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Sumrio
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1
1.1 EMENTA 1
1.2 CARGA HORRIA TOTAL 1
1.3 OBJETIVOS 1
1.4 CONTEDO PROGRAMTICO 2
1.5 METODOLOGIA 2
1.6 CRITRIOS DE AVALIAO 3
1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 3
CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR 4
2. TEXTOS PARA ESTUDO 5
2.1 A MENTE TICA* 5
2.2 'DER KLEINEN DREH' (O PEQUENO TRUQUE)* 12
2.3 EM BUSCA DAS MAS PODRES * 13
2.4 O LUCRO DO BEM 15
2.5 AS GRANDES EMPRESAS VO SALVAR O MUNDO? 17
Gesto de Negcios Sustentveis
1
1. Programa da disciplina
1.1 Ementa
As organizaes esto, a cada dia mais, se conscientizando que seu objetivo no
apenas gerar lucro. preciso sim gerar lucro dentro de condies ticas,
respeitando os princpios de conduta esperados pelos seus acionistas, funcionrios,
clientes e a sociedade em geral. Alm disto, a responsabilidade das empresas
extrapola seus muros e se estende para toda a comunidade em seu entorno e tem
a obrigao de gerar desenvolvimento de maneira sustentvel e ecologicamente
correta. somente em um ambiente empresarial tico e responsvel que se pode
construir uma grande nao onde empresas prosperam. Esta matria tem como seu
ncleo central o conceito de gesto de negcios sustentveis que envolve temas
fundamentais, a saber: tica, tica corporativa, governana corporativa,
responsabilidade e investimento social privado, responsabilidade ambiental e
pessoas sustentveis.
1.2 Carga horria total
24 Horas
1.3 Objetivos
a) Levar os alunos a pensar de maneira sistmica-sustentvel de acordo com os novos paradigmas integradores no campo das cincias que tm sido
aplicados ao mbito da gesto.
b) Expor os alunos aos temas paradigmticos que podem ajud-los a tornarem-se gestores sistmicos-sustentveis com uma postura integral nas
atividades gerenciais.
c) Estimular os alunos a produzir uma reflexo prpria sobre o contedo exposto em sala de aula, tendo como resultado a criao de projetos prticos a
serem executados dentro do seu ambiente corporativo.
Gesto de Negcios Sustentveis
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1.4 Contedo programtico
tica
i. Conceituaes e co-relaes entre tica, cultura e moral
ii. O impacto da ausncia de tica nas relaes pessoais, econmicas e sociais
iii. A cultura brasileira e a questo tica
iv. Os efeitos da corrupo no atraso econmico, na regulao do mercado, na
interveno do estado, na produo de riquezas
tica Corporativa
i. Conceituao
ii. Ausncia de tica e liderana abusiva nas corporaes
iii. Dilemas e desafios ticos das empresas e seus profissionais no Brasil
iv. Modelos de deciso tica
v. Formao de uma Cultura tica na Empresa
Governana Corporativa
i. Conceituao e histrico
ii. O Novo Mercado e os nveis diferenciados de governana corporativa da BMF
& BOVESPA
iii. O papel do conselho de administrao como uma boa prtica de governana
corporativa
iv. A estrutura de capital de disperso como uma tendncia de boa prtica de
governana corporativa
v. A lei SOX
vi. Estudos de casos
Responsabilidade e Investimento Social Privado
i. Conceituao
ii. Desfazendo a confuso entre responsabilidade e investimentos social privado
iii. Balizas prticas para se fazer investimento social provado no Brasil
iv. Estudos de casos
Responsabilidade Ambiental
i. Conceituao
ii. Posturas quanto responsabilidade ambiental
iii. Estudos de casos
Pessoas Sustentveis
i. Conceituao
1.5 Metodologia
i. Aliar a abordagem terico-conceitual vivncia da elaborao de projetos e
aes prticas que se constituam em caminhos factveis para uma gesto
realmente sustentvel de negcios
Gesto de Negcios Sustentveis
3
ii. O estudo de cases de estabelecimento bem sucedido de uma cultura
sustentvel nas empresas.
1.6 Critrios de avaliao
i. Prova valendo 70 % da nota
ii. Trabalho em grupo valendo 20%
iii. Trabalho individual valendo 10%
1.7 Bibliografia recomendada
AHNER, GENE. tica nos Negcios. So Paulo: Paulinas, 2009
ALIGLERI, LILIAN, ALIGLERI L.A., KRUGLIANSKAS, I. Gesto Socioambiental:
Responsabilidade e Sustentabilidade do Negcio. So Paulo: Atlas, 2009
ASHLEY, Patrcia (org.). tica e Responsabilidade Social nos Negcios. So
Paulo, Saraiva, 2002.
BEDICKS, HELOSA. Governana Corporativa e Disperso de Capital:
Mltiplos casos no Brasil. So Paulo: Saint Paul Editora, 2009
CAPRA, FRITJOF. A Teia da Vida. So Paulo: Cultrix, 1997
_______________. Ponto de Mutao. So Paulo: Cultrix, 2006
Cdigo das melhores prticas de governana corporativa. IBGC, 2007
FERREL, O.C. tica Empresarial: Dilemas, Tomadas de Decises e Casos. Rio
de Janeiro, Reichmann & Affonso Ed., 2001.
LAVILLE, ELISABETH. A Empresa Verde. So Paulo: Ed.te, 2009
LEISINGER, Klaus; SCHMITT, Karin. tica empresarial. Petrpolis: Vozes, 2001.
MARCHIONNNI, A. tica: A Arte do Bem. Petrpolis, RJ: Vozes, 2008
MARCONDES, DANILO. Textos Bsicos de tica: De Plato Foucault. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2008
Moreira, Joaquim Manhes, A tica Empresarial no Brasil. So Paulo, Pioneira
Gesto de Negcios Sustentveis
4
RACHELS, JAMES. Elementos de Filosofia Moral, Rio de Janeiro: Ed.Gradiva,
2004
RODDICK, ANITA. O Meu Jeito de Fazer Negcio. Negcio Editora
SILVA, Augusto Tibrcio & Freire, Ftima Souza, Balano Social: Teoria e
Prtica. So Paulo, Editora Atlas, 2001
SOUZA, MRCIA. tica no Ambiente de Trabalho: Uma Abordagem sobre a
Conduta tica dos Colaboradores. Rio de Janeiro: Ed. Campus-Elsevier Editora,
2009
SROUR, Robert Henry. tica empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 2000
STEINBERG, HERBERT. Governana Corporativa: conselhos que perpetuam
empresas. So Paulo: Editora Gente, 2009
Gente, 2007
_____________________. A Dimenso humana da governana corporativa.
So Paulo Editora _
Curriculum vitae do professor
Eduardo Rosa Pedreira doutor em Teologia pela PUC-RJ e pesquisador e consultor
na rea de sustentabilidade corporativa, tendo feito pesquisas na Harvard
University, University of Yale e University of Tennessee. professor de tica
Corporativa, Investimento Social Privado, Desenvolvimento Sustentvel,
Governana Corporativa da Fundaco Getlio Vargas nos MBAS de Gesto
Estratgica de Negcios, Gesto de Clnicas e Hospitais, Gesto em TI.
Gesto de Negcios Sustentveis
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2. Textos para estudo
2.1 A MENTE TICA*
Uma conversa com o psiclogo Howard Gardner
No basta adotar padres elevados. Para viver segundo eles e ajudar os outros a
fazer o mesmo preciso uma mentalidade tica que permita que esses princpios
sejam reiteradamente postos em prtica.
SE VOC DIRIGE UMA GRANDE EMPRESA, no conte com a simpatia pblica.
Salrios estratosfricos de executivos, contnuas rodadas de demisses e a
lembrana da falncia tica em empresas como as americanas Enron, WorldCom e
Hewlett-Packard suscitam mais que nunca a animosidade pblica contra dirigentes
empresariais. Em uma pesquisa da Roper nos Estados Unidos em 2005,72% dos
entrevistados achavam que a bandalheira era disseminada entre empresas. S 2%
acreditavam que dirigentes de grandes empresas eram "muito dignos de confiana"
(ante 3% em 2004). E o padro "no est melhorando", diz Kathy Sheehan, vice-
presidente snior da GFK Roper Consulting, de Nova York. Paralelamente, o pblico
exige cada vez mais que a empresa cuide melhor do pessoal, da comunidade e do
meio ambiente.
Hoje, mais do que nunca, cabe ao lder empresarial restaurar a relao com clientes
e funcionrios assumindo, para tanto, a responsabilidade tica. o que diz
Howard Gardner, titular da ctedra John H. and Elisabeth A. Hobbs Professor of
Cognition and Education da Harvard Graduate School of Education, em Cambridge,
Massachusetts. Psiclogo educacional e cognitivo influente, Gardner no um
eticista per se. Como psiclogo, porm, cr que sua primeira responsabilidade
entender como se desenvolve ou no a capacidade moral e tica. Suas
reflexes sobre questes ticas tm razes profundas e vasto alcance. Em
Estruturas da Mente, obra seminal de 1983, Gardner lanou a tese de que o homem
possui no uma, mas vrias formas de inteligncia: lingustica, lgico-matemtica,
espacial, cintico-corporal, musical, interpessoal e intrapessoal. A teoria, que
Gardner continua a refinar, teve ampla acolhida na comunidade educacional.
Professores do mundo todo formulam aulas luz dos diferentes tipos de
inteligncia.
Gardner passou a ter um envolvimento pessoal com a questo tica ao observar
como educadores vinham adorando suas ideias: certas escolas e autoridades
declararam que alguns grupos raciais e tnicos careciam de inteligncias
especficas. Fundador da teoria, Gardner sentiu-se obrigado a denunciar tais
Gesto de Negcios Sustentveis
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interpretaes distorcidas de sua obra. Mais tarde, ao dar um curso em Harvard
chamado "Mente, Crebro e Educao", viu-se refletindo sobre dilemas ticos,
como os envolvidos em experincias cerebrais e genticas, e sobre a sensatez de
partilhar com os pais resultados alarmantes de exames de um filho, sobretudo
quando no h interveno comprovada.
Os insights de Gardner sobre a mente tica so fruto de mais de 12 anos de estudo
de profissionais na ativa. Desde 1995. Gardner e pesquisadores de quatro
universidades vm examinando o modo como o indivduo aspira a fazer um bom
trabalho um trabalho de alta qualidade que seja relevante para a sociedade,
melhore a vida do prximo e seja desempenhado de modo tico. Os pesquisadores
tambm observaram em primeira mo o modo como foras culturais, econmicas e
tecnolgicas solapam o bom trabalho (para detalhes sobre esse projeto de longo
prazo, visite www. goodworkproject.com). Em seu novo livro, Five Minds for the
Future (que a Harvard Business School Press lana em 2007), Gardner reflete sobre
o que preciso para desenvolver uma mentalidade tica. Nesta entrevista editora
snior Bronwyn Fryer, Gardner sugere o que um gestor deve fazer para adotar e
sustentar padres elevados para si e para a organizao qual pertence.
