sistema radicular (FACHINELLO

et al., 2005) e geralmente é representado por uma planta jovem, proveniente de

sementes ou de estaca, bastante rústica e resistente às pragas e moléstias (CÉSAR,

1968).

Para (FACHINELLO, et al.,1994), a enxertia é uma forma de propagação

assexuada dos vegetais na qual se colocam em contato duas porções de tecido vegetal,

de tal maneira que se unam e posteriormente se desenvolvam, originando em uma nova

planta.

Ou ainda, constitui um dos processos de propagação dos vegetais superiores,

que consiste em se fazer fragmentos de uma planta- capaz de se desenvolver num

rebento ou broto- se solde em um a outra planta, de modo que o conjunto constitua um

único indivíduo vegetal em que ambas as partes que o compõem passem a viver em

auxílio mútuo ou recíproco, constituindo uma verdadeira dibiose. Daí os termos indivíduo

dibioto, tribioto, quando mais de 3, polibioto (CABEL, 2003).

Hoje há algumas técnicas principais que são mais viáveis e fáceis de serem

realizadas, para a formação de mudas e para a substituição de copas, que são

empregadas dependendo a época do ano, tipo de espécie a ser utilizada e que

apresente um melhor resultado na parte cicatrizada.

A enxertia consiste na justaposição do porta-enxerto ou "cavalo", responsável

Page 7: APOSTILA DE ENXERTIA

pela formação do sistema radicular cujas funções são retirar os nutrientes do solo e

servir de suporte mecânico a planta, com o enxerto (gema ou garfo), que é responsável

por assegurar as funções de fotossíntese, transpiração, respiração e produção da

planta.

Conforme (CAÑIZARES,et al, 2003), enxertar é unir duas porções de tecido

vegetal vivo, visando ao crescimento e desenvolvimento de uma única planta, e seu

sucesso é representado pela união morfológica e fisiológica dessas duas partes. Para tal

efeito, é fundamental que o câmbio do enxerto fique em contato estreito com o câmbio do

porta-enxerto. Entretanto, por várias razões, alguns elementos vasculares podem não

formar ou não iniciar atividade do câmbio vascular, levando ao fracasso desta.

O tecido recém-cortado do enxerto com capacidade de atividade meristemática

se coloca em contato seguro e íntimo com o tecido similar, recém- cortado do porta-

enxerto, de forma que o câmbio de ambas as partes ficam em contato estreito. Um

conjunto de células externas da região do câmbio produz células de parênquima que

logo após se misturaram e se entrelaçam formando o tecido do calo. Nas combinações

da formação dos plasmodesmos secundários entra as células, próximo dos feixes

vasculares formados. Algumas células do calo se diferenciam em novas células do

câmbio, que produzem novo tecido vascular, xilema no interior e floema no exterior,

estabelecendo assim a conexão vascular entre enxerto e porta-enxerto. Com frequência,

no início da união, formam-se pontes entre feixes vasculares, e o câmbio só é restituído

completamente ao final da segunda semana. (CAÑIZARES, et al, 2003).

Page 8: APOSTILA DE ENXERTIA

Figura 1: Corte transversal do tecido vegetal. Fonte: UFRJ.

5- CICATRIZAÇÃO

O processo de Cicatrização da união do enxerto, segundo (CANIZARES, et al,

2003), pode ser resumido da seguinte maneira:

� Estabelecimento de um contato íntimo de uma extensão considerável na região

do câmbio entre enxerto e porta- enxerto.

� Produção e entrelaçamento de células do parênquima (tecido do cavalo) pelo

enxerto e porta- enxerto.

� Produção de um novo câmbio na ponte do calo.

� Formação de um novo xilema e floema a partir do novo câmbio vascular

produzido na ponte do calo.

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Figura 2: Processo de cicatrização da enxertia. Fonte: JACOMINO, 2008

Tabela 1- Processo de cicatrização da enxertia do tipo borbulhia em plantas cítricas.

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6- ÉPOCA PARA REALIZAÇÃO DA ENXERTIA

A época certa mais adequada para a realização da enxertia depende da biologia e

do tipo de enxerto a ser realizado. Para caducifólias, a época indicada é no inverno

enquanto para perenifólia, a primavera/verão são mais adequadas.

