Apostila Oficina de Cordel - Rogério Fernandes

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  • 7/23/2019 Apostila Oficina de Cordel - Rogrio Fernandes

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    Oficina de

    cordelRogrio Fernandes Lemes

    e-mail: [email protected](67) 9939-4746 (WhatsApp)

    Dourados, MS24 de fevereiro de 2015

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    O CORDELa histria

    Cordelista Rogrio Fernandes Lemes

    Na poca dos povos conquistadoresgreco-romanos, fencios, cartagineses, saxes,

    etc, a literatura de cordel j existia, tendochegado Pennsula Ibrica (Portugal eEspanha) por volta do sculo XVI. NaPennsula a literatura de cordel recebeu osnomes de "pliegos sueltos" (Espanha) e "folhassoltas" ou "volantes" (Portugal). Florescente,principalmente, na rea que se estende daBahia ao Maranho esta maravilhosamanifestao da inteligncia brasileiramerecer no futuro, um estudo maisprofundo e criterioso de suas peculiaridadesparticulares.

    O grande mestre de Pombal, LeandroGomes de Barros, que nos emprestou rgua ecompasso para a produo da literatura decordel, foi de extrema sinceridade quandoafirmou na peleja de Riacho com o Diabo,escrita e editada em 1899:

    "Esta peleja que fiz no foi por miminventada, um velho daquela poca a temainda gravada minhas aqui so as rimas

    exceto elas, mais nada."

    Oriunda de Portugal, a literatura decordel chegou no balaio e no corao dosnossos colonizadores, instalando-se na Bahiae mais precisamente em Salvador. Dali seirradiou para os demais estados do Nordeste.

    A pergunta que mais inquieta e intriga osnossos pesquisadores "Por que exatamenteno nordeste?".

    A resposta no est distante doraciocnio livre nem dos domnios da razo.Como sabido, a primeira capital da naofoi Salvador, ponto de convergncia naturalde todas as culturas, permanecendo assim at1763, quando foi transferida para o Rio de

    Janeiro.Na indagao dos pesquisadores noentanto h lgica, porque os poetas de

    bancada ou de gabinete, como ficaramconhecidos os autores da literatura de cordel,demoraram a emergir do seio bom da terranatal. Mais tarde, por volta de 1750 queapareceram os primeiros vates da literatura decordel oral. Engatinhando e sem nome,depois de relativo longo perodo, a literaturade cordel recebeu o batismo de poesiapopular.

    Foram esses bardos do improviso osprecursores da literatura de cordel escrita. Osregistros so muito vagos, sem consistnciaconfivel, de repentistas ou violeiros antes deManoel Riacho ou Mergulho, mas LeandroGomes de Barros, nascido no dia 19 denovembro de 1865, teria escrito a peleja de

    Manoel Riacho com o Diabo, em fins dosculo passado.Sua afirmao, na ltima estrofe desta

    peleja (ver em detalhe) um rico documento,pois evidencia a no contemporaneidade doRiacho com o rei dos autores da literatura decordel. Ele nos d um amplo sentido de longadistncia ao afirmar: "Um velho daquelapoca a tem ainda gravada".

    Xilogravura

    Xilogravura significa gravura em madeira uma antiga tcnica, de origem chinesa, em que o

    arteso utiliza um pedao de madeira para entalhar umdesenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer areproduo. Em seguida, utiliza tinta para pintar a parte emrelevo do desenho. Na fase final, utilizado um tipo de prensapara exercer presso e revelar a imagem no papel ou outro

    suporte. Um detalhe importante que o desenho sai aocontrrio do que foi talhado, o que exige um maior trabalho aoarteso.

    http://www.significados.com.br/xilogravura/

    https://monalisarte.f

    iles.w

    ordpress.c

    om

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    O incio

    A evoluo da literatura de cordel no Brasil

    no ocorreu de maneira harmoniosa. A oral,precursora da escrita, engatinhou penosamente embusca de forma estrutural. Os primeiros repentistasno tinham qualquer compromisso com a mtrica emuito menos com o nmero de versos para comporas estrofes. Alguns versos alongavam-seinaceitavelmente, outros, demasiado breves.Todavia, o interlocutor respondia rimando a ltimapalavra do seu verso com a ltima do parceiro, maisou menos assim:

    Repentista AO cantor que peg-lo de revs

    Com o talento que tenho no meu brao...

