apostila geral

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Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 1 APONTAMENTOS DE MICROECONOMIA AGENTE DA POLCIA FEDERAL PROF. EDMO MENINI Salvador 2011 2 MicroeconomiaPolcia Federal SUMRIO PARTE 1 ............................................................................................................................. 5 INTRODUO ECONOMIA ............................................................................................... 5 Processo Histrico ........................................................................................ 5 Microeconomia e Macroeconomia ................................................................... 9 PENSANDO COMO ECONOMISTA ...................................................................................... 10 O Conceito de trade-off ............................................................................ 10 A questo da escassez ................................................................................ 11 A questo da restrio ou limitao .............................................................. 11 Definindo Economia .................................................................................... 13 Economia uma Cincia Social ....................................................................... 13 As necessidades humanas ilimitadas ............................................................. 14 Necessidades humanas ilimitadas e escassez de recursos ................................ 14 O problema econmico fundamental ............................................................. 14 Princpio do Custo de Oportunidade .............................................................. 15 A Curva de Possibilidades de Produo - CPP ................................................. 15 EXERCCIOS ..................................................................................................................... 20 Gabarito ................................................................................................... 22 PARTE 2 ........................................................................................................................... 23 A TEORIA DA DEMANDA .................................................................................................. 23 Demanda Individual e Demanda de Mercado ................................................. 23 LEI GERAL DA DEMANDA................................................................................................. 24 Determinantes da Demanda ........................................................................ 24 A Funo Demanda .................................................................................... 25 Deslocamento ao longo da curva de demanda ............................................... 25 Deslocamento da curva de demanda ............................................................ 26 CLASSIFICAO DOS BENS ............................................................................................. 23 Excees Lei da Demanda ........................................................................ 24 ELASTICIDADE DA DEMANDA .......................................................................................... 24 Elasticidade-preo da demanda .................................................................... 24 Fatores que afetam a elasticidade-preo da demanda (epd) ............................. 26 Valores da elasticidade-preo da demanda (epd) ............................................ 26 Elasticidade-renda da demanda (er) ............................................................. 27 Elasticidade-cruzada da demanda (exy) ......................................................... 27 Elasticidade, Demanda e Receita dos Produtores ............................................ 28 EXERCCIOS ..................................................................................................................... 29 Gabarito ................................................................................................... 31 PARTE 3 ........................................................................................................................... 32 A TEORIA DA OFERTA ..................................................................................................... 32 Oferta Individual e Oferta de Mercado .......................................................... 32 LEI GERAL DA OFERTA .................................................................................................... 32 Determinantes da Oferta ............................................................................. 32 A Funo Oferta ......................................................................................... 33 Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 3 Deslocamento ao longo da curva de oferta .................................................... 33 Deslocamento da curva de oferta ................................................................. 34 ELASTICIDADE DA OFERTA .............................................................................................. 35 Elasticidade-preo da oferta ........................................................................ 36 EQUILBRIO ENTRE DEMANDA E OFERTA ........................................................................ 37 Expresso Algbrica do Equilbrio de Mercado ................................................ 37 Expresso Grfica do Equilbrio de Mercado ................................................... 38 Mudana no Equilbrio de Mercado ................................................................ 38 IMPOSTOS E EQUILBRIO DE MERCADO .......................................................................... 40 Imposto Especfico sobre o Equilbrio de Mercado ........................................... 41 O nus do imposto especfico sobre venda .................................................... 42 Elasticidades e nus do imposto especfico sobre o Equilbrio de Mercado .......... 44 Imposto ad valorem sobre venda no Equilbrio de Mercado .............................. 44 EXERCCIOS ..................................................................................................................... 47 Gabarito ................................................................................................... 48 PARTE 4 ........................................................................................................................... 49 A TEORIA DO CONSUMIDOR ........................................................................................... 49 Conceito de Utilidade Marginal ..................................................................... 51 Excedente do Consumidor ........................................................................... 52 Expresso Grfica do Excedente do Consumidor e do Produtor......................... 53 TEORIA DAS CURVAS DE INDIFERENA .......................................................................... 54 Representao Grfica das Curvas de Indiferena .......................................... 55 Taxa Marginal de Substituio (TMS) ............................................................ 56 EQUILBRIO DO CONSUMIDOR ........................................................................................ 57 Reta de Possveis Combinaes (RPC) ........................................................... 57 Maximizao da satisfao do Consumidor .................................................... 58 Efeito Renda e Efeito Substituio ................................................................ 59 EFEITO DA MUDANA DE PREO NO EQUILBRIO DO CONSUMIDOR ............................. 60 Curva de Preo-Consumo ............................................................................ 60 Curva de Renda-Consumo ........................................................................... 61 PARTE 5 ........................................................................................................................... 62 OFERTA DO PRODUTOR ................................................................................................... 62 Fatores de Produo ................................................................................... 62 Funo de Produo ................................................................................... 62 Produo: Curto Prazo e Longo Prazo ........................................................... 63 PRODUO NO CURTO PRAZO ........................................................................................ 64 Produto Total, Produtividade Mdia e Marginal ............................................... 64 Lei dos Rendimentos Decrescentes ............................................................... 66 Curvas de Produo no Curto Prazo .............................................................. 66 EXERCCIOS ..................................................................................................................... 69 Gabarito ................................................................................................... 71 PARTE 6 ........................................................................................................................... 72 A TEORIA DOS CUSTOS DE PRODUO .......................................................................... 72 Custos Implcitos e Custos Explcitos ............................................................ 72 4 MicroeconomiaPolcia Federal CUSTOS NO CURTO PRAZO ............................................................................................. 73 Custo Mdio e Curvas Unitrias .................................................................... 74 Custo Marginal ........................................................................................... 75 CURVA DE CUSTO TOTAL X CURVA DE CUSTO MARGINAL ............................................. 76 Custo Total: Equao Linear ........................................................................ 76 Custo Total: Equao no linear ................................................................... 78 CURVAS DE PRODUTIVIDADE X CURVAS DE CUSTOS ..................................................... 79 PRODUO E CUSTOS NO CURTO PRAZO: CONCLUSES .............................................. 80 PRODUO E CUSTOS NO LONGO PRAZO....................................................................... 81 Isoquantas ................................................................................................ 81 Isoquantas (Isoprodutos): Caractersticas ..................................................... 82 Taxa Marginal de Substituio Tcnica (TMST) ............................................... 82 Isocustos .................................................................................................. 82 Isoquantas x Isocustos: Equilbrio ou Maximizao do Produtor ....................... 83 Tamanho da Empresa: Alm do Equilbrio ..................................................... 84 RENDIMENTOS DE ESCALA DE PRODUO ..................................................................... 84 Funo de Produo: Tipo Cobb-Douglas .................................................... 