A época propicia para a execução dos enxertos depende da técnica que vai ser

utilizada. Nos enxertos por borbulha a época mais indicada é quando a planta esta no

período de vegetação ativa, devido a grande quantidade de seiva que esta em circulação,

geralmente a casca se desloca facilmente do lenho tornando fácil a introdução da gema

sob a casca. Já nos enxertos por garfagem a época indicada para a execução é quando

a planta esta em repouso vegetativo, que geralmente ocorre no inverno. A técnica por

encostia pode ser executada durante todo o ano, sendo melhor ser utilizada nos meses

da primavera (ASSUMPÇAO, et al, 2005).

TABELA 2: Espécies, tipo de enxerto e época de realizada indicada para a enxertia.

ESPÉCIE TIPO DE ENXERTO ÉPOCA

Citrus Borbulhia Primavera

Macieira, Videira, Pereira,

Ameixeira, Caquizeiro e

Nogueira pecan

Garfagem

Inverno

Pessegueiro Borbulhia Primavera/Verão

Abacateiro Garfagem /Borbulhia Outono/Primavera

Mangueira Garfagem/Borbulhia Inverno

Marmeleiro Garfgem/Borbulhia Primavera/Final Inverno

Jaboticabeira Gargfagem Outono

(Adaptado de MURAYAMA, 1980).

7- FATORES QUE INFLUENCIAM O PEGAMENTO DO ENXERTO

É comum obter excelente porcentagem de sobrevivência de mudas por enxertia,

porém também é comum obter resultados desalentadores. O sucesso ou insucesso

Page 11: APOSTILA DE ENXERTIA

estão relacionados estreitamente com diversos fatores que podem influenciar a

cicatrização da união do enxerto,(CANIZARES, et al,2003).

Incompatibilidade da enxertia: Duas plantas são incompatíveis quando, por

motivos intrínsecos a elas, não são capazes de formar uma união perfeita,

impossibilitando o desenvolvimento normal da nova planta, (CABEL, 2003). Para uma

união eficiente o cavalo e cavaleiro, além de ser preparados e encaixados

adequadamente. Os enxertos não são feitos apenas entre plantas da mesma espécie,

como nas frutas que tem "caroço", ameixas, pêssegos, damasco, nectanna, cereja, que

podem ser enxertadas umas nas outras, mas não é possível enxertá-las numa macieira

ou num carvalho , (CÉSAR, 1982).

Conforme FACHINELLO et al. (2005), a incompatibilidade pode ser dividida em

dois grupos:

a) Incompatibilidade Localizada.

É aquela que surge em decorrência do contato entre enxerto e porta-enxerto,

geralmente apresentando uma união frágil e com interrupções nos tecidos vasculares e

no câmbio. Fazendo que haja diminuição na passagem de seiva do porta-enxerto para o

enxerto, e vice-versa. Essa incompatibilidade pode ser superada pelo uso de um enxerto

intermediário, que seja compatível com ambas as partes. Exemplos: Pera ‘Bartlett’

enxertada sobre marmeleiro; Laranja ‘Pera’ enxertada sobre P. trifoliata, limão rugoro e

limão Volkameriano; Vitis vinifera enxertada sobre Vitis rotundifolia.

Figura 3- Modo de ação da incompatibilidade localizada. Fonte: Biasi, 2009.

Page 12: APOSTILA DE ENXERTIA

b) Incompatibilidade Translocada.

Essa incompatibilidade causa degeneração do floema (casca), caracterizada pela

formação de uma linha escura ou de uma zona necrotica na região do córtex. Isso

dificulta o transporte de carboidratos, que se acumulam acima da região degenerada,

com conseqüente redução do teor abaixo dessa região. Esse tipo de incompatibilidade

não pode ser superado com o uso de um enxerto intermediário. Exemplos: Ex: - Pêssego

enxertado sobre ameixeira ‘Mariana’ - (Se enxertar ‘Mariana’ sobre pessegueiro é

compatível).

Figura 4- Modo de ação da incompatibilidade translocada. Fonte: Biasi, 2009.