    Repentista BDou-lhe tanto que deixo num bagao

    S de murro, de soco e ponta-ps.

    Parcela ou Verso de quatro slabas

    A parcela ou verso de quatro slabas o mais

    curto conhecido na literatura de cordel. A prpriapalavra no pode ser longa do contrrio ela sozinhaultrapassaria os limites da mtrica e o verso sairia dep quebrado. A literatura de cordel por ser lida e oucantada muito exigente com questo da mtrica.

    Vejamos uma estrofe de versos de quatro slabas, ouparcela.

    Eu sou judeupara o duelo

    cantar marteloqueria eu

    o pau bateusubiu poeiraaqui na feirano fica gente

    queimo a sementeda bananeira.

    Quando os repentistas cantavam parcela(sim, cantavam, porque esta modalidade caiu emdesuso), os versos brotavam numa seqnciaalucinante, cada um querendo confundir mais

    rpida mente o oponente. Esta modalidade pre-galdiniana, no se conhecendo seu autor.

    Verso de cinco slabas

    J a parcela de cinco slabas mais recente, eno h registro de sua presena antes de FirminoTeixeira do Amaral, cunhado de Aderaldo Ferreirade Arajo, o Cego Aderaldo. A parcela de cincoslabas era cantada tambm em ritmo acelerado,exigindo do repentista, grande rapidez de raciocnio.

    Na peleja do Cego Aderaldo com Z Pretinho doTucum, da autoria de Firmino Teixeira do Amaral,encontramos estas estrofes:

    Pretinho:No serto eu pegueium cego malcriado

    danei-lhe o machadocaiu, eu sangrei

    o couro tireiem regra de escala

    espichei numa salapuxei para um becodepois dele seco

    fiz dele uma mala

    Cego:Negro, s monturoMolambo rasgado

    Cachimbo apagadoRecanto de muroNegro sem futuro

    Perna de tio

    Boca de poroBeio de gamelaVenta de moelaMoleque ladro

    Estas modalidades, entretanto, no foram asprimeiras na literatura de cordel. Ao contrrio, ela

    vieram quase um sculo depois das primeirasmanifestaes mais rudimentares que permitiram,inicialmente, as estrofes de quatro versos de seteslabas.

    Estrofes de quatroversos de sete slabas

    O Mergulho quando cantaIncha a veia do pescoo

    Parece um cachorro velhoQuando est roendo osso.

    No tenho medo do homemNem do ronco que ele temUm besouro tambm ronca

    Vou olhar no ningum.

    A evoluo desta modalidade se deu

    A mtricado cordel

    Cordelista Rogrio Fernandes Lemes

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    Cordelista Rogrio Fernandes Lemes

    E ningum faz inventrio

    DesencontradoMeu pai foi homem de bem

    Honesto e trabalhadorNunca negou um favor

    Ao semelhante, tambmNunca falou de ningum

    Era um homem de valor.

