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Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Faculdade de Tecnologia Ítalo Bologna Português Instrumental

Apostila de Português

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Page 1: Apostila de Português

Serviço Nacional de Aprendizagem IndustrialFaculdade de Tecnologia Ítalo Bologna

Português Instrumental

Goiânia2012

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© 2012. SENAI - Departamento Regional de Goiás Faculdade de Tecnologia Ítalo Bologna

Português instrumental.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados, sem o prévio consentimento do autor.

Ficha Catalográfica

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca FATESG

Departamento Regional de Goiás – SENAIAv. Araguaia, nº. 1544, Edifício Albano Franco, Vila Nova, Goiânia – GO. Telefone: (62) 3219-1300CEP 74645-070

L157p Lopes, Maurício.

Português instrumental / Maurício Lopes. – Goiânia: SENAI FATESG, 2012.

155 p.

1. Língua Portuguesa. I. Faculdade de Tecnologia Ítalo Bologna.

CDD 469.5

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SUMÁRIO

Índice Capítulo

- Introdução I

- Introdução - metacognição- Níveis de linguagem - Campos lexicais e campos semânticos- Coerência textual- Coesão textual

- Estrutura textual- Produção de idéias

- Parágrafos- Produção do texto

- Dissertação II

- O que é dissertação- Planejamento- Partes de uma dissertação

- Introdução- Desenvolvimento- Conclusão

- Qualidades de uma dissertação- Argumentação

- Como estruturar um texto argumentativo- O texto argumentativo- A estrutura de um texto argumentativo

- A argumentação formal- A argumentação informal- A argumentação por comprovação- A argumentação por raciocínio lógico

- Evitar numa dissertação- Empobrecimento de um texto

- O texto descritivo III

- O que é descrição- Características lingüística da descrição- O texto descritivo

- Textos descritivos não-literários- Textos descritivos literários- Descrição de pessoas- Comentários sobre a descrição de pessoas

- Uma modalidade de texto técnico: descrição de objeto IV

Page 4: Apostila de Português

- O texto técnico- O léxico especializado do texto técnico- Texto técnico

- A descrição de objetos- A estrutura de uma descrição técnicao do objeto- Aspectos estruturais- Método dedutivo

- Relatório: Aspectos Básicos V

- Redação do relatório- Tipos de relatório- Texto do relatório- Estilo do relatório- Relatório Administrativo

- Estrutura do relatório administrativo

- Resumo – Resenha – O que é um Projeto, Artigo VI

- Como escrever e apresentar a sua tese ou dissertação VII

- A etapa de “pensar” sobre o tema- Preparando a proposta- Escrevendo a tese ou dissertação

- Algumas informações gramaticais VIII

- Dicas - 100 erros mais comuns- Pontuação- Semântica e Sintaxe- Pontuação- Concordância Nominal e verbal- Regência Nominal e verbal- Oração Coordenada e Subordinada- Período Composto

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Capítulo I

INTRODUÇÃO

No processo de ensino e de aprendizagem, tudo gira em torno do ensino: ensina-se Português, Matemática, Geografia, etc., mas pouco ou nada se fala de como se aprende. Até mesmo nas Faculdades de Educação, haja vista as disciplinas de Didática (em que se discutem técnicas e métodos que o professor deve usar para produzir um ensino eficaz), Prática de Ensino, Avaliação de Ensino. Em suma, tudo voltado para a transmissão do saber.

Levar o aluno a aprender a aprender como se desenvolve a competência textual deve ser, pois, tarefa da escola, preocupação de um aluno de redação. Recai sobre ela como se desenvolve a competência textual, que se realiza mediante a leitura inteligente, que decodifica o texto em sua forma, ultrapassando sua superfície e o interesse apenas por seu conteúdo. O "truque" a ser explicado é que tudo aponta para a imperiosa necessidade de aprendermos a escrever a partir do que lemos.

É muito antiga a fórmula "é lendo que se aprende a escrever", e tão divulgada, tão conhecida que parece valer por si mesma, um postulado, que carece demonstrar.

Aprendemos a escrever sem saber que estamos aprendendo ou o que aprendemos. Tudo aponta para a necessidade de aprendermos a escrever a partir daquilo que nós lemos.

E este é o truque a ser explicado. Uma das características fundamentais do processo de leitura é a capacidade que o leitor possui de avaliar, de monitorar a qualidade da compreensão do que está lendo. O leitor, em determinado momento de sua leitura, volta-se para si mesmo e se concentra não no conteúdo, mas no processo que conscientemente utiliza para chegar ao conteúdo. É o fenômeno da metacognição.

A metacognição envolve, portanto:

a) a habilidade para monitorar a própria compreensão ("Estou entendendo muito bem o que o autor está dizendo", "Esta parte está mais difícil, mas dá para pegar a idéia principal", etc.); b) a habilidade de tomar as medidas adequadas quando a compreensão falha, ("Vou ter que reler este parágrafo", "Essa dever ser uma palavra chave no texto. Vou ver no glossário", etc.).

Brown, um estudioso da escrita, define metacognição como um conjunto de estratégias de leitura que se caracteriza pelo "controle planejado e deliberado das atividades que levam à compreensão". Entre essas atividades, destacam-se:

Definir o objetivo de uma determinada leitura ("Vou ler este texto para ver como se monta este brinquedo", "Só quero ver a data da morte de

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Português InstrumentalNapoleão". "Vou correr os olhos pelo sumário para ter uma idéia geral do livro").

Identificar os segmentos mais e menos importantes de um texto ("Aqui o autor está apenas dando mais um detalhe". "Esta definição é importante").

Distribuir a atenção de modo a se concentrar mais nos segmentos mais importantes ("Isto aqui é novo para mim e preciso ler com mais cuidado". "Isto eu já conheço muito bem e posso ir apenas passando os olhos"). A importância de um segmento pode variar não só de um leitor para outro, mas até de uma leitura para outra.

Avaliar a qualidade da compreensão que está sendo obtida da leitura ("Estou entendendo perfeitamente o que o autor está tentando dizer". "Este trecho não está muito claro para mim").

Determinar se os objetivos de uma determinada leitura estão sendo alcançados ("Estou lendo este capítulo para ter uma idéia geral do que é fenomenologia, mas ainda não consegui ter uma noção clara do assunto").

Tomar as medidas corretivas quando falhas na compreensão são detectadas ("Vou ter que consultar o dicionário para entender esta palavra, já que o contexto não me bastou". "Parece que vou ter que ler aquele outro artigo para poder entender este").

Corrigir o rumo da leitura nos momentos de distração, divagações ou interrupções ("Estou tão distraído que passei os olhos por este parágrafo sem prestar atenção no que estava lendo; vou ter que relê-lo").

A metacognição, no entanto, não se refere apenas ao monitoramento na compreensão do conteúdo. Estamos também envolvidos num processo de metacognição quando analisamos a forma lingüística do texto, a linguagem. Isso se dá quando lemos como um escritor. Aqui também o leitor volta-se para si mesmo e avalia, analisa a forma ou reflete sobre ela. ("Ah! este texto começa mediante uma fórmula muito empregada, através de uma pergunta"... "Muito bem estruturado este texto... com importantes elementos coesivos". "Esta frase curta e esta outra construção nominal estão bem inseridas nesta passagem"... "Ah! é assim, então, que se escreve esta palavra!...").

FONTE CANAL DESTINOEMISSOR MENSAGEM RECEBEDOR(AUTOR) (TEXTO) (LEITOR)

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Observe o esquema abaixo e a analise:

seleçãoconjunto de palavras classificação

coesão e coerência

ordem/estrutura planejamento idéias primárias do assunto

idéias secundárias do assunto

O que está no papel

conjunto de idéias coesão e coerência clareza

um ‘todo’ de uma idéia o conteúdo do texto a ser apresentada

NÍVEIS DE LINGUAGEM

A comunicação não é regida por normas fixas e imutáveis. Ela pode transformar-se, através do tempo, se nós compararmos textos antigos com os atuais, perceberemos grandes mudanças no estilo e nas expressões.

Há uma língua-padrão? O modelo de língua padrão é uma decorrência de parâmetros utilizados pelo grupo social mais culto. Às vezes, a mesma pessoa dependendo do meio em que se encontra, da situação sociocultural dos indivíduos com quem se comunica, usará níveis diferentes de língua. Dentro desses critérios, podemos reconhecer, num primeiro momento, dois tipos de língua: a falada e a escrita.

- A língua falada pode ser: culta, coloquial, vulgar ou inculta, regional ou grupal (gíria, técnica);- A língua escrita pode ser: não-literária - língua-padrão, coloquial, vulgar ou inculta, regional ou grupal (gíria, técnica); literária.

Para nós, seria mais importante abordarmos a língua escrita como um reflexo de nossas atividades de investigação e prática da comunicação.

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Português InstrumentalAssim, a língua escrita não-literária apresenta as mesmas características das

variantes da língua, tais como língua-padrão, coloquial, inculta ou vulgar, regional, grupal, incluindo a gíria e a técnica e tem as mesmas finalidades e registros, conforme exemplificaremos a seguir:

- A língua-padrão é aquela que obedece a todos os parâmetros gramaticais.“O problema que constitui objeto da presente obra põe-se, com evidente

principalidade, diante de quem quer que enfrente o estudo filosófico ou o estudo só científico do conhecimento. Porém, não é mais do que um breve capítulo de gnoseologia.”

- A língua coloquial permite o uso de palavras cujo valor semântico é compreensivo, mas não se situa dentro dos parâmetros da regra gramatical.

“-Me faz um favor: vai ao banco pra mim.”

- A língua vulgar ou inculta reflete uma inobservância das convenções gramaticais, pois envolve o mundo livre, solta e até natural da comunicação escrita.

“Qejo (queijo), Basora (vassoura), Assucar (açúcar)”.

- A língua regional aponta o uso de termos e expressões típicos de uma localidade espacial. Seu emprego não implica necessariamente um confronto com as normas padrão.

“Deu-lhe com a boleadeira nos cascos, e o piá correu mais que parelheiro em cancha reta.”

- A língua grupal (gíria ou técnica) é uma língua hermética, porque pertence a grupos fechados. Há a gíria policial, a dos jovens etc.

“O negócio agora é comunicação, e comunicação o cara aprende com o material vivo, descolando um papo legal. Morou?”

- A língua técnica se restringe aos termos e expressões pertinentes a um campo do conhecimento específico que exige o uso de um vocabulário apropriado e específico.

“O materialismo dialético rejeita o empirismo idealista e considera que as premissas do empirismo material são justas no essencial”.

Mais a frente, encontraremos uma distinção entre linguagem denotativa e conotativa. Denotativa, pois é o sentido real, objetivo, aquele que aparece nos dicionários. O sentido conotativo expressa o significado emocional ou avaliativo de acordo com as experiências de cada um.

CAMPOS LEXICAIS E CAMPOS SEMÂNTICOS

Damos o nome de léxico ao conjunto de palavras de uma língua. Nenhum falante tem o domínio completo do léxico da língua que fala, porque, além de muito amplo, ele é um conjunto aberto, ou seja, a cada dia surgem palavras novas que a ele se incorporam e palavras que dele desaparecem.

Dentro desse conjunto podem-se observar campos lexicais, que são subconjuntos formados por palavras pertencentes a uma mesma área do

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Português Instrumentalconhecimento ou de interesse. Observe alguns exemplos de campos lexicais:

- campo lexical do Direito: mandado, arrolamento, custas, emolumentos, agravo, alçada, ementa, anotocismo, etc.

- campo lexical do futebol: gol, pênalti, escanteio, zagueiro, etc.

- campo lexical da Economia: deflação, déficit, superávit, juros, cambial, etc.

O léxico de uma língua é virtual. Nele vamos buscar as palavras que pretendemos usar em nossos textos. Quando uma palavra do léxico se materializa em um determinado texto, temos o vocabulário. Dessa forma, podemos dizer vocabulário de Macho de Assis ou vocabulário de Fernando Pessoa para nos referirmos às palavras do léxico que foram utilizadas por esses escritores.

Damos o nome de campo semântico ao conjunto dos empregos de uma palavra num determinado contexto. Dessa forma, o campo semântico de uma determinada palavra é dado pelas diversas nuances de significado que ela assume. Num mesmo texto, a palavra justiça pode ser utilizada com significações diversas, como "aquilo que é conforme ao Direito", "a faculdade de julgar segundo a consciência", "o Poder Judiciário", etc. As diversas acepções que essa palavra toma serão dadas pelas relações dela com outras palavras do mesmo texto. Os textos em prosa sejam eles narrativos descritivos ou dissertativos, são estruturados geralmente em unidades menores, os parágrafos, identificados por um ligeiro afastamento de sua primeira linha em relação à margem esquerda da folha. Possuem extensão variada: há parágrafos longos e parágrafos curtos. O que vai determinar sua extensão é a unidade temática, já que cada idéia exposta no texto deve corresponder a um parágrafo.

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COERÊNCIA TEXTUAL

Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, convencer, discordar, ordenar, etc., ou seja, o texto é uma unidade de significado produzida sempre com uma determinada intenção. Assim como a frase não é uma simples sucessão de palavras, o texto também não é uma simples sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos um texto em que há coerência.

A coerência (do latim cohaerentia: o que está junto ou ligado) estárelacionada à inteligibilidade do texto. Textos coerentes são resultados de um planodefinido, que requer idéias ordenadas e ligadas de maneira clara e lógica. Semcoerência é impossível alcançar unidade: é preciso que as idéias se ajustem e secompletem de maneira harmoniosa.

“A coerência seria a possibilidade de estabelecer, no texto, alguma forma de unidade ou relação. Essa unidade é sempre apresentada como uma unidade de sentido no texto, o que caracteriza a coerência como global, isto é, referente ao texto como um todo.” (Ingedore Villaça KOCH e Luiz Carlos TRAVAGLIA. Texto e Coerência, pp. 11-12).

Texto (do latim textu, tecido) significa, de acordo com o dicionário Aurélio,um “conjunto de palavras, de frases escritas”. Com base nisso, é preciso que sepromova entre as partes do texto uma relação de dependência (as idéias ganhamsentido de acordo com as relações que mantêm entre si e o texto). A unidadetextual é indispensável à coerência.

Então, na construção de um texto, assim como na fala, usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão do que se lê / diz

A construção textual deve ser a construção de um todo compreensível aos olhos do leitor. A coerência textual é o instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele, sem quebrar a linha de raciocínio.

Cada palavra tem seu sentido individual, quando elas se relacionam elas montam outro sentido. O mesmo raciocínio vale para as frases, os parágrafos e até os textos. Cada um desses elementos tem um sentido individual e um tipo de relacionamento com os demais. Caso estas relações sejam feitas da maneira correta, obtemos uma mensagem, um conteúdo semântico compreensível.

Esses mecanismos lingüísticos que estabelecem a conectividade e a retomada do que foi escrito / dito são os referentes textuais e buscam garantir a coesão textual para que haja coerência, não só entre os elementos que compõem a oração, como também entre a seqüência de orações dentro do texto.

Essa coesão também pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores que os participantes do processo têm com o tema. Por exemplo, o uso de uma determinada sigla, que para o público a quem se dirige

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Português Instrumentaldeveria ser de conhecimento geral, evita que se lance mão de repetições inúteis.

A coerência é também resultante da adequação do que se diz ao contexto extra-verbal, ou seja, àquilo o que o texto faz referência, que precisa ser conhecido pelo receptor.

Ao ler uma frase como "No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar", percebemos que ela é incoerente em decorrência da incompatibilidade entre um conhecimento prévio que temos da realizada com o que se relata. Sabemos que, considerando uma realidade "normal", em Fortaleza não neva (ainda mais no verão!).

Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o exemplo acima poderia fazer sentido, dando coerência ao texto - nesse caso, o contexto seria a "anormalidade" e prevaleceria a coerência interna da narrativa. No caso de apresentar uma inadequação entre o que informa e a realidade "normal" pré-conhecida, para guardar a coerência o texto deve apresentar elementos lingüísticos instruindo o receptor acerca dessa anormalidade.

Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu de o décimo andar e não sofreu nenhum arranhão." é coerente, na medida em que a frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormalidade do fato narrado.

Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoerência é resultado do mau uso daqueles elementos de coesão textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Construído com os elementos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.

Nas palavras do mestre Evanildo Bechara (1), “o enunciado não se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.

Desta lição, extrai-se que não se deve escrever frases ou textos desconexos – é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que essas frases estejam coesas e coerentes formando o texto.

Além disso, relembre-se que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre os elementos que compõem a estrutura textual.

Obstáculos à COERÊNCIA (devem ser evitados)

1) Presença de contradições entre frases ou entre parágrafos. Por exemplo, sevocê for defender, num texto, a total liberdade de expressão, não caberia apoiarmedidas que propõem censura à televisão ou a qualquer outro meio decomunicação, isso resultaria em contradição.

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Português Instrumental2) Falta de encadeamento argumentativo: os argumentos precisam estar emharmonia entre si. Para garantir isso, você deverá selecionar adequadamenteevidências, exemplos e justificativas a serem integrados em seu texto. Só hásentido em confrontar argumentos quando o objetivo é demonstrar que osargumentos que sustentam o seu ponto de vista são melhores que os opostos.Num texto dissertativo não cabe apresentar prós e contras em relação a um pontode vista (isso pode resultar em contradições que impedirão o leitor de conhecer oreal posicionamento do autor), pois supõe-se que o autor escreva para convencero seu leitor de que a posição que defende é a melhor.

3) Circularidade ou quebra de progressão discursiva: a falta de idéias não raroleva à redundância - recurso que consiste em apresentar as mesmas idéias,mudando apenas as palavras. Dessa forma, o texto não progride, não avança.Deve-se, ainda, evitar o “vai-e-vem” (abordar um enfoque, interrompê-lo e voltar aabordá-lo noutro parágrafo). Esgote cada enfoque antes de passar ao seguinte.

4) Conclusão não decorrente do que foi exposto: é importante ordenarlogicamente as idéias, encadeá-las coerentemente. Para tanto, não se podeperder de vista a idéia central do texto (em torno da qual todos os argumentosdevem girar). Assim, à introdução segue-se o desenvolvimento, que por sua vezconduzirá a uma conclusão que esteja em consonância com o que foi defendidoao longo do texto.

NONSENSE – ORAÇÔES INCOMPLETAS

É um defeito muito freqüente em principiantes a utilização da subordinação,que, por sua estrutura, favorece à prolixidade. As orações subordinadas tornam operíodo longo e recheado de orações intercaladas que se envolvem eemaranham. Muitas vezes, acontece de o redator inexperiente perder a oraçãoprincipal e a frase ficar incompleta em seu sentido.Exemplo de frase incompleta:

Estando próximo de suas férias, por motivos óbvios e para tomar conhecimentodos fatos e viajar sossegado, pois nos anos anteriores viajara e ficara preocupado.48

A frase está incompleta, pois lhe falta a oração principal.

Exemplo de frase completa:

Estando próximo de suas férias, o diretor recomendou que os relatórios lhe fossemenviados até 15 de dezembro.

No primeiro exemplo, o acúmulo de orações subordinadas fez o redator esquecer-se da oração principal. No segundo: à oração subordinada segue imediatamente a principal, o que favorece a compreensão.

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A construção de períodos sem nexo sintático e sem sentido provém da omissão de uma das orações que compõem esses períodos. Isto quase sempre ocorre porque se esquece da oração principal, quando o período começa por oraçãoreduzida. O comprimento do período e a intercalação de orações subordinadasfazem com que se perca o nexo sintático, e a construção fica mutilada.

Exemplo:

Chegada à tarde de domingo, quando todos já estavam cansados de tanto beber,em virtude da comemoração do aniversário do filho que fazia cinco anos e viviafeliz entre seus brinquedos.

É evidente que a frase não terminou, pois o redator se esqueceu da oraçãoprincipal e colocou ponto final no período, deixando de dizer o mais importante,que poderia ser: "a família dispersou-se e todos voltaram para suas casas”.

COESÃO TEXTUAL

Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os elementos de um texto. Percebemos tal definição quando lemos um texto e verificamos que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao outro. Os elementos de coesão determinam a transição de idéias entre as frases e os parágrafos.

Observe a coesão presente no texto a seguir:

“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras. Porém, o ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-terra.”

As palavras destacadas no texto têm o papel de ligar as partes do texto, podemos dizer que elas são responsáveis pela coesão do texto. Há vários recursos que respondem pela coesão do texto, os principais são:

Palavras de transição: são palavras responsáveis pela coesão do texto, estabelecem a inter-relação entre os enunciados (orações, frases, parágrafos), são preposições, conjunções, alguns advérbios e locuções adverbiais. Veja algumas palavras e expressões de transição e seus respectivos sentidos:

- inicialmente (começo, introdução) - primeiramente (começo, introdução) - primeiramente (começo, introdução) - antes de tudo (começo, introdução) - desde já (começo, introdução) - além disso (continuação) - do mesmo modo (continuação) - acresce que (continuação) - ainda por cima (continuação)

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Português Instrumental- bem como (continuação) - outrossim (continuação) - enfim (conclusão) - dessa forma (conclusão) - em suma (conclusão) - nesse sentido (conclusão) - portanto (conclusão) - afinal (conclusão) - logo após (tempo) - ocasionalmente (tempo) - posteriormente (tempo) - atualmente (tempo) - enquanto isso (tempo) - imediatamente (tempo) - não raro (tempo) - concomitantemente (tempo) - igualmente (semelhança, conformidade) - segundo (semelhança, conformidade) - conforme (semelhança, conformidade) - assim também (semelhança, conformidade) - de acordo com (semelhança, conformidade) - daí (causa e conseqüência) - por isso (causa e conseqüência) - de fato (causa e conseqüência) - em virtude de (causa e conseqüência) - assim (causa e conseqüência) - naturalmente (causa e conseqüência) - então (exemplificação, esclarecimento) - por exemplo (exemplificação, esclarecimento) - isto é (exemplificação, esclarecimento) - a saber (exemplificação, esclarecimento) - em outras palavras (exemplificação, esclarecimento) - ou seja (exemplificação, esclarecimento) - quer dizer (exemplificação, esclarecimento) - rigorosamente falando (exemplificação, esclarecimento).

Coesão por referência: existem palavras que têm a função de fazer referência, são elas: - pronomes pessoais: eu, tu, ele, me, te, os... - pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso... - pronomes demonstrativos: este, esse, aquele... - pronomes indefinidos: algum, nenhum, todo... - pronomes relativos: que, o qual, onde... - advérbios de lugar: aqui, aí, lá...

Coesão por substituição: substituição de um nome (pessoa, objeto, lugar etc.), verbos, períodos ou trechos do texto por uma palavra ou expressão que tenha sentido próximo, evitando a repetição no corpo do texto. Ex: Porto Alegre pode ser substituída por “a capital gaúcha”; Castro Alves pode ser substituído por “O Poeta dos Escravos”; João Paulo II: Sua Santidade;

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Português InstrumentalVênus: A Deusa da Beleza.

Assim, a coesão confere textualidade aos enunciados agrupados em conjuntos.

Por Marina CabralEspecialista em Língua Portuguesa

Recomendações para garantir a coesão textual

1) Estruture o texto numa seqüência lógica.

2) Estabeleça relações entre frases e entre os parágrafos.

3) Faça uma revisão do texto: se houver necessidade, reescreva suas partes,altere suas posições para tornar o conjunto inteligível.

4) Ao fazer a revisão de seu texto, tente se colocar na posição de seus possíveisleitores, observe se a expressão de suas idéias está clara, de fácil compreensão,para o outro.

Faça uma reflexão sobre este pensamento de Millôr Fernandes, tenteaplicá-lo ao redigir seus textos:“Pra escrever bem não é preciso muitas palavras, só saber como combiná-las.Pense no xadrez.”

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ESTRUTURA TEXTUAL

Em qualquer estilo de redação; dissertativa, descritiva ou narrativa, a estrutura textual indica a maneira como foram planejadas, organizadas, hierarquizadas e seqüenciadas as idéias encontradas no texto. Como elemento, também, representativo do conteúdo das idéias, as frases ou orações devem ter clareza, concisão e harmonia entre si para uma correlação lógica com a funcionalidade e finalidade do texto.

Para montar um texto, necessita-se ter uma idéia. Dessa idéia, forma-se uma palavra; dessa palavra, um parágrafo; esses parágrafos transformam-se num texto. Para criar um texto, precisa-se concordar com a idéia. Isso tece em unidades do começo ao final até chegar à produção da escrita. Na seguinte citação explica melhor:

O primeiro parágrafo (parágrafo-chave) é sempre o mais importante. Portanto, verifique se ele dá margem a uma boa expansão do tema. Nada sairá de um parágrafo-chave mal feito, em que se amontoam várias idéias ao mesmo tempo. Na organização de um texto, e fundamental a interligação entre os parágrafos. São eles que conduzem nosso processo reflexivo. Funcionam como partes de um todo e devem articular-se de forma perfeita para que a informação não se disperse. (VIANA, et. al, 1998, p.70)

Segundo Viana, et. al (1998, p,70-72), há dois técnicas para montar um texto, que são: articulação por desmembramento do primeiro parágrafo; articulação por introdução de elementos novos a cada parágrafo.

A primeira técnica é baseada no primeiro parágrafo, que consiste escolher uma ou duas palavras-chave; ou seja, substantivos concretos ou abstratos; para depois se prolongar em outras palavras-chave de cada parágrafo. Eles transitam com naturalidade, até construir a produção de texto, que é costurada a partir do parágrafo-chave. Mostrando o esquema: parágrafo-chave é centrado numa ou dois conceitos(palavras-chave)à prolonga-se em outras palavras para formar cada um dos parágrafosà na conclusão,resumir o texto iniciando com coesão

O segunda técnica é baseada por encadeamento dos parágrafos, o parágrafo leva-se para um novo conceito que será o começo do seguinte, no entanto sem perder as palavras-chave do parágrafo principal. E, no final do texto, concluir, retomar o problema principal do parágrafo-chave.

Muitos autores dizem que é importante ter a idéia mentalmente. Talvez é bom um planejamento ou listar as palavras-chave com que vai introduzir o texto. É importante não perder de vista coerência e coesão; porém, o parágrafo final deve reconstruir toda a produção da escrita para finalizá-lo. Para que isso se realize, leia de novo a redação, a fim de ter uma seqüência lógica até o final.

Alguns textos mostram o ponto de vista de quem o escreve (chamados textos argumentativos). O autor tem sempre uma proposta a ser discutida para poder chegar a uma conclusão sobre o assunto. texto deve demostrar uma seqüência lógica, que resulte um bom domínio de sua arquitetura e do conhecimento da realidade. Deve-se levar em conta o pensamento ordenado e a coesão na mente

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Português Instrumentalsentirá resultados satisfatórios. Desde que o tema seja de seu domínio e o estudante tenha conhecimento dos princípios de coesão e da estruturação dos parágrafos, as dificuldades de escrever serão bem menos.

É importante que se leia tudo o que for possível sobre o tema a ser desenvolvido para que sua posição seja firme e bem fundamentada.

Frase e Oração

Frase é todo enunciado suficiente em si mesmo para estabelecer comunicação, segundo Othon M. Garcia.

Oração encera uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um período, completando um pensamento e concluindo o enunciado através de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns casos, através de reticências. De modo mais objetivo, ela é composta de várias frases que ajudam na exposição/compreensão da idéia.

Dentre os diversos tipos de frase, um interesse em especial recai nas frases nominais e frases labirínticas ou centopeica.

- Frases nominais – São constituídas apenas por nomes sem a presença do verbo que indique a ação do sujeito

“Muito riso, pouco siso”.

- Frases labirínticas ou centopeica – São frases rebuscadas, com períodos repetidos, prolixas.

“Como merecedor da vez da fala, eu, de todo profundo, me sinto enaltecido e lisonjeado pela vez concedida por ti, nobre colega. Vindo a vez de ti, me coloco em louvor por receber a graça de minha vez. Por falar nisso, não posso esquecer de agradecer aos céus ser o receptor da dádiva de receber a vez da fala de quem esses lindos olhos maravilhosos”.

Nós devemos ter muito cuidado para não usarmos uma frase que não combina com o fluxo linear (direto e objetivo) das idéias. Devemos evitar falar sem dizer nada.

Toda frase ou oração dever, preterivelmente, ser uma portadora de um raciocínio lógico, eficiente e coeso para que ela possa cumpre o seu papel de expor de maneira adequada a idéia do autor.

Assunto

Delimitar um aspecto acerca do tema proposto é importante para uma boa abordagem do assunto. Não se poderá fazer uma análise aprofundada se o tema for amplo, por isso especifica-se o assunto a ser tratado.

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Page 18: Apostila de Português

Português InstrumentalA escolha do aspecto, entretanto, não pode restringir demais o tema ou corre-

se o risco da falta de idéias.

Essa delimitação deve ser feita na introdução e, a partir daí, o leitor sabe que aquele aspecto será explorado no decorrer do texto e a conclusão fará menção direta a ele.

Então qualquer pessoa que quer chegar a uma meta deve planejar, pois isso levará a resultados positivos. A pergunta é: Por quê é importante planejar? É importante para não se perder no trabalho a realizar, é preparar, um roteiro que nos ajude aprimorar nossas idéias. Essas não estão concretas, precisa-se plasmá-las no papel ou na mente, Pois para planejar um texto é preciso esquematizar o que você pretende dizer; essa é a base de todo o processo, aqui o autor do texto precisa maior colaboração; no entanto, o orientado do texto (chamamos assim ao invês de ‘professor de língua portuguesa’) deve dar ênfases à pré-escrita, porque é a fase que menos dá atenção para construir um bom texto.

O que é à pré-escrita? É o processo do autor para não se perder no caminho, antes de começar a redigir, isto traz segurança para o começo até o final do texto, porém cada autor age diferente. Como se expressa, Bernardo (2000, p, 64-65), "Se o escritor deixa claro logo no início do texto como ele está organizado, fica mais fácil para quem lê compreender qual a hipóteses a ser comprovada e como isto será feito". Isto comprova que para realizar uma produção de texto, o autor deve mencionar o tipo de raciocínio, ou seja, silogístico, dedutivo, indutivo; se o escritor não revela como está trabalhando, cabe o leitor realizá-lo.

No livro, técnica de redação, há um exemplo de como o autor tem em mente alguns detalhes de planejar o texto:

· Quais os objetivos do texto; · Qual é o assunto em linhas gerais; · Qual o gênero mais adequado aos objetivos; · Quem provavelmente vai ler; · Que nível de linguagem deve ser utilizado; · Que grau de subjetividade ou de impessoalidade deve ser atingido; · Quais as condições práticas de produção: tempo, apresentação, formato. (GARCEZ, 2001, p,15)

Isso que dizer que para planejar se precisa uma lista de ideias. Pode ser em forma de perguntas ou chuvas de idéias e mapa de idéias. Se, o discente o faz não tem como errar, porque levará a seqüência de pensamento até o final.

Em outras palavras:

· O tema responde à pergunta o que quero comunicar? É a identificação da idéia central ou teses que vai a condicionar o desenvolvimento do texto; · O propósito responde à pergunta por que vou a comunicar isso?, Para isso tem que saber se vou informar, persuadir, explicar, instruir, descrever; · A audiência responde à pergunta a quem vou comunicar? Para quem escrevo? ; Para crianças, adolescentes, adultos, e assim por adiante.

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Português Instrumental· O tipo de texto a selecionar, obviamente depende das respostas às três perguntas anteriores; · Obtenção da informação-livros, revistas, Internet, jornais... O estudante deve saber essa informação do professor que quando chegue a escrever não tenha nenhuma dificuldade para redigir qualquer texto. O discente se sentirá contente por haver conseguido redigir seu texto.

No livro técnica de redação, há algumas considerações sobre o ato de escrever. São elas: · Fazer uma lista de palavras-chave; · Anotar tudo o que vem à mente, desordenadamente, para depois cortar e ordenar; · Escrever a idéia principal e as secundárias em frases isoladas para depois interligá-las; · Construir um primeiro parágrafo para desbloquear e depois ir desenvolvendo as idéias ali expostas. (GARCEZ, 2001, p. 17)

Se o aluno souber o que é uma palavra-chave, uma idéia principal e secundária para depois colocá-las no primeiro parágrafo como um teste, ele conseguirá redigir.

Um exemplo:

Tema geral = assunto: Hotel

Delimitação do assunto: tema específico- Recebimento de turistas no hotel 1. Chegada de turistas; 2. Cumprimento do capitão ou mensageiro; 3. Mensageiro acompanha o turista e leva as malas ao balcão, e dirige-as na recepção; 4. Check-in e pagamento; 5. Mensageiro leva suas malas ao departamento; 6. Hóspede descansa; 7. Check-out. Seguinte passo é ordenar as idéias , hierarquizando-as. · Palavras-chave: mensageiro, hóspede, hotel, recepcionista, check-in, chek-out. · Propósito: tratamento efetivo· Audiência: pessoas que trabalham no hotel · Tipo de texto: informativo

Idéias principais:

· Os turistas gostam do tratamento formal no hotel. · Se receber bem, chegarão outros ao hotel. · Dá-se calor, terá gorjeta para todos.

As idéias secundárias são conseqüências das idéias principais. Escrever sem planejamento é ter um duplo trabalho. Para redigir um parágrafo se precisa entender a definição. Quando se fala de parágrafo, está-se interrelacionado de todas as

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Português Instrumentalpartes de um tudo. Em outras palavras tem unidade com o tema e períodos, que desenvolve uma idéia de sentido completo e independente; para depois paragrafar.Para fazer uma seqüência de palavras-chave, depois vem a hierarquização de idéias, ou seja, ordená-las e selecioná-las as melhores, e colocando-as em ordem de importância. A seguinte citação comprova isto:

[...] quando se trata de escrever um texto não-literário, há procedimentos comuns: geração, hierarquização e ordenação das idéias. Na seleção, escolhemos o que vamos dizer e o que não vamos dizer. Na hierarquização, decidimos a ênfase a ser dada a cada idéia e a submissão de uma idéia à outra. Na ordenação, estabelecemos como organizar a articulação entre as idéias. (GARCEZ, 2001, p.93)

Na hora de organizar essas informações, o redator terá em mente que pode mudar o plano de idéias, pois, quanto mais detalhado o plano, mais fácil o texto.

Veja a seguir outro tipo de roteiro. Siga os passos:

1) Interrogue o tema;2) Responda-o de acordo com a sua opinião;3) Apresente um argumento básico; 4) Apresente argumentos auxiliares;5) Apresente um fato-exemplo;6) Conclua.

Vamos supor que o tema de redação proposto seja: Nenhum homem vive sozinho. Tente seguir o roteiro:

1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum homem vive sozinho?

2. Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando (ou concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto de vista.

3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal.

4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes serão os argumentos auxiliares.

5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato-exemplo geralmente dá força e clareza à argumentação. Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferenciando-o dos demais.

6. A partir desses elementos, você terá o rascunho de sua redação.

Dicas para fazer uma boa

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redação

Atualmente, a prova de redação é um diferencial importante na classificação em concursos. Para garantir um bom resultado em seus textos, não deixe de ler as dicas que selecionamos.

SIMPLICIDADE

Use palavras conhecidas e adequadas. Para ter um bom domínio do texto, prefira frases curtas. Cuidado para não mudar de assunto de repente. Conduza o leitor de maneira leve pela linha de argumentação.

CLAREZA

O segredo está em não deixar nada subentendido, nem imaginar que o leitor sabe o que você quer dizer. Evidencie todo o conteúdo da sua escrita. Lembre-se: você está comunicando a sua opinião, falando de suas ideias, narrando um fato. O mais importante é fazer-se entender.