Os principais sintomas de incompatibilidade são:

� Falta de união entre as partes enxertadas, que pode induzir ao rompimento no

local de enxertia;

� Diferenças no crescimento ou no vigor das partes enxertadas e do porta- enxerto,

resultando em diferenças entre os diâmetros dos mesmos, com desenvolvimento

excessivo abaixo, acima ou no ponto de união;

� Diferença entre enxerto e porta- enxerto com relação ao início e final do período

vegetativo;

� Amarelecimento das folhas, seguido de desfolhamento precoce;

� Crescimento vegetativo reduzido;

� Morte prematura da copa enxertada;

A capacidade de uma planta enxertada em outra em conseguir com êxito uma

união e desenvolver-se como uma planta única pode ser considerada como

compatibilidade. Por outro lado, a falta total ou parcial de sobrevivência de mudas

Page 13: APOSTILA DE ENXERTIA

enxertadas pode ser atribuída à incompatibilidade, (CAÑIZARES, et al, 2003).

De acordo com Hartmann et al. (1997), o conhecimento da relação entre

porta-enxerto e copa é vital para a produção de uma muda sem problemas de

compatibilidade, pois a incorreta escolha do porta-enxerto pode conduzir o insucesso da

enxertia, apresentando crescimento e qualidade reduzidos, tornando-se a causa

substancial do baixo rendimento.

As peroxidases estão envolvidas em muitas reações metabólicas e processos

fisiológicos dos tecidos vegetais, influenciando o crescimento das plantas desde a fase

de germinação até sua senescência e nas respostas às condições de estresses

(PASSARDI et al., 2005). Essa enzima participa da síntese de lignina que é de

fundamental importância no desenvolvimento das plantas frutíferas e na compatibilidade

da enxertia (FLURKEY & JEN, 1978; MUSACCHI, 1994). Além disso, as peroxidases

atuam na biossíntese do etileno, na lignificação, além da destruição das auxinas, devido

ao fato dessas se apresentarem em muitas formas moleculares, participando de

diferentes reações bioquímicas (DENCHEVA & KLISURKA, 1982; PASSARDI et al.,

2005). Os compostos fenólicos regulam a síntese de Peroxidase, mais precisamente o

ácido p-cumárico, precursor da lignina, a qual por sua vez é a substância orgânica mais

abundante em plantas, que apresentam funções primárias e secundárias (TAIZ &

ZEIGER, 2004).

FIGURA 5- Rota metabólica da síntese de ligna. Fonte: ERREA, 1998.

Page 14: APOSTILA DE ENXERTIA

FIGURA 6- Sintoma de incompatibilidade - Laranja doce com vírus da tristeza enxertada

sobre laranja azeda. Fonte: CLEMSON UNIVERSITY – USDA, 2008.

FIGURA 7- Exemplos de plantas com sintomas de incompatibilidade. Fonte: BIASI, 2009.

Page 15: APOSTILA DE ENXERTIA

8- CONDIÇÕES AMBIENTAIS

Temperatura: A temperatura durante e após a enxertia tem um grande efeito

sobre a produção do tecido do calo. A formação do calo é essencial para a cicatrização

da união do enxerto. Durante essa formação, nas hortaliças, é recomendado manter os

enxertos em torno dos 26°C a 28°C, dependendo da es pécie, pois quanto mais próximo

dessa temperatura ficarem as mudas em processo de enxertia, maior será a taxa de

formação de calo. Temperaturas inferiores a 15°C ou superiores a 32°C são prejudiciais.

Em temperaturas baixas, o desenvolvimento do calo é lento e escasso. Já em altas

temperaturas, ocorre atraso na formação do calo, chegando à morte quando a

temperatura ficar perto de 40°C. Após a enxertia, o ideal é manter as mudas numa

temperatura entre 20° e 25°C para solanánoas princi palmente nos primeiros três dias.

Porém, mudas recém enxertadas toleram temperaturas compreendidas entre 15°e

3ü°C,(CAÑlZARES, et al, 2003).

Umidade: A umidade do ar durante e principalmente após a enxertia deve ser

cuidadosamente observada. Os enxertos devem ser mantidos em umidade relativa

elevada.

