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APOSTILA ELEMENTOS
VISUAIS
PROFª MARÍLIA ROCHA 1º ANO DO ENSINO MÉDIO
Os Elementos Visuais - Ponto, Linha, Forma e Cor
O conhecimento da linguagem visual é importante também para o leigo, a fim de que possa
refletir racionalmente sobre as emoções, sensações e impressões que a imagem cria à primeira
vista. Sem esse conhecimento, ficamos literalmente, à mercê das imagens. Não percebemos
quanto são poderosas e quanto influenciam nosso comportamento, atitudes e pensamentos.
Cada imagem é carregada de signos e símbolos na sua essência, que é constituída de linha,
cores e formas. Veremos que esses arquétipos que agem instantaneamente no cérebro e são
processados inconscientemente pelo que é chamado de cérebro emocional, antes que a imagem
como um todo, possa ser compreendida racionalmente.
Todos os milhares de imagens que vemos diariamente, nas revistas, em placas publicitárias,
na televisão, na internet e em videogames, causam reações emocionais, algumas muito
pequenas e outras maiores. Pense no que isso significa. Toda reação emocional bloqueia a
capacidade racional, portanto quanto maior for à exposição a imagens, menor será a
concentração e reflexão, e maior será a agitação emocional.
VISÃO E PERCEPÇÃO VISUAL
A visão em si é muito complexa e por muito tempo não foi compreendida.
Os cientistas Euclides (300 a.C.) e Ptolomeu (100-170) defendiam a teoria de emissão, que
postulava que o olho emitia raios de luz que permitiam ver objetos, enquanto Aristóteles (384-200
a. C.) sustentava a teoria de intromissão, que afirmava que, de alguma maneira, formas físicas,
emitidas dos objetos adentravam o olho.
O cientista e filósofo árabe Alhazen, considerado o pai da óptica e da física experimental,
mostrou, em sua publicação “O livro de óptica”, que os objetos refletem raios de luz, que viajam
em linhas retas e que o olho capta esses raios que formam pontos de luz, compreendidos como
uma imagem. Também descreveu a complexa estrutura do olho, porém conseguiu explicar
satisfatoriamente como a imagem era formada.
O matemático e o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571- 1630) percebeu que imagens
são projetadas invertidas e revertidas pela lente de olho na retina.
A luz é refletida pelos objetos ao olho em frequências, entre 400 e 700 nanômetros, que é a
parte do espectro eletromagnético sensível ao olho humano. A fóvea se localiza na parte central
da retina e é onde se concentra a maior parte dos cones, células fotorreceptoras sensíveis às
frequências da luz, que distinguem as cores. Há três tipos de cones, sensíveis ás altas, às médias
e as baixas frequências de ondas de luz, respectivamente. A cor percebida é o resultado da
combinação dos estímulos recebidos pelos cones e as respostas geradas.
Essa é uma explicação simplificada do processo físico da visão. A percepção de uma
imagem é ainda mais complexa e não é compreendida completamente. Sabe-se que várias
áreas distintas do cérebro são envolvidas no processamento da imagem e que isso ocorre em
tempos diferentes, para que se compreenda o que a imagem representa e significa
racionalmente.
IMAGEM
A imagem é constituída por milhões de pontos de luz que foram refletidos pelo que se vê.
Ela se forma na retina do olho e, depois, é processada pelo cérebro. Os pontos de luz são de tons
diversos e coloridos. A sequência de pontos de luz cria linhas e formas. Uma imagem é, portanto,
essencialmente, uma composição de pontos coloridos, linhas e formas, e é isso que estabelece o
que a imagem representa o que expressa e sua estética.
Toda composição tem uma estrutura que define como olho do espectador caminha pela
imagem. As estruturas são sempre formas geométricas: quadrados, retângulos, triângulos,
círculos, ovais, ou lemniscatas (figuras de oito), ou variações, como os hexágonos, os losangos e
as formas labirintais. Podem ser estruturas simples ou constituídas de diversas formas
geométricas.
Uma obra de arte visual (uma pintura, um desenho, uma fotografia, etc.) naturalmente
apresentará um assunto, uma expressão e uma composição.
O assunto é o tema, o conteúdo da obra. A expressão é a interpretação pessoal do
assunto feita pelo artista. E a composição é a organização dos elementos visuais presentes na
obra.
Esses elementos visuais determinam o esqueleto estrutural da obra.