85 CUSTOS NO LONGO PRAZO ............................................................................................. 85 Curva de Custo Mdio de Longo Prazo (CMeL) ............................................... 86 Curva de Custo Marginal de Longo Prazo (CMgLP) .......................................... 87 ECONOMIA DE ESCALA .................................................................................................... 88 Rendimentos de Produo: Curto e Longo Prazo ............................................ 89 EXERCCIOS ..................................................................................................................... 90 Gabarito ................................................................................................... 91 PARTE 7 ........................................................................................................................... 92 EMPRESAS E MERCADOS ................................................................................................. 92 CONCORRNCIA PERFEITA .............................................................................................. 92 Concorrncia Perfeita no Curto Prazo ............................................................ 92 Abordagem Total ....................................................................................... 95 Abordagem Marginal................................................................................... 97 Curva de Oferta da Empresa ...................................................................... 100 Concorrncia Perfeita no Longo Prazo ......................................................... 100 MONOPLIO ................................................................................................................... 102 Receita e Custos no Monoplio ................................................................... 102 Monoplio no Curto Prazo .......................................................................... 103 Monoplio no Longo Prazo ......................................................................... 104 CONCORRNCIA MONOPOLSTICA, OLIGOPLIO .......................................................... 104 Concorrncia Monopolstica ....................................................................... 105 Oligoplio ................................................................................................ 105 EXERCCIOS ................................................................................................................... 107 Gabarito ................................................................................................. 109 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................... 110 Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 5 PARTE 1 INTRODUO ECONOMIA Apalavraeconomia,originriadogrego,significandooikos(casa)enomos(norma,lei), transmite a idia de administrao da casa. Vincula-se com as pessoas que nela convivem, e, por sua vez com a sociedade, e como estas fazem suas escolhas no dia-a-dia. O foco da Economia estudar questesderivadas da escolhafeita pelas pessoas no mbito da sociedade sob o prisma cientfico neste sentido trata-se de uma cincia social. Estudar Economia para concurso pblico desenvolver a capacidade de interpretar modelos e teoriasformuladaspeloseconomistas,desdeamaissimplesparaamaiscomplexa.Estasteorias exploram de forma sistmica o processo de escolha das pessoas na sociedade. Explorar de forma sistmicao ato deescolher emprestar da disciplina de Administrao a definiodesistema.Sistemaumtodocomplexoouorganizado;umconjuntodepartesou elementos que formam um todo unitrio e complexo. (MAXIMIANO, 2004) Em sendo um conjunto de partes interagindo, quais seriam estas para a economia elaborar seus modelos de estudo? Uma viso simplificada das partes (atores ou agentes econmicos) que interagem formando um todo unitrio e complexo do sistema econmico para fins de estudos so duas: 1)Os consumidores na figura das pessoas que demandam bens e servios as FAMLIAS; 2)Osprodutoresrepresentadospelasempresasqueofertamseusbenseserviosas EMPRESAS. Postodestaforma,estesdoisagenteseconmicosinteragindoformamumsistema, normalmentedenominadocomomercadoquepermitecomporummodelosimplesdasrelaes entre consumidores e produtores.Ao exaurirmos os estudos de Economia com base no modelo proposto FAMLIAS-EMPRESAS, ou consumo-produo, ou demanda-oferta, nosso sistema se expande pela insero de uma terceira parte interagindo com as demais a figura do governo ou a fora do Estado capaz de intervir nas relaes econmicas. Nosendosuficientestrsagenteseconmicosparacompreensodaeconomia contempornea, introduz-se no modelo umaquarta parte representada pela interao do Estado e da Sociedade com as demais naes, denominado de Resto do Mundo. Uma vez determinado para fins de estudo o sistema econmico, composto por quatro partes, podemoscriarumconjuntodecorrelaeseinterpretaessuficientesparacobrirocontedo exigido no edital do Concurso de Admisso Carreira de Diplomata CACD. Processo Histrico Oraciocniosistmicodesenvolvidopermiteentenderosantecedenteshistricosque integram a modernidade empresarial, principalmente aps 1930, no que diz respeito s atribuies Sistema Econmico FAMLIASEMPRESAS RESTO DO MUNDO ESTADO 6 MicroeconomiaPolcia Federal do Estado e a origem conceptiva da doutrina econmica encontrada na obra de 1776 do economista escocs Adam Smith (1723-1790), A Riqueza das Naes.EscritapocadaRevoluoIndustrialnosculoXVIII,apresentaquestesrelativas defesaaolivrecomrcio,atribuiesdoEstado,divisodotrabalhoeaespecializaodos trabalhadores,influenciadapelopensamentoeconmicodominantedosfisiocratasgrupode pensadores franceses, considerados clssicos para a economia. Osfisiocrataselaboraramaprimeiraconceporacionalelgicadecomoarendacircula entre as trs classes de ento: a classe produtiva, composta unicamente pelos agricultores e, talvez, ainda, por pescadores e mineradores; a classe proprietria, representada no s pelos proprietrios deterras,comotambmpelosqueexercem,aqualquerttulo,asoberania,comoanobrezaeo clero; e as classes estreis, compreendida pela indstria, comrcio, e demais cidados(GIDEe RIST, 1941). Olegadodosfisiocratasaomundomodernoalinhamestradoliberalismoeconmicoao defender que o homem no deve interferir na ordem natural das coisas, alm de preservar o direito liberdadeepropriedade.Assimsendo,aintervenodoEstadonaeconomiacondenadae permitidasomenteparaimpororespeitosleisegarantiralivreconcorrncianocomrciopela quebra das barreiras feudais e do intervencionismo mercantilista. AsidiasdeSMITH(1776),emborainfluenciadaspelosfisiocratas,conflitavamcomo pensamentofrancsnaEuropaporquecriticavamtantoaidiaderiquezadefendidapelos fisiocratas, que tinham a produo agrcola como sendo a nica capaz de produzir algo novo, como asidiasdomercantilismo,fundamentadonoacmulodemetaispreciososcombaseno protecionismo do comrcio internacional.Suaobra,aoexaltaroindividualismoeolivremercado,fundamenta-senalgicaena racionalidade do capitalismo, voltado para pequenas empresas, onde o equilbrio entre as foras de mercado, que regem as relaes entre proprietrios de terra, trabalhadores e capitalistas, ocorreria livremente harmonizado por divina providncia: a mo invisvel.Nocontextodadoutrinaeconmica,aobradeAdamSmithoprimeirotratadodeteoria econmica, sendo considerado um dos expoentes da Escola Clssica, ao lado de economistas como ThomasRobertMalthus,JeanBaptisteSay,JamesMill,DavidRicardoeJohnStuartMill.Este perodo compreendido entre os sculos XVIII e XIX marcado pelocarter cientfico da economia, peladefesadeummercadofuncionandosobumregimedelivre-concorrnciaepelanfasena produo, em detrimento do consumo e da procura. DopontodevistahistricoaEuropadosculoXVIIaoXVIIIvivenciaaevoluodo capitalismotendo,deumlado,omercantilismo,marcadopelaproteoalfandegria,acmulode riquezas, saque s naes do Novo Mundo (continente americano e africano) e, de outro, um mundo quevivecomasindstrias,asgrandesrevoluestecnolgicas(mquinasavapor),vidopor exportar produtos, abrir mercados, produzir em escala industrial. ARevoluoIndustrialpermiteempoucotempoodesenvolvimentodenovasestruturas organizacionais,muitoalmdamquinaavaporoudatecnologiadeproduo,comocorreios, jornaisdirios,bancoscomerciaisedeinvestimentos,podendosercomparadaaosprimeiros50 anosaps1455d.c.,quandoomundopresenciouarevoluodaimprensacombasenos aperfeioamentos de Gutenberg: ...arevoluodaimprensaassolouaEuropaemudoucompletamentesuaeconomiae suapsicologia.Emoutraspalavras,nosprimeiroscinqentaanos,aimprensatornou disponveis e a um preo cada vez menor as informaes e produtos de comunicao tradicionais. (DRUCKER, 2002) Teoria Neoclssica ApartirdosculoXIX,maisespecificamentenodecniode1870,foramdesenvolvidos trabalhos por Len Walras, economista e engenheiro francs, William Stanley Jevons (1835-1882), economista ingls e Carl Menger (1840-1921), economista austraco, que integram uma nova ordem Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 7 econmica,aescolamarginalista,vertentedaescolaneoclssica,quenasceapsasgrandes transformaes vividas pela sociedade do sculo XVIII. Neste perodo, privilegiam-se os aspectos microeconmicos da teoria, pois a crena na economia de mercado fez com que no se preocupasse tanto com a poltica e o planejamento macroeconmico. (VASCONCELOS, 2002) Agranderefernciaparaoseconomistas,atmetadedosculoXX,refere-seobra PrincpiosdeEconomiadeAlfredMarshallquesebaseavaemdoisconceitos,outilitarismoeo marginalismo. O utilitarismo uma doutrina tica, com origem na Antiga Grcia, que diz que a felicidade de todosestnaobtenodotilprodutoousentimentoquetenhautilidadeaohomem.O marginalismo, com base no princpio da utilidade definir o valor dos bens.Oconceitodeutilidadetemcomofundamentoanecessidadequeoshomenstmde determinadascoisas.Sendoanecessidadesubjetiva,tambmautilidadeteravaliaosubjetiva entre os homens. Portanto, um mesmo bem ou servio ter diferentes utilidades para um indivduo, bem como diferentes valores.Adeterminaodosvaloresdeumdeterminadobemvistopelomarginalismocomoa quantidadedeumbemouservionecessrioparasatisfazerumindivduo.medidaqueeste indivduoaumentaaquantidadeconsumidadobem,reduz-seasatisfaoobtidaveja,por exemplo, a satisfao proporcionada pela gua quando indivduos esto com sede. medida que ela escasseia, restar uma ltima unidade, cujo valor ser dado pela necessidade que ainda resta a ser satisfeitanogrupo.Estadisponibilidadedegua,juntamentecomaquantidadeaindaaser satisfeita, o valor do bem e se aproxima do conceito de utilidade marginal. Oconceitodeutilidademarginalsubjetivo,umamedidapsicolgica,dadoemfunoda quantidade de produtos consumidos, quantidade esta que depende do custo e este, a depender do trabalho e outros insumos incorporados no produto. (MATIAS PEREIRA, 2003). Apartirdestasconsideraes,osmarginalistasentendemqueacadabemnomercado associa-se um custo, um preo de oferta, que aumenta com o volume de bens produzidos.Para os marginalistas, esta interpretao de que a formao dos preos ocorria no mercado pela lei da oferta e da procura, consubstanciada por um critrio psicolgico e racionalista, oferece a base da interpretao de Walras para a teoria de equilbrio geral, onde ocorre simultaneamente a interao de diversos mercados. NavisodeWalrasno hanecessidadedeintervenodoEstadonaeconomiaporquea