Oxigênio: Durante a divisão e alongamento das células, há uma intensa

atividade respiratória. O material utilizado para proteger o enxerto (fitas plásticas ou

outras) deverá permitir as trocas gasosas.

Luminosidade: Se intensa pode causar dessecação rápida do enxerto.

Recomenda-:

se fazer enxertia em dias de baixa luminosidade, (CABEL, 2003).

Vento: Pode provocar a ruptura do enxerto no ponto da união, além de acelerar o

processo de desidratação.

9- INFLUÊNCIA DO PORTA- ENXERTO

Mudas usadas como porta-enxertos cultivadas a partir de sementes poderão

produzir árvores com tamanhos diferentes, pois são mudas com constituição genética

diferente, apresentando diferentes fenótipos no sistema radicular, influenciados pelo

Page 16: APOSTILA DE ENXERTIA

ambiente; podem influenciar também no sabor dos frutos e no tempo de

amadurecimento. Plantas obtidas por enxertia de mudas produzidas a partir de estacas

enraizadas são mais precoces, pois tanto o cavaleiro como o porta-enxerto são partes de

plantas adultas e já passaram pela fase juvenil. Mudas de caramboleira obtidas através

da enxertia apresentam maior taxa de crescimento e, conseqüentemente, maior vigor.

Entretanto, as mudas obtidas por estaquia apresentam produção precoce de frutos,

(BASTOS, et ai, 2005).

10- SUPERFÍCIE DE CONTATO

A pouca área de contato pode dificultar o movimento da água e dos nutrientes,

embora a região da enxertia tenha apresentado boa cicatrização no início do

crescimento. O êxito da enxertia está em fazer coincidir o câmbio do enxerto com o

câmbio do porta- enxerto para que as células do parênquima possam entrelaçar-se e

que a superfície de contato se mantenha limpa e livre de patógenos, (CAÑIZARES, et al,

2003).

� Técnica da enxertia e habilidade do enxertador

Uma técnica mal utilizada muitas vezes pode causar problemas na cicatrização

do enxerto. O uso inadequado da técnica resulta em pequenas áreas de contato entre os

câmbios de enxerto e do porta- enxerto, cortes desuniformes, amarração errada ou

demorada, danos mecânicos na retirada da gema, desidratação dos ramos fornecedores

e ferramentas pouco afiada ou contaminadas, etc. (CABEL, 2003).

� Brotações no porta-enxerto

Novos ramos podem surgir a partir do cavalo, produzindo ramos indesejáveis por

ser genotipicamente diferentes do clone da copa;enfraquecem a copa por desviarem

nutrientes da produção principal e podem até dominar esuperar a copa; devem ser

vistoriados periodicamente e eliminados (ASSUMPÇÃO et al,2005).

Page 17: APOSTILA DE ENXERTIA

11- DESVANTAGENS DA ENXERTIA

A enxertia, segundo alguns autores, é o melhor método de propagação, porém,

podem ocorrer alguns problemas, como:

� Incompatibilidade entre o porta- enxerto e enxerto; esta limitação determina a

variedade e as espécies que podem ser enxertadas num determinado porta-

enxerto;

� A união do enxerto pode ser extremamente frágil e sujeita a danos devido ao frio

rigoroso ou a fortes ventos;

� Muitos portas- enxertos iniciam a brotação de ramos vigorosos que devem ser

eliminados frequentemente para que não suplantem o vigor do porta- enxerto;

� Dificuldade no posicionamento dos tecidos: o câmbio é a porção de crescimento

ativo do ramo e situa-se logo abaixo da casca. Estas camadas do câmbio, tanto

no porta- enxerto devem posicionar-se de modo a ficarem absolutamente em

correspondência uma com a outra;

� A necessidade de isolar o ponto de enxertia com fitas isolantes e ceras para evitar

a perda de água e a penetração de patógenos e favorecer a manutenção de

elevada temperatura.