OBJETIVIDADE

Você tem que expressar o máximo de conteúdo com o menor número de palavras possíveis. Por isso, não repita ideias, não use palavras em excesso buscando aumentar o número de linhas. Concentre-se no que é realmente necessário para o texto.

UNIDADE

Não esqueça, o texto deve ter unidade, por mais longo que seja. Você deve traçar uma linha coerente do começo ao final do texto. Não pode perder de vista essa trajetória. Por isso, muita atenção no que escreve para não se perder e fugir do assunto. Eliminar o desnecessário é um dos caminhos para não se perder.

COERÊNCIA

A coerência entre todas as partes do texto é fator primordial para a boa escrita. É necessário que as partes formem um todo. Estabeleça uma ordem para que as idéias se completem e formem o corpo da narrativa. Explique, mostre as causas e as conseqüências.

ORDEM

Obedecer a uma ordem cronológica é uma maneira de acertar sempre, apesar de não ser criativa. Nesta linha, parta do geral para o particular, do objetivo para o subjetivo, do concreto para o abstrato. Use figuras de linguagem para que o texto fique interessante. As metáforas também enriquecem a redação.

ÊNFASE

Procure chamar a atenção para o assunto com palavras fortes, cheias de significado, principalmente no início da narrativa. Use o mesmo recurso para

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Page 22: Apostila de Português

Português Instrumentaldestacar trechos importantes. Uma boa conclusão é essencial para mostrar a importância do assunto escolhido. Remeter o leitor à idéia inicial é uma boa maneira de fechar o texto.

LEIA E RELEIA

Lembre-se, é fundamental pensar, planejar, escrever e reler seu texto. Mesmo com todos os cuidados, pode ser que você não consiga se expressar de forma clara e concisa. A pressa pode atrapalhar. Com calma, verifique se os períodos não ficaram longos, obscuros. Veja se você não repetiu palavras e idéias. À medida que você relê o texto, essas falhas aparecem, inclusive, erros de ortografia e acentuação. Não se apegue ao escrito. Refaça, se for preciso.

Esse pequeno esboço serve para nos ajudar a organizar e estruturar a nossa idéia e como colocá-la em um papel. Evidentemente, há maneiras diferentes de se formatar um texto, contudo sempre será bom partir de um começo que de ênfase a um planejamento e uma organização.

Veja um quadro explicativo:

Tema

Assunto Idéias Idéias

Hierarquia (coesão e coerência entre as idéias)

Organização e Estruturação Organização e Estruturação (onde cada idéia entra e como é estruturada)

Texto

Veja o que diz Maria Teresa Serafini em “Como Escrever Textos”, capítulo 3. Nessa fase da elaboração textual, ela denomina ‘Produção de Idéias’:

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PARÁGRAFOS

A maneira de organizar um texto recai sobre os elementos - partes - que são necessários para construí-lo. Assim, um texto utiliza a estrutura de parágrafos para compor, integrar e conectar idéias que serão expostas no texto.

Othon M. Garcia em ‘Comunicação em prosa moderna’ diz o seguinte sobre esse elemento estrutural do texto: "O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um período em que desenvolve determinada idéia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela".

Complementando o diz Othon, quando se utiliza parágrafos nos textos, o autor aborda novos enfoques sobre o assunto que o texto abrange. Isso indica que podemos ter um conjunto de parágrafos que tratam de determinada(s) idéia(s) sem que eles estejam mudando o assunto abordado. Ele deve ser o mesmo, do princípio ao fim do texto. A cada novo enfoque, a cada nova abordagem, novo parágrafo.

Citaremos como exemplo o seguinte plano de idéias:

- Assunto: Educação Universitária;- idéias A: Acesso;- Idéias B: Preço;- Idéias C: Disciplinas:- Idéias D: Mercado de trabalho.

Dessa forma, podemos dizer que para falarmos (desenvolvermos) o assunto, iremos dividir o texto em um conjunto de idéias (conjunto de parágrafos) para acesso, outro conjunto de idéias (conjunto de parágrafos) para preço, e assim por diante. Dessa forma, o texto (assunto) conterá vários conjuntos de parágrafos, cada um deles com um conteúdo que auxiliará na exposição e compreensão da idéia do texto, que se interagem para fortalecer e esclarecer o que o autor pretendia expressar.

O parágrafo apresenta algumas partes bem distintas em sua estrutura interna; essas são: introdução, desenvolvimento e conclusão.

É importante apontar que há uma parte muito importante no parágrafo; tópico frasal. Ele representa a idéia-núcleo de cada parágrafo, podendo ser uma frase, uma oração inteira. Ele sintetiza a idéia do parágrafo.

É comum haver um tópico frasal na parte introdutória do texto resumindo a idéia principal do texto, levando à compreensão do assunto que será tratado no texto.

Tópico frasal

A idéia central do parágrafo é enunciada através do período denominado

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Page 24: Apostila de Português

Português Instrumentaltópico frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é o período mestre, que contém a frase-chave.

Como o enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a idéia central com o potencial de gerar idéias-filhote; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação ou negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe desdobramento ou explicação.

A idéia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo, seguida de outros períodos que explicam ou detalham a idéia central.

Exemplos:

Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltrátá-los. O modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que paciência e muitos exercícios são os principais meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode exigir mais do que é esperado.

As partes distintas do parágrafo são apresenta na seguinte estrutura:

a) introdução - também denominada tópico frasal, é constituída de uma ou duas frases curtas, que expressam, de maneira sintética, a idéia principal do parágrafo, definindo seu objetivo;

b) desenvolvimento - corresponde a uma ampliação do tópico frasal, com apresentação de idéias secundárias que o fundamentam ou esclarecem;

c) conclusão - nem sempre presente, especialmente nos parágrafos mais curtos e simples, a conclusão retoma a idéia central, levando em consideração os diversos aspectos selecionados no desenvolvimento.

Nos textos, os parágrafos são estruturados a partir de uma idéia que normalmente é apresentada em sua introdução, desenvolvida e reforçada por uma conclusão.

É claro que essa divisão não é absoluta. Dependendo do tema proposto e da abordagem que se dê a ele, ela poderá sofrer variações. Mas é fundamental que você perceba o seguinte: a divisão de um texto em parágrafos (cada um correspondendo a uma determinada idéia que nele se desenvolve) tem a função de facilitar, para quem escreve a estruturação coerente do texto e de possibilitar, a quem lê, uma melhor compreensão do texto em sua totalidade.

Eis, em síntese, o que você deve observar para escrever um parágrafo:

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Page 25: Apostila de Português

Português InstrumentalUm parágrafo é formado por vários períodos. Dentro das orações deve haver

unidade, para formar um todo, já que, em cada um, se colocará um tema e uma palavra-chave de peso. Se essa idéia principal fosse vaga, confundiria cada unidade de pensamento. Também se deve evitar palavras soltas, sem coesão com o assunto, pois quando se exploram vários pensamentos, a produção de textos fica incoerente.

Novamente, Maria Teresa Serafini em ‘Como Escrever Textos’, em seu capítulo 4 - Produção do Texto - nos falará um pouco mais sobre parágrafo, abordando algumas estruturas que são possíveis de serem utilizadas em sua elaboração.

Vejamos o que ela diz nas páginas desse capítulo.

Capítulo IIDISSERTAÇÃO

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Introdução

A folha em branco, o tempo passando. As unhas roídas, o tema dado e nenhuma idéia. Muitas pessoas já passaram por uma situação semelhante, em que não sabiam absolutamente por onde começar a escrever sobre determinado assunto.

Escrever pode ser fácil para qualquer pessoa, desde que esta queira se empenhar para tanto. Não há mágicas ou fórmulas práticas para aprender a escrever. Na verdade, é um trabalho que depende sobremaneira do empenho do interessado em aprender.

Para este intento, algumas dicas práticas podem ser dadas para auxiliar, mas nada substitui a necessidade de escrever sempre. O ato da escrita deve se tornar algo natural, a fim de afastar o fantasma do “branco total”. Além disso, a leitura e a atualização de informações também colaboram muito na qualidade do texto.

O objetivo da redação é chegar a um texto que será tão repleto de escolhas pessoais (idéias, palavras, estruturas frasais, organização, exemplos) que, até partindo de um mesmo assunto geral, milhares de pessoas podem chegar a um bom resultado apresentando trabalhos nitidamente diferentes.

Muitas vezes, as maiores dificuldades estão na concretização das idéias no papel. Para auxiliar neste processo, a apostila conta também com um suporte de Língua Portuguesa. A preocupação aqui não é de nomenclaturas ou classificações, o que teve relevo foi a funcionalidade lingüística no momento da escrita.

Alguns pontos merecem destaque especial para um aprimoramento da escrita:

ler mais; adquirir o hábito de escrever; pontuar adequadamente; organizar idéias; construir períodos mais curtos.

O que é Dissertação

Dissertar é um ato praticado pelas pessoas todos os dias. Elas procuram justificativas para a elevação dos preços, para o aumento da violência nas cidades, para a repressão dos pais. É mundial a preocupação com a bomba atômica, a AIDS, a solidão, a poluição. Muitas vezes, em casos de divergência de opiniões, cada um defende seus pontos de vista em relação ao futebol, ao cinema, à música.

A vida cotidiana traz constantemente a necessidade de exposição de idéias pessoais, opiniões e pontos de vista. Em alguns casos, é preciso persuadir os outros a adotarem ou aceitarem uma forma de pensar diferente. Em todas essas situações

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Page 27: Apostila de Português

Português Instrumentale em muitas outras, utiliza-se a linguagem para dissertar, ou seja, organizam-se palavras, frases, textos, a fim de, por meio da apresentação de idéias, dados e conceitos, chegar a conclusões.

Em suma, dissertação implica discussão de idéias, argumentação, organização do pensamento, defesa de pontos de vista, descoberta de soluções. É, entretanto, necessário conhecimento do assunto que se vai abordar, aliado a uma tomada de posição diante desse assunto.

Para tanto, formulamos uma tese interessante, que será desenvolvida com eficientes argumentos, até atingir a última etapa da estrutura dissertativa: a conclusão. Assim, as idéias devem estar articuladas numa seqüência que conduza logicamente ao final do texto.

Então Dissertação é:

1) Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito de um determinado tema, expressando o ponto de vista de quem escreve em relação a esse tema. Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira convincente, ou seja, de maneira que elas sejam compreendidas e aceitas pelo leitor; e isso só acontece quando tais opiniões estão bem fundamentadas, comprovadas, explicadas, exemplificadas, em suma: bem ARGUMENTADAS* (argumentar= convencer, influenciar, persuadir). A argumentação é o elemento mais importante de uma dissertação.

* No decorrer da apostila veremos a Argumentação com mais detalhes e fundamentações.

2) Dissertar é desenvolver uma idéia, uma opinião, um conceito ou tese sobre um determinado assunto.

Dissertar é:

I. Expor um assunto, esclarecendo as verdades que o envolvem, discutindo a problemática que nele reside;

II. Defender princípios, tomando decisões

III. Analisar objetivamente um assunto através da seqüência lógica de idéias;

IV. Apresentar opiniões sobre um determinado assunto;

V. Apresentar opiniões positivas e negativas, provando suas opiniões, citando fatos, razões, justificativas.

Sendo a dissertação uma série concatenada de idéias, opiniões ou juízos, ela sempre será uma tomada de posição frente a um determinado assunto - queiramos ou não.

Procurando convencer o leitor de alguma coisa, explicar a ele o nosso ponto de vista a respeito de um assunto, ou simplesmente interpretar um idéia, estaremos sempre explanando as nossa opiniões, retratando os nosso conhecimentos, revelando a nossa intimidade. É por esse motivo que se pode, em menor ou maior grau, mediar a cultura (vivência, leitura, inteligência...) de uma pessoa através da dissertação.

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Podemos contar uma estória (narração) ou apontar características fundamentais de um ambiente (descrição) sem nos envolvermos diretamente. A dissertação ao contrário, revela quem somos, o que sentimos, o que pensamos. Nesse ponto, tenha-se o máximo de cuidado com o extremismo. Temos liberdade total de expor nossas opiniões numa dissertação e o examinador salvo raras exceções - sabe respeitá-las. Tudo o que expusermos, todavia, principalmente no campo político e religioso, deve ser acompanhado de argumentações e provas fundamentais.

Podemos dizer que estamos construindo (escrevendo) um texto expositivo, no qual a intenção do autor não é defende um ponto-de-vista específico ou uma idéia, mas expor, apresentar informações, dados etc. com a finalidade de ‘dizer sobre algo’ sem ter uma posição definida sobre o conteúdo que está apresentando.

RESUMINDO

Dissertar é, através da organização de palavras, frases e textos, apresentar idéias, desenvolver raciocínio, analisar contextos, dados e fatos. Neste momento temos a oportunidade de discutir, argumentar e defender o que pensamos através da fundamentação, justificação, explicação, persuasão e de provas.

Dicas para escrever uma boa dissertação

1. Só abordar na introdução e na conclusão o que realmente estiver no desenvolvimento;

2. Evitar períodos muitos longos ou seqüências de frases muito curtas; 3. Evitar, nas dissertações tradicionais, dirigir-se ao leitor; 4. Evitar as repetições exageradas e umas próximas das outras, tanto de

palavras, quanto de informações; 5. Manter-se rigorosamente dentro do tema; 6. Evitar expressões desgastadas, "batidas"; 7. Utilizar exemplos e citações relevantes; 8. Não usar religião como argumento; 9. Fugir das palavras muito "fortes"; 10.Evitar gírias e termos coloquiais; 11.Evitar linguagem rebuscada; 12.Evitar a argumentação generalizadora e baseada no senso comum; 13.Não ser radical; 14.Ter cuidado com palavras duvidosas como coisa e algo, por terem sentido

vago; preferir elemento, fator, tópico, índice, item, etc.;15.Após o titulo de uma redação não colocar ponto; 16.Não usar chavões, provérbios, ditos populares ou frases feitas; 17.Não usar questionamentos no texto, sobretudo na conclusão; 18.Jamais usar a primeira pessoa do singular, a menos que haja uma solicitação

do tema; 19.Repetir muitas vezes as mesmas palavras empobrece o texto; lançar mão de

sinônimos e expressões que representem a idéia em questão;

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Page 29: Apostila de Português

Português Instrumental20.Somente citar exemplos de domínio público, sem narrar seu desenrolar,

fazendo somente uma breve menção.

Planejamento

Escrever não significa apenas preencher o papel com frases, mas também não se constitui num martírio. Um texto pressupõe simples operações anteriores, entre as quais está o planejamento.

Assim que se recebe uma proposta de redação, uma série de idéias sobre o assunto vem à cabeça. Devem-se registrar todos os pensamentos no papel. Fatos, informações, opiniões, um caso que aconteceu na sua rua, tudo deve ser anotado em forma de esquema. Não deve ser preocupação, nessa fase, a ordenação dessas idéias.

Esta primeira fase, denominada fluxo de idéias, é fundamental para a execução da redação. Muitas idéias anotadas talvez nem sejam utilizadas depois, enquanto outras idéias podem surgir adiante.

É claro que as idéias não irão aparecer do nada. Elas fazem parte de um repertório de opiniões, fatos, informações a que se está exposto todos os dias.

Partindo desse conjunto desordenado de idéias, pode-se perceber a possibilidade de agrupá-las segundo certas semelhanças. Uma divisão possível seria em causas, conseqüências e soluções.

Dica para captação de idéias: relacionar o tema proposto com a sociedade brasileira atual e fazer a pergunta “por que” a cada argumento levantado, a fim de promover uma reflexão mais profunda sobre o assunto.

Lembrar-se de que, ao redigir, não se deve esquecer de:

anotar todas as idéias, frases, palavras, sensações que surgirem sobre o tema;

fazer uma seleção das idéias que surgiram; pensar num plano para o texto, estruturando-o em

introdução, desenvolvimento e conclusão; revisar no rascunho, ao final, a grafia das palavras, a

pontuação das frases e a eufonia das palavras usadas, assim como a adequação vocabular ao contexto.

Partes de uma Dissertação

Introdução

Constitui o parágrafo inicial do texto e o número de linhas é indeterminado. Contudo, não será conveniente utilizar um grande número delas. É composta por

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Page 30: Apostila de Português

Português Instrumentaluma sinopse do assunto a ser tratado no texto. Não se pode, entretanto, começar as explicações antes do tempo. Todas as idéias devem ser apresentadas de forma sintética, pois é no desenvolvimento que serão detalhadas.

A construção da introdução pode ser feita de várias maneiras: constatação do problema

Ex.: O aumento progressivo dos índices de violência nos grandes centros urbanos está promovendo uma mobilização político-social.

delimitação do assunto Ex.: A cidade do Rio de Janeiro, um dos núcleos urbanos mais atrativos turisticamente no Brasil, aparece nos meios de comunicação também como foco de violência urbana.

definição do tema Ex.: Como um dos mais problemáticos fenômenos sociais, a violência está

mobilizando não só o governo brasileiro, mas também toda a população num esforço para sua erradicação.

Na construção da introdução, a utilização de um dos métodos apresentados não seria suficiente. Deve-se, num segundo período, lançar as idéias a serem explicitadas no desenvolvimento. Para tanto se pode levantar 3 argumentos, causas e conseqüências, prós e contras. Lembre-se de que as explicações e respectivas fundamentações de cada uma dessas idéias cabem somente ao desenvolvimento.

Observe alguns exemplos:

A televisão - Se por um lado esse popular veículo de comunicação pode influenciar o espectador, também se constitui num excelente divulgador de informações com potencial até mesmo pedagógico.(as três idéias: manipulador de opiniões, divulgador de informações e instrumento educacional).

Escassez de energia elétrica - Destacam-se como fatores preponderantes para esse processo o aumento populacional e a má distribuição de energia que podem acarretar novo racionamento.(as três idéias: crescimento da população e da demanda de energia, problemas com distribuição da energia gerada no Brasil e a conseqüência do racionamento do uso de energia).

A juventude e a violência - Pode-se associar esse crescimento da violência com o número de jovens envolvidos com drogas e sem orientações familiares, o que gera preconceito em relação a praticantes de esportes de luta e “funkeiros”.

Desenvolvimento

Esta segunda parte de uma redação, também chamada de argumentação, representa o corpo do texto. Aqui serão desenvolvidas as idéias propostas na introdução. É o momento em que se defende o ponto de vista acerca do tema proposto. Deve-se atentar para não deixar de abordar nenhum item proposto na introdução.

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Pode estar dividido em parágrafos - seu número também é indeterminado, mas não será adequado elaborar mais parágrafos do que o necessário, e seu número de linhas não é determinado. Recai sobre o autor do texto a decisão sobre a quantidade de parágrafos e a quantidade de linhas de cada um. Porém, uma grande quantidade de cada um não significa qualidade, coesão e clareza nas idéias, é importante não falar além do que é pretendido.

A abordagem depende da técnica definida na introdução: 3 argumentos, causas e conseqüências ou prós e contras. O conceito de argumento é importante, pois ele é a base da dissertação. Causa conseqüência, pró, contra são todos os tipos de argumentos; logo se pode apresentar 3 causas, por exemplo, num texto.

A reflexão sobre o tema proposto não pode ser superficial, para aprofundar essa abordagem buscam-se sempre os porquês. De modo prático o procedimento é:

Levantar os argumentos referentes ao tema proposto.

Fazer a pergunta “por quê?” a cada um deles, relacionando-o diretamente ao tema e à sociedade brasileira atual.

A distribuição da argumentação em parágrafos depende, também, da técnica adotada:

3 argumentos - um parágrafo explica cada um dos argumentos causas e conseqüências - podem estar distribuídas em 2 ou 3 parágrafos.

Ou agrupam-se causas e conseqüências, constituindo 2 parágrafos; ou associa-se uma causa a uma conseqüência e com cada grupo constroem-se 2 ou 3 parágrafos.

prós e contras - são as mesmas opções da técnica de causas e conseqüências, substituídas por prós e contras.

abordagem histórica - compara-se o antes e o hoje, elucidando os motivos e conseqüências dessas transformações. Cuidado com dados como datas, nomes etc. de que não se tenha certeza.

abordagem comparativa - usam-se duas idéias centrais para serem relacionadas no decorrer do texto. A relação destacada pode ser de identificação, de comparação ou as duas ao mesmo tempo.

Lembre-se que a quantidade de parágrafos citados acima corresponde apenas a uma exemplificação, não vale como regra, a não ser que haja um limite pré-estipulado de número de linhas e parágrafos.

É muito importante manter uma abordagem mais ampla, mostrar os dois lados da questão. O texto esquematizado previamente reflete organização e técnica, valorizando bastante a redação. Logo, um texto equilibrado tem mais chances de receber melhores conceitos dos avaliadores, por demonstrar que o candidato se empenhou para construí-lo.

Recurso adicional - para elucidar uma idéia e demonstrar atualização, pode-se apresentar de forma bastante objetiva e breve um exemplo relacionado ao assunto.

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Conclusão

Representa o fecho do texto e vai gerar a impressão final do avaliador.

Pode-se fazer uma reafirmação do tema e dar-lhe um fecho ou apresentar possíveis soluções para o problema apresentado.

Apesar de ser um parecer pessoal, jamais se inclua.

Evite começar com palavras e expressões como: concluindo, para finalizar, conclui-se que, enfim...

Lembre-se que a conclusão pode ser dita ‘fechada’ ou ‘aberta’. Assinalamos ‘fechada’ para aqueles finais onde o autor conclui sua idéia, seu raciocínio ou não permitindo que o tema abordado tenha outra continuação. Já a ‘aberta’ indica que o autor deixa para o leitor pensar sobre um final. O autor expõe a sua idéia, raciocínio ou o fato, mas não chega a nenhuma conclusão definitiva, desse modo o leitor refletirá sobre o tema abordado imaginando um final/conclusão a partir de sua própria opinião ou ponto-de-vista.

Qualidades de uma Dissertação

O texto deve ser sempre bem claro, conciso e objetivo. A coerência é um aspecto de grande importância para a eficiência de uma dissertação, pois não deve haver pormenores excessivos ou explicações desnecessárias. Todas as idéias apresentadas devem ser relevantes para o tema proposto e relacionadas diretamente a ele.

A originalidade demonstra sua segurança e faz um diferencial em meio aos demais textos. Só não se pode, em aspecto nenhum, abandonar o tema proposto.

Toda redação deve ter início, meio e fim, que são designados por introdução, desenvolvimento e conclusão, respectivamente. As idéias distribuem-se de forma lógica, sem haver fragmentação da mesma idéia em vários parágrafos.

Elementos de coesão: Algumas palavras e expressões facilitam a ligação entre as idéias, estejam elas num mesmo parágrafo ou não. Não é obrigatório, entretanto, o emprego destas expressões para que um texto tenha qualidade. Seguem algumas sugestões e suas respectivas relações:

assim, desse modo - têm valor exemplificativo e complementar. A seqüência introduzida por eles serve normalmente para explicitar, confirmar e complementar o que se disse anteriormente. ainda - serve, entre outras coisas, para introduzir mais um argumento a favor de determinada conclusão; ou para incluir um elemento a mais dentro de um conjunto de idéias qualquer.

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Português Instrumental aliás, além do mais, além de tudo, além disso - introduzem um argumento decisivo, apresentado como acréscimo. Pode ser usado para dar um “golpe final” num argumento contrário. mas, porém, todavia, contudo, entretanto... (conj. adversativas) - marcam oposição entre dois enunciados. embora, ainda que, mesmo que - servem para admitir um dado contrário para depois negar seu valor de argumento, diminuir sua importância. Trata-se de um recurso dissertativo muito bom, pois sem negar as possíveis objeções, afirma-se um ponto de vista contrário. este, esse e aquele - são chamados termos anafóricos e podem fazer referência a termos anteriormente expressos, inclusive para estabelecer semelhanças e/ou diferenças entre eles.

Dissertação Expositiva

Um texto é expositivo quando aborda uma verdade inquestionável, dá aconhecer uma informação ou explica pedagogicamente um assunto, semapresentar discussão ou sem que o autor dê a conhecer, explicitamente, suaposição sobre o tema tratado. Exemplos de textos expositivos: livros didáticos de ciências, de história, matérias jornalísticas informativas etc.

Mas é importante ressaltar que mesmo nas dissertações expositivas épossível reconhecer uma posição, a partir da seleção de dados e da maneira de apresentar esses dados pelo autor.

Para fazer uma boa dissertação, exige-se:

a) Conhecimentos do assunto (adquirido através da leitura, da observação de fatos, do diálogo, etc.);

b) Reflexões sobre o tema, procurando descobrir boas idéias e conclusões acertadas (antes de escrever é necessário pensar);

c) Planejamento:

d) Impessoalidade: o autor não se identifica, diz sem se comprometer com uma idéia, uma posição, não defende ponto-de-vista, não expressa a sua opinião, mas pode utilizar a de outros. Contudo, usa aquela opinião apenas para sustentar, fortalecer um assunto.

Argumentação

A base de uma dissertação é a fundamentação de seu ponto de vista, sua opinião sobre o assunto. Para tanto, deve-se atentar para as relações de causa-conseqüência e pontos favoráveis e desfavoráveis, muito usadas nesse processo.

Algumas expressões indicadoras de causa e conseqüência:

causa : por causa de, graças a, em virtude de, em vista de, devido a, por motivo de

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Português Instrumental

conseqüência : conseqüentemente, em decorrência, como resultado, efeito de

Algumas expressões que podem ser usadas para abordar temas com divergência de opiniões: em contrapartida, se por um lado... / por outro... , xxx é um fenômeno ambíguo, enquanto uns afirmam... / outros dizem que...

Dissertação Argumentativa

Há dois tipos de dissertação:

Dissertação expositiva, em que se expressam idéias sobre determinado assunto, sem a preocupação de convencer o leitor ou ouvinte.

Já a Dissertação Argumentativa implica a defesa de uma tese, com a finalidade de convencer ou tentar convencer alguém, demonstrando, por meio de evidência de provas consistentes, a superioridade de uma proposta sobre outras ou a relevância dela tão somente.

Dissertação Argumentativa é uma dissertação com uma especificidade, a da persuasão. Dissertando apenas, podemos expor com neutralidade idéias com as quais não concordamos.

Para argumentar é preciso, em primeiro lugar, saber pensar, encontrar idéias

e concatená-las.

Assim, embora se trate de categorias diferentes, com objetos próprios, a argumentação precisa ter como ponto de partida elementos da lógica formal

A tese defendida não se impõe pela força, mas pelo uso de "elementos racionais", portanto toda argumentação "tem vínculos com o raciocínio e a lógica"

Como Estruturar um Texto Argumentativo

O texto argumentativo

COMUNICAR não significa apenas enviar uma mensagem e fazer com que nosso ouvinte/leitor a receba e a compreenda. Dito de uma forma melhor, nós podemos dizer que nós nos valemos da linguagem não apenas para transmitir idéias, informações. São muito freqüentes às vezes em que tomamos a palavra para fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite o que estamos expressando (e não apenas compreenda); que creia ou faça o que está sendo dito ou proposto.

COMUNICAR não é, pois, apenas um fazer saber, mas também um fazer crer, um fazer fazer. Nesse sentido, a língua não é apenas um instrumento de comunicação; ela é também um instrumento de ação sobre os espíritos, isto é, uma estratégia que visa a convencer, a persuadir, a aceitar, a fazer crer, a mudar de opinião, a levar a uma determinada ação.

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Português Instrumental Assim sendo, talvez não se caracterizasse em exagero afirmarmos que falar e escrever são argumentar.

TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que defendemos uma idéia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela.

Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, os argumentos e as estratégias argumentativas.

TESE, ou proposição, é a idéia que nós defendemos necessariamente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opinião.

A palavra ARGUMENTO tem uma origem curiosa: vem do latim ARGUMENTUM, que tem o tema ARGU , cujo sentido primeiro é "fazer brilhar", "iluminar", a mesma raiz de "argênteo", "argúcia", "arguto".

Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o autor é contra a pena de morte (tese). Porque ... (argumentos).

As ESTRATÉGIAS não se confundem com os ARGUMENTOS. Esses, como se disse, respondem à pergunta por quê (o autor defende uma tese tal PORQUE ... - e aí vêm os argumentos).

ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os recursos (verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade, etc.

Os exemplos a seguir poderão dar melhor idéia acerca do que estamos falando.

A CLAREZA do texto - para citar um primeiro exemplo - é uma estratégia argumentativa na medida em que, em sendo claro, o leitor/ouvinte poderá entender, e entendo, poderá concordar com o que está sendo exposto. Portanto, para conquistar o leitor/ouvinte, quem fala ou escreve vai procurar por todos os meios ser claro, isto é, utilizar-se da ESTRATÉGIA da clareza. A CLAREZA não é, pois, um argumento, mas é um meio (estratégia) imprescindível, para obter adesão das mentes, dos espíritos.

O emprego da LINGUAGEM CULTA FORMAL deve ser visto como algo muito estratégico em muitos tipos de texto. Com tal emprego, afirmamos nossa autoridade (= "Eu sei escrever. Eu domino a língua! Eu sou culto!") e com isso reforçamos, damos maior credibilidade ao nosso texto. Imagine, estão, um advogado escrevendo mal ... ("Ele não sabe nem escrever! Seus conhecimentos jurídicos também devem ser precários!").

Em outros contextos, o emprego da LINGUAGEM FORMAL e até mesmo POPULAR poderá ser estratégico, pois, com isso, consegue-se mais facilmente atingir o ouvinte/leitor de classes menos favorecidas.

O TÍTULO ou o INÍCIO do texto (escrito/falado) devem ser utilizados como

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Português Instrumentalestratégias ... como estratégia para captar a atenção do ouvinte/leitor imediatamente. De nada valem nossos argumentos se não são ouvidos/lidos.

A utilização de vários argumentos, sua disposição ao longo do texto, o ataque às fontes adversárias, as antecipações ou prolepses (quando o escritor/orador prevê a argumentação do adversário e responde-a), a qualificação das fontes, a utilização da ironia, da linguagem agressiva, da repetição, das perguntas retóricas, das exclamações, etc. são alguns outros exemplos de estratégias.

A estrutura de um texto argumentativo

A argumentação formal

A nomenclatura é de Othon M. Garcia, em sua obra "Comunicação em Prosa Moderna”.

O autor, na mencionada obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o que chama de argumentação formal:

1. Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e limitada; não deve conter em si mesma nenhum argumento.

2. Análise da proposição ou tese: definição do sentido da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos.

3. Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatísticos, testemunhos, etc.

4. Conclusão.

Eis o esquema do texto em seus quatro estágios

· Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia claramente a tese a ser defendida.

· Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se definem as expressões "estudo intencional da gramática" e "desempenho lingüístico", citadas na tese.

· Terceiro estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos.

Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação. Quarto parágrafo: argumento de autoridade.Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipotética.Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos.Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos.

Quarto estágio: último parágrafo, em que se apresenta a conclusão.

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Page 37: Apostila de Português

Português InstrumentalA dissertação argumentativa começa com a proposição clara e sucinta da

idéia que irá ser comprovada, a TESE. A essa primeira parte do texto dissertativo chamamos de introdução.

A segunda parte, chamada desenvolvimento, visa à apresentação dos argumentos que comprovem a tese, ou seja, a PROVA. É costume estruturar a argumentação em ordem crescente de importância, como foi explicado no início desta lição, a fim de prender cada vez mais a atenção do leitor às razões apresentadas. Essas razões baseiam-se em provas demonstráveis através dos fatos-exemplo, dados estatísticos e testemunhos.

Na dissertação argumentativa mais formal, o desenvolvimento apresenta uma subdivisão, a ANTÍTESE, na qual se refutam possíveis contra-argumentos que possam contrariar a tese ou as provas. Nessa parte, a ordem de importância inverte-se, colocando-se, em primeiro lugar, a refutação do contra-argumento mais forte e, por último, do mais fraco, com o propósito de se depreciarem as idéias contrárias e ir-se, aos pontos, refutando a tese adversária, ao mesmo tempo em que se afasta o leitor ou ouvinte dos contra-argumentos mais poderosos.

Na última parte, a conclusão, enumerara-se os argumentos e conclui-se, reproduzindo as tese, isto é, faz-se uma SÍNTESE. Além de fazer uma síntese das idéias discutidas, pode-se propor, na conclusão, uma solução para o problema discutido.

Esquema de uma dissertação antítese ‘formal’

Tema: Vestibular, um mal necessário.

Tese: O vestibular privilegia os candidatos pertencentes às classes mais favorecidas economicamente.

Prova: Os candidatos que estudaram em escolas com infra-estrutura deficiente, com as escolas públicas do Brasil, por mais que se esforcem, não têm condições de concorrer com aqueles que freqüentaram bons colégios.

Antítese: Mesmo que o acesso à universidade fosse facilitado para candidatos de condição econômica inferior, o problema não seria resolvido, pois a falta de um aprendizado sólido, no primeiro e segundo grau, comprometeria o ritmo do curso superior.

Conclusão (síntese): As diferenças entre as escolas públicas e privadas são as verdadeiras responsáveis pela seleção dos candidatos mais ricos.

A argumentação informal

A nomenclatura também é de Othon M.Garcia, na obra já referida.

A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:

1. Citação da tese adversária

2. Argumentos da tese adversária

3. Introdução da tese a ser defendida

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Português Instrumental4. Argumentos da tese a ser defendida

5. Conclusão.

Considerações sobre justiça e eqüidade

1. Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico nacional, a idéia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos que são apresentados perante os tribunais, deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e eqüidade e menos por razões de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos conflitos submetidos à sua apreciação.

2. Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmente desprezarem ou desconsiderarem determinados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional.

3. Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da generalização desse entendimento.

4. Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os princípios da legalidade e da separação de poderes, esteio no qual se assenta toda e qualquer idéia de democracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.

5. Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista português, ao afirmar que: "O magistrado não pode sobrepor os seus próprios juízos de valor aos que estão encarnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o caso é omisso".

6. Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúcida visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria, na condição de legislador.

7. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria institucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao sabor dos humores e amores do juiz de plantão.

8. De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis.

9. Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na medida em que sempre poderiam ser afastados por uma esfera revisora excepcional.

10. A própria independência do parlamento sucumbiaria integralmente frente à possibilidade de inobservância e desconsideração de suas deliberações.

11. Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civilização.

12. Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscalizar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como proceder.

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Page 39: Apostila de Português

Português Instrumental13. Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa concepção.

14. Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem sombra de dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio in adjecto.

15. Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável Calamandrei, "a justiça que o juiz administra é, no sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da conformidade com o direito constituído, independentemente da correspondente com a justiça social".

16. Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concretos de efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus membros são indicados diretamente pelo povo.

17. Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, adequando o proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Legislação.

Luís Alberto Thompson Flores Lenz.

Eis o esquema do texto em seus cinco estágios;

Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese adversária.

Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argumento da tese adversária "... fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional".

Terceiro estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese a ser defendida.

Quarto estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apresentam os argumentos.

Quinto estágio: os últimos dois parágrafos, em que se conclui o texto mediante afirmação que salienta o que ficou dito ao longo da argumentação.

A Argumentação por comprovação

A sustentação da argumentação se dará a partir das informações apresentadas (dados, estatísticas, percentuais) que o acompanham. Esse recurso é explorado quando o objetivo é contestar um ponto de vista equivocado.

Veja:

O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lança hoje o Mapa da Exclusão Educacional. O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e do Censo Educacional do Ministério da Educação, mostra o número de crianças de sete a catorze anos que estão fora das escolas em cada Estado. Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da população nessa faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensino é obrigatório, não freqüentam as salas de aula.

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Português Instrumental O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do Estado, ou 92,8 mil, estão fora da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) de crianças excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São Paulo, com 3,2% (168,7 mil).