relao de utilidade entre os homens levaria a maximizao da troca e da produo, corroborando paraumaalocaoperfeitadetodososrecursosebensdemercado-alivreconcorrncia conduziria ao dinamismo auto-regulador da economia. (RIANI, 2002) AgrandecontribuiodeWalrasparaaeconomiafoiasuacapacidadededesenvolver pesquisas que apresentassem o funcionamento dos diversos mercados em uma economia, com base no equilbrio proposto por Adam Smith na figura da mo invisvel por isso considerada teoria neoclssica ou teoria marginalista. Deve-sedestacar,ainda,acontribuiodeVilfredoPareto(1848-1923),economista, socilogo e engenheiro italiano, na aplicao da matemtica economia, ao rever e demonstrar o mtododeequilbriogeralpropostoporWalras.Seutrabalhodesenvolve-seapartirdos pressupostos da concorrncia perfeita: -existnciademuitoscompradoresemuitosvendedoresnomercado,ambosperfeitamente conhecedores das questes relacionadas s suas atividades; -crena de que h perfeita mobilidade dos recursos alocados na produo; e -tanto os produtores quanto os consumidores, buscam otimizar, respectivamente, seu lucro e sua utilidade. ReconhecidocomotimodePareto,seu trabalhomostraqueningumalterasuaposio social ao procurar por uma que lhe agrade mais, sem empurrar outra para uma posio que no lhe agrade. Sem nos esquecermos de Marshall, sua importncia reside na interpretao de que o suposto equilbriopropostoporWalrasocorreparcialmente,porqueaoseprocurarmelhoreficinciana 8 MicroeconomiaPolcia Federal produoemlargaescalahaverumaconcentraodeatividadescomtendnciaformaode monoplios e oligoplios, com benefcio direto a uns em detrimento de outros. O sistema econmico apresentaria uma falha em seu funcionamento que justificaria a ao do Estado para regulamentar e controlar os agentes responsveis pelo desequilbrio. Estasidiasexpressaspelasteoriasclssicaeneoclssicadaeconomia,comforteenfoque microeconmico,contriburamparaaconsolidaodocapitalismoapsarevoluoindustriale prevaleceram at a dcada de 1930. At 1930, o mundo encontrava-se sob o domnio dos preceitos liberais, o laissez-faire (deixar fazer) era a melhor soluo ao desemprego; a alocao dos recursos atingiria o timo de Pareto; o mecanismodepreosatuavadeformaracional;odesenvolvimentoocorrianaturalmente,eo Estado no deveria intervir na economia porque o funcionamento do mercado conduziria ao melhor dos mundos (MATIAS PEREIRA, 2003).Esta viso de mundo, marcada pela quebra da bolsa de Nova Iorque nos Estados Unidos em 1929, comea a se alterar; o laissez-faire abandonado com a chegada da recesso econmica da dcada de 1930.A partir da dcada de 1930 prevalece o sentimento de que, do ponto de vista terico, no h comoobteraproduotimaporqueofuncionamentodomercadonoumacoisanaturale existem falhas no sistema de concorrncia perfeita, no equilbrio da renda global e na crena de que os preos de mercado seriam os orientadores da aplicao de recursos. O evento da crise de 1930 e a publicao em 1936 da obra de John Maynard Keynes, A teoria geral do emprego, do juro e da moeda marcam a sada da microeconomia do cenrio econmico e inaugura a era da macroeconomia. A viso econmica de Keynes Seusestudosnodiscutiamumareconstruodateoriaeconmica,apartirdaanliseda basemicroeconmicaclssica,oferta,demandaepreo,masbuscavamosmotivosdasteses marginalistas,quelevavamspolticaseconmicasinconsistentes,incapazesdesolucionara recesso de 1930. Cabe lembrar que, para os neoclssicos, a crise que assolava o mundo a partir de 1929 representava um desajuste temporrio do mercado, que naturalmente se autocorrigiria. Para Keynes, em GIACOMONI (1994), o capitalismo em crise deveria perder parcela da liberdade econmicaparaoEstadoparagarantiramanutenodatotalliberdadeindividual,poisestava ameaado pela depresso mundial e pelas idias de Karl Marx fortalecidas na Revoluo Russa.ConformeRIANI(2002)aointerpretaraobradeKeynes,ocapitalismoemsinoresolveria sozinhooproblemadarecesso,porserummecanismocomplexoeinstveldeacumulaode capital, portanto, a soluo estava na ao inteligente do Estado como poder regulador, sem desrespeitarasiniciativasindividuais.Estaaodogovernoiaalmdocontroledaofertae demandapormoedaedosjuros,deveriaelevarseusinvestimentosparamanutenodopleno emprego dos fatores de produo.A partir deste pressuposto, a sada para a economia em recesso seria o Estado aumentar os gastospblicosemsetoresquenohaviaparticipaodainiciativaprivada.Aogastaremobras pblicas,direcionadasaobem-estardasociedade,comoescolas,hospitais,dentreoutros, contribuiriaparadiminuirodesempregoeaumentararendanacional,cujaconseqnciadireta seria a retomada dos investimentos privados e, portanto, a reverso do processo recessivo.Oaumentodosgastospblicospelogovernoconflitacomopensamentodoseconomistas clssicosquedefendiamoequilbriooramentriofiscal.Contraisto,Keynesargumentavaquea recessoretraaarenda,queadiminuionarendaprovocavaaquedanareceitadetributos,e que, se aplicado o desejado equilbrio fiscal, a recesso se agravaria. Na viso de Keynes, comentada por MATIAS PEREIRA (2003), a soluo encontrada, base para a economiamoderna,passapelaadoodoEstadodeumapolticafiscalcompensatria,que,em momentosderecesso,aplicar-se-iamecanismosdedeficitspending(aumentododficitpblico, gastomaiorqueareceita)e,emcrisesinflacionrias,gerar-se-iasupervits(receitamaiorque despesa). Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 9 Diantedoexpostopodemosentenderqueacrisede1930umdivisordeguasentreos economistas,tendo vividoasociedadenoperodoquecorrelacionaapublicaodaobrade Adam Smithem1776at1930sobomantodalivre-concorrncia,doequilbriofiscal,quando vislumbramos o domnio dos conceitos da Microeconomia. Posteriormente a crise de 1930 prevalece os ditames econmicos baseados na obra de John M Keynes, considerado o pai da Macroeconomia. Com base nesta separao podemos definir os conceitos de microeconomia e macroeconomia para o leitor: Microeconomia e Macroeconomia A definio destes dois ramos da economia, cujos sufixos micro e macro significam pequeno e grande,respectivamente,sediferenciampelaabordagemnodesenvolvimentodeumaanlise econmica-Amicroeconomiaaeconomiavistadebaixoparacima;amacroeconomiaa economia vista de cima para baixo. (STIGLITZ, 2003). comumcompararestesdoisramosdaeconomiaconstruindo-seumametforadeuma floresta: Emeconomiahtrsmaneirasdeseolharosfatos.Aprimeiratentaenxergara floresta e cada uma de suas rvores. A segunda se fixa numas poucas rvores e se esquecedafloresta.A terceiraticaprocuraenxergaraflorestasemsepreocupar com as rvores. Esse o mtodo macroeconmico. (SIMONSEN, 1989). Adefiniomaisapropriadaparaojargodeumconcursopblicofoiencontradaem VASCONCELOS (2002): Microeconomia estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado noqualinteragem.Preocupa-secomadeterminaodospreosequantidadesem mercados especficos. Macroeconomia estuda a determinao e o comportamento dos grandes agregados, como PIB, consumo nacional, investimento agregado, exportao, nvel geral de preos etc., com o objetivo de delinear uma poltica econmica. Tem um enfoque conjuntural, isto , preocupa-se com a resoluo de questes como inflao e desemprego, a curto prazo. A microeconomia se preocupa com as partes ou unidades que compem o sistema econmico em mercados especficos e a interao destas ao fazerem escolhas. Pensando nos atores do nosso sistema, a microeconomia estuda as escolhas das empresas, famlias e do Estado, enquanto unidades individuais, bem como a influncia destas decises sobre os mercados de bens e servios. Elacuida,individualmente,docomportamentodosconsumidoreseprodutores,com vistascompreensodofuncionamentogeraldosistemaeconmico...tambm chamada de teoria dos preos porque nas economias liberais o funcionamento do livre mecanismo do sistema de preos que articula e coordena as aes dos produtores e consumidores. (MENDES, 2004).Amacroeconomiasepreocupacomocontextoglobaldaeconomiaaoestudarumpasde formaintegradacomoumtodo-combasenocomportamentodegrandesagregadosnacionais comoinflao,crescimento,contasnacionaisebalanacomercial.Nestesentidoelasediferencia totalmente da microeconomia porque ao analisar grandes agregados ela no detalha ou se preocupa com o que ocorre com uma empresa ou uma famlia. MICROECONOMIAMACROECONOMIA Entenderosmercadosepreverpossveis mudanas.Boom das empresas ponto com no mercado de internet em 1990. Entenderofuncionamentogeralda economia. Crescimentoeconmico,nvelgeralde preos, das taxas de juros e do cmbio. Tomar decises gerenciais e pessoais.Compreenderosgrandesdebatessobre 10 MicroeconomiaPolcia Federal Como gastar nosso tempo, qual carreira seguir, como gastar ou economizar dinheiro. poltica econmica. Definiodepolticaseconmicas voltadasparaodesenvolvimento socioeconmicocomoocombateao desemprego. Avaliar as polticas pblicas. Explorarosganhoseperdas(trade-offs) associadas s vrias polticas pblicas. Melhoraracapacidadedetomadade decises sobre negcios. Um gerente capaz de interpretar as inter-relaes dos agregados econmicos pode decidirseascondiesdeumpasso propciasparaainstalaodeumanova unidade. Fonte: Adaptado de OSULLIVAN, 2004 PENSANDO COMO ECONOMISTA A parte introdutria apresenta um modeloeconmico de interpretao da realidade em sua formamaissimples,quandoconstituiumsistemadivididoemduaspartes(consumidorese produtores). Porprincpioaspartesdosistema,denominadosdeagenteseconmicos,diariamentese vemdiantedanecessidadedepromoveremescolhasquando interagem, tal comoestudamosem Administraooatodedecidirenquantoprocessodecisrioqueexigidosparticipantesque determinadaescolhasejafeita naexecuodesuas tarefas.Ambos tmpostasuacapacidadede deciso constantemente colocada prova. Por exemplo, a execuo da tarefa de suprimento de estoques na gesto da casa ao visitar um supermercado com uma listinha de compras, sem indicao de marcas especficas. Emoutraspalavras,sua lista tal comoumareceitaprescritapor um mdicoquelhe indica somenteoprincpioativodoremdio,nodeterminaumamarcaespecfica,emboraexistam aquelas maisfamosas com forteapeloexemplotpicoquandopensamos em umsabo em p voctemaopodelevarparacasaumsaboempgenrico.Aindaquevocsejaum freqentadorhabitualquecomprasempredeterminadosprodutos,adiversidadedestestrara situao de refletir e decidir por um ou outro, seja pelo preo, seja pela apresentao ou qualquer outra situao que venha a considerar. O fato que na lista consta uma caixa de sabo em p, e, portanto, se deve compr-la. Ao fazer isto, voc se v diante da necessidade de fazer uma escolha dentre as diversas marcas que lhe so apresentadas. Esta deciso para ser tomada considera uma srie de variveis como preo, qualidade, gosto, dentre outras, exigindo do consumidor uma escolha. Aoescolherumsaboempdeumamarcatradicionalnomercado,criadaem1953, representadaporumacoruja,quetratadesuasroupasaolav-lastalcomoavelhamame coruja, com certeza sua escolha foi o OMO Old Mother Owl. Esteprocessodeinterpretar,analisarquenosconduzaumadeterminadaescolha fundamental para o estudo da economia. O Conceito de trade-off Oatodeescolherquepraticamosdiariamentefundamentalparaestudareconomia, principalmente em situaes como a deciso entre ir ao cinema ou estudar na biblioteca. Esta ao de decidir entre uma ou outra, normalmente interpretada como uma troca, para a cabea do economista significa um trade-off ao escolher alguma coisa (ir ao cinema) implica em ter menos de outra (tempo para estudos na biblioteca). Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 11 Este conceito de fcil compreenso ao entendermos que o dia composto de 24 horas para serem distribudas entre diversas atividades como trabalho e lazer circunscrito por um parmetro limitador o tempo. Aoescolheriraocinema,comduraoestimadadeduashoras,vocsacrificoupartedo tempo disponvel que poderia estudar na biblioteca. Voc fez um trade-off entre lazer (cinema) e os estudos. No exemplo, o trade-off ocorre por limitao do tempo, podendo ocorrer devido limitao de renda escolher entre um DVD novo que reconhea diversas extenses de imagens digitais ou comprar uma mquina fotogrfica digital tanto uma situao quanto a outra exige do consumidor a abdicao de algo. Otrade-offocorretambmparaumprodutor,localizadonaZonaFrancadeManausao escolherentrefabricarcomputadoreseimportartelevisoresdeLCDoufabricarastelevisese importaroscomputadores,ouparaogovernoacadaanoaodecidirsereduzirosimpostosou aumentar as despesas. O conceito detrade-off consubstanciado pela idia de que no possvel ter tudo o que se desejadevidoalimitaescomorendaetempoexigemdaspartesdosistema(consumidores, produtores e governo) o sacrifcio de algo, ao escolher alguma coisa em detrimento de outra. Por que a idia do sacrifcio? Por que, tal como o princpio da fsica dois corpos no ocupam o mesmo espao de tempo, otempodecorridoduranteocinemapoderiaserutilizadoparamaiordedicaoaosestudos, atividadesesportivas,baladas,lero-leronobar,etc.Aoescolherocinemavocestsacrificando outra atividade ou parte desta. A questo da escassez Aoconceituartrade-offcompreende-semelhoracabeadoeconomistaquandovislumbra quealimitaodetempoourendanosconduzaumprocessodeescolha.Aescolhadealgo significa abrir mo de outra coisa. Lembra-sedafraseotempoescassoouorelgionopra,pois,aoaceitarmosa limitaotemporalpararealizaodascoisaspassamosaconvivercomafaltadetempoa escassez de tempo. Aescasseztambmpodeservistapeloladofinanceiroquandodizemosqueagranaest curta, ou seja, no temos dinheiro suficiente para comprar determinados produtos ou realizar todos nossos desejos. A renda das pessoas tambm fator limitador de satisfao das necessidades a deciso entre trocar de carro ou realizar a to sonhada viagem nas frias. Escassezdetempoouderecursossefazpresentenodia-a-diadaspessoasede suma importncia para entender a economia. Ao compreender os conceitos de trade-off, limitao, escassez e escolha o leitor est pronto para estudar os conceitos, tanto de limitao (restrio) oramentria, quanto de tempo. A questo da restrio ou limitao Aoaceitarqueasnossasescolhassolimitadasnodia-a-dia,significadizerquenos deparamos com uma situao de restrio porque no se consegue comprar tudo o que se deseja, e,mesmoquevenhamosaresolveralimitaofinanceira,estasacabamdealgumaforma restringida pelo tempo.Vamosexemplificarumasituaoparaentenderoconceitoderestrio.Focaremosa restrio oramentriapara aquisio de dois produtos tpicos de material de escritrio como lpis preto e caneta azul. Partindo-se do pressuposto que o valor disponvel para compra dos produtos deR$10,00reaise nosendoasquantidadesespecificadas,construiremos uma listadeopesa partir dos diversos pares possveis, que o economista denomina de conjunto de oportunidades. Para 12 MicroeconomiaPolcia Federal tanto,deve-sesaberqueolpispretocustaR$0,50centavos/unidadeeacanetaazul R$1,00/unidade. ComadisponibilidadefinanceiradeR$10,00querepresentanossarestriooramentria, temos duas opes extremas que integram o conjunto de oportunidades:- 20 unidades de lpis preto se gastar os dez reais; ou - 10 unidades de caneta azul com os mesmos dez reais. Quais as opes intermedirias? Lpis pretoCaneta Azul 010 48 86 124 200 Oconjuntodeoportunidadesoudepossveisescolhasdoexemplodadopelareado tringulo,formadapelaintersecodoseixosedosextremos,todavia,oconjuntototalde oportunidades disponvel no mercado maior do que a nossa restrio permite. VejamosocasodopontoB(4canetase12lpis).Estlocalizadoexatamentesobrea linha divisria dos ambientes em que se encontram os pontos A e C. Perceba que no ponto B, e emqualqueroutroaolongodareta,estamosutilizandotodoorecursodisponvel(R$10,00), independentemente da combinao de lpis e caneta considerada. J no ponto A, dentro do tringulo, no se utiliza todo o recurso financeiro disponvel, em verdade h sobra de recursos se consideradas somente duas opes de oportunidades. Dentreoconjuntototaldeoportunidades,opontoC,pordefinio,sesituaforade nossaspossibilidades.Porquenotemosrecursossuficientesparaatingi-lo,amenosquese alteremascondiesestabelecidas.Logo,querercomprar10lpis(aopreodeR$0,50/unidade) gastando R$5,00 e 8 canetas (ao preo de R$1,00/unidade) gastando R$8,00, o gasto total seria de R$13,00(R$5,00+R$8,00),incompatvelcomorecursodisponveldeR$10,00,paranodizer impossvel. No dia-a-dia comumvivenciarmos o sentimento de que o recurso disponvel insuficiente para atender nossos anseios de consumo, de outra forma, se o recurso disponvel fosse maior seria possvel comprar mais. Olhando o grfico significa, na prtica, atingir o ponto C ou qualquer outro acima da linha que representa a restrio oramentria. Podemos afirmar ento que estaramos melhores no ponto C, por termosrecursos suficiente parapodercomprarmaislpisoucanetas,embora,insisto,pordefinioestforadenossas possibilidades. Conjunto de oportunidades Lpis preto x Caneta azul0 2 4 6 8 10 05101520 Lpis preto Caneta azul Restrio Oramentria A C B Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 13 Diantedesteexemplo,convivemoscomumcenrioquesomosconstantementeinstadosa fazer escolhas para atender a uma necessidade especfica devido escassez de recursos disponveis (seja tempo, seja dinheiro) que nos impe restries e nos leva a prtica do trade-off (escolher algo ter menos do outro). Definindo Economia Adefiniodeeconomiadizrespeitoaescolhasrealizadaspelaspessoas,levando-seem consideraoqueaescassezderecursossefazpresenteemvirtudedefatoreslimitadorescomo renda e tempo. No amparo desta interpretao a definio encontrada em MENDES (2004) diz que A economia a cincia da escassez ou das escolhas. NamesmalinhaOSULLIVAN(2004)defineeconomiacomooestudodasescolhasfeitaspor pessoasquandoexisteescassez,ouseja,quandoexistemlimitesaoqueosindivduospodem obter. ParaoprmioNobeldeeconomia,JosephStiglitz,aeconomiaestudacomopessoas, empresas,governoseoutrasorganizaesdenossasociedadefazemescolhasecomoessas escolhas determinam a forma como a sociedade utiliza seus recursos. Pesquisandoemoutroslivrosdeeconomiaosautoresnosapresentamdefiniesque acrescentam novos conceitos daqueles at ento analisados. Em VASCONCELOS (2002), economia pode ser definida como a cincia social que estuda como o indivduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as vrias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer s necessidades humanas. Para VICECONTI (2007), economia a cincia social que estuda a produo, a circulao e o consumo dos bens e servios que so utilizados para satisfazer as necessidades humanas. Aspartesemnegritonasdefiniesacimanosoferecemnovaorientaoconceitualpara entender o pensamento do economista. Economia uma Cincia Social OdicionrioAurliodefinecinciaeconmicacomocinciaquetratadosfenmenos relativos produo, distribuio, acumulao e consumo de bens materiais, tambm extensiva a Teoria Econmica, enquanto um conjunto de princpios fundamentais. Aceitaestainterpretaodaeconomia,deve-seteremmentequeseuestudoocorredo ponto de vista cientfico, composto por hipteses e formulao de teorias. Trata-se, portanto, de cincia social que estuda a questo da escolha, limitaes e escassez pela viso do cientista ao interpretar dados com base em princpios fundamentais. O estudo destes princpios fundamentais sob a tica cientfica deve ser capaz de descobrir e interpretar relaes no seio da sociedade entre seus diversos agentes. Para ser aceito enquanto cientista o economista, ao formular a teoria econmica, deve fazer em sintonia com determinados critrios aceitos pela comunidade cientfica. Istonosignificaquenohajadiferentespontosdevistaentreoseconomistas, principalmentequantoformadeabordagemaosediscutirosargumentospresentesem determinado fenmeno.O quadro abaixo ilustra esta diviso da economia entre positiva e normativa. ECONOMIA POSITIVAECONOMIA NORMATIVA Tratadaexplicaocientficadecomoa economia concreta funciona. Discute O que ..? Oferece recomendaes baseadas em juzos pessoais de valor. O que deveria ser... Exemplo:Exemplo: 14 MicroeconomiaPolcia Federal Qualomelhorinstrumentodepoltica econmica para diminuir a concentrao de renda? Pararesponderaestaquesto,formulae testaproposies.Semelhanacoma fsica, geologia. 1) Quando dizemos que deveria ocorrer uma melhoria na distribuio de renda. 2) Transferir recursos da sade para educao. Fonte: DORNBUSCH (2003) e VASCONCELOS (2002) As necessidades humanas ilimitadas As definies no tpico Definindo Economia direcionam para o estudo da relao existente entreaproduodebenseservioseosdesejosdasociedade noquesereferesatisfaodas necessidades humanas. Estudaroprocessopeloqualoserhumanoprocurasatisfazersuasnecessidades correlacionaradisciplinadeadministraocomeconomia,principalmentenoqueserefere motivao. A palavra motivao originria do latim motivus, significa aquilo que movimenta, que faz andar (MAXIMIANO, 2004). A palavra motivao representa uma causa que movimenta a natureza humana na busca de algo,estandodiretamenteligadacomocomportamentodaspessoaseporconseqnciacoma atividade econmica ao procurar atender suas necessidades.Neste sentido, as pessoas so motivadas essencialmente pela necessidade humana, uma vez satisfeitaestanecessidade,exaure-sesuamotivao,atquesesintamimpelidasnovamentea repetirocomportamento.Exemplotpicoocorrecomasede(procuraporgua)oucomafome (procura por alimento). Havendo uma repetio do comportamento para satisfao das necessidades primrias ou de sobrevivncia(abrigo,segurana,reproduoealimentao),edasnecessidadessecundriasou adquiridas(sociais,materiais,psicolgicaseprofissionais),severificaqueasnecessidades humanas so ilimitadas. Necessidades humanas ilimitadas e escassez de recursos AdefiniodeeconomiaparaOSULLIVANemDefinindoEconomiamostraqueaescassez deriva dos limites existentes para os indivduos na obteno de bens e servios, como a renda e o tempo para realizao de desejos. Embora os recursos sejam limitados em quantidade, estes podem ter diferentes maneiras de utilizao. Exemplificando, uma cidade que destina um terreno para construo de um hospital, ter umareamenorparaconstruirescolas,fbricasoumoradias,damesmaforma,aoescolher participar de uma festa, ter um tempo menor para os estudos. O economista entende ento que a sociedade se depara com duas situaes especficas: a) as necessidades humanas so ilimitadas; e b) os recursos so limitados. Diantedestascondiesasituaodeescassezpodeserinterpretadacomouma conseqncia direta de que a limitao de recursos disponveis no suficiente para atender todas as necessidades humanas. O problema econmico fundamental A aceitao de que a escassez deriva de recursos limitados e que as necessidades humanas so ilimitadas nos conduz aos problemas econmicos fundamentais da sociedadePara encontrar soluo ao problema da escassez a sociedade deve fazer uma escolha de forma a responder a trs questes fundamentais: 1)Quais bens e servios e em quais quantidades devem ser produzidos com os recursos disponveis? Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 15 2)Como sero produzidos de forma a gerar diferentes tipos de bens e servios? 3)Para quem ou quem consome os diferentes bens e servios produzidos? A primeira pergunta, que ilustra o problema fundamental econmico, diz respeito escolha da sociedade em decidir pelo o qu e quanto produzir. Arespostaparaestaquestoconsideraasinter-relaessociaisdeummodeloeconmico simplesexistenteentreaoferta(produtores)eaprocura(consumidores),tendocomobaseos recursos produtivos, embora estes sejam limitados. A economia o estudo de como a sociedade decide o qu, como e para quem produzir. (BEGG, 2003) Princpio do Custo de Oportunidade Oestudodadefiniodeeconomia permite interpretarquea conseqnciada limitaode recursos combinada com necessidades humanas ilimitadas conduz a escassez, que exige dos atores dasociedade(consumidores,produtores,governo)escolhasdentreaspossveisoportunidades identificadas. Aoseestudaroconceitodecustodeoportunidadepossvelofereceraoleitorumafrase comumenteutilizadaemeconomia,propostapeloeconomistaMiltonFriedman:Noexiste almoo grtis. Para compreender o custo de oportunidade e a idia de que nada gratuito, deve-se resgatar oconceitodetrade-offaoescolhermosalgoemdetrimentodeoutroestamosperdendoou sacrificando parte desta outra coisa. Vejanoexemplodolpisversuscanetasnoestudodarestriooulimitaooramentria quandoescolhemoscomprarumacanetaporR$1,00,estamossacrificandodoislpisaopreode R$0,50.Istoquerdizerqueocustodeoportunidadedeumacaneta correspondeadois lpisque deixo de comprar. Esteraciocnioexplicaaindaporquearetaoramentrianegativamenteinclinada. Considerando que o recurso foi fixado em R$10,00, o aumento de um somente ocorre a expensas do outro, estando plenamente utilizados. Veja ao estudar considerando que o dia limitado a 24 horas. Dedicar uma hora a mais por dia, sacrificando esta mesma hora que usava para correr, faz com que eu acerte cinco questes em umconcursopblico,significadizerqueocustodeoportunidadedecincoquestesnaprova corresponde uma hora de atividade fsica por dia. Nestecasonohdesembolsomonetriopelaescolhaquerealizouporissoocustode oportunidadedenominadotambmdecustoalternativooucustoimplcito.Destaforma,o economistaentendequequalquerescolhafeita,hsempreumcusto(implcitoeexplcito)aela relacionado, mesmo quando lhe ofeream um almoo grtis. Pense a respeito! Diante desta anlise pode-se conceituar o princpio do custo de oportunidade que serve para expressar as decises de toda uma sociedade frente s diversas oportunidades existentes. O custo de oportunidade de algo consiste no sacrifcio de obt-lo.(OSULLIVAN, 2004) Ocustodeoportunidadedequalqueratividadeaquilodequeabrimosmoquando fazemosumaescolha,ouseja,aperdadaoportunidadeaobuscaraalternativamais atraente, levando-se em considerao o mesmo e os mesmos recursos. (NELLIS, 2003). A Curva de Possibilidades de Produo - CPP O princpio do custo de oportunidade (exemplificado pela compra de lpis ou caneta), quando extrapolado para toda a economia, permite traar um modelo simples e conceitual das escolhas que umasociedadedevefazertendoporprincpioquetodososrecursosprodutivos(terra,trabalhoe capital) disponveis estejam sendo plenamente utilizados e todas as possveis combinaes de bens e servios esto consideradas. 16 MicroeconomiaPolcia Federal Oslivrosdeeconomia,combasenoconceitoderestrioenoprincpiodocustode oportunidade,desenvolvemoconceitodecurvadepossibilidadesdeproduoCPPpara mostrarasalternativasqueumasociedadedispeaoescolherseucaminho.Tradicionalmentese utilizao exemplodeumaeconomiaprodutora decanhese manteiga-oparadigmaentregastos militares ou alimentos - conforme figura. Uma curva de possibilidades de produo mostra a produo mxima de dois bens ouserviosquepodemserproduzidos,considerando-seonvelatualderecursos disponveis e supondo-se uma mxima eficincia na produo. (NELLIS, 2003). AFronteiraouCurvadePossibilidadesdeProduo(CPP),tambmchamadade Curva de Transformao, a fronteira mxima que a economia pode produzir, dados osrecursosprodutivos limitados.Mostraasalternativasdeproduodasociedade, supondo os recursos plenamente empregados. (VASCONCELOS, 2002). Adefiniofalaemcurvaeogrficomostradonoexemplodarestriooramentriaera uma reta. Esta questo ocorre porque ao se decidir entre lpis ou caneta trata-se de uma deciso individual,enquantoqueasociedadeparaproduzircanhesoumanteigasconvivecomdiversos recursos produtivos. Ao analisarmos a figura abaixo percebe-se mesmo que se trata de uma curva, porque quando ocorreaescolhadeaumentaraproduodeumbemcomooscanhes,significadizerque,no limite,quemestavatrabalhandonaproduodemanteigatemquemigrarparaafabricaode canhes. Com isto a sociedade se v cada vez menos com recursos adequados produo de canhes, por transferir trabalhadores menos especializados e qualificados neste segmento. Acadaaumentonaproduodecanhes,areduonaquantidadede manteigasetornamaior.porissoqueacurvadepossibilidadesde produo cncava. (STIGLITZ, 2003)Outraformadeentenderoformatocurvoecncavodaspossibilidadesdeproduoemrelao origem a chamada Lei dos Custos Crescentes: para atrair trabalhadores que esto empregados no setor de manteiga e desloc-los paracanhes,deveroseroferecidossalriosmaiores,evice-versa.Portanto,os custos sero gradativamente crescentes. (VASCONCELOS, 2002). Fonte: Adaptado de VASCONCELOS, 2002. Trade-off entre ponto D e C O trecho composto pelos extremosA e F o limite mximo das possibilidades de produo paraumaeconomiaqueescolheentreproduzircanhesoumanteiga.Conformeestudadono Curva de Possibilidades de Produo 0 2 4 6 8 10 12 0246810121416 Canhes (mil unidades) Manteiga (mil ton) CPP - Manteiga x Canhes A B C D Impossibilidade de produo com os recursos atuaisE F Custo de oportunidade = zero Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 17 conceito de restrio oramentria o grfico mostra que deve ocorrer um trade-off entre canhes e manteiga, porque sobre a curva a economia est em pleno emprego dos recursos disponveis (terra, capital e trabalho). Ao mesmo tempo, com o conceito de custo de oportunidade em mente, o trade-off entre o ponto C para o ponto D (aumento de produo de 6 mil toneladas para 8 mil toneladas de manteiga), significa um sacrfico (custo de oportunidade) de 2.000 unidades de canhes. A regio abaixo da CPP Se escolhido um ponto abaixo da CPP, interno a fronteira de produo, a sociedade no est utilizando todos os seus recursos produtivos disponveis no h pleno emprego dos fatores de produo!Nohavendoplenoempregodosrecursosnoser necessrionenhumaabdicaoda produodeumbem,tantoparaaumentarumnicooumesmoosdoisbenscustode oportunidade zero. A regio acima da CPP Acimadafronteiradeproduonopossvelidentificarumacombinaodeproduo porque a economia no tem recursos suficiente para ultrapassar o limite ora estabelecido. Todavia, possvel atingir um ponto fora ou acima do pleno emprego? Sim!Como? Alterando-se os recursos disponveis ao longo do tempo. Exemplo: Sedeterminadaeconomiacolhemanualmente100sacasdecafemcocoporalqueirede terraepassaaterumprocessodemecanizao(fatortecnologia).Aoassimfazer,orecurso produtivo denominado capital fsico ou tecnologia proporcionar um aumento de produo.Este aumento desloca a curva de possibilidades de produo para cima. Cuidado, porque neste caso a mudana ocorre somente do lado do alimento (caf). Deslocamento da CPP VamosanalisarcommaiscuidadoosdeslocamentosnaCPPcombasenoexemplode canhes e manteiga e suas limitaes: -Amanteigaumderivadodoleite,queduranteoinvernosuaproduocaidevidoa escassez de pasto. -O canho utiliza como matria prima o minrio de ferro extrado de uma mina. Podemos ter trs situaes: 1)Alterao somente na produo de manteiga: No processo de produo do leite armazena-se alimentoparaoinvernoparapromovermaiorconstncianofornecimento.Denovo,o recursoprodutivo tecnologiapermitemaiorofertadeleite,porsuavez,maiorproduode manteiga; 2)Alterao somente na produo de canho: Descoberta de uma reserva de minrio de ferro ouumareservaexistentecujanovatecnologiapermitesuaextrao.Veja,nasegunda hipotse,queemboraexistisse umareservadiagnosticada, noerapossvelaobtenodo minrio de ferro, logo, no era considerado recurso produtivo. 3)Alterao em ambos, proporcionando ampliao dos recursos produtivos disponveis. canhes ma n t e i g a Situao 3 canhes ma n t e i g a Situao 2 canhes ma n t e i g a Situao 1 20 MicroeconomiaRede de Ensino LFG EXERCCIOS 1) (UnB/CESPE/2004/CACD) ()Economistasqueseproclamamno-intervencionistasadvogamaadooderegrasfixasde poltica econmica, tais como oramento equilibrado e constncia da taxa de crescimento do estoque monetrio. 2) (UnB/CESPE/2010/CACD) () Ao defender o papel regulador do Estado na economia e nas relaes sociais, estimulando a demanda e o aumento da produo, da renda e do emprego, a doutrina keynesiana forneceu sustentao para o Estado do bem-estar social. 3) (2007 DETRAN/RO ECONOMISTA) Dos organismos internacionais abaixo, o que foi criado com a finalidade de socorrer seus associados nos desajustes de seus balanos de pagamentos e evitar instabilidade cambial : (A) o Acordo Geral de Tarifas e Comrcio (GATT General Agreement on Tariffs and Trade) (B) o Banco Internacional de Reconstruo e Desenvolvimento (Bird); (C) o Banco Mundial; (D)a Organizao Mundial do Comrcio (OMC) (E) o Fundo Monetrio Internacional (FMI) 4) (2002 ELETROBRS ECONOMISTA) O Fundo Monetrio Internacional incorporou, a partir da ruptura dos mercados em 1982, uma nova tarefa,almdoseutradicionalpapeldeproporcionarfinanciamentooficialaospaseslatino-americanos em apoio a programas de estabilizao destinados a solucionar problemas de balano de pagamentos. Esse papel consiste em: (A) Apoiar programas que visem a reduo da pobreza; (B) Financiar programas que visem a retomada do crescimento; (C) Elaborar planos objetivando a melhoria da distribuio de rendas; (D) Orquestrar os processos de renegociao da dvida externa; (E) Apoiar a redemocratizao 5) (UnB/CESPE/2010/CACD) () Alm de envolver grandes bancos e o sistema financeiro internacional, a crise atual tem sido considerada uma crise de paradigmas, em particular da certeza de que os mercados podem autoregular-seerecuperaroequilbrioautomaticamente,dispensandoaintervenodo Estado. 6) (UnB/CESPE/2010/CACD) Com relao ao quadro econmico e social subsequente ao fim da Segunda Guerra Mundial, julgue C ou E. ()OchamadoSistemadeBrettonWoodsquepreviaaparidadedodlarcomoouro perdurou at a Primeira Guerra do Golfo, no incio dos anos noventa. 7) (2002 BNDES ECONOMIA) O conceito de custo de oportunidade diz respeito: (A) rentabilidadequesedeixadeganharemaplicaoalternativaquerealizaumagente econmico. (B) rentabilidade que ganha em uma aplicao alternativa inesperada, realizada por um agente econmico. (C) ao gasto que tem um agente econmico quando aplica seus recursos diretamente em Letras do Tesouro Nacional. Prof. Edmo Menini Preparatrio para Carreira de DiplomataMicroeconomia 21 (D) perda de valor da moeda ociosa, quando ocorre inflao. (E) aoriscoevitadoporuminvestidor,quandoaproveitaaoportunidadedeaplicarseu patrimnio em renda fixa. 8) (UnB/CESPE/2003/CACD) () Quando as datas do concurso de admisso carreira de diplomata coincidem com aquelas do concursoparaassessorlegislativo,ocustodeoportunidadedefazerasegundaseleo aumentasubstancialmenteparaoscandidatosquetencionamsubmeter-seaosdois certames. 