12- TÉCNICAS DE ENXERTIA

As técnicas da enxertia podem ser:

� Borbulhia ou enxerto de gema

A borbulhia é o processo que consiste na justaposição de uma única gema sobre

um porta- enxerto enraizado, ( SIMÃO, 1998). A época de enxertia para esse tipo de

multiplicação, é de primavera- verão, quando os vegetais se encontram em plena

atividade vegetativa.

Page 18: APOSTILA DE ENXERTIA

Os principais tipos de enxerto em bobulhia podem ser: T normal; T invertido; Janela

aberta; d) Janela fechada e em anel.

a) T normal

Fende-se o cavalo com o canivete, no sentido transversal e, depois, no sentido

perpendicular, de modo a formar um T. O escudo ou gema é retirado, segurando-se o

ramo em posição invertida. Prende-se o escudo lateralmente ou pelo pecíolo, levanta-se

a casca com o dorso da lâmina e introduz-se a borbulha. Corta-se o excesso e amarra-se

de cima para baixo.

FIGURA 8- Esquema da borbulha em T normal. Fonte: JACOMINO, 2008.

b) T invertido

Procede-se de modo semelhante ao anterior. Difere apenas na posição normal do

ramo para a retirada da borbulha e do modo de introduzir e amarrar. A colocação da

borbulha, bem como a amarração é feita de baixo para cima.

Esse tipo apresenta a vantagem sobre o anterior, por evitar a penetração da água

e também por ser mais fácil de manejar.

Page 19: APOSTILA DE ENXERTIA

FIGURA 9- Esquema da borbulha em T invertido. Fonte: JACOMINO, 2008.

c) Janela aberta

São realizadas no porta- enxerto duas incisões transversais e duas longitudinais,

de modo a liberar a região a ser ocupada pela borbulha. A borbulha é retirada do garfo

praticando-se duas incisões transversais e duas longitudinais no ramo, de modo a obter

um escudo idêntica à parte retirada do cavalo. A borbulha é a seguir embutida no

retângulo vazio e deve ficar inteiramente em contato com os tecidos do cavalo. A seguir

o enxerto é amarrado.

d) Janela fechada

O porta- enxerto recebe duas incisões transversais e uma vertical no centro. A

borbulha é obtida e maneira semelhante ao tipo anterior. Para assentá-la, levanta-se a

casca com canivete, introduz-se o escudo e a seguir recobre-se com a casca do cavalo.

O enxerto é completado fixando-se com amarrilho.

Page 20: APOSTILA DE ENXERTIA

FIGURA 10- Esquema da borbulha em Janela. Fonte: JACOMINO, 2008

e) Em anel

Para esse tipo de enxertia faz-se uma incisão circular quando o enxerto é no topo,

ou duas incisões circulares e uma vertical quando é no meio da haste, de modo a retirar

um anel.

No garfo procede-se do mesmo modo, e a superfície deve ser idêntica à do cavalo,

para que haja contato entre as camadas cambiais. A seguir amarra-se.

FIGURA 11- Esquema da borbulha em anel. Fonte: JACOMINO, 2008.

Page 21: APOSTILA DE ENXERTIA

13- FORÇAMENTO DO ENXERTO

Para adiantar o desenvolvimento do enxerto, uma vez constatado seu pegamento,

faz-se a torção da haste um pouco acima do local da enxertia e curva-se o ramo para o

solo. A seiva, devido à curvatura, tende a reduzir sua velocidade e acumular-se na região

do enxerto, comunicando-lhe grande vigor. Por esse meio consegue-se em algumas

espécies adiantar o desenvolvimento de dois a três meses. Pode-se também forçar o

desenvolvimento do enxerto com incisões ou anelamento praticados na região abaixo

dele.

14- GARFAGEM

A garfagem é o processo que consiste em soldar um pedaço de ramo destacado

(garfo) sobre outro vegetal (cavalo), de maneira a permitir seu desenvolvimento. A

garfagem difere da borbulhia, por possuir normalmente mais de uma gema, ( SIMÃO,

1998).

A época normal para garfagem, para plantas de folhas caducas, se dá no período

de repouso vegetativo (inverno), e nas folhas persistentes, dependendo da espécie, na

primavera, no verão ou no outono.