(Mônica Bergamo. Folha de S. Paulo, 3.12.2003)

Nesse tipo de citação o autor precisa de dados que demonstre sua tese.

A Argumentação por raciocínio lógico

A criação de relações de causa e efeito é um recurso utilizado para demonstrar que uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não fruto de uma interpretação pessoal que pode ser contestada.

Para a construção de um bom texto argumentativo se faz necessário o conhecimento sobre a questão proposta, fundamentação para serem realizados com sucesso.

Erros de argumentação

Muitas vezes o aluno começa bem o texto, porém comete erros de argumentação; isto é, erros de raciocínio ou provas empregadas para apoiar ou negar uma afirmação.

O autor tem de colocar atenção a cada momento de argumentar antes de passar seu texto a limpo. Os erros produzem-se por ignorância ou inexperiência da pessoa que argumenta. Em ocasiões, recorre-se a uma argumentação incorreta de forma consciente, com a intenção de convencer ao destinatário da mensagem por meios racionais.

No livro, Redação Inquieta, Bernardo (2000, p. 95-103) menciona falhas de argumentação como: a confusão causa-efeito; o círculo vicioso; a estatística tendenciosa; a fuga do assunto.

A confusão causa/efeito consiste em estabelecer como causa de um fato que aconteceu imediatamente antes do tempo. Por exemplo: Meu pai encerrou o cachorro. Depois de poucos dias, tinha raiva o animal. Portanto, o encerramento é o que causou a raiva. Analisando a frase, a raiva é posta como efeito da causa "cachorro". Ora, é ilógico afirmar que a conseqüência de encerrar o cachorro dê raiva.

O círculo vicioso consiste em fazer uma afirmação e defendê-la apresentando razões que significam o mesmo que a afirmação original, ou seja, duas proposições que carecem igualmente de prova. Por exemplo: o sal se dissolve porque é solúvel. Ou provar a origem do homem pelo intelecto divino e o intelecto divino pela origem do homem.

A estatística tendenciosa acontece quando um determinado tema é pesquisado sob a forma de tabela, apoiado num levantamento apressado de fatos. Com esse tipo de redação, o aluno quer terminar rápido e faz uma conclusão mal feita.Por exemplo: Carolina é medica e não fuma; os médicos não fumam.

Algumas cobras são venenosas, logo, todas o são.

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O argumento autoritário é quando se apela para as palavras de uma pessoa famosa ou autoridade, ou seja, dá-se opinião e impressiona-se o opositor. Usam-se adjetivos violentos e covardes. Por exemplo: Como vais pôr em dúvida minhas palavras (diretora), se eu fui votada pela maioria dos professores?

A fuga do assunto é quando o discente faz uma frase e na seguinte se desvia da idéia.Por exemplo: a ciência é muito importante para humanidade, a história estuda o passado. Ou: o amor é a ferramenta do ser humano, a paixão é dolorosa. A seguinte citação também pode ajudar:

Muitas vezes, distraídos, incorremos em erros imperdoáveis ao argumentar. Tais enganos podem anular o que tínhamos dito anteriormente. Uma frase infeliz pode derrubar um império! Chamamos a atenção para as seguintes incorreções: 1. Confundir causa com conseqüência ou vice-versa; 2. Deduzir algo que não pode ser retirado daquele fato; 3. Atribuir uma frase a alguém que não seja o seu autor; 4. Fazer referência a um fato histórico de modo incorreto e/ou absurdo; 5. Deixar uma frase incompleta, interrompendo o raciocínio e introduzindo outro assunto (trate-se da figura denominada "Anacoluto" ) (Melo, 1980, p,98)

Esta citação ajuda a reforçar as palavras de Bernardo; portanto, uma frase ou idéia mal elaborada pode acabar com o texto.

Evitar numa Dissertação

Após o título de uma redação não coloque ponto.Ao terminar o texto, não coloque qualquer coisa escrita ou riscos de qualquer

natureza. Detalhe: não precisa autografar no final também, e ainda assim será uma obra-prima.

Prefira usar palavras de língua portuguesa a estrangeirismos.Não use chavões, provérbios, ditos populares ou frases feitas.Não use questionamentos em seu texto, sobretudo em sua conclusão.Jamais usar a primeira pessoa do singular, a menos que haja solicitação do

tema (Ex.: O que você acha sobre o aborto - ainda assim, pode-se usar a 3ª pessoa)Evite usar palavras como “coisa” e “algo”, por terem sentido vago. Prefira:

elemento, fator, tópico, índice, item etc.Repetir muitas vezes as mesmas palavras empobrece o texto. Lance mão de

sinônimos e expressões que representem a idéia em questão.Só cite exemplos de domínio público, sem narrar seu desenrolar. Faça

somente uma breve menção.A emoção não pode perpassar nem mesmo num adjetivo empregado no

texto. Atenção à imparcialidade.Evite o uso de etc. e jamais abrevie palavras.Não analisar assuntos polêmicos sob apenas um dos lados da questão.

Empobrecimento de um texto

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Page 42: Apostila de Português

Português Instrumental A maioria das pessoas tem dificuldade em produzir textos claros e concisos, pois existem situações em que a grafia de algumas palavras confundem o autor e a forma de colocar no papel a idéia a ser transmitida não acontece da maneira planejada. Os defeitos que podem prejudicar um bom texto são:

Ambigüidade ou anfibologia: A existência de frases com duplicidade de sentido no texto pode transmitir uma idéia diferente daquela que o autor busca mostrar. Normalmente essa duplicidade pode acontecer por má pontuação ou pela má utilização de palavras ou expressões.

Ex. Pedro espera há quatro meses o filho do casal, que mora em Zurique. Ambigüidade: quem mora em Zurique? Pedro ou o casal?

Ex. Marina saiu com seu marido. Ambigüidade: marido de quem? Da Marina ou do interlocutor?

Cacofonia ou cacófato: Consiste no emprego de palavras que possuem semelhança em alguma sílaba formando um mau som.

Ex. “Alma minha gentil, que te partiste.” (Camões)

Ex. Ela é mulher que se disputa.

Ex. Essa fada faz parte dos seus sonhos?

Eco: Consiste na existência de palavras com terminações semelhantes em relação ao som que emite.

Ex. O irmão do João foi à decisão da eleição.

Ex. O Vicente que é repetente mente discretamente.

Obscuridade: Consiste na falta de clareza no texto que pode ocorrer devido a períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada e má pontuação.

Ex. Foi realizada uma efusão de sangue inútil. (Forma correta: Foi realizada uma inútil efusão de sangue).

Pleonasmo ou redundância: Consiste na repetição desnecessário de conceitos.

Ex. O sol matinal da manhã é bom para os bebês.

Prolixidade: Consiste na utilização exagerada e desnecessária de palavras para exprimir uma idéia. Palavras como: antes de mais nada, pelo contrário, por outro lado, por sua vez, podem tornar uma frase prolixa.

Ex. As pessoas da terceira idade acreditam que podem ensinar muitas coisas aos jovens, mas esses, por sua vez, não acreditam muito.

Ex. Gostaria de dizer, antes de mais nada, que estarei firme no meu propósito.

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Capítulo III

O TEXTO DESCRITIVO

Vamos abordar o texto descritivo, sob o ponto de vista da sua produção e funcionamento discursivo, com base na idéia de que um texto se define pela sua finalidade situacional - todo o ato de linguagem tem uma intencionalidade e submete-se a condições particulares de produção, o que exige do falante da língua determinada estratégias de construção textual. Em cada texto, portanto, podem combinar-se diferentes recursos (narrativos, descritivos, dissertativos), em função do tipo de interação que se estabelece entre os interlocutores. Nesse contexto teórico, o texto descritivo identifica-se por ter a descrição como estratégia predominante.

Inserindo-se numa abordagem mais geral sobre os mecanismos de elaboração textual, com base nos conceitos de coesão e coerência, o trabalho pedagógico de leitura e produção do texto de base descritiva deve partir dos seguintes pontos:

a) O texto de base descritiva tem como objetivo oferecer ao leitor /ouvinte a oportunidade de visualizar o cenário onde uma ação se desenvolve e as personagens que dela participam;

b) A descrição está presente no nosso dia-a-dia, tanto na ficção (nos romances, nas novelas, nos contos, nos poemas) como em outros tipos de textos (nas obras técnico-científicas, nas enciclopédias, nas propagandas, nos textos de jornais e revistas); c) A descrição pode ter uma finalidade subsidiária na construção de outros tipos de texto, funcionando como um plano de fundo, o que explica e situa a ação (na narração) ou que comenta e justifica a argumentação;

d) Existem características lingüísticas próprias do texto de base descritiva, que o diferenciam de outros tipos de textos;

e) Os advérbios de lugar são elementos essenciais para a coesão e a coerência do texto de base descritiva, permitindo a localização espacial dos cenários e personagens descritos;

f) O texto descritivo detém-se sobre objetos e seres considerados na sua simultaneidade, e os tempos verbais mais freqüentes é o presente do indicativo no comentário e o pretérito imperfeito do indicativo no relato.

Vale salientar que algumas das características acima correspondem a uma descrição predominantemente literária, ou seja, a característica textual não é envolvida pela tecnicidade do campo lexical ou pela finalidade técnica/científica do texto.

Uma observação

Dificilmente você encontrará um texto exclusivamente descrito (isso ocorre em catálogos, manuais e demais textos instrucionais). O mais comum é haver trechos descritivos inseridos em textos narrativos e dissertativos. Em romances, por exemplo, que são textos narrativos por excelência, você pode perceber várias passagens descritivas, tanto de personagens como de ambiente.

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O que é Descrição

Segundo Othon M. Garcia (1973), "Descrição é a representação verbal de um objeto sensível (ser, coisa, paisagem), através da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam, que o distinguem."

Descrever não é enumerar o maior número possível de detalhes, mas assinalar os traços mais singulares, mais salientes; é fazer ressaltar do conjunto uma impressão dominante e singular. Dependendo da intenção do autor, varia o grau de exatidão e minúcia na descrição.

Diferentemente da narração, que faz uma história progredir, a descrição faz interrupções na história, para apresentar melhor um personagem, um lugar, um objeto, enfim, o que o autor julgar necessário para dar mais consistência ao texto. Pode também ter a finalidade de ambientar a história, mostrando primeiro o cenário, como acontece o texto abaixo:

"Ao lado do meu prédio construíram um enorme edifício de apartamentos. Onde antes eram cinco românticas casinhas geminadas, hoje instalaram-se mais de 20 andares. Da minha sala vejo a varandas (estilo mediterrâneo) do novo monstro. Devem distar uns 30 metros, não mais. E foi numa dessas varandas que o fato se deu”. (Mário Prata. 100 Crônicas. São Paulo, Cartaz Editorial, 1997)

No texto dissertativo, por exemplo, a descrição funciona como uma maneira de comentar ou detalhar os argumentos contra ou a favor de determinada tese defendida pelo autor. Assim, para analisar o problema da evasão escolar, podemos utilizar como estratégia argumentativa a descrição detalhada de salas vazias, corredores vazios, estudantes desmotivados, repetência.

Numa descrição, quer literária, quer técnica, o ponto de vista do autor interfere na produção do texto. O ponto de vista consiste não apenas na posição física do observador, mas também na sua atitude, na sua predisposição afetiva em face do objeto a ser descrito. Desta forma, existe o ponto de vista físico e o ponto de vista mental.

Na descrição não há sucessão de acontecimentos no tempo, de sorte que não haverá transformações de estado da pessoa, coisa ou ambiente que está sendo descrito diferentemente da narração, mas sim a apresentação pura e simples do estado do ser descrito em um determinado momento.

A descrição se caracteriza por ser o retrato de pessoas, objetos ou cenas. Para produzir o retrato de um ser, de um objeto ou de uma cena, podemos utilizar a linguagem não-verbal, como no caso das fotos, pinturas e gravuras, ou a linguagem verbal (oral ou escrita). A utilização de uma dessas linguagens não exclui necessariamente a outra: pense, por exemplo, nas fotos ou ilustrações com legendas, em que a linguagem verbal é utilizada como complemento da linguagem não-verbal. Pense também num anúncio de animal de estimação perdido em que, ao

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Português Instrumentallado da descrição verbal, também seja apresentada, como complemento àquela informação, a sua foto.

A Descrição Verbal

A descrição verbal também trabalha com imagens, representadas por palavras devidamente organizadas em frases. Essas imagens podem ou não vir associadas a informações.

Pode-se entender a descrição como um tipo de texto em que, por meio da enumeração de detalhes e da relação de informações, dados e características, vai-se construindo a imagem verbal daquilo que se pretende descrever. Observe que, no texto de Arthur Nestrovski, o autor enumera elementos constantes do trabalho de Sebastião Salgado, associando a eles informações que não estão presentes na foto.

A descrição, entretanto, não se resume a uma enumeração pura e simples. Se assim fosse, a descrição de Arthur Nestrovski faz da foto de Sebastião Salgado nada nos esclareceria além daquilo da própria foto nos diz. É essencial revelar também traços distintivos, ou seja, aquilo que distingue o objeto descrito dos demais. Observe que, ao descrever a foto, o autor nos revela características que, talvez, não tivéssemos percebido quando a olhamos pela primeira vez, além das impressões que ela lhe causou.

Uma observação

Dificilmente você encontrará um texto exclusivamente descrito (isso ocorre em catálogos, manuais e demais textos instrucionais). O mais comum é haver trechos descritivos inseridos em textos narrativos e dissertativos. Em romances, por exemplo, que são textos narrativos por excelência, você pode perceber várias passagens descritivas, tanto de personagens como de ambiente

O Ponto de Vista

O Ponto de vista é a posição que escolhemos para melhor observar o ser ou o objeto que vamos descrever. No entanto, nas descrições, além da posição física, é fundamental a atitude, ou seja, a predisposição psicológica que temos com relação àquilo que vamos descrever. o ponto de vista (físico e psicológico) que adotarmos acabará determinando os recursos expressivos (vocabulário, figuras, tipo de frase) que utilizaremos na descrição.

O ponto de vista físico vai determinar a ordem da apresentação dos detalhes, que devem ser apresentados progressivamente. Observe o que diz Othon M. Garcia, em sua obra Comunicação em prosa moderna p. 217:

Nunca é, por exemplo, boa norma apresentar todos os detalhes acumulados em um só período. Deve-se, ao contrário, oferecê-los ao leitor pouco a pouco, verificando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as.

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Português Instrumental Na descrição de uma pessoa, por exemplo, podemos, inicialmente, passar uma visão geral e depois, aproximando-se dela, a visão dos detalhes: como são seus olhos, seu nariz, sua boca, seu sorriso, o que esse sorriso revela (inquietação, ironia, desprezo, desespero...), etc.

Na descrição de objetos, é importante que, além da imagem visual, sejam transmitidas ao leitor outras referências sensoriais, como as táteis (o objeto é liso ou áspero?), as auditivas (o som que ele emite é grave ou agudo?), as olfativas (o objeto exala algum cheiro?).

A descrição de paisagens (uma planície, uma praia, por exemplo) ou de ambientes (como uma sala, um escritório) -- as cenas -- também não devem se limitar a uma visão geral. É preciso ressaltar seus detalhes, e isso não é percebido apenas pela visão. Certamente, numa paisagem ou ambiente haverá ruídos, sensações térmicas, cheiros, que deverão ser transmitidos ao leitor, evitando que a descrição se transforme numa fria e pouco expressiva fotografia. Também poderão integrar a cena pessoas, vultos, animais ou coisas, que lhe dão vida. É, portanto, fundamental destocar esses elementos.

A descrição objetiva, também chamada realista, é a descrição exata, dimensional. Os detalhes não se diluem, pelo contrário, destacam-se nítidos em forma, cor, peso, tamanho, cheiro, etc. Este tipo de descrição pode ser encontrado em textos literários de intenção realista (por exemplo, em Euclides da Cunha, Eça de Queiroz, Flaubert, Zola), enquanto em textos não-literários (técnicos e científicos), a descrição subjetiva reflete o estado de espírito do observador, as suas preferências. Isto faz com que veja apenas o que quer ou pensa ver e não o que está para ser visto. O resultado dessa descrição é uma imagem vaga, diluída, nebulosa, como os quadros impressionistas do fim do século passado. É uma descrição em que predomina a conotação.

“Ao descrever um determinado ser, tendemos sempre a acentuar alguns aspetos, de acordo com a reação que esse ser provoca em nós”. Ao enfatizar tais aspectos, corremos o risco de acentuar qualidades negativas ou positivas. Mesmo usando a linguagem científica, que é imparcial, a tarefa de descrever objetivamente é bastante difícil. Apesar dessa dificuldade, podemos atingir um grau satisfatório de imparcialidade se nos tornarmos conscientes dos sentimentos favoráveis ou desfavoráveis que as coisas podem provocar em nós. A consciência disso habilitar-nos-á a confrontar e equilibrar os julgamentos favoráveis ou desfavoráveis.

Um bom exercício consiste em fazer dois levantamentos sobre a coisa que queremos descrever: o primeiro, contendo características tendentes a enfatizar aspectos positivos; o segundo, a enfatizar aspectos negativos.

Características lingüísticas da descrição

"Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num

colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha à outra lhe

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Português Instrumentalfaziam colar por trás da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despegadas do crânio“.

(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)”.

Outro exemplo agora empregando figuras (metáforas, metonímias, comparações, sinestesias).

"A ordem dos detalhes é, pois, muito importante. Não se faz a descrição de uma casa de maneira desordenada; ponha-se o autor na posição de quem dela se aproxima pela primeira vez; comece de fora para dentro à medida que vaicaminhando na sua direção e percebendo pouco a pouco os seus traços mais característicos com um simples correr d'olhos: primeiro, a visão do conjunto, depois a fachada, a cor das paredes, as janelas e portas, anotando alguma singularidade expressiva, algo que dê ao leitor uma idéia do seu estilo, da época da construção. Mas não se esqueça de que percebemos ou observamos com todos os sentidos, e não apenas com os olhos. Haverá sons, ruídos, cheiros, sensações de calor, vultos que passam, mil acidentes, enfim, que evitarão que se torne a descrição uma fotografia pálida daquela riqueza de impressões que os sentidos atentos podem colher. Continue o observador: entre na casa, examine a primeira peça, a posição dos móveis, a claridade ou obscuridade do ambiente, destaque o que lhe chame de pronto a atenção (um móvel antigo, uma goteira, um vão de parede, uma massa no reboco, um cão sonolento...). Continue assim gradativamente. Seria absurdo começar pela fachada, passar à cozinha, voltar à sala de visitas, sair para o quintal, regressar a um dos quartos, olhar depois para o telhado, ou notar que as paredes de fora estão descaídas. Quase sempre a direção em que se caminha, ou se poderia normalmente caminhar rumo ao objeto serve de roteiro, impõe uma ordem natural para a indicação dos seus pormenores."

Fica evidente que esse "passeio" pelo cenário, feito como se tivéssemos nas mãos uma câmara cinematográfica, registrando os detalhes e compondo com eles um todo, deve obedecer a um roteiro coerente, evitando idas e vindas desconexas que certamente perturbam a organização espacial e prejudicam a coerência do texto descritivo.

Então, podemos dizer que na descrição de uma pessoa, por exemplo, podemos, inicialmente, passar uma visão geral e depois, aproximando-se dela, a visão dos detalhes: como são seus olhos, seu nariz, sua boca, seu sorriso, o que esse sorriso revela (inquietação, ironia, desprezo, desespero...), etc.

Na descrição de objetos, é importante que, além da imagem visual, sejam transmitidas ao leitor outras referências sensoriais, como as táteis (o objeto é liso ou áspero?), as auditivas (o som que ele emite é grave ou agudo?), as olfativas (o objeto exala algum cheiro?).

A descrição de paisagens (uma planície, uma praia, por exemplo) ou de ambientes (como uma sala, um escritório) -- as cenas -- também não devem se limitar a uma visão geral. É preciso ressaltar seus detalhes, e isso não é percebido apenas pela visão. Certamente, numa paisagem ou ambiente haverá ruídos, sensações térmicas, cheiros, que deverão ser transmitidos ao leitor, evitando que a

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Page 48: Apostila de Português

Português Instrumentaldescrição se transforme numa fria e pouco expressiva fotografia. Também poderão integrar a cena pessoas, vultos, animais ou coisas, que lhe dão vida. É, portanto, fundamental destocar esses elementos.

Parágrafo Descritivo

A idéia central do parágrafo descritivo é um quadro, ou seja, um fragmento daquilo que está sendo descrito (uma pessoa, uma paisagem, um ambiente, etc.), visto sob determinada perspectiva, num determinado momento. Alterado esse quadro, teremos novo parágrafo.

O parágrafo descritivo vai apresentar as mesmas características da descrição: predomínio de verbos de ligação, emprego de adjetivos que caracterizam o que está sendo descrito, ocorrência de orações justapostas ou coordenadas.

Textos Descritivos

Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-literária ou literária. Na descrição não-literária, há maior preocupação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular, mas na impressão, uma conotação. Já na descrição literária, por ser objetiva, há predominância da denotação, do real.

Na descrição não há sucessão de acontecimentos no tempo, de sorte que não haverá transformações de estado da pessoa, coisa ou ambiente que está sendo descrito diferentemente da narração, mas sim a apresentação pura e simples do estado do ser descrito em um determinado momento.

A descrição se caracteriza por ser o retrato de pessoas, objetos ou cenas. Para produzir o retrato de um ser, de um objeto ou de uma cena, podemos utilizar a linguagem não-verbal, como no caso das fotos, pinturas e gravuras, ou a linguagem verbal (oral ou escrita). A utilização de uma dessas linguagens não exclui necessariamente a outra: pense, por exemplo, nas fotos ou ilustrações com legendas, em que a linguagem verbal é utilizada como complemento da linguagem não-verbal. Pense também num anúncio de animal de estimação perdido em que, ao lado da descrição verbal, também seja apresentada, como complemento àquela informação, a sua foto.

Textos descritivos não-literários

A descrição técnica (denotativa) é um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os compõem, para descrever experiências, processos, etc.

Exemplo:

a) Folheto de propaganda de carro.

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Page 49: Apostila de Português

Português InstrumentalConforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir o espaço interno.

Os seus interiores são amplos, acomodando tranquilamente passageiros e bagagens.

O Passat e o Passat Variant possuem direção hidráulica e ar condicionado de elevada capacidade, proporcionando a climatização perfeita do ambiente. Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado.Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a deformação em caso de colisão.

Texto descritivos literários

Na descrição literária predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de associações conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também podem ocorrer tanto em prosa como em verso.

Um enunciado descritivo, portanto, é um enunciado de ser. A descrição não é um objeto literário por princípio, embora esteja sempre presente nos textos de ficção, ela encontra-se nos dicionários, na publicidade, nos textos científicos.

Veja como pode ser definido o futebol a partir de um texto com características descritivas:

Definições de futebol

Texto extraído de uma publicidade - encontramos aqui uma interessante definição do futebol, feita de uma maneira bastante diferente daquela que está nos dicionários.

Futebol é bola na rede. Festa. Grito de golo. Não só. Não mais. No Brasil de hoje, futebol é a reunião da família, a redenção da Pátria, a união dos povos. Futebol é saúde, amizade, solidariedade, saber vencer. Futebol é arte, cultura, educação. Futebol é balé, samba, capoeira. Futebol é fonte de riqueza. Futebol é competição leal. Esta é a profissão de fé da ***. Porque a *** tem o compromisso de estar ao lado do torcedor e do cidadão brasileiro. Sempre.

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Português Instrumental

Capítulo IV

UMA MODALIDADE DE TEXTO TÉCNICO: DESCRIÇÃO DE OBJETO

João Batista Neto Chamadoira - Doutor em Língua Portuguesa

Fundamental nas atividades empresariais, o texto técnico não tem merecido, por parte dos professores de Língua Portuguesa, a importância que merece. O presente artigo tem o escopo de apresentar a caracterização do texto técnico — descrição de objeto —, levando-se em conta conceitos, especificidade de seu registro lingüístico e aspectos lexicais e estruturais.

Apesar de muito empregado nas empresas, o texto técnico — como descrição de peças, equipamentos, relatórios de manutenção, manual de instrução — não tem merecido tanto por parte dos professores de Língua Portuguesa e Técnicas de Redação, quanto dos autores de livros didáticos a necessária atenção, especialmente, no que tange à orientação para sua elaboração. Daí, portanto, a escassa bibliografia que, nesse caso, pode ser considerada causa ou conseqüência. Podemos citar como causa desse problema, a dificuldade relacionada com a especificidade de seu léxico, bem como aspectos histórico-educacionais.

Além dos textos referentes à correspondência oficial e comercial, há as modalidades descrição de objeto e descrição de processo. Dadas, porém, as especificidades deste trabalho, contemplarão apenas a modalidade descrição de objeto, procurando apresentar a caracterização dessa modalidade de texto.

O TEXTO TÉCNICO

Como afirmamos, a bibliografia sobre o texto técnico é escassa. Em geral, os livros limitam-se a afirmar que se caracterizam pela objetividade, e dão ênfase, de forma geral, à chamada correspondência oficial e comercial.

Outro aspecto deve ser abordado. Garcia (1985) e Carvalho (1991) empregam a expressão "técnico-científico". Chamaremos aqui, entretanto, a linguagem técnica como aquela dos textos referentes ao funcionamento de maquinismos, descrição de equipamentos, peças, deixando a expressão "linguagem científica" para as publicações de caráter científicas, que não serão objeto deste trabalho. Já que técnica se distingue de ciência, — respectivamente habilidade e conhecimento, podem-se diferenciar texto técnico de texto científico. Genouvrier e Peytard (1973, p. 288) diferenciam o saber técnico do saber científico. "Deve-se distinguir terminologia técnica de metalingüística científica: a primeira exerce um papel de denominação dos ramos ou objetos próprios de uma técnica e estabelece uma classificação entre os resultados obtidos pela técnica enquanto atividade: a

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Page 51: Apostila de Português

Português Instrumentalsegunda reúne as palavras por meio das quais se designam os conceitos operatórios de uma pesquisa ou de uma reflexão científica".

O LÉXICO ESPECIALIZADO DO TEXTO TÉCNICO

Já observamos que o texto técnico tem suas próprias especificidades. Encontramos entre essas especificidades o aspecto lexical.

Dessa forma, um texto relacionado à área de Mecânica é diferente de um texto pertencente à área de Eletrotécnica, já que os respectivos termos referem-se a objetos diferentes e associados a áreas específicas. Enquanto termos como pressão, torneamento, fresa, morsa e máquina corresponderiam ao vocabulário de Mecânica, termos como fusível, resistor, relé e voltímetro pertenceriam à Eletrotécnica.

Assim indivíduos estariam, profissionalmente, agrupados de acordo com a área de sua especialização e empregariam, em sua atividade profissional, uma das variedades lingüísticas, caracterizada por um vocabulário especial. Isso, evidentemente, envolveria uma abordagem sobre as teorias sociolingüísticas, o que, todavia, não será objeto deste trabalho, dado o fato de suas limitações.

No texto técnico, como em geral, o sujeito é ser inanimado, não pratica a ação, ele se torna paciente e, assim, usa-se a voz passiva.

O TEXTO TÉCNICO: DESCRIÇÃO DE OBJETO

Como já afirmamos, circunscreveremos nosso trabalho na caracterização do texto técnico no que tange à descrição de objeto, de acordo com a denominação dada por Garcia (1981). Apesar de o texto ser um todo e seus elementos interdependentes, faremos, por uma questão metodológica, separadamente, análise de seus elementos lexicais e estruturais.

A descrição de objeto

Podemos dizer que na descrição de objeto alguém ensina algo a alguém que não sabe e passa a saber. Para definir tecnicamente um objeto, o descritor apresenta as características, enumerando as particularidades pertinentes à definição, oferecendo informações num critério seletivo, que organiza os diferentes aspectos em função do interesse que deve despertar no leitor. O texto descritivo pode ser definido pelas categorias da designação, da definição e da individuação.

a. Pela categoria designação, podemos dar a conhecer, ou indicar o referente. Por exemplo: gerador, motor de automóveis;

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Page 52: Apostila de Português

Português Instrumentalb. Pela categoria definição, entendemos um conjunto de predicações que

aparece em seqüência a uma designação. Por exemplo: "Gerador é um equipamento utilizado para geração de força principal ou de emergência, em aplicações terrestres ou marítimas";

c. Pela categoria individuação, referir-nos-emos a um conjunto de predicações , permanentes e/ou transitórias do ser. Por exemplo: "O gerador de nossa empresa, recentemente adquirido, que foi transportado pela transportadora X, apresentou falhas e, portanto, está desligado provisoriamente".

Pelas características de nosso trabalho, limitar-nos-emos à categoria da definição, pois os termos-objetos serão referenciados, levando-se em conta o fato de que representa a classe do objeto — o gerador SR4 — e não um ser que pertence a uma determinada classe — uns dos geradores SR4 que está num laboratório. Nesse caso, vemos a indicação da classe pelo artigo definido e não a de um elemento de uma classe por um artigo indefinido.

Em relação à categoria definição, Nascimento (1994), elenca os tipos de definição:

a. Definição pelo uso ou função: a diferença determina o uso ou a função do termo-objeto;

b. Definição pela descrição: a diferença estabelece como é o termo-objeto; c. Definição ostensiva: é indicada por dêiticos ou por meio de ilustrações.

Alguns exemplos de textos técnicos descritivos.

VII.2 Edição de Quadros Sinópticos

O sistema inclui um editor interativo para edição dos quadros definidos pelo utilizador. Este editor dispõe de todas as características comuns aos pacotes de desenho, acrescidas de características específicas para suportar a capacidade de mult-camada, decluttering e a edição de objetos dinâmicos (ou animados) nos quadros. Os conceitos de camada e decluttering estão inter-relacionados e permitem visualizar diferentes níveis de informação. Dois atributos principais estão adstritos a uma camada: • Visibilidade

É possível definir o alcance do zoom pelo qual a camada será visível. É assim que se efetua decluttering automático.

• Tipo As camadas podem ser associadas a tipos configuráveis, pelo que um conjunto de

camadas pode ser do tipo geográfico e outro do tipo esquemático. O utilizador pode escolher o tipo de camadas a visualizar o que permite uma rápida troca do tipo de informação. Existe um número ilimitado de camadas e de tipos das mesmas.

Outra facilidade importante é a gestão de bibliotecas de objetos. O editor suporta bibliotecas de símbolos e dispositivos.

Serviço de caracterização de fibras ópticas Descrição técnica

1 – Medição de PMD (polarization mode dispersion):

A montagem acima descreve a medição de pmd nos enlaces ópticos (04 fibras).O método segue a recomendação EIA/TIA FOTP-113 (Método do Analisador Fixo).Os valores serão tomados unidirecionalmente, ou seja, a medição do DGD será feita em

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Page 53: Apostila de Português

Português Instrumentalum único sentido.

2 – Medição de Dispersão Cromática (CD):A montagem acima detalha o teste de dipersão cromática. O range de medição da CD(chromatic dispersion) ocupa o espectro de 1255 - 1650nm, seguindo as normas ITU-TG.650 / G.652. Durante a medida (tempo médio de 40s) serão inseridos 04 lâmbdas deteste para o cálculo do retardo. Os valores serão tomados unidirecionalmente, ou seja, a medição do DGD será feita em um único sentido.

3 – Reflectometria Óptica – OTDRMedição PMDFonte banda LargaOTDR com móduloWDMPolarizador Variável

Localização dos eventos, conectores e emendas por fusão, das fibras ópticas contratadascom seus respectivos valores de atenuação e reflectância no traço de reflectometria doOTDR. Os testes serão feitos bidirecionalmente, ou seja, nos dois sentidos do enlace (O-E e E-O), tomando os valores de atenuação e reflectância dos eventos nas janelas de 1310nm e1550nm. Será feita, caso o alcance dinâmico do OTDR permitir, duas medidas, 1310nm e1550nm, em toda extensão do enlace óptico para cada uma das 04 fibras. O mesmoprocedimento de medição será feito no sentido oposto do enlace.

4 – Medida de RL (return loss) - OTDR:A medida de perda por retorno óptica (ORL) utilizará também o princípio da reflectometriaóptica, isto é, será utilizado o OTDR. O teste será bidirecional nas duas janelas de transmissão, 1310/1550nm.

5 – Perda de Inserção (IL – insertion loss):Fonte ópticaMedidor de potênciaA medida de perda do enlace uma fonte monomodo e um power meter.O teste será bidirecional nas duas janelas de transmissão, 1310/1550nm.

A estrutura de uma descrição técnica de objeto

A estrutura de uma descrição técnica de objeto caracteriza-se pelo método dedutivo, isto é, inicia-se pelos elementos de significado mais abrangentes e finaliza-se pelos elementos de significado mais específicos. Visualmente seria uma pirâmide invertida.

Outra característica estrutural da descrição de objeto é a predominância do eixo paradigmático, na terminologia de Saussure, já que, ao se descrever o objeto, procura-se fazer a seleção dos elementos que o caracterizarão, tais como as diferentes possibilidades nas dimensões, formas, material, etc., diferentemente da modalidade descrição de processo em que predomina o eixo sintagmático.

Aspectos Técnicos de Interconexão

ASPECTOS TÉCNICOS DA INTERCONEXÃO DA NEXTEL

DESCRIÇÃO TÉCNICA DOS MEIOS DE REDE NECESSÁRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DA INTERCONEXÃO:

Características dos circuitos de transmissão.

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Page 54: Apostila de Português

Português InstrumentalOs circuitos para interconexão são compostos por um número inteiro de tributários de 2Mbit/s. As Operadoras deverão tornar disponível cabo coaxial com 75Ω/120Ω de impedância deacordo com a recomendação G. 703.

5. DESCRIÇÃO DAS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS _PARA O ESTABELECIMENTO DAINTERCONEXÃO:

5.1.Interfaces de sinalização entre centrais

O protocolo de sinalização entre as centrais da Nextel e das demais operadoras será o sistemade sinalização por canal comum (SCC), baseado na versão ISUP BR – TB 220-250-732 e nasseguintes recomendações da ITU-T:- Q.701 "white book" para descrição funcional dos níveis MTP1 a MTP4;- Q.761 a Q.764, Q.766, Q.767 para o protocolo ISUP;- Q.702 "white book" para nível MTP1;- Q.703 "white book" para nível MTP2;- Q.704 "white book" para nível MTP3;- Q.850 para as "causas" de fim de seleção.

Aspectos estruturais

Método dedutivo

O texto técnico descritivo apresenta uma organização com base no método dedutivo, isto é, parte dos elementos de significado mais abrangente para os elementos de significado mais específico; cujo esquema é o de uma pirâmide invertida:

Outro elemento específico da descrição de objeto é o predomínio do eixo paradigmático, na terminologia saussuriana. Assim, a organização textual se faz pela escolha e pela combinação dos signos que correspondem aos conceitos de Saussure sobre os eixos paradigmático e sintagmático.

Em se tratando de descrição, temos como característica a presença da estatividade sob o ponto de vista do tempo e, dessa forma, a ausência de movimento. Assim, aos compormos o texto, portanto, fazemo-lo de modo a desenvolvê-lo no sentido de uma disjunção (conjunção ou), ou melhor, fazemos uma escolha entre um aspecto ou outro e não junção (conjunção e), isto é, uma ação e outra. Definimos um objeto pelas "n" características que o distinguem de outro. Nesse caso, privilegiamos determinadas peculiaridades para descrevê-lo, levando-se em conta nossas intenções, os diferentes aspectos, as diferentes formas, dimensões, materiais, utilizações.