O que a mente tica?
Ao pensarmos na mente como um conjunto de capacidades cognitivas, til
distinguir a mente tica das outras quatro que devemos cultivar para vicejar como
indivduos, como comunidade e como raa humana. A primeira delas, a mente
disciplinada, a que conquistamos ao nos aplicar de modo disciplinado na escola.
Com o tempo, e com suficiente treino, adquirimos tarimba em uma ou mais reas:
viramos especialistas em gesto de projetos, contabilidade, msica, odontologia e
por a vai. Um segundo tipo de mente a sintetizadora, capaz de rastrear uma
vasta gama de fontes, decidir o que importante e merece ateno e reunir essa
in- formao de modo coerente para si e para os outros [para detalhes sobre a
mente sintetizadora, veja "Lista HBR: ideias inovadoras para 2006" (Fevereiro
2006)]. Uma terceira mente, a criadora, busca ideias e prticas novas, inova,
aposta, descobre. Embora o valor de cada mente dessas h muito tenha sido
estabelecido, todas so essenciais em uma era em que somos soterrados por
informaes e em que tudo o que passvel de automao ser automatizado.
Outra mente, menos puramente cognitiva do que as trs primeiras, a respeitosa:
a mente aberta que tenta entender e estabelecer relaes com outros indivduos. A
pessoa com a mente respeitosa gosta de ser exposta a toda sorte de gente. Ainda
que no seja tolerante com todos, d ao prximo o benefcio da dvida.
A mente tica ala o respeito pelos outros a uma dimenso mais abstrata. Uma
pessoa com mente tica se pergunta: "Que tipo de pessoa, trabalhador e cidado
desejo ser? Se todos na minha profisso tivessem mentalidade igual minha, ou
fizessem o que fao, como seria o mundo?"
importante deixar clara a distino entre mente respeitosa e mente tica, pois
partimos do princpio de que quem respeitoso tico, e vice- versa. Uma pessoa
pode ser respeitosa sem entender por qu: quando criana, talvez tenha respeitado
os pais e avs porque assim lhe foi ensinado. Conceitos e comportamentos ticos,
no entanto, exigem certa capacidade de transcender a prpria experincia como
Gesto de Negcios Sustentveis
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indivduo. Ao adquirir a mente tica, a pessoa se torna uma espcie de espectadora
imparcial da equipe, da organizao, da sociedade, do mundo. E talvez tenha de
sacrificar o respeito por outra pessoa se seu papel como cidad ou trabalhadora
exigir que tome providncias para proteger uma ideia ou instituio na qual
acredita.
Quem denuncia irregularidades tem mente tica. Muita gente pode ver um alto
gerente fazendo algo antitico, mas fica calada porque quer manter o emprego e
acha que deve respeitar o chefe. Quem denuncia abdica dessas preocupaes e
considera a natureza do trabalho e da comunidade de uma perspectiva mais ampla.
D um salto mental e transcende os afazeres cotidianos; seu compromisso com o
local de trabalho ou a profisso. Age com tica, ainda que isso possa ferir a relao
de respeito com o supervisor e, em ltima instncia, o emprego e a relao com os
colegas. Essa pessoa age assim porque seu bem-estar imediato menos
importante do que a misso maior que endossou.
A mente tica parece mais orientada comunidade do que qualquer das
outras quatro mentes. Se for o caso, como se desenvolve essa mente tica?
A orientao tica comea em casa, onde a criana v se os pais se orgulham do
prprio trabalho, se "jogam limpo", se concedem o benefcio da dvida ou se tm a
mente fechada, e por a afora. A criana absorve os valores religiosos e polticos
dos pais. medida que cresce, os pares exercem enorme influncia, sobretudo nos
Estados Unidos. To influente quanto a atitude da comunidade em relao a seus
cidados. Jovens e velhos so alvo de ateno? Alm dos servios bsicos, h
eventos culturais e sociais com os quais possam aprender, dos quais possam
participar? Os pais participam dessas atividades "aglutinadoras" e esperam que os
filhos faam o mesmo?
Meu exemplo favorito de uma comunidade tica uma pequena cidade do norte da
Itlia, Reggio Emilia. Alm de garantir servios de alta qualidade e benefcios
culturais aos cidados, a cidade conta com creches e pr- escolas excelentes. L, a
criana se sente cuidada pela comunidade. E, quando cresce, retribui a
considerao cuidando dos outros. Vira um bom trabalhador, um bom cidado. O
tom j foi estabelecido em um patamar to elevado que raramente vemos, ali, um
trabalho desvirtuado ou seja, qualitativa ou eticamente inferior. E, se isso
ocorre, a medida tica tomada pela comunidade reduzir ao ostracismo o
trabalhador desvirtuado (de fato, embora no de direito), para que ele no solape
os costumes da comunidade. Isso funciona enquanto todos veem que todos saem
ganhando.
O que se interpe mente tica?
Infelizmente, ainda que a pessoa tenha sido criada com forte senso tico, o mau
comportamento alheio pode abalar essa estrutura. Um estudo recente da Duke
University revelou que 56% dos alunos de mestrado em administrao nos Estados
Unidos admitem colaro maior ndice de cola entre ps-graduandos. Um aluno de
MBA ambicioso que v todos a seu redor colando nas provas pode presumir que
colar o preo do sucesso ou talvez cole porque "todo mundo est colando".
Gesto de Negcios Sustentveis
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possvel at que chegue a ver o comportamento tico como um luxo. Um estudo
que publicamos em 2004 revelou que jovens profissionais, embora declarassem
entender o que era um bom trabalho e sentir o desejo de executar algo parecido,
sentiam que precisavam vencer a todo custo. Seriam trabalhadores exemplares
quando tivessem se destacado, diziam.
Para o jovem que hoje entra para o mundo dos negcios, a tentao de deixar a
tica de lado cada vez maior. Vivemos uma era de intensa presso para que o
indivduo e a organizao tomem atalhos, defendam os prprios interesses e
ignorem o efeito do prprio comportamento sobre os outros. Alm disso, muitos
administradores internalizaram a crena de Milton Friedman de que, se deixarmos o
indivduo correr atrs de seus interesses e o mercado operar livremente, haver,
como que por mgica, conseqncias morais e ticas positivas. No vou, aqui,
questionar o poder e os benefcios do mercado em um sentido absoluto. Mas o
mercado amoral; a linha que separa a maquiagem do lucro e a fraude ostensiva
nem sempre clara. como disse o principal rabino do Reino Unido, Jonathan
Sacks: "Quando tudo que importa pode ser comprado e vendido, quando um
compromisso pode ser rompido porque j no nos traz vantagem, quando o
consumo vira salvao e slogans publicitrios viram nossa litania, quando nosso
valor definido por quanto ganhamos e gastamos, o mercado est destruindo as
prprias virtudes das quais depende a longo prazo". A confiana na empresa
minada; uma pessoa desconfia da outra. Reggio Emilia parece a anos-luz de
distncia.
A seu ver, quem atua no mundo dos negcios tem mais dificuldade do que
outros profissionais para exibir uma mente tica?
Sim, porque a rigor a administrao no nem nunca foi uma profisso. Uma
profisso se desenvolve no decorrer de um longo perodo de tempo, e pouco a
pouco estabelece uma srie de mecanismos de controle e sano para quem violar
o cdigo. O verdadeiro profissional, como o mdico, o advogado, o engenheiro e o
arquiteto, passa por extenso treinamento e conquista uma licena. Se no agir
conforme padres reconhecidos, pode ser expulso da agremiao profissional. Alm
disso, a figura do mentor um componente estabelecido em profisses
regulamentadas: na residncia, o mdico trabalha com um residente chefe ou um
mdico experiente que serve, em parte, de guia tico. Na administrao no h
esse modelo; no preciso licena para atuar. Os nicos requisitos so ganhar
dinheiro e no infringir a lei. Ainda que o indivduo parta com um padro tico
elevado, fcil sair do bom caminho, pois os padres profissionais so uma opo
vocacional, e no parte do territrio. lgico que h, no mundo dos negcios,
gente que age profissionalmente, que sente a obrigao de servir a clientes,
funcionrios e comunidades. A empresa tambm pode, voluntariamente, assumir
uma responsabilidade social. Mas, se no o fizer, no h sanes. E certos
economistas sustentam que ilegtimo, para a empresa, canalizar o lucro para
outros fins que no o acionista.
Gesto de Negcios Sustentveis
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A seu ver, o trabalho desvirtuado contagiante assim como o estado
emocional do dirigente contagia os outros, como observou Daniel
Goleman?
Um funcionrio certamente ouve o que o lder diz e observa com mais cuidado
ainda o que lderes e colegas fazem. Uma pessoa se sente psicologicamente
autorizada ou pressionada a imitar o mau comportamento exibido por chefes e por
outros que enganam e ficam impunes. J um dirigente que exibe comportamento
tico, sobretudo diante das tentaes do mercado, inspira o pessoal a agir da
mesma forma e, assim, contribuir para a vitria da empresa no longo prazo.
Embora batido, o exemplo de James Burke no comando da Johnson & Johnson
ainda til. Quando prontamente recolheu toda a linha Tylenol em resposta ao
pnico na dcada de 1980, Burke deu um exemplo do que ser tico diante do
risco. No final, a empresa ganhou: passados 25 anos, a Johnson & Johnson a
nmero um em reputao corporativa entre as grandes empresas.
Faz enorme diferena se os distintos grupos envolvidos no trabalho esto em
harmonia ou conflito e se aqueles que devem dar o exemplo esto confiantes em
seu papel. Quando todos agem com a mesma meta, mais fcil fazer um bom
trabalho. Em fins da dcada de 1990, por exemplo, nossos estudos revelavam que
para um geneticista nos Estados Unidos era relativamente fcil fazer um bom
trabalho, pois todos trabalhavam com a mesma meta final, que era mais sade e
longevidade. J para jornalistas fazer um bom trabalho era mais difcil, pois seu
desejo de relatar de modo objetivo os principais acontecimentos colidia com o
desejo de sensacionalismo do pblico e com a presso dos donos de jornais no
sentido de gerar receita publicitria e evitar controvrsias.
O verdadeiro teste da fibra tica de um indivduo ou empresa , ento,
o que acontece quando h fortes presses. Como enfrentar essas
presses?
Para um dirigente, o melhor meio de manter o norte tico acreditar que isso
essencial para o bem da organizao. Qual sua finalidade maior? Quais so suas
metas, no sentido amplo de fazer o bem no mundo? Uma vez ciente desses fatores,
preciso afirmar suas crenas, sem vacilar, logo de incio e vincular
recompensas e sanes obedincia a elas.