9) (2007/FCC/MPU Analista Pericial/Economia) A curva de possibilidades de produo de uma economia (A) tem sua concavidade voltada para cima. (B) implica que os custos de transformao de um produto em outro so decrescentes. (C) expressa os desejos da sociedade em consumir dois bens alternativos. (D) implicaqueoaumentodaproduodeumbemspossvelsexpensasdareduoda produo do outro. (E) baseia-se na hiptese de que a quantidade de fatores de produo varivel no curto prazo. 10) (UnB/CESPE/2003/CACD) () A recente retomada econmica nos Estados Unidos da Amrica (EUA) contribuiu para reduzir osnveisdedesempregonaquelepas.Comoconseqncia,acurvadepossibilidadesde produo da economia americana foi deslocada para cima e para a direita. 11) (UnB/CESPE/2004/CACD) () A reduo do imposto sobre operaes financeiras (IOF), ao incentivar a poupana, contribui paradeslocar,paracimaeparaadireita,afronteiradepossibilidadesdeproduoda economia. 22 MicroeconomiaRede de Ensino LFG Gabarito 1) Certa 2) Certa 3) Alternativa E 4) Alternativa D 5) Certa 6) Errada 7) Alternativa A 8) Certa 9) Alternativa D 10) Errada 11) Certa Prof. Edmo Menini Preparatrio para Carreira de DiplomataMicroeconomia 23 PARTE 2 A TEORIA DA DEMANDA ATeoriadaDemandaestudaocomportamentodo(s)consumidor(es)comrelaoa determinado bem(ou servio), ou seja, o desejo do indivduo em adquirir um produto no mercado, sendo demanda, consumo e procura sinnimos. Estudarentooconsumodeumindivduooudediversosconsumidores(demandade mercado) analisar o desejo destes na obteno de bens ou servios para satisfazer necessidades humanas, conforme o conceito de economia enquanto cincia social. Ao desejar a obteno de algo, mister se faz uma escolha que envolve um trade-off dentre as diversas possibilidades que se apresentam no cotidiano. Este processo de escolher algo, conforme a viso utilitarista carrega em si uma satisfao ou benefcio uma utilidade para o indivduo. A definio de utilidade o benefcio ou a satisfao (psicolgica) que uma pessoa consegue ter, resultante do consumo de uma ou mais unidades de um produto ou servio (MENDES, 2004). Esta definio coloca que o resultado da escolha que gera o consumo (ou procura) se vincula ao ato de desejar algo na expectativa de se obter um benefcio ou satisfao para o indivduo.Visto pelo lado do comportamento, a reao do indivduo diante da possibilidade de consumir um bem ou servio, pode ser analisado com base em 3 (trs) razes: 1.Os preos dos bens ou servios so obstculos ao consumo. 2.Quandohaumentodepreodeumbemqualquer,semaumentaropreodos demais, o indivduo corre para o mais barato efeito substituio; 3.Asuasatisfaoestrelacionadacomoconceitodeutilidade.Aobtenodeuma determinada quantidade de um bem permite medir o grau de utilidade proporcionado pelo consumo, diminuindo a cada nova unidade adicionalO item 3 merece um comentrio por refletir o princpio da utilidade marginal que relaciona o consumo com as escolhas dos indivduos, para satisfao de desejos ou necessidades. Este princpio do utilitarismo considera a construo de uma escala de valores (ou grau de utilidade) no consumo de um bem ou servio, embora de difcil mensurao por variar entre as pessoas. Trata-se ento de umamedidasubjetiva,vinculadaaumautilidadeoubenefcio,quequantificaasatisfaodo indivduo ao consumir um bem ou servio. Neste sentido o individuo movido por um sentimento de utilidade ou benefcio para atender uma necessidade humana qualquer. Exemplotpicoquandoestamoscomsede.Seestivermosemumdeserto,podemosdizer meureinoporumcopodegua.Aoconsegui-lo,teremosumsentimentodesatisfaopelo benefciorecebido.Porm,nossasedeaindacontinua.Nosegundocopo,provavelmente,vocj nodariaoreino,talvezumafazenda.Noterceirocopo,umachcara,noquarto,um terreno,e, assimpordianteatasedeestartotalmentesaciadanaqueleintervalodetempo.Vejaque,em cada etapa um copo a mais de gua nos proporciona um grau de utilidade,entretanto, cada copo seguinte adiciona menos utilidade do que o anterior. Perceba que este incremento de utilidade a cada copo de gua decrescente at a sede estar saciada erepresentaoprincpiodautilidade marginaldecrescentena medidaemqueaumentao consumo de bem, a utilidade marginal desse bem diminui Demanda Individual e Demanda de Mercado DemandaIndividual:aquantidadedobemconsideradoqueumconsumidorestdispostoa adquirir no mercado, aos diversos nveis de preos em certo perodo de tempo. 24 MicroeconomiaRede de Ensino LFG Demanda de Mercado: a quantidade do bem considerado que os consumidores esto dispostos a adquirir no mercado aos diversos nveis de preos em certo perodo de tempo. a somatria das demandas individuais. LEI GERAL DA DEMANDA Quanto maior o preo de um bem, menor a quantidade demandada deste, ceteris paribus. De maneirasemelhante,quantomenoropreodeumbem,maioraquantidadedemandada deste. (OSULLIVAN, 2004) Nota: A expresso coeteris paribus ou ceteris paribus significa que ao estudarmos uma determinada varivel influenciando a demanda, todas as demais devem permanecer inalteradas. Determinantes da Demanda Noesteiodoutilitarismoestudarodesejodoconsumidoraodemandarprodutospara satisfazersuasnecessidades,determinarasdiversasvariveisqueinfluenciamseu comportamentoeinterpretaroquantoeleestdispostoapagarporumbemdesejadoem determinado perodo de tempo. NestesentidoaLeiGeraldaDemandaestabeleceque,quantomaioropreodeum determinadobemX(Px),aquantidadeconsumida(qd)destemesmobemvariaemsentido contrrio, desde que todas as demais variveis que influenciam a demanda permaneam constantes (coeteris paribus). Percebaque,pelaprprialeidademandaaorientaoentreavarivelpreoversusa quantidade demandada ou consumida ocorre de forma inversa ou contrria. Trata-se de uma relao negativa ou inversa, conforme representao abaixo. 0 (AAxPqd: A quantidade demandada de um produto, pelos consumidores, varia na relao inversa de seu preo. Nota: O smbolo representa uma variao na quantidade, no numerador, e uma variao do preo no denominador, em determinado intervalo de tempo. Vimosentoqueopreo de umbemXqualquerinflui nadecisode consumo. Assim,quais sero outras variveis ou determinantes da demanda? (a)O preo do produto desejado (Px); (b)A renda dos consumidores (R); (c)O preo de outros produtos (Po); (d)As preferncias dos consumidores (G). (e)Outras no especificadas. claro que pode haver outras variveis que influenciam a demanda como cultura, hbito ou expectativas futurascomrelaoapreo,rendaoudisponibilidadedosbensouservios, todavia, para fins de estudo limitaremos ao exposto. Algebricamente podemos dizer que a demanda total dos consumidores estudadasob a tica dos seus determinantes permite compor uma Funo Geral da Demanda (Qd): Qd= f (Px, R, P0, G, etc) Prof. Edmo Menini Preparatrio para Carreira de DiplomataMicroeconomia 25 A Funo Demanda A funo geral da demanda, que representa as diversas variveis que influenciam o consumo, pode ser representada graficamente pela anlise de um exemplo de consumo. Emdeterminadoperododetempoaopreodemercadopercebe-sequedescendentesde italianos, morando em So Paulo, tem por hbito comer pizzas. Em determinada amostra por famlia coletou-se que ao preo de R$60,00 uma pizza consumida por ms. Se o preo cai para R$45,00, a amostra identifica o consumo de 3 pizzas/ms.Osdadoscoletadospermitemconstruirumaescalaparaumadeterminadafamliaque tabelados relacionam quantidades de pizzas consumidas no ms em diferentes nveis de preo. ESCALA DE DEMANDA Preo da Pizza (R$) Demanda de Pizza (unidades/ms) 60,001 45,003 30,005 15,008 8,0012 Estesdadosrepresentadosgraficamenteseapresentamcomoumacurvadeinclinao descendente da esquerda para a direita (negativamente inclinada), conforme figura. Algebricamente,acurvadafunodemandaexpressaporqd=abP,sendoaeb constantes.Percebaquemedidaqueopreodiminui,verificamosnogrficoqueoconsumode pizza aumenta (relao inversa). Quando o preo atingir zero, o ponto a representa o intercepto daretanoeixodaquantidadedemandadadepizza(qd=a).Aconstantebrepresentaa declividade da reta ou coeficiente angular, dada pelo ngulo mostrado, com sinal negativo. Deslocamento ao longo da curva de demanda O estudo das variaes no preo de um bem X, tal como a pizza no tpico anterior, permite interpretar deslocamentos ao longo (ou sobre) a curva, desde que permaneam inalterados todos os demais determinantes da demanda (ceteris paribus). Noexemploabaixo,opontoAparaumbemX,mostraarelaoentreopreoPAea quantidade demanda qA de um determinado produto.Ocorrendo uma reduo no preo de PA para PB, desloca-se sobre a curva, que representa a funo demanda, para encontrar o ponto B. Sua projeo, interceptando o eixo X, mostra um novo Demanda por pizza 0 15 30 45 60 04812 Quantidade demandada por ms Representao Grfica Quantidade demandada/tempo - qd Demanda a -b 26 MicroeconomiaRede de Ensino LFG valorparaquantidadedemandapeloconsumidornomercadoparaoprodutoestudado(qB).Veja que o deslocamento ao longo da curva ou na curva no altera a funo demanda. Nota: Deve-se diferenciar funo demanda com quantidade demandada. A funo demanda para um produto representada pela reta inclinada onde se localizam os pontos A e B e a quantidade demandada deste est representada no eixo X. Deslocamento da curva de demanda OdeslocamentodacurvadademandaparaumbemXqualquer,ocorrequandoumadas variveis(determinantes)queinfluenciamademandasofrealterao,permanecendoosdemais constantes (ceteris paribus). Lembrando que os determinantes da demanda foram definidos pela equao: Qd= f (Px, R, P0, G, etc) Oestudododeslocamentodafunodemandaocorrequandoumdosdeterminantes identificados sofrer uma alterao, permanecendo os demais congelados - ceteris paribus.Como representar ento a influncia da renda do consumidor no grfico cartesiano construdo com base no preo de X (Px) e da quantidade demandada (qx), quando esta variar, seja para maior ou menor? Parece lgico para o leitor que o aumento da renda do consumidor, aumenta seu desejo para uma situao de maior consumo. Este aumento de desejo, que significa maior consumo deslocar a funo demanda. Porm, para qual lado? Nosexemplosabaixo,foramestudadosvariveisquedeslocamafunodemanda,sempre tendo em mente o conceito de ceteris paribus: - se a renda varia as demais permaneceram constantes; - se a populao varia as demais permaneceram constantes. Exemplo: Aumentodarendadoconsumidor,deslocamentodacurvaparadireita.Nohouvealteraonos preosdeprodutossubstitutosoucomplementares,nemmudanasnaprefernciaougostodo consumidor,dentreoutrasvariveistodaspermaneceramconstantesduranteoperodoem anlise. PA qA PB A B qBq/t P(R$)Funo Demanda de um produto (Dx) Prof. Edmo Menini Preparatrio para Carreira de DiplomataMicroeconomia 23 (a) Deslocamento para a direita ou para cima: - Aumento da renda do consumidor; - Aumento no preo dos bens substitutos; - Reduo no preo dos bens complementares; - Aumento na preferncia pelo bem. - Aumento da populao - Expectativa de maior preo no futuro. b)Deslocamentoparaaesquerdaoupara baixo: - Reduo na renda do consumidor; - Reduo no preo dos bens substitutos; - Aumentonopreodosbens complementares; - Reduo na preferncia pelo bem; - Reduo da populao; - Expectativa de menor preo no futuro. CLASSIFICAO DOS BENS EM FUNO DA RENDA Bem Normal: o tipo de bem que apresenta variao positiva em relao renda. A demanda do bem varia diretamente com a variao da renda (R), coeteris paribus. O aumento da renda desloca a demanda para direita ou para cima, por conseqncia, aumenta a quantidade demandada (qd). Da mesma forma, se a renda diminui, a quantidade demandada diminui em virtude do deslocamento da funo demanda para esquerda ou para baixo.0 >AARqd Bem inferior: aquele cujo consumo varia inversamente s variaes de renda, dentro de um certo intervaloderenda.Nestecasoasquantidadesadquiridasdessetipodebemdiminuemquandoa renda aumenta, e aumentam quando a renda diminui. 0 AAPyqdx Exemplo: Omo e Ariel, Coca-cola e Pepsi BemComplementar(C):aquelecujavariaonopreoprovocaumavariaoinversana quantidadedemandadadeX,coeterisparibus.NestecasoaquantidadedemandadadeXdiminui quando o preo de seu complementar aumenta e vice-versa (aumenta quantidade demandada de X quando o preo do complementar diminui (PC). 0 1). A proporo da variao da quantidade demandada (qx) maior do que a variao do preo (px) . Neste caso a RT dos produtores varia inversamente ao preo: Se o preo aumenta, a RT diminui: RTA > RTB Se o preo diminui a RT aumenta: RTA < RTB Demanda Inelstica (epd < 1). A RT dos produtores varia diretamente com o preo. Se o preo aumenta, a RT aumenta: RTA < RTB