TEXTO I

Simple LAN Monitor - Descrição

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Page 55: Apostila de Português

Português InstrumentalA corrente versão do Simple LAN Monitor (SLM) encontra-se composta por 3 componentes, e 4 executáveis na sua forma compilada.

A componente servidor, que na realidade é representada por 2 binários executáveis, apenas corre em UNIX. Foi desenvolvido e testado em Debian 2.2r2 com um kernel Linux 2.4.12 e kernel 2.4.13.

No entanto, deverá ser fácil compilar ou adaptar estas para outras versões de UNIX que suportem gcc e libpcap.

O cliente e o emulador de servidor foram desenvolvidos em JAVA (para a JVM 1.1) em Microsoft Visual J++ 6.0 SP4 e em Sun JDK 1.3. Foram testados com sucesso com:

AppletViewer e Java do Sun JDK 1.3, a correr em Windows 2000 Workstation SP2;

IE 6.0 e JView, a correr em Windows 2000 Workstation SP2; IE 5.0 e JView, a correr em Windows 2000 Workstation; IE 4.0 e JView, a correr em Windows NT 4.0 Workstation. Netscape Communicator 4.75, a correr em Red Hat Linux 7.0. (apenas a

applet).

TEXTO II

No que toca ao funcionamento, este e o seguinte:

- O programa de sniffing encontra-se a "ouvir" os pacotes que passam na rede.

Apenas recolhe os cabeçalhos de cada pacote para minimizar a carga no servidor onde se encontra instalada.

Através dos cabeçalhos, determina o tamanho real dos pacotes a circular na rede, e vai somando uma variável. Esta variável é um apontador para uma área partilhada de memória.

Este programa apenas realiza estas tarefas, de forma a minimizar o uso de CPU, e conseguir acompanhar o tráfego de redes de 100 Mbps (ou superiores) em hardware modesto.

- O programa de cliente sniffing, recolhe e trata o valor guardado nesta área partilhada. A parte central deste programa não é nada mais, nada menos que um servidor de TCP/IP que se encontra à escuta de pedidos numa porta TCP (por defeito, a 5000).

Neste programa é despoletado periodicamente um alarme UNIX. Este alarme é invocado de forma assíncrona. Esta rotina recolhe os dados na memória partilhada com o programa de sniffing, e realiza operações aritméticas para calcular a velocidade em Kbps correntes do segmento de colisão da LAN onde se encontra. Recebendo um pedido de conexão na porta TCP, devolve o valor no formato "xxx.xx\n", em que o x representa um número de 0 a 9; e "\n" é o caracter ASCII 13: New Line (não devolve no entanto as aspas).

- O programa plug-in para o MRTG, obtêm os dados tal como fornecido pelo servidor de sniffing, e transforma estes num formato aceitado pelo MRTG. Colocado de outra forma, encontramo-nos a simular o output de uma OID de um servidor SNMP apenas para efeitos de compatibilidade.

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Page 56: Apostila de Português

Português Instrumental- O cliente (applet) JAVA, liga-se ao endereço e porta do servidor. Estes dados (porta TCP e IP) são passados como argumentos da tag <APPLET> no código HTML. Neste momento, é-lhe fornecido o valor momentâneo da ocupação da rede, e este realiza os cálculos de media e representam os valores num gráfico.

Os gráficos possuem variação de escala, de acordo com os valores fornecidos.

As vantagens destes cálculos residireem do lado das applets são as seguintes:

1. Existe a possibilidade de correr múltiplas estâncias dos mesmos gráficos; (i.e. varias pessoas a visualizar a ocupação do mesmo segmento de colisão, usando o mesmo servidor);

2. Podem-se apresentar vários applets, apresentando os valores recebidos com escalas diferentes de tempo;

3. Por último, simplifica o código da componente servidor, e da rotina assíncrona do componente assíncrono de controle de tráfego do servidor TCP.

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Page 57: Apostila de Português

Português Instrumental

Capítulo V

RELATÓRIO – ASPECTOS BÁSICOS

É o documento através do qual se expõem os resultados de atividades

variadas; planejadas e desempenhadas.

Embora algumas vezes desconsiderado, mesmo nos meios científicos, o relatório é absolutamente indispensável, posto que nenhum resultado obtido na pesquisa/estudo/ estágio tem valor se não puder ser comunicado aos outros.

Como todo e qualquer instrumento destinado à comunicação, o relatório deve considerar o público a ser atingido. Muitos alunos/pesquisadores elaboram relatórios como se fossem destinados a si próprios. Neste caso, o relatório apresenta pouco valor como instrumento de comunicação.

O aluno/pesquisador precisa ter em mente as características do público a que se destina o relatório. Um relatório destinado a pesquisadores deverá ser bastante diferente de um destinado ao público em geral. Ambos ainda deverão ser diferentes de um relatório apresentado a autoridades governamentais, que podem dirigir sua ação de acordo com os resultados apresentados. Qualquer que seja, no entanto, o público a que é dirigido o relatório, alguns aspectos devem ser necessariamente considerados pelo pesquisador, ou seja, certas normas referentes à estrutura do texto, ao seu estilo e, à sua apresentação gráfica.

O relatório deve conter informações suficientes para esclarecer acerca da natureza do problema / atividade realizada e dos resultados, ferramentas utilizadas, processo aplicados, materiais consultados (sejam escritos ou não) e metodologias aplicadas. Para facilitar sua leitura e análise, sugere-se que o relatório seja subdividido em partes que envolvam tópicos. Cada uma das partes do relatório deve ser identificada com um título. Os títulos devem ser informativos. Na medida do possível, devem propor ao leitor uma idéia do que está sendo tratado no texto.

A linguagem deve ser objetiva, despojada, precisa, clara e concisa, sem omitir qualquer dado importante. Aconselha-se a elaboração de um relato sucinto, acompanhado de possíveis anexos, quadros e até gráficos.

Redação simples, com boa pontuação e ortografia correta. Se for de técnico para técnico, o relatório poderá ser redigido na linguagem específica comum. Se for redigido para leigo, deve-se procurar traduzir as expressões que possam causar dúvidas.

As frases constantes no relatório devem ser simples. As idéias devem ser expostas com poucas palavras. Convém, portanto, que cada frase contenha uma única idéia, mas que a envolva completamente.

Períodos longos, abrangendo várias orações subordinadas, dificultam a compreensão e tornam “pesada” a leitura. Não se deve temer a multiplicação das

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Page 58: Apostila de Português

Português Instrumentalfrases, pois à medida que isto ocorre, o leitor tem condições para estudar o texto sem maiores dificuldades.

As informações serão precisas, não deixando quaisquer dúvidas quanto a problemas, números, cifras e estatísticas. Quem elabora um relatório é responsável pelo seu conteúdo total. Por isso, cabe-lhe aferir detidamente a validade das fontes de consulta. O relatório tem de ser exato. Assim, ele deve evitar rodeios, floreios de linguagem, literatices, pois sua qualidade deve ser a clareza.

As conclusões constituem o ponto terminal da pesquisa/atividade, sua finalidade básica é ressaltar o alcance e as conseqüências dos resultados obtidos, bem como indicar o que pode ser feito para torná-los mais significativos.

Convém ainda nesta parte indicar as questões que não puderam ser respondidas, bem como as sugestões que surgiram com o desenvolvimento da atividade (palestra, seminário e outros).

Tipos de relatório

Os relatórios podem ser técnico-científicos, de viagem, de estágio e de visita, administrativos e para fins especiais.

Relatório Técnico-científico

Este tipo de relatório é elaborado principalmente para descrever experiências, investigações, processos, métodos e análises.

Relatório de Viagem

É o documento por meio do qual são fornecidas informações sobre viagem realizada, indicando data, destino, duração, participantes, objetivos e atividades desenvolvidas.

Relatório de Estágio e de Visita

É o documento que visa descrever o local onde foi realizado o estágio ou a visita, o período de duração, as atividades desenvolvidas pelo estagiário, ou as observações feitas pelo visitante.

Relatório Administrativo

É a comunicação escrita submetida à apreciação de uma autoridade superior, geralmente ao término de um exercício, relatando a atuação administrativa.

Relatório para fins especiais

É o documento organizado de forma particular, que especifica instruções para otimizar o uso de materiais, máquinas, dispositivos e equipamentos. Outros

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Page 59: Apostila de Português

Português Instrumentalexemplos de relatórios para fins especiais são: levantamento de produção, orçamento de pesquisas, registro de patentes, manuais de software.

Texto do relatório

Texto é a parte do relatório em que o assunto é apresentado e desenvolvido. Conforme sua finalidade, o relatório é estruturado de maneira distinta.

Texto de relatórios técnico-científicos

O texto dos relatórios técnico-científicos contém as seguintes seções fundamentais:

a) introdução – é a parte em que o assunto é apresentado como um todo, sem detalhes;

b) desenvolvimento – é a parte mais extensa e visa comunicar os resultados obtidos;

c) resultados e conclusões – consistem na recapitulação sintética dos resultados obtidos, ressaltando o alcance e as conseqüências do estudo;

d) recomendações – contêm as ações a serem adotadas, as modificações a serem feitas, os acréscimos ou supressões de etapas nas atividades.

Texto de relatórios de estágio e de visita

O texto de relatórios de visita e de estágio é composto por:

A) descrição geral do local da visita ou do estágio;

b) descrição dos trabalhos executados;

c) descrição dos processos técnicos ou de outras particularidades técnicas observadas;

d) conclusão que deve incluir referência ao aproveitamento obtido como o

estágio ou a visita.

Data e assinatura

Deve-se indicar, ao final dos relatórios, a data de conclusão, seguida da assinatura do responsável pelo relatório.

Apêndices e anexos

Apêndice é a matéria suplementar produzida pelo pesquisador e anexo é a matéria também suplementar, mas de outras fontes, tais como questionários de pesquisa, estatísticas, leis, documentos, que se acrescenta a um relatório como esclarecimento ou documentação, sem dele constituir parte essencial. Os anexos e apêndices são numerados com algarismos arábicos, seguidos de título.

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Page 60: Apostila de Português

Português InstrumentalEx: ANEXO 1 – FOTOGRAFIAS

APÊNDICE 1 – MODELO DE QUESTIONÁRIO

Referências bibliográficas

É a relação das fontes bibliográficas utilizadas. Todas as obras citadas no texto deverão obrigatoriamente figurar nas referências bibliográficas.

Estilo do relatório

O relatório de pesquisa deve apresentar certas qualidades no referente ao estilo. As mais importantes são: impessoalidade, objetividade, clareza, precisão e concisão. Pode-se esperar, também, que o relatório apresente estilo agradável do ponto de vista literário. Isto, porém, representa um acréscimo, já que o pesquisador /estagiário não tem obrigação de possuir um estilo elegante a ponto de despertar a admiração do leitor. Entretanto, nada justifica um estilo obscuro ou complexo, caracterizado por frases longas, termos imprecisos e subjetivismos.

Impessoalidade

O relatório deve ter caráter impessoal. Convém, para tanto, que seja redigido na terceira pessoa. Referências pessoais, como “meu trabalho”, “meus estudos” devem ser evitadas. São preferíveis expressões como “este trabalho”, “o presente estudo”, etc.

O uso de “nós” é adotado por muitos pesquisadores para dar certo caráter menos individual ao relatório. Muitos pesquisadores preferem esta forma porque sentem mais facilidade para escrever na primeira que na terceira pessoa. De fato, escrever na terceira pessoa exige bastante cuidado, sobretudo no que se refere à colocação dos pronomes oblíquos.

Clareza

Clareza constitui uma das qualidades básicas de um relatório bem redigido. As idéias devem ser apresentadas de maneira tal que não dêem margem a ambigüidades. Para tanto, devem ser selecionados termos que indiquem com a maior exatidão possível o problema pesquisado e os resultados alcançados.

Não basta, porém, socorrer-se de bons dicionários para bem exprimir o pensamento. Para que haja clareza de expressão é necessário que haja primeiro, clareza de idéias. Ninguém é capaz de exprimir em termos claros uma idéia confusa.

É muito útil pedir para que outras pessoas leiam o relatório antes da revisão final. Sentenças que parecem claras para o autor podem ser confusas para outras pessoas. Assim, essas pessoas poderão indicar passagens que parecem obscuras e mesmo sugerir alternativas para a superação dessas dificuldades.

Precisão

Precisão constitui outro importante requisito do relatório. As ciências possuem terminologias técnicas específicas que possibilitam a adequada transmissão de

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Português Instrumentalidéias entre os cientistas. O redator do relatório não pode ignorá-las. Para tanto, deverá recorrer a dicionários especializados e a outras obras que proporcionem maior precisão conceitual. Todavia, a consulta a essas fontes será de pouca valia se o redator não possuir o domínio da matéria enfocada.

Então, podemos elaborar um esquema, respondendo a estas perguntas?

A) O quê?

B) Por quê?

C) Quem?

D) Onde?

E) Quando?

F) Como?

G) Quanto?

H) E daí?

Podemos sugerir uma montagem de relatório:

A) Título sintético e objetivo;

B) Objeto introdução ao problema; objetivo do trabalho;

C) Delimitação mencionar o que deixou de ser abordado;

D) Referências fontes de consultas etc.

E) Texto principal observações, dados, números, comentários;

F) Conclusão resumo, resultados e constatações;

G) Sugestões providências recomendadas, investigações,

Observações, alternativas etc.

È importante lembrar que o item “G - Sugestões” pode ser suprimido, pois será indicado para o autor do relatório se ele(a)(s) deve(m) dar alguma sugestão. Há relatórios que não são permitidos dar sugestões, apenas apresentar as observações (o que foi visto, feito), não permitindo ao autor dele quaisquer sugestões.

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Português InstrumentalREFERÊNCIAS

GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1995.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para apresentação de documentos científicos. Curitiba: UFPR, 2000

Relatório Administrativo

O relatório é um dos tipos mais comuns de redação técnica, dada a variedade de feições que assume: muitos artigos publicados em revistas científicas, muitos papéis que circulam em repartições públicas ou empresas privadas, contendo informações sobre a execução de determinada tarefa ou explanação circunstanciada de fatos ou ocorrências, pesquisas científicas, inquéritos e sindicâncias, nada mais são do que relatórios. É verdade que só recebem essa designação aqueles documentos que apresentam certas características formais e estilísticas próprias: titulo, "abertura" (origem, data, vocativo, etc.) e "fecho" (saudações protocolares e assinatura). Algumas vezes, consiste numa exposição rápida e informal de caráter pessoal; outras assumem formas mais complexas e volumosas como os relatórios de gestão, quer do serviço público quer de empresas privadas.

O relatório, seja técnico seja administrativo, engloba variedades menores de redação técnica propriamente dita: descrição de objeto, de mecanismo, de processo, narrativa minuciosa de fatos ou ocorrências, explanação didática, sumário, e até mesmo a argumentação, que, entretanto, não é um gênero menor.

São, como se vê, variedades especiais, que só a prática pode ensinar. Entretanto, quase todos têm certas características comuns de que o leitor se poderá assenhorear. É o que pretendemos proporcionar-lhe nas páginas seguintes, distinguindo apenas o relatório administrativo e técnico propriamente dito.

Estrutura do relatório administrativo

O relatório administrativo é uma exposição circunstanciada de fatos ou ocorrências de ordem administrativa: sua apuração ou investigação para a prescrição de providências ou medidas cabíveis. Sua estrutura compreende, além da "abertura" e do "fecho":

1. Introdução: indicação do fato investigado, do ato ou da autoridade que determinou a investigação e da pessoa ou funcionário disso incumbido. Enuncia, portanto, o propósito do relatório.

2. Desenvolvimento (texto, núcleo ou corpo do relatório): relato minudente dos fatos apurados, indicando-se: a) a data; b) o local; c) o processo ou método adotado na apuração; d) discussão: apuração e julgamento dos fatos.

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3. Conclusão e recomendações de providências ou medidas cabíveis.

Todo relatório propriamente dito, seja administrativo seja técnico ou científico, tem uma "abertura" e um "fecho", cuja forma e disposição variam de acordo com as praxes adotadas nas empresas ou repartições públicas. Mas, em geral, na primeira vem à indicação do local ou origem, da data, da repartição ou serviço, às vezes a ementa ou sumário, e o vocativo. No segundo, as formas protocolares usuais. Em certos casos, quando o relatório é muito extenso, como costumam ser os de gestão, relatórios periódicos destinados a publicação, esses elementos costumam vir em separado, constituindo uma espécie de carta ou oficio de "encaminhamento", ou de apresentação, a que os americanos dão o nome de letter of transmittal.

Alguns relatórios costumam incluir ainda material ilustrativo: diagramas, mapas, gráficos, desenhos, etc., que podem vir incorporados no texto ou sob a forma de apêndice e anexos.

Benedicto Silva apresenta na sua monografia Publicidade administrativa, os critérios recomendados na organização de relatórios, critérios que resultaram de uma sondagem da opinião pública feita nos Estados Unidos em 1927 pela National Municipality Review. No que respeita à composição ou estrutura, lá se recomenda a inclusão dos seguintes elementos:

a) "Sumário - Um sumário no inicio do relatório facilita enormemente as consultas. b) "Organograma - Os organogramas dos serviços prestados por cada órgão, se colocados no início do relatório, auxiliam o leitor a compreender melhor o que se segue. c) "Ofício de apresentação - Abrir o relatório com um pequeno ofício de apresentação, do qual constem um resumo das realizações mais notáveis e as recomendações para o futuro. d) "Realizações e recomendações - Uma comparação das recomendações passadas com o progresso feito na execução das mesmas serve como indício das realizações anuais. e) "Extensão - No máximo 50 páginas. f) "Estilo - Além de claro e conciso, o texto deve refletir a necessária atenção à gramática, sintaxe e propriedade de expressão. g) "Disposição - As partes referentes às várias repartições ou serviços devem corresponder à estrutura do governo ou seguir algum outro critério lógico. h) "Equilíbrio na distribuição da matéria - O material exposto deve perfazer uma pintura completa, ocupando cada atividade espaço proporcional à sua importância. i) "Estatísticas - Aconselha-se a inclusão de estatísticas, mas, quando indicado, devem as mesmas ser completadas por diagramas ou gráficos simples. j) "Dados comparativos - As realizações do ano em curso devem ser comparadas com as dos anos anteriores, tomando-se, porém, em consideração todos os fatores ocorrentes. k) "Demonstrações financeiras - Incluir três ou quatro demonstrações financeiras que indiquem a importância despendida e os meios de financiamento relativos a cada função e órgão. I) "Propaganda - A inclusão de matéria para exaltação de pessoas, repartições ou serviços é considerada contrária à ética e de mau gosto. Retratos de autoridades,

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Português Instrumentalespecialmente de administradores em exercício, ficam inteiramente deslocados num relatório oficial."

Como se vê, trata-se de recomendações aplicáveis à preparação de relatórios públicos e periódicos, assunto que tem merecido também a atenção dos nossos poderes públicos, tanto assim que já existe, de longa data, legislação especial, como é o caso dos Decretos S.808, de 13 de junho de 1940, e 13.565, de I? de outubro de 1943, este último acompanhado de uma Exposição de Motivos do DASP com “Normas para relatório anual’.

O modelo que se transcreve abaixo, apesar de muito simples, dá ao leitor uma idéia da estrutura dos relatórios mais comuns:

Rio de Janeiro, 28 de outubro de 1946.

Tendo sido designado para apurar a denúncia de irregularidades ocorridas no Departamento dos Correios e Telégrafos, submeto à apreciação de V. Sª, para os devidos fins, o relatório das diligências que, nesse sentido, efetuei.

1. Em 10 de setembro de 1946, dirigi-me ao chefe da Seção "A", para inquirir os funcionários X e Y, acusados do extravio de valores endereçados à firma S e L, desta praça.

2. Ambos negaram a autoria da violação da mala da correspondência, conforme termos constantes das declarações anexas.

3. No inquérito a que se procedeu, ressalta a culpabilidade do funcionário X, sobre quem recaem as mais fortes acusações.

4. O segundo apesar de não se poder considerar mancomunado com o primeiro, tem parcela de responsabilidade, pois agiu por omissão, sendo negligente no exercício de suas funções. Como chefe de turma, devia estar presente, na ocasião da abertura da mala em apreço - o que não ocorreu, conforme depoimento de fis......

5. Do exposto conclui-se que somente o inquérito policial poderá esclarecer o crime perpetrado com a violação da mala de correspondência da Seção "A".

6. Impõe-se instauração imediata de processo administrativo. É o que me cumpre levar ao conhecimento de V. S? Aproveito a oportunidade para apresentar-lhe protestos de minha distinta consideração.

Relatório de estágio

É o documento que visa apresentar a descrição do local onde foi realizado o estágio, o período de duração e as atividades desenvolvidas pelo estagiário.

O relatório de estágio compreende: elementos pré-textuais [capa; agradecimentos (opcional); sumário], textuais [introdução, apresentação da empresa; síntese da carga horária semanal; relatório descritivo; conclusão] e pós-textuais [referências; (apêndices e anexos são opcionais)].

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Português InstrumentalPara que serve um relatório?

O relatório é um documento que apresenta detalhes das atividades desenvolvidas pelo estagiário em um determinado local, dentro de um período de tempo determinado, de acordo com um documento firmado entre o estagiário, a empresa que cede o estágio e a instituição educacional.

O que queremos encontrar em um relatório?

1. Identificação do local, do estagiário e da instituição de ensino;

2. Apresentação-detalhes (gerais) do local de estágio (empresa, departamento, seção etc.);

3. Quem seria o responsável por planejar as atividades que o estagiário deveria realizar;

4. Quais foram as atividades planejadas (explicá-las);

5. Como o estagiário as realizou;

6. Que ferramentas, técnicas, conhecimento, equipamentos etc. utilizou para realizar as atividades;

7. Fazer uma relação entre algumas disciplinas cursadas na Faculdade Senai (seja curso técnico ou superior) com as atividades realizadas (dizer como elas ajudaram, o que poderia ser estudado com mais profundidade, o que deveria ser estudado e não foi etc.);

8. Considerações finais sobre o estágio (dizer sobre como ele lhe ajudou, dizer como foi a convivência em um ambiente profissional, dizer como foi colocar em prática o que estudou na instituição educacional, o que poderia ser alterado, completado, em relação ao conteúdo do curso técnico ou superior – sugestões).

Corpo do relatório

1.Introdução – Deve ser curta e conter dados gerais que facilitem a introdução do leitor ao relatório. Conter o objetivo do estágio.

2.Desenvolvimento

• Descrição da empresa – Descrição sucinta das atividades da empresa, histórico, setor de atuação, objetivos e desempenho.

• Atividades desenvolvidas – É a síntese das atividades desenvolvidas durante o estágio, citando a metodologia utilizada, o tipo de trabalho desempenhado e a unidades onde foi realizado.

• Atividades desenvolvidas – É a síntese das atividades desenvolvidas durante o estágio, citando a metodologia utilizada, o tipo de trabalho desempenhado e a unidades onde foi realizado.

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Português Instrumental• Área de identificação com o curso – Apresentar e relacionar o estágio com as

disciplinas cursadas que mais se identificaram. Relatar a proximidade ou não do estágio com o curso.

3. Conclusão

• Conclusões e sugestões – Deve conter uma análise crítica do estágio como instrumento para a formação profissional do estagiário, possibilitando a avaliação do estágio pela escola e pela empresa. Aqui podem e devem ser apresentadas as possíveis sugestões para a melhoria da qualidade do estágio.

4. Referência Bibliográfica

• Caso tenha sido utilizado material bibliográfico durante o estágio, deve-se relacioná-la, ao final, pela ordem alfabética dos sobrenomes dos autores, observando-se as normas técnicas para citação bibliográfica.

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Capítulo VI

Resumo

O resumo é um dos trabalhos acadêmicos freqüentemente solicitados pelos professores. Às vezes, é confundido com o esquema. É preciso ter clareza a respeito disso. É intenção explicitar aspectos concernentes a esse tema.

Resumir é o ato de ler, analisar e traçar em poucas linhas o que de fato é essencial e mais importante para o leitor.

Quando reescrevemos um texto, internalizamos melhor o assunto e não nos esquecemos. Afinal, não aprendemos com um simples passar de olhos pelas letras! Dessa forma, podemos até dizer que lemos o texto, mas quanto a assimilar... será difícil afirmar que sim!

O fato de sintetizar um texto ou capítulos longos pode se tornar um ótimo hábito e auxiliá-lo muito em todas as disciplinas, pois estará atento às idéias principais e se lembrará dos pontos chaves do conteúdo.

Expor o texto em um número reduzido de linhas não parece ser fácil? Não se preocupe, a seguir estão alguns passos para se fazer um bom resumo e se dar bem:

- Faça uma primeira leitura atenciosa do texto, a fim de saber o assunto geral do mesmo;

- Depois, leia o texto por parágrafos, sublinhando as palavras-chaves para serem a base do resumo;

- Logo após, faça o resumo dos parágrafos, baseando-se nas palavras-chaves já destacadas anteriormente;

- Releia o seu texto à medida que for escrevendo para verificar se as idéias estão claras e seqüenciais, ou seja, coerentes e coesas.

- Ao final, faça um resumo geral deste primeiro resumo dos parágrafos e verifique se não está faltando nenhuma informação ou sobrando alguma;

- Por fim, analise se os conceitos apresentados estão de acordo com a opinião do autor porque não cabem no resumo comentários pessoais.

Resumir é apresentar de forma breve, concisa e seletiva certo conteúdo. Isto significa reduzir a termos breves e precisos a parte essencial de um tema. Saber fazer um bom resumo é fundamental no percurso acadêmico de um estudante em especial por lhe permitir recuperar rapidamente idéias, conceitos e informações com as quais ele terá de lidar ao longo de seu curso.

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Page 68: Apostila de Português

Português InstrumentalEm geral um bom resumo deve ser:

- Breve e conciso: no resumo de um texto, por exemplo, devemos deixar de lado os exemplos dados pelo autor, detalhes e dados secundários

- Pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas próprias palavras. Ele é o resultado da sua leitura de um texto

- Logicamente estruturado: um resumo não é apenas um apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as idéias centrais (o argumento) daquilo que se está resumindo. Assim, as idéias devem ser apresentadas em ordem lógica, ou seja, como tendo uma relação entre elas. O texto do resumo deve ser compreensível.

O resumo tem várias utilizações. Isto significa também que existem vários tipos de resumo. Você irá encontrar resumos como parte de uma monografia, antes de um artigo, em catálogos de editoras, em revistas especializadas, em boletins bibliográficos, etc. Por isso, antes de fazer um resumo você deve saber a que ele se destina, para saber como ele deve ser feito. Em linhas gerais, costuma-se dizer que há 3 tipos usuais de resumo: o resumo indicativo, o resumo informativo e o resumo crítico (ou resenha).

Vale a pena relembrar: Ler não é apenas passar os olhos no texto. É preciso saber tirar dele o que é mais importante, facilitando o trabalho da memória. Saber resumir as idéias expressas em um texto não é difícil. Resumir um texto é reproduzir com poucas palavras aquilo que o autor disse.

Para se realizar um bom resumo, são necessárias algumas recomendações:1. Ler todo o texto para descobrir do que se trata. 2. Reler uma ou mais vezes, sublinhando frases ou palavras importantes. Isto

ajuda a identificar. 3. Distinguir os exemplos ou detalhes das idéias principais. 4. Observar as palavras que fazem a ligação entre as diferentes idéias do texto,

também chamadas de conectivos: "por causa de", "assim sendo", "além do mais", "pois", "em decorrência de", "por outro lado", "da mesma forma".

5. Fazer o resumo de cada parágrafo, porque cada um encerra uma idéia diferente.

6. Ler os parágrafos resumidos e observar se há uma estrutura coerente, isto é, se todas as partes estão bem encadeadas e se colaboram na formação de um todo.

7. Num resumo, não se devem comentar as idéias do autor. Deve-se registrar apenas o que ele escreveu, sem usar expressões como "segundo o autor", "o autor afirmou que".

8. O tamanho do resumo pode variar conforme o tipo de assunto abordado. É recomendável que nunca ultrapasse vinte por cento da extensão do texto original.

9. Nos resumos de livros, não devem aparecer diálogos, descrições detalhadas, cenas ou personagens secundárias. Somente as personagens, os ambientes e as ações mais importantes devem ser registrados

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1990), há três modalidades de resumo: indicativo, informativo, crítico ou recensão (resenha).

O resumo indicativo indica as principais idéias em torno das quais o texto foi elaborado (adequado à literatura de prospectos, como catálogos de editoras, de

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Português Instrumentalbibliotecas). O resumo informativo apresenta todas as informações, de forma sintética, dais quais o autor lançou mão para criar o texto. Indispensavelmente deve conter: o assunto, o problema e/ou o objetivo, a metodologia, as idéias principais em forma sintética, as conclusões, ressaltando o surgimento de fatos novos, de contradições, da teoria, das relações e dos efeitos novos verificados, bem como precisando valores numéricos brutos ou derivados, se for o caso.

Há autores que utilizam à combinação das duas modalidades anteriores, isto é, o resumo indicativo e o resumo informativo.

O resumo crítico é redigido por especialistas, com análise interpretativa de um documento. É uma das atividades que pode ser solicitada como exercício no meio acadêmico.

O resumo de textos é uma das modalidades que não está normatizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (1990), mas que, na prática do dia-a-dia, é tarefa muito solicitada pelos professores nos cursos de graduação, podendo ser indicativo, informativo ou crítico.

Na extensão de um resumo recomenda-se:

a) para notas e comunicações breves, os resumos devem ter até cem palavras;b) para artigos, trabalhos de conclusão de curso, monografias de graduação e de especialização e mestrado, até duzentos e cinqüenta palavras; c) para dissertação de mestrado, relatórios técnico-científicos e teses de doutoramento, até quinhentas palavras; d) para resumos de textos, a extensão fica condicionada à capacidade de síntese do aluno e/ou solicitação dos professores. As palavras-chave, quando empregadas no resumo, devem ter destaque especial. Devem-se evitar: a construção de mais de um parágrafo; a utilização de frases negativas; o uso de símbolos e contrações que não sejam do uso corrente; a exposição de fórmulas, equações, diagramas que não sejam absolutamente necessárias. Geralmente, estes resumos antecedem textos acadêmicos (monografias, trabalhos de conclusão de curso, relatórios, artigos científicos, dissertações de mestrado, teses de doutoramento), redigidos num só bloco, sem entrada de parágrafo.

O estilo das orações deve ser preferencialmente na terceira pessoa do singular e com o verbo na voz ativa.

Os resumos de textos, solicitados nos cursos de graduação, devem contemplar todas as informações sucintamente, mas não há necessidade de reduzi-los a um só parágrafo. O que importa é que as idéias de um determinado texto estejam contempladas de forma sintética.

A localização do resumo deve preceder artigos científicos, monografias, relatórios, trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado, teses.

Enfim, os resumos devem apresentar critérios de concisão, clareza, fidelidade ao texto original, flexibilidade, expressão própria, seqüência lógica,

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Português Instrumentalutilização de citações entre aspas, com indicação da página, facilitando, dessa forma, a evocação do texto original.

A seguir serão apresentados exemplos de resumo, elaborados na forma de resumo indicativo e de resumo informativo. Estes podem ser apresentados em fichas ou papel A4.

Exemplo de resumo indicativo:

LUCKESI, Cipriano Carlos et al. O leitor no ato de estudar a palavra escrita. In:______. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1985. cap. 3, p. 136-143.

Estudar significa o ato de enfrentar a realidade. O enfrentamento da realidade pode ocorrer pelo contato direto ou indireto do sujeito que conhece com o objeto que é conhecido. As duas formas de estudar (direta ou indireta), podem ser classificadas como críticas ou acríticas. O leitor poderá ser sujeito ou objeto, dependendo da postura que assume frente ao texto. O leitor poderá ser sujeito ou objeto da leitura, dependendo da postura que assume frente ao texto.

Exemplo de resumo informativo:

LUCKESI, Cipriano Carlos et. al. O leitor no ato de estudar a palavra escrita. In:______. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1985. cap. 3, p. 136-143.

Estudar significa enfrentar a realidade para compreendê-la e elucidá-la. Este enfrentamento pode ocorrer, de um lado, pelo contato direto do sujeito com o objeto. Isso se dá quando o sujeito opera “com” e “sobre” a realidade. De outro lado, o enfrentamento pode ocorrer pelo contato indireto. Neste caso, o sujeito recebe o conhecimento por intermédio de outra pessoa ou por símbolos orais, mímicos, gráficos, etc. O ato de estudar indiretamente crítico equivale à objetividade na elucidação. O ato de estudar indiretamente será crítico, à medida que descreve a realidade como é, sem magnetização pela comunicação em si. A atitude acrítica corresponde à abdicação da capacidade de investigar, à alienação e à retenção mnemônica. O leitor que assume uma postura de objeto frente ao texto de leitura é verbalista, ou seja, a aprendizagem não se dá pela compreensão, mas pela reprodução intacta e mnemônica das informações. O leitor sujeito, por outro lado, compreende e não memoriza, avalia o que lê e tem uma atitude constante de questionamento.

Resenha

Este é, provavelmente, o tipo de resumo que você mais terá de fazer a pedido de seus professores ao longo do seu curso. O resumo crítico é uma redação técnica que avalia de forma sintética a importância de uma obra científica ou literária.

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Português InstrumentalQuando um resumo crítico é escrito para ser publicado em revistas

especializadas, é chamado de Resenha. Ocorre que, por costume, os professores tendem a chamar de resenha o resumo crítico elaborado pelos estudantes como exercício didático. A rigor, você só escreverá uma resenha no dia em que seu resumo crítico for publicado em uma revista. Até lá, o que você faz é um resumo crítico.

Mas não deixam de estar certos os professores que dizem que resenha não é resumo. A resenha (ou resumo crítico) não é apenas um resumo informativo ou indicativo. A resenha pede um elemento importante de interpretação de texto. Você só fará uma boa resenha se tiver lido um texto ao menos até a quarta de leitura, na classificação sugerida por Antônio Severino.

Por isso, antes de começar a escrever seu resumo crítico você deve se certificar de ter feito uma boa leitura do texto, identificando:

1. qual o tema tratado pelo autor?

2. qual o problema que ele coloca?

3. qual a posição defendida pelo autor com relação a este problema?

4. quais os argumentos centrais e complementares utilizados pelo autor para defender sua posição?

Uma vez tendo identificado todos estes pontos, que devem estar retratados no seu esquema do texto [link para esquema], você já tem material para escrever metade do seu resumo crítico. Este material já é suficiente para fazer um resumo informativo, mas, para um resumo crítico, falta a crítica, ou seja, a sua análise sobre o texto. E o que é esta análise? A análise é, em síntese, a capacidade de relacionar os elementos do texto lido com outros textos, autores e idéias sobre o tema em questão, contextualizando o texto que está sendo analisado. Para fazer a análise, portanto, certifique-se de ter:

- informações sobre o autor, suas outras obras e sua relação com outros autores

- elementos para contribuir para um debate acerca do tema em questão

- condições de escrever um texto coerente e com organicidade

A partir daí você pode escrever um texto que, em linhas gerais, devesse apresentar:

- nos parágrafos iniciais, uma introdução à obra resenhada, apresentando

- o assunto/ tema

- o problema elaborado pelo autor

- e a posição do autor diante deste problema

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Page 72: Apostila de Português

Português Instrumental- no desenvolvimento, a apresentação do conteúdo da obra, enfatizando:

- as idéias centrais do texto

- os argumentos e idéias secundárias

- por fim, uma conclusão apresentado sua crítica pessoal, ou seja:

- uma avaliação das idéias do autor frente a outros textos e autores

- uma avaliação da qualidade do texto, quanto à sua coerência, validade, originalidade, profundidade, alcance, etc.