Os principais tipos de garfagem são os seguintes: meia-fenda cheia; meia- fenda

esvaziada; fenda incrustada; fenda completa; dupla garfagem; inglês simples e inglês

complicado.

Em todos os tipos citados, o porta- enxerto tem a sua parte superior decapitada. O

enxerto de garfagem é feito 20 cm, aproximadamente, acima do nível do solo ou abaixo

dele, na raiz, na região do coleto. A região do ramo podada com a tesoura é a seguir

alisada com o canivete. Para o sucesso da enxertia, é essencial que a região cambial do

garfo seja colocada em contato íntimo com a do cavalo.

a) Meia-fenda cheia

Faz-se o cavalo numa fenda, no sentido do raio, até atingir a medula. A fenda

estende-se por 2 a 3 cm, no sentido do comprimento do cavalo. O garfo é preparado na

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forma de bisel e introduzido na incisão. O bisel deve ter aproximadamente o mesmo

comprimento da incisão lateral.

b) Meia-fenda esvaziada

A incisão do cavalo é semelhante ao anterior, dele diferindo por praticar duas

incisões convergentes, de modo a retirar uma cunha de madeira, esvaziando a incisão.

O garfo é preparado do mesmo modo que o anterior. É um tipo mais aconselhável para

espécie de lenho duro.

c) Fenda inscrustada

Difere da anterior por não atingir a medula. É utilizada quando os garfos são de

pequeno diâmetro. O cavalo e o garfo são preparados à semelhança da meia-fenda

esvaziada.

FIGURA 12- Esquema da garfagem em fenda incrustada. Fonte: JACOMINO, 2008

d) Fenda completa

Podado o cavalo, alisado o corte, faz-se com o canivete uma fenda perpendicular,

no sentido do diâmetro, até aprofundar-se 2 a 3 cm. A fenda completa pode ser cheia ou

esvaziada. O garfo, que deve ter o mesmo diâmetro do cavalo, é preparado na forma de

cunha e introduzido na fenda.

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FIGURA 13- Esquema da garfagem em fenda completa. Fonte: JACOMINO, 2008

e) Dupla garfagem

É utilizado quando o garfo é de diâmetro inferior ao raio do cavalo. Usam-se dois

garfos, cada um introduzido em uma das extremidades. O método é igual ao da fenda

completa.

FIGURA 14- Esquema da dupla garfagem. Fonte: JACOMINO, 2008

Page 24: APOSTILA DE ENXERTIA

f) Inglês simples

Para a prática desse tipo de enxerto, é necessário que o cavalo e o cavaleiro

apresentem o mesmo diâmetro. A operação é bastante fácil e consiste tão-somente no

corte em bisel do cavalo e no cavaleiro. Unem-se as partes e em seguir amarram-se.

FIGURA 15- Esquema da garfagem em ingles simples. Fonte: JACOMINO, 2008

g) Inglês Complicado

A operação é semelhante ao inglês simples, mas, neste tipo, faz-se uma incisão

longitudinal em ambas as partes a unir. A incisão será feita no terço inferior do garfo, se

a do cavalo for feita no terço superior, para que haja perfeito encaixe entre as fendas.

O inglês complicado dá ao enxerto maior penetração de uma parte sobre a outra,

e, portanto, maior fixação.

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FIGURA 16- Esquema da garfagem em ingles complicado. Fonte: JACOMINO, 2008

15- ENCOSTIA

Também chamada de enxertia de aproximação, consiste na união lateral de duas

plantas com sistemas radiculares independentes, de modo que o enxerto e o porta-

enxerto sejam mantidos por seus sistemas radiculares até que a união esteja

completamente formada.

É método mais simples de enxertia, porém é muito pouco utilizado

comercialmente, (TELLES, et ai, 2004).

Os principais tipos de encostia podem ser resumidos em lateral e no topo. Tanto

lateralmente e no topo. Tanto lateralmente como no topo, a encostia pode ser simples ou

inglesa e inarching, (SIMÃO, 1998).

a) Lateral simples e inglesa

Pratica-se no cavalo e no ramo-enxerto um entalhe, retirando-se parte do alburno.