    Setilhas

    Uma prova de que as setilhas so umamodalidade relativamente recente est na ausnciaquase completa delas na grande produo deLeandro Gomes de Barros. Sim, porque pela belezartmica que essas estrofes oferecem ao declamador, osgrandes poetas no conseguiram fugir tentao deproduzi-las. Para alguns, as setilhas, estrofes de sete

    versos de sete slabas, foram criadas por Jos Galdinoda Silva Duda, 1866 - 1931. A verdade que o autormais rico nessas composies, talvez por se tratar domaior humorista da literatura, de cordel, foi JosPacheco da Rocha, 1890 - 1954. No poema ACHEGADA DE LAMPIO NO INFERNO, doinventivo poeta pernambucano, encontram estasestrofes:

    Vamos tratar da chegadaquando Lampio bateuum moleque ainda moo

    no porto apareceu.- Quem voc, Cavalheiro -- Moleque, sou cangaceiro -

    Lampio lhe respondeu.- No senhor - Satans, disse

    v dizer que v emboras me chega gente ruimeu ando muito caiporae j estou com vontade

    de mandar mais da metadedos que tem aqui pra fora.

    Moleque no, sou vigiae no sou o seu parceiroe voc aqui no entra

    sem dizer quem primeiro- Moleque, abra o porto

    saiba que sou Lampioassombro do mundo inteiro.

    Excelente para ser cantada nas reuniesfestivas ou nas feiras, esta modalidade , ainda hoje,muito usada pelos cordelistas. Esta modalidade ,tambm, usada em vrios estilos de mouro, que

    pode ser cantado em seis, sete, oito e dez versos desete slabas.Exemplos:

    naturalmente. Vejamos a ltima estrofe de quatroversos acrescida de mais dois, formando a nossa atuale definitiva sextilha:

    Meu av tinha um ditadomeu pai dizia tambm:

    no tenho medo do homemnem do ronco que ele tem

    um besouro tambm roncavou olhar no ningum.

    Sextilhas

    Agora, de posse da tcnica de fazer sextilhas, euma vez consagradas pelos autores, esta modalidadepassou a ser a mais indicada para os longos poemasromanceados, principalmente a do exemplo acima,com o segundo, o quarto e o sexto versos rimandoentre si, deixando rfos o primeiro, terceiro e

    quinto versos. a modalidade mais rica, obrigatriano incio de qualquer combate potico, nas longasnarrativas e nos folhetos de poca. Tambm muitousadas nas stiras polticas e sociais. umamodalidade que apresenta nada menos de cincoestilos: aberto, fechado, solto, corrido edesencontrado. Vamos, pois, aos cinco exemplos:

    AbertoFelicidade, s um sol

    dourando a manh da vida,s como um pingo de orvalhomolhando a flor ressequida

    s a esperana fagueirada mocidade florida.

    FechadoDa inspirao mais pura,

    no mais luminoso dia,porque cordel culturanasceu nossa Academia

    o cu da literatura,a casa da poesia.

    SoltoNo sou rico nem sou pobreno sou velho nem sou moono sou ouro nem sou cobre

    sou feito de carne e ossosou ligeiro como o gato

    corro mais do que o vento.

    CorridoSou poeta repentista

    Foi Deus quem me fez artistaNingum toma o meu fadrio

    O meu valor antigoMorrendo eu levo comigo

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    Cantador AEu sou maior do que Deusmaior do que Deus eu sou

    Cantador BVoc diz que no se engana

    mas agora se enganou

    Cantador AEu no estou enganadoeu sou maior no pecado

    porque Deus nunca pecou.

    Ou com todos os versos rimados, a exemplodas sextilhas explicadas antes:

    Cantador AEste verso no seu

    voc tomou emprestado

    Cantador BNo reclame o verso meuque certo e metrificado

    Cantador AEsse verso de NobertoSe fosse seu estava certocomo no est errado.

    Oito ps de quadro ou Oitavas

    Os oito ps de quadro, ou simplesmenteoitavas, so estrofes de oito versos de sete slabas. Adiferena dessas estrofes de cunho popular para as delinha clssica apenas a disposio das rimas. Vejamcomo o primeiro e o quinto versos desta oitava deCasimiro de Abreu (1837 - 1860) so rfos:

    Como so belos os diasDo despontar da existncia- Respira a alma inocncia

    Como perfumes a flor;

    O mar - lago sereno,O Cu - Um manto azulado,

    O mundo - um sonho dourado,A vida um hino de amor.