Quando tudo vai bem, fica mais fcil se pautar e pautar os outros por padres
elevados, pois os custos no so evidentes. J quando as circunstncias o impelem
a baixar os padres, preciso ser de uma honestidade rigorosa consigo mesmo.
Ser tico significa no enganar a si mesmo, nem aos outros. Sugiro que o leitor se
olhe no espelho de vez em quando, sem pestanejar, e se pergunte se sua conduta
merece sua aprovao. preciso se perguntar: "Estou sendo um bom trabalhador?
Se a resposta for no, como me tornar um?".
Creio, ainda, que a pessoa aumenta as prprias chances de fazer um bom trabalho
quando acha tempo e oportunidade para refletir sobre sua misso, em sentido
amplo, e determinar se est de fato progredindo rumo a sua consecuo. H uma
histria tima possivelmente apcrifa sobre James Bryant Conant, antigo
presidente de Harvard. Quando lhe ofereceram a presidncia, Conant disse: "Aceito
Gesto de Negcios Sustentveis
10
com prazer, mas no posso trabalhar s quartas-feiras, pois tenho de ir a
Washington". O comit de seleo concordou. Na verdade, Conant no ia a
Washington as quartas, mas ficava em casa, lendo. Tinha a necessidade de ficar um
dia por semana a ss com os prprios pensamentos. Todo executivo deveria poder
parar para refletir sobre a natureza do prprio trabalho, desen- volver novos
projetos de trabalho, solucionar problemas do trabalho.
Outro jeito de manter o norte tico se submeter a "inoculaes positivas
peridicas". o que ocorre quando a pessoa se depara com gente ou com
experincias que a obrigam a avaliar o que est fazendo ou a dar um bom exemplo
aos outros. Um empresrio poderia ser inoculado pelo caso de Aaron Feuerstein,
dono da Malden Mills, que seguiu pagando o pessoal mesmo depois do incndio que
destruiu a fbrica. A atitude de Feuerstein poderia inspirar um dirigente a fazer algo
benfico para o pessoal, como abrir uma oportunidade para que adquirisse a
qualificao desejada. Outro tipo de inoculao que pode ser chamada de
"antiviral" permite que tiremos lies concretas de exemplos de trabalho
desvirtuado. Na esteira do escndalo da Enron, quando a Arthur Andersen quebrou,
auditores de outras firmas fizeram um exame duro das prprias prticas.
Mas qualquer um est sujeito ao auto-engano. No preciso um olhar mais
objetivo?
Sim, e por isso importante consultar outros indivduos informados e francos. Um
consultor valioso poderia ser a prpria me "Se ela soubesse de tudo o que estou
fazendo, o que pensaria?". O outro, a imprensa. Michael Hackworth, co-fundador e
presidente do conselho da Cirrus Logic, usa o seguinte critrio: no faz nada que,
se publicado nos jornais, o fosse deixar constrangido. Ainda que as aes [da
empresa] caiam temporariamente, Hackworth sabe que sua honestidade perante o
espelho refora a credibilidade no longo prazo.
O ideal seria que todo dirigente, empresarial tivesse trs tipos de conselheiro
prontos a dizer a verdade, sem se intimidar. Primeiro, um assessor de confiana
dentro da organizao. Segundo, algum completa- mente desligado da
organizao, de preferncia um velho amigo entre seus pares. Terceiro, um
conselho de administrao realmente independente. Quem ouve de fato essas trs
fontes de informao e age com base no que dizem no pode errar demais. George
W. Bush um exemplo de lder que no teve ou, no mnimo, desconsiderou
um feedback franco desses. Franklin D. Roosevelt buscava-o regularmente e foi um
presidente muito mais eficaz.
Ao contratar ou promover, h como a empresa separar o joio do trigo?
Seria muito mais sensato se a faculdade de administrao s aceitasse gente que
jamais pensasse em trapacear e h gente assim do que apostar que, aos 30
anos, em plena ascenso, uma figura pouco confivel possa subitamente se
converter em modelo de responsabilidade. Isso posto, nada substitui a
recomendao verbal, confidencial, matizada e detalhada de gente que conhea
bem o candidato e seja franca. Eu, particularmente, no confio em cartas de
recomendao nem em testes psicolgicos. Uma nica entrevista tampouco ajuda
Gesto de Negcios Sustentveis
11
muito. Um colega meu diz: " preciso dez almoos". Acho que h, a, algo de
verdade. A algum jovem, perguntaria tambm sobre seus mentores. Nossos
estudos revelaram que, de modo geral, muitos profissionais jovens no tiveram
uma relao profunda com mentores em posies de autoridade. um contraste
com profissionais veteranos, que falaram de mentores importantes e outras fontes
de inspirao. Eu talvez perguntasse: "Quem o inspirou a adotar essa ou aquela
postura moral, e por qu?". A influncia de antimentores potenciais modelos de
conduta que tratavam mal o pessoal ou agiam de um modo que ningum desejaria
imitar e a falta de mentores so coisas que subestimamos em nossos estudos. O
exemplo negativo talvez seja mais forte do que em geral se admite. Naturalmente,
preciso ouvir com ateno que traos so considerados positivos e quais so
criticados. s vezes, as respostas surpreendem.
E se a pessoa est em posio de falar com franqueza com um lder? Como
se preparar para a tarefa?
Junto com a autoridade e a maturidade vem a obrigao de monitorar o que nossos
pares esto fazendo e, quando necessrio, coloc-los contra a parede. Como disse
Jean-Baptiste Molire, o dramaturgo francs do sculo 17: "No somos
responsveis apenas pelo que fazemos, mas tambm pelo que deixamos de fazer".
No fcil confrontar quem saiu dos trilhos. Mas essencial para que a
organizao seja eficaz seja uma famlia, seja uma empresa do Fortune 500.
Dois fatores facilitam a tarefa. Primeiro, preciso acreditar piamente que sua
atitude o melhor para a organizao. Segundo, no se deve esperar por uma
conduta flagrante. Assim que houver indcios, preciso confrontar o infrator no
de modo acusador, mas com um levantamento de fatos. Se a pessoa foi alertada
ou aconselhada, fica muito mais fcil agir da prxima vez que um deslize for
identificado.
Quanto a confrontar um superior, se isso for impossvel voc no est na
organizao certa. Naturalmente, convm consultar outras pessoas para se
certificar que sua impresso no seja distorcida. Mas quem no est preparado
para pedir demisso ou ser demitido por aquilo em que cr no um trabalhador,
muito menos um profissional. um escravo. Felizmente, nos Estados Unidos ao
menos, a maioria das pessoas tem al- ternativas de trabalho.
Em ltima instncia, preciso decidir de que lado se est. O mundo pode evoluir de
tantas formas para uma vida saudvel e decente para todos, ou para a pobreza,
a doena, o desastre ecolgico, at a guerra nuclear. Quem tem poder para ajudar
a balana a pender tem a obrigao para consigo, com seus descendentes, com
seus funcionrios, com a comunidade e com o planeta de agir da maneira certa.
* Entrevista publicada na revista Harvard Business Review, Maro de 2007
Gesto de Negcios Sustentveis
12
2.2 'Der kleinen Dreh' (O Pequeno Truque)*
Ms passado circulou aqui pelo pas um grupo de empresrios alemes de diversos
setores. Pouca gente da rea de tecnologia, mas no importa muito. O que vale
registro o texto da Cmara de Comrcio Brasil- Alemanha distribudo pelo
governo da Baviera aos participantes da delegao. No d para reproduzi-lo
totalmente aqui, mas bacana ver como o jeitinho brasileiro percebido em outras
culturas.
Eis alguns trechos do tal texto, assinado pelo executivo Rolf Daufenbach, numa
traduo do Joo Teixeira Soares, scio-atleta aqui da coluna. O que o fez nos
enviar a colaborao o fato de t-la achado "realista, neutra e pertinente".
Aqui temos uma ideia de como as "conexes globais" so difceis, mesmo que a
lngua e a "comunicao" no j no fossem uma barreira diz Soares. E
mostra o nvel de preparo necessrio para excurses de xito no mundo
"globalizado" de negcios.
Pois eis alguns trechos do samba, que tem o ttulo "No Brasil o jeitinho parte do
negcio - Aos empresrios viajantes alemes falta o senso para o 'pequeno truque'
(Der kleinen Dreh), que torna tudo possvel". um pequeno estudo sociolgico. Os
grifos so meus.
"Carnaval e batuque de samba, Po de Acar e Copacabana so com certeza os
mais comuns e agradveis clichs sobre o Brasil. Entretanto, ouve-se tambm
sobre subrbios miserveis, bandos violentos de jovens, reparties corruptas e
florestas em chamas. Dependendo do ponto de vista, o Brasil um paraso extico
ou um atrasado pas em desenvolvimento. Entretanto, um homem de negcio ou
gerente alemo que contemple do seu quarto de hotel o panorama da metrpole
econmica de So Paulo pode supor que, durante suas negociaes ou uma
prolongada estadia de trabalho, ele ter contato principalmente com o lado
industrializado do Brasil, com xitos realmente impressionantes e ambies ainda
maiores. (...) "A sociedade brasileira e a economia tambm bem mais
fortemente orientada a relacionamentos do que funcionalidade. Pouco acontece
como conseqncia de um direito, um dever ou um acordo por escrito. Uma
obrigao pessoal, entretanto, motiva a dar o melhor de si para o outro. Isso pode
significar, dependendo da situao, o cumprimento do compromisso formal ou
tambm a sua renegociao. (...) "Pessoas com as quais o estabelecimento de um
relacionamento pessoal parece ser difcil so tidas na sociedade brasileira como
'fator de distrbio'. Isso vlido principalmente se elas no tm sensibilidade para
o 'jeitinho' o pequeno truque com o qual uma situao encrencada se resolve ou
que ainda oferece uma sada da impenetrvel floresta burocrtica brasileira.
"Alemes pouco apreciam isso, pois o procedimento planejado e correto lhes parece
ser a melhor estratgia. No Brasil, entretanto, a capacidade de improvisao (a
reao rpida e inteligente a situaes imprevistas e a alteraes na constelao de
relacionamentos) tida como a verdadeira arte de sobrevivncia no apenas
para o, literalmente, pequeno homem nas ruas, mas tambm para os gerentes de
Gesto de Negcios Sustentveis
13
sucesso. Por isso, em uma negociao, deve-se investir principalmente no cultivo
do relacionamento. Pois seno quase no se consegue avanar por aqui, muito
menos alcanar resultados confiveis.