É bom lembrar que estes passos não são uma norma rígida. Esta é a estrutura usual de resenhas, mas como a resenha é um texto escrito para publicação em revistas especializadas, cada revista cria suas próprias regras. Questões como onde escrever o nome do resenhista (se abaixo do título, no final, a quantos centímetros da margem), quantos parágrafos utilizar, o número mínimo e máximo de linhas, a utilização de tópicos e subtítulos, etc., tudo isso é definido pela revista que for publicar a resenha. Por isso, sempre que um professor pedir para você fazer uma “resenha” (um resumo crítico, já que não será publicado) você deve pedir que ele lhe dê este parâmetros. Se o professor não se pronunciar, sinta-se livre para decidir como apresentar a resenha, desde que respeitando a estrutura geral apresentada aqui e as normas de bom senso para redação de trabalhos acadêmicos.

Vale então lembrar

Como elaborar uma resenha

1. Definições

Resenha-resumo:

É um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme, de uma peça de teatro ou de um espetáculo, sem qualquer crítica ou julgamento de valor. Trata-se de um texto informativo, pois o objetivo principal é informar o leitor.

Resenha-crítica:

É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de opinião, também denominado de recensão crítica.

2. Quem é o resenhista

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Page 73: Apostila de Português

Português Instrumental

A resenha, por ser em geral um resumo crítico, exige que o resenhista seja alguém com conhecimentos na área, uma vez que avalia a obra, julgando-a criticamente.

3. Objetivo da resenha

O objetivo da resenha é divulgar objetos de consumo cultural - livros,filmes peças de teatro, etc. Por isso a resenha é um texto de caráter efêmero, pois "envelhece" rapidamente, muito mais que outros textos de natureza opinativa.

4. Veiculação da resenha

A resenha é, em geral, veiculada por jornais e revistas.

5. Extensão da resenha

A extensão do texto-resenha depende do espaço que o veículo reserva para esse tipo de texto. Observe-se que, em geral, não se trata de um texto longo, "um resumão" como normalmente feito nos cursos superiores ... Para melhor compreender este item, basta ler resenhas veiculadas por boas revistas.

6. O que deve constar numa resenha

Devem constar: O título A referência bibliográfica da obra Alguns dados bibliográficos do autor da obra resenhada O resumo, ou síntese do conteúdo A avaliação crítica

7. O título da resenha

O texto-resenha, como todo texto, tem título, e pode ter subtítulo, conforme os exemplos, a seguir:

Título da resenha: Astro e vilãoSubtítulo: Perfil com toda a loucura de Michael JacksonLivro: Michael Jackson: uma Bibliografia não Autorizada (Christopher Andersen) - Veja, 4 de outubro, 1995

Título da resenha: Com os olhos abertosLivro: Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago) - Veja, 25 de outubro, 1995

Título da resenha: Estadista de mitraLivro: João Paulo II - Bibliografia (Tad Szulc) - Veja, 13 de março, 1996

8. A referência bibliográfica do objeto resenhado

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Page 74: Apostila de Português

Português Instrumental

Constam da referência bibliográfica: Nome do autor Título da obra Nome da editora Data da publicação Lugar da publicação Número de páginas Preço

Obs.: Às vezes não consta o lugar da publicação, o número de páginas e/ou o preço.

Os dados da referência bibliográfica podem constar destacados do texto, num "box" ou caixa.

Exemplo: Ensaio sobre a cegueira, o novo livro do escritor português José Saramago (Companhia das Letras; 310 páginas; 20 reais), é um romance metafórico (...) (Veja, 25 de outubro, 1995).

9. O resumo do objeto resenhado

O resumo que consta numa resenha apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral.

Pode-se resumir agrupando num ou vários blocos os fatos ou idéias do objeto resenhado.

Veja exemplo do resumo feito de "Língua e liberdade: uma nova concepção da língua materna e seu ensino" (Celso Luft), na resenha intitulada "Um gramático contra a gramática", escrita por Gilberto Scarton.

"Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla - uma variação sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções falsas de língua e gramática, a obsessão gramaticalista, a inutilidade do ensino da teoria gramatical, a visão distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prática lingüística, a postura prescritiva, purista e alienada - tão comum nas "aulas de português".

O velho pesquisador apaixonado pelos problemas de língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação lingüística e professor de longa experiência leva o leitor a discernir com rigor gramática e comunicação: gramática natural e gramática artificial; gramática tradicional e lingüística;o relativismo e o absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramáticos, dos lingüistas, dos professores; o ensino útil, do ensino inútil; o essencial, do irrelevante".

Observe igualmente o exemplo a seguir - resenha sobre o livro "Cozinha do Coração Saudável", LDA Editores, 144 páginas (Zero Hora, 23 de agosto, 1996).

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Page 75: Apostila de Português

Português Instrumental

Receitas para manter o coração em forma

Entre os que se preocupam com o controle de peso e buscam uma alimentação saudável são poucos os que ainda associam estes ideais a uma vida de privações e a uma dieta insossa. Os adeptos da alimentação de baixos teores já sabem que substituições de ingredientes tradicionais por similares light garantem o corte de calorias, açúcar e gordura com a preservação (em muitos casos total) do sabor. Comprar tudo pronto no supermercado ou em lojas especializadas é barbada. A coisa complica na hora de ir para a cozinha e acertar o ponto de uma massa de panqueca,crepe ou bolo sem usar ovo. Ou fazer uma polentinha crocante, bolinhos de arroz e croquetes sem apelar para a frigideira cheia de óleo. O livro Cozinha do Coração Saudável apresenta 110 saborosas soluções para esses problemas. Produzido pela LDA Editora com apoio da Becel, Cozinha do Coração saudável traz receitas compiladas por Solange Patrício e Marco Rossi, sob orientação e supervisão dos cardiologistas Tânia Martinez, pesquisadora e professora da Escola Paulista de Medicina, e José Ernesto dos Santos, presidente do departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia e professor da faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Os pratos foram testados por nutricionistas da Cozinha Experimental Van Den Bergh Alimentos.

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Page 76: Apostila de Português

Português Instrumental

O QUE É UM PROJETO

Um projeto de pesquisa possui três partes ou categorias (as pré-textuais, as textuais e as pós-textuais), com a seguinte estrutura:

1. Título

O título deve ser conciso e explicativo. Devem-se evitar palavras desnecessárias. O mais acertado é optar-se por um título geral (que indica genericamente o teor do trabalho), seguido por um título técnico (que especifica a temática abordada).

2. Justificativa

• Situar a área da Ciência em que se enquadra o projeto.

• Revisão sucinta das pesquisas anteriores.

• Indicar o que falta para ser pesquisado ou desenvolvido.

• Explicitar a motivação para realizar a nova pesquisa.

Como escrever a Justificativa?

• O texto deve ser compreensível a um não-especialista no assunto. Contudo, deve-se evitar uma abordagem muito elementar do tema e fazer-se referência a trabalhos publicados.

• Transmitir segurança no conhecimento sobre o tema.

• Transmitir autoconfiança. 3. Estado da Arte (referencial teórico ou revisão de literatura)

No referencial teórico descreve-se o “estado da arte” (estágio atual) do assunto a ser pesquisado, com fundamentação em trabalhos relevantes na área. É uma revisão sucinta das pesquisas anteriores. Trata-se de conhecer e evidenciar o conhecimento científico sobre o tema, que vem sendo publicado em obras acadêmicas por estudiosos importantes do assunto. Deve-se buscar, conhecer e ler, prioritariamente, os livros dos estudiosos mais reconhecidos pela comunidade acadêmica. Depois, procuram-se os artigos recentes publicados em revistas científicas, em anais de congressos, simpósios, colóquios e conferências.

A revisão de literatura deve ser seletiva e crítica, pois terá continuidade e aprofundamento.

4. Metodologia e Técnicas

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Page 77: Apostila de Português

Português Instrumental Neste item deve-se identificar o tipo de metodologia científica a ser utilizada na pesquisa, pois cada uma pressupõe um “caminho” diferente. Nessa parte do projeto são indicados a natureza da pesquisa, as técnicas e os procedimentos da pesquisa — que deverão ser adotados no tratamento do assunto ou em cada etapa do trabalho. Algumas (existem muitas) classificações dos tipos de pesquisa são:

• Pesquisa teórica (ou bibliográfica): Reflexão aprofundada sobre uma área do conhecimento. Toda pesquisa parte de pressupostos teóricos, de vez que não existe espontaneidade na construção do conhecimento científico.

• Pesquisa empírica (que pode ser de campo ou experimental): Nas pesquisas de campo o pesquisador obtém os dados da sua investigação in loco, ou seja, no local onde os fenômenos estudados acontecem. Por exemplo, caso se pretenda estudar as práticas pedagógicas do Turismo, o pesquisador vai até as universidades escolhidas para a sua pesquisa e coleta os seus dados no cenário onde acontecem essas práticas pedagógicas.

• As pesquisas experimentais (ou de laboratório) são aquelas em que é possível reproduzir o fenômeno a ser estudado em laboratório, sob rígido controle das variáveis. Para fenômenos de natureza sociológica e antropológica na maioria das vezes tal procedimento mostra-se inadequado.

• A pesquisa histórica pretende compreender os processos sociais em um determinado período.

Na metodologia do Projeto de Pesquisa deve-se:

• Descrever sucintamente os materiais e métodos a serem utilizados.

• Esclarecer a logística operacional, ou seja, evidenciar os porquês de determinados procedimentos teóricos e práticos.

• Identificar o design observacional ou experimental (sujeitos da pesquisa, locais, fases, etc.).

• Enumerar os instrumentos que serão utilizados. Por exemplo, em uma pesquisa de campo de natureza antropológica o pesquisador opta por utilizar questionários. Tais questionários constituem os instrumentos técnicos dessa pesquisa.

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Page 78: Apostila de Português

Português Instrumental

Elaboração de Projetos

1 Conceito

“Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados”.

(PROCHONW, Schaffer, 1999 apud ONU, 1984)

2 Formulação de projetos

Um projeto surge em resposta a um problema concreto. Elaborar um projeto é, antes de tudo, contribuir para a solução de problemas, transformando IDÉIAS em AÇÕES.

O documento chamado projeto é o resultado obtido ao se “projetar” no papel tudo o que é necessário para o desenvolvimento de um conjunto de atividades a serem executadas: quais são os objetivos, que meios serão utilizados para atingi-los, quais recursos serão necessários, onde serão obtidos e como serão avaliados os resultados.

A organização do projeto em um documento nos auxilia sistematizar o trabalho em etapas a serem cumpridas, compartilhar a imagem do que se quer alcançar, identificar as principais deficiências, a superar e apontar possíveis falhas durante a execução das atividades previstas.

Alguns itens devem ser observados na formulação de projetos:

- Estabelecimento correto do problema - deve ser significante em relação aos fatores de sucesso no negócio; deve ter dimensão administrável; deve ser mensurável.

- Identificação das pessoas e instituições a quem afeta resolver o problema, buscando criar vínculos com os mesmos desde o início do projeto;

- Busca adequada de fontes de financiamento.

3 Roteiro básico para apresentação de projetos

Os principais itens que compõem a apresentação de um projeto relacionam-se de forma bastante orgânica, de modo que o desenvolvimento de uma etapa necessariamente leva à outra.

Apresentação de um projeto deve conter os seguintes itens:

a) Título do projeto

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Page 79: Apostila de Português

Português Instrumental Deve dar uma idéia clara e concisa do(s) objetivo(s) do projeto.

b) Caracterização do problema e justificativa

A elaboração de um projeto se dá introduzindo o que pretendemos resolver, ou transformar. De suma importância, geralmente é um dos elementos que contribui mais diretamente na aprovação do projeto pela(s) entidade(s) financiadora(s).

Aqui deve ficar claro que o projeto é uma resposta a um determinado problema percebido e identificado pela comunidade ou pela entidade proponente.

Deve descrever com detalhes a região onde vai ser implantado o projeto, o diagnóstico do problema que o projeto se propõe a solucionar, a descrição dos antecedentes do problema, relatando os esforços já realizados ou em curso para resolvê-lo.

A justificativa deve apresentar respostas a questão POR QUE?

Por que executar o projeto? Por que ele deve ser aprovado e implementado?

Algumas perguntas que podem ajudar a responder esta questão:

- Qual a importância desse problema/questão para a comunidade?

- Existem outros projetos semelhantes sendo desenvolvidos nessa região ou nessa temática?

- Qual a possível relação e atividades semelhantes ou complementares entre eles e o projeto proposto?

- Quais os benefícios econômicos, sociais e ambientais a serem alcançados pela comunidade e os resultados para a região?

c) Objetivos

A especificação do objetivo responde as questões: PARA QUE? e PARA QUEM?

A formulação do objetivo de um projeto pode considerar de alguma maneira a reformulação futura, positiva das atuais condições negativas do problema.

Os objetivos devem ser formulados sempre como a solução de um problema e o aproveitamento de uma oportunidade. Estes objetivos são mais genéricos e não podem ser assegurados somente pelo sucesso do projeto, dependem de outras condicionantes.

É importante distinguir dois tipos de objetivos:

SENAI FATESG 80

Page 80: Apostila de Português

Português Instrumental- Objetivo Geral: Corresponde ao produto final que o projeto quer atingir.

Deve expressar o que se quer alcançar na região a longo prazo, ultrapassando inclusive o tempo de duração do projeto. O projeto não pode ser visto como fim em si mesmo, mas como um meio para alcançar um fim maior.

- Objetivos específicos: Corresponde às ações que se propõe a executar dentro de um determinado período de tempo. Também podem ser chamados de resultados esperados e devem se realizar até o final do projeto.

d) Metas

As metas, que muitas vezes são confundidas com os objetivos específicos, são os resultados parciais a serem atingidos e neste caso podem e devem ser bastante concretos expressando quantidades e qualidades dos objetivos, ou QUANTO será feito. A definição de metas com elementos quantitativos e qualitativos é conveniente para avaliar os avanços.

Ao escrevermos uma meta, devemos nos perguntar: o que queremos? Para que o queremos? Quando o queremos?

Quando a meta se refere a um determinado setor da população ou a um determinado tipo de organização, devemos descrevê-los adequadamente. Por exemplo, devemos informar a quantidade de pessoas que queremos atingir, o sexo, a idade e outras informações que esclareçam a quem estamos nos referindo.

Cada objetivo específico deve ter uma ou mais metas. Quanto melhor dimensionada estiver uma meta, mais fácil será definir os indicadores que permitirão evidenciar seu alcance.

Nem todas as instituições financiadoras exigem a descrição de objetivos específicos e metas separadamente. Algumas exigem uma forma ou outra.

e) Metodologia

A metodologia deve descrever as formas e técnicas que serão utilizadas para executar o projeto.

A especificação da metodologia do projeto é a que abrange número de itens, pois responde, a um só tempo, as questões COMO? COM QUE? ONDE? QUANTO?

A Metodologia deve corresponder às seguintes questões:

a) Como o projeto vai atingir seus objetivos?

b) Como começarão as atividades?

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Page 81: Apostila de Português

Português Instrumentalc) Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades?

d) Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento direto do grupo social?

Deve se descrever o tipo de atuação a ser desenvolvida: pesquisa, diagnóstico, intervenção ou outras; que procedimentos (métodos, técnicas e instrumentos, etc.) serão adotados e como será sua avaliação e divulgação.

É importante pesquisar metodologias que foram empregadas em projetos semelhantes, verificando sua aplicabilidade e deficiências, e é sempre oportuno mencionar as referências bibliográficas.

Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando tem metodologia bem definida e clara. É a metodologia que vai dar aos avaliadores/pareceristas, a certeza de que os objetivos do projeto realmente tem condições de serem alcançados. Portanto este item deve merecer atenção especial por parte das instituições que elaborarem projetos.

Uma boa metodologia prevê três pontos fundamentais: a gestão participativa, o acompanhamento técnico sistemático e continuado e o desenvolvimento de ações de disseminação de informações e de conhecimentos entre a população envolvida.

f) Cronograma

O cronograma responde a pergunta QUANDO?

Os projetos, como já foram comentados, são temporalmente bem definidos quando possuem datas de início e término preestabelecidas. As atividades que serão desenvolvidas devem se inserir neste lapso de tempo.

O cronograma é a disposição gráfica das épocas em que as atividades vão se dar e permite uma rápida visualização da seqüência em que devem acontecer.

1º mês

2º mês

3º mês

4º mês

5º mês

6º mês

Revisão bibliográfica

Aplicação de questionários

Processamento dos dados

Observação no local da pesquisa

Entrevistas

Redação da monografia

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Page 82: Apostila de Português

Português Instrumentalg) Orçamento

Respondendo à questão COM QUANTO? O orçamento é um resumo ou cronograma financeiro do projeto, no qual se indica como o que e quando serão gastos os recursos e de que fontes virão os recursos. Facilmente pode-se observar que existem diferentes tipos de despesas que podem ser agrupadas de forma homogênea como por exemplo: material de consumo; custos administrativos, equipe permanente; serviços de terceiros; diárias e hospedagem; veículos, máquinas e equipamentos; obras e instalações.

No orçamento as despesas devem ser descritas de forma agrupada, no entanto, as organizações financiadoras exigem que se faça uma descrição detalhada de todos os custos, que é chamada memória de cálculo.

h) Revisão Bibliográfica

Referências bibliográficas que possam conceituar o problema, ou servir de base para a ação, podem e devem ser apresentadas. Certamente darão ao financiador uma noção de quanto o autor está inteirado ao assunto, pelo menos ao nível conceitual/teórico.

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Page 83: Apostila de Português

Português Instrumental

Podemos sugerir a seguinte configuração de projeto, é apenas uma sugestão. Devemos observar que a capa do projeto de pesquisa teve ser simples, contendo o nome do autor, nome do projeto, local e data.

Já nas páginas seguintes podemos então escrever:

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO........................................................................................3

2- OBJETIVOS............................................................................................4

3- JUSTIFICATIVA......................................................................................5

4- REVISÃO TEÓRICA...............................................................................6

5- METODOLOGIA.....................................................................................7

6- CRONOGRAMA.....................................................................................8

7- BIBLIOGRAFIA......................................................................................9

8- ANEXOS..............................................................................................10

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Page 84: Apostila de Português

Português Instrumental

1-INTRODUÇÃO

(O QUE É O TEMA?)

Na introdução o aluno deverá explicar o assunto que deseja desenvolver.

Desenvolver genericamente o tema

Anunciar a idéia básica

Delimitar o foco da pesquisa

Situar o tema dentro do contexto geral da sua área de trabalho

Descrever as motivações que levaram à escolha do tema

Definir o objeto de análise: O QUÊ SERÁ ESTUDADO?

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Page 85: Apostila de Português

Português Instrumental4

2- OBJETIVOS

( VAI BUSCAR O QUÊ?)

Aqui o aluno deverá descrever o objetivo concreto da pesquisa que irá

desenvolver: o que se vai procurar.

A apresentação dos objetivos varia em função da natureza do projeto.

Nos objetivos da pesquisa cabe identificar claramente o problema e

apresentar sua delimitação. Apresentam-se os objetivos de forma geral e

específica.

O objetivo geral define o que o pesquisador pretende atingir com sua

investigação.

Os objetivos específicos definem etapas do trabalho a serem

realizadas para que se alcance o objetivo geral. Podem ser: exploratórios,

descritivos e explicativos. Utilizar verbos para iniciar os objetivos:

Exploratórios (conhecer, identificar, levantar, descobrir)

Descritivos (caracterizar, descrever, traçar, determinar)

Explicativos (analisar, avaliar, verificar, explicar)

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Page 86: Apostila de Português

Português Instrumental5

3- JUSTIFICATIVA

(POR QUE FAZER?)

Consiste na apresentação, de forma clara, objetiva e rica em detalhes, das

razões de ordem teórica ou prática que justificam a realização da pesquisa ou o

tema proposto para avaliação inicial. No caso de pesquisa de natureza científica

ou acadêmica, a justificativa deve indicar:

A relevância social do problema a ser investigado.

As contribuições que a pesquisa pode trazer, no sentido de

proporcionar respostas aos problemas propostos ou ampliaras

formulações teóricas a esse respeito.

O estágio de desenvolvimento dos conhecimentos referentes ao tema.

A possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade

proposta pelo tema.

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Page 87: Apostila de Português

Português Instrumental6

4- REVISÃO TEÓRICA

(O QUE JÁ FOI ESCRITO SOBRE O TEMA?)

Pesquisa alguma parte hoje da estaca zero. Mesmo que exploratória, isto é,

de avaliação de uma situação concreta desconhecida em um dado local, alguém ou

um grupo, em algum lugar, já deve ter feito pesquisas iguais ou semelhantes, ou

mesmo complementares de certos aspectos da pesquisa pretendida. Uma procura

de tais fontes, documentais ou bibliográficas, torna-se imprescindível para que não

haja duplicação de esforços.

A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite

salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar

comportamentos e atitudes.

A literatura indicada deverá ser condizente com o problema em estudo.

Citar literatura relevante e atual sobre o assunto a ser estudado.

Apontar alguns dos autores que serão consultados.

Demonstrar entendimento da literatura existente sobre o tema.

As citações literais deverão aparecer sempre entre aspas ou caracteres em

itálico, indicando a obra consultada. CUIDADO COM O PLÁGIO!

As citações devem especificar a fonte (AUTOR, ANO, PÁGINA)

As citações e paráfrases deverão ser feitas de acordo com as regras da

ABNT 6023, de2002.

Citações literais, utilizar fonte nº 11.

7

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Page 88: Apostila de Português

Português Instrumental

5- METODOLOGIA

(COMO FAZER?)

Descrever sucintamente o tipo de pesquisa a ser abordada (bibliográfica,

documental, de campo, etc.)

Delimitação e descrição (se necessário) dos instrumentos e fontes

escolhidos para a coleta de dados: entrevistas, formulários, questionários,

legislação doutrina, jurisprudência, etc.

Indicar o procedimento para a coleta de dados, que deverá acompanhar o

tipo de pesquisa selecionado, isto é:

a) para pesquisa bibliográfica: indicar proposta de seleção das leituras

(seletiva, crítica ou reflexiva, analítica);

b) para pesquisa experimental; indicar o procedimento de testagem;

c) para a pesquisa descritiva: indicar o procedimento da observação:

entrevista, questionário, análise documental, entre outros.

Listar bibliotecas visitadas até o momento do projeto e outras a serem

visitadas durante a elaboração do trabalho final.

Indicar outros recursos: jornais, periódicos, Internet.

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Page 89: Apostila de Português

Português Instrumental8

6- CRONOGRAMA

(EM QUANTO TEMPO FAZER?)

A elaboração do cronograma responde à pergunta quando? A pesquisa deve

ser dividida em partes, fazendo-se a previsão do tempo necessário para passar de

uma fase a outra. Não esquecer que há determinadas partes que podem ser

executadas simultaneamente enquanto outras dependem das fases anteriores.

Distribuir o tempo total disponível para a realização da pesquisa, incluindo nesta

divisão a sua apresentação gráfica.

MES/ETAPAS Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês10 Mês 11

Escolha do tema

X

Levantamento bibliográfico

X X X

Elaboração do anteprojeto

X

Apresentação do projeto

X

Coleta de dados

X X X X

Análise dos dados

X X X

Organização do roteiro/partes

X

Redação do trabalho

X X

Revisão e redação final

X

Entrega da monografia

X

Defesa da monografia

X

SENAI FATESG 90

Page 90: Apostila de Português

Português Instrumental9

7-BIBLIOGRAFIA

(QUAL O MATERIAL BIBLIOGRÁFICO UTILIZADO?)

A bibliografia utilizada no desenvolvimento do projeto de pesquisa (pode

incluir aqueles que ainda serão consultados para sua pesquisa).

A bibliografia básica (todo material coletado sobre o tema: livros, artigos,

monografias, material da internet, etc.)

As referências bibliográficas deverão ser feitas de acordo com as regras da

ABNT NBR 6023/2002. Atenção para a ordem alfabética.

Na bibliografia final listar em ordem alfabética todas as fontes consultadas,

independente de serem de tipos diferentes. Apenas a título de exemplo, a

seguir, veja como citar alguns dos tipos de fontes mais comuns:

Livros:

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2. Ed. SP: Atlas, 1991.

LAKATOS, Eva e Marconi, Marina. Metodologia do Trabalho Científico. SP: Atlas,

1992.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 4. Ed. SP: Atlas, 1996.

Artigos de revistas:

AS 500 maiores empresas do Brasil. Conjuntura Econômica. Rio de Janeiro. V. 38, n. 9, set.1984. Edição Especial.

TOURINHO NETO, F. C. Dano ambiental. Consulex. Brasília, DF, ano 1, n. 1, p. 18-23, fev. 1997.

Material da Internet

SÃO PAULO. (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e organizações ambientais em matéria de meio ambiente. In: Entendendo o meio ambiente. São Paulo, 1999. V. 1. Disponível em: <http://www.bdt.org.br/sma/entendendo/atual.htm> . Acesso em: 8 mar.1999.

SILVA, M.M.L. Crimes da era digital. NET, Rio de Janeiro, nov.1998.Seção Ponto de Vista. Disponível em <http://www.brasilnet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm> Acesso em: 28 nov.1998.

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Page 91: Apostila de Português

Português Instrumental

Você pode anexar qualquer tipo de material ilustrativo, tais como tabelas, lista de abreviações, documentos ou parte de documentos, resultados de pesquisas, etc.

Apenas como exemplo, aqui serão dadas algumas indicações para apresentação gráfica de seu projeto.

Utilizar papel branco, A4.

Fonte ARIAL, estilo normal, tamanho 12.

Citações com mais de três linhas, fonte tamanho 11, espaçamento simples e

recuo de 4 cm da margem esquerda.

Notas de rodapé, fonte tamanho 10.

Todas as letras dos títulos dos capítulos devem ser escritas no canto esquerdo

de cada página, em negrito e maiúsculo.

Cada capítulo deve começar em folha nova.

O espaçamento entre linhas deve ser 1,5.

O início de cada parágrafo deve ser recuado de 2 cm da margem esquerda.

As margens das páginas devem ser: superior e esquerda de 3 cm; inferior e

direita de 2cm.

O número da página deve aparecer na borda superior direita, em algarismos

arábicos, inclusive das Referências e Anexos, somente a partir da introdução,

embora todas sejam contadas a partir da folha de rosto. Não contar a capa para

efeito de numeração.

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Page 92: Apostila de Português

Português Instrumental

ARTIGOS

Um bom artigo científico deve ser escrito com clareza, precisão e fluência de tal forma que o leitor se sinta interessado em sua leitura, e seja capaz de entender o seu conteúdo facilmente. O artigo deve apresentar adequadamente os objetivos, a metodologia utilizada e os resultados encontrados.

Infelizmente, um grande número de artigos científicos e técnicos é recusado para publicação devido à má qualidade da apresentação. Por vezes eles possuem um excesso de páginas, informações irrelevantes, ausência de conclusões precisas, tabelas e gráficos mal feitos, e carência de comparação dos resultados com trabalhos anteriores.

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, equações claras não são suficientes para uma comunicação efetiva em um artigo científico, elas deverão ser acompanhadas por um bom texto explicativo que conduza o leitor através do trabalho.

Além de manter uma boa organização na apresentação dos objetivos, fatos e conclusões, você também deve tomar cuidado com a ortografia e a gramática para que o leitor não tenha problemas para entender o que você está tentando dizer.

Aqui você encontrará algumas sugestões práticas e pontos a serem considerados durante a redação de um artigo científico ou técnico, como:

Porque publicar um artigo O que escrever em cada etapa de um artigo científico Dicas de redação Revisão e Edição Tradução

Considerações Finais

por C. S. Lyra (2006)

Porque publicar um artigo

Existem várias razões para se publicar um artigo técnico ou uma publicação científica, como:

Divulgação científica - A publicação de um artigo científico ou técnico é uma forma de transmitir à comunidade técnico-científica o conhecimento de novas descobertas, e o desenvolvimento de novos materiais, técnicas e métodos de análise nas diversas áreas da ciência.

Aumentar o prestígio do autor - Pesquisadores com um grande volume de publicações desfrutam do reconhecimento técnico dentro da comunidade científica, alcançam melhores colocações no mercado de trabalho, e divulgam o nome da instituição a qual estão vinculados.

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Page 93: Apostila de Português

Português Instrumental

Apresentação do seu trabalho - Muitas instituições de ensino e/ou pesquisa, e várias empresas comerciais frequentemente requerem que os seus profissionais apresentem o progresso de seu trabalho e/ou estudo através da publicação de artigos técnico-científicos.

Dicas de redação

Anexe todos os gráficos e tabelas ao documento. Use as cores branca, preta ou tons de cinza em suas figuras uma vez que muitos congressos e jornais técnicos não publicam em cores.

Muitas vezes o tamanho dos artigos é limitado entre 6 a 10 páginas (incluindo figuras). Escreva concisamente.

Use um manual técnico de redação e estilo para ajudá-lo com a estrutura de parágrafos e sentenças, utilização de palavras, estilo de redação, elaboração de figuras e tabelas, etc.

Confira a ortografia e a gramática com o auxilio de seu editor de texto.

Imprima ou copie os "Regulamentos para Publicação" do congresso ou jornal onde você deseja ver o seu artigo publicado. É extremamente importante reconhecer o formato básico exigido. O seu artigo pode ser rejeitado por não se encontrar no formato padrão, mesmo que apresente um bom conteúdo. Margens, espaçamentos, numeração de páginas e figuras, e o estilo das referências são todos aspectos importantes. Pode ser útil ter cópia de alguns artigos publicados em anais ou exemplares anteriores para se ter uma boa idéia do formato de apresentação de publicações aceitas.

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Page 94: Apostila de Português

Português Instrumental

ORIENTAÇÕES BÁSICAS NA ELABORAÇÃO DO ARTIGO ACADÊMICO

ARTIGO ACADÊMICO – gênero mais explorado na academia Pode ser de dois tipos:

a) Experimental -sobre um problema específico;

b) De Revisão- apresenta uma discussão bibliográfica de livros e/ou artigos publicados sobre o tópico selecionado.

O autor tem que demonstrar habilidade em:

1. selecionar o tópico e as referências bibliográficas relevantes ao assunto;2. refletir sobre os estudos anteriores;3. delimitar um problema/questão não muito explorado na área;4. elaborar uma abordagem para o exame desse problema/questão;5. delimitar e analisar um corpus que represente o que se quer atingir;6. apresentar/discutir os resultados da análise do corpus;7. concluir.

O artigo acadêmico serve como canal de comunicação entre pesquisadores, professores e alunos (graduação e pós). O conhecimento gerado na atividade de pesquisa é primordial para o avanço profissional (pessoal do aluno) e de profissões na sociedade.

As pesquisas estão ligadas ao meio acadêmico e são tornadas públicas por meio de congressos, seminários e publicações. Assim, o/a público/sociedade vai assimilando os avanços da ciência. Devido às pesquisas e divulgação, o conhecimento da rotação terrestre que hoje é conhecido por todos, já foi assunto acadêmico entre doutores (círculo fechado).

As informações acadêmicas são submetidas à apreciação, aprovação ou condenação do público leitor. Importante pesquisa pode mudar o rumo da sociedade se absorvida por governantes, grandes empresas/indústrias ou escolas. Por isso usa-se o artigo acadêmico – gênero mais conceituado na divulgação do saber especializado. Por meio dele, os saberes são socializados.

O Artigo acadêmico contém: Introdução; Revisão de literatura ou Referencial teórico; Metodologia, Resultados e Discussão; Conclusão (opcional/pessoal)

Especificidade de um artigo - Cada área tem uma cultura própria em relação ao

objeto de estudo. A linguagem e seu uso é o objeto de estudo da nossa área. A saúde bucal é o objeto da Odontologia. Isso resulta em modos particulares de constituir objetivos e procedimentos, bem como diferentes modos e padrões de uso da linguagem na escrita

Como começar escrever um artigo acadêmico? À medida que o autor resolve

escrever deve haver uma progressão do item 1 ao 7. Ao planejarmos os artigos é importante estratégias de geração de idéias. Além de muita leitura, um ponto de partida para a construção é o uso de: Palavras-chave ou um conjunto organizado em campo

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Page 95: Apostila de Português

Português Instrumentallexical/semântico. Isso auxilia o escritor a delimitar e manter constante a linha de discussão, sem deixar de manter a focalização no tema abordado.

REFERENCIAL TEÓRICO

Não existem normas fixas, mas questões/sugestões relacionadas à organização retórica e aos recursos lingüísticos. A fundamentação teórica tem um papel crucial no artigo acadêmico, pois situa o trabalho dentro de uma grande área de pesquisa da qual faz parte. O autor define os teóricos pertinentes e a partir daí fundamenta seu trabalho, o que demanda leitura vasta, constante e repetitiva. Por outro lado, quando o artigo é lido, identifica-se a linha teórica em que se insere o trabalho. O artigo deve ser delimitado como uma porção de areia no deserto de Saara.

Na revisão de literatura, você cita estudos prévios e estes servirão como ponto de partida (base) para sua discussão que pode ser cada vez mais especificada/afunilada.

Para que serve essa discussão ? a) para dar crédito a outros teóricos . É, pois, uma questão de ética acadêmica; b) para indicar que você é membro de uma determinada cultura disciplinar; c) para evidenciar que seu campo de conhecimento está estabelecido, mas pode receber novas pesquisas; d) para emprestar ao texto voz de autoridade intelectual.

É difícil encontrar o “tom” certo para relatar pesquisas prévias, por isso é fundamental leituras aprofundadas. Com as leituras, há contribuições nos seguintes sentidos: a) facilita ao autor a seleção dos tempos verbais adequados e os verbos de citação; b) mostra as relações que existem entre as pesquisas citadas (complemento, sobreposição, contraste); c) contribui para justificar ou sinalizar a relevância dos estudos citados.

Não se pode esquecer-se de explicitar em que momento você é o autor do texto. Você é o mediador, portanto, deve explicar porque citas determinados autores, em que medida contribui para sua pesquisa; se apresentam lacunas que você vai suprir. Cuidado para não colocar as idéias dos autores como itens soltos, independentes. Ao colocar as reflexões, deve-se fazer com que os autores dialoguem.

(Seqüência) VERBOS

Pretérito perfeito composto Passado Presente

CITAÇÕES Literais não-literai

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Page 96: Apostila de Português

Português Instrumental

ORIENTAÇÕES BÁSICAS NA ELABORAÇÃO DO ARTIGO CIENTÍFICO*

Clarides Henrich de Barba**

RESUMO:

Este texto trata a respeito das Normas da ABNT com a finalidade de orientar os

acadêmicos da Graduação e pós-graduação sobre a publicação de Artigos Científicos

procurando estabelecer, de forma sintética, os principais cuidados a ter na escrita do texto

científico. Neste sentido, descreve-se seqüencialmente, os sucessivos componentes para a

construção do texto cientifico.

PALAVRAS-CHAVE: Artigo. Pesquisa. Ciência.

1. CONCEITUAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O artigo é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos resultados de

investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão. O objetivo fundamental de

um artigo é o de ser um meio rápido e sucinto de divulgar e tornar conhecidos, através de

sua publicação em periódicos especializados, a dúvida investigada, o referencial teórico

utilizado (as teorias que serviam de base para orientar a pesquisa), a metodologia

empregada, os resultados alcançados e as principais dificuldades encontradas no processo

de investigação ou na análise de uma questão. Assim, os problemas abordados nos artigos

podem ser os mais diversos: podem fazer parte quer de questões que historicamente são

polemizadas, quer de problemas teóricos ou práticos novos.