Por que isso é importante?
Conhecer e saber analisar esses elementos nos ajuda na interpretação de obras visuais - a
entender melhor a mensagem que o artista quer transmitir para nós por meio do seu trabalho.
Hoje vamos conhecer pelo menos 4 elementos básicos da composição visual: o ponto, a
linha, a forma e a cor. A relação entre eles é o que dá às coisas as formas e os significados que
possuem.
Vamos conhecê-los:
O PONTO
O ponto é a unidade básica de representação visual. É onde tudo começa. É a partir do
ponto que surgem todas as outras formas. Na série Crianças de Açúcar, de Vik Muniz, podemos
relacionar cada grãozinho de açúcar a um pontinho na tela. Juntos eles formam a unidade da
imagem. Observe:
Crianças de Açúcar é uma série de retratos que Vik Muniz fez de crianças que trabalhavam em
plantações de cana no Caribe. As fotografias foram "modeladas" com açúcar, mostrando o
paradoxo da doçura do açúcar com o amargor de suas vidas. As obras foram feitas com vários
tipos de açúcar, e depois de fotografada, o açúcar foi colocado em potes rotulados com as
fotografias originais e expostos em diversos museus pelo mundo.
Série Crianças de Açúcar, Vik Muniz, 1996.
.
LINHA
A partir de um ponto podemos traçar uma linha. A linha é uma sequência de pontos. Essa
linha deve ser entendida como força e direção e não apenas como linha de contorno. Isso quer
dizer que as linhas direcionam o nosso olhar diante da imagem. Assim, elas também podem gerar
sensações psicológicas como paz, agitação, etc.
Para visualizarmos os diferentes tipos de linhas e suas sensações, vejamos o exemplo
mostrado em sala dos diferentes tipos de estradas:
Uma linha reta vertical transmite dignidade, firmeza, força, ascensão, espiritualidade,
superioridade. Se fosse horizontal poderia transmitir paz, quietude, calma, repouso.
Se essa linha estiver levemente inclinada pode indicar movimento, dinamismo, produzindo ritmo e
orientando o nosso olhar. Aqui essa linha é ascendente indicando superação, ascensão.
Já aqui essa linha diagonal está mais descendente. O carro mesmo nos dá essa indicação.
Nesse caso, transmite mais abatimento, tristeza, depressão. Note que até as cores frias
contribuem para essa interpretação.
Além de linhas retas temos também as linhas curvas, normalmente associadas à feminilidade,
suavidade, elegância e delicadeza.
Essa daqui, por ser espiralada, nos transmite a sensação de movimento.
Já as linhas curvas onduladas transmitem a sensação de continuidade, sequência.
E ainda temos as linhas quebradas que transmitem rapidez, vibração, austeridade, ritmo. Aqui no
caso elas são mistas, curvas e retas ao mesmo tempo.
Notou como as linhas estão presentes na natureza mais do que imaginamos? Na arte não
é muito diferente. Note na gravura do Escher como a distribuição das linhas confundem nosso
olhar: ao mesmo tempo em que parecem estar bagunçadas e embaralhadas, notamos que estão
perfeitamente organizadas.
M. Escher. Relativity. Litogravura, 1953.
Maurits Cornelis Escher foi um importante gravurista holandês famoso por suas
representações impossíveis do mundo. Gostava de brincar com as leis matemáticas, como a
perspectiva, para criar ilustrações fantásticas que desafiam a realidade.
Ano passado caiu duas questões no PAS sobre essa obra e uma delas menciona o tipo de
linha:
Tendo como referência a obra Relativity, de Maurits Escher, apresentada acima, julgue os
itens a seguir:
Assim como na criação de suas famosas séries de metamorfoses, em que formas
geométricas abstratas ganham vida e vão, aos poucos, se transformando em aves, peixes,
répteis e até seres humanos, M. Escher baseia-se, na obra Relativity, em conceitos matemáticos,
especialmente conceitos de geometria.
A obra Relativity, assim como outras obras de Escher, caracteriza-se por linhas
predominantemente diagonais e luz direcionada. Além disso, observam-se, em suas obras, a
utilização da técnica do claro-escuro, a construção de planos diferenciados e uma composição
arquitetônica geométrica, como as figuras com cabeças em forma de bulbo e vestidas em trajes
idênticos na obra Relativity.
A FORMA
Uma linha fechada gera uma forma, uma massa. Ao elaborar uma obra a preocupação
com a forma dos objetos representados na obra esta diretamente relacionada com seu equilíbrio
ou sua instabilidade. A forma piramidal, por exemplo, esta associada ao triângulo que, por sua
vez, pela sua simetria (ambos os lados iguais) e por sua base maior que o topo, muitas vezes é
associado à perfeição. Um exemplo bem conhecido é a Monalisa, de Leonardo da Vinci.
Mas também temos formas quadradas e circulares na arte. Algumas das obras do arquiteto
Oscar Niemeyer são um ótimo exemplo nesse sentido. Essas três abaixo são obras do PAS:
O Museu Nacional, inaugurado em 2006, com suas formas curvas, fluidas, parece uma nave
branca pousada na Esplanada nos Ministérios, não é mesmo?
Já a Igreja Nossa Senhora de Fátima, conhecida como Igrejinha, inaugurada em 1958, parece tão
leve e delicada que vai sair voando...
Bem diferente do Teatro Nacional que com sua base pesada e chapada, parecido com uma
pirâmide, parece plantado no chão.
A COR
Por fim, a cor é o elemento agregador, o toque final de uma composição artística. Veja o
branco intenso nas obras acima. Não tornam essas construções mais suaves, delicadas e ao
mesmo tempo grandes e imponentes?! Se fossem pintadas de preto, por exemplo, assumiriam
um olhar totalmente diferente. Por isso dizemos que as cores possuem qualidade emotiva. E
existe até uma ciência por trás disso sabia? É a cromologia, ou estudo das cores. De acordo com
essa ciência pinturas com cores quentes, por exemplo, são mais alegres, intensas. Já pinturas
com cores frias tendem a ser mais tristes ou retraídas. Compare esses dois autorretratos de Frida
Kalho e veja como isso tudo faz sentido:
AUTORRETRATO COM VESTIDO DE VELUDO, 1926 AUTORRETRATO COM FLORES, 1938
Ambos os retratos foram feitos pela mesma pessoa, mas nem parece, né? Com uma
diferença de pouco mais de 10 anos entre eles parece que a artista, no segundo, embora com
quase o mesmo semblante, está mais feliz, mais corada, mais saudável do que no primeiro. De
alguma forma a primeira imagem é mais serena, comportada, fechada, fria. Enquanto a segunda
é mais viva, intensa, aberta, alegre. Isso não quer dizer que uma é melhor do que a outra. Não é
isso. A comparação no caso não é pra ver qual é melhor. São obras diferente, feitas em períodos
diferentes com características diferentes. Mesmo que tenham sido feitas pela mesma pessoa,
ora, as pessoas mudam, não é mesmo? A vida e os acontecimentos que rodeiam o artista
mudam o tempo todo e isso sempre se reflete nas suas obras.
CORES PRIMÁRIAS
Também chamadas de cores puras, as cores primárias são aquelas que não são obtidas
através da mistura de cores. São elas: vermelho, amarelo e azul.
CORES SECUNDÁRIAS
As cores secundárias são obtidas através da mistura de duas cores secundárias. São elas
: verde (amarelo + azul), laranja (amarelo + vermelho), roxo / violeta (azul + vermelho).
CORES QUENTES
São as cores que transmitem sensações de alegria, vitalidade, excitação, calor. São elas:
vermelho, amarelo e laranja.
CORES FRIAS
São as cores que transmitem a sensação de frescor, frio, calma. São elas: azul, roxo /
violeta e verde.
CORES NEUTRAS
São as cores que não transmitem sensações, geralmente passam a impressão de
sobriedade, aspereza. São elas: bege, marrom, preto e branco.
OBS: O preto e o branco não são considerados cores, em cores pigmentos o preto é a presença
de todas as cores e o branco é a ausência de todas as cores. Em cores luz o preto é a ausência
de todas as cores e o branco é a presença de todas as cores.
CORES COMPLEMENTARES
São cores que se harmonizam e se equilibram entre si, geralmente são duplas formadas
por uma cor primária e uma cor secundária. São elas:
Verde = Vermelho
Laranja = Azul
Roxo / Lilás = Amarelo
BIBLIOGRAFIA
INTERNET
http://www.falandodeartes.com.br/2016/03/os-elementos-visuais-ponto-linha-forma.html
LIVRO
Hallawell, Philip. À mão livre : a linguagem visual – São Paulo: Editora Senac São
Paulo, 2017.