"Alemes so considerados entre os pesquisadores de relacionamento como
monocromos, brasileiros como policromos. Em outras palavras: alemes preferem
executar 'uma coisa depois da outra', avanar 'ponto por ponto', manter a agenda
tanto quanto possvel. "Brasileiros esto acostumados a fazer vrias coisas ao
mesmo tempo o que, entretanto pode significar que cada tarefa dure mais. Por
isso, durante negociaes no Brasil, os alemes devem estar preparados para que
seu parceiro pule de assunto e comece a tratar de aspectos que estejam totalmente
fora da agenda e, da mesma maneira, rapidamente abandone-os. Assim sendo,
perfeitamente compreensvel que gerentes alemes encarem isso como deficincia
de sistemtica, pouca capacidade para uma abordagem lgica e convincente, ou
tambm como pouco interesse na matria. Porm, do ponto de vista brasileiro, isso
tem suas vantagens: por que empacar em um ponto, no qual aparentemente no
se avana, e arriscar que uma controvrsia estrague o clima da negociao?
Nesse caso melhor pular para outro assunto, no qual talvez seja mais fcil
conseguir um consenso ou tambm para um tema 'subjetivo', que relaxe os
nimos. "A literal capacidade brasileira de empolgao facilmente conduz a
negociao para situaes nas quais as ambies superem o possvel de ser
realizado. Justamente quando um clima positivo foi criado, os parceiros brasileiros
fazem preferivelmente mais promessas orientadas ao relacionamento, do que
orientadas objetividade. 'Ns fazemos em trs meses' no significa
necessariamente que realmente acontecer em trs meses, mas significa algo
como: 'Eu sei que o Sr. tem pressa, e eu darei o meu melhor para satisfaz-lo. Se
tudo corresse como eu quisesse, eu faria at em trs meses. Naturalmente dura, na
realidade, um pouco mais'. (...) "Para sobreviver no Brasil, importante para
gerentes alemes, de um lado, adaptarem as suas expectativas a essa realidade e,
do outro, desenvolverem a sensibilidade necessria. Gerncia de relacionamentos e
projetos so, nesse caso, igualmente importantes".
* O pequeno truque - Texto publicado na coluna Conexo Global de Nelson
Vasconcelos, no Jornal o Globo
2.3 EM BUSCA DAS MAS PODRES *
CASOS DE ABUSO DE PODER, FRAUDES E DESVIOS DE RECURSOS acontecem em
todas as empresas. No entanto, ainda poucas delas encaram esse tipo de problema
com rigor e transparncia a tendncia geral varr-los para debaixo do tapete.
A multinacional de produtos eletrnicos Philips uma exceo. A empresa mantm
um programa batizado de One Philips Ethics Line para receber denncias annimas
de funcionrios que queiram relatar supostas irregularidades cometidas pelos
colegas. A exceo no est na existncia da linha mas em como a empresa
Gesto de Negcios Sustentveis
14
trata as informaes que chegam por ela. O programa, criado no Brasil em 2001,
foi estendido para filiais da Philips em 71 pases. No ano passado, a empresa
recebeu, ao todo 392 reclamaes pelo disque-denncia corporativo. Desse total,
cerca de um tero se comprovou. EXAME teve acesso, com exclusividade, a alguns
casos que aconteceram entre 2003 e 2005 (veja quadros nesta reportagem). So
situaes genricas, que no identificam seus autores ou departamentos em que
trabalhavam, j que as situaes so tratadas com sigilo pela empresa. Mas
propiciam um mergulho nas entranhas de uma grande corporao. Todos os casos
relatados foram punidos com demisso. Outros episdios, mantidos em segredo
pela Philips, so alvo de processos judiciais por se tratar de crime como fraude e
evaso de recursos, a exemplo do caso que aconteceu em 2003 e envolveu trs de
seus funcionrios.
A iniciativa da empresa e de outras que vm adotando esse tipo de programa
a reao a um fato. Uma pesquisa realizada h trs anos pela consultoria KPMG
demonstra que funcionrios so autores da maior parte das fraudes empresariais
quase 60% dos casos, de acordo com os entrevistados. Segundo a Association of
Certified Fraud Examiners, organizao que combate crimes do colarinho branco
nos Estados Unidos, as fraudes corroeram cerca de 5% do faturamento das
empresas no ano passado. Corporaes que implantaram as chamadas linhas ticas
diminuram o prejuzo pela metade. Alm disso, essas companhias tiveram outros
ganhos, mais difceis de ser medidos. Acrescentar o ingrediente tica imagem
costuma agradar consumidores e. especialmente, investidores. As empresas que
compem o ndice Dow Jones de sustentabilidade no qual os cdigos de conduta
contam pontos apresentam desempenho consistentemente superior s demais.
Nos ltimos cinco anos, por exemplo, as aes dessas empresas tiveram
valorizao 3% maior que as de empresas convencionais.
A linha tica da Philips chama a ateno por ter sido uma das pioneiras no Brasil
e por ter se ramificado pelo mundo a partir daqui. "Na poca da implantao, nossa
preocupao era a corrupo. Os pases da Amrica Latina no esto bem
colocados nos rankings mundiais sobre o assunto. A linha foi uma tentativa de a
empresa se proteger dessa situao"", diz Ricardo Turra, vice-presidente de
auditoria da diviso de sistemas mdicos da Philips. Turra ajudou a implantar o
programa no pas e hoje trabalha na filial americana da empresa. Uma central de
atendimento terceirizada sediada nos Estados Unidos atende os funcionrios em
100 lnguas diferentes e se encarrega de encaminhar as denncias empresa. Ao
registr-la, o funcionrio recebe uma senha e pode acompanhar tambm de
maneira annima o resultado das investigaes. Todos os casos relatados
passam por um processo de investigao que dura em mdia dois meses e feito
por um grupo de pessoas treinadas para esse fim. Caso o comit julgue o
denunciado culpado pelo deslize, discute-se a forma de punio. Todos os
processos so reavaliados por um comit revisor sediado na Holandauma espcie
de STJ corporativo. "No so raros os casos em que decises so retificadas", diz
Turra.
Adotar polticas como a linha tica da Philips uma atitude que exige uma grande
dose de comprometimento e tem custos no financeiros. Os especialistas no
Gesto de Negcios Sustentveis
15
assunto alertam para a possibilidade de se criar um ambiente de trabalho hostil,
um clima de "caa s bruxas", j que na prtica a maior parte das denncias de
funcionrios tem a ver com questes pessoais de relacionamento com colegas e
chefes. Na Philips, por exemplo, 70% das denncias recebidas so consideradas
sem fundamento. O temor de perseguies de parte a parte impediu que a
empresa implantasse o programa na Frana e na Alemanha. A principal reclamao
que os funcionrios seriam pressionados a denunciar seus colegas. O mesmo
problema foi enfrentado pelo Wal-Mart com os alemes quando ainda operava no
pas. A maior rede de varejo do mundo tentou implantar um disque-denncia, mas
foi impedida judicialmente. No Brasil, o sistema foi adotado pelo Wal-Mart h dois
anos. "De fato. alguns funcionrios podem sentir desconforto. Mas o valor desse
tipo de programa j est sendo percebido pela sociedade", diz Werner Scharrer,
scio da consultoria KPMG no Brasil.
* Em busca das mas podres - Publicado pela Revista Exame em Maro de 2007
2.4 O LUCRO DO BEM
O aumento de renda registrado nos ltimos anos no Brasil tem tido um efeito social
ainda pouco comentado. A carteira mais cheia de dinheiro abriu as portas da classe
C tambm filantropia. Embora no existam dados consolidados sobre essa fatia
da economia, a percepo de vrias organizaes do terceiro setor de que,
proporcionalmente, essa parcela da populao contribui hoje mais com doaes
formais no pas que as famlias brasileiras mais abastadas.
Longe dos investimentos financeiros de impacto social, limitado a patrimnios
altssimos, a classe C tambm entrou no radar das organizaes sem fins lucrativos
para captao de recursos. E no s para fins estritamente sociais. "O grosso da
nossa base de doaes vem da classe C", diz Marcelo Furtado, diretor-executivo no
Brasil da ONG ambientalista Greenpeace. "H cinco anos, a contribuio mdia era
de R$ 16 por ms. Hoje, o tquete mdio subiu a R$ 30, o que no um valor
desprezvel para o Brasil."
Para a antroploga Luciana Aguiar, que h 20 anos trabalha com esse pblico, a
percepo de elevao da doao formalizada da base da pirmide se explica no
s pela renda mais alta. No cotidiano, a ajuda mtua uma prtica comum entre
pessoas das classes C, D e E, que "emprestam o carro para que o amigo faa as
compras no mercado e ajudam a cuidar da roa do vizinho". Talvez mais
importante seja a virada de pgina da cidadania. Pesquisa recente da consultoria
Plano CDE, da qual Luciana consultora, mostra que 40% de 800 entrevistados
Gesto de Negcios Sustentveis
16
dessa faixa econmica em So Paulo e no Recife disseram que investiriam em
educao se recebessem um aumento de R$ 500 na renda mensal. "Comeamos a
ver um novo olhar deles para a sociedade. O desejo nico do acesso ao consumo j
foi, eles j conseguiram isso. O que essas pessoas dizem agora querer contribuir
com causas relevantes. Isso visto, sobretudo entre os jovens, com mais anos de
instruo que os pais."
Foi pensando na democratizao da filantropia e na tentativa de ampliar a base de
doadores no pas - puxando no s a classe C, mas a A e a B no participativas -
que o empresrio Ari Weinfeld, ele prprio um filantropo de longa data, trouxe para
o Brasil o conceito do Arredondar. Como o nome diz, trata-se do arredondamento
do valor das compras feitas em uma rede de grupos varejistas selecionados no
pas. Os centavos sero destinados a cerca de 15 ONGs credenciadas que passaram
pelo crivo exigente e criterioso da equipe do Arredondar.
Praticado em Israel, nos EUA e na Alemanha (onde j registrou seis milhes de
arredondamentos nos seus exatos seis meses de criao), o arredondamento de
contas foi testado em carter piloto durante sete meses em uma loja de lingeries
de So Paulo. At o fim do ano, o movimento ser lanado em uma rede de
varejistas ainda guardada a sete chaves e a expectativa que o "quer arredondar?"
se torne um mantra na cidade.
" um jeito muito indolor para um impacto muito grande", afirma Nina Valentini,
diretora-executiva do Instituto Arredondar. "Ele democratiza o acesso porque, no
interessa se gasta numa padaria ou n Shopping JK, voc se torna parte de um
movimento."
Para dar certo, o Instituto Arredondar vai treinar as foras de venda no varejo para
que todos se envolvam com o projeto, da vendedora ao caixa. At esta semana,
335 ONGs inscreveram-se no projeto; 193 qualificaram-se, mas apenas duas
dezenas devem ser beneficiadas. Os centavos arrecadados bancaro at 10% do
oramento anual da organizao e no podem ultrapassar o teto de R$ 150 mil. O
consumidor, por sua vez, poder fazer o monitoramento dos arredondamentos no
site do instituto.
Para evitar a dupla tributao de seus parceiros, o Arredondar fechou uma parceria
com a Linx, que fez algumas alteraes no sistema operacional das redes
cadastradas.