2. ESTRUTURA DO ARTIGO

O artigo possui a seguinte estrutura:

1.Título

2. Autor (es)

3. Epígrafe (facultativa)

4. Resumo e Abstract

5. Palavras-chave;

6. Conteúdo (Introdução, desenvolvimento textual e conclusão),

7. Referências.

* Texto elaborado a partir das Normas da ABNT para as aulas de Metodologia Científica e Metodologia da Pesquisa Científica nos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação** Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria- UFSM e Prof. Adjunto do Departamento de Sociologia/Filosofia da Fundação Universidade Federal de Rondônia- UNIR.

SENAI FATESG 97

Page 97: Apostila de Português

Português Instrumental

2.1- TÍTULO

Deve compreender os conceitos-chave que o tema encerra, e ser numerado para

indicar, em nota de rodapé, a finalidade do mesmo.

2.2 - AUTOR (ES):

O autor do artigo deve vir indicado do centro para a margem direita. Caso haja mais

de um autor, os mesmos deverão vir em ordem alfabética, ou se houver titulações diferentes

deverão seguir a ordem da maior para a menor titulação. Os dados da titulação de cada um

serão indicados em nota de rodapé através de numeração ordinal.

2.3 - EPÍGRAFE

É um elemento facultativo, que expressa um pensamento referente ao conteúdo

central do artigo.

2.4 - RESUMO e ABSTRACT

Texto, com uma quantidade predeterminada de palavras, onde se expõe o objetivo

do artigo, a metodologia utilizada para solucionar o problema e os resultados alcançados. O

Abstract é o resumo traduzido para o inglês, sendo que alguns periódicos aceitam a

tradução em outra língua.

2.5- PALAVRAS-CHAVE:

São palavras características do tema que servem para indexar o artigo, até 6

palavras.

2. 6- CORPO DO ARTIGO:

1. INTRODUÇÃO:

SENAI FATESG 98

Page 98: Apostila de Português

Português InstrumentalO objetivo da Introdução é situar o leitor no contexto do tema pesquisado,

oferecendo uma visão global do estudo realizado, esclarecendo as delimitações

estabelecidas na abordagem do assunto, os objetivos e as justificativas que levaram o autor

a tal investigação para, em seguida, apontar as questões de pesquisa para as quais buscará

as respostas. Deve-se, ainda, destacar a Metodologia utilizada no trabalho. Em suma:

apresenta e delimita a dúvida investigada (problema de estudo - o quê), os objetivos (para

que serviu o estudo) e a metodologia utilizada no estudo (como).

2. DESENVOLVIMENTO E DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS:

Nesta parte do artigo, o autor deve fazer uma exposição e uma discussão das teorias

que foram utilizadas para entender e esclarecer o problema, apresentando-as e

relacionando-as com a dúvida investigada;

- apresentar as demonstrações dos argumentos teóricos e/ ou de resultados que

as sustentam com base dos dados coletados;

Neste aspecto, ao constar uma Revisão de Literatura, o objetivo é de desenvolver a

respeito das contribuições teóricas a respeito do assunto abordado.

O corpo do artigo pode ser dividido em itens necessários que possam desenvolver a

pesquisa. É importante expor os argumentos de forma explicativa ou demonstrativa, através

de proposições desenvolvidas na pesquisa, onde o autor demonstra, assim, ter

conhecimento da literatura básica, do assunto, onde é necessário analisar as informações

publicadas sobre o tema até o momento da redação final do trabalho, demonstrando

teoricamente o objeto de seu estudo e a necessidade ou oportunidade da pesquisa que

realizou.

Quando o artigo inclui a pesquisa descritiva apresentam-se os resultados

desenvolvidos na coleta dos dados através das entrevistas, observações, questionários,

entre outras técnicas.

3. CONCLUSÃO

Após a análise e discussões dos resultados, são apresentadas as conclusões e as

descobertas do texto, evidenciando com clareza e objetividade as deduções extraídas dos

resultados obtidos ou apontadas ao longo da discussão do assunto. Neste momento são

relacionadas às diversas idéias desenvolvidas ao longo do trabalho, num processo de

síntese dos principais resultados, com os comentários do autor e as contribuições trazidas

pela pesquisa.

SENAI FATESG 99

Page 99: Apostila de Português

Português InstrumentalCabe, ainda, lembrar que a conclusão é um fechamento do trabalho estudado,

respondendo às hipóteses enunciadas e aos objetivos do estudo, apresentados na

Introdução, onde não se permite que nesta seção sejam incluídos dados novos, que já não

tenham sido apresentados anteriormente.

2. 7- REFERÊNCIAS:

Referências é um conjunto de elementos que permitem a identificação, no todo ou

em parte, de documentos impressos ou registrados em diferentes tipos de materiais. As

publicações devem ter sido mencionadas no texto do trabalho e devem obedecer as Normas

da ABNT 6023/2000. Trata-se de uma listagem dos livros, artigos e outros elementos de

autores efetivamente utilizados e referenciados ao longo do artigo.

3. LINGUAGEM DO ARTIGO:

Tendo em vista que o artigo se caracteriza por ser um trabalho extremamente

sucinto, exige-se que tenha algumas qualidades: linguagem correta e precisa, coerência na

argumentação, clareza na exposição das idéias, objetividade, concisão e fidelidade às

fontes citadas. Para que essas qualidades se manifestem é necessário, principalmente, que

o autor tenha certo conhecimento a respeito do que está escrevendo.

Quanto à linguagem científica é importante que sejam analisados os seguintes

procedimentos no artigo científico:

- Impessoalidade: redigir o trabalho na 3ª pessoa do singular;- Objetividade: a linguagem objetiva deve afastar as expressões: “eu penso”, “eu acho”,

“parece-me” que dão margem a interpretações simplórias e sem valor científico;

- Estilo científico: a linguagem científica é informativa, de ordem racional, firmada em dados concretos, onde se pode apresentar argumentos de ordem subjetiva, porém dentro de um ponto de vista científico;

- Vocabulário técnico: a linguagem científica serve-se do vocabulário comum, utilizado

com clareza e precisão, mas cada ramo da ciência possui uma terminologia técnica

própria que deve ser observada;

- A correção gramatical é indispensável, onde se deve procurar relatar a pesquisa com frases curtas, evitando muitas orações subordinadas, intercaladas com parênteses, num único período. O uso de parágrafos deve ser dosado na medida necessária para articular o raciocínio: toda vez que se dá um passo a mais no desenvolvimento do raciocínio, muda-se o parágrafo.

SENAI FATESG 100

Page 100: Apostila de Português

Português Instrumental- Os recursos ilustrativos como gráficos estatísticos, desenhos, tabelas são considerados como figuras e devem ser criteriosamente distribuídos no texto, tendo suas fontes citadas em notas de rodapé. (PÁDUA, 1996, p. 82).

Para a redação ser bem concisa e clara, não se deve seguir o ritmo comum do nosso

pensamento, que geralmente se baseia na associação livre de idéias e imagens. Assim, ao

explanar as idéias de modo coerente, se fazem necessários cortes e adições de palavras ou

frases. A estrutura da redação assemelha-se a um esqueleto, constituído de vértebras

interligadas entre si. O parágrafo é a unidade que se desenvolve uma idéia central que se

encontra ligada às idéias secundárias devido ao mesmo sentido. Deste modo, quando se

muda de assunto, muda-se de parágrafo.

Um parágrafo segue a mesma circularidade lógica de toda a redação: introdução,

desenvolvimento e conclusão. Convém iniciar cada parágrafo através do tópico frasal

(oração principal), onde se expressa a idéia predominante. Por sua vez, esta é desdobrada

pelas idéias secundárias; todavia, no final, ela deve aparecer mais uma vez. Assim, o que

caracteriza um parágrafo é a unidade (uma só idéia principal), a coerência (articulação entre

as idéias) e a ênfase (volta à idéia principal).

A condição primeira e indispensável de uma boa redação científica é a clareza e a

precisão das idéias. Saber-se-á como expressar adequadamente um pensamento, se for

claro o que se desejar manifestar. O autor, antes de iniciar a redação, precisa ter assimilado

o assunto em todas as suas dimensões, no seu todo como em cada uma de suas partes,

pois ela é sempre uma etapa posterior ao processo criador de idéias.

4. NORMAS DE APRESENTAÇÃO GRÁFICA DO ARTIGO

4.1 PAPEL, FORMATO E IMPRESSÃO

De acordo com a ABNT “o projeto gráfico é de responsabilidade do autor do

trabalho”. (ABNT, 2002, p. 5, grifo nosso).

Segundo a NBR 14724, o texto deve ser digitado no anverso da folha, utilizando-se

papel de boa qualidade, formato A4, formato A4 (210 x 297 mm), e impresso na cor preta,

com exceção das ilustrações.

Utiliza-se fonte tamanho 12 para o texto; e menor para as citações longas, notas de

rodapé, paginação e legendas das ilustrações e tabelas. Não se deve usar, para efeito de

alinhamento, barras ou outros sinais, na margem lateral do texto.

SENAI FATESG 101

Page 101: Apostila de Português

Português Instrumental4.2 MARGENS

As margens são formadas pela distribuição do próprio texto, no modo justificado,

dentro dos limites padronizados, de modo que a margem direita fique reta no sentido

vertical, com as seguintes medidas:

Superior: 3,0 cm da borda superior da folha

Esquerda: 3,0 cm da borda esquerda da folha.

Direita: 2,0 cm da borda direita da folha;

Inferior: 2,0 cm da borda inferior da folha.

4.3 PAGINAÇÃO

A numeração deve ser colocada no canto superior direito, a 2 cm. da borda do papel

com algarismos arábicos e tamanho da fonte menor, sendo que na primeira página não leva

número, mas é contada.

4.4 - ESPAÇAMENTO

O espaçamento entre as linhas é de 1,5 cm. As notas de rodapé, o resumo, as

referências, as legendas de ilustrações e tabelas, as citações textuais de mais de três linhas

devem ser digitadas em espaço simples de entrelinhas.

As referências listadas no final do trabalho devem ser separadas entre si por um

espaço duplo. Contudo, a nota explicativa apresentada na folha de rosto, na folha de

aprovação, sobre a natureza, o objetivo, nome da instituição a que é submetido e a área de

concentração do trabalho deve ser alinhada do meio da margem para a direita.

4.5 - DIVISÃO DO TEXTO

Na numeração das seções devem ser utilizados algarismos arábicos. O indicativo de

uma seção secundária é constituído pelo indicativo da seção primária a que pertence,

seguido do número que lhe foi atribuído na seqüência do assunto, com um ponto de

separação: 1.1; 1.2...

Aos Títulos das seções primárias recomenda-se:

a) seus títulos sejam grafados em caixa alta, com fonte 12, precedido do indicativo

numérico correspondente;

b) nas seções secundárias, os títulos sejam grafados em caixa alta e em negrito,

com fonte 12, precedido do indicativo numérico correspondente;

SENAI FATESG 102

Page 102: Apostila de Português

Português Instrumentalc) nas seções terciárias e quaternárias, utilizar somente a inicial maiúscula do título,

com fonte 12, precedido do indicativo numérico correspondente.

Recomenda-se, pois que todos os títulos destas seções sejam destacados em

NEGRITO.

É importante lembrar que é necessário limitar-se o número de seção ou capítulo em,

no máximo até cinco vezes; se houver necessidade de mais subdivisões, estas devem ser

feitas por meio de alíneas.

Os termos em outros idiomas devem constar em itálico, sem aspas. Exemplos: a

priori, on-line, savoir-faires, know-how, apud, et alii, idem, ibidem, op. cit. Para dar destaque

a termos ou expressões deve ser utilizado o itálico. Evitar o uso excessivo de aspas que

“poluem” visualmente o texto;

4.6- ALÍNEAS

De acordo com Müller, Cornelsen (2003, p. 21), as alíneas são utilizadas no texto

quando necessário, obedecendo à seguinte disposição:

a) no trecho final da sessão correspondente, anterior às alíneas, termina por dois

pontos;

b) as alíneas são ordenadas por letras minúsculas seguidas de parênteses;

c) a matéria da alínea começa por letra minúscula e termina por ponto e vírgula; e na

última alínea, termina por ponto;

d) a segunda linha e as seguintes da matéria da alínea começam sob a primeira

linha do texto da própria alínea.

4.7- ILUSTRAÇÕES E TABELAS

As ilustrações compreendem quadros, gráficos, desenhos, mapas e fotografias,

lâminas, quadros, plantas, retratos, organogramas, fluxogramas, esquemas ou outros

elementos autônomos e demonstrativos de síntese necessários à complementação e melhor

visualização do texto. Devem aparecer sempre que possível na própria folha onde está

inserido o texto, porém, caso não seja possível, apresentar a ilustração na própria página.

Quanto às tabelas, elas constituem uma forma adequada para apresentar dados

numéricos, principalmente quando compreendem valores comparativos.

Conseqüentemente, devem ser preparadas de maneira que o leitor possa entendê-

las sem que seja necessária a recorrência no texto, da mesma forma que o texto deve

prescindir das tabelas para sua compreensão.

Recomenda-se, pois, seguir, as normas do IBGE:

a) a tabela possui seu número independente e consecutivo;

SENAI FATESG 103

Page 103: Apostila de Português

Português Instrumentalb) o título da tabela deve ser o mais completo possível dando indicações claras e

precisas a respeito do conteúdo;

c) o título deve figurar acima da tabela, precedido da palavra Tabela e de seu

número de ordem no texto, em algarismos arábicos;

d) deve ser inserido mais próximo possível ao texto onde foram mencionadas;

e) a indicação da fonte, responsável pelo fornecimento de dados utilizados na

construção de uma tabela, deve ser sempre indicada no rodapé da mesma, precedida da

palavra Fonte: após o fio de fechamento;

f) notas eventuais e referentes aos dados da tabela devem ser colocadas também no

rodapé da mesma, após o fio do fechamento;

g) fios horizontais e verticais devem ser utilizados para separar os títulos das colunas

nos cabeçalhos das tabelas, em fios horizontais para fechá-las na parte inferior. Nenhum

tipo e fio devem ser utilizados para separar as colunas ou as linhas;

h) no caso de tabelas grandes e que não caibam em uma só folha, deve-se dar

continuidade a mesma na folha seguinte; nesse caso, o fio horizontal de fechamento deve

ser colocado apenas no final da tabela, ou seja, na folha seguinte. Nesta folha também são

repetidos os títulos e o cabeçalho da tabela.

4.8- CITAÇÕES

4.8.1- Citação Direta

As citações podem ser feitas na forma direta ou na indireta. Na forma direta devem

ser transcritas entre aspas, quando ocuparem até três linhas impressas, onde devem

constar o autor, a data e a página, conforme o exemplo: “A ciência, enquanto conteúdo de

conhecimentos, só se processa como resultado da articulação do lógico com o real, da

teoria com a realidade” (SEVERINO, 2002, p. 30).

As citações de mais de um autor serão feitas com a indicação do sobrenome dos

dois autores separados pelo símbolo &, conforme o exemplo: Siqueland & Delucia (1990, p.

30) afirmam que “o método da solução dos problemas na avaliação ensino-aprendizagem

apontam para um desenvolvimento cognitivo na criança”.

Quando a citação ultrapassar três linhas, deve ser separada com um recuo de

parágrafo de 4,0 cm, em espaço simples no texto, com fonte menor:

Severino (2002, p. 185) entende que:

A argumentação, ou seja, a operação com argumentos, apresentados com objetivo de

comprovar uma tese, funda-se na evidência racional e na evidência dos fatos. A evidência

SENAI FATESG 104

Page 104: Apostila de Português

Português Instrumentalracional, por sua vez, justifica-se pelos princípios da lógica. Não se podem buscar

fundamentos mais primitivos. A evidência é a certeza manifesta imposta pela força dos

modos de atuação da própria razão.

No caso da citação direta, deve-se comentar o texto do autor citado, e nunca

concluir uma parte do texto com uma citação.

No momento da citação, transcreve-se fielmente o texto tal como ele se apresenta, e

quando for usado o negrito para uma palavra ou frase para chamar atenção na parte citada

usar a expressão em entre parênteses (grifo nosso). Caso o destaque já faça parte do

texto citado usar a expressão entre parênteses: (grifo do autor).

5.8.2- Citação Indireta

A citação indireta, denominada de conceitual, reproduz idéias da fonte consultada,

sem, no entanto, transcrever o texto. É “uma transcrição livre do texto do autor consultado”

(ABNT, 2001, p. 2). Esse tipo de citação pode ser apresentado por meio de paráfrase

quando alguém expressa a idéia de um dado autor ou de uma determinada fonte A

paráfrase, quando fiel à fonte, é geralmente preferível a uma longa citação textual, mas

deve, porém, ser feita de forma que fique bem clara a autoria.

5.8.3- Citação de citação

A citação de citação deve ser indicada pelo sobrenome do autor seguido da

expressão latina apud (junto a) e do sobrenome da obra consultada, em minúsculas,

conforme o exemplo Freire apud Saviani (1998, p. 30).

5.9- Notas de Rodapé

As notas de rodapé destinam-se a prestar esclarecimentos, tecer considerações, que

não devem ser incluídas no texto, para não interromper a seqüência lógica da leitura.

Referem-se aos comentários e/ou observações pessoais do autor e são utilizadas para

indicar dados relativos à comunicação pessoal.

As notas são reduzidas ao mínimo e situar em local tão próximo quanto possível ao

texto. Para fazer a chamada das notas de rodapé, usam-se os algarismos arábicos, na

entrelinha superior sem parênteses, com numeração progressiva nas folhas. São digitadas

em espaço simples em tamanho 10. Exemplo de uma nota explicativa: A hipótese, também,

SENAI FATESG 105

Page 105: Apostila de Português

Português Instrumentalnão deve se basear em valores morais. Algumas hipóteses lançam adjetivos duvidosos,

como bom, mau, prejudicial, maior, menor, os quais não sustentam sua base científica. 1

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pretendeu-se neste trabalho proporcionar, de forma muito sintética, mas objetiva e

estruturante, uma familiarização com os principais cuidados a ter na escrita de um artigo

científico. Para satisfazer este objetivo, optou-se por uma descrição seqüencial dos

componentes típicos de um documento desta natureza. O resultado obtido satisfaz os

requisitos de objetividade e pequena dimensão que pretendia atingir. Ele também constituirá

um auxiliar útil, de referência freqüente para que o leitor pretenda construir a sua

competência na escrita de artigos científicos. Faz-se notar, todavia, que ninguém se pode

considerar perfeito neste tipo de tarefa, pois a arte de escrever artigos científicos constrói-se

no dia-a-dia, através da experiência e da cultura.

7. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, Rio de Janeiro. Normas ABNT sobre documentação. Rio de Janeiro, 2000. (Coletânea de normas).

FRANÇA, Júnia Lessa et alii. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. 6ª ed., rev. e aum., Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2003.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 14ª ed., Petrópolis: Vozes, 1997.

MÜLLER, Mary Stela; CORNELSEN, Julce. Normas e Padrões para teses, dissertações e monografias. 5ª ed. Londrina: Eduel, 2003.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22ª edição, São Paulo: Cortez, 2002.

1 Contudo nem todos os tipos de investigação necessitam da elaboração de hipóteses, que podem ser substituídas pelas “questões a investigar”.

SENAI FATESG 106

Page 106: Apostila de Português

Português Instrumental

Capítulo VIICOMO ESCREVER E APRESENTAR SUA TESE OU DISSERTAÇÃO

S. Joseph Levine, Ph.D.Michigan State UniversityEast Lansing, Michigan USA

Introdução Este Manual foi criado para ajudar meus alunos de pós-graduação a pensar através de muitos aspectos do planejamento, produção e defesa de uma tese ou dissertação. É minha intenção compartilhar algumas das muitas idéias que tem surgido durante os últimos anos e que definitivamente tornam mais fácil a tarefa de finalizar um curso de pós-graduação.

Geralmente um Manual desta natureza centra seu foco na implementação de pesquisas. Não é o caso deste. Em vez de examinar aspectos como identificar o tamanho apropriado de uma mostra e sua seleção adequada para testes estatísticos, este Manual olha para os aspectos quase políticos do processo. Diz como selecionar um comitê de apoio, fazer uma obrigatória apresentação dos resultados de sua pesquisa e estratégias para, efetivamente, ter o seu trabalho escrito e discutido.

Claro que muitas idéias aqui apresentadas podem ser usadas com sucesso por outros estudantes de pós-graduação, estudando sob a assistência de outros orientadores e de diversas outras disciplinas. No entanto, o uso deste Manual não pressupõe garantia implícita ou outra qualquer. Em caso de dúvida, consulte o seu orientador. Provavelmente o melhor conselho é que você não tente fazer a sua pesquisa inteiramente sozinho. Faça em conjunto com seu orientador. Procure sua assistência e contribuição. Mantenha-se em freqüente contato com seu orientador de maneira que ambos saibam como as coisas estão se desenvolvendo. Você terá muito mais chance de chegar ao final do seu projeto com um sorriso no rosto.

Mantenha estas premissas em mente e aproveite esse Manual. Eu espero que ele ajude você a finalizar sua pós-graduação com sucesso. Boa sorte e boa pesquisa.

A Etapa de Pensar sobre o Tema

1. Confie nas suas idéias.

2. Anote suas idéias.

3. Tente não ser excessivamente influenciado. A pesquisa é sua.

SENAI FATESG 107

Page 107: Apostila de Português

Português Instrumental4. Tente e estabeleça uma meta realista.

5. Estabeleça limites apropriados de tempo.

6. Isole-se quando achar apropriado.

7. Tente um estudo preliminar para ajudá-lo a clarificar sua pesquisa.

Preparação da Proposta

8. Leia outras propostas.

9. Prepare uma ampla revisão da bibliografia.

10. Tire cópias dos artigos relevantes.

11. A proposta deve ocupar os três primeiros capítulos da

dissertação.

12. Enfoque sua pesquisa.

13. Inclua um título à sua proposta.

14. Organize-se em torno de um conjunto de perguntas.

15. Algumas considerações para o esboço de sua pesquisa:

a. Faça um esboço da sua pesquisa assim como dos seus

benefícios

b. Escolha a sua metodologia com sensatez.

c. Considere a combinação de metodologias.

d. Cuidadosamente selecione o local para sua pesquisa.

e. Evite conduzir sua pesquisa em conjunto com outras

instituições.

SENAI FATESG 108

Page 108: Apostila de Português

Português Instrumental

16. Utilize bem o seu comitê de orientação.

a. Escolha os integrantes que irão apoiá-lo.

b. O seu professor orientador é o seu aliado.

c. Entregue ao Comitê uma proposta bem escrita e

apresentada.

d. Planeje bem a reunião para apresentação da proposta.

Escrevendo a Tese ou a Dissertação

17. Comece escrevendo as partes que você conhece melhor.

18. Reescreva sua proposta em capítulos da dissertação.

19. Use nomes e lugares reais desde os primeiros esboços da

dissertação.

20. Imprima cada esboço em folha de papel de diferente cor.

21. Desenhe à mão gráficos e tabelas nos primeiros rascunhos.

22. Escreva de forma clara e que não deixe dúvidas.

23. Reveja outras dissertações antes de começar a escrever.

24. Introduza tabelas no texto, apresente a tabela e logo a descreva.

SENAI FATESG 109

Page 109: Apostila de Português

Português Instrumental25. Use palavras similares ou paralelas sempre que possível.

26. Deixe que seu Índice o ajude a melhorar seu manuscrito.

27. Escreva conclusões e implicações reais - não ratifique as suas

descobertas.

28. Faça sugestões coerentes para futuras pesquisas.

29. O primeiro capítulo deve ser o último a ser escrito.

A Defesa da Tese/Dissertação

30. Assista algumas defesas antes de chegar a sua vez.

31. Discuta sua pesquisa com outros.

32. Não distribua capítulos para o comitê.

33. A defesa deve ser um esforço conjunto - você e seu orientador.

34. Não seja defensivo durante sua defesa.

35. Organize sua defesa para uma apresentação educativa.

36. Considere gravar sua defesa.

37. um artigo sobre os resultados de sua pesquisa.

A ETAPA DE "PENSAR SOBRE O TEMA" A etapa de "Pensar sobre o tema" acontece quando você finalmente está a frente da real conclusão da sua pós-graduação. Geralmente as fases iniciais de um programa de pós-graduação acontecem de uma forma clara e bem estruturada. Acontecem praticamente da mesma forma que um programa de graduação. Existem claras exigências e expectativas e o estudante de pós-graduação vai em frente, passo a passo, chegando cada vez mais perto da conclusão do seu programa. Um dia, no entanto, a clara estrutura começa a diminuir e agora você se aproxima da fase de tese/dissertação. Esta é uma etapa nova e diferente. Os próximos passos

SENAI FATESG 110

Page 110: Apostila de Português

Português Instrumentalserão cada vez mais definidos por você e não por seu orientador, programa ou departamento.

1. Confie nas Suas Idéias. Não tente eliminar idéias rapidamente. Construa sobre a base de suas idéias e veja quantos diferentes projetos de pesquisa você pode identificar. Permita-se ser expansivo em seu pensamento nesta etapa - você não poderá fazê-lo mais a frente. Tente e seja criativo.

2. Anote Suas Idéias. Isto permitirá que você revise suas idéias mais tarde; pois você pode modificar e trocar de idéia! Se você não registrá-las, suas idéias tenderão a ficar em contínuo estado de mudança e você, provavelmente, terá a sensação de ir a lugar nenhum. Que sensação gostosa é poder sentar e dar uma olhada nas muitas idéias que você vem pensando a respeito, se elas estiverem anotadas.

3. Tente não ser Excessivamente Influenciado. A Pesquisa é Sua. Evite a influência originada pela expectativa dos colegas, da sua profissão, do seu Departamento, etc. Você terá muito mais chance de selecionar um tema de seu real interesse se for um dos temas seus. Esta será uma das poucas oportunidades que você poderá ter em sua vida profissional para enfocar um tema de pesquisa escolhido por você.

4. Não desenvolva sua idéia assumindo que sua pesquisa atrairá a atenção internacional sobre você!! Ao invés disso, seja realista ao estabelecer seus objetivos. Esteja certo de que suas expectativas são concernentes:

... a realização de que você está atendendo uma exigência acadêmica,

... ao fato de que o processo de condução da pesquisa pode justamente ser tão importante (ou mais importante) do que os resultados da pesquisa, e

... a idéia de que primeiro e antes de tudo o projeto de pesquisa inteiro deverá ser uma experiência de aprendizagem para você.

Se você tem estas idéias em mente enquanto está trabalhando em sua pesquisa, você está diante de uma excelente chance do seu projeto de pesquisa ser bem sucedido.

5. Seja realista sobre o tempo que você está disposto a dedicar ao seu projeto de pesquisa. Se você está pensando em um projeto de 10 anos, admita-o no início, e então decida se você tem ou não 10 anos para dedicar-se a ele. Se o projeto que você gostaria de realizar irá demandar mais tempo do que você desejaria, então você tem um problema.

Eu sei que isto pode ser prematuro para você pensar, mas nunca é cedo para criar um rascunho do cronograma. Tente utilizar as 6 etapas (veja no próximo item) e coloque uma data para iniciar e outra para terminar em cada uma delas. Coloque o seu cronograma em um lugar sempre visível (sobre seu computador?) de maneira que permanentemente você seja lembrado de como você está progredindo. Periodicamente atualize seu cronograma com novas datas e tarefas a medida do necessário. (Agradeço a um visitante da Philadelphia por dividir conosco esta idéia.)

6. Se você vai pedir uma licença do seu trabalho para se dedicar a sua pesquisa, este não é o melhor momento para fazê-lo. É possível que você possa fazer sua etapa de "Pensar sobre o tema" sem precisar de uma licença. Assumindo que você terá seis grandes fases durante seu projeto de pesquisa, provavelmente o melhor momento de aproveitar o máximo uma licença será durante a quarta etapa* - a etapa de escrever. Esse é o momento quando você realmente precisa estar concentrado. Poder trabalhar no seu texto por longo período de tempo sem

SENAI FATESG 111

Page 111: Apostila de Português

Português Instrumentalinterrupções é algo realmente importante. Uma licença do seu trabalho pode permitir que isso aconteça. Antes dessa etapa, ela provavelmente não proporcionará um uso tão eficiente do seu tempo.

Etapa 1 - Pensando no Tema

Etapa 2 - Preparando a Proposta

Etapa 3 - Conduzindo a Pesquisa

Etapa 4 - Escrevendo o Trabalho de Pesquisa*

Etapa 5 - Compartilhando com outros os Resultados da Pesquisa

Etapa 6 - Revisando o Texto Final

7. Pode ser muito útil, nessa etapa inicial, tentar um estudo bem preliminar da pesquisa para testar algumas de suas idéias e para ajudar você ganhar mais confiança naquilo que você gostaria de fazer. O estudo pode ser tão simples como conduzir meia dúzia de entrevistas com nenhuma intenção de documentar o que foi dito. A chave está em que isso vai lhe dar uma chance de chegar mais perto da sua pesquisa e de testar se você está ou não interessado no tema. E você pode fazê-lo antes de comprometer-se com um trabalho que você não iria gostar. Arranje um tempo para tentar isso primeiro.

PREPARANDO A PROPOSTA Assumindo que você tenha feito um bom trabalho no "Pensando no Tema" do seu projeto de pesquisa, você está realmente pronto para preparar a proposta. Uma palavra de advertência - aqueles estudantes que tendem a ter problemas em concluir uma proposta consistente geralmente são aqueles que tentam passar rapidamente pela fase de "Pensar sobre o Tema" na ânsia de começar a escrever a proposta. Aqui está a comprovação final: Cada uma das afirmações que seguem abaixo, descrevem você ? Se a resposta é positiva, você está preparado para sua proposta de pesquisa.

Estou familiarizado com outras pesquisas que têm sido conduzidas em áreas relacionadas com o meu projeto de pesquisa.

(___Sim, estou)( ___Não, não estou)

Tenho uma clara compreensão dos passos que vou seguir na condução de minha pesquisa.

(___Sim, tenho)( ___Não, não tenho)

Sinto que tenho habilidade para executar cada um dos passos necessários para completar meu projeto de pesquisa.

(___Sim, eu sinto)( ___Não, eu não sinto)

Sei que estou motivado e tenho a determinação para passar por todos os passos do meu projeto de pesquisa.

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Page 112: Apostila de Português

Português Instrumental(___Sim, este sou eu)( ___Não, não sou eu)

Muito bem, você está pronto para sua proposta de pesquisa. Aqui estão algumas idéias para ajudá-lo na tarefa:

8. Leia integralmente outra proposta de pesquisa. Freqüentemente temos um

bloqueio na mente. É porque não temos uma imagem acabada de como vai ficar a proposta de pesquisa. Observe como está organizada outra proposta? Quais os títulos que são usados? A proposta parece clara? Sua redação sugere que o autor tem conhecimento do tema? Posso desenhar minha proposta depois de ter revisado uma ou várias outras propostas? Se você não consegue encontrar facilmente uma ou duas propostas para ler, peça ao seu orientador para lhe mostrar algumas. É muito provável que o seu orientador as tenha em seu arquivo.

9. Cuide para que sua proposta tenha uma ampla revisão bibliográfica. Neste

momento, esta idéia pode lhe parecer sem sentido. Eu tenho ouvido muitos estudantes afirmarem que "Esta é apenas a proposta. Eu vou fazer uma pesquisa bibliográfica completa para a dissertação, portanto não quero perder tempo agora" Mas, este é o tempo de fazê-la. A lógica por trás da revisão bibliográfica consiste em um argumento com duas linhas de análise: 1) esta pesquisa é necessária, e 2) a metodologia que escolhi é a mais apropriada para responder a questão que está sendo feita. Então, porque você gostaria de esperar? Agora é o tempo de informar-se e de aprender com os outros que o precederam! Se você esperar até que comece a escrever a dissertação, é tarde demais. De qualquer maneira você terá que fazê-lo, portanto faça-o agora. E mais, você provavelmente vai querer inserir a revisão bibliográfica em seu texto final de dissertação. (Obrigado ao leitor-visitante do website de Mobile, Alabama que ajudou a esclarecer esse ponto.)

10. Contando com ampla disponibilidade de fotocopiadora você será capaz de

contornar muitas dificuldades que pesquisadores anteriores tiveram que enfrentar para desenvolver sua revisão bibliográfica. Quando você lê alguma coisa que é importante para o seu estudo, foto copie as partes relevantes do artigo ou capítulo. Mantenha suas fotocópias organizadas por categoria e setores. E, o mais importante, foto copie a citação bibliográfica de maneira que você possa facilmente referenciá-la em sua bibliografia. Então, quando você decidir sentar e realmente escrever a revisão bibliográfica, traga as suas fotocópias, coloque-as em uma ordem lógica e seqüencial, e aí comece a escrever.

11. Afinal, o que é uma proposta? Uma boa proposta deve consistir nos três

primeiros capítulos da dissertação. Deve começar com uma exposição da situação-problema (tipicamente o capítulo 1 da dissertação), seguida da revisão bibliográfica (capítulo 2) e conclui com a definição da metodologia de pesquisa (capítulo 3). É claro que deverá ser escrito com o verbo no tempo futuro já que trata-se de uma proposta. No entanto, para finalizar uma boa proposta, deveríamos trocar, nos três primeiros capítulos da dissertação, o tempo futuro pelo tempo passado (de "Isto é o que eu gostaria de fazer" para "Isto foi o que eu fiz"), e realizar toda alteração necessária baseado na maneira que você realmente conduziu a

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Português Instrumentalpesquisa comparada com a que você se propôs fazer. Freqüentemente as intenções que declaramos na nossa proposta tornam-se diferentes na realidade e então, temos que fazer adequações para transformar a proposta em dissertação.

12. Enfoque sua pesquisa especificamente. Não tente fazer com que sua

pesquisa cubra uma área muito ampla. Agora você pode pensar que isto irá distorcer aquilo que você deseja fazer. Isto pode acontecer, mas você será capaz de realmente executar o projeto se ele for definido especificamente. Geralmente um projeto com definição muito aberta, ampla, não é exeqüível. Uma ampla definição pode parecer mais adequada para você, mas existe uma grande chance de que ela seja impraticável como projeto de pesquisa. Quando você completa o seu projeto de pesquisa é importante que tenha algo específico e definido para dizer. Isto pode ser adequado e melhor destacado através de uma definição mais objetiva do seu projeto. De outra maneira, você pode ter coisas muito generalizadas para dizer a respeito de grandes áreas que na verdade proporcionam pouca orientação para aqueles que queiram segui-lo. É comum o pesquisador concluir que aquilo que ele pensou originalmente como um bom projeto de pesquisa acaba se revelando como um conjunto de projetos de pesquisa. Faça um projeto para a sua dissertação e guarde os outros projetos para fazê-los mais tarde na sua carreira. Não tente resolver todos os problemas neste único projeto de pesquisa.

13. Coloque um título em sua proposta. Fico surpreso o quanto é freqüente o

título ser deixado por último na redação dos estudantes e acaba sendo esquecido quando a proposta é finalizada para análise da banca examinadora. Uma boa proposta tem um bom título e é a primeira coisa a ajudar o leitor entender a natureza do seu trabalho. Utilize-o sabiamente! Trabalhe cedo em seu título e revise-o freqüentemente. É fácil para o leitor identificar as propostas onde o título é bem enfocado pelo estudante. Preparar um bom título significa:

...ter as palavras mais importantes aparecendo no início do título,

...limitar o uso de palavras ambíguas e confusas,

...separar em título e sub-título quando você tem muitas palavras, e

...incluir palavras chaves que irão ajudar os pesquisadores encontrar o seu trabalho no futuro.