    Na estrofe popular aparecem os primeirostrs versos rimados entre si; tambm o quinto, o sextoe o stimo, e finalmente o quarto com o ltimo, nohavendo, portanto um nico verso rfo. Assim:

    Diga Deus OnipotenteSe voc, realmente

    Que autoriza, que consenteNo meu serto tanta dorSe o povo imerso no lodo

    apregoa com denodoque seu corao todo

    De luz, de paz e de amor.

    Dcimas

    As dcimas, dez versos de sete slabas, so,desde sua criao no limiar do nosso sculo, as mais

    usadas pelos poetas de bancada e pelos repentistas.Excelentes para glosar motes, esta modalidade sperde para as sextilhas, especialmente escolhidas paranarrativas de longo flego. Ainda assim, entre muitosexemplos, as dcimas foram escolhidas por LeandroGomes de Barros para compor o longo poema picode cavalaria A BATALHA DE OLIVEIROS COMFERRABRAZ, baseado na obra do imperadorfrancs Carlos Magno:

    Eram doze cavalheiros

    Homens muito valorososDestemidos, corajososEntre todos os GuerreirosComo bem fosse Oliveirosum dos pares de fianaQue sua perseveranaVenceu todos os infiisEram uns lees cruis

    Os doze pares de Frana.

    Martelo Agalopado

    O Martelo agalopado, estrofe dez versos dedez slabas, uma das modalidades mais antigas naliteratura de cordel. Criada pelo professor JaimePedro Martelo (1665 - 1727), as martelianas notinham, como o nosso martelo agalopado,compromisso com o nmero de versos para acomposio das estrofes. Alongava-se com rimaspares, at completar o sentido desejado. Comoexemplo, vejamos estes alexandrinos:

    "Visitando Deus a Ado no Paraso

    achou-o triste por viver no abandono,f-lo dormir logo um pesado sono

    e lhe arrancou uma costela, de improvisoestando fresca ficou Deus indeciso

    e a ps ao Sol para secar um momentomas por causa, talvez dum esquecimento

    chegou um cachorro e a carregou,nessa hora furioso Deus ficou

    com a grande ousadia do animalque lhe furtara o bom material

    feito para a construo da mulher,estou certo, acredite quem quiser

    eu no sou mentiroso nem vilo,nessa hora correu Deus atrs do co

    e no podendo alcanar-lhe e d-lhe cabo

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    cortou-lhe simplesmente o meio raboe enquanto Ado estava na trevas

    Deus pegou o rabo do co e fez a Eva."

    Com tamanha irresponsabi l idade,totalmente inaceitvel na literatura de cordel, o estilomergulhou, desde o desaparecimento do professor

    Jaime Pedro Martelo em 1727, em completo

    esquecimento, at que em 1898, Jos Galdino daSilva Duda dava luz feio definitiva ao nosso atualmartelo agalopado, to querido quanto lindo. PedroBandeira no nos deixa mentir:

    Admiro demais o ser humanoque gerado num ventre femininoenvolvido nas dobras do destinoe calibrado nas leis do Soberano

    quando faltam trs meses para um anoa me pega a sentir uma molezaentre gritos lamrias e esperteza

    nasce o homem e aos poucos vai crescendoe quando aprende a falar j dizendo:quanto grande o poder da Natureza.

    H, tambm, o martelo de seis versos, comosempre, refinado, conforme veremos nesta estrofe:

    Tenho agora um martelo de dez quinasfabricado por mos misteriosasenfeitado de pedras cristalinas

    das mais raras, bastante preciosas,

    foi achado nas guas saturninaspelas musas do cu, filhas ditosas.