Para Weinfeld, o conceito de arredondar , sobretudo uma forma descomplicada de
doar, em um pas de poucas tradies de filantropia e desconfiana com a falta de
transparncia de parte do terceiro setor.
"No Brasil, a filantropia sempre esteve relacionada ao setor empresarial, ao
contrrio dos EUA, onde as fundaes corporativas representam s 10% das
doaes", diz Andr Degenszajn, gerente de programas do Gife, que rene
fundaes e institutos que investem em projetos pblicos. "Tem pouca gente
doando o capital prprio."
Gesto de Negcios Sustentveis
17
Ao contrrio dos americanos, criados em uma cultura de "retribuio sociedade",
os brasileiros so mais patrimonialistas. Uma das explicaes est na prpria lei.
Enquanto l h um abatimento de 50% na tributao sobre a herana, por
exemplo, aqui no s esse benefcio inexiste como o doador ainda paga imposto
pela boa ao. (BB)
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cidadania#ixzz2HyHtjo6l
2.5 As grandes empresas vo salvar o mundo?
Diamond Jared
Possivelmente sim, porque j no lhes cabe a imagem de gananciosas e malvadas,
movidas a lucros imediatos. Muitas delas j fazem mais - e melhor - do que os
governos imaginam
H uma opinio disseminada entre ambientalistas e liberais (de esquerda) de que
as grandes empresas so destruidoras do meio ambiente, gananciosas, malvadas e
guiadas por lucros imediatos. Eu sei disso porque j tive essa opinio. Mas hoje
tenho um sentimento mais plural. Ao longo dos anos, entrei para o conselho diretor
de dois grupos ambientais, o WWF e a Conservao Internacional, atuando ao lado
de muitos executivos de empresas.
Como conselheiro, fui chamado a avaliar a situao ambiental em campos de
petrleo, e tive discusses francas com empregados de empresas petrolferas.
Tambm trabalhei com executivos dos setores de minerao, varejo, extrao de
madeira e servios financeiros. Descobri que, embora algumas empresas sejam de
fato to destrutivas quanto muitos suspeitam, outras esto entre as mais positivas
foras do mundo para a sustentabilidade ambiental.
A adeso s preocupaes ambientais por parte dos executivos-chefes das
empresas acelerou-se recentemente por vrias razes. Um menor consumo dos
recursos ambientais poupa dinheiro a curto prazo. E uma imagem limpa -
Gesto de Negcios Sustentveis
18
conquistada, digamos, ao evitar derramamento de petrleo e outros desastres
ambientais - reduz as crticas da sociedade.
Eis alguns exemplos envolvendo trs corporaes - Walmart, Coca-Cola e Chevron -
que muitos crticos adoram odiar, injustamente, na minha opinio.
Comecemos com o Walmart. Obviamente, uma empresa pode poupar dinheiro
encontrando maneiras de gastar menos e manter as vendas. Foi isso que o
Walmart fez com os gastos com combustveis, reduzidos em 26 milhes de dlares
por ano, simplesmente alterando a forma de gesto da sua frota de caminhes. Em
vez de manter o motor do caminho ligado a noite toda para aquecer ou refrigerar
a cabine durante as paradas para descanso, a empresa instalou pequenos
geradores auxiliares. Alm de reduzir o gasto de combustvel, a medida eliminou
emisses de dixido de carbono equivalentes retirada de 18,3 mil carros de
passeio das ruas.
O Walmart tambm est empenhado em duplicar a eficincia de combustvel da sua
frota de caminhes at 2015, economizando assim mais de 200 milhes de dlares
por ano na bomba de diesel. Entre os prottipos eficientes que esto sendo
testados h caminhes que queimam biocombustveis produzidos com a gordura
que resta nos balces de frios da rede. Da mesma forma, a empresa, a maior
usuria privada de eletricidade dos Estados Unidos, est poupando dinheiro ao
reduzir o consumo de energia nas lojas.
Outro exemplo do Walmart envolve a diminuio dos custos associados ao material
de embalagem. Na Amrica do Norte, a rede agora s vende detergentes lquidos
concentrados, o que reduz em at 50% o tamanho das embalagens. As lojas
tambm dispem de mquinas que reciclam o plstico que antes seria jogado fora.
A meta da empresa , no futuro, no ter mais lixo de embalagens.
Um ltimo exemplo do Walmart mostra como uma empresa pode poupar dinheiro a
longo prazo comprando de fontes sustentveis. Por causa da gesto no
sustentvel da pesca, os preos da merluza-negra chilena e do atum do Atlntico
haviam disparado. Para minha agradvel surpresa, em 2006 o Walmart decidiu que
em cinco anos transferiria todas as suas compras de peixes e frutos do mar
apanhados na natureza para empresas pesqueiras certificadas como sustentveis.
Os problemas da Coca-Cola so diferentes do Walmart por serem prioritariamente
de longo prazo. O principal ingrediente dos produtos da Coca a gua. A empresa
produz bebidas em cerca de 200 pases por meio de franquias locais, que pedem
um suprimento local confivel de gua limpa.
Mas a oferta de gua encontra-se sob forte presso em todo o mundo, e a maior
parte dela j est alocada para o uso humano. A pouca gua doce ainda no
alocada est em reas remotas, inadequadas a fbricas de bebidas, como o rtico
russo ou o noroeste da Austrlia. A Coca-Cola no consegue atender s suas
necessidades hdricas simplesmente dessalinizando a gua do mar, porque isso
exige energia, o que tambm cada vez mais caro. A mudana climtica global
Gesto de Negcios Sustentveis
19
est tornando a gua cada vez mais escassa, especialmente em pases densamente
povoa-dos da zona temperada, como os Estados Unidos, que so o principal
mercado da Coca-Cola. O maior concorrente em todo o mundo no uso da gua a
agricultura, que tambm apresenta seus prprios desafios de sustentabilidade.
Da que a sobrevivncia da Coca-Cola a compele a estar profundamente
preocupada com os problemas de escassez de gua, energia, mudana climtica e
agricultura. Uma meta da empresa tornar suas fbricas "neutras em gua",
devolvendo ao meio ambiente uma quantidade de gua igual que foi usada nas
bebidas e na sua produo. Outra meta trabalhar na conservao de sete grandes
bacias fluviais, incluindo as dos rios Grande (fronteira Mxico-Estados Unidos),
Yang-ts, Mekong e Danbio, todos eles locais de grandes preocupaes
ambientais, alm de fornecerem gua Coca-Cola.
Essas metas de longo prazo somam-se na Coca-Cola a prticas ambientais e de
reduo de custos a curto prazo, como a reciclagem de garrafas plsticas, a
substituio do plstico de petrleo das embalagens por material orgnico, a
diminuio do consumo de energia e o aumento do volume de vendas com a
reduo no uso de gua.
A terceira empresa a Chevron. Nem em parques nacionais eu vi uma proteo
ambiental to rigorosa quanto nas cinco visitas que fiz aos novos campos
petrolferos administrados pela Chevron em Papua-Nova Guin. (A Chevron j
vendeu sua participao nesses empreendimentos a uma empresa petrolfera da
regio.) Quando perguntava como uma empresa de capital aberto poderia justificar
a seus acionistas os gastos com meio ambiente, empregados e executivos da
Chevron me davam pelo menos cinco razes.
Primeiro, que vazamentos de leo podem sair terrivelmente caros: bem mais
barato evit-los do que limpar suas consequncias. Segundo, que as prticas
limpas reduzem o risco de que os proprietrios de terras da Nova Guin se irritem,
peam indenizaes e fechem os campos. Terceiro, que os padres ambientais
esto se tornando mais rigorosos no mundo todo, de modo que construir
instalaes limpas agora minimiza o risco de ter de realizar custosas reformas para
adaptao depois. Alm disso, as operaes limpas em um pas do empresa uma
vantagem na hora de solicitar contratos em outros. Finalmente, as prticas
ambientais das quais os empregados se orgulham elevam o moral, ajudam no
recrutamento e aumentam o tempo que os funcionrios tendem a permanecer na
empresa.
Diante de tantas vantagens obtidas com polticas ambientalmente sustentveis, por
que tais polticas enfrentam resistncia de algumas empresas e de muitos polticos?
As objees muitas vezes so peremptrias.
"Temos de equilibrar meio ambiente e economia." A premissa dessa afirmao
que as medidas que promovem a sustentabilidade ambiental inevitavelmente tm
um custo econmico, e no um lucro. Essa linha de pensamento vira a verdade de
ponta-cabea. As razes econmicas fornecem os motivos mais fortes para a
Gesto de Negcios Sustentveis
20
sustentabilidade, porque a longo (e muitas vezes tambm a curto) prazo muito
mais caro e difcil tentar consertar os problemas, ambientais ou de outra natureza,
do que evit-los.
Os americanos aprenderam essa lio com o furaco Katrina, em 2005, quando,
como resultado de uma dcada de relutncia dos rgos pblicos em gastar
centenas de milhes de dlares para consertar as defesas de Nova Orleans, foram
desembolsados centenas de bilhes de dlares com os estragos - sem mencionar
milhares de cidados mortos. Da mesma forma, John Holdren, principal consultor
cientfico da Casa Branca, estima que a soluo dos problemas climticos custaria
aos Estados Unidos 2% de seu PIB at 2050, mas que no resolv-los prejudicar a
economia em 20% a 30% do PIB.
"A tecnologia vai resolver nossos problemas." Sim, a tecnologia pode contribuir
com a soluo dos problemas. Mas grandes avanos tecnolgicos exigem dcadas
para ser desenvolvidos e adotados, e muitas vezes revelam efeitos colaterais
imprevistos - veja-se o caso da destruio da camada de oznio por
clorofluorcarbonetos atxicos e no inflamveis, inicialmente louvados por
substiturem gases de refrigerao venenosos.
"O ritmo de crescimento da populao mundial est diminuindo, e no ser o
problema que temamos." verdade que a taxa de crescimento populacional tem
decrescido. Entretanto, o verdadeiro problema no so as pessoas em si, e sim os
recursos que elas consomem e o lixo que produzem. A mdia de consumo e
produo de lixo por pessoa, que nos pases ricos equivale a 32 vezes a dos pases
pobres, cresce acentuadamente no mundo inteiro, conforme os pases em
desenvolvimento emulam o estilo de vida das naes industrializadas.
" ftil pregar aos americanos a reduo do padro de vida: jamais haver
sacrifcios s para que outras pessoas possam elevar seu padro cotidiano." Isso
mistura consumo com padro de vida: eles so apenas vagamente relacionados,
porque grande parte de nosso consumo esbanjador e no contribui com a nossa
qualidade de vida. Nossas necessidades bsicas esto atendidas, e aumentar o
consumo nem sempre aumenta a felicidade. Substituir um carro que faz 6
quilmetros por litro por um modelo mais eficiente no vai reduzir o padro de vida
de ningum, mas ajudar a melhorar a vida de todos por diminuir as consequncias
polticas e militares da dependncia do petrleo. Os europeus ocidentais tm taxas
de consumo per capita inferiores s dos americanos, mas desfrutam um melhor
padro de vida em termos de acesso sade, segurana financeira depois da
aposentadoria, mortalidade infantil, expectativa de vida, alfabetizao e transporte
pblico.