14. É importante que a sua proposta de pesquisa esteja organizada em torno

de um conjunto de questões que vão orientar sua pesquisa. Quando selecionar essas questões-guias, tente escrevê-las de modo que elas delimitem a sua pesquisa e a coloquem em perspectiva com outras existentes. Estas questões devem servir para estabelecer a ligação entre a sua pesquisa e as outras que a precederam. As questões da sua pesquisa devem claramente mostrar a relação da sua pesquisa com o seu campo de estudos. Não saia do objetivo neste ponto fazendo questões muito fechadas. Você precisa começar com questões amplas e relacionadas.

Uma boa questão:

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Português InstrumentalPode o aprendiz adulto de uma área rural ter características que são similares ao aprendiz adulto em geral?

Uma questão pobre:

Quais são as características do aprendiz adulto rural em um programa de educação para adultos? (muito específica)

Uma questão pobre:

Como pode a Instituição XYZ atender melhor os aprendizes adultos da área rural? (não há como generalizá-la)

15. Aqui estão mais algumas idéias a respeito da definição de seu projeto de

pesquisa:

a. Certifique-se de que você estará beneficiando aqueles que estão

participando da pesquisa. Não veja as pessoas somente como fontes de informação para você analisar. Esteja certo de que você os está tratando como participantes da pesquisa. Eles têm o direito de entender o que você está fazendo e você tem a responsabilidade de partilhar com eles as descobertas advindas das suas reações. Sua pesquisa não deverá somente fortalecer você com novos conhecimentos, mas deverá também fortalecer aqueles que participaram com você.

b. Escolha a sua metodologia sabiamente. Não descarte rapidamente

a escolha de uma metodologia quantitativa porque você teme o uso de estatística. A abordagem qualitativa para pesquisa pode resultar em novos e excitantes conhecimentos, mas pode não ser levada a sério por causa do seu temor da pesquisa quantitativa. Um estudo de pesquisa quantitativa bem desenhada pode ser realizada e concluída de maneira clara e concisa. Um estudo similar de natureza qualitativa geralmente requer muito mais tempo e dedicação. Escolha sua metodologia sabiamente.

c. Uma metodologia combinada tem às vezes mais sentido. Você pode

combinar um estudo preliminar qualitativo (para definir mais claramente sua população, para desenvolver mais especificamente o seu instrumental ou para estabelecer hipóteses para pesquisa) com um estudo principal quantitativo tendo como resultado um bom projeto de pesquisa.

d. Decidir onde você vai conduzir a pesquisa é uma decisão

importante. Se você é de outra área ou de outro país existe geralmente uma expectativa de retornar a "sua casa" para conduzir a pesquisa. Isto pode render resultados mais significativos, mas provavelmente também criara uma situação na qual esperam que você cumpra outras obrigações enquanto você está em casa. Para muitos estudantes a oportunidade de conduzir um projeto de pesquisa longe de casa é muito importante já que eles têm um controle

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Page 115: Apostila de Português

Português Instrumentalmelhor de muitas variáveis que não podem ser controladas em seu país. Pense cuidadosamente com respeito a sua própria situação antes de tomar a sua decisão.

e. O que acontece se você tem a oportunidade de conduzir a sua

pesquisa em conjunto com outra instituição ou projeto que trabalha em área correlata? Você deve fazê-lo? Algumas vezes isto funciona bem, mas é muito freqüente acontecer que o pesquisador responsável pela dissertação abra mão de boa parte de sua liberdade para conduzir o seu projeto de pesquisa em conjunto com alguém. Certifique-se de que as compensações estão ao seu favor. Pode ser muito desastroso ter outro projeto da instituição atrasado e por conseqüência o seu próprio projeto de pesquisa sofrer um temporário atraso também. Ou, por exemplo, você triplicou o tamanho de sua mostra e a instituição estava disposta a pagar o custo da postagem dos questionários. Eles pagaram a postagem para os pré-questionários e agora eles estão impossibilitados de pagar a postagem para os pós-questionários. O que acontece com a sua pesquisa? Eu penso que o custo de conduzir uma pesquisa não é proibitivo e os benefícios de trabalhar em conjunto com outra instituição, que não a sua, não são a favor do pesquisador. Pense duas vezes antes de alterar o seu projeto para acomodar a participação de alguém mais. Desfrute o poder e a liberdade de tomar suas próprias decisões (e equívocos!)? Assim é que aprendemos!

ESCREVENDO A TESE OU A DISSERTAÇÃO

Agora é a parte que nós estávamos esperando. Eu devo assumir que você encontrou uma boa idéia para pesquisa, sua proposta foi aprovada, os dados foram coletados, as análises foram conduzidas e agora você está prestes a começar a escrever a dissertação. Se você executou bem os primeiros passos, está parte não deverá ser tão ruim. Na verdade, pode ser até agradável!

16. O principal mito em escrever uma dissertação é que você começa escrevendo o Capítulo Um e acaba a redação no Capítulo Cinco. Raramente isto acontece. A forma mais produtiva de escrever uma dissertação é começar escrevendo aquelas partes com as quais você se sente mais confortável. Logo você começa a mover-se em outras direções completando vários tópicos ou capítulos à medida que você pensa neles. Em algum momento você estará escrevendo em várias sessões. Você pode expô-las a sua frente e seqüenciá-las da melhor maneira para ver o que está faltando ou o que deveria ser acrescentado a sua dissertação. Desta maneira você baseia sua construção naqueles aspectos de seu estudo que lhe parecem mais interessantes. Ou seja, pensa naquilo que interessa a você, comece escrevendo sobre isso e então prossiga construindo a partir daí.

(David Kraenzel - North Dakota State University - escreveu o "Método de A à Z": Olhe na primeira sessão de sua proposta. Quando você está pronto vá em frente e escreva-o. Se você não está pronto, vá olhando sessão por sessão do seu trabalho até você encontrar uma sessão onde você tem alguma coisa a acrescentar. Acrescente e continue se movendo através de todo seu trabalho - de A à Z - escrevendo e adicionando naquelas sessões que você tem alguma coisa a acrescentar. Cada vez que você trabalha em sua dissertação siga o mesmo

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Português Instrumentalprocesso "de A à Z". Isto vai lhe ajudar a visualizar o produto final do seu esforço desde o início do seu trabalho de redação e cada vez que você trabalha nele você estará construindo o trabalho todo - de A à Z. Obrigado David!).

17. Se você preparou uma proposta detalhada, agora será recompensado! Pegue a proposta e comece por conferir a sua metodologia de pesquisa. Troque o tempo do verbo, do futuro para o passado, e então faça as inclusões ou mudanças de maneira que a metodologia reflita verdadeiramente aquilo que você fez. Agora você pode trocar as sessões ou capítulos da proposta para sessões ou capítulos da dissertação. Siga adiante para a Descrição do Problema e Revisão da Literatura e aja da mesma maneira.

18. Devo assumir que você está usando um processador de textos de um computador para escrever a sua dissertação. (se não está fazendo isto, você perdeu a maior parte da preparação do seu doutorado!) Se o seu trabalho tem nomes específicos, de pessoas, instituições e lugares, que precisam ser mudados para preservar o anonimato não faça tão cedo. Vá adiante e escreva sua dissertação usando nomes reais. Depois, no final da etapa de redação você pode facilmente fazer com que o computador substitua apropriadamente os nomes. Se você fizer muito cedo estas substituições, pode confundir realmente o seu trabalho.

19. A medida que você se envolve de fato em escrever a sua dissertação, vai descobrir que a preocupação em conservar os documentos, cópias ou originais, deixa de ter sentido. Tão logo você imprime o rascunho de um capítulo, irão aparecer várias necessidades de mudanças e, antes que você se de conta, outro rascunho será impresso. E, pode lhe parecer quase impossível jogar fora qualquer um dos rascunhos! Passado um tempo vai ser extremamente difícil lembrar qual rascunho do seu capítulo você pode estar lendo. Imprima cada rascunho da sua dissertação em um papel de cor diferente. Com cores diferentes de papel será fácil ver qual é o último rascunho e você pode rapidamente ver qual rascunho um membro do comitê pode estár lendo. (Obrigado Michele O'Malley da Universidade da Florida por compartilhar essa idéia.)

20. A única área em que você deve ter cuidado em usar processadores de texto é a criação de gráficos e tabelas mais elaboradas. Eu tenho visto muitos estudantes gastando demasiadas horas tentando usar seus processadores de texto para criar gráficos quando eles poderiam fazê-los a mão em 15 minutos. Portanto, a regra simples é desenhar manualmente tabelas e gráficos para o rascunho da sua dissertação. Certifique-se de que o seu comitê pode entender claramente o seu gráfico, mas não gaste tempo tentando fazê-lo perfeito. Depois de você defender sua dissertação é o tempo de preparar gráficos e tabelas com "aparência perfeita".

21. O estilo do texto da dissertação não é formatado para o entretenimento. O texto da dissertação deve ser claro e sem ambigüidade. Para fazer isto adequadamente você deve preparar uma lista de palavras chaves que são importantes para sua pesquisa e então o seu texto deve usar esse conjunto de palavras chaves em todas as partes. Não existe nada mais frustrante para quem lê do que um manuscrito que fica usando palavras alternativas para dizer a mesma coisa. Se você decidiu que o termo chave para sua pesquisa é "workshop educativo", então não tente substituir por outro termo como "programa em serviço" ou "workshop de aprendizagem", "instituto educativo", ou "programa educativo". Sempre fique com o mesmo termo - "workshop educativo". Será muito claro para o seu leitor saber exatamente ao que você está se referindo.

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Page 117: Apostila de Português

Português Instrumental22. Releia duas ou três dissertações bem elaboradas e apresentadas.

Examine o uso dos títulos; o estilo como um todo, a tipografia e a organização. Utilize-os como um modelo para a preparação de sua própria dissertação. Desta maneira você terá uma idéia, no início do seu trabalho, de como ficará sua dissertação quando acabada. Uma perspectiva que lhe ajudará muito!

23. Uma regra simples - se você estiver apresentando informações em forma de

tabelas ou gráficos assegure-se de ter apresentado a tabela ou gráfico em seu texto. E então, seguindo-se a inserção da tabela/gráfico, assegure-se de tê-los discutido. Se não há nada para discutir então você deve questionar a necessidade de inseri-los.

24. Outra regra simples - se você tem uma grande série de tabelas muito

semelhantes tente usar palavras ou expressões semelhantes ao descrever cada uma delas. Não tente ser criativo e divertido em seu texto. Em cada introdução e discussão de tabelas similares use palavras muito similares também, assim o leitor pode facilmente notar as diferenças em cada tabela.

25. Estamos todos familiarizados com a utilidade que o Índice de Conteúdo tem para o leitor. O que algumas vezes não nos damos conta é que ele também é valioso para o escritor. Use o Índice de Conteúdo para ajudá-lo a aprimorar seu manuscrito. Use-o para ver se você deixou alguma coisa de fora, se você está apresentando suas sessões/capítulos na ordem mais lógica ou se você precisa colocar as palavras de forma mais clara. Graças a miraculosa tecnologia do computador, você pode facilmente copiar/colar cada um dos seus títulos do texto que está escrevendo direto para o Índice de Conteúdo. Aí, encoste-se na cadeira e veja se o Índice está claro e se vai fazer sentido para o leitor. Você ficará surpreso em perceber facilmente as áreas que necessitam um pouco mais de sua atenção. Não espere até o final para fazer o seu Índice de Conteúdo. Antecipe-se o suficiente de modo que você se beneficie da informação que ele vai lhe fornecer.

26. Se você está incluindo uma sessão de Conclusões/Implicações em sua dissertação, certifique-se de estar realmente apresentando conclusões e implicações. Freqüentemente o autor usa a sessão de Conclusões/Implicações para meramente reafirmar os resultados da pesquisa. - Não me faça perder tempo. Eu já li os Resultados e agora na sessão de Conclusões/Implicações eu quero que você me ajude a entender o que significa tudo isso - esta é uma parte chave da dissertação e às vezes é melhor fazê-la depois de ter se afastado alguns dias de sua pesquisa, o que lhe permite colocá-la em perspectiva. Se você fizer isso, sem dúvida será capaz de visualizar uma variedade de novas idéias que ajudarão a conectar sua pesquisa a outras áreas. Eu geralmente penso em Conclusões/Implicações como a expressão "E daí. Em outras palavras, quais são as idéias chaves que eu posso trazer do seu estudo para aplicar na minha área de conhecimento.

27. Potencialmente a parte mais boba da dissertação é a sessão das Sugestões para Futuras Pesquisas. Esta sessão é escrita geralmente no final da redação do seu projeto quando pouca energia lhe resta para fazê-lo realmente significativo. O maior problema com esta sessão é que as sugestões são geralmente aquelas que poderiam ser feitas antes de você conduzir sua pesquisa. Leia e releia esta sessão

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Page 118: Apostila de Português

Português Instrumentalaté que você tenha certeza de ter feito sugestões que emanam da sua experiência na condução da pesquisa e dos resultados obtidos. Certifique-se de que as suas sugestões para futuras pesquisas servirão de vínculo do seu projeto com outros projetos no futuro e, que oportunize aos leitores, um melhor entendimento do que você fez.

28. Agora é a hora de escrever o último capítulo. Mas qual é o último capítulo Minha percepção é que o último capítulo a ser escrito deve ser o primeiro capítulo. Eu realmente não creio que esta afirmação deve ser interpretada ao pé da letra. Certamente você escreveu o Primeiro Capítulo no início de todo o processo. Agora, no final, é tempo de "reescrever" o Primeiro Capítulo. Depois que você teve a chance de escrever a sua dissertação, releia o primeiro capítulo cuidadosamente com a certeza de que já completou o capítulo cinco. O primeiro capítulo ajuda claramente ao leitor a seguir em direção ao capítulo cinco? Os conceitos importantes que serão necessários para o entendimento do capítulo cinco são apresentados no primeiro capítulo?

Capítulo VIIIALGUMAS INFORMAÇÕES GRAMATICAIS

Dicas - 100 erros mais comuns

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Português Instrumental

1. "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.2. "Fazem" cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.3. "Houveram" muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.4. "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idéias.5. Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.6. Entre "eu" e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.7. "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.8. "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.9. "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.10. "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.11. Vai assistir "o" jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.12. Preferia ir "do que" ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.13. O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.14. Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinqüenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro" (invólucro).15. Quebrou "o" óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.16. Comprei "ele" para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.

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Page 120: Apostila de Português

Português Instrumental17. Nunca "lhe" vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.18. "Aluga-se" casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.19. "Tratam-se" de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.20. Chegou "em" São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.21. Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.22. Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.23. Todos somos "cidadões". O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.24. O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.25. A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.26. Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.27. "Porisso". Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.28. Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e não "qualquer", que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.29. A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.30. Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.31. O peixe tem muito "espinho". Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O "fuzil" (fusível) queimou. / Casa "germinada" (geminada), "ciclo" (círculo) vicioso, "cabeçário" (cabeçalho).32. Não sabiam "aonde" ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?33. "Obrigado", disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: "Obrigada", disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.34. O governo "interviu". Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.

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Page 121: Apostila de Português

Português Instrumental35. Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.36. "Fica" você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.37. A questão não tem nada "haver" com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.38. A corrida custa 5 "real". A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais.39. Vou "emprestar" dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.40. Foi "taxado" de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.41. Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.42. "Cerca de 18" pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.43. Ministro nega que "é" negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.44. Tinha "chego" atrasado. "Chego" não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.45. Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.46. Lute pelo "meio-ambiente". Meio ambiente não tem hífen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição, meio-de-campo, etc.47. Queria namorar "com" o colega. O com não existe: Queria namorar o colega.48. O processo deu entrada "junto ao" STF. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não "junto ao") Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não "junto aos") leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não "junto ao") banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não "junto ao") Procon.49. As pessoas "esperavam-o". Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.50. Vocês "fariam-lhe" um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca "imporá-se"). / Os amigos nos darão (e não "darão-nos") um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo "formado-me").51. Chegou "a" duas horas e partirá daqui "há" cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.52. Blusa "em" seda. Usa-se de, e não em, para definir o material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.

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Page 122: Apostila de Português

Português Instrumental53. A artista "deu à luz a" gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu "a luz a" gêmeos.54. Estávamos "em" quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.55. Sentou "na" mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.56. Ficou contente "por causa que" ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.57. O time empatou "em" 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.58. À medida "em" que a epidemia se espalhava... O certo é: À medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.59. Não queria que "receiassem" a sua companhia. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).60. Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.61. A moça estava ali "há" muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.)62. Não "se o" diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.63. Acordos "políticos-partidários". Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas.64. Fique "tranquilo". O u pronunciável depois de q e g e antes de e e i exige trema: Tranqüilo, conseqüência, lingüiça, agüentar, Birigüi.65. Andou por "todo" país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.66. "Todos" amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.67. Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.68. Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.69. Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não "dos mesmos").70. Vou sair "essa" noite. É este que desiga o tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).71. A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.

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Page 123: Apostila de Português

Português Instrumental72. A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria.73. Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.74. Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.75. Ele "intermedia" a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.76. Ninguém se "adequa". Não existem as formas "adequa", "adeqüe", etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.77. Evite que a bomba "expluda". Explodir só tem as pessoas em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale "exploda" ou "expluda", substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas "precavejo", "precavês", "precavém", "precavenho", "precavenha", "precaveja", etc.78. Governo "reavê" confiança. Equivalente: Governo recupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem "reavejo", "reavê", etc.79. Disse o que "quiz". Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.80. O homem "possue" muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.81. A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...82. Já "foi comunicado" da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém "é comunicado" de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria "comunicou" os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.83. Venha "por" a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Veja outros: fôrma, pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), pára (verbo parar), péla (bola ou verbo pelar), pélo (verbo pelar), pólo e pólos. Perderam o sinal, no entanto: Ele, toda, ovo, selo, almoço, etc.84. "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não "inflingir") significa impor: Infligiu séria punição ao réu.85. A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).86. Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também "comprimentar" alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).

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Page 124: Apostila de Português

Português Instrumental87. O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.88. Comprou uma TV "a cores". Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV "a" preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores.89. "Causou-me" estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não "foi iniciado" esta noite as obras).90. A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso: A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não "foram punidas").91. O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.92. "Haja visto" seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.93. A moça "que ele gosta". Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc.94. É hora "dele" chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...95. Vou "consigo". Consigo só tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não "para si").96. Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não "são") 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.97. A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não "kms."), 5 m, 10 kg.98. "Dado" os índices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas idéias...99. Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.100. "Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.

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Page 125: Apostila de Português

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Pontuação É o conjunto de sinais gráficos que possui basicamente duas funções: representar, na língua escrita, as pausas e a entoação da língua falada, na tentativa de reconstituir o movimento vivo, recursos rítmicos e melódicos que a oralidade possui e dividir as partes do discurso que não têm entre si uma íntima relação sintática.

EMPREGO DOS SINAIS GRÁFICOS

VÍRGULA (,)

Emprega-se a vírgula nos seguintes casos:

1. para separar termos da mesma função sintática;

Exemplos:

Pedro, João, Mateus e Tiago eram alguns dos apóstolos de Jesus. (Pedro, João, Mateus e Tiago exercem a mesma função sintática nessa oração, ou seja, a de sujeito.) Ana vendeu um sofá, duas poltronas, uma estante e uma mesinha. (sofá, poltronas, estante e mesinha funcionam, aqui, como objetos diretos da oração.) Observações: Quando as conjunções "e", "ou" e "nem" vierem repetidas numa enumeração, dando ênfase ao que se diz, costuma-se separar os termos coordenados.

Exemplos:

Abrem-se lírios, e jasmins, e rosas, e cravos... Ou você presta atenção à aula, ou você conversa, ou você sai da sala. Nem eu, nem tu, nem qualquer outra pessoa resolverá este caso. Quando se usa a conjunção "ou" para indicar equivalência entre dois termos, pode-se ou não empregar-se uma vírgula antes da conjunção e outra depois da palavra que indica equivalência.

Exemplos:

Cláudia, ou sua irmã, deverá ser a oradora da turma. Cláudia ou sua irmã deverá ser a oradora da turma. Torna-se necessária a vírgula antes da conjunção "e" quando servir para separar orações coordenadas que tenham sujeitos diferentes.

Exemplos:

A primavera despertava as flores, e os coqueiros balançavam preguiçosos ao vento. (Neste exemplo, o "e" não está ligando flores a coqueiros, pois este termo é sujeito da forma verbal balançavam, e flores é objeto direto de DESPERTAva que tem como sujeito a palavra primavera.) Ele dizia muitas coisas, e sua esposa só ouvia.

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Page 126: Apostila de Português

Português Instrumental2. para isolar o objeto direto anteposto ao verbo nas construções em que ele aparece também com sua forma pleonástica;

Exemplos:

A mesa, nós a empurraremos. (A mesa = objeto direto / pronome a = objeto direto pleonástico) O homem, fê-lo Deus à sua semelhança. (O homem = objeto direto / lo = objeto direto pleonástico) Os sapatos, João os comprou na C&A. (Os sapatos = objeto direto / os = objeto direto pleonástico)

3. para isolar o aposto explicativo;

Exemplos:

Alice, a diretora, estava muito feliz. (aposto = a diretora) Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi enforcado por lutar pela nossa independência. (aposto = o Tiradentes)

4. para isolar o vocativo;

Exemplos:

Maria, porque não respondes? (vocativo = Maria) Ajuda-me, Senhor, neste trabalho. (vocativo = Senhor)

5. para isolar o adjunto adverbial antecipado;

Exemplos:

No campo, a chuva é sempre bem-vinda. (adjunto adverbial = No campo) Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste. (adjunto adverbial = com fé e orgulho) Pela manhã, fui ao sítio de meu avô. (adjunto adverbial = Pela manhã) No entanto, quando o adjunto for constituído de apenas um advérbio, a vírgula será facultativa.

Exemplos:

Ali várias pessoas discutiam sobre futebol. Ali, várias pessoas discutiam sobre futebol. Hoje não comprei o jornal. Hoje, não comprei o jornal.

6. para se separar a localidade da data, e nos endereços;

Exemplos:

Rio de Janeiro, 31 de julho de 1957. Rua Barata Ribeiro, 200, ap. 101, Copacabana.

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Page 127: Apostila de Português

Português Instrumental7. para marcar a supressão do verbo numa oração (zeugma);

Exemplos:

Eu fui de ônibus; ela, de avião. Os valorosos levam as feridas; e os venturosos, os prêmios.

8. para separar orações coordenadas assindéticas, isto é, separar orações que não apresentam conjunções que as interliguem;

Exemplos:

Acendeu um cigarro, cruzou as pernas, estalou os dedos. Vim, vi, venci.

9. para separar as orações coordenadas sindéticas adversativas, conclusivas e explicativas;

Exemplos:

Não me disseste nada, mas eu vi tudo. Ana namorava Carlos, entretanto não o amava. Tu és homem, logo és mortal. Estou com o mapa no carro, portanto não errarei o caminho. Venha, que já é tarde. Não fumes aqui, porque é perigoso. Volte amanhã, pois o diretor não o atenderá hoje.

10. para isolar certas expressões exemplificativas e de retificação;

Exemplos:

Além disso, por exemplo, isto é, ou seja, a saber, aliás, digo, minto, ou melhor, ou antes, outrossim, com efeito, a meu ver, por assim dizer, por outra, etc.

11. para isolar o predicativo deslocado;

Exemplos:

A mulher, desesperada, correu em socorro do filho. Desesperada, a mulher correu em socorro do filho. Cansados, os meninos dormiram mesmo no chão. Os meninos, cansados, dormiram mesmo no chão.

12. para isolar certas conjunções deslocadas;

Exemplos:

Naquele dia, porém, não pude vir. (todavia, contudo, entretanto, No entanto, etc.)

Observação:

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Page 128: Apostila de Português

Português InstrumentalQuando a conjunção "pois" for conclusiva, virá sempre depois do verbo da oração a que pertence e, portanto, isolada por vírgulas.

Exemplo:

As jóias não eram, pois, tão valiosas assim.

13. para isolar as orações intercaladas;

Exemplos:

Amanhã mesmo vou embora, assegurou Rogério, batendo a porta da rua. Ele sabia que, mesmo comprometendo a sua segurança, precisava fazer a denúncia.

Observação: Neste caso, também é possível substituir as vírgulas por travessões.

14. para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas;

Exemplos:

Léa, que tem manias estranhas, entrou na sala agora. O homem, que se considera racional, muitas vezes age animalescamente.

15. para separar as orações subordinadas adverbiais, principalmente quando antepostas à principal (Exceção das comparativas).

Exemplos:

Quando se levantou, os seus olhos tinham uma imensa paz. Se chover muito, não irei à casa de Paula. Apesar de ter ido ao passeio, ela não se alegrou. Ana é tão inteligente como a irmã.

Observações:

- Pode-se separar as orações adjetivas restritivas quando muito extensas no período ou no encontro dos verbos;

Exemplos:

As famílias que se estabeleceram naquela favela de pequenas e sujas vielas, estão preocupadas com os

bandidos. O homem que falou, representou-me na reunião.

- São também separadas por vírgulas as orações reduzidas de infinitivo, de gerúndio e de particípio que se antepõem à oração principal.

Exemplos:

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Page 129: Apostila de Português

Português InstrumentalMarchar mais e mais, insistia o sargento. Sendo muitos os problemas, resolva-os sempre um por um. Incentivado, viajou para Londres.

- Quando houver um parêntese no período, no lugar em que já exista uma vírgula, esta se coloca depois do parêntese fechado, uma vez que este sempre esclarece o que ficou antes da vírgula, e não o que vem depois dela.

Exemplo:

Estava Mário em sua casa (nenhum prazer sentia fora dela), quando ouviu gritos na rua.

CASOS EM QUE NÃO SE DEVE EMPREGAR A VÍRGULA

A) Não se deve separar por vírgula o sujeito de seu predicado, os verbos de seus complementos e destes os adjuntos adverbiais se vierem na ordem direta.

Ordem direta = SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS + ADJUNTOS ADVERBIAIS

Exemplos:

Pedro, comprou um livro no sebo. (errado) Pedro comprou, um livro no sebo. (errado) Pedro comprou um livro, no sebo. (errado) Pedro comprou um livro no sebo . (certo)

B) Segundo alguns gramáticos mais antigos, não se deve colocar vírgula antes de "etc", pois se trata de letras que abreviam a expressão latina "et cetera", que significa "e outras coisas", "e o resto", "e assim por diante". Nesse sentido, também é condenável o uso da conjunção "e" antes de ETC.

Exemplos:

Sandra comprou blusas, calças, meias e etc. (condenado) Sandra comprou blusas, calças, meias etc. (aceito)

No entanto, o Acordo Ortográfico que está vigindo no Brasil determina que se use, obrigatoriamente, a vírgula antes de etc.

Exemplo:

Acordou, tomou café, tomou banho, etc.

Quando a frase termina com "etc.", basta colocar um ponto, que acaba tendo duplo papel: o de marcar a abreviatura da expressão e o de encerrar o período. É o que se vê nos dicionários e no "Formulário Ortográfico Oficial" em todos os casos em que se emprega essa abreviatura.

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Page 130: Apostila de Português

Português InstrumentalPONTO-E-VÍRGULA (;)

Este sinal serve de intermediário entre o ponto e a vírgula, aproximando-se ora mais de um ora mais de outro, segundo os valores pausais e melódicos que representa no texto. Apesar da imprecisão deste sinal, pode-se estabelecer alguns empregos para ele.

1. Serve para separar orações coordenadas com certa extensão e que possuam a mesma estrutura sintática, sobretudo, se possuem partes já divididas por vírgulas;

Exemplos:

Das graças que há no mundo, as mais sedutoras são as da beleza; as mais picantes, as do espírito; as mais comoventes, as do coração. Nos dias de hoje, é preciso andar com cautela; antigamente, a vida era mais tranqüila.

2. Para separar orações coordenadas assindéticas de sentido contrário;

Exemplos:

Cláudio é ótimo filho; Júlio, ao contrário, preocupa constantemente seus pais. Uns se esforçam, lutam, criam; outros vegetam, dormem, desistem.

3. Para separar orações coordenadas adversativas e conclusivas quando se deseja (com o alongamento da pausa) acentuar o sentido adversativo ou conclusivo dessas orações;

Exemplos:

Pode a virtude ser perseguida; mas nunca desprezada. Estudei muito; não obtive, porém, resultados satisfatórios. Ele anda muito ocupado; não tem, por isso, respondido às suas cartas.

Observação:

Em certos casos, a ênfase dada a essas orações pode pedir o emprego do ponto em lugar do ponto-e-vírgula.

Exemplo:

O exame de física foi bastante difícil. Entretanto, o de português foi bem melhor.

4. Para separar os diversos itens de uma lei, decreto, portaria, regulamento, exposição de motivos, etc;

Exemplo:

Artigo 187

O processo será iniciado:

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Page 131: Apostila de Português

Português Instrumental

I - por auto de infração; II - por petição do contribuinte interessado; III - por notificação, ou representação verbal ou escrita.

5. Para separar itens diferentes de uma enumeração;

Exemplo:

O Brasil produz café, milho, arroz; cachaça, cerveja, vinho. (Separando gêneros alimentícios de bebidas)

6. Para separar os itens de uma explicação.

Exemplo:

A introdução dos computadores pode acarretar duas conseqüências: uma, de natureza econômica, é a redução de custos; a outra, de implicações sociais, é a demissão de funcionários.

PONTO (.)

O ponto assinala a pausa máxima da voz. Serve para indicar o término de uma oração absoluta ou de um período composto. Quando os períodos simples e compostos mantêm entre si uma seqüência do pensamento, serão separados por um ponto chamado de "ponto simples"; e o período seguinte que expressa uma conseqüência ou uma continuação do período anterior será escrito na mesma linha.

Porém, se houver um corte, uma interrupção na seqüência do pensamento, o período seguinte se iniciará na outra linha, sendo o ponto do período anterior chamado de "ponto parágrafo". Finalmente, quando um ponto encerra um enunciado, dá-se o nome de "ponto final". O ponto serve ainda para abreviar palavras.

Exemplo:

V. S. = Vossa Senhoria; prof. = professor, etc.

DOIS PONTOS (:)

Serve para marcar uma sensível suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída. Emprega-se nos seguintes casos:

1. Antes de uma citação;

Exemplos:

Como ele nada dissesse, o pai perguntou:

- Queres ou não queres ir? Disse Machado de Assis: "A solidão é oficina de idéias."

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Page 132: Apostila de Português

Português Instrumental

2. Antes de uma enumeração;

Exemplo:

Tínhamos dezenas de amigos: Pedro, João, Carlos, Luís, mas nenhum deles entendeu nosso problema.

3. Antes de uma explicação, uma síntese ou uma conseqüência do que foi enunciado, ou ainda antes de uma complementação.

Exemplos:

A razão é clara: achava sua conversa menos interessante que a dos outros rapazes.

E a felicidade traduz-se por isto: criarem-se bons hábitos durante toda a vida. No quartel, quem manda é o sargento: só nos cabe ouvir e obedecer. Aquela mãe preocupava-se com uma coisa só: o futuro dos filhos. "Não sou alegre nem sou triste: sou poeta." (C. Meireles)

Observação: Nos vocativos de cartas, ofícios, etc, usa-se vírgula, ponto, dois pontos ou nenhuma pontuação.

Exemplos:

Prezado Senhor, Prezado Senhor. Prezado Senhor: Prezado Senhor

PONTO DE INTERROGAÇÃO (?)

É um sinal que indica uma pausa com entoação ascendente. Emprega-se nos seguintes casos:

1. Nas interrogações diretas;

Exemplos:

Quem vai ao teatro hoje? Que é Deus?

2. Pode-se combinar o ponto de interrogação com o ponto de exclamação quando a pergunta também expressar uma surpresa;

Exemplo:

- Ana desmanchou o noivado de cinco anos. - Por quê?!

3. Quando houver muita dúvida na pergunta, costuma-se colocar reticências após o ponto de interrogação.

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Page 133: Apostila de Português

Português Instrumental

Exemplos:

- Então?... Qual o caminho que devemos seguir?... - E você também não sabe?...

PONTO DE EXCLAMAÇÃO (!)

Neste sinal, a pausa e a entoação não são uniformes, já que somente no contexto em que está inserida a frase exclamativa poderemos interpretar a intenção do escritor, pois são várias as possibilidades da inflexão exclamativa como, por exemplo, as frases que exprimem espanto, surpresa, alegria, entusiasmo, cólera, dor, súplica, etc.

Normalmente se emprega nos seguintes casos:

1. Depois de interjeições ou de termos equivalentes como os vocativos intensos, as apóstrofes;

Exemplos:

- Ai! Ui! - gritava o menino. - Credo em cruz! - gemeu Raimundo. - Adeus, Senhor! "Ó Pátria amada, idolatrada, Salve! Salve!"

2. Depois de um imperativo;

Exemplos:

- Não vai! Volta, meu filho! - Direita, volver! - Não matarás!

Observação: Para acentuar a inflexão da voz e a duração das pausas pedidas por certas formas exclamativas, pode-se empregar os seguintes recursos:

A) Combinar-se o ponto de exclamação ao de interrogação quando a entoação numa frase interrogativa for sensivelmente mais exclamativa.

Exemplo:

Para que você veio me contar essas histórias a esta hora da noite!?

B) Emprega-se a combinação acima mais reticências para dar à frase mais um matiz: o da incerteza.

Exemplo:

- Coitado! Envolvido com drogas, quem poderá dizer como acabará!?...

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Page 134: Apostila de Português

Português Instrumental

C) Repete-se o ponto de exclamação para marcar um reforço especial na duração, na intensidade ou na altura da voz.

Exemplo:

- Canalhas!!! Não escaparão à Justiça Divina!!!

Observação: Deve-se evitar usar este recurso quando se enviar um texto para uma pessoa cega que utilize computador com ledores de tela (como o Virtual Vision e o Sistema DOSVOX), que interpretam estes pontos repetidos apenas como sinais de pontuação, não dando à palavra ou à frase antecedidas por eles nenhuma entoação especial. Torna-se, neste sentido, obviamente desnecessária e mesmo inútil o emprego repetitivo dos pontos de interrogação e exclamação, posto que isto causará somente um extremo incômodo aos ouvidos dos leitores/ouvintes cegos.

RETICÊNCIAS (...)

Serve para marcar a suspensão da melodia na frase. Emprega-se em casos muito variados como:

1. Para interromper uma idéia, um pensamento, a fim de se fazer ou não, logo após, uma consideração;

Exemplo:

- Quanto ao seu pai... às vezes penso... Mas asseguro-lhe que é verdade quase tudo que se contam por aí sobre homens que enriqueceram facilmente.

2. Para marcar suspensões provocadas por hesitação, surpresa, dúvida ou timidez de quem fala. E ainda, certas inflexões de alegria, tristeza, cólera, ironia, etc.

Exemplos:

- Rapaz, veja lá... pensa bem no que vai fazer... - alertou o amigo. - Você... aí sozinha... não tem medo de ficar na rua a esta hora? - Eu... eu... queria... um agasalho - respondeu soluçando o mendigo. - Há quanto tempo não o via... lágrimas vieram-lhe aos olhos... foi um encontro inesquecível.

3. Para indicar que a idéia contida na frase deve ser completada pela imaginação do leitor;

Exemplos:

"Duas horas te esperei. Duas mais te esperaria. Se gostas de mim, não sei... Algum dia há de ser dia." (F. Pessoa)

4. Para indicar uma interrupção brusca da frase;

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Page 135: Apostila de Português

Português Instrumental

Exemplos:

(Um personagem corta a fala de outro) - A senhora ia dizer que... - Nada... Esquece tudo isto.

Observações:

A) Se a fala do personagem continua depois da interrupção, costuma-se colocar reticências no início da frase.

Exemplo:

- Eu pedi que fizesse a lição... - Que lição? Não há lição alguma. - ...a lição sobre a vida de Ghandi.

B) As reticências podem formar uma linha inteira de pontos para indicar a supressão de palavras ou de linhas omitidas na cópia ou tradução de uma obra. Podem ainda vir entre parênteses no início e no fim

de um trecho selecionado.

PARÊNTESES ()

São empregados para intercalar, num texto, qualquer indicação ou informação acessória de caráter secundário.

Exemplos em que se empregam os parênteses:

1. Numa explicação; Beto (tinha esse apelido desde criança) não gostava de viajar.

2. Numa reflexão, num comentário à margem do que se afirma; Jorge mais uma vez (tinha consciência disso) decidiu seu destino ao optar pela mudança de país.

3. Numa manifestação emocional expressa geralmente em forma exclamativa ou interrogativa; "Havia escola, que era azul, e tinha um mestre mau, de assustador pigarro... (Meu Deus! Que isto? Que emoção a minha quando estas coisas tão singelas narro?)"

4. Nas referências a datas, indicações bibliográficas, etc; Kardec revela-nos em "O Livro dos Espíritos" (1857) os mistérios do Mundo Invisível.

5. Numa citação na língua de origem; Como disse alguém: "A natureza não dá saltos" (natura non saltit).

Observações:

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Page 136: Apostila de Português

Português Instrumental

A) Os parênteses podem ser usados também para isolar orações intercaladas, sendo mais freqüentes, no entanto, para este fim, as vírgulas e os travessões.

Exemplo:

Mais uma vez (contaram-me) a polícia tinha conseguido deitar a mão naquele perigoso bandido.

B) Os parênteses muito longos devem ser evitados, pois prejudicam a clareza do período. Na leitura, a frase que vem entre parênteses deve ser pronunciada em tom mais baixo. Na escrita, a frase inicia-se por maiúscula somente quando constituir oração à parte, completa, contendo uma consideração ou pensamento independente. Neste caso, é comum se colocar os parênteses depois do ponto final.

Exemplo:

"Existem jovens, por exemplo, que só conseguem crescer se tiverem uma sogra tirana. (É bastante comum Afrodite "surgir" em sogras. A madrasta má é outro exemplo.)"

C) O asterisco entre parênteses chama a atenção do leitor para alguma observação ou nota final da página ou do texto.

ASPAS (")

São empregadas nos seguintes casos:

1. No início e no fim de uma citação ou transcrição literária;

Exemplo:

Fernando Pessoa nos revela em um de seus poemas que Júlio César definiu bem toda a figura da ambição quando disse: "Antes o primeiro na aldeia do que o segundo em Roma".

2. Para fazer sobressair palavra ou expressões que, geralmente, não são comuns à linguagem normal (estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, gírias, etc.);

Exemplos:

O Sistema DOSVOX é um "software" especial para cegos. Os escravos chamavam meu bisavô de "sinhô" ou "nhonhô". O diretor daquela escola pública, para todos os alunos, era considerado "sangue bom".

3. Para realçar o significado de qualquer palavra ou expressão, ou para marcar um sentido que não seja o usual;

Exemplos:

SENAI FATESG 137

Page 137: Apostila de Português

Português InstrumentalO vocábulo "que" pode ser analisado de várias maneiras. Ela deu um "espetáculo" no saguão do prédio. (A palavra ESPETÁCULO aqui tem o sentido de ESCÂNDALO.)

Observação:

As aspas também podem ser empregadas no lugar dos travessões em diálogos quando da mudança de interlocutor.

Exemplos: "Vamos mudar de assunto", disse eu. "OK, vamos então falar de amor?" replicou Clara. "Boa idéia!" concordei, sorrindo-lhe.

4. Para fazer sobressair o título de uma obra literária, musical, etc.

Exemplos:

Adorei ler "Nosso Lar", de André Luiz. Você gostou do disco "Sozinho", do Caetano Veloso?

Observação: Quando as aspas abrangem parte do período, o sinal de pontuação é colocado depois delas:

Na política, ainda são bastante numerosos os "partidários do Brizolismo".

Quando, porém, as aspas abrangem todo o período, o sinal de pontuação é colocado antes delas: "Nem tudo que reluz é ouro."

Quando já existe aspas numa citação ou numa transcrição, devemos usar a "aspa simples" ('), ou negrito, ou ainda letras de outro tipo para destacar o termo ou expressão desejados:

Aquele crítico de arte declarou assim: "Todos admiravam o 'feeling' daquele artista".

TRAVESSÃO (-)

Emprega-se nos seguintes casos:

1. Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor;

Exemplo:

- Você tem religião? - Sim, a do Amor.

2. Para isolar, num contexto, palavras ou orações intercaladas;

Exemplo:

SENAI FATESG 138

Page 138: Apostila de Português

Português InstrumentalO presidente declarou - e nem sabemos quanto lhe custou essa decisão - que estava renunciando.

3. Para dar mais realce a uma expressão ou oração, pode-se empregar o travessão em lugar dos dois

pontos;

Exemplo:

Era mesmo o meu quarto - a roupa da escola no prego atrás da porta, o quadro da santa na parede...

4. Para substituir um termo já mencionado (uso comum nos dicionários).

Exemplo:

pé, s. m.: parte inferior do corpo humano; - de-moleque: doce feito de amendoim.

ASTERISCO (*)

Serve para chamar a atenção do leitor para alguma nota ao final da página ou do capítulo.

ESSE e ESTE

Constantemente, ao ler ou escrever nos deparamos com uma dúvida: devo usar esse ou este?

“Esse” ou “este” são pronomes demonstrativos que tem suas formas variáveis de acordo com o número ou gênero. A definição de pronomes demonstrativos demonstra muito bem a função dos mesmos: são empregados para indicar a posição dos seres no tempo e espaço em relação às pessoas do discurso: quem fala (1ª pessoa) e com quem se fala (2ª pessoa), ou ainda de quem se fala (3ª pessoa). Neste último caso, o pronome é aquele (aquela, aquilo)

Vejamos: 1ª pessoa: este, esta, isto; 2ª pessoa: esse, essa, isso e 3ª pessoa: aquele, aquela, aquilo.

a) Este, esta e isto são usados para objetos que estão próximos do falante. Em relação ao tempo, é usado no presente.

Exemplos: Este brinco na minha orelha é meu. Este mês vou comprar um sapato novo. Isto aqui na minha mão é de comer?

b) Esse, essa, isso são usados para objetos que estão próximos da pessoa com quem se fala, ou seja, da 2ª pessoa (tu, você). Em relação ao tempo é usado no passado ou futuro.

Exemplos: Esse brinco na sua orelha é seu? Esse mês que virá vai ser de muita prosperidade! Isso que você pegou na geladeira é de comer?

SENAI FATESG 139

Page 139: Apostila de Português

Português InstrumentalQuando ficar com dúvida a respeito do uso de “esse” ou “este” lembre-se: “este” (perto de mim, presente) e “esse” (longe de mim, passado e futuro).

Porques

O uso dos porquês é um assunto muito discutido e traz muitas dúvidas. Com a análise a seguir, pretendemos esclarecer o emprego dos porquês para que não haja mais imprecisão a respeito desse assunto.

Por que

O por que tem dois empregos diferenciados:

Quando for a junção da preposição por + pronome interrogativo ou indefinido que, possuirá o significado de “por qual razão” ou “por qual motivo”:

Exemplos: Por que você não vai ao cinema? (por qual razão)Não sei por que não quero ir. (por qual motivo)

Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o significado de “pelo qual” e poderá ter as flexões: pela qual, pelos quais, pelas quais.

Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)

Por quê

Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por quê deverá vir acentuado e continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”.

Exemplos: Vocês não comeram tudo? Por quê? Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro.

Porque

É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, “para que”.

Exemplos: Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois)Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que)

Porquê

É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.

Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo)Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)

SENAI FATESG 140

Page 140: Apostila de Português

Português InstrumentalPor que

Pode ser usado com o sentido de “por qual razão” ou “por qual motivo”, e trata-se da junção da preposição por + o pronome interrogativo que:

Exemplos: Não sei por que não quis ficar até mais tarde. Por que ficar até mais tarde?

Ainda pode ser empregado quando se tratar da preposição por + pronome relativo que e, neste caso, será relativo à “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais”, “pelas quais” ou ainda “para que”:

Exemplos: A rua por que passei ontem não era parecida com essa! Quando votarmos, que seja por que nos próximos anos possamos ver mais obras.

Por quê

O uso do por quê é equivalente ao “por que”, porém, é acentuado quando vier antes de um ponto, seja final, de interrogação ou exclamação:

Exemplos: Ficar na festa até mais tarde, por quê? Não sei por quê.

Porque

O termo porque é uma conjunção causal ou explicativa e o seu uso tem significado aproximado de “pois”, “já que”, “uma vez que” ou ainda indica finalidade e tem valor aproximado de “para que”, “a fim de”.

Exemplos: Vou fazer mais um trabalho porque tenho que entregar amanhã. (conjunção) Não faça mal a ninguém porque não façam a você. (finalidade)

Porquê

Quando aparece nessa forma o porquê é um substantivo e denota o sentido de “causa”, “razão”, “motivo” e vem acompanhado de artigo, adjetivo ou numeral:

Exemplos: Diga-me o porquê de sua contestação. Tenho um porquê para ter contestado: meu cartão bancário foi clonado.

SENAI FATESG 141

Page 141: Apostila de Português

Português Instrumental

Concordância Nominal

Concordância Nominal

Regra geral: o adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo. (Gênero

refere-se a masculino ou feminino; número refere-se a singular ou plural.) Suponhamos:

Não conhecia a fundo o idioma pátrio.

Os alunos foram classificados por ordem alfabética.

As alunas foram classificadas por critério desconhecido.

No caso de dois adjetivos e um substantivo:

A curto e médio prazos:

Ambas as construções assim estão corretas. No primeiro caso, o substantivo prazo não

variou e concorda com o substantivo mais próximo. Acrescente-se que é o adjetivo que deve

concordar com o substantivo. No segundo caso, o substantivo prazo aparece flexionado;

contraria-se aqui a hierarquia gramatical, pois o substantivo é que está subordinado ao

adjetivo e não o contrário. Contraria a hierarquia, mas não fere a regra e ambas as

construções são legítimas. Outros exemplos:

Revelou bondade e docilidade humana.

O objetivo ficou no singular, concordando com o substantivo mais próximo. O adjetivo está

qualificando o substantivo docilidade tão-somente; quando se diz:

Revelou bondade e docilidade humanas.

Ambos os substantivos ficam separadas e não formam um todo; temos duas partes distintas

e a adjetivo está qualificando ambos os substantivos. Trata-se no caso muito mais de um

problema estilístico que gramatical. Vejam-se ainda:

O segundo, terceiro e quarto objetivos.

O segundos, terceiro e quarto objetivo.

O primeiro e o segundo concorrente.

O primeiro e o segundo concorrentes.

No primeiro caso, o substantivo foi para o plural, concordando com os vários adjetivos; no

segundo, o substantivo ficou no singular, acompanhando o adjetivo mais próximo; no

terceiro, o substantivo ficou no singular, concordando com o adjetivo mais próximo; no

SENAI FATESG 142

Page 142: Apostila de Português

Português Instrumentalquarto, o substantivo foi para o plural, concordando com os adjetivos.

Não só o adjetivo, mas também o artigo e o numeral, regra geral, concordam em gênero e

número com o substantivo a que se referem:

Dois cheques voltaram carimbados por falta de fundos.

Os auxiliares de escritório caíram na gargalhada...

Os casos especiais de concordância nominal são os seguintes:

1. Se o adjetivo se referir a um só substantivo, concordará com ele em gênero e número:

Páginas recolhidas

2. Se o adjetivo se referir a dois ou mais substantivos do mesmo gênero e do singular,

concordará quanto ao gênero deles e quanto ao número irá para o singular ou plural:

Prática e técnica trabalhistas.

Persistência e competência dignas de inveja.

Arrojo e esforço dignos...

A curto e longo prazo.

O substantivo tanto pode ficar no singular como no plural.

3. Se o adjetivo (precedendo o substantivo) se referir a substantivos no singular, mas de

gêneros diferentes, concordará com o mais próximo:

Será estabelecido novo procedimento e política de crédito.

Será estabelecida nova política e procedimento de crédito.

Se o adjetivo aparecer depois dos substantivos, poderá ficar no singular ou plural ou

concordar com o mais próximo:

Serão estabelecidos política e procedimento de crédito novos.

Será estabelecida política e procedimentos de crédito novo.

4. Se o adjetivo se referir a substantivos do mesmo gênero, mas de números diferentes,

permanecerá no gênero deles e irá para o plural:

Garotas e meninas famosas.

Menina e garotas famosas.

5. Se o adjetivo se referir a vários substantivos de gênero diferente e do plural, permanecerá

no plural masculino ou concordará com o mais próximo:

SENAI FATESG 143

Page 143: Apostila de Português

Português InstrumentalExecutivos e funcionárias caprichosos.

Executivos e funcionárias caprichosas.

6. Se o adjetivo se referir a diferentes substantivos de gênero e número diferentes, pode

concordar com o mais próximo ou ir para o plural:

Cartas e relatórios bem datilografados.

Relatório e cartas bem datilografadas.

Concordância Verbal

Regra geral, o verbo deve concordar com o sujeito em número e pessoa.

Exemplos:

O gerente falou com a secretária

A secretária e suas auxiliares não compareceram à reunião.

Os casos mais interessantes são expostos a seguir.

Sujeito coletivo

Se o sujeito for um coletivo do singular seguindo de um complemento no plural, o verbo

pode ir para o plural ou permanecer no singular:

A série de notas fiscais referentes ao pagamento das mercadorias adquiridas no mês de

março próximo passado está sendo enviada a V.Sa. através de nosso representante.

A série de notas fiscais está...

O conjunto de duplicatas é...

O número de papéis e documentos é inferior...

A multidão foi levada...

A maioria das notas fiscais é tirada no computador.

Há casos, porém, em que o redator percebe a fraqueza gramatical diante da idéia que quer

transmitir:

A maior parte dos executivos lêem jornais pela manhã.

Um coletivo geral determina que o verbo permaneça no singular:

O povo queria eleições diretas para presidência da República.

O exército não se conformou com o papel que lhe reservou a nova Constituição.

SENAI FATESG 144

Page 144: Apostila de Português

Português Instrumental

Sujeito - Pronome Relativo

Sou uma pessoa que não ofende ninguém.

Sou uma pessoa que não ofendo ninguém.

O segundo caso é mais enérgico e afetivo que o primeiro, pois o verbo na terceira pessoa

(ofende) é quase indeterminada, sem nenhuma intensidade afetiva, é plano. A segunda

frase é muito mais carregada de sentimento, muito mais viva e eficaz.

Se o verbo tiver com sujeito o pronome relativo que, ele concordará em número e pessoa

com o antecedente deste pronome:

Fui eu que lhe remeti os documentos.

És tu, Deolindo, que vais ao escritório do Sr. Xavier?

Foram as garotas da promoção que me disseram...

Se, no entanto, o relativo que vier antecedido da expressão um dos, o verbo vai para a 3ª

pessoa do plural, raramente para a 3ª pessoa do singular:

Bartolo é um dos gerentes que têm conseguido prestígio.

Sujeitos de pessoas gramaticais diferentes

Se houver dois ou mais sujeitos de pessoas gramaticais diferentes, o verbo irá para o plural,

concordando com a pessoa que tem precedência na ordem gramatical.

Eu e tu=nós

Eu e ele=nós

Eu, tu e ele=nós

Tu e ele=vós

Você e ela=eles

Marcos e tu fizestes o que havia sido recomendado?

Eu e tu estivemos a semana toda estudando, e agora não há o que reclamar.

Tu e eu redigiremos o relatório.

Eu e o vendedor fizemos um acordo.

Tu e o diretor já conhecíeis a política da empresa.

Você e a secretária não sabiam que decisão tomar?

SENAI FATESG 145

Page 145: Apostila de Português

Português InstrumentalPortanto o verbo vai para a 1ª pessoa do plural se entre os sujeitos houver um da 1ª pessoa.

Irá para a 2ª pessoa do plural se, não havendo sujeito da 1ª pessoa, houver um da 2ª.

Somente irá para a 3ª pessoa do plural se os sujeitos forem da 3ª pessoa.

Sujeitos ligados por ou e por nem

Se ligados por essas conjunções, o verbo tanto pode ir para o plural como ficar no singular,

conforme se queira ou não atribuir a ação a todos os sujeitos:

Ou o Departamento de Vendas ou o de Promoção terá de alterar o comportamento...

Nem o Departamento de Vendas nem o de Promoção tiveram de alterar o comportamento.

Se a ação só pode ser atribuída a um deles, o verbo ficará no singular:

Ou o gerente ou o diretor será responsável.

As expressões um ou outro ou nem um nem outro admitem o verbo no singular.

Um ou outro teria de digitar o relatório.

Nem uma nem outra respondeu acertadamente à questão.

Já a locução um e outro leva, com freqüência, o verbo no plural:

Um e outro auxiliar de escritório admitiam estar enganados.

Sujeitos ligados por conjunção comparativa

Admitem o verbo tanto no singular como no plural:

Tanto João Crisótomo como Benedito participaram...

O serviço, como qualquer produto, deve ter preço justo.

Observe-se que o primeiro elemento foi destacado.

Sujeito expresso por horas

Se aparecer na frase a palavra relógio como sujeito, o verbo ficará no singular:

O relógio deu 15 horas.

O verbo dar deve concordar regularmente com o sujeito expresso:

SENAI FATESG 146

Page 146: Apostila de Português

Português InstrumentalDeram 10 horas no relógio da matriz.

Iam dar 18 horas, quando o diretor reuniu todos os gerentes.

Concordância com o verbo "ser"

Se o sujeito do verbo ser ou parecer for constituído pelos pronomes: isto, isso, aquilo, tudo e

o predicativo estiver no plural, o verbo irá para o plural:

Isto são ossos duros de roer.

Aquilo pareciam-me bisbilhotices...

Eram tudo falcatruas de profissional incompetente.

Se o sujeito designar pessoa, o verbo concordará com ele:

Ela era as alegrias da casa.

Jaime foi os terrores de seu bairro.

Se o sujeito é constituído de um substantivo e o verbo ser vem seguido de pronome

pessoal, o verbo concordará com o pronome:

Os funcionários mais aplicados somos nós.

Os maiores diretores sois vós.

Os verdadeiros profissionais são eles.

Nas orações interrogativas com utilização de quem, o verbo concorda com o substantivo ou

pronome que lhe segue:

Quem são os profissionais dessa organização?

Quem és tu?

Quem sós vós?

SENAI FATESG 147

Page 147: Apostila de Português

Português Instrumental

Regência Verbal e Nominal

Definição:

Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.

É a parte da Gramática Normativa que estuda a relação entre dois termos, verificando se um termo serve de complemento a outro. A palavra ou oração que governa ou rege as outras chama-se regente ou subordinante;os termos ou oração que dela dependem são os regidos ou subordinados.Ex.: Aspiro o perfume da flor. (cheirar)/ Aspiro a uma vida melhor. (desejar)

REGÊNCIA VERBAL

Termo Regente: VERBO

A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).

O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as diversas significações que um verbo pode assumir com a simples mudança ou retirada de uma preposição. Observe:

A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.A mãe agrada ao filho. -> agradar significa "causar agrado ou prazer", satisfazer.

Logo, conclui-se que "agradar alguém" é diferente de "agradar a alguém".

Saiba que:

O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também nominal). As preposições são capazes de modificar completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos:

Cheguei ao metrô.Cheguei no metrô.

No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração "Cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.

SENAI FATESG 148

Page 148: Apostila de Português

Português Instrumental

Regência em sentido amplo

Dentro da estrutura frasal, as palavras são interdependentes, isto é, umas dependem de outras. Podemos assim dizer que a frase é uma seqüência de termos subordinantes e subordinados (termos que completam, modificam, estão na dependência de subordinantes).

o predicado é subordinado em relação ao sujeito, que é subordinante:

os complementos verbais são subordinados ao verbo, que é subordinante:

os complementos nominais são subordinados em relação ao nome, que é subordinante:

os adjuntos são subordinados ao nome ou ao verbo:

Regência, em sentido amplo, é sinônimo de subordinação.

Regência em sentido estrito

Trata das relações de dependência entre:

O verbo e seus complementos. Neste caso, diz-se que a regência é verbal. Exemplo:

SENAI FATESG 149

Page 149: Apostila de Português

Português Instrumental

Nos dois primeiros exemplos, a relação de dependência entre os verbos e os complementos é feita diretamente, isto é, sem auxílio de preposições. Nos dois outros exemplos, com o auxílio de preposições.

O nome e seus complementos. Neste caso, diz-se que a regência é nominal.

As preposições desempenham papel relevante no capítulo da regência. O uso correto das preposições é um indicador seguro do conhecimento da língua.

Regência Nominal:

Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) são comparáveis aos verbos transitivos indiretos: precisam de um complemento

O complemento nominal é para o nome o que o objeto indireto é para o verbo, e apresenta regência. (Assim como os verbos, alguns nomes apresentam mais de uma regência)

acessível a, para, por adequado a, com, para afável com, para comalheio a amoroso com, para, para com análogo a ansioso de, poranterior aaparentado comapto para, aatentado a, contraatento a, em, para

dúvida acerca de, em, sobreempenho de, em, porentendido emerudito emescasso deessencial paraestranho aexato emfácil a, de, parafavorável afalho de, emfeliz com, de, em, porfértil de, em

necessário a, em, paranegligente emnobre de, em, pornocivo aobediente a obsequioso comorgulhoso com, para comparco em, deparecido a, com, em passível depeculiar a, deperito empernicioso apertinaz empiedade com, de, para,

SENAI FATESG 150

Page 150: Apostila de Português

Português Instrumental

avaro deaversão a, para, poravesso a, de, emávido debacharel embenefício abom paracapaz de, paracego acerto decheiro a, decobiçoso decomum a, deconforme a, comconstante emcontente com, de, em, porcontemporânea de, a contíguo acontrário acruel com, para comcuidadoso comcúmplice em, decurioso de, pordesatento a descontente comdesejoso dedesfavorável a desleal a devoto a, dedevoção a, para com, pordiferente dedifícil dedigno dediligente em, paraditoso comdiverso dedoce adócil a dotado dedoutor emduro de

fiel a firme emforte de, em fraco para, com, de, emfurioso com, degrato a hábil emhabituado emhorror ahostil a, para comida aidêntico aimediato aimpaciência comimune a, deimportante contra, paraimpróprio parainábil parainacessível para, a incapaz de, paraincompatível comincompreensível parainconstante emincrível a, parainédito aindeciso emindiferente aindigno deindulgente para, para cominerente ainsensível aintolerante com, para comleal alento emliberal commaior demau com, para commenor demorada em natural a, de, em

para com, por pobre depoderoso para, compossível deposterior aproeminência sobreprestes a, paraprodígio de, empronto para, empropício a, parapropínquo depróprio para, deproveitoso apróximo a, dequerido de, porrespeito a, com, de, em, entre, para com, por rico de, emsábio em, parasensível a, parasito em, entresituado a, em, entresoberbo comsolícito com, de, em, para, para com, porsujo de temível a, para transido desuspeito a, detemeroso atriste de, comúltimo em, de, aunião a, com, entreúnico em, a, entre, sobreútil a, paravazio devisível a vulgar a, em, entre

SENAI FATESG 151

Page 151: Apostila de Português

Português Instrumental

*FRASE SIMPLES E FRASE COMPLEXA*

Para a construção de uma oração, devemos observar a seguinte ordem:

Sujeito + verbo + predicado (complemento)

Sujeito – indica quem faz a ação (autor)

Verbo – o que é feito

Predicado – completa a ideia do sujeito e/ou do verbo

A frase pode ser constituída por uma ou mais orações.

Uma oração é a unidade gramatical organizada à volta de um verbo.

Frase simples é aquela que é constituída por uma única oração, contendo,

portanto, um só verbo conjugado (apresenta, assim, apenas um sujeito e um

predicado).

Ex.: Os meus pais oferecem-me muitos livros.

Frase simples (uma só oração, um só verbo conjugado)

Frase complexa é aquela que é constituída por duas ou mais orações. Apresenta,

portanto, mais do que um predicado e muitas vezes mais do que um sujeito.

Ex.: Os meus pais oferecem- me muitos livros porque eu gosto muito de

ler.

Frase complexa (duas orações, dois verbos conjugados)

Veja este outro exemplo:

O governo brasileiro investirá mais em petróleo e menos em gás natural, isto

porque gás natural se tornou mais caro de importar e o petróleo está jorrando na

camada pré-sal.

Então significa dizer que quando temos mais de um sujeito na mesma

oração (dentro da oração), teremos, no mínimo dois verbo, um para cada

sujeito. Assim, uma parte da oração ‘falará’ de um sujeito (serve para um

sujeito) e outra parte serve para outro sujeito.

SENAI FATESG 152

Page 152: Apostila de Português

Português InstrumentalSe quisermos colocar na mesma oração dois sujeitos diferentes,

devemos colocar vírgula para separá-los.

Na frase complexa, há duas maneiras de ligar as orações: pela coordenação

e pela subordinação.

Coordenação (Orações coordenadas)

Os meus pais saíram. Eu fiquei em casa a ler.

(Frase simples) + (Frase simples )

Estas duas frases simples e independentes podem ser transformadas numa frase

complexa, estabelecendo-se entre elas uma relação de coordenação através de

uma conjunção coordenativa.

Ex.: Os meus pais foram ao cinema, mas eu fiquei em casa a ler.

(oração coordenada) + (oração coordenada)

mas = conjunção coordenativa

Como verificadas, as orações coordenadas não dependem uma da outra;

podem, por isso, separar-se e constituir orações independentes.

Nas orações coordenadas, cada uma das orações tem um sentido próprio e

independente da outra oração.

Subordinação (Orações subordinadas)

Ex.: Os meus pais foram ao cinema quando acabaram de jantar.

(oração subordinante) + (oração subordinada temporal)

quando = conjunção subordinativa temporal

Ex: Os meus pais foram ao cinema porque queriam distrair-se

(oração subordinante) + (oração subordinada causal)

porque = conjunção subordinativa temporal

Como verificadas, as orações quando acabaram de jantar e porque queriam

distrair-se apenas podem ocorrer em articulação com a oração

principal (subordinante)

SENAI FATESG 153

Page 153: Apostila de Português

Português InstrumentalNas orações subordinadas há uma oração que tem sentido próprio (oração

subordinante) e outra (ou mais) que não tem sentido próprio (oração

subordinada) e que, para ter sentido, está dependente da outra, está

subordinada à outra.

As orações subordinadas podem ser temporais, causais, finais, consecutivas,

condicionais, comparativas, conforme a conjunção subordinativa que as introduz.

Oração Coordenada e Subordinada

Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou palavras da mesma oração

Tristeza e alegria não moram juntas (palavras)Saímos de casa quando amanhecia (oração)

Quando a conjunção liga as orações sem fazer que uma dependa da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira; por isso, a conjunção e é coordenativa.

Quando a conjunção liga duas orações que se completam uma à outra e faz que a segunda dependa da primeira; por isso, a conjunção quando é subordinativa.

Oração coordenada é a que se coloca do lado de outra, sem desempenhar função sintática; são sintaticamente independentes.

São ligadas por conectivos ou justapostas, ou seja, separadas por vírgula. Veja: A atriz falou aos jornalistas e despediu-se em seguida. 1ª oração 2ª oração

Observe que a 2ª oração não está encaixada na 1ª, não funciona como termo da oração anterior, não se relaciona sintaticamente com nenhuma palavra da 1ª oração.

As orações coordenadas são classificadas em: sindéticas e assindéticas.

- Sindéticas: são orações coordenadas introduzidas por conjunção. Exemplo: Deve ter chovido à noite, pois o chão está molhado.

- Assindéticas: são as orações coordenadas que não são introduzidas por conjunção. Exemplo: Tudo passa, tudo corre: é a lei.

Orações coordenadas sindéticas

As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com a conjunção coordenativa que as introduz. Podem ser:

- Aditivas: estabelecem idéia de adição, soma. Exemplo: Não venderemos a casa, nem (venderemos) o carro.

São conjunções aditivas: e, nem, mas, também.

- Adversativas: estabelecem oposição, adversidade.

SENAI FATESG 154

Page 154: Apostila de Português

Português InstrumentalExemplo: Gostaria de ter viajado, mas não tive férias.

São conjunções adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto.

- Alternativas: estabelecem alternância. Exemplo: Siga o mapa ou peça informações.

São conjunções alternativas: ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer, siga...siga.

- Conclusivas: estabelecem conclusão. Exemplo: São todos cegos portanto não podem ver.

São conjunções conclusivas: portanto, logo, por isso, pois, assim.

- Explicativas: estabelecem explicação. Exemplo: Senti frio, porque estava sem agasalho.

São conjunções explicativas: que, porque, pois, porquanto.

Orações Coordenadas (outras explicações) Dois são os processos de estruturação fraseológica, ou seja, as orações se relacionam umas

com as outras e se interligam num período através dos mecanismos coordenativos ou subordinativos.

A oração coordenada é aquela que se liga a outra oração da mesma natureza sintática.

Num período composto por coordenação, as orações são independentes. Ela podem ser

sindéticas (quando a outras se prendem por conjunções), ou assindéticas (quando não se prendem a

outras por conectivo)

As coordenadas sindéticas podem ser:

Aditivas: e, nem, não só... mas também, não só... como, assim... como.

Adilson foi ao trabalho a pé e voltou de automóvel.

Simão não era rico nem pobre.

Estudou não somente Português, como também Geografia.

Adversativas: mas, contudo, todavia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, senão.

Argumentou durante duas horas, mas não convenceu.

Nesse particular, você tem razão, contudo não me convenceu.

Alternativas: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...seja.

A babá ora acariciava o nem-nem, ora beslicava-o.

Conclusivas: logo, portanto, por fim, por conseguinte, conseqüentemente.

Vivia zombando de todos; logo, não merecia complacência.

Explicativas: isto é, ou seja, a saber, na verdade, pois.

SENAI FATESG 155

Page 155: Apostila de Português

Português InstrumentalEle caminhava apressadamente, pois estava atrasado.RAÇÃO COORDENADA = Nenhuma oração

sintática em relação à outra . São consideradas orações sintaticamente independentes, embora

sejam ligadas pelo sentido .

Exemplo = "Os juazeiros aproximaram-se , recuaram, sumiram-se."

ORAÇÃO COORDENADA ASSINDÉTICA (O.C.A.)= Não apresenta conjunção .

Exemplo = Os funcionários da fábrica reclamaram, protestaram e exigiram explicações. / Os funcionários da fábrica reclamaram = O.C.A. / protestaram = O.C.A. / e exigiram explicações = não é O.C.A.

ORAÇÃO COORDENADA SINDÉTICA = apresenta conjunção.

Os funcionários da fábrica reclamaram, protestaram e exigiram explicações.

ORAÇÃO COORDENADA SINDÉTICA ADITIVA = indica soma e adição.

Exemplo = Apanhei a ferramenta e saí . / Ele não estuda e nem trabalha.

ORAÇÃO COORDENADA SINDÉTICA ALTERNATIVA = indica opção, alternativa.

Exemplo = Estudas ou será reprovado.

ORAÇÃO COORDENADA SINDÉTICA CONCLUSIVA = indica a conclusão.

Exemplo = Trabalhou muito , logo será recompensado.

ORAÇÃO COORDENADA SINDÉTICA EXPLICATIVA = indica explicação.

Exemplo = Vá devagar que o caminho é perigoso.

ORAÇÃO SUBORDINADA = exerce uma função sintática em relação à principal; elas são consideradas dependentes; a oração principal não exerce nem uma função sintática , no período , e vem sempre acompanhada de uma oração que lhe completa ou amplia o sentido.

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA = tem função de sujeito.

Exemplo = É necessário que todos participem da reunião.

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA = tem função de objeto de direto.

Exemplo= Esperamos que todos vocês ajudem os necessitados.

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA INDIRETA = tem função de objeto indireto.

SENAI FATESG 156

Page 156: Apostila de Português

Português InstrumentalExemplo = Não me oponho a que venhas comigo.

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA COMPLETIVA NOMINAL = tem função de complemento nominal.

Exemplo = O rapaz tinha certeza a de que seria aprovado.

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA APOSITIVA = tem função de aposto.

Exemplo = Ele disse uma grande mentira : que era um homem puro.

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA PREDICATIVA = tem função de predicativo.

Exemplo = A minha esperança era que ele me ajudasse.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA =

Exemplo = O aluno que estuda será aprovado nos exames.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA RESTRITIVA = Não é separada por vírgulas. restringe, limita à principal

Exemplo = Conheci pessoas que trabalhavam muito.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA EXPLICATIVA = É separada por vírgulas. Explica, esclarece a principal.

Exemplo = O homem que é um animal racional , deve lutar pela preservação da natureza .

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CAUSAL = causa, motivo.

Exemplo = Como não conhecesse o caminho , os visitantes se perderam.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL COMPARATIVA = Comparação.

Exemplo = Esta casa é mais conservada do que o apartamento.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONSECUTIVA = Conseqüência, resultado.

Exemplo = O rapaz gritou tanto que ficou afônico.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONCESSIVA = Concessão.

Exemplo = Realizaremos as reformas do país mesmo que eles não queiram.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONFORMATIVA = acordo.

Exemplo = Ele construiu o prédio como determinar o engenheiro.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONDICIONAL = condição.

Exemplo = Se eu ganhar na loteria , conhecerei os principais países do mundo.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL TEMPORAL = tempo, momento.

SENAI FATESG 157

Page 157: Apostila de Português

Português InstrumentalExemplo = Logo que o exército chegou a cidade , todos já estavam preparados para o combate.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL PROPORCIONAL = proporção.

Exemplo = Quanto mais estudo , mais fico preparado para a vida.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL FINAL = finalidade, final.

Exemplo = O professor fez sinal aos alunos que ficassem quietos.

SENAI FATESG 158

Page 158: Apostila de Português

Português InstrumentalPERÍODO COMPOSTO

Período composto – duas ou mais orações

Período composto por coordenação – é constituído por orações independentes. Estas vêm ligadas pelas conjunções coordenativas ou estão simplesmente justapostas, isto é, sem conectivo que as enlace.

O guerreiro cristão atravessou à cabana e sumiu-se na treva.

A música se aviva, o ritmo torna-se irresistível, frenético, alucinante.

Período composto por subordinação – consta de uma ou mais oração principal e de uma oração ou mais orações dependentes ou subordinadas.

Malha-se o ferro enquanto esta quente(malha-se – or. principal / enquanto esta quente – or. subordinada)

Peço-te que procedas como convém(peço-te – or. principal / que procedas – como convém – or. subordinas)

Período composto por coordenação e subordinação, ou período misto.

Examinei a árvore e constatei que nos seus galhos havia parasitas.(Examinei a árvore – or. coordenada / e constatei – or. coordenada e principal – que nos seus galhos havia parasitas – or. subordinada)

Oração principal é a que não exerce, no período, nenhuma função sintática e vem acompanhada de oração dependente, que lhe completa ou amplia o sentido.

Sintaxe de Concordância- concordância do adjunto adnominal;- concordância do adjetivo predicativo com o sujeito- concordância do predicativo com o objeto

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