Demanda Unitria (epd = 1). A proporo da variao da quantidade demandada igual variao do preo. Situao especfica de representao grfica por hiprbole eqiltera (retangular). Neste caso a RT dos produtores no se altera. RTA = RTB. DemandaElasticidade-preo da demanda %q versus %pReceita total com aumento de preo Receita total com diminuio de preo ElsticaMaior que 1,0%q > %pDiminuiAumenta InelsticaMenor que 1,0%q < %pAumentaDiminui UnitriaIgual a 1,0%q = %pNo alteraNo altera Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 29 EXERCCIOS 1) (CESPE/UnB/2004/MJ/AGENTE PF) Aanlisemicroeconmicarefere-seaocomportamentoindividualdosagenteseconmicos.A respeito desse assunto, julgue o(s) item(ns) a seguir. ()Anoodecustodeoportunidade,subjacentecurvadepossibilidadesdeproduo, relaciona-se, estreitamente, com o conceito de escassez. 2) (CESPE/UnB/2006/BASA/NVEL SUPERIOR) Acercadeprefernciasdoconsumidor,restriooramentriaefunesdedemanda,julgueo(s) item(ns) a seguir. () Para se ter uma funo de demanda de mercado, basta somar todas as quantidades e preos das demandas individuais. 3) (ESAF/MJ/2000/AGENTE PF) Utilizando os conceitos bsicos da teoria microeconmica, julgue os itens seguintes.()Supondo-sequeaexpansodoefetivopolicialconduzaaumaumentoda necessidadede melhor equip-lo, por exemplo, com armamentos e viaturas, ento as exigncias em termos de pessoal e equipamentos so bens substitutos no que diz respeito proviso dos servios de segurana pblica. 4) (ESAF/MJ/2000/AGENTE PF) Utilizando os conceitos bsicos da teoria microeconmica, julgue os itens seguintes.()Anlisesdademandadefarinhademandioca,noBrasil,indicamqueumaexpansoda rendadosconsumidoresreduzademandaporesseproduto.Casoessasanlisesestejam corretas, ento a farinha de mandioca um bem inferior. 5) (CESPE/UnB/2008/TJCE/ ANALISTA JUDICIRIO/ ECONOMIA) A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econmicos e, por isso, constitui umslidofundamentoanlisedosagregadoseconmicos.Aesserespeito,julgueositensa seguir. () A preocupao crescente com o meio ambiente tem conduzido ao uso de energias cada vez mais limpas e reduo da demanda de petrleo, o que provoca um deslocamento ao longo da curva de demanda por esse combustvel. 6) (CESPE/UnB/2010/CACD) A anlise das demandas individual e de mercado constitui um dos pilares da teoria microeconmica. Acerca desse assunto, julgue C ou E. () Campanhas publicitrias bem-sucedidas, alm de deslocarem, para cima e para a direita, a curvadedemandademercadodoprodutoanunciado,contribuem,quandopromovema fidelizao do cliente, para tornar essa curva mais preo-inelstica. 7) (CESPE/UnB/2008/TJCE/ ANALISTA JUDICIRIO/ECONOMIA) A microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes econmicos e, por isso, constitui umslidofundamentoanlisedosagregadoseconmicos.Aesserespeito,julgueositensa seguir. () Aumentos substanciais do preo dos restaurantes elevam o gasto das famlias com esse item do oramento. 8) (Cespe/UnB/Petrobrs/Economista/2007) A teoria da oferta e demanda, que estuda as interaes entre vendedores e compradores em uma economiademercado,constituiocernedoestudodosfenmenoseconmicos.Utilizandoos conceitos essenciais dessa teoria, julgue os itens abaixo.() Se a demanda de produtos agrcolas for perfeitamente inelstica em relao ao preo, ento, uma supersafra agrcola aumentar, substancialmente, a renda dos agricultores. 30 MicroeconomiaPolcia Federal 9) (CESPE/UnB/2008/CACD)Aelasticidadepreodademandadeumbemfundamentalparasecompreenderareaoda quantidadedemandadaamudanasemseupreo.Comrelaoaessetema,julgue(CouE)os itens seguintes. () Quando o mdulo da elasticidade preo de demanda de um bem superior a 1, esse bem tem demanda elstica, e a receita total se reduz quando seu preo se eleva. () Quando o mdulo da elasticidade preo da demanda de um bem igual a 1, a receita total no se altera quando h variaes no preo. () Bens que tm pequena participao no oramento tendem a ter uma demanda inelstica em relao ao preo. () Bens essenciais tm demanda elstica em relao ao preo. Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 31 Gabarito 1) Certa 2) Errada 3) Errada 4) Certa 5) Errada 6) Certa 7) Errada 8) Errada 9) Certa, Certa, Certa, Errada 32 MicroeconomiaPolcia Federal PARTE 3 A TEORIA DA OFERTA EstasriedeApontamentosdeMicroeconomiadiscutiunaParte1PrincpioseProcesso Histrico da Economia e na Parte 2 o estudo da Teoria da Demanda, que analisa o comportamento do consumidor diante de um determinado bem ou servio. ProsseguiremosnestaParte3comaTeoriadaOferta,paraemseguidadiscutirmoso EquilbrioentreOfertaeDemanda,passandopelaanlisedeincidnciadeimpostossobreo equilbrio. ATeoriadaOfertaouTeoriadaFirmaestudaocomportamentodo(s)produtor(es)ou vendedor(es) com relao a determinado bem (ou servio). Quantodedeterminadobemasempresasestodispostasavendernumdeterminado perodo de tempo? Oferta Individual e Oferta de Mercado Aoestudarmosademandaverificamossobaticadoconsumidorseudesejoemadquirir determinadobem,deformaequivalente,oestudodaoferta,sobaticadoprodutor,considerao plano ou intenso de uma empresa individual ou de diversas empresas em disponibilizar um bem ou servio em determinado perodo. Portanto, a Oferta representa a vontade dos produtores em disponibilizar bens ou servios ao mercado. OfertaIndividual:aquantidadedeumbemqueumprodutorindividualsedispeaoferecer (vender) em um determinado perodo de tempo, aos diversos nveis de preos. OfertadeMercado:aquantidadedobemconsideradoqueosprodutoresestodispostosa ofereceraosdiversosnveisdepreossomatriadasempresasdemesmanaturezaem determinado mercado. LEI GERAL DA OFERTA ALeiGeraldaOfertaestabelecequequantomaioropreodeumdeterminadobem(Px), maior ser a quantidade ofertada do mesmo (qs), permanecendo todas as demais variveis constantes (coeteris paribus). Determinantes da Oferta As variveis que influenciam a vontade dos produtores em vender a um determinado preo esto abaixo relacionadas: (a)O preo do bem ofertado (Px); (b)A tecnologia (Tec); (c)O preo dos insumos (Pi); (d)O preo de outros bens ou dos concorrentes (Po); (e)Condies de clima e temperatura (C); (f)As expectativas futuras com relao a preos e disponibilidades (E); (g)Nmero de concorrentes no mercado (CO); (h)Impostos ou subsdios do governo (Trib) (OSULLIVAN, 2004); (i)Objetivos e metas do empresrio (O) (VASCONCELOS, 2002). Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 33 Algebricamente,pode-secomporaFunoGeraldaOferta(Qs),sendoSabreviaodo ingls supply, com relao aos seus determinantes como: Qs = f(Px, Tec, Pi, Po, C, E, , CO, Trib,O ) A Funo Oferta AFunoOferta(QS)definidacombaseemseusdeterminantes,interpretadaconforme Vasconcelos (2002), Se o preo do bem aumenta, estimula as empresas a produzirem mais,coeteris paribus, pode ser expressa como a variao positiva entre a quantidade ofertada (numerador) pelo preo do bem X (denominador) que o produtor est disposto a praticar:0 >AAxPqs Algebricamenterepresentadatalcomoumafunolinear,comosdemaisdeterminantes permanecendo inalterados (coeteris paribus), a equao da Funo Oferta ser dada por Qs= c + dP,ondecedsoconstantes.Notequeoparmetrocointerceptodafunonoeixodas quantidades e d representa o coeficiente angular da funo linear ou declividade da reta. Nota: Verifique no grfico da Funo Oferta (Qs = - c + dP) que quando o preo de X (Px) for igual azero,matematicamenteaquantidadeofertadanegativa.Pormparaaeconomiaesse tipodesituaonoexiste,porquenohinteressedoprodutoremcolocarprodutosno mercado(ParafinsdeestudoquandoopreodobemXforigualzero,aquantidade ofertada tambm zero). Deslocamento ao longo da curva de oferta VimosnotpicoanteriorquealgunslivrosutilizamaletraSdoinglssupply(ofertaou suprimentos) para representar a Funo Oferta (QS) que determinar a quantidade ofertada (qs) a um dado preo (Px). PodemosvisualizarnogrficoospontosAeB,queformamosegmentoAB.NopontoA temosumpreoofertado(PA)eumaquantidadeofertada(qA).Variando-seopreodobemX, identificamosumnovopontodenominadodeB,compostopelopar(PB,qB),pelodeslocamento sobre a curva de oferta.OleitordeveestaratentoqueaalteraonopreoPAparaPB,queosprodutoresesto dispostos a ofertar ao mercado, implica necessariamente em uma alterao da quantidade ofertada de qA para qB, desde que mantidas todas as demais variveis que influenciam a oferta constantes (coeteris paribus). qs -c d Funo Oferta Preo Px (R$) Quantidade/tempo Qs = -c + dp 34 MicroeconomiaPolcia Federal Ogrficomostraaindaquepreoofertadoequantidadeofertadarespeitamaleigeralda oferta porque apresentam variao positiva: diminui preo, diminui a quantidade ofertada ou vice-versa.Naofertasehaumentodepreo,hmaiorquantidadeofertadaporquesetornamais interessante ao produtor colocar produtos no mercado a um preo maior. Nota: Sob a tica da demanda: preo sobe, demanda cai ou diminui (relao inversa). Deslocamento da curva de oferta O deslocamento da curva ou da funo oferta para um bem X qualquer, ocorre quando uma desuasvariveis(determinantes)sofrealterao,permanecendoasdemaisconstantes(coeteris paribus). Lembrando que os determinantes da oferta foram definidos pela equao: QS= f (Px, Tec, Pi, Po, C, E, , CO, Trib,O, etc) Oestudododeslocamentodafunoofertaocorrequandoumdosdeterminantes identificados sofrer uma alterao, permanecendo os demais congelados - coeteris paribus.ComorepresentarentoainflunciadoclimasobreaofertadeumbemXnogrfico cartesianoconstrudocombasenopreodeX(Px)edaquantidadeofertada(qS),quandoeste variar, influenciando a produo do bem para maior ou menor? Parecelgicoqueseoclimaemdeterminadoanofoibomparaaplantaodecaf,sem chuvaoucaloremexcesso,oresultadodasafrasermaiornoanoemcurso,permitindoao produtordisponibilizarmaiorofertadecafaomercado.Esteaumentodasafra,queimplicaem maior oferta desloca a curva ou a funo oferta. Porm, para qual lado? (a) Deslocamentos da funo oferta para a direita ou para baixo No raciocnio anterior, sendo o clima um dos determinantes da oferta de caf, por questes decomparaodevemosconsiderarummomentoinicial(Qs0),representativodafunooferta antes da alterao climtica, e um momento final (Qs1), conforme figura. Acondiodoclima,porserumdosdeterminantesdaofertasofrendoalterao,mantido