No surpreende que o problema da mudana climtica tenha causado sua prpria
safra de objees.
"At os especialistas discordam sobre a realidade da mudana climtica." Isso foi
verdade h trinta anos, e alguns especialistas ainda discordavam uma dcada
atrs. Hoje, virtualmente todo climatologista concorda que as temperaturas mdias
Gesto de Negcios Sustentveis
21
globais, o ritmo do aquecimento e os nveis atmosfricos de dixido de carbono so
maiores do que em qualquer momento do passado recente da Terra, e que a
principal causa a emisso de gases do efeito estufa por humanos. As questes
que ainda esto sendo debatidas so se a temperatura mdia global vai aumentar
em 2 graus at 2050 e se os humanos respondem por 90% ou "s" por 85% da
tendncia global de aquecimento.
"A magnitude e a causa da mudana climtica global ainda so incertas. No
deveramos adotar contramedidas custosas at que tenhamos certeza." Em outras
esferas da vida - escolher um cnjuge, educar os filhos, comprar aes e seguros
de vida etc. - admitimos que a certeza inalcanvel e que devemos tomar a
melhor deciso possvel com base nas evidncias disponveis. Por que a busca
impossvel pela certeza deveria nos paralisar somente a respeito das providncias
contra a mudana climtica?
"O aquecimento global ser bom para ns, por permitir o cultivo agrcola em
lugares antes frios demais para a agricultura." O termo "aquecimento global"
imprprio; deveramos falar em mu- dana climtica global, que no uniforme. A
temperatura global mdia de fato est subindo, mas muitas reas esto ficando
mais ridas, e a frequncia de secas, inundaes e outros episdios climticos
extremos est aumentando. Algumas reas sairo ganhadoras e outras sero
perdedoras.
" intil que os Estados Unidos ajam contra a mudana climtica se no souberem
o que a China far." Na verdade, a China chegou para as negociaes da
conferncia climtica de Copenhague com todo um pacote de medidas para reduzir
a sua "intensidade de carbono". Enquanto os Estados Unidos hesitam a respeito da
transmisso eltrica a longa distncia das reas rurais (com maior potencial para a
produo de energia elica) para as reas urbanas (mais necessitadas de energia),
a China est muito frente. Ela desenvolve linhas de transmisso para voltagens
ultra-altas, saindo de locais de produo elica e solar no oeste rural do pas para
cidades no leste. Se os Estados Unidos no agirem para desenvolver uma
tecnologia energtica inovadora, logo perdero a competio dos "empregos
verdes" no s para a Finlndia e a Alemanha (como j ocorre), mas tambm para
a China.
Em cada uma dessas questes, as empresas americanas, e de todo o mundo, tero
um papel igual ou maior que o do governo. Meus amigos do mundo empresarial
continuam me dizendo que o governo de Washington pode ajudar em duas frentes:
por um lado, investindo em tecnologia "verde", oferecendo incentivos fiscais e
aprovando uma legislao com limites e comrcio de emisses; por outro,
estabelecendo e fiscalizando padres rgidos para assegurar que as empresas com
mtodos baratos e sujos no tenham uma vantagem competitiva sobre as que
protegem o meio ambiente. Quanto ao resto de ns, deveramos superar a
interpretao equivocada de que as empresas americanas s se importam com os
lucros imediatos e recompensar as companhias que mantm o planeta saudvel.
Gesto de Negcios Sustentveis
MBA EM GESTO ESTRATGICA E ECONMICA DE EMPRESAS
GESTO SUSTENTVEL DE NEGCIOS Uma Nova Empresa Para Uma Nova Realidade
Prof. Dr. Eduardo Rosa Pedreira
Slide 2
uma maneira de empreender e gerir negcios
O QUE GESTO SUSTENTVEL DE NEGCIOS
rentveis, preservando e desenvolvendo as pessoas, a comunidade e o planeta
Eduardo Pedreira
22
Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 3
STOKHOLDER
A i i t i t i
MODELOS DE GESTOSTAKEHOLDER
N t d l f d t t Acionistas e proprietrios
Neste modelo de gesto o foco especfico no lucro
PARA
Neste modelo o foco da gesto est direcionado para todos os pblicos relevantes (Stakeholders) do negcio
Stakeholder primrio: os que possuem interesses diretos na organizao e seu sucesso
Stakeholder secundrio: aqueles que no esto diretamente vinculados ao negcio, mas podem afetar a reputao do mesmo
Slide 4
ALIGLERI, LILIAN, ALIGLERI L.A., KRUGLIANSKAS, I. Gesto
PARA QUEM QUER IR ALM
Socioambiental: Responsabilidade e Sustentabilidade do Negcio. So Paulo: Atlas, 2009
CAPRA, FRITJOF. A Teia da Vida. So Paulo: Cultrix, 1997
________________. Ponto de Mutao. So Paulo: Cultrix, 2006
LAVILLE ELISABETH A Empresa Verde So Paulo: Ed te 2009 LAVILLE, ELISABETH. A Empresa Verde. So Paulo: Ed.te, 2009
RODDICK, ANITA. O Meu Jeito de Fazer Negcio. Negcio Editora
23
Gesto de Negcios Sustentveis
ticatica5 PILARES DA GESTO SUSTENTVEL DE NEGCIOSGovernana CorporativaGovernana Corporativa
Pessoas Sustentveis
Pessoas Sustentveis
Responsabilidade e Investimento SocialResponsabilidade e Investimento Social
Responsabilidade Ambiental
Responsabilidade Ambiental
1 tica
Ao contratar uma pessoa, busque nela trs qualidades: inteligncia, energia e carter. Se ela no tiver tica, as suas duas outras qualidades podem se voltar contra voc
6
Livre adaptao de um quote de Warren Buffet
24
Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 7
um conjunto de valores certos e bons de aplicao universal, definidos pela investigao lgica que devem reger o comportamento a moral e a cultura dasO Que comportamento, a moral e a cultura das pessoas, resultando na construo do bem comum
Existem valores ruins, errados e injustos, formadores de um cdigo de conduta que, via d i il i i t d
O Que
tica?de regra, privilegia os interesses de uma minoria destruindo o bem comum
tica o nome que sugiro ser dado somente a um conjunto de valores certos, e bons
Slide 8
FONTES QUE INFLUENCIAMNOSSA PERCEPO DE CERTOE ERRADO
_______________ ( )
_______________ ( )
_______________ ( ) CERTO E ERRADO
_______________
_______________
_______________
_______________
_______________ ( )
_______________ ( )
_______________ ( )
ERRADO _______________
_______________
_______________
25
Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 9
O ESTGIO PR-CONVENCIONAL
Estgios do Juzo tico
11O certo e o errado aquilo que me convm
O ESTGIO CONVENCIONALO certo e o errado definido pelas convenes sociais: usos e costumes
22
O ESTGIO TRANS - CONVENCIONALO certo e o errado baseia-se em valores universais que transcendem as convenes
33
Slide 10
um conjunto de valores certos, bons e justos de aplicao universal definidos pelo
UNIVERSAL
Diferena entre tica e Moral
justos de aplicao universal definidos pelo raciocnio lgico que devem reger o comportamento, a moral e a cultura das pessoas
TICA & ABSOLUTO
um conjunto de valores de aplicao l bli d lt
LOCAL
&
RELATIVOMORAL
pessoal e pblica que nasce da cultura RELATIVO
26
Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 11
CULTURA MORAL
MORALTICA CULTURA
Slide 12
Comportamento tico: causa benefcios ticosComportamento tico: causa benefcios ticos1 Comportamentotico:causabenefciosticosounocausaummalefcioticoComportamentotico:causabenefciosticosounocausaummalefciotico
Comportamentoneutro:nocausamalefciosenembenefciosticosComportamentoneutro:nocausamalefciosenembenefciosticos
C t t ti l f iC t t ti l f i
Os comportamentos humanos classificados eticamente
1
2
3 Comportamentonotico:causamalefciosticosComportamentonotico:causamalefciosticos3
Adaptado de Srour R.H. Casos de tica Empresarial, 2011
27
Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 13
R d
O INIMIGO DA TICA NO BRASIL: A CORRUPO
PblicoPblico
IndividualIndividual
Razes da corrupo:
Sistema de colonizao predatrio
Ausncia de esprito pblico
Fiscalizao frgil e impunidade PblicoPblicop
A dupla ao do brasileiro
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A Pesquisa Social Brasileira baseou-se em 2.363 entrevistas, entre 18 de Julho e 5 de Outubro de 2002 em 102 municpios. Ela apontou a existncia de dois brasis: um moderno com mais educao formal e tende a ter uma percepo mais tica, no um comportamento; outro arcaico, de baixa escolaridade e tende a ter uma percepo menos tica.
Fonte: Alberto Carlos Almeida, A Cabea do Brasileiro, Record/07Fonte: Alberto Carlos Almeida, A Cabea do Brasileiro, Record/07
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Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 15
CORRUPO
T d d i i d id d bToda ao de apropriao indevida de bens,
servios e uso de ilegtimas vantagens, que
causem danos aos direitos de quaisquer
pessoas envolvidas ou no no processo
dentro do qual tal ao ocorreu
Corrupo
Individual
dentro do qual tal ao ocorreu.
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Se fosse uma companhia de TV paga, a pirataria seria a segunda maior empresa do setor no Brasil em nmero de usurios, perdendo apenas para a Net /Embratel
Corrupo
Individual Net /Embratel
Existem 7 milhes de lares conectados a servios pirateados no pas. O nmero rivaliza com a base de assinantes da Net, de 8,9 milhes at maio e supera a da Sky /Directv de 5,2
Individual
at maio, e supera a da Sky /Directv, de 5,2 milhes.
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Gesto de Negcios Sustentveis
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Oficialmente, sem contar os "piratas", existem 16,9 milhes de assinantes de TV por assinatura no Brasil.
Corrupo
Individual
O chamado "Gatonet" ocasiona uma perda mdia de R$ 2 bilhes por ano, o equivalente a quase um trimestre de receitas da Net.
As conexes ilegais representam 41% do mercado
Individual
g p %formal de TV paga.
Fonte: 2000 2013. Todos os direitos reservados ao Valor Econmico S.A.
Capital Natural Recursos NaturaisCapital Natural Recursos Naturais1 Capital Natural Recursos Naturais Capital Natural Recursos Naturais
Capital produtivo bens e capitaisCapital produtivo bens e capitais
Capital intangvel ao humana eCapital intangvel ao humana e
A RELAO ENTRE TICA E RIQUEZA
1
2
3 Capital intangvel ao humana e instituiesCapital intangvel ao humana e instituies3
30
Gesto de Negcios Sustentveis
Enquanto a participao dos capitais naturais d t t t l d d d ino produto total de nove dos dez pases mais
ricos varia entre zero e 3% ( a exceo a Noruega, com 12%), nos pases mais pobres
ela nunca inferior a 25%.