Aproximam-se as duas partes, ajustando as superfícies. Fixam-se as partes com

amarrilhos, no caso da lateral simples.

Na lateral inglesa, procede-se da mesma maneira, porém, sobre o entalhe do

cavalo e do cavaleiro, faz-se uma incisão oblíqua. Abre-se o entalhe, unindo-se as partes.

A seguir, amarra-se.

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FIGURA 17- Esquema da encostia lateral. Fonte: JACOMINO, 2008

b) No topo

Na encostia simples no topo, poda-se o cavalo a determinada altura e, com o

canivete, faz-se um corte em bisel em ambos os lados. O ramo- enxerto sofre uma

incisão oblíqua até o lenho. Encaixa-se sobre o bisel do cavalo e amarra-se.

A inglesa é preparada do mesmo modo. Apenas recebe uma incisão a mais tanto

no cavalo como no cavaleiro, para que haja maior fixação.

FIGURA 18- Esquema da encostia inglesa e da utilização de prendedores de auxílio.

Fonte: JACOMINO, 2008

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c) Inarching

Inarching ou subenxertia vem a ser um tipo de encostia para revigorar uma planta

em decadência, devido à incompatibilidade entre cavalo e cavaleiro.

O processo consiste em plantar, ao lado do tronco da árvore, uma muda que será

ligada a ela. No tronco, faz-se uma incisão e, no ápice da muda, um bisel. Ajusta-se a

região e fixa-se com um prego ou cravo de madeira.

FIGURA 19- Esquema da encostia Inarching ou subenxertia. Fonte: SIMÃO, 1998.

16- SOBREENXERTIA

É a operação que tem por finalidade o aproveitamento de plantas já formadas,

com alteração da variedade copa. Seu emprego é indicado nos pomares de idade média

e sadios.

Fazendo-se a sobreenxertia, ganha-se tempo, pois o porta- enxerto se encontra

perfeitamente estabelecido, e as produções se tornam mais precoces.

Para proceder à sobreenxertia, poda-se a copa e deixam-se de quatro a cinco

pernadas, sobre as quais se fará a enxertia da variedade. (SIMÃO,1998).

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FIGURA 20- Esquema da sobreenxertia. Fonte: (RIBAS & PAES, 2003).

17- MICRO- ENXERTIA

Micro-enxertia: a micro-enxertia consiste de microenxertar um meristema, oriundo

de uma planta-matriz, sobre um porta-enxerto multiplicado in vitro. Esta técnica

possibilita a detecção precoce de incompatibilidade de espécies. (MONITA et ai, 2003).

A microenxertia é executada através das seguintes ações: a obtenção do

porta-enxerto (obtido de uma semente germinada in vitro); a obtenção do microenxerto

ou ápice meristemático; execução da microenxertia; transplante da plântula enxertada.

A microenxertia é uma técnica de enxertia "in vitro", em que se utiliza um ápice

caulinar como cavaleiro, em condições assépticas, contendo dois ou três primórdios

foliares excisado de uma planta matriz, sobre um porta-enxerto já estabelecido "in vitro".

Corta-se o porta-enxerto, decaptando-o e faz-se uma excisão em "T" invertido no seu

topo, onde é introduzido o microenxerto (PAZ, et al, 1998).

O método foi desenvolvido para contornar o problema de dificuldade de

regeneração a partir de cultura de ápices caulinares em frutíferas e essências florestais.

Com a microenxertia é possível a produção de matrizes de fruteiras, com alta qualidade

fitossanitária e com características adultas, não se revertendo ao estado juvenil. Em

essências florestais a microenxertia em cascata permite a produção de propágulos

juvenis com alto potencial de regeneração.

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FIGURA 21- Microenxertia de macieira (Malus spp.). A. Esquema da fenda simples da microenxertia e atividade celular do processo de soldadura. Tecido meristemático, presença de células indiferenciadas e células parenquimáticas B. Cunha formada pela fenda da microenxertia. B1. Detalhe da produção de células vasculares jovens formadas na interface do enxerto. C. Detalhe de células da copa penetrando no porta-enxerto. C1. Direcionamento das células da copa na área de soldadura. Fonte: ABREU et al, 2003.

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18- RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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