    Galope Beira Mar

    Com versos de onze slabas, portanto maislongos do que os de martelo agalopado, so os degalope beira mar, como estes da autoria de JoaquimFilho:

    Falei do sopapo das guas barrentas

    de uma cigana de corpo bem feitoda Lua, bonita brilhando no leitoda escurido das nuvens cinzentas

    do eco do grande furor das tormentasda gua da chuva que vem pra molhar

    do baile das ondas, que lindo bailarda areia branca, da cor de cambraiada bela paisagem na beira da praia

    assim galope na beira do mar.

    Logicamente que h o galope alagoano, feio de martelo agalopado, com dez versos de dez

    slabas cuja diferena nica a obrigatoriedade domote: "Nos dez ps de galope alagoano".

    Meia Quadra

    Outra interessante modalidade a MeiaQuadra ou versos de quinze slabas. No sabemosporque se convencionou chamar de meia quadra,quando poderia, muito bem, se chamar de quadra emeia ou at de quadra dupla. As rimas soemparelhadas e os versos, assim compostos:

    Quando eu disser dado dedo voc diga dedo dadoQuando eu disser gado boi voc diga boi gado

    Quando eu disser lado banda voc diga banda ladoQuando eu disser po massa voc diga massa po

    Quando eu disser no sim voc diga sim noQuando eu disser veia sangue voc diga sangue veiaQuando eu disser meia quadra voc diga quadra e meia

    Quando eu disser quadra e meia voc diga meio quadro.

    A classificao da literatura de cordel h sidoobjeto da preocupao dos chamados iniciados,pesquisadores e estudiosos. As classificaes maisconhecidas so a francesa de Robert Mandrou, aespanhola de Julio Caro Baroja, as brasileiras de

    Ariano Suassuna, Cavalcanti Proena, OrgenesLessa, Roberto Cmara Benjamin e Carlos Alberto

    Azevedo. Mas a classificao autenticamente popularnasceu da boca dos prprios poetas.

    No limiar do presente sculo, quando j

    brilhava intensamente luz de Leandro Gomes deBarros, flua abundante o estro de Silvino Pirau ejorrava preciosa a veia potica de Jos Galdino daSilva Duda. Esses enviados especiais passaram adominar com facilidade a rima escorregadia,amoldando, tambm, no corpo da estrofe o versorebelde. Era o incio de uma literatura tipicamentenordestina e por extenso, brasileira, no havendomais, nos nossos dias, qualquer vestgio da heranapeninsular.

    Atualmente a literatura de cordel escrita emcomposies que vo desde os versos de quatro oucinco slabas ao grande alexandrino. At mes mo osprincpios conservadores defendidos pelos nossosautores ortodoxos referem-se a uma tradiobrasileira e no portuguesa ou espanhola. Os textosdos autores contemporneos, apresentam umcuidado especial com a uniformizao ortogrfica,com o primor das rimas, com a beleza rtmica e com apreciosidade sonora.

    http://www.ablc.com.br/metricas.html

    Cordelista Rogrio Fernandes Lemes

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    grandes cordelistasApolnio Alves dos SantosNatural de Guarabira, PB, transferiu-se para o Rio de Janeiro no ano de1950, onde exerceu a profisso de pedreiro, at viver da sua poesia. Seuprimeiro folheto foi "MARIA CARA DE PAU E O PRNCIPEGREGORIANO", publicado ainda em Guarabira.Faleceu em 1998, em Campina Grande, na Paraba, deixandoaproximadamente 120 folhetos publicados e acreditando ser o folheto

    "EPITCIO E MARINA", o mais importante da sua carreira de poetacordelista.

    Manoel Camilo dos SantosManoel Camilo dos Santos nasceu em Guarabora, Paraba, no dia 9 dejunho de 1905. Foi cantador na dcada de 30. Tendo de cantar em 1940,dedicou-se a escrever e editar folhetos. Iniciou as atividades editoriais emsua cidade natal, indo continu-las em Campina Grande, onde reside. AFolhateria Santos, por ele fundada, cede, anos depois, seu lugar a A"ESTRELA" DA POESIA, que ele mantm mais como um smbolo, sob

    cuja gide vem fazendo publicar os raros folhetos que ainda escreve.

    Cego Aderaldo

    Cantador famoso, voz excelente, veia poltica aprecivel. Era um dosmais inspirados de quantos que existiram nos sertes do Cear."Aderaldo Ferreira Arajo" era seu verdadeiro nome. Nasceu no Crato,viveu em Quixad e morreu em Fortaleza, beirando os 90 anos, em 1967.Tomou parte em cantorias que marcaram pocas. Os versos que escreveuso lidos e conhecido em todo o Brasil.

    Manoel Monteiro

    Manoel Monteiro da Silva ou simplesmente Manoel Monteiro, comoassina seus trabalhos, nasceu em Bezerro, Pernambuco, no dia 4 deFevereiro de 1937. o mais importante cordelista brasileiro ematividade, com uma produo densa e diversificada, abarcando toda area da atividade humana.

    Elias A. de CarvalhoPernambucano de Timbaba, alm de poeta, que com tanto entusiasmocontou e cantou as coisas do seu estado e do Brasil, foi tambm emritosanfoneiro, repentista e versejador, sendo intensa a sua atividade, semprejuzo para a profisso de enfermeiro, na qual era diplomado.Trabalhou no sanatrio Alcides Carneiro, em Corras, na cidade de

    Petrpolis, estado do Rio de Janeiro, ligao que lhe permitiu prepararum importante trabalho intitulado "O ABC do corpo humano", entreos tantos outros que escreveu ao longo de sua vida.

    Mestre AzuloJos Joo dos Santos, Mestre Azulo, natural de Sap, Paraba, ondenasceu aos 8 de janeiro de 1932. Cantador de viola e poeta de bancada,autor de mais de 100 folhetos, vive h vrios anos no Rio de Janeiro eatuou na famosa Feira de So Cristvo, abrindo caminho para outrospoetas nordestinos que l se estabeleceram. um dos poucos cantadores

    vivos que ainda cantam romances, sendo freqentemente convidadopara apresentaes em universidades brasileiras e at do exterior. Temtrabalhos publicados pela Tupynanquim Editora.

    Firmino Teixeira do AmaralFoi o mais brilhante poeta popular do Piau. Nasceu no povoado deAmarrao (Lus Correia-PI) e mudou-se muito jovem para Belm-PA,tornando-se o principal poeta da Editora Guajarina, de Francisco Lopes.Escreveu a famosa Peleja de Cego Aderaldo com Z Pretinho do Tucum,tida por muitos como real, mas, ao que tudo indica, foi fruto de suaimaginao. Nesta obra ele criou um novo gnero na cantoria: o "trava-lngua".

    Patativa do Assar

    Eu, Antnio Gonalves da Silva, fi lho de Pedro Gonalves da Silva, e deMaria Pereira da Silva, nasci aqui a 5 de maro de 1909, no Stiodenominado Serra de Santana, que dista trs lguas da cidade de Assar.Com a idade de doze anos, freqentei uma escola muito atrasada, naqual passei quatro meses, porm sem interromper muito o trabalho deagricultor.

    Gonalo Ferreira da SilvaPoeta, contista, ensaista. Nasceu em Ipu, Cear, no dia 20 de dezembro de1937. Autor fecundo e de produo densa, principalmente no campo deliteratura de cordel, rea que mais cultiva e que mais ama. Poeta intuitivo, detcnica refinada, chega a ser primoroso em algumas estrofes. , porm, aabrangncia dos temas que aborda que o situa entre os principais autoresnacionais, tendo produzido diversos ttulos com a temtica de cincia epoltica. Quando participa de congressos e festivais comum v-lo contandohistrias em versos rimados e de improviso. Hoje vive no Rio de Janeiro e presidente da ABLC.

    Raimundo Santa Helena

    Raimundo Luiz do Nascimento nasceu em Santa Helena, municpio fundadopor seu pai, que morreu em 1927 combatendo o bando de Lampio. Saiu decasa aos 11 anos, disposto a vingar a morte do pai. Em Fortaleza, no Cear,trabalhou como trocador de nibus, garom, baleiro e engraxate. Em 1943ingressou na escola de Aprendizes Marinheiros do Cear. Participou daSegunda Guerra mundial, sendo por duas vezes condecorado pelo presidenteda Repblica.

    Joo Martins de AthaydeNasceu no dia 24 de junho de 1880, em Cachoeira da Cebola, nomunicpio de Ing, Paraba. Trabalhou como mascate e atrado pelafebre da borracha, foi para o Amazonas onde teve 25 filhos com ascaboclas das tabas indgenas. Retornou ao nordeste e transferiu-se paraRecife, onde fez curso de enfermagem.Em 1921, j com bela fortuna amealhada, comprou o famoso projetoeditorial de Leandro Gomes de Barros, tornando-se o maior editor deliteratura de cordel de todos os tempos.

    Z da Luz

    Severino de Andrade Silva, nasceu em Itabaiana, PB, em 29/03/1904 efaleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965. O trabalho de Z da Luz conhecido pela linguagem matuta presente em seus cordis.

    Joo Melchades FerreiraJoo Melchades Ferreira da Silva nasceu em Bananeiras-PB aos 7 desetembro de 1869 e faleceu em Joo Pessoa -PB, no dia 10 de dezembro de1933. Foi sargento do exrcito. Combateu na Guerra de Canudos e na

    questo do Acre. autor do primeiro folheto sobre AntnioConselheiro e de mais de 20 folhetos, dos quais destacamos "ROMANCEDO PAVO MYSTERIOZO", "COMBATE DE JOS COLATINO COMCARRANCA DO PIAU", "ROLDO NO LEO DE OURO", "HISTRIA DO

    VALENTE Z GARCIA" e "A GUERRA DE CANUDOS"..

    Z Maria de FortalezaJos Maria do Nascimento natural de Aracoiaba, Cear. Aos 13 anosveio para Fortaleza, onde iniciou sua carreira como violeiro, tornando-seconhecido pelo seu talento potico e sua maneira de cantar. J

    representou o Cear em diversos festivais realizados em vrios estadosdo Brasil, destacando-se duas viagens que marcaram poca em suacarreira, quando esteve no Rio Grande do Sul, por ocasio do 2Congresso Nacional de Turismo, e quando esteve em Braslia, cantandopara as maiores autoridades do pas.

    Todos os direitos reservados Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC)

    Rua: Leopoldo Fres, 37 - Santa Teresa - Rio de Janeiro, RJTel: (021) 2232-4801

    Jos PachecoH controvrsia sobre o lugar de nascimento de Jos Pacheco. Paraalguns, ele nasceu em Porto Calvo, Alagoas; h quem firme ter sido oautor de "A Chegada de Lampio no Inferno", pernambucano deCorrentes. A verdade que Jos Pacheco, que teria nascido em 1890,faleceu em Macei na dcada de 50, havendo quem informe a data de 27de abril de 1954, como a do seu falecimento. Seu gnero preferidoparece ter sido o gracejo, no qual nos deu verdadeiros clssicos. Escreveutambm folhetos de outros gneros.

    Leandro Gomes de BarrosO paraibano Leandro Gomes de Barros, pioneiro na publicao defolhetos rimados, autor de uma obra vastssima e da mais alta

    qualidade, o que lhe confere, sem exageros, o ttulo de poeta maior daLiteratura de Cordel. Nascido em Pombal-PB, em 19 de novembro de1865, faleceu no Recife-PE, em 04 de maro de 1918, deixando umlegado cerca de mil folhetos escritos, embora centro cultural algumregistre tal faanha.

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    Cordelista Rogrio Fernandes Lemes