Joo Luiz Mauad, In: O Globo, 20/05/2014
...da medicina, o fim a sade;
da arte de fabricar os naviosda arte de fabricar os navios, os navios;
da arte militar, a vitria;
da economia, a riqueza.Aristteles350ac
...evidentemente tal fim deve ser o bem, ou melhor, o sumo bem.
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Gesto de Negcios Sustentveis
* tica Aplicada as Empresas
CNPJ ticos so consequncias dos CPFS ticos que os compe.
Eduardo Pedreira
Slide 22
O QUE TICA APLICADA AS EMPRESAS
um conjunto de valores, certos e bons de aplicao universal definidos pela investigao racional que devem reger o comportamento de uma empresa com
todos os seus stakeholders
Eduardo Pedreira
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Gesto de Negcios Sustentveis
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OS INIMIGOS DA TICA DENTRO DE UMA EMPRESA
Exerccio de Poder para Fins PrivadosExerccio de Poder para Fins Privados
Ganncia pelo LucroGanncia pelo Lucro
Chefia Abusiva Valorizada pela OrganizaoChefia Abusiva Valorizada pela Organizao
1
2
3 p g p g
Presso Excessiva por ResultadosPresso Excessiva por Resultados4
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Exerccio de Poder para Fins PrivadosExerccio de Poder para Fins Privados1Estudo do Professor Dacher Keltnerrevelam que quando se confere poder s pessoas:
H mais probabilidade de que elas toquem outras pessoas de maneira mais potencialmente imprpria
Flertem de maneira mais direta
I t t f l d Interrompam outros e falem quando no sua vez
Debochem de amigos e colegas de um modo hostil e humilhante
Apresentem reduzida capacidade de sentir e transmitir compaixo
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Gesto de Negcios Sustentveis
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O Caso do Banco Pan Americano
F i d f d tb i tid ti d b d
GannciapeloLucroGannciapeloLucro2
Foram anunciadas fraudes contbeis cometidas por executivos do banco de propriedade do empresrio Silvio Santos e da Caixa Econmica Federal, dona de 49,9% do capital votante, em novembro de 2010.
Segundo a fiscalizao do Banco Central, carteiras de crditos vendidas a outros bancos continuavam contabilizadas no balano, alm de haver indcios de que a mesma carteira tinha sido vendida mais de uma vez. De maneira que a carteira de emprstimos era inflada, e o valor do banco idem. O problemaa carteira de emprstimos era inflada, e o valor do banco idem. O problema teria ocorrido durante quatro anos. Houve tambm desvio de dinheiro na empresa de carto de crdito. O rombo inicialmente estimado foi da ordem de R$2,1 bilhes em operaes de crdito do banco e de R$400 milhes na rea de cartes.
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A fim de capacitar o banco, o empresrio Silvio santos obteve um emprstimo de R$ 2,5 bilhes do FGC (Fundo de Garantidor de Crdito), um fundo privado gerido pelo conjunto de bancos Deu como garantia todo o seu patrimnio
GannciapeloLucroGannciapeloLucro2
gerido pelo conjunto de bancos. Deu como garantia todo o seu patrimnio empresarial, incluindo o SBT e o Ba da Felicidade.
Todos os diretores foram demitidos. Ademais, a Polcia Federal iniciou uma investigao sobre gesto temerria, induo de investidor em erro, insero de elemento falso em demonstrativos contbeis, gesto fraudulenta, formao de quadrilha, lavagem de dinheiro e sonegao fiscal... um invejvel rol de crimes!
U di i i l b R$4 3 bilh b i Sil i SUma auditoria posterior elevou o rombo a R$4,3 bilhes e obrigou Silvio Santos a vender o banco ao BTG Pactual logo no inicio de 2011. Boa parte do prejuzo foi bancada pelo Fundo Garantidor de Crdito.
Cf, Srour R.H. Casos de tica Empresarial, 2011, pg. 49
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Gesto de Negcios Sustentveis
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Pesquisa realizada na Sucia com 3.122 profissionais por dez anos, apresenta os seguintes resultados:
Chefia AbusivaChefia Abusiva3
Trabalhadores liderados pelos melhores chefes homens e mulheres capazes de demonstrar considerao e empatia, de definir objetivos claros e de implementar mudanas de modo humano sofreram menos infartos ao longo de uma dcada que seus pares.
Um bom lder representa um risco ao menos 20% inferior de problemas cardacos graves ao longo de 365 diascardacos graves ao longo de 365 dias
Permanecer sob o comando de uma liderana assim, em um perodo de quatro anos, diminui em 39% a probabilidade de um infarto
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O escritrio Brasileiro da International Stress Managment* fez uma pesquisa com um grupo de 1 000 homens e mulheres em So
Chefia AbusivaChefia Abusiva3
pesquisa com um grupo de 1.000 homens e mulheres em So Paulo e Porto Alegre, entre 25 e 60 anos, entre gerentes, executivos e profissionais liberais, em empresas de mdio e grande porte, sobre os efeitos do comportamento abusivo nas pessoas: as reaes so diferentes, porm todas so afetadas fsica e psicologicamente
* Pesquisa realizada por ISMA-BR (www.ismabrasil.com.br)
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Gesto de Negcios Sustentveis
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47% admite reagir agressivamente deste percentual, a esmagadora maioria admite sentir fortes dores musculares, de cabea e cansao.
Chefia AbusivaChefia Abusiva3
Mais da metade admite usar medicamentos e 38% abusa de bebidas alcolicas
18% admite reagir em franco acesso de raiva
38% apresenta comportamento passivo: as pessoas ficam irritadas, mas no demonstram e ainda admitem sentir culpa 89% deste
ti t f d d l d b 35% icontingente, sofre de dores musculares e de cabea 35% se queixa de azia e gastrite 46% usa medicamentos para amenizar o estresse 31% apela para o lcool;
O desempenho dos profissionais 30% pior durante e depois do contato com este tipo de lder.
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Assdio moral um conjunto de agresses reiteradas que atacam a subjetividade da vtima, por meio da humilhao, do
Chefia AbusivaChefia Abusiva3
j , p ,constrangimento. Agresses que atentam contra a honra, a moral, a personalidade, a intimidade, a privacidade da vtima, e desestabilizam o ambiente de trabalho. Inegavelmente, o assediador uma pessoa sem tica, que ataca motivado por poder, vaidade, sadismo, insegurana. Suas aes destoam, por completo, daquilo que se tem por tico: injrias, difamaes, rudeza, preconceitos por raa, gnero ou origem social.
Fonte: 2000 2013. Todos os direitos reservados ao Valor Econmico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material no pode ser publicado, reescrito, redistribudo ou transmitido por broadcast sem autorizao do Valor Econmico.
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Gesto de Negcios Sustentveis
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Caso Prosper Inc.
Presso Excessiva por ResultadosPresso Excessiva por Resultados4
Prosper, Inc. provides executive-level coaching for individuals. Our mission is to provide our students the education and hands-on experiences they need to achieve their personal and professional goals. We strive to make the road to personal achievement meaningful, rewarding, and enjoyable. By understanding our business and by becoming sensitive to our world, we position ourselves to help others become leaders in an ever-changing marketplace. Our products and services are based on proven principles that, when applied, produce positive results in the lives of individuals and familiesFonte:http://www.prospering.com
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A TOMADA DE DECISO TICA
Um dilemaacontece quandouma empresa se encontra dentro de uma situao naqual doiscomportamentosticos se chocam, fazendo com que a escolha de um, leve
Um dilemaacontece quandouma empresa se encontra dentro de uma situao naqual doiscomportamentosticos se chocam, fazendo com que a escolha de um, leve
Um desafio se d, quando umaempresa estdiante de umadifcil tomada de deciso na qual a obedincia a um comportamentotico poder ouno acarretarfortes
Um desafio se d, quando umaempresa estdiante de umadifcil tomada de deciso na qual a obedincia a um comportamentotico poder ouno acarretarfortes
A escolha entre o bem e o bem
A escolha entre o bem e o mal
leve transgresso do outro.
leve transgresso do outro.
fortes conseqncias.fortes conseqncias.
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Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 33
AHNER, GENE. tica nos Negcios. So Paulo: Paulinas, 2009
PARA QUEM QUER IR MAIS ALM
2009
SOUZA, MRCIA. tica no Ambiente de Trabalho: Uma Abordagem sobre a Conduta tica dos Colaboradores.Rio de Janeiro: Ed. Campus-Elsevier Editora, 2009
SROUR, ROBERT. De boas intenes as empresas esto cheias. Rio de Janeiro: Ed. Campus-Elsevier, 2009
ticatica5 PILARES DA GESTO SUSTENTVEL DE NEGCIOSGovernana CorporativaGovernana Corporativa
Pessoas Sustentveis
Pessoas Sustentveis
Responsabilidade e Investimento SocialResponsabilidade e Investimento Social
Responsabilidade Ambiental
Responsabilidade Ambiental
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Gesto de Negcios Sustentveis
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AHNER, GENE. tica nos Negcios. So Paulo: Paulinas, 2009
PARA QUEM QUER IR MAIS ALM
2009
SOUZA, MRCIA. tica no Ambiente de Trabalho: Uma Abordagem sobre a Conduta tica dos Colaboradores.Rio de Janeiro: Ed. Campus-Elsevier Editora, 2009
SROUR, ROBERT. De boas intenes as empresas esto cheias. Rio de Janeiro: Ed. Campus-Elsevier, 2009
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Uma empresa pode ser
Governana Corporativa
Uma empresa pode ser tica sem uma estrutura de governana corporativa, mas calcadas nas melhores prticas de governana corporativa ser sempre ticap
Eduardo Pedreira
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Gesto de Negcios Sustentveis
ticatica5 PILARES DA GESTO SUSTENTVEL DE NEGCIOSGovernana CorporativaGovernana Corporativa
Pessoas Sustentveis
Pessoas Sustentveis
Responsabilidade e Investimento SocialResponsabilidade e Investimento Social
Responsabilidade Ambiental
Responsabilidade Ambiental
A Relao de Agncia se caracteriza quando OS PROPIETRIOS A CONTROLADORES e os GESTORES esto separados dentro de um negcio
Na Relao de Agncia, os interesses de um indivduo (principal ou mandante) f t d l d i d t
A RELAO
DE AGNCIA so afetados pelas decises de outro
indivduo (agente ou mandatrio), que age em nome do primeiro
AGNCIA
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Gesto de Negcios Sustentveis
uma estrutura que opera acima da gesto de um negcio, no
nvel estratgico visando harmonizar a relao de agncia
O QUE GOVERNANA CORPORATIVA
nvel estratgico, visando harmonizar a relao de agncia,
diminuindo seus riscos e elevando seus potenciais benefcios.