todososdemaisconstantes(inclusiveopreoofertadodocaf),provocaumdeslocamentoda funo ou da curva de oferta. Esta alterao do clima, que equivale a boas condies climticas, para safra do caf ou de qualqueroutroproduto,deslocaacurvadeofertaparaadireitaouparabaixoaumentando-sea quantidade ofertada do produto analisado. Interpretaoequivalentepode seraplicadaquandoimplantamos uma melhoriatecnolgica noprocessodeproduo.Mantidosconstantesosdemaisdeterminantesatecnologiapermite P(R$) q/t Qs Funo Oferta PA PB A B qA qB Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 35 deslocarafunoofertaparaadireita,permitindoaomercadorecebermaioresquantidadesde determinado produto. (b) Deslocamento da funo oferta para a esquerda ou para cima Odeslocamentodacurvadeofertaparaaesquerda,saindodaposioinicialQs0paraa posio Qs1, diferentemente da anlise anterior, embora ocorra tambmdevido a alterao de um dos determinantes que influenciam a produo de bens e servios pelas empresas, desloca a funo oferta para esquerda ou para cima, diminuindo a quantidade do produto ofertado no mercado. Exemplotpiconoesteiodaproduodecafquandodiantedeumclimaadversocomoa geada, que reduz sua oferta ao mercado. Da mesma, se trocarmos a anlise para outro determinante da oferta de caf como o custo oupreodosinsumos(Pi)utilizadosemsuaproduo,permanecendoosdemaisinalterados (inclusive o clima). Sendo o preo da terra um dos insumos necessrios safra de caf, o aumento nopreodaterradisponvelparaplantaofazcomqueaofertadecafdiminuaemvirtudeda menor rea plantada. Como exerccio ao leitor pense da mesma forma na oferta de soja ou milho. Lembre-se que estamosnoambientemicroeconmicoquandotodasasdemaisvariveisdevempermanecer inalteradas. ELASTICIDADE DA OFERTA Vimos no estudo da demanda que estudar a elasticidade sob a tica do consumidor equivale amedirsuasensibilidadeoureaofrentesvariaesdosdeterminantesdademanda,em raciocnio anlogo, estudar a elasticidade da oferta medir a sensibilidade ou reao dos produtores frente s variaes dos determinantes que influenciam seus comportamentos como o preo do bem X (Px), a tecnologia (Tec), o preo dos insumos (Pi), o preo de outros produtos (Po) etc. Px0=Px1 qs0 Qs0 Funo Oferta Preo (R$) Quantidade/tempo Qs1 qs1 PX0=Px1 qs0 Qs1 Funo Oferta Preo (R$) Quantidade/tempo Qs0 qs1 36 MicroeconomiaPolcia Federal Elasticidade-preo da oferta O estudo da elasticidade-preo da oferta (eps) decorre da anlise j vista que a variao no preo do bem X (px) provoca um deslocamento ao longo da curva de oferta, induzindo tambm a uma variao da quantidade ofertada (qx), com a movimentao do ponto A para o ponto B. Vimos tambm que a equao da oferta de um bem X qualquer dada por Q(x) = -c + dp. Sendo c o intercepto no eixo das quantidades e d o coeficiente angular da funo oferta.Ocoeficienteangularde umafunolinear (nocasod)podesercalculadopeloquociente entre a variao vertical pela variao horizontal, conforme abaixo: pxx qdsAA=: declividade ou coeficiente angular da funo linear oferta ser sempre positivo. Aelasticidade-preodaofertasercalculadapelavariaopercentualentrequantidadee preo conforme abaixo: Elasticidade-preo da oferta (eps ) = variao percentual na quantidade ofertada variao percentual no preo Algebricamente encontraremos para a elasticidade-preo da oferta: AAxsxAAsAxAsxssqpxpqppqqppqqpqepAA=AA=AA=AA=%% Nota: Perceba quenafrmulafinaldeclculo do valordaelasticidade-preo daofertao quociente entre qs/px exatamente o valor de d declividade da reta. De maneira semelhante ao raciocnio efetuado nos estudos de elasticidade-preo da demanda ograudeelasticidade-preodaoferta(eps)quandointerpretadoparaumdeterminadobemX apresentar caractersticasdeofertaelstica,oferta inelsticaeofertadeelasticidadeunitriaem funo do valor encontrado, representado graficamente para uma funo linear como: Prof. Edmo Menini -CACD14TIPOS DE ELASTICIDADEPreo da OfertaUnitria: Es = 1qs2 qs1P2P1q/tPxElstica: Es > 1Inelstica: Es < 1QS = - c + dPc Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 37 Percebe-se da figura que sendo eps sempre positiva, o grau de elasticidade ter os seguintes valores e se far representar graficamente para uma funo linear da seguinte forma: a) Oferta Elstica: eps > 1 b) Oferta Inelstica: eps < 1 c) Elasticidade-preo da oferta unitria: eps = 1 EQUILBRIO ENTRE DEMANDA E OFERTA Para avanarmos com os estudos de economia, lembro-me de quando morava no interior do Estado de So Paulo quando aprendi a comer um boi inteiro. Aos bifes! Pois,exaurimosoladodademandaouprocurarepresentadapelosconsumidoresou famlias que tem relao inversa entre preo e quantidade demandada, posteriormente estudamos o ladodaofertacomosprodutoresouempresasquetemrelaodiretaentrepreoequantidade ofertada. Entretanto,estamosanalisandoummesmobemouserviooravistopelocomportamento dosconsumidores,orapelodosprodutores.Seosprimeirosquerempagarmenos,maximizando seusrecursos,e,osoutros,queremcobrarmaiscaro,maximizandoseulucro,chega-seaum confronto entre demanda e oferta para responder a seguinte pergunta. Quem determina o preo do bem ou servio encontrado no mercado? RESPOSTA:Oequilbrioentreasforasdemercadoconsumidores(famlias)eprodutores (empresas). O equilbrioentre oferta e demanda se caracteriza por uma condio de mercado, que uma vezatingidatendeapersistir,sendoobservadaquandoaofertaeademandadobemX conjuntamente determinam o preo de equilbrio que iguala a quantidade demandada (qd) de um bem com a quantidade ofertada (qs) deste mesmo bem para o mesmo perodo de tempo. Esta condio de equilbrio decorre, conforme Adam Smith em A Riqueza das Naes, de uma conjuno de interesses entre consumidores e produtores sob a orientao de uma mo invisvel. Perceba o leitor que esta interpretao que norteia os princpios da doutrina liberal, onde a economiaconduzidanaturalmentepelamoinvisvel,nocorroboraavisodeoutros economistasdequeogovernodevainterferirnaeconomiaparapromoverajusteseconmicosou sociais. De toda sorte este anlise da figura do governo interferindo na economia ser aprofundada nos estudos de macroeconomia. Nestesentido,destaque-sequeoequilbrioentredemandaeofertaoraestudadose desenvolveemumambientemicroeconmicocaracterizadoporummercadodeconcorrncia perfeitaouperfeitamentecompetitivo,ondeprodutoreseconsumidoresvivememharmoniaeh diversos produtores que, alm de poderem entrar e sair a qualquer momento, oferecem um produto homogneo no mercado, sem a interferncia do Estado na formao do preo. Expresso Algbrica do Equilbrio de Mercado A interpretao algbrica do equilbrio de mercado em concorrncia perfeita ser apresentada emconformidadecomosestudosmatemticosdesenvolvidosparaaofertaeademandaquando interpretados com base em uma funo linear: Funo DemandaEquao: Qd = a bPRelao inversa entre preo e quantidade demandada Funo OfertaEquao: Qs = c + dPRelaodiretaentrepreoequantidade ofertada Equilbrio de MercadoCondio: Qd = QsPreo de equilbrio iguala as quantidades demandadas e ofertadas. 38 MicroeconomiaPolcia Federal Acondiodeexistnciaparaoequilbriode mercadoquea quantidadedemandada seja igual quantidade ofertada (Qd = Qs). Neste sentido podemos igualar as equaes: a bP = c+ dP Isolando-se o preo na igualdade, se obtm o preo no equilbrio ou preo de mercado (P*), pela expresso: P* = d bc a++ Da mesma forma, a quantidade de equilbrio (Q*) pode ser calculada por: d bbc adQ+= * Expresso Grfica do Equilbrio de Mercado Oequilbriodasforasdemercadodadopelopreodeequilbrio(P*)queigualaaquantidade demandada com a quantidade ofertada (qd = qs) ser obtido graficamente pela interseco das curvas deofertaedemandaerepresentaumasituaoemquenohforas(razes)impulsionandouma mudana. Nem consumidores, nem produtores tem incentivo para alterar o resultado. GraficamenteopontoArepresentaaintersecodascurvasdeofertaedemanda,e, portanto,opreodeequilbrio(P*)quecompatibilizaosdesejosdosprodutoreseconsumidores quanto s quantidades a serem vendidas e consumidas, respectivamente. No ponto de equilbrio A temos: +QE = quantidade de equilbrio = (qsA) quantidade ofertada= (qdA) quantidade demandada; +P* = Preo de equilbrio = Poferta = Pdemanda Oconceitodeeconomiademercadotransmiteaidiadequehumajusteentreofertae demandaondetodososrecursossoutilizados,porissoopreodeequilbriotambm denominado como preo de ajuste de mercado. (STIGLITZ, 2003) Mudana no Equilbrio de Mercado Estamosaprendendoqueoequilbriodemercadodadopelaintersecodascurvasde oferta e demanda ou algebricamente onde as quantidades se igualam em determinado preo. Entretanto devemos interpretar situaes de mercado que estejam fora do equilbrioporque nohacordooucompatibilidadedeinteressesentreprodutoreseconsumidoresprovocando desequilbrios entre oferta e procura. A P* QEq/t P(R$)EQUILBRIO DE MERCADO ENTRE OFERTA E DEMANDA Oferta (S) Demanda(D) Prof. Edmo MeniniMicroeconomia 39 Para fins de estudo e compreenso mostro o grfico de equilbrio entre oferta e demanda sob duas situaes, tendo como referncia o equilbrio no ponto E, partindo-se do par (PE, QE) preo e quantidade de equilbrio. 1)Acima do ponto de equilbrio E: excesso de oferta (ou escassez de demanda); A projeo do novo preo PA intercepta as curvas de demanda e oferta em pontos distintos. Nesta situao as quantidades de demanda e oferta so diferentes porque esto fora do equilbrio. A projeo no eixo X mostra um excesso de oferta quando subtramos (qs- qd), porque a quantidade demandada (qd) menor do que a quantidade ofertada (qs).Nestasituaoequivaledizerqueosprodutorestemprodutoparavender,masnotem compradores para absorver a oferta (escassez de demanda) haver estoques em excesso. 2)Abaixo do ponto de equilbrio E: excesso de demanda (ou escassez de oferta). Esta situao representada pela projeo do preo PB reflete um momento da economia onde h um maiornmerode consumidores(excessodedemanda),porm nohprodutos suficientes para atend-los (escassez de oferta). Verifiquequenestasituaoadiferena(qs-qd)resultaemumvalornegativo,porquea quantidade demandada (qd) maior do que a quantidade ofertada (qs) No concurso pblico ou na soluo de questes de microeconomia no equilbrio de mercado devemos ter claramente os determinantes que influenciam tanto a demanda quanto a oferta. Isto importante porque ao estudarmos demanda e oferta individualmente percebemos que a alterao de um dos determinantes pode provocar o deslocamento de uma das curvas, tanto para esquerda quanto para a direita, tendo como conseqncia um novo ponto de equilbrio no mercado. E

PE QEq/t P(R$) SD Excesso de Demanda qd > qs PB qsqd E PE QE q/t P(R$) SD Excesso de Oferta qd < qs PA qsqd 40 MicroeconomiaPolcia Federal Parailustrarestasituao,imaginequeomercadoencontra-seemequilbrionopontoE0 (PE0, QE0) e est diante de uma crise que provoque uma reduo na renda dos consumidores. Devemos lembrar que pelo fato da renda no estar representada no grfico do equilbrio de mercado(emXtemosaquantidadeofertadaoudemandadaeemYopreoofertadoou demandado) sua representao devido a eventual alterao provocada pela crise econmica desloca necessariamente uma das curvas. Qual curva? Demanda ou Oferta? Necessariamente a curva da demanda porque a renda determinante da demanda!Muito bem! A curva da demanda ser deslocada de uma situao inicial (D0) para uma nova situao (D1).Porm, para qual lado? Direita (para cima) ou esquerda (para baixo)? Depended