Atravs das prticas de Governana Corporativa possvel criar
um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incentivos quanto
de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos
executivos (agentes executores) esteja sempre alinhado com o
interesse dos acionistas (agentes proprietrios)
Eduardo Pedreira
Slide 40
ValoresValoresValoresValores
BB
A CADEIA LGICA DA GOVERNAA COPRORATIVA
ModeloModeloBoas PrticasBoas
Prticas
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Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 41
TransparnciaTransparncia
Informar com clareza,
AccountabilityAccountability EquidadeEquidade
Informar com clareza, qualidade e segurana
Dar os diferentesBuscar as melhores
A CADEIA LGICA DA GOVERNAA COPRORATIVA:VALORES
Dar os diferentes proprietrios e todas as partes do negcio aquilo que lhes pertence como direito
Buscar as melhores prticas de prestao de contas
Slide 42
Assembleia de Acionistas / Scios
A CADEIA LGICA DA GC: MODELO
Proporcional
Deciso
Conselho de Administrao
Auditoria Comit 2
Comit 3 Comit 4
Auditoria Independente
Gov
erna
na
Colegiada
CEO
Diretoria Executiva
Auditoria Interna
Ges
to Hierarquica
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Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 43
Alinhar interesses
Alinhar interesses
Mi i iMi i iF ilitF ilit
GovernanaCorporativaGovernanaCorporativa
Minimizar conflitos
Minimizar conflitos
Mais transparncias em processos sucessrios
Mais transparncias em processos sucessrios
Auxiliar no processo de tomada de decises
estratgicas
Auxiliar no processo de tomada de decises
estratgicas
Facilitar acessoacapital
Facilitar acessoacapital
Benefcios da Governana Corporativa
Monitora a gesto
Monitora a gesto
Identifica, avaliar e
mitigar riscos
Identifica, avaliar e
mitigar riscos
estratgicasestratgicas
Fonte: slides da apresentao de Heloisa Beddicks na FGV, Setembro 2012
Slide 44
Conflitos entre objetivos dos scios da organizao
Conflitos entre objetivos dos scios da organizao
Gesto familiarGesto familiar
Interfernciadossciosoudoconselhona
gesto
Interfernciadossciosoudoconselhona
gesto
GovernanaCorporativaGovernanaCorporativa
Interesses particulares antes dos
interesses da organizao
Interesses particulares antes dos
interesses da organizao
Conselho pouco
profissional e sem
diversidade
Conselho pouco
profissional e sem
diversidade
gestogesto
Inibidores da Governana Corporativa
Disputa por poder dos
controladores ou gestores
Disputa por poder dos
controladores ou gestores
Controladores com pouca
confiana em profissionais
externos
Controladores com pouca
confiana em profissionais
externos
Viso operacional e imediatista. Carncia de
viso estratgica
Viso operacional e imediatista. Carncia de
viso estratgica
Fonte: slides da apresentao de HeloisBeddicks na FGV, Setembro 2012
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Gesto de Negcios Sustentveis
E t t d i d d t l11Adeso ao Novo Mercado22Um Bom Conselho de Administrao33Ad L i S44
Estrutura de propriedade com controle dispersoA CADEIA LGICA
DA GOVERNAA COPRORATIVA:BOAS PRTICAS
Adeso a Lei Sox44
E t t d i d d11 Estrutura de propriedade com controle dispersoA CADEIA LGICA DA GOVERNAA COPRORATIVA:BOAS PRTICAS
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Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 47
CAPITAL FECHADOCAPITAL FECHADO CAPITAL ABERTOCAPITAL ABERTO
ESTRUTURA DE PROPRIEDADE DAS EMPRESAS
Sociedade Limitada (cotas)
Sociedade Annima de capital fechado
Controle Majoritrio Controle Minoritrio ou
Compartilhado
C it l P l i dcap ta ec ado
* O controle est parcialmente aberto
* O controle est fechado (familiar, estatal..)
Capital Pulverizado
Slide 48
O principal acionista tem mais de
A ESTRUTURA DE PROPRIEDADE
Controle MajoritrioControle Majoritrio 50% das aes ON.ControleMajoritrioControleMajoritrio
O principal acionista detm entre10% e 50% do capital votante, isto, das aes ON.
ControleMinoritrioouCompartilhadoControleMinoritrioouCompartilhado
O maior acionista tem menos de 10das aes ON.
CapitalPulverizadoCapitalPulverizado
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Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 49
Fonte: slides da apresentao de Heloisa Beddicks na FGV, Setembro 2012
Slide 50
Fonte: slides da apresentao de Heloisa Beddicks na FGV, Setembro 2012
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Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 51
LOJAS RENNERPOISON PILL 25%
14%
7%
6%
5%
ABERDEENASSETMANAGEMENTPLCBLACKROCKINC
TROWEPRICE
SCHRODER INVESTMENT5%
68%
SCHRODERINVESTMENTMANAGEMENTLIMITEDMinoritrios
Fonte: www.econoinfo.com.br
DASA se associa a um Private Equity, Ptria Investimento. Foi a primeira empresa brasileirade sade a fazer este tipo de associao
Auriemo questionado pela primeira vez de maneira mais evidente pelo principal executivo da empresa Marques Moreira Filho sobre o contrato com partes relacionadas, no caso, aqueles referindo-se a servios prestados por sua famlia
Marques Moreira desligado e no dia seguinte ao anncio de sua sada as aes caem5% o mercado. Tambm pesou nesta queda a notcia do prejuzoda companhia naquele anoassociao
19991999 20042004 20052005 20062006 20082008
da companhia naquele ano
20092009
Faz um IPO e se torna a primeira empresa brasileira de sade a abrir seu capital em bolsa. Opta pelo Controle definido tendo como Controladores Caio Auriemoe o Ptria
Muda sua estrutura de propriedade para controle pulverizado, desfazendo inclusiveo acordo de votos que existia. Caio Auriemo fica ento com umaparticipao de 10,5%,
Acontece a reviravolta dos minoritrios. Em Abril Caio perde a posio no conselho. As aes da DASA subiram 11,5%.
Fonte: Valor Investe, Agosto 2009
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Gesto de Negcios Sustentveis
Despesas em R$ milhes
Empresas 2007 2008 Servio Vnculo
1.TerraMolhadaParticipaes 3.602 3.805 Imveis Filhos2.CompanhiadeServioseParticipaes 6.466 3.181 Limpeza,segurana
e estacionamento Sobrinho
Fonte:ValorInveste,Agosto2009
eestacionamento Sobrinho3.PatrimnioInvestimentoeParticipaes 0.179 Consultoria
FinanceiraPtria
4.RMAConstrutora 3.631 5.308 Construtora Filho5.Touch TecnologiaeInformtica 0.854 0.835 SoftwareeWeb
DesignFilha
6.Refazenda participaes 0.566 0.685 Administraodepropriedades
Caio Auriemo
7.DAproduesartsticas 0,36 0,61 Recreaoinfantil Esposa8.PtriaAssessoriaFinanceira 1.961 2,422 Consultoriaem
fuseseaquisiesPtria
9.FamliaAuriemo 0,139 Imvel Famlia
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LABORATRIOS DASA
12%
12%
10%51%
EdsonBuenoDulceBuenoFundaoPetrobsOppenheimer
10%
10%
5%
Tarpon
Minoritrios
Fonte: www.econoinfo.com.br
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Gesto de Negcios Sustentveis
Slide 55
2012 2013Controle
42%Majoritrio
42%
ControleMinoritrio
47%
CapitalPulverizado 11%Acordo deAcionistas
49% 52%
Fonte: Capital Aberto Especial _ Anurio de Governana Corporativa das Companhias Abertas 2013
Slide 56
2012 2013Empresas queadotampoison pillsem seus estatutos
34% 34%emseusestatutosEmpresascujopreodaOPAincluiprmiossobreosvaloresdemercado
64,7% 44,1%
Empresas cujaOPAobrigatriavemacompanha de clusula ptrea
26,5% 20,6%acompanhadeclusulaptreaEmpresasqueconcedemtag alongalmdoexigidoemlei 83% 84%
Fonte: Capital Aberto Especial _ Anurio de Governana Corporativa das Companhias Abertas 2013
49
Gesto de Negcios Sustentveis
Modelos de Governana no MundoAngloSaxo Nipo Germnico Latino
EuropeuLatinoAmericano
ESTRUTURA DEPROPRIEDADE
Pulverizada Concentrada Concentrada Concentrada
COMPOSIOACIONRIA
Acionistascom nomximo10%dasaes
Acimaouprximoa50%
Acimaouprximoa50%
Acimaouprximoa50%
MAJORITRIOSInstituiesfinanceirasgerais Bancos Famlias Famlias
CONFLITO DEAGNCIA
Proprietriosegesto
Majoritrioseminoritrios
Majoritrioseminoritrios
Majoritrioseminoritrios
E t t d i d d11AdesoaoNovoMercado22
Estrutura de propriedade com controle dispersoA CADEIA LGICA
DA GOVERNAA COPRORATIVA:BOAS PRTICAS
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Gesto de Negcios Sustentveis
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Novo Mercado Nvel 2 Nvel 1
Permite a existncia somente de aes ON
Permite a existncia de aes ON e PN (com direitos
Permite a existncia de aes ON e PN (conforme legislao)
Caractersticas das Aes Emitidas
Tradicional
No h regraON
adicionais)
Percentual Mnimo de Aes em Circulao (freefloat)
No mnimo 25%
Distribuio Pblica de Aes Esforo de disperso acionria
No h regra
No h regra
Composio do Conselho de Administrao
Mnimo de 5 membros, dos quais pelo menos 20% devem ser independentes com mandato unificado de at 2 anos
Mnimo de 3 membros (conforme legislao)
Mnimo de 3 membros (conforme legislao)
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Novo Mercado Nvel 2 Nvel 1 Tradicional
Presidente do conselho e diretor presidente pela mesma pessoaVedao N h
Traduzidas para o inglsDemonstraes Financeiras
Conforme legislao
80% para100% para aes
Presidente do conselho e diretor presidente pela mesma pessoa (care ncia de 3 anos a partir da adeso)
Vedao acumulao No h regra
Concesso de TagAlong 100% para aes
ON
80% para aes ON (conforme legislao)
80% para aes ON (conforme legislao)
100% para aes ON e PN
100% para aes ON e 80% para PN (at 09/05/2011)
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Gesto de Negcios Sustentveis
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EMPRESAS LISTADAS NA BOLSA
NM N2 N 1 TRADICIONAL BOVESPA TOTALMAIS
134 22 31 252 9 448
(29.9%) (4.9%) (6.9%) (56.25%) (2 %)
De um total de 448 empresas listadas, 187aderiram os nveis de Governana Corporativa representando 41.74 % da Bovespa
Fonte: