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Curso Método Vestibulares Apostila de Apostila de Apostila de Apostila de Redação Redação Redação Redação Dicas para escrever melhor ORGANIZADOR: JOSÉ NERES

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Curso Método Vestibulares

Apostila de Apostila de Apostila de Apostila de

RedaçãoRedaçãoRedaçãoRedação

Dicas para escrever melhor

ORGANIZADOR: JOSÉ NERES

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 2

INÍCIO DE CONVERSA

Vamos começar de um modo diferente. Vamos iniciar nosso trabalho lendo algumas da

famosas Pérolas dos Vestibulares, que são facilmente encontradas em várias páginas da

Internet. Vamos torcer para que durante o ano vocês não consigam escrever nada parecido. A

situação é triste, mesmo assim, divirta-se!

Algumas perólas da redação do vestibular 2003 da Unicamp - Universidade de Campinas. Tema: A mudança é indubitável, mas progresso é uma questão controversa. Por isso todas falam de evolução, mudança, progresso... "A mudança sempre ocorreu e sempre vai ocorrer. Ela ocorre para os seres vivos, mortos, para o concreto, para o abstrato (idéias)." "Desde o seu surgimento o homem galopou pela escala orgânica, tendo seu cérebro como montaria, pois anda a frente das demais espécies, dominando-as a seu favor." "As mudanças ocorrem devagarosamente." "Dificilmente vamos encontrar mudanças ou progressos que são positivamente bons para ambas as partes." "Pode-se notar que o homem só conseguiu ir para diferentes lugares do mundo a partir dos primatas, que desenvolveram a roda, tendo como conseqüência a possibilidade de conhecer culturas variadas." "Desde a priori aos tempos remotos..." "Antigamente ao bater uma carroça na outra dificilmente alguém morria, hoje após a evolução, milhares morrem em acidentes de carro." "O homem progrediu as custas de outros, como Frankstein, que deu vida a uma criatura,

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adquiriu a evolução mas não teve bom êxito com o monstro criado. Já que este monstro não tinha noção da sua força e deformação." "Pode até ser por acidente. Tropeçamos no progresso, caimos na mudança e levantamos na evolução." "Tudo vem dos seres vivos, até os seres não-vivos." "E o Homo Sapiens continua seu progresso: desmatando, poluindo e usando desinfetantes, só para dar cheirinho no seu banheiro." "Eu, particularmente, desenvolvi uma cabacidade de raciocínio e argumentação incríveis." "Como diz o ditado: é duro agradar a pobres e troianos." "Todos os seres evoluem, cada um com a sua evolução, pois somos todos individualistas." "O homem tem a capacidade infinita de evoluir, mas não sabe utilizá-la de forma segura e promíscua." "Os próprios seres humanos somos mudanças ambulantes." "A falta de consideração para com a natureza ocorre devido a falta de maturidade da cabeça e dos pensamentos humanos." "Somos a própria imagem da evolução refletida no espelho do progresso." "O mundo está reagindo as reações que o homem está fazendo." "Sonhamos com um mundo melhor, visto que o dinossauro cedeu lugar ao cachorro, gato..." "Os aminoácidos foram os primeiros habitantes da terra..." "Fazendo uma comparação das proezas do coelho que se reproduz em grande quantidade, os humanos já venceram com maior número populacional." "Segundo a terceira lei de Newton, na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." "A cultura mudou, os costumes mudaram, até os dentes dos nossos bisavós eram diferentes, temos dentes a menos." "Após cinco anos de sua introdução à sociedade, havia concluído dois cursos superiores e penetrado na vida política." "O macaco é descendente do homem." "FMI, gente que nunca veio aqui e nem sabe o que é sofrer..."

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"O filósofo Nich do início do século já observava que a evolução gerérica teria que ser de forma moderada..." "Porém o mundo anda em progresso as grandes maioridades das veze "Os maias, por exemplo, pouco se sabe sobre essa civilização, muitos acreditam que eles chegaram a tal ponto evolutivo que transcenderam. Ou mesmo as civilizações dos cristais que ocuparam o planeta há muito tempoatrás e que obtinham todos os seus po "Ainda não se sabe alcerto qual foi..." "Estamos no apse do mundo digital." "Tivemos uma longa conversa de cinco minutos..." "Hoje sou antropófago..." "Anafaquistão, um país que derrubou as torres e que tem como deus um tal de Bil

VAMOS AGORA FALAR DE ALGO MAIS SÉRIO

sem, no entanto, precisar decorar “receitas” ou fórmulas prontas.

Antes de passarmos para as aulas práticas, é bom sempr

quanto escrever é saber ler os textos alheios, pois é através da leitura que iremos descortinar o

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

"O filósofo Nich do início do século já observava que a evolução gerérica teria que ser de

"Porém o mundo anda em progresso as grandes maioridades das vezes."

"Os maias, por exemplo, pouco se sabe sobre essa civilização, muitos acreditam que eles chegaram a tal ponto evolutivo que transcenderam. Ou mesmo as civilizações dos cristais que ocuparam o planeta há muito tempo atrás e que obtinham todos os seus poderes dos cristais."

"Ainda não se sabe alcerto qual foi..."

"Estamos no apse do mundo digital."

"Tivemos uma longa conversa de cinco minutos..."

"Anafaquistão, um país que derrubou as torres e que tem como deus um tal de Bil

VAMOS AGORA FALAR DE ALGO MAIS SÉRIO

É quase chegada a hora do vestibular e, novamente, a agrura da

decisão de toda uma vida escolar através de apenas um grupo de

provas começa a atormentar a vida dos estudantes. Isso é normal.

Novamente vamos ouvir falar que redação é um monstro de sete

cabeças, que escrever é muito difícil, que saber elaborar um bom

texto é um dom divino, etc.etc. etc...

Nossa idéia é tirar todas essas “lendas” sobre redação de

sua cabeça. É possível sim ser um bom redator s

agraciado com os presentes dos deuses. No decorrer deste ano,

iramos estudar os modos de como escrever um texto eficiente,

sem, no entanto, precisar decorar “receitas” ou fórmulas prontas.

Antes de passarmos para as aulas práticas, é bom sempre lembrar que tão importante

quanto escrever é saber ler os textos alheios, pois é através da leitura que iremos descortinar o

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"O filósofo Nich do início do século já observava que a evolução gerérica teria que ser de

s."

"Os maias, por exemplo, pouco se sabe sobre essa civilização, muitos acreditam que eles chegaram a tal ponto evolutivo que transcenderam. Ou mesmo as civilizações dos cristais que

"Anafaquistão, um país que derrubou as torres e que tem como deus um tal de Bilack..."

VAMOS AGORA FALAR DE ALGO MAIS SÉRIO

e, novamente, a agrura da

decisão de toda uma vida escolar através de apenas um grupo de

provas começa a atormentar a vida dos estudantes. Isso é normal.

ouvir falar que redação é um monstro de sete

cabeças, que escrever é muito difícil, que saber elaborar um bom

Nossa idéia é tirar todas essas “lendas” sobre redação de

sua cabeça. É possível sim ser um bom redator sem ter sido

agraciado com os presentes dos deuses. No decorrer deste ano,

iramos estudar os modos de como escrever um texto eficiente,

e lembrar que tão importante

quanto escrever é saber ler os textos alheios, pois é através da leitura que iremos descortinar o

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universo das idéias dos outros. Como há uma grande carência de gênios no mundo atual, é

sempre bom que nos apoiemos naquilo que o

cultural, sem, contudo, fazer de nossos textos meras imitações do que já lemos em outras

páginas. Nosso cronograma de trabalho é repleto de texto dos mais variados autores, dos mais

variados estilos, tudo isso p

significativos pensadores de nossa língua.

SOBRE O ATO DE ESCREVER

José Neres

escrever equivale a um terrível castigo. A folha em

dimensão de um monstro implacável e invencível. No pensamento, as

idéias até que fluem normalmente, organizam

menos harmônicos e se alinham sem maiores problemas. Mas na hora

de passá

início. O que parecia mentalmente organizado desmorona e, como num passe de mágica, tudo

se torna sem nexo. Os pensamentos tropeçam nas palavras escritas e as mãos teimam em não

obedecer às ordens do cérebro. A

costuma, grande parte das vezes, desestimular a quem não está acostumado com as artimanhas

da mais vã das lutas, conforme disse Drummond: “Lutar com palavras é a luta mais vã, no

entanto lutamos com elas mal rompe a manhã”. Deve

mineiro, aceitar o combate.

Com o tempo, se a pessoa não se entregar ao desânimo e ao imperativo da desistência,

perceberá que é normal perder o fio do raciocínio durante a elabo

os que conseguem ir da introdução à conclusão sem que a linha do pensamento sofra qualquer

interferência interna ou externa.

Ver a escrita como um terrível desafio é a forma mais simplista de propagar a antiga

idéia de que escrever é um dom recebido apenas pelos “iluminados”. Restando, então, aos

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

universo das idéias dos outros. Como há uma grande carência de gênios no mundo atual, é

sempre bom que nos apoiemos naquilo que os mais experientes nos deixaram como herança

cultural, sem, contudo, fazer de nossos textos meras imitações do que já lemos em outras

páginas. Nosso cronograma de trabalho é repleto de texto dos mais variados autores, dos mais

variados estilos, tudo isso para que você possa entrar em contato com alguns dos mais

significativos pensadores de nossa língua.

SOBRE O ATO DE ESCREVER

Para a maioria das pessoas oficialmente alfabetizadas, o ato de

escrever equivale a um terrível castigo. A folha em

dimensão de um monstro implacável e invencível. No pensamento, as

idéias até que fluem normalmente, organizam

menos harmônicos e se alinham sem maiores problemas. Mas na hora

de passá-las para o papel...

É na hora de pôr as idéia no papel que o verdadeiro drama tem

início. O que parecia mentalmente organizado desmorona e, como num passe de mágica, tudo

se torna sem nexo. Os pensamentos tropeçam nas palavras escritas e as mãos teimam em não

obedecer às ordens do cérebro. A angústia de não conseguir traduzir as idéias em sinais escritos

costuma, grande parte das vezes, desestimular a quem não está acostumado com as artimanhas

da mais vã das lutas, conforme disse Drummond: “Lutar com palavras é a luta mais vã, no

mos com elas mal rompe a manhã”. Deve-se, então, como receita o grande poeta

mineiro, aceitar o combate.

Com o tempo, se a pessoa não se entregar ao desânimo e ao imperativo da desistência,

perceberá que é normal perder o fio do raciocínio durante a elaboração de um texto. Poucos são

os que conseguem ir da introdução à conclusão sem que a linha do pensamento sofra qualquer

interferência interna ou externa.

Ver a escrita como um terrível desafio é a forma mais simplista de propagar a antiga

crever é um dom recebido apenas pelos “iluminados”. Restando, então, aos

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universo das idéias dos outros. Como há uma grande carência de gênios no mundo atual, é

s mais experientes nos deixaram como herança

cultural, sem, contudo, fazer de nossos textos meras imitações do que já lemos em outras

páginas. Nosso cronograma de trabalho é repleto de texto dos mais variados autores, dos mais

ara que você possa entrar em contato com alguns dos mais

Para a maioria das pessoas oficialmente alfabetizadas, o ato de

escrever equivale a um terrível castigo. A folha em branco toma a

dimensão de um monstro implacável e invencível. No pensamento, as

idéias até que fluem normalmente, organizam-se em blocos mais ou

menos harmônicos e se alinham sem maiores problemas. Mas na hora

as idéia no papel que o verdadeiro drama tem

início. O que parecia mentalmente organizado desmorona e, como num passe de mágica, tudo

se torna sem nexo. Os pensamentos tropeçam nas palavras escritas e as mãos teimam em não

angústia de não conseguir traduzir as idéias em sinais escritos

costuma, grande parte das vezes, desestimular a quem não está acostumado com as artimanhas

da mais vã das lutas, conforme disse Drummond: “Lutar com palavras é a luta mais vã, no

se, então, como receita o grande poeta

Com o tempo, se a pessoa não se entregar ao desânimo e ao imperativo da desistência,

ração de um texto. Poucos são

os que conseguem ir da introdução à conclusão sem que a linha do pensamento sofra qualquer

Ver a escrita como um terrível desafio é a forma mais simplista de propagar a antiga

crever é um dom recebido apenas pelos “iluminados”. Restando, então, aos

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outros pobres mortais apenas a tarefa de ler o que os “gênios” escreveram. Ora, se escrever

fosse unicamente um dom, de nada adiantaria estudar, para nada serviriam os anos e mais anos

que passamos diante de livros, na ingente busca de um aprimoramento intelectual.

Mais do que uma questão de dádiva divina, escrever é uma constante tarefa de prática e

de aperfeiçoamento. De nada adianta ficar lendo manuais de “como escrever bem”, se a pessoa

não estabelece para si um programa de treinamento que busque melhorar a expressão escrita.

Além disso, não se pode esquecer também de que a leitura tem uma importância vital para

quem almeja dominar as palavras no papel. Sem ler, ninguém consegue ter idéias e argumentos

para desenvolver. A leitura (em todos os níveis) é uma espécie de mãe da escrita, uma vez que

é a partir dela que o homem armazena conhecimento para fundamentar as próprias teses ou

mesmo para compreender as motivações alheias.

Escrever é um desafio? Claro que sim. Mas a velha expressão “eu não sei escrever

deveria ser substituída por outra bem mais coerente: “eu não estou acostumado a escrever”.

Afinal, não se pode gostar daquilo que não se conhece direito. Para sair vitoriosa desse desafio,

cada pessoa deve tomar consciência de que a prática constante e sistematizada é o caminho

mais curto para perder o medo de enfrentar uma folha em branco. 1

PERGUNTAS E RESPOSTASPERGUNTAS E RESPOSTASPERGUNTAS E RESPOSTASPERGUNTAS E RESPOSTAS

Temos a seguir, algumas das perguntas mais freqüentes por parte daqueles que desejam

ingressar em um curso superior e que temem os desafios impostos pela famigerada redação.

Claro que nem todas as dúvidas estão elencadas no questionário abaixo, então você terá o

direito (e até mesmo o dever) de também expor seus questionamentos.

01. É VERDADE QUE É MAIS FÁCIL FAZER DISSERTAÇÃO QUE NARRAÇÃO OU

DESCRIÇÃO?

RESPOSTA: Não existe essa história de dizer que um tipo de texto é mais fácil que outro.

O que pode acontecer é alguém estar mais treinado em uma forma ou outra de escrever. Na

1 NERES, José. Estratégia para matar um leitor em formação. São Luís: Carajás, 2005. pág. 71-73

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verdade, nada é fácil. Tudo (tudo mesmo) depende do esforço de cada indivíduo na tentativa de

tira o melhor de si em cada situação.

02. PARA FAZER UMA DISSERTAÇÃO É PRECISO ESTAR BEM INFORMADO?

RESPOSTA: Sem dúvida alguma! Estar informado é um dos requisitos básicos para quem

pretende dissertar, pois, para que se desenvolva coerentemente um raciocínio, é preciso que se

esteja seguro daquilo que está sendo defendido. Ler jornais e revistas, assistir aos noticiários e

analisar criticamente a realidade devem ser tarefas do cotidiano, uma vez que servirão de

alicerce para outras informações que surgirão com o tempo.

03. TODA DISSERTAÇÃO DEVE APRESENTAR OBRIGATORIAMENTE TRÊS

PARÁGRAFOS?

RESPOSTA: Obrigatoriamente três parágrafos?!? Isso não existe. O que ocorre é que

sempre foi sugerido aos vestibulandos o número MÍNIMO de três blocos para que as idéias

ficassem organizadas em introdução, desenvolvimento e conclusão. O que não significa, em

hipótese nenhuma que um texto não possa ser trabalhado em um número maior de parágrafos.

O candidato jamais deve ficar preso às pseudo-regras de escrita. Deve, sim, é lutar para

conseguir coordenar seus pensamentos de um modo prático, lógico e coerente.

04. EU POSSO ME INCLUIR EM MEUS TEXTOS?

RESPOSTA: Aí está um assunto bastante melindroso! Antigamente, pedia-se que todo

texto dissertativo mantivesse seu tom de impessoalidade, isto é, que o redator não deixasse que

o leitor identificasse a “voz” do autor nas possíveis críticas constantes do texto. Mais

recentemente, já se encontra defensores do uso de verbos na primeira pessoa do plural, o que

deixa entrever um certo grau de subjetividade. O que todos desaconselham veementemente é o

uso do pronome Eu em dissertações, por deixar o texto com uma aparência pouco crítica,

principalmente quando aparece seguido do verbo achar, que , por sinal, deve ser abolido de seu

vocabulário.

05. QUAL É O TIPO DE VOCABULÁRIO MAIS ADEQUADO PARA UMA DISSERTAÇÃO?

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RESPOSTA: Já demos uma pequena dica sobre isso no tópico anterior, mas nunca é

demais complementar uma idéias com mais alguns detalhes. Algumas pessoas acreditam que o

sucesso de uma redação está no uso de palavras difíceis e de termos pomposos. Mera ilusão!

Quem vai ler um texto escrito para concurso não está interessado em saber se o vocabulário é

rico, mas sim se as palavras foram empregadas adequadamente e se conseguem traduzir com

lógica o pensamento do candidato sobre o assunto. Portanto, é sempre bom fugir da tentação de

mostrar erudição. O melhor mesmo é usar palavras simples, sem cair, porém no simplismo e na

vulgaridade.

06. EM TEMAS POLÊMICOS, DEVO DEFENDER UMA IDÉIA OU FICAR EM CIMA DO

MURO?

RESPOSTA: Os chamados temas polêmicos (aborto, pena de morte, incesto, eutanásia...)

geralmente pedem um posicionamento crítico por parte do redator. O fato de tomar ou não um

partido fica aquém do fato de saber argumentar sobre o ponto de vista adotado. O candidato

pode pender para ou lado ou para o outro, mas sempre deve ter em mente que, ao defender suas

idéias, deve ser coerente do começo ao final do texto, evitar contradições e jamais escrever

movido apenas pela emoção e pelo chamado “achismo”, ou seja, pelo que “acha” que deve ser.

Quanto ao “ficar sobre o muro”, há temas que devem ser analisados sob os dois aspectos, o

positivo e o negativo e outros que pedem uma tomada de posição, então, antes de escrever, é

importante prestar atenção no tipo de tema a ser trabalhado.

07. QUANTAS LINHAS DEVE TER UM TEXTO DISSERTATIVO?

RESPOSTA: A rigor, não há um número determinado de linhas, o que há é a

recomendação quanto ao número mínimo (geralmente 20) de linhas. É sempre bom ler com

atenção o Manual do Vestibulando, pois cada universidade tem seus próprios critérios sobre

esse assunto.

08. POSSO FAZER CITAÇÕES EM MEUS TEXTOS

RESPOSTA: Não só pode como deve! Contudo as citações devem estar contextualizadas,

ou seja, não se deve citar apenas para alcançar um determinado número de linhas. Ao recorrer a

trechos de outrem, é sempre bom fazer algumas reflexões, como por exemplo: a relevância do

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autor citado para o assunto; a adequação do trecho ao tema; a capacidade do redator em

desenvolver a idéia constante na citação. É importante também que se diga o autor da citação e

que se faça alguns comentários a respeito do fragmento utilizado.

09. POSSO FAZER MEU TEXTO EM FORMA DE POESIA?

RESPOSTA: Nem pensar!!! As universidades querem analisar o seu grau de coerência e de

atualização sobre determinado assunto. Não interessa para ela o fato de você ter ou não alguma

veleidade literária. Geralmente, os próprios manuais já trazem a informação de que o texto deve

ser escrito em PROSA.

10. O QUE ACONTECE SE EU FUGIR AO TEMA PROPOSTO?

RESPOSTA: Infelizmente você estará eliminado. Este é, por sinal, um dos poucos casos

em que a redação é automaticamente anulada, pois se o autor não conseguiu captar a essência

do que lhe foi pedido, não conseguirá elaborar um texto lógico sobre o assunto. Alguns

candidatos, quando percebem que já estão fora do tema, costumam concluir seus texto da

seguinte forma: “De acordo com tudo o que foi visto acima, podemos concluir que...”, o que

não engana os professores mais experientes.

11. QUANTOS ARGUMENTOS DEVO USAR EM MINHA DISSERTAÇÃO?

RESPOSTA: Não há um limite numérico para o número de argumentos utilizados em uma

dissertação, contudo é sempre bom ter em vista o fato de que temos um espaço limitado

(limitadíssimo, na verdade) para o desenvolvimento das idéias. Por isso, não aconselhamos um

acúmulo de argumentos. É melhor trabalhar coerentemente alguns poucos argumentos, que

tocar apenas superficialmente em uma grande quantidade de idéias fragmentadas.

12. PODE HAVER DISSERTAÇÃO NÃO CRÍTICA?

RESPOSTA: Há a chamada dissertação expositiva, aquela em que, como o próprio nome já

indica, temos apenas a exposição de fatos, sem que se precise defender uma idéia em si. Porém

tal tipo de texto geralmente é pobre e não chega a alcançar os verdadeiros objetivos de uma

dissertação, que é discutir um assunto de forma clara, coesa, coerente e lógica.

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13. QUE FAZER PARA NÃO FUGIR AO TEMA?

RESPOSTA: Fugir ao tema pode ser uma demonstração de insegurança ou de excesso de

confiança. No primeiro caso, o candidato acredita que nada sabe e que está perdido diante de

um tema aparentemente desconhecido, por isso começa a “atirar” em todas as direções, sem

analisar conscientemente os fatos que está expondo em seu texto. No outro caso, temos um

candidato que acredita que já sabe tudo e que o tema proposto “é moleza”. Ele começa a

escrever compulsivamente, confiante no fato de que, pelo menos à primeira vista, domina o

assunto. Quando chega ao meio do texto, percebe que as idéias estão escasseando e o texto

“não anda” mais. A solução é recorrer a argumentações desligadas do contexto. Para que não se

fuja ao tema, é de primordial importância a elaboração de um plano de trabalho, ou seja, de um

esquema em que o redator fique sabendo desde o princípio quais serão as idéias que aparecerão

em todas as partes do texto.

14. O QUE NUNCA DEVO FAZER EM UM TEXTO DISSERTATIVO?

RESPOSTA: É melhor perguntar sobre o que deve ser EVITADO em um texto

dissertativo. Em primeiro lugar, devemos evitar um vocabulário muito erudito e cheio de

palavras difíceis, bem como também um palavreado chulo e cheio de frases de duplo sentido.

As gírias e os termos técnicos também devem ser banidos (a menos que o tema exija

comentários sobre tal vocabulário). É sempre importante também ser racional, evitando

defender um tema movido por fortes emoções. Temas como política e religião sempre trazem

um forte impacto ideológico, o que pode trazer sérias conseqüências para a coerência e para a

informatividade do texto.

15. POSSO USAR LETRA DE FORMA NA MINHA REDAÇÃO?

RESPOSTA: Embora o Manual do Vestibulando na fale a esse respeito, o normal e

escrever a redação em letra cursiva, principalmente porque, às vezes, a chamada letra de forma

não deixa que o leitor distinga as maiúsculas das minúsculas.

16. LETRA FEIA REPROVA O CANDIDATO?

RESPOSTA: Não. De forma algumas. O que pode reprovar é a letra ilegível, ou seja aquela

que não se deixa ser lida. Uma letra feia, porém legível, tem o mesmo valor que uma letra

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 11

bonita. No entanto, uma letra muito bonita e cheia de curvas pode dificultar a leitura do texto.

Portanto, o importante é não inovar no tipo de letra a ser usada na redação.

17. QUANTAS LINHAS DEVE TER A MINHA REDAÇÃO?

RESPOSTA: Não se aconselha que o texto seja muito longo, ou muito curto.

Normalmente, o modelo ENEM pede um mínimo de 07 (sete!!!!) linhas. Mas não se deve

limitar ao mínimo, pois o ato de contar quantas linhas faltam para que cheguemos ao mínimo

especificado costuma levar o candidato a uma tensão desnecessária. O candidato não deve,

porém, ficar muito entusiasmado com a aparente facilidade do tema e escrever mais do que o

espaço reservado na folha oficial de redação. O ideal é uma redação que se aproxime das 25

linhas ou um pouquinho mais

18. O QUE ACONTECE SE EU FUGIR AO TEMA PROPOSTO?

RESPOSTA: Infelizmente, quando alguém foge ao tema proposto está automaticamente

eliminado, pois sua redação não poderá receber uma nota por um texto que, na prática, não foi

escrito.

19. QUAIS SÃO OS TIPOS DE TEXTOS EXIGIDOS PARA O VESTIBULAR.

RESPOSTA: Atualmente, seguindo o modelo ENEM, a única tipologia exigida é a

dissertativa, porém há universidades e faculdades que também pedem outros tipos, como

narração, carta...

20. O QUE É MAIS FÁCIL, FAZER UMA NARRAÇÃO OU UM DISSERTAÇÃO?

RESPOSTA: Isso depende muito do estilo de cada candidato. Como já foi dito antes,

alguns se sentem bem mais à vontade escrevendo um texto narrativo; outros, por sua vez,

preferem redigir textos dissertativos. O importante é que você esteja preparado para elaborar

qualquer tipo de texto.

21. O QUE É TEXTO EM PROSA?

RESPOSTA: Texto em prosa é justamente aquele que você está acostumado a redigir na

escola e no dia-a-dia, ou seja, aquele escrito seguindo o alinhamento das margens e levando a

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 12

as palavras até o limite das linhas. O que não se deve fazer em vestibular é o texto em verso,

isto é, aquele em forma de poema.

22. EXISTE ALGUMA PALAVRA QUE EU NÃO DEVO USAR EM MINHA REDAÇÃO?

RESPOSTA: O texto narrativo é mais livre, porém, caso você escolha o tema dissertativo, evite

usar palavras que expressem pobreza vocabular, como COISA, NEGÓCIO, ETC, E OUTRAS

COISAS MAIS... Evite também a primeira pessoa do singular (EU) e idéias muito subjetivas,

como, por exemplo, PARA MIM, NO MEU PONTO DE VISTA, EU ACHO, ACHAMOS... e

outras que tenham valor semelhante. A menos que o tema peça, não use também gírias e

palavras de baixo calão. Lembre-se. O vocabulário usado deve ser simples, porém elegante

23. DEVO USAR UM TÍTULO EM MINHA REDAÇÃO?

RESPOSTA: Atualmente, algumas universidades já exigem que o candidato crie um título para

seus textos, portanto não se esqueça de pôr um em sua redação. O título deve ter relação direta

com o tema e com o próprio texto escrito, pois é a partir dele que o leitor irá fazer sua idéia

inicial sobre o conteúdo da redação. Um bom título é muito importante para que a leitura seja

agradável.

24. NO CASO DE ESCREVER UMA NARRAÇÃO, POSSO ME BASEAR EM UM FATO

VERÍDICO?

RESPOSTA: Pode sim. Agora, mais importante que o fato de ser ou não baseado em um caso

real é a sua criatividade ao narrar a história. Nada de contar um caso desinteressante. Você deve

valorizar cada detalhe do texto, sem cair na narrativa repetitiva e enfadonha. O leitor deve ficar

preso a seu texto da primeira até a última linha, para só então ter certeza do desfecho.

25. POSSO CITAR ALGUÉM EM MINHA DISSERTAÇÃO?

RESPOSTA Se for pertinente, pode e deve. Mas só cite pessoas que tenham um certo

respaldo para servir de confirmação às suas informações. Nada de citar pessoas apenas por

citar. Tão importante quanto usar uma citação de alguém é ter certeza de que a citação está

correta e saber se ela se encaixa no tema abordado.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 13

26. QUAL É O NÚMERO MÍNIMO DE PARÁGRAFOS DE DEVA HAVER EM UM TEXTO

DISSERTATIVO?

RESPOSTA: Por uma questão de lógica, o texto dissertativo deve ter no mínimo TRÊS

parágrafos, uma vez que três também são as partes de uma dissertação: introdução,

desenvolvimento e conclusão. Por outro lado, é também bom observar que o uso de um número

exagerado de parágrafos pode ser prejudicial ao texto, por alongá-lo além do número de linhas

reservado para a confecção do texto.

27. COMO EVITAR A REPETIÇÃO DE PALAVRAS?

RESPOSTA: Na maioria dos casos, a repetição de palavras se dá por duas razões: distração e

pobreza vocabular. O primeiro tem uma fácil solução. Basta, ao acabar de redigir, reler o texto

e detectar os pontos problemáticos, substituindo as palavras repetidas por termos equivalentes.

O outro problema é mais sério, pois não depende de um momento de redação para vestibular,

mas sim de uma série de fatores, como falta de leitura e vícios de linguagem. Este último não

tem solução a curto tempo.

28. O QUE É MAIS IMPORTANTE, OS ASPECTOS GRAMATICAIS OU AS IDÉIAS

CONTIDAS NO TEXTO?

RESPOSTA: Durante muito tempo, corrigir redação significava apenas encontrar as falhas

gramaticais de quem redigiu o texto. Hoje os critérios são outros. Dá-se um grande valor às

idéias contidas no texto, à coesão e à coerência gramatical. Contudo, sem uma apresentação

decente (do ponto de vista estético e gramatical) qualquer texto, por mais coerente que seja e

por mais coeso que esteja, deverá, inevitavelmente perder alguns pontos. Logo é importante

não deixar de lado os aspectos gramaticais, principalmente ortografia, pontuação e acentuação

gráfica.

29. POSSO USAR CORRETIVO LÍQUIDO EM MINHA REDAÇÃO.

RESPOSTA: De jeito nenhum. Evite ao máximo borra e/ou rasurar sua prova. Marcas de

corretivo líquido ou rasuras de borracha nunca são bem vistas pela banca de correção das

provas.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 14

PARECE PIADA, MAS NÃO É...

O texto abaixo passa, à primeira vista, a impressão de que foi elaborado apenas para

servir de exemplo para uma apostila de redação. Mas, infelizmente, a história é bem diferente.

Ele foi escrito por um aluno pré-universitário que recebeu como tema a seguinte frase:

“Futebol: Ópio para enganar a fome de justiça social”. O texto foi transcrito tal e qual estava no

original.

COPA DO MUNDO

Em tempos atuais de nossa atualidade. A Copa do mundo, um dos grandes esportes nacionais, ou seja, internacionais de todos os tempos, nações e culturas neolatinas. Um esporte que, isto é, arrecadam muito dinheiro. Em benefícios esportistas (um jogador de futebol ganha mais que um presidente da República). A Inglaterra, quer dizer, inventou o futebol que era chamado entre os padres ingleses. No século XIX ‘soccer’ depois chamado ‘gol’. Um tipo de esporte que se desenvolveu na Inglaterra, mas expandiu-se: no Brasil. O Brasil em 1950. Na final da copa do mundo (Brasil X Uruguai) o Brasil foi derrotado 1x0; no final do 2º tempo. O Brasil foi tetra campeão mundial, em 1958l, 1960, 1970 e 1994. Tendo um dos maiores campeões mundiais “João Lobo Zagalo” tendo o currículo 4 vezes “campeão mundial”. A grande conseqüência ‘a fome’ que prejudica vários setores da nossa população subdesenvolvidos, nas áreas urbanas e rurais de todos os estados brasileiros. A nossa justiça, ou seja, tendo o custo de vida com um dos maiores índices de ‘analfabetismo’. Sem contar um governo descentralizado. Pelé “O Rei do futebol” marcando um total de 1.297 gols. Sendo 1.200 gols nos campeonatos regionais: paulista e brasileiro. E fora do país no time chamado Cosmo nos Estados Unidos... Um dos maiores artilheiros do Brasil com 97 gols, vem depois o 2° artilheiro do Brasil Zico chamado “Galinho de Ouro” com 67 gols e depois vem Romário com 58 gols.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 15

Edson Arantes do Nascimento. “O Atleta do Século”. 2

Como fazer uma boa redação

Dominar a arte da escrita é um trabalho que exige prática e dedicação. No entanto,

conhecer seu lado teórico é muito importante. Aqui você encontra um resumo desta teoria.

Aplique-a em seu trabalho, mas não se esqueça: você precisará fazer a sua parte, isto é,

escrever.

SIMPLICIDADE

Use palavras conhecidas e adequadas. Escreva com simplicidade. Para que se tenha bom

domínio, prefira frases curtas. Amarre as frases, organizando as idéias. Cuidado para não

mudar de assunto de repente. Conduza o leitor de maneira leve pela linha de argumentação.

CLAREZA

O segredo está em não deixar nada subentendido, nem imaginar que o leitor sabe o que

você quer dizer. Evidencie todo o conteúdo da sua escrita. Lembre-se: você está comunicando a

sua opinião, falando de suas idéias, narrando um fato. O mais importante é fazer-se entender.

OBJETIVIDADE

Você tem que expressar o máximo de conteúdo com o menor número de palavras

possíveis. Por isso não repita idéias, não use palavras demais ou outras coisas que só para

aumentem as linhas. Concentre-se no que é realmente necessário para o texto. A pesquisa

prévia ajuda a selecionar melhor o que se deve usar.

UNIDADE

2 Esta redação não é inventada, ela foi escrita realmente por um aluno que sonhava com uma vaga na Universidade.

Page 16: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

Não esqueça, o texto deve ter unidade, por mais longo que seja. Você deve traçar uma

linha coerente do começo ao final do texto. Não pode perder de vista essa trajetória. Por isso,

muita atenção no que escreve para não se perder e fugir do assunto. Eliminar o desnecessário é

um dos caminhos para não se perder. Para não errar, use a seguinte ordem: introdução,

argumentação e conclusão da idéia.

COERÊNCIA

A coerência entre todas as p

necessário que elas formem um todo. Para isso, é necessário estabelecer uma ordem para as

idéias se completem e formem o corpo da narrativa. Explique, mostre as causas e as

conseqüências.

EXEMPLOS

Obedecer uma ordem cronológica é um maneira de se acertar sempre, apesar de não ser

criativa. Nesta linha, parta do geral para o particular, do objetivo para o subjetivo, do concreto

para o abstrato. Use figuras de linguagem para que o texto fique in

também enriquecem a redação.

ÊNFASE

Procure chamar a atenção para o assunto com palavras fortes, cheias de significado,

principalmente no início da narrativa. Use o mesmo recurso para destacar trechos importantes.

Uma boa conclusão é essencial para mostrar a importância do assunto escolhido. Remeter o

leitor à idéia inicial é uma boa maneira de fechar o texto.

LEIA E RELEIA (Escrever não é coisa do outro mundo)

Lembre

Mesmo com todos os cuidados, pode ser que você não consiga se expressar

de forma clara e concisa. A pressa pode atrapalhar. Com calma, verifique se

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

Não esqueça, o texto deve ter unidade, por mais longo que seja. Você deve traçar uma

linha coerente do começo ao final do texto. Não pode perder de vista essa trajetória. Por isso,

muita atenção no que escreve para não se perder e fugir do assunto. Eliminar o desnecessário é

um dos caminhos para não se perder. Para não errar, use a seguinte ordem: introdução,

argumentação e conclusão da idéia.

A coerência entre todas as partes de seu texto, é fator primordial para se escrever bem. É

necessário que elas formem um todo. Para isso, é necessário estabelecer uma ordem para as

idéias se completem e formem o corpo da narrativa. Explique, mostre as causas e as

Obedecer uma ordem cronológica é um maneira de se acertar sempre, apesar de não ser

criativa. Nesta linha, parta do geral para o particular, do objetivo para o subjetivo, do concreto

para o abstrato. Use figuras de linguagem para que o texto fique interessante. As metáforas

também enriquecem a redação.

Procure chamar a atenção para o assunto com palavras fortes, cheias de significado,

principalmente no início da narrativa. Use o mesmo recurso para destacar trechos importantes.

são é essencial para mostrar a importância do assunto escolhido. Remeter o

leitor à idéia inicial é uma boa maneira de fechar o texto.

LEIA E RELEIA (Escrever não é coisa do outro mundo)

Lembre-se, é fundamental pensar, planejar, escrever e reler seu te

Mesmo com todos os cuidados, pode ser que você não consiga se expressar

de forma clara e concisa. A pressa pode atrapalhar. Com calma, verifique se

16

Não esqueça, o texto deve ter unidade, por mais longo que seja. Você deve traçar uma

linha coerente do começo ao final do texto. Não pode perder de vista essa trajetória. Por isso,

muita atenção no que escreve para não se perder e fugir do assunto. Eliminar o desnecessário é

um dos caminhos para não se perder. Para não errar, use a seguinte ordem: introdução,

artes de seu texto, é fator primordial para se escrever bem. É

necessário que elas formem um todo. Para isso, é necessário estabelecer uma ordem para as

idéias se completem e formem o corpo da narrativa. Explique, mostre as causas e as

Obedecer uma ordem cronológica é um maneira de se acertar sempre, apesar de não ser

criativa. Nesta linha, parta do geral para o particular, do objetivo para o subjetivo, do concreto

teressante. As metáforas

Procure chamar a atenção para o assunto com palavras fortes, cheias de significado,

principalmente no início da narrativa. Use o mesmo recurso para destacar trechos importantes.

são é essencial para mostrar a importância do assunto escolhido. Remeter o

leitor à idéia inicial é uma boa maneira de fechar o texto.

LEIA E RELEIA (Escrever não é coisa do outro mundo)

se, é fundamental pensar, planejar, escrever e reler seu texto.

Mesmo com todos os cuidados, pode ser que você não consiga se expressar

de forma clara e concisa. A pressa pode atrapalhar. Com calma, verifique se

Page 17: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 17

os períodos não ficaram longos, obscuros. Veja se você não repetiu palavras e idéias. À medida

que você relê o texto, essas falhas aparecem, inclusive, erros de ortografia e acentuação. Não se

apegue ao escrito. Refaça se for preciso. Não tenha preguiça, passe tudo a limpo quantas vezes

forem necessárias. No computador, esta tarefa se torna mais fácil. Faça sempre uma cópia do

texto original. Assim você se sentirá à vontade para corrigir quanto quiser, pois sabe que

sempre poderá voltar atrás.

(http://www.planetaeducacao.com.br/estudante/atividades/redacao.asp)

UMA DIFÍCIL ESCOLHA

Normalmente, as universidades oferecem mais de uma tipologia textual como sugestão

para a prova de redação. Cabe ao candidato optar por uma ou por outra. Como as opções mais

comuns são narração e dissertação, deixamos algumas dicas para você. Lembre-se de que,

atualmente, no Maranhão, as Universidades estão pedindo apenas textos dissertativos, mas, fora

de nosso Estado, outros tipos de textos continuam sendo exigidos.

Se Você Escolher o Tema Dissertativo

� Defenda suas idéias de forma coerente, sem usar as expressões para mim, eu acho, no meu

ponto de vista...

� Evite escrever movido por emoções fortes. Temas polêmicos sobre política e religião

costumam levar o redator a envolver-se de forma emocional. Cuidado.

� Antes de começar a escrever, leia com atenção o tema proposto e certifique-se de que seus

conhecimentos sobre o assunto serão suficientes para o desenvolvimento do texto.

� Faça uma introdução que dê uma idéia geral do tema, mas sem esgotá-lo completamente. A

introdução deve servir como “aperitivo” para o restante do texto.

� Desenvolva sua redação de modo lógico e claro, evitando o uso de palavras desconhecidas

e de termos exóticos.

Page 18: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 18

� Conclua seu texto de forma clara, sem apelar para o sentimentalismo excessivo.

� Faça uma revisão gramatical antes de entregar o texto ao fiscal.

Se Você Escolher o Tema Narrativo

� Apresente personagens, tempo, espaço e ação de modo a despertar no leitor o gosto por sua

história.

� Se possível, use diálogos. Eles tornam mais leve a narrativa.

� Crie personagens interessantes, que fujam ao padrão de expectativa do leitor.

� Mesmo sem pedir uma linguagem padrão, o texto narrativo não despreza a forma

gramatical, portanto, cuidado com ortografia, pontuação, acentuação...

� As personagens podem ter uma linguagem próxima à oral, mas somente se for algo

fundamental para o desenrolar do enredo. Nada de tentar inovar

Qualquer que Seja a sua Escolha

� Faça sempre um rascunho antes de passar o texto para a forma definitiva.

� Evite borrões

� Não use borracha e/ou corretivo líquido

� Use um vocabulário rico, mas sem ostentação

� Saia do convencional sem tentar ser inovador em demasia

� Preocupe-se com a estética do texto.

� Assine a folha somente no local indicado

� Não amasse nem rasure a folha de redação e...

� Boa Sorte

LEMBRE-SE: Escrever bem não é sinônimo de usar palavras difíceis.

Page 19: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 19

A ESTÉTICA DO TEXTO

As questões estéticas sempre são polêmicas. Para alguns professores, o que importa de

verdade é o conteúdo do texto; outros, porém, são partidários de que o candidato também não

pode descuidar da parte gráfica da redação. De um modo ou de outro, é sempre bom ter em

mente que um presente apenas razoável pode ser valorizado por uma embalagem bem

chamativa e que, da mesma forma, um produto valioso pode ser menosprezado por não

apresentar um invólucro agradável à vista. Não se trata, claro, de afirmar que o continente seja

mais importante que o conteúdo, mas de deixar bem claro que um pode ajudar o outro.

Mesmo que não queiramos admitir, nosso primeiro contato é com os aspectos exteriores

de algo. A beleza sempre atrai e a essência de alguma coisa ou de alguém é mais facilmente

buscado quando o contato inicial foi satisfatório. Desse modo, é muito mais agradável ler um

texto bem escrito e que tenha sido escrita com uma letra bonita, com margens regulares, sem

borrões e/ou rasuras que enfrentar alguns garranchos escritos de qualquer maneira. Uma forma

ou outra não alterarão o que está escrito. Pode até ser que o texto que não seja tão agradável à

vista traga mais informação que o outro bem arrumadinho, mas, como nos diz o velho e sábio

adágio popular, “a primeira impressão é a que fica”.

Temos, a seguir, algumas dicas e observações para que seu texto tenha uma aparência

mais agradável e para que as pessoas fiquem cativadas pelos aspectos exteriores de seus

escritos. Não se pode esquecer, no entanto, de que de nada servirá um extremo capricho nos

aspectos gráficos, se o conteúdo não estiver suficientemente elaborado para “prender” o leitor.

O mais importante é o equilíbrio entre o visual e as idéias defendidas.

Page 20: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 20

O FANTASMA DA REDAÇÃO *

José Neres

Todos os anos, mal se aproxima a data do vestibular, um

antigo fantasma chamado Prova de Redação volta a freqüentar o

sono daqueles que aspiram a uma vaga em um curso superior. Fica

então uma dúvida: se tal visita tão incômoda já é esperada, por que

não fazer algo para tornar o horrendo fantasma apenas mais uma prova de um dia de concurso?

Em primeiro lugar, é a falta de hábito de escrever e de questionar a realidade o principal

fator de manutenção da idéia de que redigir é uma tarefa desagradável, complexa, cansativa e

traumatizante. Algumas pessoas chegam inclusive a acreditar na falsa idéia de que somente os

iluminados por forças superiores são capazes de produzir bons textos. A falta de prática e uma

certa dose de preguiça mental (no que diz respeito ao questionamento crítico dos assuntos do

cotidiano) levam o vestibulando a interpretar o seu medo de escrever como algo muito natural.

E, sendo tal medo algo normal e comum à maioria, pouco resta a fazer. É mais fácil acomodar-

se às evidências sobrenadantes das dificuldades de redigir, que enfrentar o desconhecido

mundo da escrita.

O excesso de teoria sobre as chamadas técnicas de redação é outro item que desmotiva o

vestibulando. Se alguém resolver preocupar-se com todas as regrinhas ensinadas para a

confecção do texto ideal, fatalmente desistirá de escrever em um curto intervalo de tempo. São

tantas as questiúnculas, que seguir uma implica desrespeitar a várias outras. Detalhes

insignificantes são incutidos na mente do aluno como se fossem verdades incontestes. Desse

modo, argumentos, idéias e criatividade acabam sendo trucidados em nome de uma forma

estética considerada padrão. Para alguns, infelizmente, a aparência do texto escrito tem muito

mais valor que seu possível conteúdo.

A falta de leitura também contribui para que o ato de escrever seja visto como quase

tortura para muitos e privilégio para bem poucos. Há no mercado uma ampla bibliografia

comprovando que o mal maior do vestibulando não é o uso inadequado das normas

* Texto publicado inicialmente no jornal O Imparcial, no dia 11 de junho de 2001. Parte do livro Estratégias para matar um leitor em formação, São Luís, Carajás, 2005.

Page 21: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

gramaticais, mas sim a má conca

problemas de leitura e de interpretação de textos. Há também o estudante viciado em ler apenas

resumos de obras, nunca lendo os livros indicados pelas universidades. Sem leitura crítica e

sem um trabalho consistente com as idéias acerca do que foi lido fica muito mais difícil

defender os próprios pensamentos através da exposição escrita.

Enquanto o estudante estiver mais preocupado com a quantidade de linhas que com as

idéias defendidas, estiver pre

redigir, a redação continuará sendo um eterno fantasma a atormentar sua vida.

A apresentação visual da redação

iniciar a redação.

1.4. Fazer parágrafos distando mais ou menos três centímetros da margem e mantê

alinhados.

1.5. Não ultrapassar as margens (direita e esquerda) e também não deixar de atingi

1.6. Evitar rasuras e borrões. Caso o aluno erre, ele deverá anular o erro com um traço

apenas. .

1.7. Apresentar letra legível, tanto de fôrma quanto cursiva.

1.8. Distinguir bem as maiúsculas das minúsculas.

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

gramaticais, mas sim a má concatenação das idéias, o que pode, em parte, ser creditado a

problemas de leitura e de interpretação de textos. Há também o estudante viciado em ler apenas

resumos de obras, nunca lendo os livros indicados pelas universidades. Sem leitura crítica e

balho consistente com as idéias acerca do que foi lido fica muito mais difícil

defender os próprios pensamentos através da exposição escrita.

Enquanto o estudante estiver mais preocupado com a quantidade de linhas que com as

idéias defendidas, estiver preterindo o texto original em prol de resumos e estiver com medo de

redigir, a redação continuará sendo um eterno fantasma a atormentar sua vida.

A apresentação visual da redação

1.1 .O aluno deve preencher corretamente todos os itens

do cabeçalho com letra legível.

1.2.Centralizar o título na primeira linha, sem aspas e

sem grifo. O título pode apresentar interrogação desde que o

texto responda à pergunta.

1.3. Pular uma linha entre o titulo e o texto, para então

. Fazer parágrafos distando mais ou menos três centímetros da margem e mantê

. Não ultrapassar as margens (direita e esquerda) e também não deixar de atingi

. Evitar rasuras e borrões. Caso o aluno erre, ele deverá anular o erro com um traço

. Apresentar letra legível, tanto de fôrma quanto cursiva.

. Distinguir bem as maiúsculas das minúsculas.

21

tenação das idéias, o que pode, em parte, ser creditado a

problemas de leitura e de interpretação de textos. Há também o estudante viciado em ler apenas

resumos de obras, nunca lendo os livros indicados pelas universidades. Sem leitura crítica e

balho consistente com as idéias acerca do que foi lido fica muito mais difícil

Enquanto o estudante estiver mais preocupado com a quantidade de linhas que com as

terindo o texto original em prol de resumos e estiver com medo de

redigir, a redação continuará sendo um eterno fantasma a atormentar sua vida.

.O aluno deve preencher corretamente todos os itens

.Centralizar o título na primeira linha, sem aspas e

sem grifo. O título pode apresentar interrogação desde que o

a linha entre o titulo e o texto, para então

. Fazer parágrafos distando mais ou menos três centímetros da margem e mantê-los

. Não ultrapassar as margens (direita e esquerda) e também não deixar de atingi-las.

. Evitar rasuras e borrões. Caso o aluno erre, ele deverá anular o erro com um traço

Page 22: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

1.9. Evitar exceder o número de linhas pautadas ou pedidas como limites máximos e

mínimos. Ficar aproximadamente entre cinco linhas aquém ou além dos limites.

1.10. Escrever apenas com caneta preta ou azul. O rascunho ou o esboço das idéias podem

ser feitos a lápis e rasurados. O texto não será corrigido em caso de utilização de lápis ou

caneta vermelha, verde etc. na redação definitiva.

OBSERVAÇÕES:

Números

A) Idade - deve-se escrever por extenso até o nº 10. Do nº 11 em diante devem

algarismos;

B) Datas, horas e distâncias sempre em algarismos: 10h30min, 12h, 10m, 16m30cm, 10km

(m, h, km, I, g, kg).

Palavras Estrangeiras

As que estiverem incorporadas aos hábitos lingüísticos devem vir sem aspas: marketing,

merchandising, software, dark, punk, status, offlce

(FONTE:www.portrasdasletras.com.br)

Conselhos para melhorar a sua redação

Prof. Hélio Consolaro

Diante dos exames vestibulares, oferecemos alguns procedimentos para que o estudante

faça um bom texto na prova de redação.

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

xceder o número de linhas pautadas ou pedidas como limites máximos e

mínimos. Ficar aproximadamente entre cinco linhas aquém ou além dos limites.

. Escrever apenas com caneta preta ou azul. O rascunho ou o esboço das idéias podem

pis e rasurados. O texto não será corrigido em caso de utilização de lápis ou

caneta vermelha, verde etc. na redação definitiva.

se escrever por extenso até o nº 10. Do nº 11 em diante devem

Datas, horas e distâncias sempre em algarismos: 10h30min, 12h, 10m, 16m30cm, 10km

Palavras Estrangeiras

As que estiverem incorporadas aos hábitos lingüísticos devem vir sem aspas: marketing,

ndising, software, dark, punk, status, offlce-boy, hippie, show etc.

(FONTE:www.portrasdasletras.com.br)

Conselhos para melhorar a sua redação

Diante dos exames vestibulares, oferecemos alguns procedimentos para que o estudante

faça um bom texto na prova de redação.

22

xceder o número de linhas pautadas ou pedidas como limites máximos e

mínimos. Ficar aproximadamente entre cinco linhas aquém ou além dos limites.

. Escrever apenas com caneta preta ou azul. O rascunho ou o esboço das idéias podem

pis e rasurados. O texto não será corrigido em caso de utilização de lápis ou

se escrever por extenso até o nº 10. Do nº 11 em diante devem-se usar

Datas, horas e distâncias sempre em algarismos: 10h30min, 12h, 10m, 16m30cm, 10km

As que estiverem incorporadas aos hábitos lingüísticos devem vir sem aspas: marketing,

boy, hippie, show etc.

Diante dos exames vestibulares, oferecemos alguns procedimentos para que o estudante

Page 23: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 23

1. Pense no que você quer dizer e diga da forma mais simples. Procure ser direto na

construção das sentenças.

2. Corte palavras sempre que possível. Use a voz ativa, evite a passiva.

3. Evite termos estrangeiros e jargões.

4. Evite o uso excessivo de advérbios.

5. Seja cauteloso ao utilizar as conjunções "como", "entretanto", "no entanto" e "porém".

Quase sempre são dispensáveis.

6. Tente fazer com que os diálogos escritos (em caso de narração) pareçam uma conversa.

Uso do gerúndio empobrece o texto. Exemplo: Entendendo dessa maneira, o problema vai-

se pondo numa perspectiva melhor, ficando mais claro...

7. Adjetivos que não informam são dispensáveis. Por exemplo: luxuosa mansão. Toda

mansão é luxuosa.

8. Evite o uso excessivo do "que". Essa armadilha produz períodos longos. Prefira frases

curtas. Exemplo: O fato de que o homem que seja inteligente tenha que entender os erros dos

outros e perdoá-los não parece que seja certo.

9. Evite clichês (lugares comuns) e frases feitas. Exemplos: “subir os degraus da glória”,

"fazer das tripas coração", "encerrar com chave de ouro", “silêncio mortal", "calorosos

aplausos", "mais alta estima".

10. Verbo "fazer", no sentido de tempo, não é usado no plural. É errado escrever: "Fazem

alguns anos que não leio um livro". O certo é “Faz alguns livros que não leio um livro”.

11. Cuidado com redundâncias. É errado escrever, por exemplo: "Há cinco anos atrás".

Corte o "há" ou dispense o "atrás". O certo é “Há cinco anos...”

Page 24: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

12. Só com a leitura intensiva se aprende a usar vírgulas corretamente. As regras sobre o

assunto são insuficientes.

13. Leia os bons autores e faça como eles: trate a vírgula com bons modos.

14. Nas citações, use aspas , coloque a vírgula e um verbo seguido do nome de quem disse

ou escreveu aquilo. Exemplo: “O que é escrito sem esforço é geralmente lido sem prazer.”,

disse Samuel Johnson.

15. Leia muito, leia sempre, leia o que lhe pareça agradável.

Escreva diários, cartas, e

se aprende a escrever

Vamos começar nossos trabalhos com algumas informações sobre o que podemos ou

não fazer em nossas dissertações:

CASOS

Usar letra de forma

Incluir-se nos textos

Fugir ao tema proposto

Usar gírias

Exemplificar os argumentos

Escrever movido por emoções fortes

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

. Só com a leitura intensiva se aprende a usar vírgulas corretamente. As regras sobre o

. Leia os bons autores e faça como eles: trate a vírgula com bons modos.

se aspas , coloque a vírgula e um verbo seguido do nome de quem disse

ou escreveu aquilo. Exemplo: “O que é escrito sem esforço é geralmente lido sem prazer.”,

. Leia muito, leia sempre, leia o que lhe pareça agradável.

Escreva diários, cartas, e-mails, crônicas, poesias, redações, qualquer texto. Só escrevendo,

Vamos começar nossos trabalhos com algumas informações sobre o que podemos ou

não fazer em nossas dissertações:

CASOS SIM NÃO

Exemplificar os argumentos

Escrever movido por emoções fortes

24

. Só com a leitura intensiva se aprende a usar vírgulas corretamente. As regras sobre o

. Leia os bons autores e faça como eles: trate a vírgula com bons modos.

se aspas , coloque a vírgula e um verbo seguido do nome de quem disse

ou escreveu aquilo. Exemplo: “O que é escrito sem esforço é geralmente lido sem prazer.”,

mails, crônicas, poesias, redações, qualquer texto. Só escrevendo,

Vamos começar nossos trabalhos com algumas informações sobre o que podemos ou

NÃO ÀS

VEZES

Page 25: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 25

Rasurar a folha de redação

Usar um borrão

Usar corretivo líquido

Usar uma citação nos textos

Usar dados estatísticos

Usar palavras incomuns

Levar o tema para o campo pessoal

Pôr título no texto

Pedir outra folha de redação

Entregar a redação a lápis

Contradizer-me

Usar informações dos textos dados para leitura

Usar dados que eu conheça, mas que não estejam nos

textos

Identificar-me

Defender cegamente ideologias políticas e/ou religiosas

1 – A LETRA – Sua letra não precisa se bonita, mas deve, obrigatoriamente, ser

legível. De nada adianta um traçado cheio de volteios e de curvas, se isso pode inclusive

atrapalhar o processo da continuidade da leitura. Observe os seguintes detalhes:

- Sobre a letra i devemos pôr um pingo, jamais uma bolinha ou outro sinal qualquer;

- A cedilha deve ficar ligada à letra c, para evitar que seja confundida com outro sinal

diacrítico qualquer;

- Não devemos encher as letras de detalhes, eles podem dificultar a leitura;

- Tomemos um cuidado especial com m e n, algumas pessoas costumam escrevê-los de

“cabeça para baixo”.

2 – AS MARGENS E OS RECUOS – Algumas pessoas descuidam das margens do

texto. Na verdade, são elas que dão uma aparência de equilíbrio. Mas devemos chegar à

neurose de ficar contando cada espaço de margens, com medo de que alguma parte fique

milímetros para fora ou para dentro dos outros. Outro cuidado importante é com relação aos

Page 26: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

recuos de parágrafos, que devem ser, na medida do possível, regulares, mas que não têm uma

regra definitiva. O medo de errar leva muitas pessoas a incorrerem no erro do “ponto inicial”,

isto é, marcar o início de cada parágrafo com um ponto. Evite isso, por mais que você esteja

nervoso ou nervosa, é impossível não saber a distância lógica entre a linha e o início do

parágrafo.

3 – BORRÕES E RASURAS

folha aquela indelével marca de borracha ou de corretivo. Pior ainda é riscar a palavra com

bastante força. No caso de um erro ortográfico ou do uso de uma palavra inadequada o melhor

a fazer é agir discretamente e elimina a falha de um modo que só deixe o leito

problema durante a leitura e nunca antes dela. Há diversos modos de fazer isso: riscando a(s)

palavra(s) com um ou dois traços bem finos, pôr a(s) palavra(s) entre parênteses e risca

levemente, tentar corrigir o(s) vocábulo(s) com pequenos

deixar o erro sem uma correção. Quem for ler a redação ficará mais feliz ao saber que ele foi

remendado que ao saber que as incorreções ficaram in natura.

4 – A CANETA – Por incrível que pareça, até mesmo o tipo de cane

vida. No dia da prova, leve pelo menos duas canetas da mesma marca e da mesma cor, paras

prevenir o possível caso de alguma falhar.

5 – A FOLHA DE REDAÇÃO

de redação. Normalmente, ela é única, intransferível e insubstituível, ou seja, você não terá

direito a outra em caso de rasura ou de qualquer outra avaria. Há sempre um local especi

para pôr seu nome e não se pode desenhar ou identificar a folha.

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

recuos de parágrafos, que devem ser, na medida do possível, regulares, mas que não têm uma

regra definitiva. O medo de errar leva muitas pessoas a incorrerem no erro do “ponto inicial”,

io de cada parágrafo com um ponto. Evite isso, por mais que você esteja

nervoso ou nervosa, é impossível não saber a distância lógica entre a linha e o início do

BORRÕES E RASURAS – Nada pior que tentar apagar uma palavra e deixar na

aquela indelével marca de borracha ou de corretivo. Pior ainda é riscar a palavra com

bastante força. No caso de um erro ortográfico ou do uso de uma palavra inadequada o melhor

a fazer é agir discretamente e elimina a falha de um modo que só deixe o leito

problema durante a leitura e nunca antes dela. Há diversos modos de fazer isso: riscando a(s)

palavra(s) com um ou dois traços bem finos, pôr a(s) palavra(s) entre parênteses e risca

levemente, tentar corrigir o(s) vocábulo(s) com pequenos retoques. O mais importante é não

deixar o erro sem uma correção. Quem for ler a redação ficará mais feliz ao saber que ele foi

remendado que ao saber que as incorreções ficaram in natura.

Por incrível que pareça, até mesmo o tipo de cane

em sua aprova será importante. Quanto mais simples, melhor.

As mais sofisticadas costumam trazer problemas na hora da

prova. No caso do vestibular as melhores canetas são sempre

as mais simples. Não adianta levar aquela caneta importad

ou aquela folheada a ouro. O mais importante é levar uma que

escreva e que não falhe na hora mais importante da nossa

vida. No dia da prova, leve pelo menos duas canetas da mesma marca e da mesma cor, paras

prevenir o possível caso de alguma falhar.

A FOLHA DE REDAÇÃO – Cada instituição de ensino tem seu modelo de folha

de redação. Normalmente, ela é única, intransferível e insubstituível, ou seja, você não terá

direito a outra em caso de rasura ou de qualquer outra avaria. Há sempre um local especi

para pôr seu nome e não se pode desenhar ou identificar a folha.

26

recuos de parágrafos, que devem ser, na medida do possível, regulares, mas que não têm uma

regra definitiva. O medo de errar leva muitas pessoas a incorrerem no erro do “ponto inicial”,

io de cada parágrafo com um ponto. Evite isso, por mais que você esteja

nervoso ou nervosa, é impossível não saber a distância lógica entre a linha e o início do

Nada pior que tentar apagar uma palavra e deixar na

aquela indelével marca de borracha ou de corretivo. Pior ainda é riscar a palavra com

bastante força. No caso de um erro ortográfico ou do uso de uma palavra inadequada o melhor

a fazer é agir discretamente e elimina a falha de um modo que só deixe o leitor descobrir o

problema durante a leitura e nunca antes dela. Há diversos modos de fazer isso: riscando a(s)

palavra(s) com um ou dois traços bem finos, pôr a(s) palavra(s) entre parênteses e risca-la

retoques. O mais importante é não

deixar o erro sem uma correção. Quem for ler a redação ficará mais feliz ao saber que ele foi

Por incrível que pareça, até mesmo o tipo de caneta que você irá usar

em sua aprova será importante. Quanto mais simples, melhor.

As mais sofisticadas costumam trazer problemas na hora da

prova. No caso do vestibular as melhores canetas são sempre

as mais simples. Não adianta levar aquela caneta importada,

ou aquela folheada a ouro. O mais importante é levar uma que

escreva e que não falhe na hora mais importante da nossa

vida. No dia da prova, leve pelo menos duas canetas da mesma marca e da mesma cor, paras

Cada instituição de ensino tem seu modelo de folha

de redação. Normalmente, ela é única, intransferível e insubstituível, ou seja, você não terá

direito a outra em caso de rasura ou de qualquer outra avaria. Há sempre um local especificado

Page 27: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 27

6 – O TÍTULO – Isso também varia de instituição para instituição. Algumas exigem

que o candidato crie um título, outras proíbem terminantemente que isso seja feito. Para evitar

maiores problemas, é sempre bom recorrer a uma leitura do Manual do Vestibulando. No caso

de obrigatoriedade do título, é facultativo o uso de uma linha em branco entre este e o texto.

Algumas pessoas, por razões estéticas preferem o espaço em branco. Importante também é não

alongar muito o título, para não cansar o leitor, bem como evitar usar as primeiras palavras do

texto como título.

7 – A LIMPEZA – Parece óbvio, mas algumas palavras devem ser ditas com relação à

limpeza da folha de resposta das questões objetivas e da redação. Além de evitar os já

comentados borrões, é necessário também cuidar da limpeza das mãos e evitar que o suor

manche o papel. Em casos assim, um lenço pode ser de grande utilidade para o candidato que

não queira arriscar tudo em um pequeno detalhe técnico.

DA INTERNET: 30 dicas para escrever bem:

1. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.

2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal

prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.

3. Anule aliterações altamente abusivas.

4. não esqueça as maiúsculas no inicio das frases.

5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.

6. O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.

8. Evite o emprego de gíria. Ninguém merece isso, mesmo que pareça maneiro, valeu?

9. Nunca use palavras de baixo calão, porra! Elas podem transformar o seu texto numa merda.

10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.

11. Evite repetir a mesma palavra pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição

da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra

repetida.

Page 28: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 28

12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: “Quem cita os outros não tem

idéias próprias”.

13. Frases incompletas podem causar

14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta

mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma idéia várias

vezes.

15. Seja mais ou menos específico.

16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!

17. A voz passiva deve ser evitada.

18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém mais

sabe utilizar o ponto de interrogação

19. Quem precisa de perguntas retóricas?

20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.

21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.

22. Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei!”

23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

24. Não abuse das exclamações! Nunca! O seu texto fica horrível!

25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão da idéia nelas

contida e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo

acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de

forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da

leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.

27. Seja incisivo e coerente, ou não.

28. Não fique escrevendo no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar

causando ambigüidade - e esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda

estão acontecendo.

29. Outra barbaridade que tu deves evitar é usar muitas expressões que acabem por denunciar a

região onde tu moras, carajo!

30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá agüentar, já que é

insuportável o mesmo final escutar o tempo todo sem parar.

Page 29: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

NOÇÕES DE

escritor entra em ação e o papel se torna uma das formas mais eficientes para exteriorizar o que

se imagina. Outras vezes, no entanto, o texto descritivo é pautado no real. Em casos assim, a

responsabilidade do escritor é redobrada, pois o leitor irá querer “ver” nas palavras o que

estaria na imagem descrita.

Temos a seguir a descrição de uma das cenas mais divulgadas há alguns anos. Temos a

reprodução de uma fotografia nacionalmente conhecida e

Roberto Pompeu de Toledo, um dos mais renomados articulistas da Revista Veja. Compare.

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

NOÇÕES DE DESCRIÇÃO

NOÇÃO BÁSICA: Descrever é “pintar” com palavras uma

imagem qualquer, que pode ser uma cena, uma roupa, uma pessoa,

um quadro...

Não existe uma técnica perfeita para descrever. O mais

importante é passar para o leitor a sensação de que está vendo no

texto aquilo que o escritor imaginou ou viu. Nem toda descrição

parte da realidade observada. Em alguns casos, a imaginação do

escritor entra em ação e o papel se torna uma das formas mais eficientes para exteriorizar o que

se imagina. Outras vezes, no entanto, o texto descritivo é pautado no real. Em casos assim, a

ponsabilidade do escritor é redobrada, pois o leitor irá querer “ver” nas palavras o que

estaria na imagem descrita.

Temos a seguir a descrição de uma das cenas mais divulgadas há alguns anos. Temos a

reprodução de uma fotografia nacionalmente conhecida e o que sobre ela escreveu o escritor

Roberto Pompeu de Toledo, um dos mais renomados articulistas da Revista Veja. Compare.

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NOÇÃO BÁSICA: Descrever é “pintar” com palavras uma

qualquer, que pode ser uma cena, uma roupa, uma pessoa,

Não existe uma técnica perfeita para descrever. O mais

importante é passar para o leitor a sensação de que está vendo no

texto aquilo que o escritor imaginou ou viu. Nem toda descrição

arte da realidade observada. Em alguns casos, a imaginação do

escritor entra em ação e o papel se torna uma das formas mais eficientes para exteriorizar o que

se imagina. Outras vezes, no entanto, o texto descritivo é pautado no real. Em casos assim, a

ponsabilidade do escritor é redobrada, pois o leitor irá querer “ver” nas palavras o que

Temos a seguir a descrição de uma das cenas mais divulgadas há alguns anos. Temos a

o que sobre ela escreveu o escritor

Roberto Pompeu de Toledo, um dos mais renomados articulistas da Revista Veja. Compare.

Page 30: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

máquina de aparar grama em sua casa de subúrbio. Como pôde escaparvergonha? Como vai se explicar em casa? De que forma encaixar em sua figura sisuda aquele dedo médio insolentemente ereto, como a vingar, com a fúria estupradora da potência, a pretensão à reciprocidade de um país que, entre outras atrações, e não a menor, presenteia os estrangeiros com as delícias do turismo sexual? (Roberto Pompeu de Toledo, Revista Vde janeiro de 2004)

Como se pode ver, o texto do jornalista traz as mesmas informações que uma pessoa

teria se não conhecesse a foto. Algumas informações que não aparecem na imagem servem

para dar maior brilho ao texto. Desse modo, é importante te

material para descrever, é essencial que se tenha também um certo estilo que “prenda” o leitor e

o faça “visualizar” o mesmo que o escritor viu ou imaginou. Mas também não se pode deixar

de lado que todo texto é obrigatoria

aquilo que nos interessa, como pode ser facilmente notado no texto acima transcrito.

Alguns escritores prezam bastante pela descrição, outros fazem dela apenas um

complemento para a narração ou para a

fragmento de um conhecido romance. Observe como o escritor trabalhou os elementos

descritivos.

Num banco de pau tosco, que existia do lado de fora, junto à parede e perto da venda, um homem, de calçacouro cru, esperava, havia já uma boa hora, para falar com o vendeiro.

Era um português de seus trinta e cinco a quarenta anos, alto, espadaúdo, barbas ásperas, cabelos pretos e maltratados caindodebaixo de um chapéu de feltro ordinário: pescoço de touro e cara de

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

Repare-se bem no rosto do comandante Dale Robbin Hersh, estampado nas fotos dos jornais e nos noticiários da TV, na semana passada. Hersh é o americano detido no aeroporto de Guarulhos, depois de fazer um gesto obsceno enquanto posava para a foto a que os americanos são agora obrigados ao desembarcar. No alto do crânio ele exibe uma calva que convida irresistivelmente ao adjetivo de rigor – "luzidia". Nas laterais o cabelo é bem aparado. Os olhos são pequenos, protegidos por óculos de aro fino. E, para vingar-se da falta de pêlos mais acima, cultiva um bigode, no qual os fios brancos já travam acirrada disputa com os negros pela maioria. No todo, esse homem de 53 anos exibe um ar sério. Mais do que sério, circunspeto. Como é que foi soltar aquele dedo bobo? Supõeem Mr. Hersh um americano de manual, tpai e bom vizinho, exímio piloto também no comando da

máquina de aparar grama em sua casa de subúrbio. Como pôde escaparvergonha? Como vai se explicar em casa? De que forma encaixar em sua figura sisuda aquele

insolentemente ereto, como a vingar, com a fúria estupradora da potência, a pretensão à reciprocidade de um país que, entre outras atrações, e não a menor, presenteia os estrangeiros com as delícias do turismo sexual? (Roberto Pompeu de Toledo, Revista V

Como se pode ver, o texto do jornalista traz as mesmas informações que uma pessoa

teria se não conhecesse a foto. Algumas informações que não aparecem na imagem servem

para dar maior brilho ao texto. Desse modo, é importante ter em mente que não basta ter o

material para descrever, é essencial que se tenha também um certo estilo que “prenda” o leitor e

o faça “visualizar” o mesmo que o escritor viu ou imaginou. Mas também não se pode deixar

de lado que todo texto é obrigatoriamente carregado de ideologias e que sempre se descreve

aquilo que nos interessa, como pode ser facilmente notado no texto acima transcrito.

Alguns escritores prezam bastante pela descrição, outros fazem dela apenas um

complemento para a narração ou para a dissertação. Você terá a seguir um outro texto, que é

fragmento de um conhecido romance. Observe como o escritor trabalhou os elementos

Num banco de pau tosco, que existia do lado de fora, junto à parede e perto da venda, um homem, de calça e camisa de zuarte, chinelos de couro cru, esperava, havia já uma boa hora, para falar com o vendeiro.

Era um português de seus trinta e cinco a quarenta anos, alto, espadaúdo, barbas ásperas, cabelos pretos e maltratados caindo

baixo de um chapéu de feltro ordinário: pescoço de touro e cara de

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se bem no rosto do comandante Dale Robbin Hersh, estampado nas fotos dos jornais e nos noticiários da TV,

Hersh é o americano detido no aeroporto de Guarulhos, depois de fazer um gesto obsceno enquanto posava para a foto a que os americanos são agora obrigados ao desembarcar. No alto do crânio ele exibe uma calva que convida

"luzidia". Nas laterais o cabelo é bem aparado. Os olhos são pequenos, protegidos por

se da falta de pêlos mais bigode, no qual os fios brancos já travam

acirrada disputa com os negros pela maioria. No todo, esse homem de 53 anos exibe um ar sério. Mais do que sério, circunspeto. Como é que foi soltar aquele dedo bobo? Supõe-se em Mr. Hersh um americano de manual, temente a Deus, bom pai e bom vizinho, exímio piloto também no comando da

máquina de aparar grama em sua casa de subúrbio. Como pôde escapar-lhe o gesto sem-vergonha? Como vai se explicar em casa? De que forma encaixar em sua figura sisuda aquele

insolentemente ereto, como a vingar, com a fúria estupradora da potência, a pretensão à reciprocidade de um país que, entre outras atrações, e não a menor, presenteia os estrangeiros com as delícias do turismo sexual? (Roberto Pompeu de Toledo, Revista Veja, 21

Como se pode ver, o texto do jornalista traz as mesmas informações que uma pessoa

teria se não conhecesse a foto. Algumas informações que não aparecem na imagem servem

r em mente que não basta ter o

material para descrever, é essencial que se tenha também um certo estilo que “prenda” o leitor e

o faça “visualizar” o mesmo que o escritor viu ou imaginou. Mas também não se pode deixar

mente carregado de ideologias e que sempre se descreve

aquilo que nos interessa, como pode ser facilmente notado no texto acima transcrito.

Alguns escritores prezam bastante pela descrição, outros fazem dela apenas um

dissertação. Você terá a seguir um outro texto, que é

fragmento de um conhecido romance. Observe como o escritor trabalhou os elementos

Num banco de pau tosco, que existia do lado de fora, junto à parede e e camisa de zuarte, chinelos de

couro cru, esperava, havia já uma boa hora, para falar com o vendeiro.

Era um português de seus trinta e cinco a quarenta anos, alto, espadaúdo, barbas ásperas, cabelos pretos e maltratados caindo-lhe sobre a testa, por

baixo de um chapéu de feltro ordinário: pescoço de touro e cara de

Page 31: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 31

Hércules, na qual os olhos todavia, humildes como os olhos de um boi de canga, exprimiam tranqüila bondade. (Aluísio Azevedo, O Cortiço)

Veja agora como, em poucas linhas, o mesmo escritor descreve a personagem Leocádia:

Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um ferreiro chamado Bruno, portuguesa pequena e socada, de carnes duras, com uma fama terrível de leviana entre as suas vizinhas. (Aluísio Azevedo, O Cortiço)

Continuando esta parte sobre a descrição, vamos ler um fragmento das Cartas Chilenas.

Nele, você poderá comprovar que a descrição não é uma exclusividade da prosa, podendo

também aparecer em forma de versos.

Ora pois, doce amigo, vou pintá-lo Da sorte que o topei a vez primeira; Nem esta digressão motiva tédio Como aquelas que são dos fins alheias, - Que o gesto, mais o traje nas pessoas Faz o mesmo que fazem os letreiros Nas frentes enfeitadas dos livrinhos, Que dão, do que eles tratam, boa idéia. Tem pesado semblante, a cor é baça. - O corpo de estatura um tanto esbelta Feições compridas e olhadura feia, Tem grossas sobrancelhas, testa curta, Nariz direito e grande, fala pouco Em rouco, baixo som de mau falsete - Sem ser velho, já tem cabelo ruço E cobre este defeito e fria calva À força de polvilho, que lhe deita. Ainda me parece que o estou vendo No gordo rocinante escarranchado - As longas calças pelo umbigo atadas, Amarelo colete e sobre tudo Vestida uma vermelha e justa farda De cada bolso da fardeta, pendem Listadas pontas de dois brancos lenços; - Na cabeça vazia se atravessa Um chapéu desmarcado, nem sei como Sustenta o pobre só do laço o peso.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 32

Podemos notar também que há descrições engraçadas. Como é o caso da composição

Dona Gigi, um grande sucesso do grupo de Funk Os Caçadores. A música, mesmo não sendo

um primor, tocou bastante nas rádio de todo o Brasil no início do ano de 2006. Vejamos a letra,

que é um bom exemplo de descrição:

Dona Gigi Waguinho

Mulher feia tudo bem neguinho Agora feia, fedorenta e mentirosa Aí não neguinho, aí eu vou ter que zoar Se me vê agarrado com ela Separa que é briga, tá ligado! Ela quer um carinho gostoso Um bico dois soco e três cruzado! Tá com pena leva ela pra casa Porque nem de graça eu quero essa mulher! Caçadores estão na pista pra dizer como ela é... Caolha, nariz de tomada, sem bunda, perneta, Corpo de minhoca, banguela, orelhuda, tem unha incravada, Com peito caido e um caroço nas costas... Ih gente! capina, despenca, Cai fora, vai embora , Se não vai dançar, Chamei 2 guerreiros, Bispo macedo, com padre quevedo pra te exorcizar... Oi, vaza! Fede mais que um urubu, Canhão! vou falar bem curto e grosso contigo, hein... Já falei pra vaza! Coisa igual nunca se viu... Oh vai pra puxa... tu é feia!

Vejamos também uma descrição que Moacyr Scliar faz da protagonista do livro “A Mulher que escreveu a Bíblia”:

Não havia ali nenhuma simetria, naquela face, nem mesmo a temível simetria do focinho do tigre; eu buscava em vão alguma harmonia. Não era a grande harmonia das esferas que eu pretendia, um pequeno astro harmônico já me seria suficiente, mas nem isso eu obtinha, porque havia um conflito naquele rosto, a boca destoando do nariz, as

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 33

orelhas destoando entre si. E os olhos, que poderiam salvar tudo, eram estrábicos, um deles mirando, desconsolado, o espelho, o outro com o olhar perdido, fitando desamparado o infinito, talvez para não ter de enxergar a cruel imagem. (...) Resumindo, era isso que eu via: a) assimetria flagrante; b) carência de harmonia; c) estrabismo (ainda que moderado); d) excesso de sinais. Falta dizer que conjunto era emoldurado (emoldurado! Essa é boa, emoldurado! Emoldurado como um lindo quadro é emoldurado! Emoldurado! Por uns secos e opacos cabelos, capazes de humilhar qualquer cabeleireiro. (SCLIAR, Moacyr. A mulher que escreveu a Bíblia. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. pág. 17-18)

Outro exemplo interessante de descrição é o livro Estação Carandiru, de Dráuzio

Varela. Nele, o autor descreve com detalhes o ambiente penitenciário e faz boas descrições dos

presos.

O CASARÃO

A Detenção é um presídio velho e mal conservado. Os pavilhões são prédios cinzentos de cinco andares (contando o térreo como primeiro), quadrados, com um pátio interno, central, e a área externa com a quadra e o campinho de futebol. As celas ficam de ambos os lados de um corredor – universalmente chamado de “galeria” – que faz a volta completa no andar, de modo que as de dentro, lado I, t~em janelas que dão para o pátio interno e as outras para a face externa do prédio, lado E. Paredes altas separam os pavilhões, e um longo caminho asfaltado, amplo, conhecido como “Radial”, por analogia à movimentada avenida da zona leste da cidade, faz a ligação entre eles. (VARELA, Dráuzio. Estação Carandiru. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. pág. 13.)

CONSELHO PRÁTICO : Um bom exercício para treinar a habilidade de descrever é pegar

uma foto de alguém ou de uma paisagem e tentar reproduzi-la com palavras escritas. No

começo parecer ser difícil, mas depois a prática constante fará com que você consiga descrever

tudo o que quiser com ou sem detalhes.

Page 34: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 34

NOÇÕES DE NARRAÇÃO

CONCEITO BÁSICO: Narrar é contar uma história real ou imaginária, é fazer com que o leitor

compreenda o desenrolar de uma ação interligando ações e preencheu os espaços que ficam no

desenrolar de qualquer texto.

Todas as vezes que contamos uma história, estamos fazendo uma narração. Já faz parte

do ser humano narrar fragmentos de sua história e/ou da história alheia. Mas para que o texto,

oral ou escrito, fique mais atraente, são necessários alguns elementos importantes, como os a

seguir:

ELEMENTOS DE UMA NARRATIVA – obrigatoriamente, os grandes narradores costumam

trazer em seus textos alguns elementos que servem de guia para quem deseja entrar para o

mundo da ficção. Os elementos são os seguintes:

a) Personagens – os elementos que praticam a ação narrativa. São elas as

responsáveis pelos sentimentos de simpatia ou de antipatia do leitor pelo enredo do

texto.

b) Tempo – é o quando ocorre a história. Pode ser determinado cronologicamente ou

ser vago, depende da intencionalidade do escritor. Ás vezes é essencial que o leitor

saiba a época em que acontecem os fatos. Em outros casos, a atemporalidade pode ser

uma marca narrativa, mas, de um modo ou de outro, o leitor acaba sabendo que a

história não está solta no tempo. Os escritores menos experimentados costumam narrar

Page 35: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

de forma linear (começo

as ações das personagens.

c) Espaço – é o onde os fat

limitados. Quanto à sua determinação ou não, depende muito do tipo de narrativa e do

estilo do escritor. A leitura dos grandes autores mostra que a abordagem espacial pode

ser física ou psicológica. N

personagens. No outro, a memória predomina sobre a realidade circundante.

d) Ação – é tudo o que acontece com as personagens. Muitas vezes a ação se confundo

com o próprio enredo do texto.

e) Foco narrativo ou em terceira pessoa, ou seja, com um narrador mais distanciado ou participante dos

fatos narrados.

f) Narrador – é aquele que conta a história. Pode fazer parte da mesma (narrador

personagem), ou ficar distanciado do envolvimento com os fatos narrados. Pode

também ter domínio de tudo o que acontece (narrador onisciente) ou ter conhecimento

igual aos dos leitores (narrador sem onisciência)

Vamos identificar cada um dos elementos citados a

AÇÃO: _______________________________________________________________

PERSONAGENS: ______________________________________________________

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

de forma linear (começo – meio – fim), os mais maduros variam a forma de seqüenciar

as ações das personagens.

é o onde os fatos acontecem. Podem ser bastante amplos ou extremamente

limitados. Quanto à sua determinação ou não, depende muito do tipo de narrativa e do

estilo do escritor. A leitura dos grandes autores mostra que a abordagem espacial pode

ser física ou psicológica. No primeiro caso, o lugar palpável é o que guia o deslocar das

personagens. No outro, a memória predomina sobre a realidade circundante.

é tudo o que acontece com as personagens. Muitas vezes a ação se confundo

com o próprio enredo do texto.

rativo – diz respeito ao como a história virá ser contada: em primeira

ou em terceira pessoa, ou seja, com um narrador mais distanciado ou participante dos

é aquele que conta a história. Pode fazer parte da mesma (narrador

agem), ou ficar distanciado do envolvimento com os fatos narrados. Pode

também ter domínio de tudo o que acontece (narrador onisciente) ou ter conhecimento

igual aos dos leitores (narrador sem onisciência)

Vamos identificar cada um dos elementos citados acima na historieta abaixo:

AÇÃO: _______________________________________________________________

PERSONAGENS: ______________________________________________________

35

fim), os mais maduros variam a forma de seqüenciar

os acontecem. Podem ser bastante amplos ou extremamente

limitados. Quanto à sua determinação ou não, depende muito do tipo de narrativa e do

estilo do escritor. A leitura dos grandes autores mostra que a abordagem espacial pode

o primeiro caso, o lugar palpável é o que guia o deslocar das

personagens. No outro, a memória predomina sobre a realidade circundante.

é tudo o que acontece com as personagens. Muitas vezes a ação se confundo

diz respeito ao como a história virá ser contada: em primeira

ou em terceira pessoa, ou seja, com um narrador mais distanciado ou participante dos

é aquele que conta a história. Pode fazer parte da mesma (narrador-

agem), ou ficar distanciado do envolvimento com os fatos narrados. Pode

também ter domínio de tudo o que acontece (narrador onisciente) ou ter conhecimento

cima na historieta abaixo:

AÇÃO: _______________________________________________________________

PERSONAGENS: ______________________________________________________

Page 36: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

NARRADOR: __________________________________________________________

DISCURSO: ________

ESPAÇO: _____________________________________________________________

TEMPO: ______________________________________________________________

AÇÃO: _______________________________________________________________

PERSONAGENS: ______________________________________________________

NARRADOR: __________________________________________________________

DISCURSO: _____________________________________________

ESPAÇO: _____________________________________________________________

TEMPO: ______________________________________________________________

ESTRUTURA DO TEXTO NARRATIVO

As narrações costumam, desde tempos imemoriais, seguir uma estrutura

padronizada, mas que pode ser facilmente modificada pelos grandes escritores. Normalmente, o

que se encontra nos livros de ficção é a seqüência :

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

NARRADOR: __________________________________________________________

DISCURSO: ___________________________________________________________

ESPAÇO: _____________________________________________________________

TEMPO: ______________________________________________________________

_______________________________________________________________

PERSONAGENS: ______________________________________________________

NARRADOR: __________________________________________________________

DISCURSO: _____________________________________________

ESPAÇO: _____________________________________________________________

TEMPO: ______________________________________________________________

ESTRUTURA DO TEXTO NARRATIVO

As narrações costumam, desde tempos imemoriais, seguir uma estrutura

padronizada, mas que pode ser facilmente modificada pelos grandes escritores. Normalmente, o

que se encontra nos livros de ficção é a seqüência :

36

NARRADOR: __________________________________________________________

___________________________________________________

ESPAÇO: _____________________________________________________________

TEMPO: ______________________________________________________________

_______________________________________________________________

PERSONAGENS: ______________________________________________________

NARRADOR: __________________________________________________________

DISCURSO: ___________________________________________________________

ESPAÇO: _____________________________________________________________

TEMPO: ______________________________________________________________

As narrações costumam, desde tempos imemoriais, seguir uma estrutura mais ou menos

padronizada, mas que pode ser facilmente modificada pelos grandes escritores. Normalmente, o

Page 37: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 37

ATIVIDADE PRÁTICA

Como atividade, leia o texto abaixo localize cada uma de suas partes.

Cidade de Deus

Rubem Fonseca

O nome dele é João Romeiro, mas é conhecido como

Zinho na Cidade de Deus, uma favela em Jacarepaguá, onde

comanda o tráfico de drogas. Ela é Soraia Gonçalves, uma

mulher dócil e calada. Soraia soube que Zinho era traficante dois

meses depois de estarem morando juntos num condomínio de

classe média alta da Barra da Tijuca. Você se importa?, Zinho

perguntou, e ela respondeu que havia tido na vida dela um homem metido a direito que não

APRESENTAÇÃO de personagens, do espaço, do tempo e da própria ação a

ser desenrolada.

COMPLICAÇÃO DO ENREDO, algo acontece para tirar a paz das

personagens.

PERIPÉCIAS – são os acontecimentos que levarão as

personagens a complicarem ainda mais suas ações

CLIMAX – o momento de total suspense, quando o leitor não pode

parar de ler o texto

DESFECHO, o fim da história, que pode ser aberto ou fechado,

dependendo do autor

Page 38: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 38

passava de um canalha. No condomínio Zinho é conhecido como vendedor de uma firma de

importação. Quando chega uma partida grande de droga na favela Zinho some durante alguns

dias. Para justificar sua ausência Soraia diz, para as vizinhas que encontra no playground ou na

piscina, que o marido está viajando pela firma. A polícia anda atrás dele, mas sabe apenas o seu

apelido, e que ele é branco. Zinho nunca foi preso.

Hoje à noite Zinho chegou em casa depois de passar três dias distribuindo, pelos seus

pontos, cocaína enviada pelo seu fornecedor em Puerto Suarez e maconha que veio de

Pernambuco. Foram para a cama. Zinho era rápido e rude e depois de usar a mulher virava as

costas para ela e dormia. Soraia era calada e sem iniciativa, mas Zinho queria ela assim,

gostava de ser obedecido na cama como era obedecido na Cidade de Deus.

“Antes de você dormir posso te perguntar uma coisa?”

“Pergunta logo, estou cansado e quero dormir, amorzinho.”

"Você seria capaz de matar uma pessoa por mim?"

“Amorzinho, eu mato um cara porque ele me roubou cinco gramas, não vou matar um

sujeito que você pediu? Diz quem é o cara. É aqui do condomínio?”

“Não”.

“De onde é?”

“Mora na Taquara”.

“O que foi que ele te fez?”

“Nada. Ele é um menino de sete anos. Você já matou um menino de sete anos?”

“Já mandei furar a bala as palmas das mãos de dois merdinhas que sumiram com uns

papelotes, pra servir de exemplo, mas acho que eles tinham dez anos. Por que você quer matar

um moleque de sete anos?”

“Para fazer a mãe dele sofrer. Ela me humilhou. Tirou o meu namorado, fez pouco de

mim, dizia para todo mundo que eu era burra. Depois casou com ele. Ela é loura, tem olhos

azuis e se acha o máximo.”

“Você quer se vingar porque ela tirou o seu namorado? Você ainda gosta desse vadio, é

isso?”

“Gosto só de você, Zinho, você é tudo para mim. Esse nojento do Rodrigo não vale nada,

só sinto desprezo por ele. Quero fazer a mulher sofrer porque ela me humilhou, me chamou de

burra, ria na frente dos outros.”

Page 39: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 39

“Posso matar esse safado.”

“Ela nem gosta dele. Quero fazer essa mulher sofrer muito. Morte de filho deixa a mãe

desesperada.”

“Está bem. Você sabe onde o menino mora?”

“Sei.”

“Vou mandar pegar o moleque e levar para a Cidade de Deus.”

“Mas não faz o garoto padecer muito.”

“Se essa vaca souber que o filho morreu sofrendo é melhor, não é? Me dá o endereço.

Amanhã mando fazer o serviço, a Taquara é perto da minha base.”

De manhã bem cedo Zinho saiu de carro e foi para a Cidade de Deus. Ficou fora dois

dias. Quando voltou, levou Soraia para a cama e ela docilmente obedeceu a todas as suas

ordens, Antes de ele dormir, ela perguntou, “você fez aquilo que eu pedi?”

“Faço o que prometo, amorzinho. Mandei meu pessoal pegar o menino quando ele ia para

o colégio e levar para a Cidade de Deus. De madrugada quebraram os braços e as pernas do

moleque, estrangularam, cortaram ele todo e depois jogaram na porta da casa da mãe. Esquece

essa droga, não quero mais ouvir falar nesse assunto", disse Zinho.

“Sim, eu já esqueci.”

Zinho virou as costas para Soraia e dormiu. Zinho tinha um sono pesado. Soraia ficou

acordada ouvindo Zinho roncar. Depois levantou-se e pegou um retrato de Rodrigo que

mantinha escondido num lugar que Zinho nunca descobriria. Sempre que Soraia olhava o

retrato do antigo namorado, durante aqueles anos todos, seus olhos se enchiam de lágrimas.

Mas nesse dia as lágrimas foram mais abundantes.

“Amor da minha vida”, ela disse, apertando o retrato de Rodrigo de encontro ao seu

coração sobressaltado. (Rubem Fonseca , Histórias de amor, com pequenas adaptações)

Agora complete os espaços abaixo com as informações que são pedidas:

AÇÃO: _______________________________________________________________

PERSONAGENS: ______________________________________________________

NARRADOR: __________________________________________________________

DISCURSO: ___________________________________________________________

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 40

ESPAÇO: _____________________________________________________________

TEMPO: ______________________________________________________________

COMPLICAÇÃO _______________________________________________________

CLÍMAX ______________________________________________________________

TIPOS DE NARRATIVAS

Quando se fala em narrativa para vestibular, pensa-se logo em um texto bastante curto,

o que é natural, pois o espaço para criação é relativamente pequeno e não dá para escrever

muito em um intervalo de tempo tão reduzido, ainda mais com um tema imposto e a pressão de

uma prova.

Os textos narrativos mais conhecidos são:

a) Romance – geralmente uma narrativa bastante longa, com muitas personagens e um

espaço de tempo amplo e, principalmente, com vários sub-núcleos temáticos que

convergem para um mesmo ponto. Como exemplos temos: Dom Casmurro (de

Machado de Assis), O Mulato (de Aluísio Azevedo) e O Ateneu (de Raul Pompéia)

b) Novela – texto também com muitas personagens em sem limite de tempo e de

espaço, mas em que os núcleos temáticos se sucedem de forma mais dinâmica. Como

exemplos temos: A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua (de Jorge Amado), Uma

Tarde, Outra Tarde (de Josué Montello)

c) Conto – uma narrativa mais curta, com poucas personagens, tempo e espaço

reduzidos. O texto lido anteriormente (Cidade de Deus) é um conto. Como se trata de

algo bastante sintético, só há espaço para um núcleo narrativo.

d) Fábula – Um texto geralmente curto, que traz animais como personagens. As mais

conhecidas são as Esopo e as de La Fontaine. No Brasil, dois grandes fabulistas são

Monteiro Lobato e Millôr Fernandes.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 41

e) Apólogo – texto muito parecido com a fábula, a principal diferença é que as

personagens são objetos, não animais. Nos dois casos, há sempre uma idéia de uma

lição de moral.

UMA FÁBULA DE ESOPO

O Fazendeiro, seu Filho e o Burro "Um fazendeiro e seu filho viajavam para o mercado, levando consigo um burro. Na estrada, encontraram umas moças salientes, que riram e zombaram deles: - Já viram que bobos? Andando a pé, quando deviam montar no burro? O fazendeiro, então, ordenou ao filho: - Monte no burro, pois não devemos parecer ridículos. O filho assim o fez. Daí a pouco, passaram por uma aldeia. À porta de uma estalagem estavam uns velhos que comentaram: - Ali vai um exemplo da geração moderna: o rapaz, muito bem refestelado no animal, enquanto o velho pai caminha, com suas pernas fatigadas. - Talvez eles tenham razão, meu filho, disse o pai. Ficaria melhor se eu montasse e você fosse a pé. Trocaram então as posições. Alguns quilometros adiante, encontraram camponesas passeando, as quais disseram: -A crueldade de alguns pais para com os filhos é tremenda! Aquele preguiçoso, muito bem instalado no burro, enquanto o pobre filho gasta as pernas. - Suba na garupa, meu filho. Não quero parecer cruel, pediu o pai. Assim, ambos montados no burro, entraram no mercado da cidade. - Oh!! Gritaram outros fazendeiros que se encontravam lá. Pobre burro, maltratado, carregando uma dupla carga! Não se trata um animal desta maneira. Os dois precisavam ser presos. Deviam carregar o burro às costas, em vez de este carregá-los. O fazendeiro e o filho saltaram do animal e carregaram-no. Quando atravessavam uma ponte, o burro, que não estava se sentindo confortável, começou a escoicear com tanta energia que os dois caíram na água." (Quem a todos quer ouvir, de ninguém é ouvido)

NARRATIVAS EM PROSA x NARRATIVAS EM VERSO

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 42

Normalmente, os textos narrativos são escritos em prosa. Mas também é possível

encontrar textos narrativos que apareçam em verso. É bom lembrar que na antiguidade, todas as

histórias eram escritas em versos e só no século XVIII a prosa começou a dominar o terreno

dos textos narrativos. As grandes epopéias, como A Ilíada, A Odisséia (de Homero), Os

Lusíadas (de Camões), O Paraíso Perdido (de Jonh Milton) e a Divina Comédia (de Dante)

foram escritas em forma de poemas. Na atualidade, os texto de cordel também são bons

exemplos de narrativas em versos.

A narração em prosa é a mais conhecida de todos. O texto se divide em parágrafos e o

desenrolar do enredo é mais claro, como ocorre em “O Abridor de Latas” – transcrito a seguir.

Quando se trata de uma narrativa em prosa, os recursos usados pelos poetas podem deixar o

texto mais estético, mas também podem dificultar a leitura de uma pessoa menos acostumada a

esse estilo. É o que acontece nas duas letras de música, que serão estudas logo depois.

EXEMPLO DE NARRATIVA EM PROSA

O Abridor de Latas

Millôr Fernandes

Pela primeira vez no Brasil um conto escrito inteiramente em câmera lenta.

Quando esta história se inicia já se passaram quinhentos anos, tal a lentidão com que ela é narrada. Estão sentadas à beira de uma estrada três tartarugas jovens, com 800 anos cada uma, uma tartaruga velha com 1.200 anos, e uma tartaruga bem pequenininha ainda, com apenas 85 anos. As cinco tartarugas estão sentadas, dizia eu. E dizia-o muito bem pois elas estão sentadas mesmo. Vinte e oito anos depois do começo desta história a tartaruga mais velha abriu a boca e disse:

- Que tal se fizéssemos alguma coisa para quebrar a monotonia dessa vida?

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 43

- Formidável – disse a tartaruguinha mais nova, 12 anos depois – vamos fazer um pique-nique?

Vinte e cinco anos depois as tartarugas se decidiram a realizar o pique-nique. Quarenta anos depois, tendo comprado algumas dezenas de latas de sardinha e várias dúzias de refrigerante, elas partiram. Oitenta anos depois chegaram a um lugar mais ou menos aconselhável para um pique-nique.

- Ah – disse a tartaruguinha, 8 anos depois – excelente local este!

Sete anos depois todas as tartarugas tinham concordado. Quinze anos se passaram e, rapidamente elas tinham arrumado tudo para o convescote. Mas, súbito, três anos depois, elas perceberam que faltava o abridor de latas para as sardinhas.

Discutiram e, ao fim de vinte anos, chegaram à conclusão de que a tartaruga menor devia ir buscar o abridor de latas.

- Está bem – concordou a tartaruguinha, três anos depois – mas só vou se vocês prometerem que não tocam em nada enquanto eu não voltar.

Dois anos depois as tartarugas concordaram imediatamente que não tocariam em nada, nem no pão nem nos doces. E a tartaruguinha partiu.

Passaram-se cinqüenta anos e a tartaruga não apareceu. As outras continuavam esperando. Mais 17 anos e nada. Mais 8 anos e nada ainda. Afinal uma das tartaruguinhas murmurou:

- Ela está demorando muito. Vamos comer alguma coisa enquanto ela não vem?

As outras concordaram, rapidamente, dois anos depois. E esperaram mais 17 anos. Aí outra tartaruga disse:

- Já estou com muita fome. Vamos comer só um pedacinho de doce que ela nem notará.

As outras tartarugas hesitaram um pouco mas, 15 anos depois, acharam que deviam esperar pela outra. E se passou mais um século nessa espera. Afinal a tartaruga mais velha não pôde mesmo e disse:

- Ora, vamos comer mesmo só uns docinhos enquanto ela não vem.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 44

Como um raio as tartarugas caíram sobre os doces seis meses depois. E justamente quando iam morder o doce ouviram um barulho no mato por detrás delas e a tartaruguinha mais jovem apareceu:

- Ah, murmurou ela – eu sabia, eu sabia que vocês não cumpririam o prometido e por isso fiquei escondida atrás da árvore. Agora não vou buscar mais o abridor, pronto!

Fim (30 anos depois)

MORAL: APRESSADO NÃO COME NEM CRU. EXEMPLO DE NARRATIVA EM VERSO

PROBLEMA SOCIAL

Guará/Fernandinho

Se eu pudesse dar um toque em meu destino

Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão

Nem o bom menino que vendeu limão

Trabalhou na feira pra comprar seu pão

Não aprendia as maldades que essa vida tem

Mataria a minha fome sem ter que lesar ninguém

Juro que nem conhecia a famosa funabem

Onde foi a minha morada desde os tempos de neném

É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem

Se eu pudesse tocar em meu destino

Hoje eu seria alguém

Seria eu um intelectual

Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal

Muitos me chamam de pivete

Mas poucos me deram um apoio moral

Se eu pudesse eu não seria um problema social

AÇÃO: _______________________________________________________________

PERSONAGENS: ______________________________________________________

NARRADOR: __________________________________________________________

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 45

DISCURSO: ___________________________________________________________

ESPAÇO: _____________________________________________________________

TEMPO: ______________________________________________________________

OUTRO EXEMPLO

CIDADÃO

(Lúcio Barbosa)

Tá vendo aquele edifício moço ajudei a levantar

Foi um tempo de aflição eram quatro condução duas pra

ir duas pra voltar

Hoje depois dele pronto olho pra cima e fico tonto mas

me chega um cidadão

E me diz desconfiado tu tá aí admirado ou tá querendo roubar

Meu domingo tá perdido vou pra casa entristecido dá vontade de beber

E pra aumentar o meu tédio eu nem posso olhar pro

prédio que eu ajudei a fazer

Tá vendo aquele colégio moço eu também trabalhei lá

Lá eu quase me arrebento pus a massa fiz cimento

ajudei a rebocar

Minha filha inocente vem pra mim toda contente pai vou

me matricular

Mas me diz um cidadão criança de pé no chão aqui não

pode estudar

Esta dor doeu mais forte por que, que eu deixei o

norte eu me pus a me dizer

Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava tinha

direito a comer

Tá vendo aquela igreja moço onde o padre diz amém

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 46

Pus o sino e o badalo enchi minha mão de calo lá eu

trabalhei também

Lá sim valeu a pena tem quermesse tem novena e o padre

me deixa entrar

Foi lá que cristo me disse rapaz deixe de tolice não

se deixe amedrontar

Fui eu quem criei a terra enchi o rio fiz a serra não

deixei nada faltar

Hoje o homem criou asas e na maioria das casas eu

também não posso entrar

AÇÃO: _______________________________________________________________

PERSONAGENS: ______________________________________________________

NARRADOR: __________________________________________________________

DISCURSO: ___________________________________________________________

ESPAÇO: _____________________________________________________________

TEMPO: ______________________________________________________________

SOBRE A COMPOSIÇÃO DE UM TEXTO NARRATIVO

Escrever um texto narrativo pode, á primeira vista, ser uma tarefa fácil. Basta inventar

uma história, pôr algumas personagens e dar um final que agrade ao leitor. Mas, na prática, não

é bem assim. Elaborar uma narração exige paciência e cuidado estético. Muitas vezes,

reescrever é mais importante que escrever, pois as falhas vão sendo corrigidas e o estilo se

torna mais apurado. É o que acontece, por exemplo, com o escritor piauiense O. G. Rego de

Carvalho, que admite que:

“Tive 17 contos recusados, que me lembre, mas fazendo uma estatística melhor, acho que tive umas 30 recusas, porque eu escrevi muito dos 16 aos 19 anos. (...) Essas cousas, tão importantes na vida do escritor, não me desanimaram. Ao contrário, a cada recusa, mais eu

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 47

aprimorava, aprimorava o meu texto, aprimorava a história, procurava fazer um enredo mais interessante, mais aceitável. Eu burilava as frases, procurava sugerir mais do que dizer, dar uma conotação poética ao que eu escrevia, até que, em 1949, com 19 anos, tive um conto aceito, chamado ‘Um Filho”. (O. G. Rego de Carvalho. Como e por que me fiz escritor)

Muitos outros escritores de primeira linha deram , e dão, depoimentos a respeito das

dificuldades que sentiam ao escrever seus textos ficcionais. Leia agora o que disse sobre o ato

de escrever o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade:

Como Comecei a Escrever

Carlos Drummond de Andrade

Aí por volta de 1910 não havia rádio nem televisão, e o cinema chegava ao interior do Brasil uma vez por semana, aos domingos. As notícias do mundo vinham pelo jornal, três dias depois de publicadas no Rio de Janeiro. Se chovia a potes, a mala do correio aparecia ensopada, uns sete dias mais tarde. Não dava para ler o papel transformado em mingau.

Papai era assinante da "Gazeta de Notícias", e antes de aprender a ler eu me sentia fascinado pelas gravuras coloridas do suplemento de domingo. Tentava decifrar o mistério das letras em redor das figuras, e mamãe me ajudava nisso. Quando fui para a escola pública, já tinha a noção vaga de um universo de palavras que era preciso conquistar.

Durante o curso, minhas professoras costumavam passar exercícios de redação. Cada um de nós tinha de escrever uma carta, narrar um passeio, coisas assim. Criei gosto por esse dever, que me permitia aplicar para determinado fim o conhecimento que ia adquirindo do poder de expressão contido nos sinais reunidos em palavras.

Daí por diante as experiências foram-se acumulando, sem que eu percebesse que estava descobrindo a literatura. Alguns elogios da professora me animavam a continuar. Ninguém falava em conto ou poesia, mas a semente dessas coisas estava germinando. Meu irmão, estudante na Capital, mandava-me revistas e livros, e me habituei a viver entre eles. Depois, já rapaz, tive a sorte de conhecer outros rapazes que também gostavam de ler e escrever.

Então, começou uma fase muito boa de troca de experiências e impressões. Na mesa do café-sentado (pois tomava-se café sentado nos

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 48

bares, e podia-se conversar horas e horas sem incomodar nem ser incomodado) eu tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e meus colegas criticavam. Eles também sacavam seus escritos, e eu tomava parte nos comentários. Tudo com naturalidade e franqueza. Aprendi muito com os amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que não desfrutam desse tipo de amizade crítica.

Muitas vezes, somos levados a pensar que as narrativas nascem de formas estapafúrdias.

Acreditamos que os escritores são pessoas tocadas pela mão divina e só por isso conseguem

produzir obras de elevado nível. No entanto, a prática de leitura nos permite perceber que o que

existe na verdade é o trabalho incessante de seleção daquilo que pode ser transformado em obra

de arte. Não se trata de ser iluminado, mas de usar a iluminação natural para compor textos que

poderiam ser escritos por qualquer pessoa com lucidez suficiente para não deixar escapar

nenhuma das oportunidades que o dia-a-dia nos oferece. O escritor mineiro Fernando Sabino

ilustra muito bem as palavras acima em um de seus textos.

Como comecei a escrever Fernando Sabino

Quando eu tinha 10 anos, ao narrar a um amigo uma história que havia lido, inventei para ela um fim diferente, que me parecia melhor. Resolvi então escrever as minhas próprias histórias.

Durante o meu curso de ginásio, fui estimulado pelo fato de ser sempre dos melhores em português e dos piores em matemática — o que, para mim, significava que eu tinha jeito para escritor.

Naquela época os programas de rádio faziam tanto sucesso quanto os de televisão hoje em dia, e uma revista semanal do Rio, especializada em rádio, mantinha um concurso permanente de crônicas sob o titulo "O Que Pensam Os Rádio-Ouvintes". Eu tinha 12, 13 anos, e não pensava grande coisa, mas minha irmã Berenice me animava a concorrer, passando à máquina as minhas crônicas e mandando-as para o concurso. Mandava várias por semana, e era natural que volta e meia uma fosse premiada.

Passei a escrever contos policiais, influenciado pelas minhas leituras do gênero. Meu autor predileto era Edgar Wallace. Pouco depois passaria a viver sob a influência do livro mais sensacional que já li na

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 49

minha vida, que foi o Winnetou de Karl May, cujas aventuras procurava imitar nos meus escritos.

A partir dos 14 anos comecei a escrever histórias "mais sérias", com pretensão literária. Muito me ajudou, neste início de carreira,ter aprendido datilografia na velha máquina Remington do escritório de meu pai. E a mania que passei a ter de estudar gramática e conhecer bem a língua me foi bastante útil.

Mas nada se pode comparar à ajuda que recebi nesta primeira fase dos escritores de minha terra Guilhermino César, João Etienne filho e Murilo Rubião -- e, um pouco mais tarde, de Marques Rebelo e Mário de Andrade, por ocasião da publicação do meu primeiro livro, aos 18 anos.

De tudo, o mais precioso à minha formação, todavia, talvez tenha sido a amizade que me ligou desde então e pela vida afora a Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, tendo como inspiração comum o culto à Literatura.

Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 4 - Crônicas", Editora Ática - São Paulo, 1980, pág. 8.

VINTE E UMA COISAS QUE APRENDI COMO ESCRITOR

Moacyr Scliar APRENDI que escrever é basicamente contar histórias, e que os melhores livros de ficção que li eram aqueles que tinham uma história para contar. APRENDI que o ato de escrever é uma seqüela do ato de ler. É preciso captar com os olhos as imagens das letras, guardá-las no reservatório que temos em nossa mente e utilizá-las para compor depois as nossas próprias palavras. APRENDI que, quando se começa, plagiar não faz mal nenhum. Copiei descaradamente muitos escritores, Monteiro Lobato, Viriato Correa e outros. Não se incomodaram com isto. E copiar me fez muito bem. APRENDI que, quando se começa a escrever, sempre se é autobiográfico, o que - de novo - não prejudica. Mas os escritores que ficam sempre na autobiografia, que só olham para o próprio umbigo, acabam se tornando chatos.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 50

APRENDI que, para aprender a escrever, tinha de escrever. Não adiantava só ficar falando de como é bonito ( ... ) APRENDI que uma boa idéia pode ocorrer a qualquer momento: conversando com alguém, comendo, caminhando, lendo (e, segundo Agatha Christie, lavando pratos). APRENDI que uma boa idéia é realmente boa quando não nos abandona, quando nos persegue sem cessar. O grande teste para uma idéia é tentar se livrar dela. Se veio para ficar, se resiste ao sono, ao cansaço, ao cotidiano, é porque merece atenção. APRENDI que aeroportos e bares são grandes lugares para se escrever. O bar, por razões óbvias; o aeroporto, porque neles a vida como que está em suspenso. Nada como uma existência provisória para despertar a inspiração literária. APRENDI que as costas do talão de cheque é um bom lugar para anotar idéias (é por isso que escritor tem de ganhar a grana suficiente para abrir uma conte bancária). O guardanapo do restaurante também serve, desde que seja de papel e não de pano. (...) APRENDI que o computador é um grande avanço no trabalho de escrever, mas tem um único inconveniente: elimina os originais, os riscos, os borrões, e portanto a história do texto, a qual - como toda história - pode nos ensinar muito. APRENDI que a mancha gráfica representada pelo texto impresso diz muito sobre este mesmo texto. As linhas não podem estar cheias de palavras; o espaço vazio é tão eloqüente quanto o espaço preenchido pela escrita. O texto precisa respirar, e quando respira, fica graficamente bonito. Um texto bonito é um texto bom. APRENDI a rasgar e jogar fora. Quando um texto não é bom, ele não é bom - ponto. Por causa da auto-comiseração (é a nossa vida que está ali!) temos a tentação de preservá-lo, esperando que, de forma misteriosa, melhore por si. Ilusão. É preciso ter a coragem de se desfazer. A cesta de papel é uma grande amiga do escritor. (...) APRENDI a não ter pressa de publicar. Já se ouviu falar de muitos escritores batendo aflitos, à porta de editores. O que é mais raro, muito mais raro, são os leitores batendo à porta do escritor. APRENDI a não reler meus livros. Um livro tem existência autônoma, boa e má. Não precisa do olhar de quem o escreveu para sobreviver. APRENDI que, para um escritor, um livro é como um filho, mas que é

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 51

preciso diferenciar entre filhos e livros. APRENDI que terminar um livro se acompanha de uma sensação de vazio, mas que o vazio também faz parte da vida de quem escreve. APRENDI que há uma diferença entre literatura e vida literária, entre literatura e política literária. Escrever é um vício solitário. APRENDI a diferenciar entre o verdadeiro crítico e o falso crítico. O falso crítico não está falando do que leu. Está falando dos seus próprios problemas. APRENDI que, para um escritor, frio na barriga ou pêlos do braço arrepiados são um bom sinal: um livro vem vindo aí. Veja agora os depoimentos de outros escritores com relação ao trabalho com as palavras:

Escrevo sobre aquilo que não sei para ficar sabendo. Tenho a impressão de que tudo que a gente escreve, consciente ou inconscientemente é sempre uma catarse... É uma forma de recuperação do sentido da vida. (Fernando Sabino)

- Gosto de escrever, é quando mais me sinto eu, me percebo inteiro

do jeito que sou (...) “O diabo é que a gente nunca escreve o que quer, pois cada um escreve do jeito que pode. (Airtom Monte)

- Na verdade o que vem primeiro não é a idéia, nem a história, ou

os personagens. O que vem primeiro é a angústia(...)Vem aquela angústia, aquela necessidade compulsiva ... Eu tenho de escrever uma peça (...) todo o meu teatro opõe o homem ao sistema social. (Dias Gomes)

- Às vezes eu passava noites em claro, escrevendo, simplesmente

porque não podia parar de escrever. (Moacyr Scliar) - Eu gosto mesmo é de escrever ficção e é ficção que eu vou

escrever. (Marilene Felinto) - Escrevo quando me dá vontade, isto é: quando a inspiração

vem(...) Se o que quero é dizer uma determinada coisa, e eu a direi ao preço que for, mesmo desrespeitando regras de gramática. (Octávio de Faria)

- Todo artista produz para externar suas paixões, seus recalques,

seus conflitos íntimos. Então como é que pode ser imparcial ? (...) Pessoas que escrevem, como as que pintam ou representam, são pessoas

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 52

complicadas, parciais, cheiade personalismos e de preferências como as demais pessoas do mundo (Rachel de Queiroz)

TIPOS DE DISCURSO

Um escritor pode mostrar os pensamentos e as falas das personagens através de três

tipos de discurso, a saber: direto, indireto ou indireto livre.

1. DISCURSO DIRETO – Quando o narrador e as personagens têm direito de fala, cada

um de sua vez, sem atropelos e com marcação de passagem de uma fala para outra.

Vílson chegou mansamente e perguntou para Saul:

- Você quer ir ao cinema comigo?

Saul respondeu espantado:

- Sinto muito, já tenho compromisso para este final de semana.

2. DISCURSO INDIRETO – Quando o narrador sintetiza com suas palavras aquilo que

seria dito pelas personagens. Geralmente o texto é constituído de vários períodos

compostos por subordinação, com orações substantivas evidenciadas pelo uso da

conjunção integrante.

Vílson chegou mansamente e perguntou se Saul queria ir ao cinema com ele. Saul,

espantado, respondeu que sentia muito, mas já estava com compromisso marcado para

aquele final de semana.

3. DISCURSO INDIRETO LIVRE – É aquele em que não é possível definir com

exatidão quem está falando. As falas podem tanto ser do narrador quanto das

personagens, ou ainda serem apenas reflexos dos pensamentos de algum deles.

Convidar ou não Saul para ir ao cinema? E se ele já tivesse compromisso para o fim de

semana. Decepção. Resolveu arriscar.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 53

PRÁTICA

Observe o tipo de discurso utilizado pelo cronista Stanislaw Ponte Preta, no texto a

seguir:

Vamos Acabar Com Esta Folga

Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)

O negócio aconteceu num café. Tinha uma porção de sujeitos, sentados nesse café, tomando umas e outras. Havia brasileiros, portugueses, franceses, argelinos, alemães, o diabo. De repente, um alemão forte pra cachorro levantou e gritou que não via homem pra ele ali dentro. Houve a surpresa inicial, motivada pela provocação e logo um turco, tão forte como o alemão, levantou-se de lá e perguntou: — Isso é comigo? — Pode ser com você também — respondeu o alemão. Aí então o turco avançou para o alemão e levou uma traulitada tão segura que caiu no chão. Vai daí o alemão repetiu que não havia homem ali dentro pra ele. Queimou-se então um português que era maior ainda do que o turco. Queimou-se e não conversou. Partiu para cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um murro debaixo dos queixos e caiu sem sentidos. O alemão limpou as mãos, deu mais um gole no chope e fez ver aos presentes que o que dizia era certo. Não havia homem para ele ali naquele café. Levantou-se então um inglês troncudo pra cachorro e também entrou bem. E depois do inglês foi a vez de um francês, depois de um norueguês etc. etc. Até que, lá do canto do café levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia para perguntar, como os outros: — Isso é comigo? O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa e veio vindo gingando assim pro lado do alemão. Parou perto, balançou o corpo e... pimba! O alemão deu-lhe uma porrada na cabeça com tanta força que quase desmonta o brasileiro. Como, minha senhora? Qual é o fim da história? Pois a história termina aí, madame. Termina aí que é pros brasileiros perderem essa mania de pisar macio e pensar que são mais malandros do que os outros.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES

DICAS IMPORTANTES:

histórias.

- Procure ser leve na criação de seus textos, evitando tornar o texto um emaranhado de

situações sem sentido.

A CRÔNICA

CONCEITO BÁSICO: Crônica deriva da palavra

isso é tida como um tipo de texto que busca representar os

aconte

acontecimentos circundantes e não titubeia em transformar um fato

corriqueiro em uma obra de arte. Tecnicamente, a crônica segue os

mesmos passos de um texto narrativo. A grande diferença está no

necessariamente ligada aos acontecimentos de nosso cotidiano. O Brasil pode ser orgulhar de

ter alguns dos mais importantes cronistas do mundo. É o caso de Rubem Braga, Fernando

Sabino, Lourenço Diaféria, Stanislaw Ponte Preta e o

UM EXEMPLO DE CRÔNICA

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

DICAS IMPORTANTES:

- Tente sempre dar mais vida a suas personagens

através da elaboração de diálogos e de situações

verossímeis.

- Procure adequar o modo de falar das personagens a

sua situação sócio-econômica.

- Leia sempre os grandes ficcionista, observando

sempre quais são os seus passos na criação do enredo das

er leve na criação de seus textos, evitando tornar o texto um emaranhado de

situações sem sentido. (da Internet)

CONCEITO BÁSICO: Crônica deriva da palavra

isso é tida como um tipo de texto que busca representar os

acontecimentos de uma época. O bom cronista está sempre atento aos

acontecimentos circundantes e não titubeia em transformar um fato

corriqueiro em uma obra de arte. Tecnicamente, a crônica segue os

mesmos passos de um texto narrativo. A grande diferença está no fato de ser uma produção

necessariamente ligada aos acontecimentos de nosso cotidiano. O Brasil pode ser orgulhar de

ter alguns dos mais importantes cronistas do mundo. É o caso de Rubem Braga, Fernando

Sabino, Lourenço Diaféria, Stanislaw Ponte Preta e outros de grande talento.

UM EXEMPLO DE CRÔNICA

54

Tente sempre dar mais vida a suas personagens

elaboração de diálogos e de situações

Procure adequar o modo de falar das personagens a

Leia sempre os grandes ficcionista, observando

sempre quais são os seus passos na criação do enredo das

er leve na criação de seus textos, evitando tornar o texto um emaranhado de

CONCEITO BÁSICO: Crônica deriva da palavra Cronus (tempo), por

isso é tida como um tipo de texto que busca representar os

cimentos de uma época. O bom cronista está sempre atento aos

acontecimentos circundantes e não titubeia em transformar um fato

corriqueiro em uma obra de arte. Tecnicamente, a crônica segue os

fato de ser uma produção

necessariamente ligada aos acontecimentos de nosso cotidiano. O Brasil pode ser orgulhar de

ter alguns dos mais importantes cronistas do mundo. É o caso de Rubem Braga, Fernando

utros de grande talento.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 55

A ÚLTIMA CRÔNICA

Fernando Sabino

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.

A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 56

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

COMENTÁRIO: Um acontecimento aparentemente banal dá margens para que o escritor não

apenas mostre o fato, mas que também faça uma denúncia social a seu modo. A linguagem é

acessível, com um vocabulário bastante simples. Qualquer pessoa, de qualquer nível social

pode compreender a mensagem inserida nas entrelinhas da crônica, pois, sendo inicialmente um

texto jornalístico, ela não tem a intenção de ser difícil, mas sim de mostrar um pouco de uma

realidade que não é observada por todos da mesma forma.

Para concluir esta parte sobre crônica, vamos ler um belíssimo texto de Vinícius de

Morais, mais conhecido no mundo literário como poeta, mas que também nos deixou

maravilhosas páginas de prosa, como o texto a seguir. Observe bem o senso lírico do autor e e

sua sensibilidade para tratar de um tema tão belo.

Para Viver Um Grande Amor

Vinicius de Moraes

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 57

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor. É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

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Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 130.

O cronista é um escritor crônico

Affonso Romano de Sant’Anna

O primeiro texto que publiquei em jornal foi uma crônica. Devia ter eu lá uns 16 ou 17 anos. E aí fui tomando gosto. Dos jornais de Juiz de Fora, passei para os jornais e revistas de Belo Horizonte e depois para a imprensa do Rio e São Paulo. Fiz de tudo (ou quase tudo) em jornal: de repórter policial a crítico literário. Mas foi somente quando me chamaram para substituir Drummond no Jornal do Brasil, em 1984, que passei a fazer crônica sistematicamente. Virei um escritor crônico.

O que é um cronista?

Luís Fernando Veríssimo diz que o cronista é como uma galinha, bota seu ovo regularmente. Carlos Eduardo Novaes diz que crônicas são como laranjas, podem ser doces ou azedas e ser consumidas em gomos ou pedaços, na poltrona de casa ou espremidas na sala de aula.

Já andei dizendo que o cronista é um estilita. Não confundam, por enquanto, com estilista. Estilita era o santo que ficava anos e anos em cima de uma coluna, no deserto, meditando e pregando. São Simeão passou trinta anos assim, exposto ao sol e à chuva. Claro que de tanto purificar seu estilo diariamente o cronista estilita acaba virando um estilista. O cronista é isso: fica pregando lá em cima de sua coluna no jornal. Por isto, há uma certa confusão entre colunista e cronista, assim como há outra confusão entre articulista e cronista. O articulista escreve textos expositivos e defende temas e idéias. O cronista é o mais livre dos redatores de um jornal. Ele pode ser subjetivo. Pode (e deve) falar na primeira pessoa sem envergonhar-se. Seu "eu", como o do poeta, é um eu de utilidade pública. Que tipo de crônica escrevo? De vários tipos. Conto casos, faço descrições, anoto momentos líricos, faço críticas sociais. Uma das funções da crônica é interferir no cotidiano. Claro que essas que interferem mais cruamente em assuntos momentosos tendem a perder sua atualidade quando publicadas em livro. Não tem importância. O cronista é crônico, ligado ao tempo, deve estar encharcado, doente de seu tempo e ao mesmo tempo pairar acima dele.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 59

DICAS IMPORTANTES:

1. Tudo pode servir de tema para uma crônica.

2. Evite palavras difíceis, pois um cronista deve sempre prezar pela clareza de suas idéias.

3. A defesa da idéia não precisa ser direta e evidente. É nas entrelinhas que um cronista demonstra todo o

seu potencial de observação e de argumentação.

4. Evite a repetição de idéias. O importante é a essência do texto.

LENDO UM CONTO

Para concluir o estudo do texto narrativo, vamos ler um conto de Ítalo Calvino, um dos

mais importantes escritores do século XX. Note que por traz de um enredo aparentemente

simples, podemos encontrar muitas informações de caráter histórico e ideológico. Veja também

como um tema bastante complexo pode ser trabalhado de forma bastante simples e didática.

A OVELHA NEGRA Ítalo Calvino

Havia um país onde todos eram ladrões. À noite, cada habitante saía, com a gazua e a lanterna, e ia arrombar a casa do vizinho. Voltava de madrugada, carregado, e encontrava sua casa roubada. E assim todos viviam em paz e sem prejuízo, pois um roubava o outro, e este, um terceiro, e assim por diante, até que se chegava ao último, que roubava o primeiro. O comércio naquele país só era praticado como trapaça, tanto por quem vendia, como por quem comprava. O governo era uma associação de delinqüentes, vivendo à custa dos súditos, e os súditos por sua vez só se preocupavam em fraudar o governo. Assim a vida prosseguia sem tropeços, e não havia ricos nem pobres. Ora, não se sabe como, ocorre que no país apareceu um homem honesto. À noite, em vez de sair com um saco e a lanterna, ficava em casa fumando e lendo romances. Vinham os ladrões, viam a luz acesa e não subiam.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 60

Essa situação durou algum tempo: depois foi preciso fazê-lo compreender que, se quisesse viver sem fazer nada, não era essa uma boa razão para não deixar os outros fazerem. Cada noite que ele passava em casa era uma família que não comia no dia seguinte. Diante desses argumentos, o homem honesto não tinha o que objetar, também começou a sair de noite para voltar de madrugada, mas não ia roubar. Era honesto, não havia nada a fazer. Andava até a ponte e ficava vendo passar a água embaixo. Voltava para casa, e a encontrava roubada. Em menos de uma semana o homem honesto ficou sem um tostão, sem o que comer, com a casa vazia. Mas ata aí tudo bem, porque era culpa sua; o problema era que seu comportamento criava uma grande confusão. Ela deixava que lhe roubassem tudo, ao mesmo tempo, não roubava ninguém; assim, sempre havia alguém que, voltado para casa de madrugada, achava a casa intacta: a casa que o homem honesto deveria ter roubado. O fato é que, pouco depois, os que não eram roubados acabaram ficando mais ricos que os outros e passaram a não querer mais roubar. E, além disso, os que vinham para roubar a casa do homem honesto, sempre a encontravam vazia; assim, iam ficando pobres. Enquanto isso, os que tinham se tornado ricos pegaram o costume, eles também, de ir de noite até à ponte, para ver a água que passava embaixo. Isso aumentou a confusão, pois muitos outros ficaram ricos e muitos outros ficaram pobres. Ora, os ricos perceberam que, indo de noite até a ponte, mais tarde ficariam pobres. E pensaram: “Paguemos aos pobres para irem roubar para nós”. Fizeram-se os contratos, estabeleceram-se os salários, as percentagens: naturalmente, continuavam a ser ladrões e procuram enganar-se uns aos outros. Mas, como acontece, os ricos tornavam-se cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Havia ricos tão ricos que não precisavam mais roubar e que mandavam roubar para continuaram a ser ricos. Mas, se paravam de roubar, ficam pobres porque os pobres os roubavam. Então pagaram aos mais pobres dos pobres para defenderem as suas coisas contra os outros pobres, e assim instituíram a polícia e construíram as prisões. Dessa forma, já poucos anos depois do episódio do homem honesto, não se falava mais de roubar ou de ser roubado, mas só de ricos ou de pobres, e no entanto todos continuavam a ser pobres. Honesto só tinha havido aquele sujeito, e morrera logo, de fome.

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NOÇÕES DE DISSERTAÇÃO

Para começar, vamos ler um artigo da escritora gaúcha Lya Luft. Observemos como ela

trata um assunto bastante comum com uma outra visão. Depois vamos entrar em contato co

que alguns leitores falaram sobre o texto.

BALEIAS NÃO ME EMOCIONAM

Prefiro o olho no olho, a clareza e a sinceridade pelo prazer de magoar ou por ressentimento.

Não gosto de ver bicho sofrendo: sempre curti animais, fui criada com eles. Na casa onde nasci e cresci, tive até uma corSebastião. Era branca, enorme, com aqueles olhos que reviravam. Fugiu da gaiola especialmente construída para ela, quase do tamanho de um pequeno quarto, e por muitos dias eu a procurei no topo das árvores, doída de saudade

Na ilha improvável que havia no mínimo lago do jardim que se estendia atrás da casa, viveu a certa altura da minha infância um casal de veadinhos, dos quais um também fugiu. O outro morreu pouco depois. Segundo o jardineiro,

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

NOÇÕES DE DISSERTAÇÃO

Para começar, vamos ler um artigo da escritora gaúcha Lya Luft. Observemos como ela

trata um assunto bastante comum com uma outra visão. Depois vamos entrar em contato co

que alguns leitores falaram sobre o texto.

BALEIAS NÃO ME EMOCIONAM

Lya Luft

(Revista Veja, 25 de agosto de 2004)

Hoje quero falar de gente e bichos. De notícias que freqüentemente aparecem sobre baleias encalhadas e pingüins perdidos em alguma praia. Não sei se me aborrece ou me inquieta ver tantas pessoas acorrendo, torcendo, chorando, porque uma baleia morre encalhada. Mas certamente não me emociona.

Sei que não vão me achar muito simpática, mas eu não sou sempre simpática. Aliás, se não gosto de grosseria nem de vulgaridade, também desconfio dos eternos bonzinhos, dos politicamente corretos, dos sempre sorridentes

Prefiro o olho no olho, a clareza e a sinceridade – desde que não machuque só pelo prazer de magoar ou por ressentimento.

Não gosto de ver bicho sofrendo: sempre curti animais, fui criada com eles. Na casa onde nasci e cresci, tive até uma coruja, chamada, sabe Deus por quê, Sebastião. Era branca, enorme, com aqueles olhos que reviravam. Fugiu da gaiola especialmente construída para ela, quase do tamanho de um pequeno quarto, e por muitos dias eu a procurei no topo das árvores, doída de saudade

Na ilha improvável que havia no mínimo lago do jardim que se estendia atrás da casa, viveu a certa altura da minha infância um casal de veadinhos, dos quais um também fugiu. O outro morreu pouco depois. Segundo o jardineiro,

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Para começar, vamos ler um artigo da escritora gaúcha Lya Luft. Observemos como ela

trata um assunto bastante comum com uma outra visão. Depois vamos entrar em contato com o

Hoje quero falar de gente e bichos. De notícias que freqüentemente aparecem sobre baleias encalhadas e pingüins perdidos em alguma praia. Não sei se me aborrece ou me inquieta ver tantas pessoas acorrendo, torcendo, chorando,

ada. Mas certamente não me

Sei que não vão me achar muito simpática, mas eu não sou sempre simpática. Aliás, se não gosto de grosseria nem de vulgaridade, também desconfio dos eternos bonzinhos, dos politicamente corretos, dos sempre sorridentes ou gentis.

desde que não machuque só

Não gosto de ver bicho sofrendo: sempre curti animais, fui criada com eles. uja, chamada, sabe Deus por quê,

Sebastião. Era branca, enorme, com aqueles olhos que reviravam. Fugiu da gaiola especialmente construída para ela, quase do tamanho de um pequeno quarto, e por muitos dias eu a procurei no topo das árvores, doída de saudade.

Na ilha improvável que havia no mínimo lago do jardim que se estendia atrás da casa, viveu a certa altura da minha infância um casal de veadinhos, dos quais um também fugiu. O outro morreu pouco depois. Segundo o jardineiro,

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 62

morreu de saudade do fujão – minha primeira visão infantil de um amor romeu-e-julieta. Tive uma gata chamada Adelaide, nome da personagem sofredora de uma novela de rádio que fazia suspirar minha avó, e que meu irmão pequeno matou (a gata), nunca entendi como – uma das primeiras tragédias de que tive conhecimento. De modo que animais fazem parte de minha história, com muitas aventuras, divertimento e alguma emoção.

Mas voltemos às baleias encalhadas: pessoas torcem as mãos, chegam máquinas variadas para içar os bichos, aplicam-se lençóis molhados, abrem-se manchetes em jornais e as televisões mostram tudo em horário nobre. O público, presente ou em casa, acompanha como se fosse alguém da família e, quando o fim chega, é lamentado quase com pêsames e oração.

Confesso que não consigo me comover da mesma forma: pouca sensibilidade, uma alma de gelos nórdicos, quem sabe? Mesmo os que não me apreciam, não creiam nisso. Não é que eu ache que sofrimento de animal não valha a pena, a solidariedade, o dinheiro. Mas eu preferia que tudo isso fosse gasto com eles depois de não haver mais crianças enfiando a cara no vidro de meu carro para pedir trocados, adultos famintos dormindo em bancos de praça, famílias morando embaixo de pontes ou adolescentes morrendo drogados nas calçadas.

Tenho certeza de que um mendigo morto na beira da praia causaria menos comoção do que uma baleia. Nenhum Greenpeace defensor de seres humanos se moveria. Nenhuma manchete seria estampada. Uma ambulância talvez levasse horas para chegar, o corpo coberto por um jornal, quem sabe uma vela acesa. Curiosidade, rostos virados, um sentimentozinho de culpa, possivelmente irritação: cadê as autoridades, ninguém toma providência?

Diante de um morto humano, ou de um candidato a morto na calçada, a gente se protege com uma armadura. De modo que (perdão) vejo sem entusiasmo as campanhas em favor dos animais – pelo menos enquanto se deletarem tão facilmente homens e mulheres.

COMENTÁRIOS DOS LEITORES

Num tempo em que a hipocrisia e a mídia, de mãos dadas, ditam nosso modo de agir

e pensar, fico muito feliz ao ler o último artigo de Lya Luft ("Baleias não me emocionam",

Ponto de vista, 25 de agosto). Nós nos sensibilizamos com aquilo que não nos causa

esforço. Como nos sensibilizar com um mendigo na calçada quando poderíamos tê-lo

auxiliado? Melhor pensar nas baleias, coitadinhas. Como também são coitadinhos aqueles

que passam fome na África, nunca os famintos de nossas ruas. Passo, a partir de hoje, a

ler seus textos com outros olhos. A senhora ganhou meu respeito e minha admiração.

Gilberto Carlos Nunes Brasília, DF

Estou decepcionada com o Ponto de vista escrito por Lya Luft. Não esperava um

texto tão frio de uma escritora que havia demonstrado tanta sensibilidade anteriormente.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 63

Sou defensora dos animais e acredito que os seres humanos têm uma idéia terrivelmente

equivocada de que são prioridade na Terra. Somos apenas elementos que compõem a vida

no planeta. Acredito que a humanidade é responsável pelas maiores tragédias do nosso

planeta, desde baleias encalhadas até a miséria brasileira de todos os dias.

Frida Frick Cascais, Portugal

É interessante como certos "intelectuais" brasileiros gastam seu tempo em criticar os

defensores de animais. E é sempre o mesmo argumento: a vida da espécie humana é mais

importante que a vida de qualquer outra espécie animal. Esse tipo de pensamento Peter

Singer definiu como "specisism". Em vez de criticar os que fazem, da próxima vez que

uma criança faminta aparecer na janela do seu carrão com ar-condicionado, faça como os

protetores de animais: pegue esse ser e leve para sua casa, dê de comer e trate-o com

amor e carinho.

Lane Azevedo Clayton Austin, Texas, EUA

Quando Lya Luft propõe que só voltemos nossa atenção para os direitos animais

depois que tivermos resolvido os problemas humanos, ela propõe a negligência perpétua

dos animais. Isso porque nunca chegará o dia em que todos os problemas humanos

estarão resolvidos.

Regina Rheda Gainesville, Flórida, EUA

Um estudo feito nos EUA mostra uma relação entre crueldade com seres humanos e

com animais – muitos serial killers começaram matando animais. Os adolescentes

responsáveis pelos recentes tiroteios em colégios americanos têm em comum um passado

de violência contra animais.

Cristina Nishida Nagano, Japão

Como podemos ver, há os mais diversos pontos de vista sobre um mesmo assunto. Cada

pessoa pode manifestar-se de formas diferentes das outras, sem que necessariamente alguém

tenha que estar errado. Saber argumentar é o foco principal de um trabalho dissertativo. E é isso

que vamos estudar a seguir.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 64

CONCEITO BÁSICO: Dissertar significa defender um ponto de vista com relação a um tema

proposto, ou seja, o escritor deve demonstrar suas idéias de modo a deixar claro que se

posiciona contra ou a favor de determinado assunto.

Normalmente, os alunos preferem a dissertação à narração. Há vários motivos para que

isso aconteça. Como já estudamos anteriormente, escrever um texto narrativo exige uma boa

dose de criatividade e um certo domínio técnico da formação do enredo. Já para elaborar um

texto dissertativo, o primordial é que se esteja bem informado acerca do(s) assunto(s)

discutido(s). a dissertação exige um vocabulário teoricamente mais rico que o da narração, ao

mesmo tempo em que os aspectos gramaticais são tratados de forma mais rigorosa.

A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Um texto dissertativo deve, obrigatoriamente, estar interligado. Cada argumento tem

que ser usado tendo-se em vista o conjunto harmônico das idéias discutidas. As partes de um

texto dissertativo são:

INTRODUÇÃO – Exposição gral do tópico defendido 1 parágrafo breve

DESENVOLVIMENTO A defesa da idéia, com argumentos e

exemplificação. X parágrafos

CONCLUSÃO – enceramento que pode trazer questionamentos ou sugestões

1 parágrafo breve

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 65

ATIVIDADE PRÁTICA – leia o texto dissertativo a seguir, observando cada uma das partes

do texto. É bom também prestar atenção para os elementos que fazem a coesão entre os

parágrafos.

SEMPRE LEIA O ORIGINAL

Stephen Kanitz

Uma greve geral dos professores alguns anos atrás teve uma conseqüência interessante. Reintroduziu, para milhares de estudantes, o valor esquecido das bibliotecas. Os melhores alunos readquiriram uma competência essencial para o mundo moderno - voltaram a aprender sozinhos, como antigamente. Muitos descobriram que alguns professores nem fazem tanta falta assim. Descobriram também que nas bibliotecas estão os livros originais, as obras que seus professores usavam para dar as aulas, os grandes clássicos, os autores que fizeram suas ciências famosas.

Muitos professores se limitam a elaborar resumos malfeitos dos grandes livros. Quantas vezes você já assistiu a uma aula em que o professor parecia estar lendo o material? Seria bem mais motivador e eficiente deixar que os próprios alunos lessem os livros. Os professores serviriam para tirar as dúvidas, que fatalmente surgiriam.

Hoje, muitas bibliotecas vivem vazias. Pergunte a seu filho quantos livros ele tomou emprestado da biblioteca neste ano. Alguns nem saberão onde ela fica. Talvez devêssemos pensar em construir mais bibliotecas antes de contratar mais professores. Um professor universitário, ganhando 4.000 reais por mês ao longo de trinta anos (mais os cerca de vinte da aposentadoria), permitiria ao Estado comprar em torno de 130.000 livros, o suficiente para criar 130 bibliotecas. Seiscentos professores poderiam financiar 5.000 bibliotecas de 10.000 livros cada uma, uma por município do país.

Universidades são, por definição, elitistas, para a alegria dos cursinhos. Bibliotecas são democráticas, aceitam todas as classes sociais e etnias. Aceitam curiosos de todas as idades, sete dias por semana, doze meses por ano. Bibliotecas permitem ao aluno depender menos do professor e o ajudam a confiar mais em si.

Nunca esqueço minha primeira visita a uma grande biblioteca, e a sensação de pegar nas mãos um livro escrito pelo próprio Einstein, e logo em seguida o de cálculo de Newton. Na época, eu queria ser físico nuclear.

Infelizmente, livros nunca entram em greve para alertar sobre o total abandono em que se encontram nem protestam contra a enorme falta de bibliotecas no Brasil. Visitei no ano passado uma escola secundária de Phillips Exeter, numa cidade americana de 30.000 habitantes, no desconhecido Estado de New Hampshire. Os alunos me mostraram com orgulho a biblioteca da escola, de NOVE andares, com mais de 145.000 obras. A Biblioteca Mário de Andrade, da cidade de São Paulo, tem 350.000. A bibliotecária americana ganhava mais do que

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 66

alguns dos professores, ao contrário do que ocorre no Brasil, o que demonstra o enorme valor que se dá às bibliotecas nos Estados Unidos.

Não quero parecer injusto com os milhares de professores que incentivam os alunos a ler livros e a freqüentar bibliotecas. Nem quero que sejam substituídos, pois são na realidade facilitadores do aprendizado, motivam e estimulam os alunos a estudar, como acontece com a maioria dos professores do primário e do colegial. Mas estes estão ficando cada vez mais raros, a ponto de se tornarem assunto de filme, como ocorre em Sociedade dos Poetas Mortos, com Robin Williams.

Na próxima aula em que seu professor fizer o resumo de um livro só, ou lhe entregar uma apostila mal escrita, levante-se discretamente e vá direto para a biblioteca. Pegue um livro original de qualquer área, sente-se numa cadeira confortável e leia, como se fazia 500 anos atrás. Você terá um relato apaixonado, aguçado, com os melhores argumentos possíveis, de um brilhante pensador. Você vai ler alguém que tinha de convencer toda a humanidade a mudar uma forma de pensar.

Um autor destemido e corajoso que estava colocando sua reputação, e muitas vezes seu pescoço, em risco. Alguém que estava escrevendo apaixonadamente para convencer uma pessoa bastante especial: você.

Stephen Kanitz foi professor universitário por trinta anos (www.kanitz.com.br)

Revista Veja, Editora Abril, edição 1802, ano 36, nº 19 de 14 de maio de 2003, página 20

ARGUMENTOS E PROGRESSÃO DE IDÉIAS

Tão importante quanto ter conhecimento sobre o que se vai escrever, é ter poder de

argumentação para convencer os leitores de que nossas idéias são lógicas e devem ser levadas a

sério. Para que isso ocorra, será necessário que o escritor trabalhe seu poder de raciocínio e que

haja uma espécie de progressão temática no decorrer do texto, caso contrário, teremos o que

chamamos de circunlóquio, ou seja, idéias repetidas com palavras diferentes, o que é altamente

prejudicial ao entendimento global dos argumentos.

A seguir, iremos ler um texto de autoria do senador Cristovam Buarque. O escritor, de

modo bastante claro discute um tema que sempre é lembrado nas rodas de conversa. Mas, no

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES

lugar de repetir fórmulas feitas, prefere, em um tom bastante coloquial, contrariar o senso

comum e discutir seu ponto de vista com relação à problemática escolhida para o debate de

idéias.

A Internacionalização do Mundo

Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bempara o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentemaumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade.

Da mesma forma, o capitinternacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decdos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundoFrança. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

lugar de repetir fórmulas feitas, prefere, em um tom bastante coloquial, contrariar o senso

comum e discutir seu ponto de vista com relação à problemática escolhida para o debate de

A Internacionalização do Mundo

Cristovam Buarque

Durante debate em uma Universidade, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para uma resposta minha.

De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade.

Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentemaumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decdos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo

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lugar de repetir fórmulas feitas, prefere, em um tom bastante coloquial, contrariar o senso

comum e discutir seu ponto de vista com relação à problemática escolhida para o debate de

A Internacionalização do Mundo

Durante debate em uma Universidade, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo

um humanista e não de um brasileiro. a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista

como o ponto de partida para uma resposta minha. De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a

internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem

Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O

estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade.

al financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de . O Louvre não deve pertencer apenas à

França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido

Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES

menos Manhatan deveria peVeneza, Roma, beleza especifica, sua

Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixánas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes dprovocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas floresda dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o pais onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa. Vejamos agora uma caso em que a argumentação não se sustenta. Embora tecnicamente bem escriMainardi, não encontra sustentação no que diz respeito ao poder de argumentação.

O HINO SÓ ATRAPALHA

Diogo Mainardi

podem ouvir um brado retumbante? Edmílson sabe a diferença entre um lábaro, uma flâmula e uma bandeira? Juninho Paulista já viu um céu risonho em nosso impávido colosso? É natural que, com essas porcarias na ctropeçando na bola.

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza especifica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixánas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes dprovocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças

as, todas elas, não importando o pais onde nasceram, como patrimônio ece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia.

Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.

Vejamos agora uma caso em que a argumentação não se sustenta. Embora tecnicamente bem escrito, o texto abaixo, de autoria do jornalista Diogo Mainardi, não encontra sustentação no que diz respeito ao poder de argumentação.

O HINO SÓ ATRAPALHA

Os jogadores brasileiros cantaram direitinho o Hino Nacional. O esforço para memorizá-lo os atordoou. Tanto que só conseguiram ganhar da Turquia graças a um gol roubado. Compare o hino turco com o brasileiro. O turco tem apenas oito versos. Encontram-se temas comuns a outros hinos, como sacrifício, liberdade, sangue, bandeira e heroísmo, maaparecem de maneira simples, direta. O hino brasileiro é o oposto: longo demais, rebuscado demais, palavroso demais, com seus vinte e tantos adjetivos. Perdeem construções em ordem inversa, em ridículas prosopopéias. Roque Júnior entende como as margens plácidas do Ipiranga

podem ouvir um brado retumbante? Edmílson sabe a diferença entre um lábaro, uma flâmula e uma bandeira? Juninho Paulista já viu um céu risonho em nosso impávido colosso? É natural que, com essas porcarias na ctropeçando na bola.

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rtencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, , Recife, cada cidade, com sua

história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la

nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis

Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm tais do mundo em troca

da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças

as, todas elas, não importando o pais onde nasceram, como patrimônio ece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia.

Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja

Vejamos agora uma caso em que a argumentação não se sustenta. to, o texto abaixo, de autoria do jornalista Diogo

Mainardi, não encontra sustentação no que diz respeito ao poder de

Os jogadores brasileiros cantaram direitinho o Hino lo os atordoou. Tanto que

só conseguiram ganhar da Turquia graças a um gol roubado. Compare o hino turco com o brasileiro. O turco tem apenas oito

se temas comuns a outros hinos, como sacrifício, liberdade, sangue, bandeira e heroísmo, mas eles aparecem de maneira simples, direta. O hino brasileiro é o oposto: longo demais, rebuscado demais, palavroso demais, com seus vinte e tantos adjetivos. Perde-se em redundâncias, em construções em ordem inversa, em ridículas prosopopéias.

r entende como as margens plácidas do Ipiranga podem ouvir um brado retumbante? Edmílson sabe a diferença entre um lábaro, uma flâmula e uma bandeira? Juninho Paulista já viu um céu risonho em nosso impávido colosso? É natural que, com essas porcarias na cabeça, eles acabem

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES

O hino chinês também é melhor que o brasileiro. "Com o nosso sangue e a nossa carne, construamos outra Grande Muralha." Tem onze versos, sendo que a maioria repete "avante, avante, avante" e "marchar, marchar, marchaadversários do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo, só a Costa Rica possui um hino espalhafatoso e adjetivado como o nosso: "Nobre pátria tua formosa bandeira, abaixo do límpido azul de teu céu, branca e pura descansa a paz, na luta tenaz de fecundo labor". Mas os costaseu hino é mais curto e, portanto, menos patético.

O hino brasileiro foi composto por Francisco Manuel da Silva em 1831. Só em 1922, porém, ganhou uma letra oficial, de autoria de um poetesquecido chamado Joaquim Osório Duque Estrada. Ou seja, o hino ficou 91 anos sem ter uma letra. Proponho um retorno a esses velhos tempos. Vamos abolir a letra do nosso hino. Foi o que fez a Espanha depois do fim da ditadura franquista: eliminou a letra do hino e manteve apenas a música. Hoje em dia, os jogadores espanhóis se limitam a cantarolar: "Lábola desse jeito. Podemos também imitar a Alemanha, que cortou partes de seu hino, em particular asproblema, nesse caso, é saber qual estrofe salvar do hino brasileiro. A que começa com "Brasil, um sonho intenso, um raio vívido" ou a que começa com "Deitado eternamente em berço esplêndido"?

Outra saída é trocar de hino. Já tentamos fazêproclamação da República, nossos chefes militares armaram um concurso para escolher um novo hino, porque o velho evocava o império. O vencedor se caracterizou pela mais escandalosa tentativacremos que escravos outrora tenha havido em tão nobre país". Isso no Brasil, um dos últimos lugares do mundo a abolir a escravidão. Ainda bem que Deodoro da Fonseca se recusou a adotácondição de hino da proclamação da República.

Esqueça o hino, Cafu. Tire a mão do peito, Ronaldinho Gaúcho. A partir de agora, pensem apenas em cobrir a zaga e em chutar direito para o gol.

SOBRE A TÉCNICA DISSERTATIVA

sobre a técnica de escrever um texto dissertativo

1º. Passo: Estudo da tese.

Em todas as propostas de redação, o vestibulando recebe uma tese ou uma orientação, que traz

com detalhes o que é proposto para a constru

dessa proposta, tentando extrair a palavra chave e o tema principal que deve ser trabalhado.

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

O hino chinês também é melhor que o brasileiro. "Com o nosso sangue e a nossa carne, construamos outra Grande Muralha." Tem onze versos, sendo que a maioria repete "avante, avante, avante" e "marchar, marchar, marchaadversários do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo, só a Costa Rica possui um hino espalhafatoso e adjetivado como o nosso: "Nobre pátria tua formosa bandeira, abaixo do límpido azul de teu céu, branca e pura descansa a paz, na luta

ecundo labor". Mas os costa-riquenhos levam uma vantagem sobre nós: seu hino é mais curto e, portanto, menos patético.

O hino brasileiro foi composto por Francisco Manuel da Silva em 1831. Só em 1922, porém, ganhou uma letra oficial, de autoria de um poetesquecido chamado Joaquim Osório Duque Estrada. Ou seja, o hino ficou 91 anos sem ter uma letra. Proponho um retorno a esses velhos tempos. Vamos abolir a letra do nosso hino. Foi o que fez a Espanha depois do fim da ditadura franquista:

nou a letra do hino e manteve apenas a música. Hoje em dia, os jogadores espanhóis se limitam a cantarolar: "Lá-lalá-lalá-lalááá". Fica bem mais fácil jogar bola desse jeito. Podemos também imitar a Alemanha, que cortou partes de seu hino, em particular as que recordavam os sonhos de supremacia dos nazistas. O problema, nesse caso, é saber qual estrofe salvar do hino brasileiro. A que começa com "Brasil, um sonho intenso, um raio vívido" ou a que começa com "Deitado eternamente em berço esplêndido"?

saída é trocar de hino. Já tentamos fazê-lo no passado. Depois da proclamação da República, nossos chefes militares armaram um concurso para escolher um novo hino, porque o velho evocava o império. O vencedor se caracterizou pela mais escandalosa tentativa de remoção histórica: "Nós nem cremos que escravos outrora tenha havido em tão nobre país". Isso no Brasil, um dos últimos lugares do mundo a abolir a escravidão. Ainda bem que Deodoro da Fonseca se recusou a adotá-lo como novo Hino Nacional, relegandocondição de hino da proclamação da República.

Esqueça o hino, Cafu. Tire a mão do peito, Ronaldinho Gaúcho. A partir de agora, pensem apenas em cobrir a zaga e em chutar direito para o gol.

SOBRE A TÉCNICA DISSERTATIVA

Leia abaixo as recomendações de uma página da Internet

sobre a técnica de escrever um texto dissertativo

Em todas as propostas de redação, o vestibulando recebe uma tese ou uma orientação, que traz

com detalhes o que é proposto para a construção da redação. É necessário fazer um estudo

dessa proposta, tentando extrair a palavra chave e o tema principal que deve ser trabalhado.

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O hino chinês também é melhor que o brasileiro. "Com o nosso sangue e a nossa carne, construamos outra Grande Muralha." Tem onze versos, sendo que a maioria repete "avante, avante, avante" e "marchar, marchar, marchar". Dos adversários do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo, só a Costa Rica possui um hino espalhafatoso e adjetivado como o nosso: "Nobre pátria tua formosa bandeira, abaixo do límpido azul de teu céu, branca e pura descansa a paz, na luta

riquenhos levam uma vantagem sobre nós:

O hino brasileiro foi composto por Francisco Manuel da Silva em 1831. Só em 1922, porém, ganhou uma letra oficial, de autoria de um poeta justamente esquecido chamado Joaquim Osório Duque Estrada. Ou seja, o hino ficou 91 anos sem ter uma letra. Proponho um retorno a esses velhos tempos. Vamos abolir a letra do nosso hino. Foi o que fez a Espanha depois do fim da ditadura franquista:

nou a letra do hino e manteve apenas a música. Hoje em dia, os jogadores lalááá". Fica bem mais fácil jogar

bola desse jeito. Podemos também imitar a Alemanha, que cortou partes de seu que recordavam os sonhos de supremacia dos nazistas. O

problema, nesse caso, é saber qual estrofe salvar do hino brasileiro. A que começa com "Brasil, um sonho intenso, um raio vívido" ou a que começa com "Deitado

lo no passado. Depois da proclamação da República, nossos chefes militares armaram um concurso para escolher um novo hino, porque o velho evocava o império. O vencedor se

de remoção histórica: "Nós nem cremos que escravos outrora tenha havido em tão nobre país". Isso no Brasil, um dos últimos lugares do mundo a abolir a escravidão. Ainda bem que Deodoro da

lo como novo Hino Nacional, relegando-o à mera

Esqueça o hino, Cafu. Tire a mão do peito, Ronaldinho Gaúcho. A partir de agora, pensem apenas em cobrir a zaga e em chutar direito para o gol.

recomendações de uma página da Internet

sobre a técnica de escrever um texto dissertativo

Em todas as propostas de redação, o vestibulando recebe uma tese ou uma orientação, que traz

ção da redação. É necessário fazer um estudo

dessa proposta, tentando extrair a palavra chave e o tema principal que deve ser trabalhado.

Page 70: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 70

2º. Passo: Introdução

Após extrair da orientação sua idéia básica, você irá iniciar o seu primeiro parágrafo. Para isso,

faça uma afirmação pessoal em torno do assunto, evidenciando sua opinião sobre a tese. Para se

tornar mais simples a introdução do assunto podem ser usadas expressões do tipo “É

inadmissível”, “É vergonhoso”, “É inevitável”, “É inaceitável” e assim por diante. Após inserir

o assunto, partimos então para a análise da conseqüência imediata causada pelo assunto

tratado. Nesse caso, tente relacionar conseqüências de caráter mais social.

3º. Passo: Desenvolvimento

O desenvolvimento é elaborado em no máximo três parágrafos.

No segundo parágrafo da redação, vamos contestar a tese, tentando buscar o porquê de haver

tal problema ou tal situação.

No terceiro parágrafo trabalha-se o elemento que cria uma contradição com o assunto tratado,

com a tese em geral. Para ficar mais simples a comparação pode-se iniciar com “Enquanto...”.

O quarto parágrafo trabalha a exemplificação, que torna o texto muito mais rico e interessante.

Por isso é importante sempre ler jornais e revistas, para que tenha algum assunto para usar

como exemplo.

4º. Passo: Conclusão

Agora que já foram trabalhados os quatro parágrafos (introdução + desenvolvimento) podemos

partir para a conclusão. Concluir um texto é simples e importantíssimo. Se você trabalhou bem

o tema e tem bastante informação sobre o assunto, será ainda mais simples. Na conclusão, que

é o último parágrafo, tentamos fazer sugestões, citações e uma síntese geral, objetiva, do

assunto tratado durante o texto.

Tipos de Introdução

Page 71: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 71

A introdução da dissertação traz ao leitor o tema a ser discutido além de, muitas vezes,

trazer sob qual ângulo a questão será discutida. Dessa forma, é ela quem provoca no leitor o

primeiro impacto, é ela a apresentação de seu texto e, portanto deve ser muito bem trabalhada,

o que não é tão difícil, pois há várias boas maneiras de começar uma dissertação. As formas

abaixo são algumas possíveis, mas, certamente, não são as únicas.

Vale ainda salientar que a introdução só deve ser feita após estar concluído o "Projeto de

Texto".

Roteiro

Como em toda introdução, o tema deve estar presente.

Além disso, neste tipo é apresentado ao leitor o roteiro de discussão que será seguido

durante o desenvolvimento. Para exemplificação, suponhamos o tema:

A questão do menor no Brasil

Uma possível introdução seria:

Para se analisar a questão da violência contra o menor no Brasil é essencial que se

discutam suas causas e suas conseqüências.

0 principal defeito em uma redação que utiliza este tipo de introdução é seguir outro roteiro

que não seja o nela citado.

Hipótese (hipo) tese

Este tipo de introdução traz o ponto de vista a ser defendido, ou seja, a tese que se pretende

provar durante o desenvolvimento. Evidentemente a tese será retomada – e não copiada - na

conclusão.

Vejamos um exemplo para o mesmo tema:

Page 72: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 72

A questão da violência contra o menor tem origem na miséria - a principal

responsável pela desagregação familiar.

0 principal risco desse tipo de introdução é não ser capaz de realmente comprovar a tese

apresentada.

Perguntas

Esta introdução constitui-se de uma série de perguntas sobre o tema.

Exemplo:

É possível imaginar o Brasil como um pais desenvolvido e com justiça social

enquanto existir tanta violência contra o menor?

O principal problema neste tipo de introdução é não responder, ou responder de forma

ineficaz, as perguntas feitas. Além disso, por ser uma forma bastante simples de começar um

texto, às vezes não consegue atrair suficientemente a atenção do leitor.

Histórica

Esta introdução traça um rápido panorama histórico da questão, servindo muitas vezes de

contraponto ao presente.

Às crianças nunca foi dada a importância devida. Em Canudos e em Palmares não

foram poupadas. Na Candelária ou na praça da Sé continuam não sendo.

Deve-se tomar o cuidado de se escolher fatos históricos conhecidos e significativos para o

desenvolvimento que se pretende dar ao texto.

Compararão - por semelhança ou oposição

Procura-se neste tipo de introdução mostrar como o tema, ou aspectos dele, se assemelham

- ou se opõem - a outros.

Page 73: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 73

É comum encontrar crianças de dez anos de idade vendendo balas nas esquinas

brasileiras. Na França, nos EUA ou na Inglaterra - países desenvolvidos - nessa idade

as crianças estão na escola e não submetidas a violência das ruas.

É bastante importante que a comparação seja adequada e sirva a algum propósito bem claro

- no caso, mostrar o subdesenvolvimento brasileiro na questão do menor.

Definição

Parte da definição do significado do tema, ou de uma parte dele.

Menor: o mais pequeno, de segundo plano, inferior, aquele que não atingiu a

maioridade. O uso da palavra “menor” para se referir às crianças no Brasil já

demonstra como são tratadas: em segundo plano.

Vale perceber que há, muitas vezes, mais de uma maneira de se definir algo e, portanto a

escolha da definição mais adequada dependera do ponto de vista a ser defendido.

Contestação

Contesta uma idéia ou uma citação conhecida.

O Brasil é o país do futuro. A criança é o futuro do país. Ora, se a criança no Brasil

passa fome, é submetida às mais diversas formas de violência física, não tem escola,

nem saúde, como pode ser esse o pais do futuro? Ou será que a criança não é o futuro

do país?

Repare como esse tipo de introdução pode ser bastante atraente, uma vez que desfazer

clichês atrai mais a atenção do que usá-los.

Narração

Trata-se de contar um pequeno fato de relevância como ponto de partida para a análise do

tema.

Page 74: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 74

Sentar numa frigideira com óleo quente foi o castigo imposto ao pequeno D., de um

ano e meio, pelo pai, alcoólatra. Temendo ser preso, ele levou a criança a um hospital

uma semana depois. A mulher, também vitima de espancamentos, o denunciou à

polícia. O agressor fugiu.

Cuidado, ao fazer este tipo de introdução, para não cometer o erro de contar um fato sem

relevância, ou transformar toda sua dissertação em uma narrativa.

Estatística

Consiste em se apresentar dados estatísticos relativos à questão a ser tratada.

Quarenta mil crianças morreram hoje no mundo, vítimas de doenças comuns

combinadas com a desnutrição. Para cada criança que morreu hoje, muitas outras

vivem com a saúde debilitada. Entre os sobreviventes, metade nunca colocará os pés

em uma sala de aula. Isso não é uma catástrofe futura. Isso aconteceu ontem, está

acontecendo hoje. E irá acontecer amanhã, exceto se o mundo decidir proteger suas

crianças.

Veja que o dado estatístico, muitas vezes, não diz nada por si só. E necessário que ele

apareça acompanhado de uma análise criteriosa.

Mista

Procura fundir várias formas de introdução. Veja como o exemplo dado em contestação traz

também a introdução com perguntas. Vejamos um outro possível exemplo.

Crianças mortas em frente a Igreja da Candelária. Denúncias de meninas se

prostituindo nas cidades e nos campos. Garotos vendendo balas nas esquinas. Não é

possível imaginar o Brasil um país desenvolvido e com justiça social enquanto perdurar

tão triste quadro.

Page 75: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

QUE EVITAR EM UM TEXTO?

Embora não exista uma fórmula mágica para escrever uma redação para

sempre alguns casos que podem ser evitados. Veja os casos mais significativos a seguir:

1. Vícios de linguagem

São alterações defeituosas que sofre a língua em sua pronúncia e

escrita devidas à ignorância do povo ou ao descaso de alguns

escritores. São devidas, em grande parte, à suposta idéia da afinidade

de forma ou pensamento.

Os vícios de linguagem são: barbar

estrangeirismo, solecismo, obscuridade, hiato, colisão, neologismo, preciosismo, pleonasmo.

BARBARISMO :

É o vício de linguagem que consiste em usar uma palavra errada quanto à grafia, pronúncia,

significação, flexão ou formação. Assim sendo, divide

semântico, morfológico e mórfico.

• Gráficos: hontem, proesa, conssessiva, aza, por: ontem, proeza, concessiva e asa.

• Ortoépicos: interesse, carramanchão, subcistir, po

subsistir.

• Prosódicos: pegada, rúbrica, filântropo, por: pegada, rubrica, filantropo.

• Semânticos: Tráfico (por tráfego) indígena (como sinônimo de índio, em vez de

autóctone).

• Morfológicos: cidadões, uma telefonema, proporam, rea

telefonema, propuseram, reouve, deteve.

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

QUE EVITAR EM UM TEXTO?

Embora não exista uma fórmula mágica para escrever uma redação para

sempre alguns casos que podem ser evitados. Veja os casos mais significativos a seguir:

1. Vícios de linguagem

São alterações defeituosas que sofre a língua em sua pronúncia e

escrita devidas à ignorância do povo ou ao descaso de alguns

escritores. São devidas, em grande parte, à suposta idéia da afinidade

de forma ou pensamento.

Os vícios de linguagem são: barbarismo, anfibologia, cacofonia, eco, arcaísmo, vulgarismo,

estrangeirismo, solecismo, obscuridade, hiato, colisão, neologismo, preciosismo, pleonasmo.

É o vício de linguagem que consiste em usar uma palavra errada quanto à grafia, pronúncia,

nificação, flexão ou formação. Assim sendo, divide-se em: gráfico, ortoépico, prosódico,

semântico, morfológico e mórfico.

: hontem, proesa, conssessiva, aza, por: ontem, proeza, concessiva e asa.

: interesse, carramanchão, subcistir, por: interesse, caramanchão,

: pegada, rúbrica, filântropo, por: pegada, rubrica, filantropo.

: Tráfico (por tráfego) indígena (como sinônimo de índio, em vez de

: cidadões, uma telefonema, proporam, reavi, deteu, por: cidadãos, um

telefonema, propuseram, reouve, deteve.

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Embora não exista uma fórmula mágica para escrever uma redação para vestibular, há

sempre alguns casos que podem ser evitados. Veja os casos mais significativos a seguir:

São alterações defeituosas que sofre a língua em sua pronúncia e

escrita devidas à ignorância do povo ou ao descaso de alguns

escritores. São devidas, em grande parte, à suposta idéia da afinidade

ismo, anfibologia, cacofonia, eco, arcaísmo, vulgarismo,

estrangeirismo, solecismo, obscuridade, hiato, colisão, neologismo, preciosismo, pleonasmo.

É o vício de linguagem que consiste em usar uma palavra errada quanto à grafia, pronúncia,

se em: gráfico, ortoépico, prosódico,

: hontem, proesa, conssessiva, aza, por: ontem, proeza, concessiva e asa.

r: interesse, caramanchão,

: pegada, rúbrica, filântropo, por: pegada, rubrica, filantropo.

: Tráfico (por tráfego) indígena (como sinônimo de índio, em vez de

vi, deteu, por: cidadãos, um

Page 76: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 76

• Mórficos: antidiluviano, filmeteca, monolinear, por: antediluviano, filmoteca,

unlinear.

OBS.: Diversos autores consideram barbarismo palavras, expressões e construções

estrangeiras, mas, nesta apostila, elas serão consideradas "estrangeirismos."

AMBIGÜIDADE OU ANFIBOLOGIA :

É o vício de línguagem que consiste em usar diversas palavras na frase de maneira a causar

duplo sentido na sua interpretação.

Ex.: Não se convence, enfim, o pai, o filho, amado. O chefe discutiu com o

empregado e estragou seu dia. (nos dois casos, não se sabe qual dos dois é autor, ou

paciente).

CACOFONIA :

Vício de linguagem caracterizado pelo encontro ou repetição de fonemas ou sílabas que

produzem efeito desagradável ao ouvido. Constituem cacofonias:

• A colisão.

Ex.: Meu Deus não seja já.

• O eco

Ex.: Vicente mente constantemente.

• o hiato

Ex.: Ela iria à aula hoje, se não chovesse

Page 77: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 77

• O cacófato

o Ex.: Tem uma mão machucada: A aliteração - Ex.: Pede o Papa paz ao

povo. O antônimo é a "eufonia".

ECO:

Espécie de cacofonia que consiste na seqüência de sons vocálicos, idênticos, ou na

proximidade de palavras que têm a mesma terminação. Também se chama assonância.

Ex.: É possível a aprovação da transação sem concisão e sem associação.

De repente, o presidente ficou extremamente doente com dor de dente.

Na poesia, a "rima" é uma forma normal de eco. São expressivas as repetições vocálicas a

curto intervalo que visam à musicalidade ou à imitação de sons da natureza (harmonia

imitativa); "Tíbios flautins finíssimos gritavam" (Bilac).

ARCAÍSMO :

Palavras, expressões, construções ou maneira de dizer que deixaram de ser usadas ou

passaram a ter emprego diverso.

Na língua viva contemporânea: asinha (por depressa), assi (por assim) entonces (por então),

vosmecê (por você), geolho (por joelho), arreio (o qual perdeu a significação antiga de

enfeite), catar (perdeu a significação antiga de olhar), faria-te um favor (não se coloca mais

o pronome pessoal átono depois de forma verbal do futuro do indicativo), etc.

VULGARISMO :

É o uso lingüístico popular em contraposição às doutrinas da linguagem culta da mesma

região.

O vulgarismo pode ser fonético, morfológico e sintático.

Page 78: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 78

• Fonético:

o A queda dos erres finais: anda, comê, etc. A vocalização do "L " final nas

sílabas.

o

Ex.: mel = meu , sal = saú etc.

o A monotongação dos ditongos.

Ex.: estoura = estóra, roubar = robar.

o A intercalação de uma vogal para desfazer um grupo consonantal.

Ex.: advogado = adevogado, rítmo = rítimo, psicologia = pissicologia.

• Morfológico e sintático:

o Temos a simplificação das flexões nominais e verbais.

o Ex.: Os aluno, dois quilo, os homê brigou.

o Também o emprego dos pronomes pessoais do caso reto em lugar do oblíquo.

o Ex.: vi ela, olha eu, ó gente, etc.

ESTRANGEIRISMO :

Todo e qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras em nosso

idioma recebe denominação de estrangeirismo. Classificam-se em: francesismo, italianismo,

espanholismo, anglicismo (inglês), germanismo (alemão), eslavismo (russo, polaço, etc.),

arabismo, hebraísmo, grecismo, latinismo, tupinismo (tupi-guarani), americanismo (línguas

da América) etc...

O estrangeirismo pode ser morfológico ou sintático.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 79

• Estrangeirismos morfológicos:

Francesismo: abajur, chefe, carnê, matinê etc...

Italianismos: ravioli, pizza, cicerone, minestra, madona etc...

Espanholismos: camarilha, guitarra, quadrilha etc...

Anglicanismos: futebol, telex, bofe, ringue, sanduíche breque.

Germanismos: chope, cerveja, gás, touca etc...

Eslavismos: gravata, estepe etc...

Arabismos: alface, tarimba, açougue, bazar etc...

Hebraísmos: amém, sábado etc...

Grecismos: batismo, farmácia, o limpo, bispo etc...

Latinismos: index, bis, memorandum, quo vadis etc...

Tupinismos: mirim, pipoca, peteca, caipira etc...

Americanismos: canoa, chocolate, mate, mandioca etc...

Orientalismos: chá, xícara, pagode, kamikaze etc...

Africanismos: macumba, fuxicar, cochilar, samba etc...

Estrangeirismos Sintáticos:

Exemplos:

Saltar aos olhos (francesismo);

Pedro é mais velho de mim. (italianismo);

O jogo resultou admirável. (espanholismo);

Porcentagem (anglicanismo), guerra fria (anglicanismo) etc...

SOLECISMOS:

São os erros que atentam contra as normas de concordância, de regência ou de colocação.

Exemplos:

• Solecimos de regência:

Ontem assistimos o filme (por: Ontem assistimos ao filme).

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 80

Cheguei no Brasil em 1923 (por: Cheguei ao Brasil em 1923).

Pedro visava o posto de chefe (correto: Pedro visava ao posto de chefe).

• Solecismo de concordância:

Haviam muitas pessoas na festa (correto: Havia muitas pessoas na festa)

O pessoal já saíram? (correto: O pessoal já saiu?).

• Solecismo de colocação:

Foi João quem avisou-me (correto: Foi João quem me avisou).

Me empresta o lápis (Correto: Empresta-me o lápis).

OBSCURIDADE:

Vício de linguagem que consiste em construir a frase de tal modo que o sentido se torne

obscuro, embaraçado, ininteligível. Em um texto, as principais causas da obscuridade são: o

abuso do arcaísmo e o neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a sínquise

(hipérbato vicioso), o parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes)

as circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as construções

intrincadas e a má pontuação.

Ex.: Foi evitada uma efusão de sangue inútil (Em vez de efusão inútil de

sangue).

NEOLOGISMO:

Palavra, expressão ou construção recentemente criadas ou introduzidas na língua.

Costumam-se classificar os neologismos em:

• Extrínsecos: que compreendem os estrangeirismos.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 81

• Intrínsecos: (ou vernáculos), que são formados com os recursos da própria língua.

Podem ser de origem culta ou popular.

Os neologismos de origem culta subdividem-se em:

• Científicos ou técnicos: aeromoça, penicilina, telespectador, taxímetro (redução:

táxi), fonemática, televisão, comunista, etc...

• Literários ou artísticos: olhicerúleo, sesquiorelhal, paredro (= pessoa importante,

prócer), vesperal, festival, recital, concretismo, modernismo etc...

OBS.: Os neologismos populares são constituídos pelos termos de gíria. "Manjar"

(entender, saber do assunto), "a pampa", legal (excelente), Zico, biruta, transa,

psicodélico etc...

PRECIOSISMO:

Expressão rebuscada. Usa-se com prejuízo da naturalidade do estilo. É o que o povo chama

de "falar difícil", "estar gastando".

Ex.: "O fulvo e voluptoso Rajá celeste derramará além os fugitivos esplendores da

sua magnificência astral e rendilhara d’alto e de leve as nuvens da delicadeza,

arquitetural, decorativa, dos estilos manuelinos."

OBS.: O preciosismo também pode ser chamado de PROLEXIDADE .

PLEONASMO:

Emprego inconsciente ou voluntário de palavras ou expressões involuntárias, desnecessárias,

por já estar sua significação contida em outras da mesma frase.

O pleonasmo, como vício de linguagem, contém uma repetição inútil e desnecessária dos

elementos.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 82

Exemplos:

Voltou a estudar novamente.

Ele reincidiu na mesma falta de novo.

Primeiro subiu para cima, depois em seguida entrou nas nuvens.

O navio naufragou e foi ao fundo. Neste caso, também se chama perissologia ou tautologia.

FONTE:http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/portugues/gramatica/vicios_linguagem.htm

2. Frases-feitas

Um outro defeito que deve ser evitado nos textos dissertativos (e em quaisquer outros) é

o uso de expressões já vulgarizadas pelo uso excessivo. Não se trata de um caso de erro

gramatical, mas sim de uma questão de criatividade. Se todo mundo usa as mesmas frases, os

textos ficarão sem originalidade. Veja a seguir algumas frases que devem ser evitadas a todo

custo:

- Arrebentar a boca do balão

- Silencio sepulcral

- A vida é uma caixinha de surpresas

- No Brasil, o rico cada dia fica mais rico e o pobre fica cada vez mais pobre.

- Caso haja pena de morte no Brasil, somente negros e pobres irão morrer.

- Vitória esmagadora.

- Somente Jesus cristo salvará o nosso povo desta crise.

- Cair pelas tabelas

- Esmagadora maioria

- Chover no m olhado

- Botar pra quebrar

- Passar em brancas nuvens

- Ver o sol nascer quadrado

- Segurar com unhas e dentes

- Ficar literalmente arrasado

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 83

- Dizer cobras e lagartos

- Estar com a bola toda

- Agradar a gregos e troianos

- Nem mesmo Jesus Cristo agradou a todos

3. Vícios de raciocínio

Como o nome já indica, trata-se de uma falha na articulação das idéias. A mais comum

de todas é a que traz generalizações com vestes de verdade absoluta, ou seja, o escritor sai de

um ou de vários casos particulares e cria uma espécie de regra que ele tenta impor como sendo

verdade universal. Vejamos alguns casos:

- Mulher não sabe dirigir.

- Toda loira é burra.

- Todo político é corrupto.

- Todo homem é safado.

- Os cariocas são malandros

- Os baianos são preguiçosos

Agora vamos ler e comentar algumas redações de alunos aprovados. Aproveitaremos para ver o

que deve ou não ser feito em nossos próximos textos:

REDAÇÃO 01

NOME: LUCIANA PAULINO MAGAZONI

(ESCOLA PARTICULAR)

SÃO PAULO / SP

HISTÓRIA (1A OPÇÃO)

Globalização X exclusão

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 84

Se há anos perguntássemos acerca das expectativas da população para o mundo no ano 2000, não seria árdua tarefa depararmo-nos com as mais fantasiosas projeções: o mundo seria um desenho animado futurista. Robôs conviveriam com os humanos, desempenhariam tarefas domésticas impecavelmente e até arrumariam a gola das camisas dos patrões antes que estes se dirigissem ao trabalho. Hoje, às portas do terceiro milênio, a constatação da miséria e das desigualdades sociais, políticas e tecnológicas entre povos e nações faz-nos crer que as projeções do passado se distanciam da realidade.

A comunidade científica tem caminhado a passos largos em direção a importantíssimas descobertas nas últimas décadas. A concretização do projeto Genoma deflagra infinitos avanços desde os primeiros estudos mendelianos e aponta para uma transformação ideológica, ao passo que põe em pauta temas polêmicos como a seleção artificial e até mesmo “melhoramento” intraespecífico. O desenvolvimento e o uso de satélites de ponta criaram o fenômeno da simultaneidade, e, aparentemente, os meios de comunicação e redes como a Internet colocam o homem sob a condição de cidadão do mundo. Apesar de todos esses pontos, que evidentemente convergem com as ditas projeções futuristas, há questões centrais: A quem se destina essa tecnologia? Quem dela usufrui? Quem a manipula? De quem é o poder?

Seria em demasia ingênuo acreditar que a população mundial goza das mesmas condições de vida e que todas essas conquistas humanas são acessadas de forma igualitária. Estabelece-se uma dialética, e um abismo se entrepõe ante o desenvolvimento e a exclusão, a riqueza e a marginalização. São milhões de famintos pelo mundo, pessoas que sequer sentaram-se em bancos escolares e que, submetidos a condições subumanas, não podem exercer sua cidadania e reivindicar o que lhes é de direito. A mesma relação se estende a países, tendo em vista que há a supremacia de uma minoria que explora as demais nações política e economicamente. É inegável que movimentos xenófobos apontam para a marginalização de dadas etnias, culturas e religiões. O regionalismo evidente na formação dos denominados “blocos econômicos” entre os países divide o mundo em ricos e pobres, e a exclusão é inerente a esse atroz processo.

Globalização? Inexistência de fronteiras? As respostas a essas indagações requerem ponderações. Sem sermos maniqueístas, é impossível afirmar que a humanidade evolui e ultrapassa barreiras. Enquanto descaso governamental, exclusão social e penúria coexistirem com a tecnologia e a dita modernidade, homens continuarão se degladiando pelo poder, e este será local.

COMENTÁRIOS______________________________________________________________

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REDAÇÃO 02

NOME: BÁRBARA SILVEIRA FALLEIROS

(ESCOLA PARTICULAR)

CAMPINAS / SP

LETRAS – LICENCIATURA E BACHARELADO (D) (1A OPÇÃO)

Um paradoxo da modernidade: eliminação de fronteiras,

criação de fronteiras

Aldous Huxley, quando escreveu Admirável mundo novo, talvez não imaginasse estar criando a brilhante antevisão de uma sociedade tecnológica que se formaria quase cinqüenta anos antes do que ele previa em seu livro. Ao descrever uma realidade futurista baseada no quase absoluto controle do conhecimento científico, formou personagens sem aquilo que Nietzsche chamava de “vida vermelha viva”, sem a essência, pessoas fabricadas numa produção em série, massificadas, iguais.

Quando nos vemos hoje diante da eliminação de fronteiras, sejam elas científicas, como em Admirável mundo novo, ou de ordem geográfica ou econômica, somos inclinados a pensar: estariam as fronteiras que separam o individual do coletivo também sendo eliminadas, e nós, caminhando para um futuro de igualdade?

Temos um mundo baseado no controle de conhecimentos tecnológicos. O progresso científico fez as informações chegarem a qualquer lugar do mundo em instantes, com a formação de redes como a Internet. A fabricação da vida está a

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 86

um passo de ser controlada, com experiências genéticas como a que envolveu a ovelha Dolly, o Projeto Genoma ou o útero artificial criado na Universidade de Tóquio.

A uniformização da cultura é outro fruto do mundo globalizado. As empresas multinacionais, que dominam as relações econômicas, contribuem para isso. Palavras e expressões da língua inglesa estão tão incorporadas ao nosso vocabulário que nem percebemos o quão estranho é dizer “vamos teclar”, ou “isso eu deleitei”. O McDonald’s é realmente o maior símbolo dessa uniformização cultural. Ele está instalado lá, em frente às pirâmides egípcias, com sua filial ocidentalizada exatamente igual a qualquer outra em New York. Essa padronização se percebe em tantos outros aspectos, e o mundo se torna cada vez mais americano, na fala, nas roupas, no mecanismo de pensamento.

O que tem sido feito com a cultura nos faz achar normal a exibição, em um programa de tevê, de uma mulher e seu cotidiano dentro de uma casa, como se paredes de vidros fossem a própria transgressão dos limites público-privado. Mas temos, por outro lado, pessoas isoladas em apartamentos quaisquer de megalópoles, buscando criar uma identidade, real ou não, diante de uma tela de computador. Diante de personalidades virtuais, que se criam e desfazem. Aí sim tudo é privado, porque, frente a uma realidade tão ampla, a essência não se expande e essas pessoas permanecem sozinhas.

Também quando nos deparamos com casos como o de um shopping, com um processo na justiça para impedir pessoas pobres de transitarem dentro dele, temos o mais claro exemplo de que as verdadeiras fronteiras a serem eliminadas são as únicas que são mantidas. Diversas pesquisas mostram que o índice de desigualdade social e a precariedade na distribuição igualitária de renda aumentaram nas últimas décadas. Enquanto no Japão se tem o lixo tecnológico, nos países subdesenvolvidos crianças procuram nos lixões restos de comida. E o bicho continua sendo um homem. A tecnologia capaz de mandar pessoas para morar no espaço é incapaz de fornecer saúde, alimentação e educação de qualidade para todos. Pessoas ainda morrem de fome, porque a tecnologia não é para elas. A eliminação de fronteiras, bem ou mal, é direcionada. E para manter, paradoxalmente, tudo como antes.

Comentários

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REDAÇÃO 03

NOME: EZIEL PERCINO DA SILVA

(ESCOLA PÚBLICA)

JUNDIAÍ / SP

PEDAGOGIA (D) (1A OPÇÃO)

A articulação dos novos modelos estruturais (globalização), o desenvolvimento de novas técnicas de comunicação e a nova configuração mundial (pós-guerra fria), geraram um modelo de domínio muito sutil em que a ausência do respeito e da consciência sobre “o outro” e, ainda, o sentimento de verdade unilateral sobre o espaço existencial, são fatores determinantes. Se, por um lado, a dissolução de fronteiras significa uma aproximação entre os diversos valores, por outro, assimila de maneira quase frenética “a lógica do dominador”, em que a parte “superior” manipula a história e as suas complexas elaborações segundo os seus interesses. Sendo a humanidade multifacética, uma “lógica de domínio” torna-se elemento constitutivo insuportável, gerando confrontos. Se valorizarmos a percepção desta lógica, a crença numa “ética universal” – ou seja, um conjunto de valores que sirva para todos os povos de todas as épocas – apresentar-se-á vulnerável, pois a multiplicidade será mais visível, impossibilitando um único julgamento. Ou seja, ficará nítida a distância entre a cosmovisão do dominador e a do dominado.

Por exemplo, atualmente observamos no plano geopolítico a superação das fronteiras. Mas esta realidade é, na verdade, a representação de uma realidade embutida: a legitimação da lógica capitalista. A sociedade de mercado e consumo, moldada segundo as aspirações dos países ricos, apresenta-se como única configuração histórica viável, produzindo conexões éticas que se estendem muito além dos relacionamentos econômicos e/ou políticos. É a dominação de uma cultura sobre a outra, alimentada pelo fator ideológico.

Estamos muito acostumados a ver o mundo com os nossos “olhos ocidentais”. Desrespeitamos as fronteiras, julgamos a história e seus movimentos, estabelecemos conceitos e até mesmo fazemos guerras segundo os

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 88

“olhos” que temos. Queremos que a nossa verdade seja a verdade do mundo todo. Foi desta forma que os colonizadores ocuparam a América, desconsiderando que os povos nativos tinham uma outra bagagem ética, viam o mundo e a vida de uma outra forma. Foram desta forma as Cruzadas, as guerras religiosas. Acabar com as fronteiras sempre significou construir o mundo conforme a lógica do dominador. E a lógica do dominador é sempre criar uma fronteira entre ele e o dominado.

Desta forma, torna-se imprescindível a tomada de uma “atitude profética” sobre o nosso tempo. Temos que resgatar a expressão “unidade na multiplicidade”. Ou seja, interação e diálogo entre os povos sem desrespeito às diferenças. Que a aproximação entre os valores (queda de fronteiras) não signifique a imposição de um valor sobre os outros (construção de fronteiras). A valorização dos nossos vários sistemas existenciais e a não–absolutização de um sobre o outro é uma exigência urgente que nos fará perceber a grandeza e a amplitude de tudo o que a humanidade é e produz.

Comentários

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PRÁTICA

Temos a seguir alguns trechos de redações que contêm problemas gramaticais, de

coesão, de coerência, de argumentação ou de qualquer outro aspecto. Vamos comentar cada um

deles e ver o que poderia ser feito para melhorá-los.

TRECHO 01

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 89

Mesmo o Brasil, sendo um país subdesenvolvido, a sua população é mal conscientizada,

agravando o problema da água. Juntamente a população, setores de extrema importância para a

sociedade também favorecem de forma siginificativa para o extermínio desse recurso. TEMA:

O desperdício da água no mundo

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TRECHO 02

Pura mascaração da realidade, o carnaval, faz as pessoas esquecerem dos seus

problemas, dos seus direitos e deveres como cidadães. TEMA: Carnaval como mascaramento

da realidade

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TRECHO 03

Quem rouba s tênis das crianças? Quem rouba sua bolça? São os menores. A lei acaba

deixando sem recursos a maioria, que são as vítimas.

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TRECHO 04

A televisão forma e modifica idéias, influencia no comportamento das pessoas e as

convense a comprar produtos por ela oferecidos.

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TRECHO 05

Enfim, assistir televisão de ser considerado um lazer como outro qualquer, e não uma

obrigação, como é escovar dente. Existem variados meios de comunicação que podem

proporcionar as mesmas coisas, e muitas, e muitas vezes, com maior precisão. Além do mas, é

melhor viver do que assistir à vida, e melhor ainda, é ir às comprar do que imaginar-se indo.

TEMA: Televisão

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TRECHO 06

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O homem promoveu alta tecnologia, mas não sabe utilizar de forma a oferecer a

informação, a educação, a cultura e a cidadania. TEMA: A televisão como meio de

comunicação

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TRECHO 07

Atualmente, a tecnologia também é uma forma de fazer com que essas mesmas

informações possam chegar com a mesma facilidade à todas as classes da sociedade, onde quer

que estejam. TEMA: A televisão

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TRECHO 08

O que se tem notado atualmente é o aumento do número de graduados no mercado, e,

esse número tende a aumentar com a existência de um mercado que cada dia cobra mais.

O mercado busca competência, e para tal feito, ele não irá absorver aqueles que apenas

possuem um curso superior, mas sim aquele que tendo ou não um diploma, são sinônimos de

inteligência, responsabilidade e força de vontade.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 92

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TRECHO 09

A população de Paço do Lumiar e São José de Ribamar são obrigados a passar por

situações desagradáveis quase todos os dias; sofrem com a lotação e demora dos ônibus. Sem

opção, ou por pressa mesmo, acabam recorrendo ao transporte alternativo. TEMA: transporte

alternativo.

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TRECHO 10

Acho que com está idéia de que por causa da televisão os jovens não lêem, não se está

falando mal da televisão. Geralmente está se querendo falar dos jovens, porque se deixam levar

pelo que se passa na televisão.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 93

TRECHO 11

Enquanto todas as atenções estam voltadas para a guerra dos estados Unidos com o

Iraque, o povo brasileiro sofre com uma guerra: Governo contra o crime organizado.

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TRECHO 12

Há várias formas de atacar esse problema. A principal é que a sociedade e a família se

conscientizem e estimulem seus idosos, oferecendo-lhes oportunidades de expor seus

conhecimentos adquiridos durante suas vidas. Caso contrário ele tende a aumentar e desde já é

preciso encará-lo de frente.

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Veja agora algumas falhas de alunos de anos anteriores (as de vocês – se houver – virão

nas apostilas posteriores)

� Olhos azúis

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 94

� Possuía um feitio traissoeiro

� Totalmente à favor

� Esquisofrenias

� Iam a igreja

� Vivem poucas familias onde a maioria vive da roça

� biblia

� ...um casal que se encontram juntinhos

� Cabelos castanhos caidos no rosto...

� Uma postura sempre muito seria...

� Sempre bem arrumada com um sorriso no rosto.

� Nos ultimos anos...

� O chapeu

� Essa familia tinha pessoas que eram muito religiosas. Onde a religião para eles vinha

em primeiro lugar.

� Pessoas muito espontaneas

� As melhores impressões possiveis

� Todos aparentam serem boas pessoas...

� Tranquila

� Aparenta uns trinta e cinco à quarenta anos...

� Certo animal têm como caracteristica principal...

� Quem ver até se impreciona

� Como caracteristica meio que apeladora, carrega em sua mão uma belissima rosa

vermelha.

� Tem pêlos bem macio...

� Talvéz

� Bastante semelhante a mãe...

� E por ultimo o caçula, o méis mimado por todos e o mais bagunceiro.

� Nem toda família é perfeita, mais essa parece ser uma das poucas exeções.

� E Nina com seus doze anos já prostituía-se.

� ... assistindo desenho animado...

� Uma cinta que parecei desnecessário

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 95

� Já que ném o pai ném a mãe obtiam beleza extraordinária...

� Seus filhos eram muito obdientes

� ... disperta o carinho e a simpatia de todos.

� Os seus pelos finos e macios passam a sensação de aconchego...

� Família adequada e de exêmplo para o mundo atual

� .Todo dia de domingo a família Fulano arruma-se para ira a missa.

COESÃO E COERÊNCIA

CONCEITOS BÁSICOS: Um bom texto deve estar coeso e ser coerente. COESÃO é

uma idéia mais gramatical que semântica. Ela é conseguida através do uso adequado dos

pronomes, das conjunções, dos advérbios, dos artigos e dos numerais. Mas, infelizmente, ter

um texto totalmente coeso não equivale a ter um texto excelente, pois há muitos outros fatores

que interagem para que a articulação textual fique perfeita. Por outro lado, quando falamos de

COERÊNCIA, o mais importante não é mais o fator gramatical, mas sim a organização das

idéias e a ausência de situações contraditórias.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 96

É sempre bom lembrar que o que realmente faz de um texto um Texto é a sua coerência.

Sem ela o que teremos é um amontoado de palavras alinhadas, sem tessitura e sem sentido

lógico. Logo abaixo, teremos um caso bem significativo em que a presença da coesão não

salvou a coerência textual. Veja como as idéias ficam conflitantes e sem sentido... o texto foi

tirado do livro A Coerência Textual, de autoria dos professores Ingedore Koch e Luís Carlos

Travaglia.

Era meia-noite. O sol brilhava. Pássaros cantavam pulando de galho em galho. O homem cego, sentado á mesa de roupão, esperava que lhe servisse o desjejum. Enquanto esperava, passava a mão na faca sobre a mesa, como se a acariciasse tendo idéias, enquanto olhava fixamente a esposa a sua frente. Esta, que lia o jornal, absorta em seus pensamentos, de repente começou a chorar, pois o telegrama lhe trazia a notícia de que seu irmão se enforcara em um pé de alface. O cego, pelado, com a mão no bolso, buscava consolá-la e calado dizia: a terra é uma bola quadrada que gira parada em torno do sol. Ela se queixa de que ele ficou impassível porque não é o irmão dele que vai receber as honrarias. Ele se agasta, olha-a com desdém, agarra a faca, passa manteiga na torrada e lhe oferece, num gesto de amor.

Nem precisamos comentar a leitura, pois fica claro que as partes do texto não se

encaixam perfeitamente no que diz respeito à significação, embora do ponto de vista gramatical

não apresentem problemas que possam desvirtuar o autor.

TAREFA:

Como tarefa, leia os dois textos e identifique neles os elementos que fazem a coesão,

bem como buscar possíveis incoerências (se houver).

TEXTO 01

OS PATOLÓGICOS

por Millôr Fernandes

Uma bela pata, das antigas, que acreditava na prole e na responsabilidade familiar (1), acabando de dar à luz uma maravilhosa ninhada de sete patinhos, e preocupadíssima com sua educação rápida - e eclética - num mundo em que a competição é verdadeiramente patológica (2), levou-os, certa manhã, à beira do

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 97

regato para que eles iniciassem suas aulas de natação, prática fundamental à espécie.

- Vejam só, amados filhinhos! - disse a pata, depois de verificar, com uma das patas, se a temperatura da água estava adequada. - Reparem bem na maneira correta e elegante de entrar na água (3).

Dizendo isso, atirou-se na correnteza, pousando levemente à flor das águas.

E ficou boiando, esperando, bobamente feliz, que os filhos a acompanhassem (4).

Mas os patinhos, em vez de acompanhar a mãe, numa natural compulsão biossociológica, permaneceram na margem onde estavam dando risadinhas e virando a cara, numa atitude estranha e desrespeitosa (5). A mãe, furiosa, recorreu à sua autoridade moral, e berrou para que eles a acompanhassem. Ao que o mais atrevido dos patinhos (6), naturalmente feito porta voz dos outros, dirigiu-se a ela da seguinte maneira:

- Mãe, você deve ser mesmo uma velha supremamente idiota supondo que nós vamos arriscar nossas vidas tão tenras da maneira tola porque você está arriscando a sua. Que você não tenha aprendido nada através da existência e não saiba o risco que corre se atirando num elemento tão estranho e imprevisível, ou está se arriscando simplesmente porque lhe resta muito pouco de vida, isso é lá com você. Mas nós, os jovens, sabemos mais; não nos atemos nem à filosofia do absolutismo biossocial, nem às besteiras do condicionamento total. Pois se é verdade que, devido à lei natural desconhecida para nós - nos recusamos a testá-la sem salva-vidas, pois pode ser coisa absolutamente individual -, você flutua confortavelmente (apesar do seu peso, gorda como está), isso pode não acontecer conosco. Nos atirarmos à água pode nos ser fatal. Portanto, madame, esteja certa de que só agiremos no sentido de experiências aquáticas a partir de um conhecimento mais profundo - o duplo sentido é involuntário - do líquido elemento. No momento, porém, dispensamos a sua orientação e permanecemos em terra. Tchau, bela!

Terminando, o patinho líder, seguido dos irmãos, saiu correndo veloz e alegremente em direção à granja. Mas, quando iam atravessando a estrada, os sete foram esmagados por um caminhão.

MORAL: QUASE SEMPRE A GENTE EVITA O PERIGO ERRADO.

Notas 1 Família nuclear. 2 Perdão! 3 Não existe maneira correta de entrar na água. Não existe maneira correta de fazer coisa nenhuma. 4 Êh!

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 98

5 Muito na dos sobrinhos do Tio Patinhas. 6 Um líder?

TEXTO 02

SNOOKER Millôr Fernandes

Certa vez eu jogava uma partida de sinuca e só havia a bola sete na mesa. De modo que mastiguei-a lentamente saboreando-lhe os bocados com prazer. Refiro-me à refeição que havia pedido ao garçom. Dei-lhe duas tacadas na cara. Estou me referindo à bola. Em seguida saí montado nela e a égua, de que estou falando agora, chegou calmamente à fazenda de minha mãe. Fui encontrá-la morta na mesa, meu irmão comia-lhe uma perna com prazer e ofereceu-me um pedaço: "Obrigado" disse eu, "já comi galinha no almoço".

Logo em seguida chegou minha mulher e deu-me na cara. Um beijo, digo. Dei-lhe um abraço. Fazia calor. Daí a pouco minha camisa estava inteiramente molhada. Refiro-me à que estava na corda secando, quando começou a chover. Minha sogra apareceu para apanhar a camisa. Não tive remédio senão esmagá-la com o pé. Estou falando da barata que ia trepando na cadeira.

Malaquias, meu primo, vivia com uma velha de oitenta anos. A velha era sua avó, esclareço. Malaquias tinha dezoito filhos, mas nunca se casou. Isto é, nunca se casou com uma mulher que durasse mais de um ano. Agora, sentado à nossa frente Malaquias fura o coração com uma faca. Depois corta as pernas e o sangue vermelho do porco enche a bacia.

Nos bons tempos passeávamos juntos. Eu tinha um carro. Malaquias tinha uma namorada. Um dia rolou a ribanceira. Me refiro a Malaquias. Entrou pela pretoria adentro arrebentando a porta e parou resfolegante junto do juiz pálido de susto. Me refiro ao carro. E a Malaquias.

[In Millôr Fernandes.Trinta anos de mim mesmo. São Paulo: Abril Cultural, 1973.]

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 99

E.C.T

(Nando Reis, Marisa Monte, Carlinhos Brown) Tava com cara que carimba postais Que por descuido abriu uma carta que voltou Levou um susto que lhe abriu a boca Esse recado veio pra mim, não pro senhor Recebo craque colante, dinheiro parco embrulhado Em papel carbono e barbante E até cabelo cortado, retrato de 3x4 Pra batizado distante Mas, isso aqui, meu senhor, É uma carta de amor Levo o mundo e não vou lá Levo o mundo e não vou lá Levo o mundo e não vou lá Levo o mundo e não vou... Mas esse cara tem a língua solta A minha carta ele musicou Tava em casa, a vitamina pronta Ouvindo no rádio a minha carta de amor Dizendo: eu caso contente, papel passado e presente Desembrulhado o vestido Eu volto logo, me espera Não brigue nunca comigo Eu quero ver nosso filho O professor me ensinou fazer uma carta de amor Leve o mundo que eu vou já

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 100

TEMAS DE REDAÇÃO

Colocamos a seguir alguns temas de redações dos últimos vestibulares. O objetivo é

simplesmente dar um contato mais próximo com a forma com que as universidades pedem a

redação aos candidatos a uma vaga no curso superior. Vamos analisar cada uma delas e dar

sugestões para a elaboração de textos.

01. aborto

Proposta de redação

Com base em leitura, inclusive do artigo abaixo, redija uma dissertação de 30 linhas sobre o

tema: "Aborto: uma questão policial, política, religiosa, social ou pessoal?"

Algumas considerações sobre a questão do aborto

Regina Soares Jurkewcz

Quando falamos sobre o aborto, a primeira pergunta que nos ocorre é se somos contra ou a

favor. Não é nestes termos que quero abordar a questão. O ato abortivo quase sempre acontece

acompanhado por muito sofrimento. As mulheres que o praticam, experimentam vazio,

remorso, tristeza, ainda que conscientemente tenham encontrado no aborto uma solução

imediata e uma espécie de alívio. Portanto, a questão que se coloca não é a de ser contra ou a

favor do aborto, mas de examinar as circunstâncias em que o mesmo acontece e o que pode ser

feito para diminuir o sofrimento de tantas mulheres.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 101

Estou aqui representando as Católicas pelo Direito de Decidir, ou seja um grande número

de mulheres, que são católicas e exercem o direito de decidir sobre sua vida sexual e

reprodutiva.

Gostaria de fazer essa reflexão, levando em conta 3 aspéctos:

1. Dados da realidade

2. O que diz a Igreja Católica sobre o aborto

3. O que propomos.

1. Dados da realidade:

A prática do aborto no Brasil é proibida por lei, exceto em duas situações: estupro e risco de

vida da gestante. Porém, os hospitais não estão preparados, para atender mulheres que se

enquadrem em uma dessas situações. Em São Paulo, apenas o Hospital do Jabaquara tem

implantado um programa de "aborto legal", que atende com dignidade mulheres vítimas de

estupro ou com risco de vida, mediante a apresentação de um boletim de ocorrência e com no

máximo 12 semanas de idade gestacional. Atualmente estes serviços começam a se expandir

para outros estados.

As pesquisas públicas apontam que a nível mundial, cerca de 150 mil mulheres morrem

anualmente por prática de abortos clandestinos, incompletos. No Brasil, a média de morte

materna é de 156 mulheres para cada 100 mil nascimentos. O aborto é considerado uma das

principais causas de mortalidade materna. Cerca de 60% dos leitos de ginecologia no Brasil são

ocupados por mulheres com sequelas de aborto. O número de abortos é enorme, porém não há

dados estatísticos claros, devido a clandestinidade com que é praticado.

Um estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde revelou que cerca de 45 milhões

de abortos são realizados anualmente. Entre esses abortos, em média 20 milhões são realizados

em condições inseguras e ilegais, causando a morte de mais de 70 mil mulheres por ano. É nos

países do terceiro mundo que se dão 50% dos abortos realizados no mundo.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 102

As mulheres com boas condições sociais e econômicas, procuram as clínicas particulares,

enquanto as mulheres pobres recorrem às aborteiras, chás, agulhas de croché, etc.. o que muitas

vezes traz como consequência infecções e até mesmo risco de vida.

Os métodos anticoncepcionais não são acessíveis à todas as mulheres, seja por questão

econômica ou cultural. Muitas vezes, os homens "não gostam de usar camisinha".

A "família ideal" com boas condições econômicas, sociais, psicológicas e afetivas, que

tranquilamente planeja o nascimento dos filhos, está longe do nosso cotidiano. A realidade

mostra que no Brasil, 25% das famílias é mantida por mulheres, ou seja há muitas mulheres

sozinhas, sem companheiro, com os filhos para criar. Esse é o nosso cotidiano, isso é o que

vemos nas periferias das grandes cidades e nos lugares pobres do meio rural.

É necessário entender a prática do aborto dentro desse contexto, que é o da maioria da

população brasileira. Não existe "o aborto em si", a esta realidade conectam-se questões

relativas à educação sexual, consciência de direitos reprodutivos e também questões de ordem

econômica e cultural.

2. O que diz a Igreja Católica sobre o aborto:

Quando a Igreja Católica fala da defesa incondicional da vida, parece-nos que este princípio

sempre foi parte de seu pensamento, de forma contínua, imutável. De fato os estudos históricos

vão nos mostrar que não é bem assim.

Nos primeiros 6 séculos do Cristianismo, a preocupação central da Igreja e do Estado era

com a constituição do casamento monogâmico como regra para toda a sociedade. A prática do

aborto revelava que um casal se uniu sexualmente, sem desejar a procriação. Os casos de

adultério eram punidos mais duramente do que os casos de homicídio. Portanto, nos primeiros

séculos do Cristianismo a punição do aborto se referia ao adultério que este aborto revelava.

Pode-se dizer que a afirmação do casamento monogâmico como única união legítima, era mais

importante como fundamento social do que a proteção da vida.

A Igreja historicamente não tem tido o mesmo rigor de defesa da vida em outras questões

que não o aborto. Por exemplo:

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 103

. A Igreja defende a legitimidade da "guerra justa" em casos de tirania irremovível de outra

forma (princípio do mal menor).

. Em alguns países, aceita a pena de morte.

. A Igreja patrocinou a Inquisição, com a eliminação física de pessoas tidas como hereges

da fé.

. Na colonização, a Igreja tolerou e participou do genocídio em relação aos índios,

abençoou a escravidão dos mesgros que foram maltratados as vezes até a morte.

Por que a Igreja Católica é tão intransigente em sua defesa da vida na questão do aborto?

Seria uma reafirmação do androcentrismo... medo da autonomia das mulheres?

Nos primeiros séculos, os teólogos mais importantes da época, argumentavam que o aborto

não era um homicídio durante as primeiras etapas da gravidez. Os escritos de S. Agostinho

expressavam a posição geral da Igreja, que por um lado, condenava o controle da natalidade e o

aborto - porque destruiam a conexão entre o ato conjungal e a procriação - e por outro lado, não

entendiam o aborto como homicídio. S. Agostinho escreve:

"A grande interrogação sobre a alma não se decide apressadamente com juízos não

discutidos e opiniões imprudentes; de acordo com a lei, o aborto não é considerado um

homicídio, porque ainda não se pode dizer que exista uma alma viva em um corpo que carece

de sensação uma vez que ainda não se formou a carne e não está dotada de sentidos".

A discussão teológica se dava em torno do momento em que o feto passaria a ser uma

pessoa, porque somente a partir desse momento o aborto seria considerado um homicídio. Não

havia consenso sobre o momento da "hominização". Para alguns ela ocorria no momento da

concepção, mas a maioria dos teólogos aceitava a teoria da "hominização tardia", que ocorria

40 dias depois da concepção para os homens, e 80 dias depois da concepção para as mulheres.

A idéia da hominização tardia, baseava-se no conceito de hilomorfismo, que veio de

Aristóteles. Segundo esse conceito, o ser humano é uma unidade formada de corpo e alma, e

não pode haver alma em um corpo que ainda não está formado.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 104

Durante o período medieval prevaleceu a teoria de Tomás de Aquino, que afirmava que só

haveria aborto pecaminoso quando o feto estivesse totalmente formado. Os "Catálogos

Penitenciais" da época evidenciavam o dissenso, pois as punições variavam, sendo mais ou

menos rígidas de acordo com as diferentes concepções.

A teoria da hominização tardia foi predominante até o século XIX, quando então, o Papa

Pio IX, em 1869, declara que o aborto é pecado em qualquer situação e em qualquer momento

que se realize. Pela primeira vez Papa e teólogos coincidem e rechaçam a teoria da

hominização tardia.

No século XX o dissenso interno voltou. Quando a encíclica Humanae Vitae foi publicada,

em 1968, as questões de sexualidade e contracepção não encontraram acordo entre teólogos

católicos e episcopados, que reagiram aos ensinamentos do Papa Paulo VI. Os bispos belgas

afirmaram que:

"Segundo a doutrina tradicional, há que reconhecer que a última regra prática é ditada

pela consciência devidamente esclarecida segundo o conjunto de critérios que se expõem na

Gaudium et Spes (n.50, &2, n.51, &3), e que o juízo sobre a oportunidade de uma nova

transmissão da vida pertence, em última instância, aos esposos, que devem decidir sobre a

questão, na presença de Deus".

Atualmente há teólogos e religiosos(as) que fazem a defesa da validade moral de um ato

abortivo. Daniel Maguire, formado em Roma, professor de teologia moral afirma:

"A anticoncepção é não somente lícita, como pode ser moralmente obrigatória. Da mesma

forma, a opção por um aborto - uma opção que, ironicamente, faz-se mais necessária quando

se proibe a anticoncepção artificial - e, em muitas circunstâncias, uma opção moral para as

mulheres".

Também a Irmã Ivone Gebara, em 1993 assumiu uma posição de concordância com a

liberalização da legislação em vigor com relação ao aborto.

Portanto, observamos contradições e diversidade de opiniões na Igreja Católica sobre a

compreensão do aborto enquanto ato pecaminoso e homicida. Atualmente, o conceito teológico

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 105

de proteger o embrião desde o momento da concepção é mantido, no entanto a doutrina do

Vaticano sobre o aborto não se inclui entre os temas sobre os quais o Papa se declara infalível;

é matéria de legislação eclesiástica relacionada com a penitência, portanto, pode ser discutida

pelos/as católicos/as.

3. O que propomos:

. Que se leve em conta a fala, a vida e a prática das mulheres para elaborar um pensamento

que realmente se refira à vida delas e não simplesmente ignorar tudo e defender o princípio

absoluto "nós defendemos a vida"... e pronto.

. Acreditamos que mulheres e homens são dotados de capacidade e valores éticos

suficientes para tomar decisões sérias e responsáveis em relação aos seus direitos reprodutivos

e ao aborto.

. As mulheres não vão abortar mais se os serviços de saúde pública em relação ao aborto

forem implementados... pois trata-se de uma experiência de sofrimento. Na Holanda o aborto é

permitido e sua incidência é de 0,5% em cem mulheres. No Brasil a incidência do aborto é de

3,5% em cem mulheres.

. As mulheres não abortam sozinhas.. o homem que abandona uma mulher grávida, está

abortando antes mesmo que a mulher.

. Nós, católicas, queremos diminuir o peso da culpa que recai sobre os ombros das mulheres

e afirmar sua autonomia para decidirem sobre seu próprio corpo e os filhos que desejam ter.

. Queremos que o Estado ofereça educação sexual e ofereça serviços de saúde relativos à

vida reprodutiva de homens e mulheres e proporcione o acesso aos métodos anticonceptivos.

Tema 02 - A Importância da água

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 106

A água existe no universo há muitos e muitos milhões de anos, mas em estado sólido, como

gelo, ou em estado gasoso, como vapor.

O único planeta conhecido em que se encontra água no estado líquido é o planeta Terra. E a

água é justamente o elemento vital que diferencia o nosso planeta dos outros.

Foi na água dos oceanos que, há mais de 3 bilhões de anos, surgiram as primeiras formas de

vida. Esses organismos foram se desenvolvendo, se desenvolvendo e, durante muito tempo, a

água foi o único ambiente no qual podia haver vida.

Somente há 360 milhões de anos, mais ou menos, que apareceu um ser capaz de viver tanto

na água quanto na terra. Depois surgiram os dinossauros, depois os mamíferos, e somente há 4

milhões de anos surgiram os primeiros seres humanos.

Tudo isso nos mostra como a água é importante em nossas vidas, os seres vivos têm seus

organismos compostos por 2/3 de água, e o homem, ou qualquer outro animal, resiste a até

trinta dias sem alimento, mas não suporta mais do que alguns poucos dias sem água. Apesar de

estarmos acostumados a imagens de gigantescos mares e oceanos, e de sabermos que 2/3 da

superfície da Terra são cobertos por água, quase toda a água existente em nosso planeta, é

salgada, ou seja, não é boa para o consumo humano ou animal, sendo também imprópria para a

lavoura.

Portanto os seres humanos, os animais e as plantas necessitam de água doce para viver.

Apenas 3% da água existente é doce, além disso, apenas 1/3 dessa água doce não está debaixo

da terra, nos lençóis freáticos, ou congelada nos pólos em forma de geleiras, calotas polares e

icebergs.

No caso da água, este 1/3 é igual a 40 quintilhões de litros, mas toda essa água está em

constante movimento, evaporando-se dos oceanos, rios e lagos, transformando-se em vapor e

formando as nuvens na atmosfera. Quando o vapor se condensa, a água volta para a Terra em

forma de chuva, granizo ou neve, este é o ciclo da água, que acontece por causa da influência

do sol e da gravidade.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES

Parte da água que cai sobre a terra se distribui pela superfície, e assim são formados os

lagos, os rios e os riachos, e a parte da água que cai

plantas ou vai alimentar os lençóis freáticos, ou seja, lençóis subterrâneos de água que

alimentam nascentes e poços.

Você Sabia?

75 % do planeta Terra é composto de água e 75 % do nosso corpo tam

coincidência?

(Artigo da Campanha da Fraternidade de 2004

Proposta de redação

Leia o texto acima, veja a figura e redija uma dissertação de 30 linhas sobre o tema:

"Haverá um dia em que o

Passar a limpo na folha de redação. Pôr título.

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

Parte da água que cai sobre a terra se distribui pela superfície, e assim são formados os

lagos, os rios e os riachos, e a parte da água que cai e se infiltra no solo vai ser absorvida pelas

plantas ou vai alimentar os lençóis freáticos, ou seja, lençóis subterrâneos de água que

alimentam nascentes e poços.

75 % do planeta Terra é composto de água e 75 % do nosso corpo tam

(Artigo da Campanha da Fraternidade de 2004 - Igreja Católica)

Leia o texto acima, veja a figura e redija uma dissertação de 30 linhas sobre o tema:

"Haverá um dia em que o homem beberá as águas de suas lágrimas para matar a sua sede."

Passar a limpo na folha de redação. Pôr título.

107

Parte da água que cai sobre a terra se distribui pela superfície, e assim são formados os

e se infiltra no solo vai ser absorvida pelas

plantas ou vai alimentar os lençóis freáticos, ou seja, lençóis subterrâneos de água que

75 % do planeta Terra é composto de água e 75 % do nosso corpo também. Apenas uma

Leia o texto acima, veja a figura e redija uma dissertação de 30 linhas sobre o tema:

homem beberá as águas de suas lágrimas para matar a sua sede."

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 108

Tema 03 – Celibato e pedofilia

Após ler os textos abaixo e interpretar a figura, redija texto dissertativo de 30 linhas sobre o tema que os

norteia.

Entrevista concedida à Folha da Região, 5/5/2002.

Leia a entrevista toda

O padre Luigi Favero, da direção das Faculdades e Colégio Salesiano em Araçatuba

FR - A doutrina do celibato pode influenciar na ocorrência de casos de pedofilia ou de

relacionamentos afetivos envolvendo padres?

Favero - As estatísticas dizem que a grande maioria dos abusos sexuais acontecem dentro das famílias.

Infelizmente, cometidos pelos próprios pais. Então, o problema não é o celibato. O problema realmente deve

ser desvios na personalidade. Depois, também tem o mistério do pecado humano, em que todos nós podemos

errar. O problema é a natureza humana que é limitada e falha.

FR - A Igreja pune de alguma forma os padres que cometem abusos sexuais?

Favero - A própria sociedade condena isso porque é um desvio grave. A Igreja não é juiz, ela é mãe.

Quando alguém erra, a Igreja nunca coloca um dedo para julgar. A Igreja não está aqui para julgar nem

condenar alguém, e sim para ajudar. Mas é claro que a pedofilia é uma coisa muito grave. É um problema

que entra também na questão da liberdade sexual.

Tema 04 – A corrupção no Brasil

INSTRUÇÃO: Leia a seguinte paródia de Millôr Fernandes.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES

in: Bundas, ano 1, nº 4, 6 a 12 de julho de 1999, p. 5.

PROPOSIÇÃO

A maioria dos brasileiros condena a corrupção,

males que atingem o país, mas há também quem afirme que é uma "doença sem remédio" ou

que faz parte da natureza de nossa sociedade. Nesse contexto, o cartum de Millôr Fernandes,

parodiando um gênero de publicidade ofi

corrupção em todos os setores da vida nacional.

Posicionando-se como alguém que pensa em seu futuro e sabe que pode encontrar no

caminho a corrupção, manifeste sua opinião sobre o assunto

gênero dissertativo, sobre o tema:

O JOVEM ANTE A CORRUPÇÃO: UM INIMIGO A COMBATER OU UM DADO A

ACEITAR?

Tema 05 – Diversidade cultural e tolerância

Leia a reportagem toda (abaixo) e redija um texto dissertativo em prosa, de

diversidade cultural e a tolerância no Brasil.

(Reportagem de O Estado de São Paulo, 7/10/2001.)

CURSO MÉTODO VESTIBULARES

, ano 1, nº 4, 6 a 12 de julho de 1999, p. 5.

A maioria dos brasileiros condena a corrupção, considerando-a culpada dos principais

males que atingem o país, mas há também quem afirme que é uma "doença sem remédio" ou

que faz parte da natureza de nossa sociedade. Nesse contexto, o cartum de Millôr Fernandes,

parodiando um gênero de publicidade oficial, convoca sarcasticamente os jovens a participar da

corrupção em todos os setores da vida nacional.

se como alguém que pensa em seu futuro e sabe que pode encontrar no

caminho a corrupção, manifeste sua opinião sobre o assunto, escrevendo uma redação, de

sobre o tema:

O JOVEM ANTE A CORRUPÇÃO: UM INIMIGO A COMBATER OU UM DADO A

Diversidade cultural e tolerância

Leia a reportagem toda (abaixo) e redija um texto dissertativo em prosa, de

diversidade cultural e a tolerância no Brasil.

(Reportagem de O Estado de São Paulo, 7/10/2001.)

109

a culpada dos principais

males que atingem o país, mas há também quem afirme que é uma "doença sem remédio" ou

que faz parte da natureza de nossa sociedade. Nesse contexto, o cartum de Millôr Fernandes,

cial, convoca sarcasticamente os jovens a participar da

se como alguém que pensa em seu futuro e sabe que pode encontrar no

evendo uma redação, de

O JOVEM ANTE A CORRUPÇÃO: UM INIMIGO A COMBATER OU UM DADO A

Leia a reportagem toda (abaixo) e redija um texto dissertativo em prosa, de 30 linhas, sobre a

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 110

Falem, senhores imigrantes

Uma tese de doutorado na USP dá vez, voz e rosto a dez comunidades de imigrantes até

então pouco estudadas em São Paulo

MOACIR ASSUNÇÃO

Qual a verdadeira face dos estrangeiros que ajudaram a construir a cidade? Para responder a

isso, a historiadora Sonia Maria de Freitas pesquisou a trajetória de dez comunidades que

vieram para o País a partir do fim do século 19 e depois das duas guerras mundiais. Menos

expressivos numericamente que italianos e japoneses, povos mais estudados por historiadores e

sociólogos, eles abandonaram seus países, em muitos casos ocupados militarmente, e fugiram

da guerra e da fome, instalando-se em São Paulo.

Com suas tradições, hábitos e costumes, colaboraram para tornar a cidade um multifacetado

mosaico cultural.

Dados do Memorial do Imigrante, onde trabalha a professora, informam que 70 povos

imigraram para o Brasil. Em sua tese de doutorado, defendida recentemente na Universidade de

São Paulo (USP), Sonia dissecou a trajetória de armênios, que fugiam do primeiro genocídio do

século 20, em 1915, no qual o número de mortos chegou a 1,5 milhão; russos contrários ao

comunismo, que tentavam escapar da Revolução de 1917; poloneses, lituanos, húngaros e

ucranianos, que fugiam da dominação soviética. Também foram pesquisados chineses;

japoneses de Okinawa, que vivem no arquipélago ao sul do país e diferem da população da ilha

principal; italianos do Monte San Giácomo e Sanza, também diferentes dos demais patrícios, e

espanhóis.

O trabalho inédito, intitulado Falam os Imigrantes... Memória e Diversidade Cultural em

São Paulo, permitiu que essas comunidades ganhassem voz e rosto.

A face dos imigrantes, então, se revela ou loira de olhos azuis ou com traços orientais. A

contribuição desses povos à cultura nacional variou de aspectos arquitetônicos, artísticos e

culturais em igrejas de todas as crenças à culinária.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 111

No Brasil, os estrangeiros descobriram o valor da tolerância, escassa na Europa e na Ásia

da época, em que o fantasma da guerra rondava os países, num turbilhão de violência e fome.

Depois de 1945, a maior parte deles sobrevivia, a duras penas, nos campos de displaced person

(pessoa deslocada). Rivais na Europa, lituanos e ucranianos - oprimidos pelos russos -

passaram a conviver pacificamente no mesmo bairro, a Vila Zelina, zona leste. No Tremembé,

zona norte, poloneses e alemães, também inimigos, se tornaram vizinhos e amigos. Durante a

2.ª Guerra, a Alemanha de Hitler invadira e ocupara a Polônia.

"O que nos separava na Europa nos unia no Brasil", afirma o arquiteto polonês e professor

da Universidade de São Paulo (USP) Witold Snitrowic. Em outro país, diz ele, um encontro

entre um compatriota de Gdansk, cidade que viu nascer o sindicato Solidariedade de Lech

Walesa, e um alemão de Danzig, que vinham a ser o mesmo local, anteriormente ocupado pelos

germânicos, acabaria em briga. "Aqui, eles se cumprimentariam como conterrâneos."

Adaptação - A vida dos imigrantes teve lances curiosos de adaptação. O arenque, peixe

típico de regiões frias, foi substituído pela sardinha. Nativo de regiões tropicais e subtropicais,

o palmito virou o sucessor natural do cogumelo no pastel pierogi, de origem polonesa. O

mesmo ocorreu, de acordo com o jornalista Saul Galvão, crítico gastronômico do Jornal da

Tarde, com o quibe. Feito de carne de carneiro nos países árabes, passou a ser produzido com

carne de vaca no Brasil.

Para aprender a nova língua, o filho de okinawanos Kioshi Teruya, de 70 anos, escrevia

palavras em português no dorso da mão. Enquanto trabalhava no arado em Promissão, interior

de São Paulo, gravava as palavras, retiradas de jornais que comprava aos montes. "Não me

conformava quando não aprendia pelo menos cinco palavras novas por dia", diz.

A lituana Elena Vidmontas, de 89 anos, inventou outro método peculiar: lia dois livros,

emprestados por vizinhos italianos, ao mesmo tempo. Com isso, a imigrante, que sabia apenas

rudimentos da língua falada no Brasil, foi 'alfabetizada' por Machado de Assis, Monteiro

Lobato e Olavo Bilac.

"Desenvolvi um vocabulário muito culto para uma imigrante."

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 112

O polonês Szot Kazimierz, cujo nome foi mudado para Casimiro, viveu, pouco antes de vir

para o Brasil, uma situação curiosa: dias depois do fim da 2.ª Guerra, reencontrou em uma

estação de trem na Alemanha um ex-soldado que o havia agredido pelo simples fato de ele não

entender a ordem de tirar as mãos do bolso, forma de se proteger do frio.

Assustado, o oficial se ajoelhou, pedindo perdão. "Falei que não era tão animal como eles

haviam sido conosco durante o conflito e ele podia seguir tranqüilo", conta, ainda com forte

sotaque.

Arquitetura - As comunidades também deixaram legados na arquitetura, embora só e a

Liberdade conserve as características de bairro de imigrantes, com as luminárias típicas, as

torii, construções em forma de pagode e praças com tanques de carpas. Na Vila Zelina, a Praça

República Lituana conserva a Igreja São José, com vitrais do santo nacional, São Casimiro,

onde há missas na língua natal aos domingos e uma réplica do monumento à independência da

Lituânia, que ficou 51 anos sob domínio soviético. Em frente do templo de arquitetura lituana,

projetado e construído pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, uma cruz com símbolos

pagãos como sóis e flores relembra as religiões antigas do povo, antes da introdução do

cristianismo.

No caso da Vila Zelina, a aglomeração de lituanos, depois seguidos por russos e ucranianos,

não foi acidental. O dono dos terrenos, Cláudio Monteiro Soares, doou à comunidade a área em

que foi erguida a igreja, em 1935. Católicos, os lituanos, que tinham começado a chegar nove

anos antes, compraram os lotes para ficar próximos de seu templo. Hoje, de acordo com o

padre Petras Ruksys, o Pedrinho, a maioria da comunidade é composta por brasileiros.

"Anteriormente, faziam-se três missas em lituano e uma em português. Agora é o contrário."

Escondida em meio aos prédios da Liberdade, a Catedral Ortodoxa de São Nicolau, nome

do mais importante ícone (equivalente a santo) russo, é um tesouro da comunidade. Com

cúpula dourada, paredes brancas e estilo arquitetônico dos Montes Urais, o templo dirigido pelo

padre Konstatin Bussyguin tem ícones medievais, trazidos pelos imigrantes. Vítimas de

perseguição religiosa por parte do regime soviético, os refugiados da Rússia encontraram no

Brasil um porto seguro.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 113

O curioso é que o refúgio russo, onde também há missas na língua natal aos domingos, fica

na Rua Tamandaré, em pleno coração da Liberdade. Em outro país, talvez isso fosse encarado

como provocação. Os russos, rivais históricos da China, potência socialista contrária a Moscou,

combateram os japoneses na guerra da Coréia, em 1904. No Brasil, porém, as diferenças são

amainadas.

Ninguém ouse, entretanto, ter idéias xenófobas a respeito dos estrangeiros radicados no

País. Embora mantenham sua língua, tradições e cultura, eles se consideram tão brasileiros

quanto os nativos. "O amor pelo Brasil não abafa o amor pela terra natal. Os dois coexistem

tranqüilamente", defende a húngara Eva Tirczka Piller, de 68 anos. O apreço pelo País que a

acolheu é tão forte que a lituana Elena recorda como o momento de maior emoção de sua vida

o dia em que se naturalizou brasileira. "Quando pisei na Avenida Paulista, senti que aquele solo

também era meu. Nunca me senti tão feliz."

OBS: Uma boa sugestão para continuar a pensar sobre o tema é assistir ao filme Casamento

Grego

Tema 07 – Fome Zero

Proposta de redação

(Ufsm – 2001 - adaptado) É raro encontrar alguém que não tenha dado uma esmola numa

determinada esquina ou semáforo. No entanto, esse gesto provoca polêmica, o que se comprova

por opiniões como as que seguem.

- "A esmola é tola e ociosa diante do tamanho da tragédia social do Brasil."

- "A esmola reproduz a cultura do favor, que está na raiz do paternalismo brasileiro, mas,

numa sociedade injusta como a nossa, é preciso ter uma certa dose de generosidade."

- "A esmola é um sinal de que as pessoas ainda não endureceram inteiramente diante da

miséria."

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 114

- "A esmola pode servir para que as crianças continuem na rua e aprofundem sua

marginalização social".

Todas as pessoas, em sã consciência, ficam indignadas com a fome que assola o mundo e

também o Brasil. Estatísticas dão conta de que um terço da população brasileira é mal nutrida,

9% das crianças morrem antes de completar um ano de vida. Herbert de Souza, o Betinho,

afirmou que "Quando uma pessoa chega a não ter o que comer é porque tudo o mais já lhe foi

negado ." É a morte em vida. Instaura-se, dessa forma, uma grande contradição, pois sendo o

Brasil o quinto país em extensão territorial com 8,5 milhões

O BRASIL QUE COME AJUDANDO O BRASIL QUE TEM FOME. (Slogan do Fome

Zero).

Considerando as opiniões expostas e o programa Fome Zero, redija um texto dissertativo-

argumentativo de 30 linhas, em português padrão, defendendo o SEU ponto de vista a respeito

do tema. Acrescente dados, exemplos, testemunhos ou outras informações que você julgar

relevantes para defender SUA posição. Dê um título ao texto.

Orientação do prof. Hélio Consolaro

Esquema:

1..º § - Tese (até 1/5 das linhas)

2..º § - Argumento 1

3..º § - Argumento 2

4..º § - Fato-exemplo

5..º § - Conclusão (até 1/5 das linhas)

Tema 08 – Homossexualidade

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 115

Na sociedade moderna, freqüentemente vêm surgindo situações inusitadas, que fogem às regras

e à tradição, assinalando mudanças cada vez mais rápidas nas estruturas, nas relações e nos

valores sociais.

Em 2003, a homossexualidade esteve presente nas discussões diárias: Manoel Carlos, autor

da novela Mulheres Apaixonadas, exibida pela Rede Globo, compôs duas personagens

femininas que são namoradas. A Parada Gay, na Avenida Paulista, contou com muito mais

pessoas, além das que se

declaram gays. Incidentes, como o do casal de namorados proibido de se beijar num

shopping paulista, polemizam ainda mais os valores sociais. Em país vizinho, Argentina,

homossexuais

já podem casar-se. Não é possível, portanto, ignorar situações tão relevantes, que mexem

com valores, conceitos, direitos e sentimentos das pessoas.

Leia os textos seguintes e elabore uma dissertação em prosa, na qual exponha e fundamente

seu ponto de vista sobre o tema:

A SOCIEDADE E A HOMOSSEXUALIDADE NOS DIAS ATUAIS.

A força do arco-íris

Os gays já foram considerados criminosos - e julgados por isso. A Inglaterra do século XIX

enforcou dezenas deles. Na mesma época, as autoridades russas mandavam o

muzhelozhstvo(que quer dizer "homem que dorme com homem") passar até cinco anos na

Sibéria. A Alemanha nazista deu aos homossexuais

o mesmo tratamento reservado aos judeus. Num dos mais famosos julgamentos da história,

ocorrido em 1895, o escritor irlandês Oscar Wilde foi acusado de sodomia e comportamento

indecente. Diante do juiz, definiu a atração física entre dois homens como o "amor que não

ousa dizer o nome". Wilde acabou condenado e sentenciado a dois anos de prisão e trabalhos

forçados.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 116

Numa fase seguinte, os homossexuais passaram a ser tratados não mais como criminosos,

mas como doentes, "portadores de uma anomalia" que podia conduzi-los à depressão e ao

suicídio, donos de uma propensão especial à prática de crimes. Somente há pouco mais de dez

anos a Organização Mundial da Saúde retirou o homossexualismo da Classificação

Internacional de Doenças. Atualmente, os especialistas já não discutem o que leva alguém ao

homossexualismo. Trata-se de uma mistura de fatores, resultado de influências biológicas,

psicológicas e socioculturais, sem peso maior para uma ou para outra - nunca uma

determinação genética ou uma opção racional. Evoluiu a conceituação, eliminaram-se os

empecilhos, mas continua ser difícil assumir a homossexualidade.

(...)

Apesar do preconceito, o panorama se tornou menos hostil

aos gays em função de uma série de vitórias computadas aqui e ali.

(...)

Mesmo no Brasil, onde a legislação não é das mais avan-çadas, os gays registram diversas

conquistas. (...) A decisão

mais famosa ocorreu em janeiro do ano passado, após a morte da cantora Cássia Eller. A

Justiça carioca resolveu que Chicão, o filho da cantora, poderia ficar provisoriamente com a

companheira dela, Maria Eugênia Vieira Martins, que viveu com Cássia durante catorze anos.

"A questão da homossexualidade não tem importância", escreveu o juiz na sentença. "O

essencial foi assegurar o interesse superior de Chicão." O respeito aos gays e a seus direitos

produz um efeito imediato na vida deles, mas também inocula na sociedade uma preocupação

crescente em respeitar as diferenças individuais, não apenas de ordem sexual,

mas de classe social e cor, por exemplo.

(Camila Antunes, Veja, 25.06.2003.)

Vaticano lança campanha mundial contra união civil homossexual

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 117

O Vaticano lançou hoje uma campanha mundial contra a legalização da união civil

homossexual e pediu aos políticos católicos de todo o mundo que se pronunciem de forma

"clara e incisiva" contra as leis que favorecem casamentos gays.

A campanha foi lançada através de um documento oficial, de 11 páginas, divulgado hoje

com o título "Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas

homossexuais" e preparado pelo cardeal alemão Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação

para a Doutrina

da Fé.

O documento, aprovado em março passado pelo papa João Paulo II, estabelece que

reconhecer legalmente as uniões civis homossexuais ou equipará-las ao matrimônio "significa

não apenas aprovar um comportamento desviado e convertê-lo em modelo para a sociedade

atual, como também afetar os valores fundamentais que pertencem ao patrimônio comum da

humanidade".

Para o Vaticano, a "homossexualidade é um fenômeno moral e social inquietante", que se

torna cada vez mais preocupante

nos países nos quais já se concedeu ou se tem a intenção de conceder o reconhecimento

legal às uniões homossexuais".

(Folha Online, 31.07.2003.)

Gays realizam manifestação contra Vaticano no centro de SP

A Associação do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) de São Paulo

realiza no início desta tarde, no centro da cidade, um protesto contra o documento emitido pelo

Vaticano, na semana passada, que condena o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Os manifestantes estão reunidos na frente da Catedral da Sé. O objetivo da associação é

conversar com os fiéis após a celebração da missa das 12h. Não há estimativa de público.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 118

O grupo de homossexuais Ação Direta, do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores

Unificado), também participa do ato. Segundo o líder do movimento, Leandro Paixão, a postura

da Igreja Católica é uma volta à "caça às bruxas". "Nós lutamos pela aprovação de união dos

homossexuais. Os mesmos direitos que os casais heterossexuais têm, os homossexuais também

devem ter", disse.

Representantes da catedral disseram que a igreja respeita qualquer manifestação e que os

homossexuais têm direito de

protestar.

(Folha Online, 05.08.2003.)

Protesto gay atrai três mil pessoas em São Paulo

Milhares de pessoas lotaram neste domingo a praça de

alimentação do shopping Frei Caneca para assistir ao "beijaço" coletivo organizado por

grupos gays em protesto contra o preconceito sofrido por um casal gay na semana passada. Um

casal de homossexuais foi expulso do shopping após um beijo na boca.

(O Globo. 03.08.2003.)

Veto a união gay vira bandeira eleitoral de Bush

Os republicanos não pouparam críticas à decisão da Suprema Corte de Massachusetts, que

considerou inconstitucional o dispositivo que proíbe o casamento de homossexuais,

mas não escondem sua satisfação: o tema agora promete ser o divisor de águas da próxima

campanha presidencial, na qual George W. Bush, candidato à reeleição, vai posar como

defensor da família e da moral.

"O casamento é uma instituição sagrada entre um homem e uma mulher. E vou trabalhar

com os líderes do Congresso

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 119

para fazer o que for legalmente necessário para defender a santidade do casamento",

afirmou Bush, que está na Grã-Bretanha, em visita oficial. Em Washington, o líder da maioria

na Câmara, o republicano Tom Delay, do Texas, anunciou que vai acelerar a votação de uma

emenda constitucional que define o casamento "apenas como a união de um homem e uma

mulher", proposta por Marilyn Musgrave, republicana do Colorado.

Segundo Delay, essa é a única forma de "dar um jeito no judiciário desgarrado de

Massachusetts".

(O Estado de S.Paulo, 20.11.2003.)

Tema 09 – O negro no Brasil (Mackenzie - 1998)

Todos os dias, entre nove e dez horas da manhã, pode se ver sair a fila de negros a serem

punidos; vão eles presos pelo braço, de dois em dois, e conduzidos sob escolta da polícia até o

local designado pelo castigo, pois existem em todas as praças mais freqüentadas da cidade

pelourinhos erguidos com o intuito de exibir os castigados, que são em seguida devolvidos à

prisão. Aí o carrasco recebe o direito de pataca por cem chicotadas aplicadas.

De regresso à prisão, a vítima é submetida a uma segunda prova, não menos dolorosa: a

lavagem das chagas com vinagre e pimenta, operação sanitária destinada a evitar a infecção

do ferimento.

JEAN BAPTISTE DEBRET. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, de 1816 até 1831.

Trechos de uma entrevista

Entrevista concedida em 16 de junho de 1995 pelo professor Milton Santos, então titular da

cadeira de Geografia Humana da USP, ao repórter Maurício Stycer, da Folha de São de Paulo.

Ex-professor da Sorbone (Paris), Columbia (Nova York) e Dar-es-Salaam (Tanzânia),

Santos, 69, é hoje uma das mais respeitadas figuras de sua área no mundo. Em 1994, recebeu

no França o prêmio Vautrin Lud, o Nobel de Geografia.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 120

O prêmio é concedido a partir da indicação de 50 universidades espalhadas pelo mundo.

Uma comissão internacional escolhe, entre os mais votados, o premiado.

Santos é negro, casado com uma francesa e pai de dois filhos.

Folha – O senhor já viveu na França, nos EUA, no Canadá, na Tanzânia. Qual é a

especificidade do racismo brasileiro?

Santos – Aqui é natural os negros serem tratados de forma subalterna. Você não tem como

reclamar. Se você protesta, é visto como alguém que está perturbando o "clima agradável" que

possa existir nesse ou naquele lugar (...)

Folha – O senhor é maltratado?

Santos – Olhado com desconfiança. Parece que isso faz parte do ethos (caráter peculiar a

determinado povo). A grande aspiração do negro brasileiro é ser tratado como um homem

comum. (...)

Folha – Diversos negros bem-sucedidos que entrevistei tendem a considerar que a chave do

sucesso é o esforço pessoal. O que o senhor acha?

Santos – Acho um enorme equívoco. Quando dizem isso, fazem um enorme mal à

comunidade negra. Fica parecendo que para ficar milionário basta fazer esforço e que a

questão pode ser tratada na base do voluntarismo. Neste finaldo século 20, quando a

referência tem um papel evidente que certas formas de esforço são importantes e devem ser

mostradas. Mas é importante mostrar também o mecanismo social que leva a isso.

(Racismo Cordial: Folha do São Paulo/ Datafolha. Editora Ática, 1995.)

A partir da relação entre os textos apresentados, faça uma dissertação a tinta, com

aproximadamente 30 linhas. Dê um título.

Tema 10 – O culto da beleza física

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 121

O culto da beleza física

Leia os textos e faça sua dissertação em prosa, em torno de 30 linhas, sobre o culto da

beleza física. É válido, não é válido, é mais ou menos ou outra coisa? E a moda vem de

longe...

1. "O bem-estar, dizem os especialistas, é resultado do equilíbrio do nosso corpo. Quando

estamos em harmonia, todas as partes do corpo funcionam direitinho e isso traz resultados

positivos em nosso dia-a-dia, no trabalho, nas conquistas, na nossa personalidade, enfim. Uma

mulher, por exemplo, jamais poderá se sentir bem estando insatisfeita com a sua aparência.

Como alguém pode se apaixonar se reprova a sua própria imagem no espelho?"

(Revista Mais Vida, agosto de 1995)

2. "(...) nunca a beleza foi tão imperativa quanto é hoje - é obrigatório ser lindo, magro,

saudável. (...) Por que tal obsessão pela beleza nos dias que ocorrem? Necessidade de afeto,

medo da velhice e busca de novas oportunidades profissionais são as expressões-chave para

explicar como se chegou a tal situação."

(Veja, agosto de 1995)

3. "O império da vaidade: 'Em tempos de ditadura da beleza, o corpo é massacrado pela

indústria e pelo comércio, que vivem de nossa insegurança, impotência e angústia. Criou-se

uma tirania que não suporta quando um cidadão tenta ser feliz como gosta e como pode,

mesmo que seja comendo uma pizza.'"

(Paulo Moreira Leite)

4. "Os cabelos à moda hippie de algumas mulheres dão uma impressão desagradável de

relaxamento, as roupas manchadas, as unhas maltratadas e os pés geralmente sujos causam em

muitos homens certa aversão. Esquecem-se essas mulheres de que poderiam embelezar o

mundo e encantar os olhos e corações masculinos. Os homens de sensibilidade sentem

necessidade de estar sempre em contato com a beleza e a harmonia, e quando isso não acontece

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 122

no seu dia-a-dia, tornam-se mentalmente esgotados, nervosos, 'enfossados' e infelizes. A

beleza, feminilidade e delicadeza da mulher representam um paliativo na vida atribulada do

homem atual."

(Dílson Kamel e José Guilherme Kamel, A Ciência da Beleza)

5. "O filósofo grego Platão fez eco a Pitágoras, ao dizer que o belo residia no tamanho

apropriado das partes, que se ajustavam de forma harmoniosa no todo, criando assim o

equilíbrio. Esse ideal estaria personificado em Helena, pivô da Guerra de Tróia (...). De tão

deslumbrante, Helena foi elevada à categoria de semideusa no célebre poema épico Ilíada, de

Omero. Sabe-se que a beleza da rainha egípcia, esposa do faraó Amenófis IV, que viveu

catorze séculos antes de Cristo, também se amparava no equilíbrio das formas. O busto com

sua imagem, hoje exposto no Museu Egípcio de Berlim, mostra que tinha o semblante

perfeitamente simétrico e perfil bem delineado, além de maças do rosto salientes e lábios

carnudos - detalhes que remetem ao conceito atual de beleza feminina. A doutrina grega da

beleza comportava, ainda, um outro conceito importante - o da luminosidade. Em Homero,

pode-se ler que 'belas são as armas dos heróis, porque são ornadas e resplandecentes; é bela a

luz do sol e da lua, e belo é o homem de olhos brilhantes'. A luminosidade se tornaria, assim,

um ideal a ser perseguido, principalmente na pintura renascentista. (...)

A escultura Davi, de Michelangelo, é um dos exemplos mais perfeitos da aplicação da

proporção áurea. Foi no século XVIII que nasceu a disciplina filosófica que leva o nome de

estética e que se ocupa do belo e da arte. Na segunda metade do século seguinte, as explicações

sobre a natureza da beleza tomaram um rumo inesperado com as teorias do naturalista inglês

Charles Darwin. Em seu livro A Origem das Espécies, de 1859, ele a definiu como um fator

biológico necessário à reprodução dos animais. Hoje, psicólogos evolucionistas defendem suas

teorias sobre a beleza calcados na premissa darwiniana de que ela serve para assegurar a

sobrevivência da espécie humana. A preferência dos homens por mulheres jovens, de quadris

largos e cintura fina - atributos ligados è fertilidade - seria uma forma de garantir a geração de

filhos saudáveis. Já as mulheres se sentiriam atraídos por homens altos e fortes, porque esses

seriam atributos de bons provedores e de defensores da prole em qualquer circunstância.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 123

Muitos estudiosos vão à frente nessa teoria e afirmam que atualmente, mais do que nunca, a

aparência física é levada em conta não apenas no terreno do amor e do sexo, mas em todos os

relacionamentos pessoais."

(Veja, maio de 2004.)

REDAÇÃO - ENEM 1998

O Que É O Que É

(...)

Viver

e não ter a vergonha de ser feliz

Cantar e cantar e cantar

a beleza de ser um eterno aprendiz

Eu sei

que a vida devia ser bem melhor

e será

Mas isso não impede que eu repita

É bonita, é bonita e é bonita

(...)

Luiz Gonzaga Jr. (Gonzaguinha)

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 124

Redija um texto dissertativo, sobre o tema “Viver e Aprender”, no qual você exponha suas

idéias de forma clara, coerente e em conformidade com a norma culta da língua, sem se remeter

a nenhuma expressão do texto motivador “O Que É O Que É”.

Dê um título à sua redação, que deverá ser apresentada a tinta e desenvolvida na folha

anexa ao Cartão-Resposta. Você poderá utilizar a última página deste Caderno de Questões

para rascunho

TEMA ENEM 1999

O encontro Vem ser cidadão reuniu 380 jovens de 13 Estados, em Faxinal do Céu-PR. Eles

foram trocar experiências sobre o chamado protagonismo juvenil.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 125

O termo pode até parecer feio, mas essas duas palavras significam que o jovem não precisa

de adulto para encontrar o seu lugar e a sua forma de intervir na sociedade. Ele pode ser

protagonista.

(Adaptado de “Para quem se revolta a quer agir”, Folha de São Paulo, 16/11/1998)

Depoimento de jovens participantes do encontro:

Eu não sinto vergonha de ser brasileiro. Eu sinto muito orgulho. Mas eu sinto vergonha por

existirem muitas pessoas acomodadas. A realidade está nua e crua (...) Não dá para passar e ver

uma criança na rua e achar que não é problema seu. ( E.M.O.S. – 16 anos, Minas Gerais)

A maior dica é querer fazer. Se você é acomodado, fica esperando cair no colo, não vai

acontecer nada. Existe muita coisa para fazer. Mas primeiro você precisa se interessar. (C.S.

Jr., 16 anos, Paraná)

Ser cidadão não é só conhecer os seus direitos. É participar, ser dinâmico na sua escola,

no seu bairro. (H.A., 19 anos, Amazonas)

Com base na leitura dos quadrinhos, redija um texto dissertativo-argumentativo, em

prosa, sobre o tema CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL .

Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos ao

longo de sua formação. Depois de selecionar, organizar e relacionar os argumentos, fatos

e opiniões apresentados em defesa de seu ponto de vista, elabore uma proposta de ação

social.

A redação deverá ser apresentada a tinta na cor azul ou preta e desenvolvida na folha

grampeada ao cartão-resposta. Você poderá utilizar a última página deste caderno de questões

para rascunho.

TEMA ENEM 2000

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 126

"É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com

absoluta prioridade, o direito à saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à

liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de

negligência, discriminação, exploração, crueldade e opressão”.

Artigo 227, Constituição da República Federativa do Brasil.

(...) Esquina da Avenida Desembargador Santos Neves com Rua José Teixeira, na Praia do

Canto, área nobre de Vitória. A.J., 13 anos, morador de Cariacica, tenta ganhar algum

trocado vendendo balas para os motoristas. (...)

“Venho para a rua desde os 12 anos. Não gosto de trabalhar aqui, mas não tem outro jeito.

Quero ser mecânico”.

A Gazeta, Vitória (ES), 9 de junho de 2000.

Entender a infância marginal significa entender porque um menino vai para a rua e não à

escola. Essa é, em essência, a diferença entre o garoto que está dentro do carro, de vidros

fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a

diferença entre um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.

Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel. São Paulo, Ática, 2000. 19a. edição.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 127

Com base na leitura da charge, do artigo da Constituição, do depoimento de A.J. e do trecho

do livro O cidadão de papel, redija um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo,

sobre o tema: Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional?

Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as

reflexões feitas ao longo de sua formação. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e

opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando propostas para a solução do problema

discutido em seu texto.

Observações:

Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita

culta da língua.

Espera-se que o seu texto tenha mais do que 15 (quinze) linhas.

TEMA

Bonnie nasceu nesses dias em que a morte rondou-nos com sua brutal e irredutível presença.

Em sua ovina, alva e simbólica inocência, ela surgiu na TV e nos jornais, ao lado da mãe,

Dolly. Nenhuma das duas suspeita de onde veio e para onde irá. Não se indagam, não

formulam, não têm angústias: são apenas ovelhas, viverão e morrerão.

Para os humanos, contudo, Dolly e Bonnie são mais do que dois límpidos e pacíficos animais.

São um novo episódio do ancestral duelo que a humanidade trava contra a natureza. Um ensaio

divino da razão, uma esperança, possivelmente vã, de que um dia o destino humano complete-

se e triunfe sobre a mãe criadora.

Até lá, porém, continuará a conviver com a morte, esse defeito irrevogável da criação,,.

(Gonçalves M.A., Domingueira, Folha de São Paulo, 26/4/98, pg. 1-9).

Ita

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 128

Instruções para Redação

Redija uma dissertação ( em prosa, de aproximadamente 25 linhas) sobre "A relação do

brasileiro com o trabalho". Os excertos abaixo poderão servir de subsídio para a elaboração de

sua redação. Não os copie. ( Dê um título ao seu texto. A redação final deve ser feita com letra

legível, à tinta.)

1. Aos 9 anos comecei a tentar trabalhar. Ajudava um vizinho que fazia doce de banana e de

mamão para vender na feira. Na hora de lavar aqueles tachos enormes de cobre, os filhos e os

netos dele achavam feio fazer trabalho de mulher _ arear a panela, com areia mesmo, porque

Bombril vim conhecer só aqui no Rio. Eu ganhava aquele dinheirinho para a merenda. Também

quebrei pedra _ é, pedra mesmo. Lá no sertão não tinha máquina para fazer concreto, era tudo

na mão. Os homens gritavam fogo na hora de estourar a pedreira e todo o mundo da vila se

escondia debaixo das camas. Quando acabava o estouro, a gente corria com cesto ou lata para

pegar os pedaços de pedra, trazia para o quintal, quebrava tudo com a mão e esperava o

medidor que vinha pesar as latas. ( Veja, Especial Mulher, _ set/ 1994)

2. Nos ofícios urbanos reinavam o mesmo amor ao ganho fácil e a infixidez que tanto

caracterizam, no Brasil, os trabalhos rurais. Espelhava bem essas condições o fato, notado por

alguém, em fins da era colonial, de que nas tendas de comerciantes se distribuíam as coisas

mais disparatadas deste mundo, e era tão fácil comprarem-se ferraduras a um boticário como

vomitórios a um ferreiro. Poucos indivíduos sabiam dedicar-se a vida inteira a um só mister

sem se deixarem atrair por outro negócio aparentemente lucrativo. E ainda mais raros seriam os

casos em que um mesmo ofício perdurava na mesma família por mais de uma geração, como

acontecia normalmente em terras onde a estratificação social alcançara maior grau de

estabilidade. ( Holanda, Sérgio Buarque de, Raízes do Brasil, Rio de Janeiro: José Olympio,

1978)

3. Muito diferente da concepção anglo-saxã que equaciona trabalho ( work) com agir e fazer,

de acordo com sua concepção original. Entre nós, porém, perdura a tradição católica romana e

não a tradição reformadora de Calvino, que transformou o trabalho como castigo numa ação

destinada à salvação. Para nós, brasileiros, que não nos formamos nessa tradição calvinista,

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 129

achamos que o trabalho é um horror. ( Da Matta, Roberto. O que faz o Brasil, Brasil? Rio de

janeiro, Rocco, 1984)

4. Os executivos estão desfrutando cada vez menos o período de férias. É o que aponta uma

pesquisa feita pelo grupo Catho, especializado em Recursos Humanos, com 1.356 profissionais

em todo o país. Os resultados revelam que o descanso tradicional de 30 dias já virou utopia

para muitos: 57,5% dos entrevistados tiraram férias de apenas duas semanas ou menos nos

últimos 12 meses. Outros 21% não tiraram um dia sequer. Gerentes, supervisores e

profissionais especializados _ como advogados, contadores e engenheiros _ são os que menos

dão pausa no trabalho durante o ano. ( Folha de São Paulo, 17/5/98)

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• TEMA DE REDAÇÃO

TEXTO I: "A ciência não deve ser limitada por conceitos éticos. O cientista tem de

gozar de plena liberdade para levar a cabo suas pesquisas e experimentos, não

cabendo à sociedade julgar moralmente o seu trabalho. A ciência é eticamente neutra,

cabendo à comunidade usar de maneira justa o resultado da reflexão científica. O

teórico dividiu o átomo; os estados criaram as armas nucleares".

TEXTO II: "Compete à sociedade vigiar o cientista. Está é a única forma de coibir

pesquisas que possam transgredir as normas éticas que preservam a coesão social das

comunidades. Progresso não significa o avanço científico em detrimento da Ética; o

verdadeiro avanço da civilização consiste em respeitar as coordenadas da

moralidade".

ENTENDA O TEMA

O primeiro texto defende que a pesquisa científica não deve ser policiada pela ética; o

segundo, pelo contrário, coloca a Moral acima do progresso científico.

Redija sobre: "A moral e a ciência são contraditórias?".

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 130

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TEMAS DE REDAÇÃO:

Texto 1: "O homem contemporâneo vem perdendo a linearidade da linguagem escrita em

função da onipresente ditadura das artes e técnicas visuais. A televisão impera em todos os

lares, onde pouco se lê e quase não mais se dialoga. A 'telinha' é a dona das atenções gerais e os

atores e apresentadores são os novos olimpianos".

Texto 2: "As novelas da televisão são, hoje, o que foram os 'folhetins' do século XIX: o

divertimento das classes semi-letradas e semi-cultas das diversas sociedades que formam a

comunidade mundial"

Texto 3: "A televisão é a máquina de fazer loucos" (Stanislau Ponte Preta, notável humorista

brasileiro)

Leia os textos acima e deles extraia um tema e, em seguida, redija.

DA TELA PARA O PAPEL

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 131

Muitas pessoas podem pensar na Sétima Arte apenas como entretenimento, como forma

de passar o tempo, mas o cinema pode ser um valioso aliado no estudo de redação. Assim

como os livros, os filmes também são feitos baseados em temáticas que podem ou não estar

vinculadas à nossa realidade. Temos a seguir uma relação de filmes que podem servir de

incentivo à reflexão sobre temas polêmicos. A lista é, logicamente, incompleta, mas serve para

dar uma visão panorâmica de alguns temas que podem ser abordados em vestibulares. Os

filmes nacionais vêm seguidos da indicação (BR)

SISTEMA PENAL E PENA DE MORTE

- À espera de um Milagre

- Culpado por Suspeita

- Hurricane – O Furação

- Amistad

- Memórias do Cárcere (BR)

- O Silêncio dos Inocentes

- Um sonho de liberdade

- Carandiru (BR)

- Querô

RELACIONAMENTO FAMILIAR

- Pequeno Dicionário Amoroso (BR)

- Perdas e Danos

- Traição (BR)

- De olhos bem Fechados

- Eu – o Filme (BR)

- A Partilha (BR)

- Os Normais (BR)

- Um Amor para recordar

- O Filho da Noiva

- Bicho de sete cabeças (BR)

Page 132: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 132

- A Corrente do bem

- Baixio das Bestas (BR)

DOGMAS RELIGIOSOS

- O Padre

- Dogma

- Estigmata

- O Último Portal

- A Última Tentação de Cristo

- A Missão

- Rainha Margot

- Por um Fio

- O Pagador de Promessas (BR)

- O Auto da Compadecida (BR)

- Seven

- O exorcista

- Em nome de Deus

BRASIL

- Central do Brasil (BR)

- Pixote – A Lei do mais Fraco (BR)

- Quem matou Pixote? (BR)

- O Que é isso, Companheiro? (BR)

- Lamarca (BR)

- Cidade de Deus (BR)

- Cronicamente Inviável (BR)

- Uma onda no ar (BR)

- Olga (BR)

- O ano em que meus pais saíram de férias

ÉTICA

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 133

- O Homem Bicentenário

- Matrix

- O Professor Aloprado

- Patch Adans – O Amor é Contagioso

- O Todo-Poderoso

- Um ato de coragem

- Inteligência Artificial

- A Ilha

- Jogos Mortais

- O Albergue

- Avatar

VIDA APÓS A MORTE

- Espíritos

- Possuídos

- Ghost – O outro lado da vida

- Sexto Sentido

- O Mistério da Libélula

- Os Outros

- Falando com os Mortos

- Amor além da Vida

HOMOSSEXUALISMO

- O Eclipse da Paixão

- Assunto de Meninas

- A Lei do Desejo

- Má Educação

SISTEMA EDUCACIONAL

- A Sociedade dos Poetas Mortos

- Mudança de Hábito II

Page 134: APOSTILA REDAÇÃO.pdf

CURSO MÉTODO VESTIBULARES 134

- Meu Mestre, Minha Vida

- O Substituto

- Professor, Profissão Perigo

- O Sorriso da Monalisa

- Encontrando Forrester

- Escritores da Liberdade

SOCIALISMO / EXPLORAÇÃO HUMANA

- Germinal

- Formiguinha Z

- A Revolução dos Bichos

TEXTOS PARA DISCUSSÃO

DE OLHINHO FECHADO

(Dalton Trevisan)

No sábado, com dor de cabeça, não fui para o emprego. Fiquei deitada quietinha no

quarto escuro. A minha filha de cinco anos chegou da escola e entrou no quarto. Sentou-se no

canto da cama: Mãe, eu tenho uma coisa pra te contar. Pela voz chorosa e trêmula, senti logo

um aperto no coração.

Sou viúva. Tinha um namorado, João, quer passava os fins de semana comigo. No

sábado, depois do almoço, eu saía para o trabalho. Deixava-o cuidando da menina.

Daí ela contou que o João sentava-se no sofá e ligava a tevê. Punha-a no colo e ficava

passando as mãos pelo seu corpo. Primeiro sobre a roupa e depois por baixo. O tempo todo

gemia e falava bobagem.

Mandava que tirasse o vestidinho e se deitasse no sofá. Olhava-a de longe e vinha aos

poucos se chegando. Beijava e babava o seu rosto. Acariciando e lambendo o corpo, baixava-

lhe a calcinha.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 135

Para não apanhar – Se você não deixa, eu te rasgo todinha! E não grite que eu te mato!

– A coitadinha fechava os olhos e chorava. Sentia alguma coisa no meio das pernas, mas não

tinha coragem de ver o que era.

O João dizia que estava com muito calor e queria tomar banho. Entrava com ela debaixo

do chuveiro e a esfregava devagarinho. Depois a vez dela, o que não era fácil, de olhinho meio

fechado.

Isso desde antes do Papai Noel. Ai, sim, tantos meses... ele jurou que matava direitinho

as duas, se a guria me contasse. Com a faca de ponta ali na gaveta da cozinha.

O que ela podia? Uma criança, cinco aninhos, já pensou? Só obedecer e chorar. E sentia

as lágrimas quentes que rolavam sob as pálpebras descidas.

Só agora, que briguei com ele e que não vem mais aqui, a pobrinha achou coragem de

me dizer tudo. Bem ela pedia todo sábado que a professora a deixasse ficar na escola, mas não

era atendida.

Daí perguntei por que nunca ela gritou para chamar a vizinha. Ele podia até acabar

comigo, respondeu. E eu ia deixar que matasse a minha mãezinha?

Tema geral:

Tipologia textual:

Críticas sociais:

Técnica:

Abuso de drogas na adolescência

Orientadora: Profa. Maria do Carmo Barros de Melo

Autores: Guilherme Cardoso Parreiras

Ryan Jefferson Villar Gonçalves

Co-autores: André Rodrigues de Mattos Paixão

Bernardo Luís Fornaciari Ramos

Heloísa Helena Gonçalves de Moura

Ricardo Theotônio Nunes de Andrade

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 136

Rodrigo Domingues Caixeta

Roger Claudson Vieira Reis

Vinícius Bicalho Rodrigues

Por que os adolescentes usam drogas?

O uso de substâncias que alteram o estado mental para fins médicos, sociais, culturais e

religiosos é relatado há muito tempo. Atualmente o fácil acesso a vários tipos de drogas vem

contribuindo para o aumento do uso de tais substâncias por adolescentes

O adolescente em nossa sociedade usa drogas por diversos motivos:

· aspiração da condição de adulto (a droga é vista como símbolo de maturidade);

· independência do domínio parental (a droga é vista como facilitadora do processo);

· aceitação pelo grupo de amigos;

· redução do estresse;

· fuga e rebelião contra o sistema;

· busca pelos limites das suas capacidades cognitivas.

Mais de 90% dos adolescentes já experimentaram drogas, na forma de álcool ou maconha, em

alguma época de sua vida. Os esforços para conter seu uso devem ser voltados para a

prevenção, uma vez que é mais fácil resistir às pressões para usar drogas do que interromper

seu uso.

Um dado alarmante que vem acometendo a sociedade é o crescente consumo de drogas entre

crianças escolares. Este fato parece estar ligado ao aumento do número de crianças vivendo nas

ruas e pelo recrutamento destas crianças para trabalho no tráfico de drogas.

Por que os adolescentes se tornam usuários de drogas?

O uso continuado de uma droga depois que ela é experimentada geralmente sugerem problemas

graves que podem estar motivando ou complicando o uso da mesma. Por exemplo, o uso de

drogas é mais comum entre adolescentes deprimidos assim como entre aqueles que susceptíveis

a um comportamento problemático.

Na avaliação de um adolescente que é descoberto abusando de drogas, devem ser considerados

os seguintes aspectos:

· o tipo de droga usada;

· as circunstâncias do uso;

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 137

· a freqüência e o momento do uso;

· a personalidade pré-mórbida;

· o estado funcional geral do adolescente;

· o uso pelo mesmo de veículo motorizado.

Como pais e amigos podem reconhecer um usuário de drogas e ajudá-lo?

Alterações abruptas de comportamento do adolescente, agressividade, irritabilidade e queda no

rendimento escolar são os primeiros sinais do uso abusivo de drogas. Também pode ocorrer:

· acidentes freqüentes;

· episódios de doenças mal definidas, apresentando tosse, rinite e falta de ar;

· dores abdominais e náuseas;

· alterações do sono e apetite, levando a emagrecimento;

· mudança no grupo de amigos;

· manifestação de opiniões extremas quando o assunto é drogas;

· cultura do uso de drogas, como o uso de camisetas, adesivos, músicas;

· aumento do tempo recluso dentro do próprio quarto;

· desaparecimento de objetos pessoais e da casa;

· cheiro freqüente de incenso.

O importante é estar atento a tais mudanças e na possibilidade de estarem associadas ao uso de

drogas. A melhor maneira de se descobrir se um adolescente esta fazendo uso de tais

substâncias ainda é com uma conversa franca sobre o assunto, com tato, bom censo e

tranqüilidade. Tal atitude pode ser o suficiente para alertar os jovens sobre o perigo das drogas

e o abandono do seu uso. Entretanto acompanhamento especializado e até possíveis internações

podem ser necessários em situações de maior gravidade.

Seqüelas psicossociais

Os jovens podem se envolver em furtos, roubos, tráfico de drogas ou prostituição como meio

de adquirir dinheiro para manutenção de seu vício. Além disso, há uma diminuição do

aproveitamento escolar, da capacidade de manter o emprego e de dirigir veículos motorizados.

Nos usuários crônicos de maconha é comum uma síndrome de desmotivação na qual o

adolescente perde o interesse em atividades apropriadas para a idade.

Prevenção

O modelo ideal de prevenção visa adiar o máximo possível o evento da experimentação, tornar

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 138

seu uso limitado em quantidade, em situações e evitar seu uso durante a condução de veículos

motorizados. Os esforços devem ser baseados em informações objetivas e realistas sobre as

complicações médicas do uso de drogas, além de estratégias que ensinam os adolescentes mais

jovens a resistir à pressão dos mais velhos para experimentar drogas, uma vez que as técnicas

de amedrontação se mostraram falhas.

Classificação

O usuário de drogas, de uma maneira geral, pode ser "rotulado" de acordo com a freqüência em

que faz uso destas substâncias:

-usuário experimentador: é aquele que, como o próprio nome diz, fez uso de maneira isolada da

substância psicoativa e por determinada razão não tornou a utiliza-la.

-usuário ocasional: é o tipo de usuário que utiliza a droga de uma maneira intermitente,

geralmente em festas ou situações especiais.

-usuário habitual: o consumo da substância passa a fazer parte da rotina diária do usuário. A

maioria das suas atividades esta ligada ao uso da droga ou a tem como atividade principal.

-usuário dependente: a substância psicoativa tem interferência direta na vida do usuário. Este

não consegue ficar sem a substância, entrando em crise de abstinência se ficar certo período de

tempo sem utilizar a droga.

Tratamento

O tratamento agudo é individual para cada tipo de droga, já o crônico é baseado em esquemas

de internação e acompanhamento ambulatorial. O aspecto mais importante deste tratamento

consiste na avaliação médica continuada após a desintoxicação e o oferecimento de sistemas de

apoio psicossocial apropriados ao nível de desenvolvimento dos pacientes.

Tipos de drogas

1) Opiáceos:

Seu uso vem diminuindo nos últimos tempos, embora a magnitude e a variedade de seqüelas

médicas justifiquem uma atenção continuada. Seu principal efeito se reproduz como euforia e

analgesia. Geralmente é administrada por meio de inalação (efeito após 30 minutos),

subcutânea (efeito dentro de minutos) e intravenosa (efeito imediato).

Após um período de 8 horas ou mais de abstinência, o indivíduo sofre, durante um período de

24-36 horas uma série de alterações fisiológicas, a síndrome de abstinência. A principal causa

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 139

de morte por opióide é a síndrome de overdose, caracterizada por uma reação aguda de estupor

ou coma, convulsões, depressão respiratória, cianose e edema pulmonar.

2) Alucinógenos

Fenciclidina (poeira-de-anjo): geralmente feita em laboratórios domésticos, causa cólicas,

diarréia e vômitos. Geralmente está disponível em forma de comprimidos, líquido ou pó e pode

ser usado associado a cigarros ("baseados").

Cogumelos: Causam euforia e alucinações, sendo estes efeitos geralmente autolimitados.

Usuários inexperientes podem ingerir acidentalmente cogumelos com outros efeitos tóxicos e

até mesmo fatais.

3) Substâncias voláteis

Constitui uma prática antiga entre os adolescentes (éter). Hoje em dia é comum devido ao fácil

acesso e ao baixo custo (cola de sapateiro, freons, aguarrás, refil de isqueiro de gás butano e

gasolina). As complicações são relacionadas à toxicidade química, ao método de administração

e ao ambiente em que é usado.

Cola de sapateiro: princípio ativo - tolueno; causa relaxamento e alucinações agradáveis por até

2 horas, podem ocorrer tolerância e dependência física.

Gasolina: euforia, náusea, perda da consciência, excitação violenta e coma.

Laquês, desodorantes e lubrificantes: podem levar a arritmias e morte pós-inalação.

Lança-perfume e loló: euforizantes, potencializadores da sensibilidade musical e afrodisíacos.

4) Maconha

Muito popular, é obtida a partir da planta Cannabis sativa e seu princípio ativo é o THC.

Quando inalada faz efeito em 10 minutos; se por via oral o efeito se dá em 1 hora. Após o uso

surge euforia, alteração da percepção, da memória e apetite. O uso crônico está associado a

dificuldades de concentração.

5) Cocaína

Hoje em dia é mais acessível devido ao menor custo e à maior disponibilidade.Tem meia-vida

de 1 hora porém, é administrada a cada 15 minutos. Pode ser inalada (pura ou não) ou fumada

associada ao tabaco (efeitos exacerbados).

Seu uso causa grande euforia , com agitação motora e alterações comportamentais. Grandes

doses podem levar a overdose.

O tratamento visa a terapia de apoio intensivo e as manifestações agudas da intoxicação.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 140

6) Tabagismo

A taxa de fumantes entre as mulheres vem crescendo devido ao seu efeito emagrecedor. Além

disso, causa tosse crônica, aumenta a produção de muco e a sibilância, elevando a mortalidade

e morbidade pré-natal. Quando combinado ao uso de contraceptivos orais, está associada à

maior mortalidade por infarto do miocárdio.

Tabaco sem fumaça (fumo de mascar): pode levar a lesões, principalmente na prega mucobucal

mandibular e estas podem se malignizar.

7) Álcool

Seu uso vem aumentado na última década e constitui uma ameaça às atividades normais dos

adolescentes, bem como às vidas das pessoas colocadas em perigo por motoristas bêbados. O

uso crônico pode culminar em cirrose e câncer hepático.

Síndrome de abstinência (após uso diário por semanas): ocorre 8 horas após a última dose e

dura até 48 horas, gera ansiedade, tremor, insônia e irritabilidade.

8) Esteróides anabolizantes

Prevalente no sexo masculino, seu uso está baseado na busca por melhor desempenho atlético.

Efeitos físicos adversos: anormalidades do fígado (carcinoma), efeitos endócrinos, do

crescimento (devido à aceleração do fechamento epifisário), entre outros. Além disso, podem

ocorrer efeitos psicológicos como depressão, mania, flutuações do humor, alterações da libido e

ódio incontrolável.

LER NÃO SERVE PARA NADA Diogo Mainardi

Como tornar o Brasil uma nação letrada? É o título de um documento de Ottaviano Carlo

De Fiore, secretário do Livro e Leitura. Honestamente, eu nem sabia que o Ministério da

Cultura tinha um secretário do Livro e Leitura.

Mas tem. Sua principal tarefa é “acompanhar, avaliar e sugerir alternativas para as

políticas do livro, da leitura e da biblioteca”. Foi exatamente o que Ottaviano Carlo De Fiore

tentou fazer em seu documento, estudando maneiras de aumentar o interesse por livros no

Brasil. Cito um trecho: “É fundamental que nos meios de massa, políticos, estrelas,

sindicalistas, professores, religiosos, jornalistas (através de depoimentos, conselhos,

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 141

testemunhos) propaguem contínua e perenemente a necessidade, a importância e o prazer da

leitura, assim como a ascensão social e o poder pessoal que o hábito de ler confere às pessoas”.

Minha experiência, ao contrário do que afirma o documento de Ottaviano Carlo De Fiore,

é que o hábito da leitura constitui o maior obstáculo para a ascensão social e o poder pessoal no

Brasil. Não é um acaso que aqueles que vivem de livros – os escritores – se encontrem no

patamar mais baixo de nossa escala social.

É contraproducente tentar convencer os poderosos a prestar depoimentos sobre a

importância dos livros em suas carreiras, simplesmente porque é mentira, e todo mundo sabe

que é mentira. Dê uma olhada nas pessoas de sucesso que aparecem nas páginas desta revista. É

fácil perceber que nenhuma delas precisou ler para subir na vida. A melhor receita para o

sucesso, no Brasil, é o analfabetismo.

RÉU CONFESSO Tim Maia Venho lhe dizer se algo andou errado

Eu fui o culpado, rogo seu perdão

Venho lhe seguir, vim pedir desculpas

Foi por minha culpa a separação

Devo admitir que sou réu confesso

E por isso eu peço, peço pra voltar

Longe de você já não sou mais nada

Veja é uma parada viver sem te ver

Longe de você já não sou mais nada

Veja é uma parada viver sem te ver

Perto de você eu consigo tudo

Eu já penso tudo peço pra voltar

ANOREXIA NERVOSA

Dráuzio Varela

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 142

Anorexia nervosa

Anorexia nervosa é um distúrbio alimentar resultado da preocupação exagerada com o peso

corporal, que pode provocar problemas psiquiátricos graves. A pessoa se olha no espelho e,

embora extremamente magra, se vê obesa. Com medo de engordar, exagera na atividade física,

jejua, jejua, vomita, toma laxantes e diuréticos.

É um transtorno que se manifesta principalmente em mulheres jovens, embora sua incidência

esteja aumentando também em homens. Às vezes, os pacientes anoréxicos chegam rapidamente

à caquexia, um grau extremo da desnutrição e o índice de mortalidade chega a atingir 15% a

20% dos casos.

Sintomas

·Perda exagerada de peso em curto espaço de tempo sem nenhuma justificativa. Nos casos mais

graves, o índice de massa corpórea chega a ser inferior a 17;

·Recusa em participar das refeições familiares. Os anoréxicos alegam que já comeram e que

não estão mais com fome;

·Preocupação exagerada com o valor calórico dos alimentos. Esses pacientes chegam a ingerir

apenas 200kcal por dia;

· Interrupção do ciclo menstrual (amenorréia) e regressão das características femininas;

·Atividade física intensa e exagerada;

·Depressão, síndrome do pânico, comportamentos obsessivo-compulsivos;

·Visão distorcida do próprio corpo. Apesar de extremamente magras, essas pessoas julgam-se

com excesso de peso;

·Pele extremamente seca e coberta por lanugo (pêlos parecidos com a barba de milho).

Causas

Diversos fatores favorecem o aparecimento da doença: predisposição genética, o conceito atual

de moda que determina a magreza absoluta como símbolo de beleza e elegância, a pressão da

família e do grupo social e a existência de alterações neuroquímicas cerebrais, especialmente

nas concentrações de serotonina e noradrenalina.

Recomendações

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 143

·Algumas profissões são consideradas de risco para a anorexia. Bailarinas, jóqueis, atletas

olímpicos, precisam estar atentos para a pressão que sofrem para reduzir o peso corporal;

·A faixa etária está baixando nos casos de anorexia. A família precisa observar especialmente

as meninas que disfarçam o emagrecimento usando roupas largas e soltas no corpo e se

recusam a participar das refeições em casa;

·Às vezes, os familiares só se dão conta do que está acontecendo quando, por acaso,

surpreendem a paciente com pouca roupa e vêem seu corpo esquelético, transformado em pele

e osso. Nesse caso, é urgente procurar atendimento médico especializado;

·O ideal de beleza que a sociedade e os meios de comunicação impõem está associado à

magreza absoluta. É preciso olhar para esses apelos com espírito critico e bom senso e não se

deixar levar pela mensagem enganosa que possam expressar;

·Se o paciente anoréxico estiver correndo risco por causa da caquexia e dos distúrbios

psiquiátricos deve ser internado num hospital para tratamento médico.

Tratamento

A reintrodução dos alimentos deve ser gradativa. Caso contrário provocaria grande sobrecarga

cardíaca. Às vezes, é necessária a internação hospitalar para que essa oferta gradual de calorias

seja controlada por nutricionistas. Não há medicação específica para a anorexia nervosa.

Medicamentos antidepressivos podem ajudar a atenuar sintomas depressivos, compulsivos e de

ansiedade. Em geral, o tratamento de pacientes anoréxicos exige o trabalho de equipe

multidisciplinar.

Operário em Construção Vinícius de Moraes Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão. Como um pássaro sem asas Ele subia com as asas Que lhe brotavam da mão. Mas tudo desconhecia De sua grande missão: Nao sabia por exemplo Que a casa de um homem e' um templo

Um templo sem religião Como tampouco sabia Que a casa quer ele fazia Sendo a sua liberdade Era a sua escravidão. De fato como podia Um operário em construção Compreender porque um tijolo

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 144

Valia mais do que um pão? Tijolos ele empilhava Com pá, cimento e esquadria Quanto ao pão, ele o comia Mas fosse comer tijolo! E assim o operário ia Com suor e com cimento Erguendo uma casa aqui Adiante um apartamento Alem uma igreja, à frente Um quartel e uma prisão: Prisão de que sofreria Não fosse eventualmente Um operário em construção. Mas ele desconhecia Esse fato extraordinário: Que o operário faz a coisa E a coisa faz o operário. De forma que, certo dia `A mesa, ao cortar o pão O operário foi tomado De uma súbita emoção Ao constatar assombrado Que tudo naquela mesa - Garrafa, prato, facão Era ele quem fazia Ele, um humilde operário Um operário em construção. Olhou em torno: a gamela Banco, enxerga, caldeirão Vidro, parede, janela Casa, cidade, nação! Tudo, tudo o que existia Era ele quem os fazia Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão. Ah, homens de pensamento Não sabereis nunca o quanto Aquele humilde operário Soube naquele momento Naquela casa vazia Que ele mesmo levantara Um mundo novo nascia De que sequer suspeitava.

O operário emocionado Olhou sua própria mão Sua rude mão de operário De operário em construção E olhando bem para ela Teve um segundo a impressão De que não havia no mundo Coisa que fosse mais bela. Foi dentro dessa compreensão Desse instante solitário Que, tal sua construção Cresceu também o operário Cresceu em alto e profundo Em largo e no coração E como tudo que cresce Ele não cresceu em vão Pois alem do que sabia - Exercer a profissão - O operário adquiriu Uma nova dimensão: A dimensão da poesia. E um fato novo se viu Que a todos admirava: O que o operário dizia Outro operário escutava. E foi assim que o operário Do edifício em construção Que sempre dizia "sim" Começam a dizer "não" E aprendeu a notar coisas A que não dava atenção: Notou que sua marmita Era o prato do patrão Que sua cerveja preta Era o uísque do patrão Que seu macacão de zuarte Era o terno do patrão Que o casebre onde morava Era a mansão do patrão Que seus dois pés andarilhos Eram as rodas do patrão Que a dureza do seu dia Era a noite do patrão Que sua imensa fadiga Era amiga do patrão.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 145

E o operário disse: Não! E o operário fez-se forte Na sua resolução Como era de se esperar As bocas da delação Começaram a dizer coisas Aos ouvidos do patrão Mas o patrão não queria Nenhuma preocupação. - "Convençam-no" do contrário Disse ele sobre o operário E ao dizer isto sorria. Dia seguinte o operário Ao sair da construção Viu-se súbito cercado Dos homens da delação E sofreu por destinado Sua primeira agressão Teve seu rosto cuspido Teve seu braço quebrado Mas quando foi perguntado O operário disse: Não! Em vão sofrera o operário Sua primeira agressão Muitas outras seguiram Muitas outras seguirão Porem, por imprescindível Ao edifício em construção Seu trabalho prosseguia E todo o seu sofrimento Misturava-se ao cimento Da construção que crescia. Sentindo que a violência Não dobraria o operário Um dia tentou o patrão Dobra-lo de modo contrário De sorte que o foi levando Ao alto da construção E num momento de tempo Mostrou-lhe toda a região E apontando-a ao operário Fez-lhe esta declaração:

- Dar-te-ei todo esse poder E a sua satisfação Porque a mim me foi entregue E dou-o a quem quiser. Dou-te tempo de lazer Dou-te tempo de mulher Portanto, tudo o que ver Será teu se me adorares E, ainda mais, se abandonares O que te faz dizer não. Disse e fitou o operário Que olhava e refletia Mas o que via o operário O patrão nunca veria O operário via casas E dentro das estruturas Via coisas, objetos Produtos, manufaturas. Via tudo o que fazia O lucro do seu patrão E em cada coisa que via Misteriosamente havia A marca de sua mão. E o operário disse: Não! - Loucura! - gritou o patrão Não vês o que te dou eu? - Mentira! - disse o operário Não podes dar-me o que e' meu. E um grande silêncio fez-se Dentro do seu coração Um silêncio de martírios Um silêncio de prisão. Um silêncio povoado De pedidos de perdão Um silencio apavorado Com o medo em solidão Um silêncio de torturas E gritos de maldição Um silêncio de fraturas A se arrastarem no chão E o operário ouviu a voz De todos os seus irmãos Os seus irmãos que morreram Por outros que viverão

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 146

Uma esperança sincera Cresceu no seu coração E dentro da tarde mansa Agigantou-se a razão

De um homem pobre e esquecido Razão porem que fizera Em operário construído O operário em construção

POLÍCIA BRITÂNICA ALERTA PARA RISCO DE PEDOFILIA ONLINE

Por Michael Holden

LONDRES (Reuters) - Duas horas depois de conhecer uma "menina de 12 anos" em

uma sala de chat da Internet, o pedófilo predatório já a havia convidado para um encontro

sexual.

Ele não sabia, entretanto, que a "menina" em questão era um investigador da polícia

britânica trabalhando sob disfarce. Detetives de uma unidade especializada de Londres

disseram que o caso perturbador ilustra os riscos que as crianças enfrentam quando

navegam na Internet.

"Famílias darão computadores como presentes de Natal, crianças vão usá-los... e as

crianças estarão vulneráveis, a menos que suas atividades sejam devidamente monitoradas",

disse o detetive superintendente Alastair Jeffrey na quarta-feira.

As dimensões da questão ficam claras se levarmos em conta os números produzidos

pelo Comando de Investigação de Abusos contra a Criança (Caic), que ele dirige, em

Londres, o qual emprega seis investigadores que operam com identidades falsas online --10

por cento dos policiais envolvidos nesse tipo de trabalho no Reino Unido.

A despeito de ser a maior e a mais bem equipada unidade online de proteção a

crianças no país, Jeffrey disse que seu comando poderia gerar trabalho suficiente para

ocupar todos os 425 policiais encarregados de combater pedofilia e abusos contra crianças

na capital britânica.

Nos últimos sete meses, o Caic deteve 22 homens, entre os quais 14 suspeitos

identificados pelo trabalho de um mesmo investigador online.

Os detetives afirmam que os pedófilos se concentram em sites de redes sociais, que se

tornaram uma das grandes atrações da Internet nos últimos anos e permitem que usuários

criem páginas pessoais, troquem fotos e vídeos, e ouçam música.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 147

"É para esses sites que os pedófilos vão, sabedores de que neles é possível procurar e

encontrar crianças pequenas", disse o detetive inspetor Brian Ward.

Ainda que os grandes sites disponham de medidas de segurança, os pedófilos

usualmente conseguem evitá-las. Quando conquistam a confiança da criança, os homens

entram em contato privado com elas por meio de serviços de mensagens instantâneas como

os do Yahoo! e MSN.

Jeffrey diz que 31 por cento das pessoas com idade entre nove e 19 anos haviam

recebido mensagens de conteúdo sexual enquanto usavam a Internet, mas apenas 7 por

cento dos pais sabiam disso.

A IMPLOSÃO DA MENTIRA

Affonso Romano de Sant’Anna

Mentiram - me.

Mentiram - me ontem

e hoje mentem novamente.

Mentem de corpo e alma completamente.

E mentem de maneira tão pungente

que acho que mentem sinceramente.

Mentem, sobretudo impunemente.

Não mentem tristes,

alegremente mentem.

Mentem tão nacionalmente

que acho que mentindo história afora,·vão enganar a morte eternamente.

Mentem, mentem e calam,

mas as frases falam e desfilam de tal modo nuas

que mesmo o cego pode ver a verdade

em trapos pelas ruas.

Sei que a verdade é difícil e para alguns

é cara e escura,

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 148

mas não se chega à verdade pela mentira

nem à democracia pela ditadura.

Evidentemente crer que uma flor nasceu

em Hiroshima

e em Auschwitz havia um circo

permanentemente.

Mentem, mentem caricaturalmente,

mentem como a careca mente ao pente,

mentem como a dentadura mente ao dente

mentem como a carroça à besta em frente,

mentem como a doença ao doente,

mentem como o espelho transparente

mentem deslavadamente como nenhuma

lavadeira mente

ao ver a nódoa sobre o rio

mentem com a cara limpa e na mão

o sangue quente,

mentem ardentemente como doente nos

seus instantes de febre,

mentem fabulosamente

como o caçador que quer passar gato por lebre

e nessa pilha de mentiras a caça é que

caça o caçador

e assim cada qual mente indubitavelmente.

Mentem partidariamente,

mentem incrivelmente,

mentem tropicalmente,

mentem hereditariamente,

mentem, mentem e de tanto mentir

tão bravamente

constroem um país de mentiras diariamente.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 149

METROSSEXUAIS DE XANGAI SÃO OS CAMPEÕES NA FRENTE DO ESPELHO Chineses gastam, em média, oito minutos do dia só para se admirar

PEQUIM – Embora os italianos tenham fama de mais belos do mundo, não são eles

os mais vaidosos. Esse terreno vem sendo ocupado por outro biotipo físico. Os homens

chineses, cujas características são bem distintas dos latinos, avançam no terreno dos

metrossexuais e já são considerados, de acordo com uma pesquisa, os campeões mundiais

na frente do espelho.

Os chineses gastam, em média, oito minutos por dia só para se admirar no espelho,

em especial os que vivem em áreas urbanas. Os novos metrossexuais do planeta não

poupam o bolso na hora de tentar dar um toque na aparência. Eles chegam a gastar 80 Iuans

(cerca de US$ 10) por mês em produtos de beleza, informa a agência de notícias Xinhua.

Pesquisa

A pesquisa estudou homens entre 18 e 60 anos em sete grandes cidades chinesas e foi

realizada pelo Horizon Research Consultancy Group em parceria com uma companhia de

moda e mídia de Xangai. O chinês não é mais um povo que só curte o corpo através das

artes marciais, como revelava os filmes das décadas de 1970 e 1980.

Os moradores de Pequim e de Xangai, principais cidades do país, ficaram empatados

na avaliação sobre quem seria o mais vaidoso. Nesses dois centros, os homens vão e vem

na frente do espelho.

17 minutos

Os habitantes da capital chinesa vão às compras para cuidar do corpo com mais

freqüência. Eles gastam mais em cosméticos, numa média de 119 Iuans por mês, ou US$

148,7. Os homens de Xangai, por sua vez, não desembolsam tanto, porém, eles passam

mais tempo na frente do espelho: cerca de 17 minutos por dia ou mais de uma hora a cada

quatro dias.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 150

O VERBO FOR João Ubaldo Ribeiro

Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da

vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas. Acho inadmissível e

mesmo chocante (no sentido antigo) um coroa não ser reacionário. Somos uma força

histórica de grande valor. Se não agíssemos com o vigor necessário - evidentemente o

condizente com a nossa condição provecta -, tudo sairia fora de controle, mais do que já

está. O vestibular, é claro, jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas

julgo necessário falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao

dicionário outra vez; domingo, dia de exercício).

O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia,

tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês e sociologia, sendo que esta

não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha de se virar por fora. Nada

de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira.

Tudo escrito tão ruibarbosianamente quanto possível, com citações decoradas,

preferivelmente. Os textos em latim eram As Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei

o comecinho.

Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos nunca se

recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e

partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje.

A oral de latim era particularmente espetacular, porque se juntava uma multidão, para

assistir à performance do saudoso mestre de Direito Romano Evandro Baltazar de Silveira.

Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.

- Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra - dizia ele ao entanguido

vestibulando.

- "Catilina, quanta paciência tens?" - retrucava o infeliz.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 151

Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a

platéia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à porta da sala.

- Ai, minha barriga! - exclamava ele. - Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha

asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos dirigi? Salvai essa alma de alimária. Senhor

meu Pai!

Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a

enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de

barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um

latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.

O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do

candidato e vinha vê-lo "dar um show". Eu dei show de português e inglês. O de português

até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um

cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:

- Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino

Nacional!

- As margens plácidas - respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a

xícara.

- Por que não é indeterminado, "ouviram, etc."?

- Porque o "as" de "as margens plácidas" não é craseado. Quem ouviu foram as

margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. "Nem teme quem

te adora a própria morte": sujeito: "quem te adora." Se pusermos na ordem direta...

- Chega! - berrou ele. - Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!

Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de

Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de

português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje

considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e

trêmulos diante de mim. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo,

muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima.

Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam

ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural

de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 152

responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra

"for" tanto podia ser do verbo "ser" quanto do verbo "ir". Pronto, pensei. Se ele distinguir

qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.

- Esse "for" aí, que verbo é esse?

Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a

quadratura do círculo, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.

- Verbo for.

- Verbo o quê?

- Verbo for.

- Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.

- Eu fonho, tu fões, ele fõe - recitou ele, impávido. - Nós fomos, vós fondes, eles

fõem.

Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje

há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica,

ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito

mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar

fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele

fõe.

E SEU NÍVEL DE CORRUPÇÃO, COMO VAI? Millôr Fernandes

Dizem por aí que todo homem tem seu preço. Há quem vá mais longe afirmando que

alguns homens são vendidos a preço de banana. Sempre esperei, na vida, o dia da Grande

Corrupção, e confesso, decepcionado, que ele nunca veio. A mim só me oferecem causas

meritórias, oportunidades de sacrifício, salvações da Pátria ou pura e frontalmente a

hedionda tarefa de lutar... contra a corrupção. Enquanto eu procuro desesperadamente uma

oportunidade, as pessoas e entidades agem comigo de tal forma que às vezes chego a

duvidar de que a corrupção exista. Mas, falar em corrupção, como anda a sua? Vendendo

saúde ou combalida e atrofiada como a minha? Responda com muito cuidado às perguntas

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 153

abaixo e depois conclua sobre sua própria personalidade: você é um corrupto total ou um

idiota completo? (Não há meio-termo.) Conte 10 pontos para cada resposta certa (você é

quem decide qual é a certa) e verifique depois o grau de sua corruptibilidade. Nota: Se você

roubar neste teste, é porque sua corrupção é mesmo absolutamente incorruptível.

A) Você descobre que o chefe do seu departamento está com um caso complicado com a

secretária do outro chefe em frente. Você: 1) Finge que não viu nada. 2) Diz à secretária

que ou também está nessa ou vai botar a boca no mundo. 3) Oferece o seu sítio ao chefe pra

ele passar o fim de semana. 4) Bota a boca no mundo. 5) Insinua ao chefe que há a perigosa

hipótese de a mulher dele vir a saber (e enquanto isso põe a promoção embaixo do nariz

dele pra ele assinar).

B) Você acha que a Lei e a Ordem é uma mística social maravilhosa para: 1) Impor a lei e a

ordem. 2) Acabar com a grita dos descontentes. 3) Grandes oportunidades de ganhar algum

por fora. 4) Dividir o bolo entre os íntimos sem ninguém de fora piar.

C) A primeira vez em que você ouviu falar do escândalo de Watergate você disse: 1) Isso é

que é país! 2) Como é que o governo americano permite uma imprensa dessas? Isso

desmoraliza um país! 3) Eu não compraria um carro usado desse Nixon. 4) Isso jamais

aconteceria entre nós. 5) Quanto terão levado esses caras pra se arriscarem dessa maneira?

D) Você, como representante oficial da fiscalização, comparece à apresentação de contas,

em dinheiro, no Instituto dos Cegos. Fica surpreendido com o alto volume das arrecadações

e em certo momento: 1 ) Diz : "Estou surpreendido com a miserabilidade dos donativos". E

tenta enrustir algum. 2) Diz: "Como representante do fisco sou obrigado a reter 30% de

tudo porque esta arrecadação é totalmente ilegal". 3) Diz: "Teria sido até uma boa

arrecadação se metade das notas não fossem falsas". 4) Disfarça bem a voz e diz,

entredentes: "Todos quietinhos aí, seus Homeros de uma figa: Isto é um assalto!"

E) Você se demite do cargo de maneira irrevogável por insuportáveis pressões morais e

absoluta impossibilidade de compactuar com a presente política da firma. Eles prometem

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 154

triplicar o seu salário. Você: 1) Recusa, indignado, por pensarem que é tudo uma questão de

dinheiro. Só ficará se eles derem também as três viagens anuais à Europa a que todos os

diretores têm direito. E participação nos lucros retidos da companhia. 2) Diz que,

evidentemente, isso e uma prova moral de que eles estão de acordo com você. O dinheiro,

aí é definitivo como demonstração de confiança na sua gestão. 3) Pede para pensar 5

minutos antes de dar a resposta. 4) Explica que tem mulher e filhos e não pode manter um

pedido de demissão feito, afinal de contas, por motivos tão irrelevantes.

F) Há uma diferença fundamental entre fraudar e evitar o imposto de renda. Quando você

descobriu isso, você: 1) Ficou indignado com as possibilidades de os poderosos usarem

tudo a seu favor. Como é que se pode escamotear um ordenado? 2) Começou a estudar

furiosamente a legislação para descobrir todos os furos. 3) Tinha 11 anos de idade e estava

terminando o curso primário. 4) Nunca mais pagou um tostão de imposto.

G) Você dá uma nota de 10 pra pagar o jornal, no jornaleiro velhinho da banca da esquina,

e percebe que ele lhe deu 50 como troco. Você imediatamente: 1) Corrige o erro do

velhinho? 2) Reclama chateado aproveitando a gagaíce do vendedor: "Pô, eu lhe dei uma

nota de 100?" 3) Chega em casa e manda todos os seus filhos comprarem vários jornais? 4)

Bota o dinheiro no bolso e fica freguês?

H) Você teve que fazer um trabalho na rua, não pôde almoçar, comeu um sanduíche. Você

apresenta a conta na companhia: 1) Um sanduíche — 3 cruzeiros. 2) Almoço — 32

cruzeiros. 3) Almoço com o representante da A&F Ltda. — 79 cruzeiros. 4) Despesas

gerais — 143 cruzeiros.

I) Quando o desfalque dado pelo auditor geral (8.000.000 pratas) chega a seus ouvidos você

murmura: 1) "Idiota, se deixar apanhar assim". 2) "Será que eles vão descobrir também os

meus 10.000?". 3) "Se ele tivesse me dado 10% eu tinha feito o negócio de maneira que

ninguém nunca ia descobrir". 4) "Eu fiz bem em não entrar no negócio".

Conselho de amigo:

Quando alguém, na rua, gritar "Pega ladrão!", finge que não é com você.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 155

INTERNET: OPORTUNIDADE OU AMEAÇA?

Em 1994, os primeiros servidores da Internet, uma rede internacional de

computadores, começaram a operar no Brasil. Em 1999, mais de cinco milhões de

brasileiros usaram a Internet no dia-a-dia. Até o ano 2003, calcula-se que mais de 20

milhões de brasileiros serão usuários dessa rede (Época, 20/12/99, páginas 98-99). A

Internet representa a maior revolução em comunicação pessoal desde a televisão. Já

influencia quase todos os aspectos das nossas vidas. De educação a esportes, de negócios a

namoro, e de lazer a louvor, a Internet se tornou uma parte importante da vida de milhões

de pessoas.

Como é que o servo de Deus deve encarar este novo meio de comunicação? Algumas

pessoas o consideram uma ferramenta do Diabo. Outros vêem a Internet como uma

oportunidade para comunicar com outras pessoas, até sobre os assuntos mais importantes,

os que vêm da palavra do Senhor. O propósito deste artigo é tentar colocar em perspectiva a

Internet, considerando alguns princípios bíblicos que devemos lembrar quando avaliamos e

usamos essa rede internacional.

O que é a Internet?

Computadores transmitem mensagens por fios. Dentro de um computador, as mensagens

são transmitidas do teclado para o processador, e do processador para outros dispositivos,

tais como o monitor e as unidades de armazenagem (discos, fitas, etc.). A Internet nada

mais é do que uma extensão desta comunicação, em que vários computadores são usados

para comunicar, um com o outro, transmitindo qualquer tipo de informação que pode ser

armazenada eletronicamente. Palavras, sons e imagens (fotografias e vídeos) podem ser

transmitidos por uma simples ligação telefônica. A Internet é meramente um meio de

comunicação.

A Internet facilita a comunicação

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 156

Qualquer coisa boa que pode ser comunicada entre seres humanos vai longe com grande

facilidade pela Internet. Ela serve como ferramenta poderosa para manter contato entre

parentes e amigos separados por grandes distâncias. É útil na pesquisa educacional,

profissional e até religiosa, pois oferece acesso rápido a muitos textos e imagens de todos

os cantos do mundo. Este artigo que você está lendo apareceu na Internet antes de ser

distribuído pelo correio na edição tradicional do boletim. Notícias de qualquer lugar no

mundo chegam em poucos instantes, permitindo um contato maior entre pessoas.

A capacidade de se comunicar com palavras é um presente que Deus deu aos homens desde

a criação do primeiro casal. Tudo que a Bíblia fala sobre o uso da língua deve ser aplicado

à comunicação pela Internet. "Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com

o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. . . . Não saia da vossa boca

nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a

necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem" (Efésios 4:25,29). "Todo homem,

pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar; tardio para se irar.... Se alguém supõe ser

religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua

religião é vã." (Tiago 1:19,26).

Sabemos que a língua é difícil de controlar e que ela facilmente machuca outras pessoas

(Tiago 3:1-12). A Internet apresenta uma tentação enorme para quem não aprendeu segurar

a língua. Qualquer mensagem, mesmo mentiras, fofocas, e falsas acusações, pode chegar ao

outro lado do mundo em meros segundos. E, pior que a conversa particular ou por telefone,

neste ponto a Internet facilita a comunicação a centenas ou milhares de pessoas em poucos

instantes.

Alguns perigos da Internet

Qualquer coisa que o homem pode imprimir no papel pode ser colocada na Internet.

Pesquisas, literatura, notícias, etc. se encontram na Internet. Mas, há alguns perigos neste

aspecto da rede.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 157

� Qualquer pessoa pode colocar suas idéias na Internet. No passado, a comunicação de

idéias ao público era privilégio das poucas pessoas com influência ou recursos para

imprimir suas publicações ou produzir programas de televisão ou rádio. Hoje, qualquer

pessoa pode comunicar pela Internet, mesmo as pessoas que não têm nenhum

conhecimento dos assuntos tratados. (Veja Atos 17:11).

� A censura da Internet é praticamente impossível. Com mais de 3,5 milhões de sites

(locais onde pessoas podem procurar informações) e 200 milhões de usuários no mundo

inteiro, cada um capaz de colocar suas idéias na frente de outras pessoas (Época, 20/12/99,

página 93), não existe governo capaz de controlar o conteúdo da Internet. Esse fato tem seu

lado bom, em saber que ninguém pode suprimir artigos como este. Mas, ao mesmo tempo,

há muitas coisas erradas facilmente disponíveis na rede. Há milhares de sites que

incentivam inimizade, violência, imoralidade, rebelião, adoração ao Diabo, etc. Correio

eletrônico (e-mail) e sites de bate-papo podem ser usados por pessoas maldosas com

intenções impuras ou criminosas.

� A disponibilidade de muitas informações, quase de graça, convida o usuário a ficar

viciado na rede. Tempo que deveria ser usado para orar, estudar a Bíblia, louvar ao Senhor,

estar com a família e com outras pessoas acaba sendo gasto na frente de uma tela de 14

polegadas.

� A Internet pode contribuir à solidão. Parece engraçado! Uma ferramenta que abre portas

de comunicação com o mundo inteiro acaba, muitas vezes, criando mais isolação e solidão.

Na segurança do próprio lar, uma pessoa pode se comunicar com muitos sem ter contato

pessoal com ninguém. Deus nos criou como seres sociais, precisando de contato com outras

pessoas. Por isso, ele nos deu o casamento, a família e a igreja. Nós precisamos de outras

pessoas. Uso descontrolado da Internet rouba as pessoas deste contato essencial com outros.

Sugestões para o uso da Internet

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 158

A melhor sugestão sobre o uso da Internet foi feita mais de 1.900 anos antes dela! Paulo,

um dos apóstolos do Senhor, disse: "Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o

que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é

de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso

pensamento" (Filipenses 4:8). Seria bom se tivesse como colar este versículo do lado do

monitor de cada computador no mundo. Este mandamento de Deus exige uma preocupação

da nossa parte quando assistimos à televisão, escutamos música ou entramos na Internet.

Mas, de todos esses meios de comunicação, é a Internet que exige mais cuidado. Algumas

sugestões:

� Pais devem sempre supervisionar o uso da Internet por crianças e jovens. Imagine uma

banca de jornais com milhares de revistas pornográficas, livros que incentivam a adoração

de Satanás, e outros que ensinam como conseguir armas e fazer bombas, junto com uma

locadora de vídeos igualmente maus. Agora, imagine a seguinte placa na frente deste

comércio: "Entrada franca para pessoas de qualquer idade. Toda a nossa mercadoria é de

graça. Fique à vontade e leve o que quiser!" Infelizmente, a Internet, mal-usada, pode ser

exatamente assim. Pesquisas mostram que qualquer pessoa, até uma criança, pode acessar

textos, imagens e conversas absolutamente horríveis, sem pagar nada. Existem programas

para facilitar os esforços dos pais a controlar o acesso dos filhos aos sites inapropriados,

mas não há garantia que sempre conseguem identificar e bloquear as coisas erradas. Uma

boa regra é de não deixar os filhos usar a Internet se não tiver um dos pais presente

supervisionando.

� Qualquer usuário deve controlar seu tempo na rede, nunca deixando de fazer as coisas

mais importantes. Enquanto a Internet oferece coisas que podem ajudar no estudo da Bíblia,

ninguém deve se enganar pensando que tempo navegando de um site para outro é tempo

investido no estudo das Escrituras. Clique em "desconectar" e abra a sua Bíblia! "Portanto,

vede prudentemente como andais, não como néscios e sim como sábios, remindo o

tempo, porque os dias são maus" (Efésios 5:15-16).

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 159

� Mantenha o computador de sua família num lugar aberto e acessível. "E não sejais

cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as. Porque o que eles

fazem em oculto, o só referir é vergonha. Mas todas as coisas, quando reprovadas pela

luz, se tornam manifestas, porque tudo que se manifesta é luz" (Efésios 5:11-13). Se um

televisor no quarto de jovens ou crianças é perigoso, imagine o perigo muitas vezes maior

de um computador, ligado à Internet, no quarto de alguém que ainda não tem maturidade

para se controlar. Esta sugestão não aplica somente aos jovens. Muitos casamentos já foram

estragados pelo acesso fácil à pornografia na rede, ou pela facilidade de começar um caso

extra-conjugal pelo e-mail.

� Continue se comunicando com sua família. Não deixe as maravilhas da tecnologia

roubarem sua família do precioso dom de comunicação que Deus deu para todos nós.

Desligue o sistema de som, o televisor, e o computador e fale com sua família. Ensine seus

filhos; ouça a sua esposa ou o seu marido; ore com sua família; estude a Bíblia juntos.

3.500 anos atrás, Deus pediu que os pais falassem com os filhos sobre a palavra dele

"assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te"

(Deuteronômio 6:7). Este conselho é bom para hoje, também.

Conclusão

Deus criou a comunicação humana para o nosso bem. Desde Gênesis 3, o Diabo tem

pervertido este dom de Deus para envolver o homem no pecado. A Internet é um meio de

comunicação. Pode ser pervertido pelos servos de Satanás, ou bem empregado pelos servos

de Deus.

por Dennis Allan

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 160

Jovens carentes descobrem benefícios da internet

DANIELLE CHEVRAND da Fundação Banco do Brasil

Jovens do bairro de São Pedro, periferia de Teresina, capital do Piauí, estão trocando

o vício das drogas por um outro, de alto valor cultural. O que os entorpece agora são os 21

computadores da estação digital montada no bairro, em julho deste ano, pela Fundação

Banco do Brasil, em parceria com a ONG Movimento pela Paz na Periferia, a Secretaria de

Administração de Teresina e o Movimento Meninos e Meninas de Rua. Se antes os

meninos entravam na sala, emprestada pela Secretaria de Administração da cidade, para

roubar aparelhos de videocassete e até ventiladores para sustentar o vício, hoje eles vivem

uma realidade bem contrária: invadem a sala para aprender informática. O bairro de São

Pedro foi o primeiro do Brasil a receber uma escola do Programa de Inclusão Digital da

FBB. Hoje, 10 estações digitais já oferecem cursos e serviços de informática a crianças e

adultos. As salas têm de 10 a 30 computadores. Na última quarta-feira, dia 24, mais uma

estação foi inaugurada, em Benevides, no Pará.

“A nossa meta é ter até o fim deste ano 50 estações funcionando nas regiões Norte e

Nordeste e em bairros carentes de São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. No ano que vem,

outras 100 serão implantadas. Com isto, facilitaremos a vida de pessoas que nunca teriam

oportunidade de usar um computador e muito menos a internet, e hoje aprendem a pagar

uma conta, a tirar um CPF, ou emitir uma certidão pela web. Ações que obrigariam estas

pessoas até a fazerem viagens de suas comunidades, no interior, para as capitais. Pela

internet, os agricultores vão poder buscar e estudar novas técnicas de plantio ou mesmo

requisitar visitas de técnicos da Embrapa. Para os jovens, além do conhecimento, vai

aumentar sua competitividade no mercado de trabalho”, explicou Germana Macena,

coordenadora do Programa de Inclusão Digital da FBB.

A exclusão digital é um dos problemas mais graves do Brasil. Segundo o Relatório de

Desenvolvimento Humano produzido e divulgado pela ONU em 2004, o Brasil ocupa a 72a

colocação no grupo de países com médio Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com

uma taxa de apenas 82,2 usuários de internet por grupo de mil indivíduos.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 161

Para cobrir esta demanda, ações como a da FBB têm feito a diferença. Segundo

Germana, a Fundação emprega, em média, 40 mil reais para montar uma escola digital com

computadores novos. Por seis meses, os gastos com internet e bolsas para os monitores são

financiados pela entidade. Depois desse tempo, a escola tem de passar a se auto-sustentar,

mas continua sendo permanentemente vistoriada pela Fundação. Para instalar o centro, a

FBB procura fazer parcerias com organizações locais – prefeituras ou empresas –, que

fornecem o espaço para as salas e arcam com gastos com eletricidade, água e impostos. São

estas organizações que escolhem os programas que vão usar em seus computadores. Podem

optar por softwares proprietários – que exigem o pagamento pelo uso, como, por exemplo,

os programas da Microsoft –, ou pelo software livre – que pode ser manipulado de acordo

com os interesses dos usuários. Uma vez que opte pelo software proprietário, a entidade

deve se comprometer a pagar as licenças de uso.

“O assunto auto-sustentabilidade é tratado desde o primeiro encontro com a entidade

disposta a ser parceira da Fundação. Então, ao longo dos seis meses em que a FBB ajuda a

financiar o programa, monitores de todas as escolas fazem encontros para elaborar a melhor

forma de manter suas salas. Uns contam com o apoio de cooperativas de artesãos, outros

fazem acordos com empresas ou com prefeituras. Até autorizamos que, para ajudar nas

despesas da estação, seja cobrada uma taxa simbólica proporcional ao valor que o usuário

possa pagar, desde que nunca se impeça o acesso de quem não tem dinheiro”, contou

Germana.

Mesmo recente, o Programa de Inclusa Digital da FBB já tem gerado resultados

satisfatórios. A coordenadora observa que, depois de certo tempo, a comunidade realmente

entende a importância das estações e por isso Germana não teme que um dia elas se tornem

fonte de renda para aproveitadores.

“Eu vejo que a comunidade se apropria das estações, que elas passam a ficar acima de

qualquer questão política ou partidária. A partir daí, a própria comunidade protege aquele

lugar. Mesmo assim, se a Fundação notar que há alguma irregularidade, os computadores

são transferidos para outra comunidade”, pondera Germana Macena.

Um novo vício

A estação de Teresina é um bom exemplo de como isso funciona. E bem. Os próprios

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 162

moradores conseguiram estabelecer uma parceria com uma empresa de ônibus para

transportar gratuitamente a criançada das comunidades distantes até as salas de aula. Hoje,

os 21 computadores ligados à internet servem de laboratório para 300 crianças, que são

divididas em 15 turmas. Nelas, as crianças aprendem as ferramentas do programa Open

Office – um software livre semelhante ao Office da Microsoft – e da internet e podem fazer

ainda uma introdução ao sistema operacional Linux.

Quatro meses depois de inaugurada a estação, os meninos que ainda pertencem às

gangues de traficantes das regiões mais violentas do bairro de São Marcos – Prainha, Buriti

dos Lopes e São Pedro de Cima – aprenderam a ter respeito pelo espaço, muito graças à

liderança de Francisco do Nascimento Júnior. Nascido e criado em São Marcos, em sua

juventude humilde ele foi engraxate, zelador, vendedor, ajudante de mecânico e chegou a

pedir esmolas nas ruas. Sem dinheiro até mesmo para se alimentar, mas com muita vontade

de aprender história para poder ensiná-la aos outros, Júnior pediu para cursar gratuitamente

um pré-vestibular do Sesc de Teresina, com a promessa de pagar o estudo quando entrasse

na universidade.

“Não sei como eu passei para o curso de história da Faculdade Federal do Piauí.

Dormi dois dias com o jornal que trazia o resultado do vestibular debaixo do braço para

garantir que meu nome não sairia dali. Naqueles dias, decidi que passaria a vida ajudando

as pessoas”, conta o então calouro que hoje também cursa ciências sociais e teologia.

Agora, aos 33 anos, Júnior coordena a ONG Movimento pela Paz na Periferia, que

criou há dois anos para promover a inclusão social por meio de oficinas de rap, grafite e

dança de rua. E por experiência própria confirma que a opção pelas drogas se dá por falta

de acesso a diversão, lazer, cultura e comida. Quando encontram computadores da estação

implantada pela FBB, os jovens preenchem esse vácuo , ele assegura.

“Muitos jovens que viviam pelas ruas me contam que estão viciados nas salas e nos

programinhas de bate-papo. Eles adoram ficar conversando e navegando na internet. Hoje,

conseguimos dar cursos de informática que custariam mais de 150 reais. No futuro, estes

aprendizes estarão disseminando seus conhecimentos em informática para outras gerações”,

sonha Francisco Nascimento Júnior.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 163

MULHERES APRENDEM O DIREITO DE TER DIREITO

Francisca Pereira de Melo, a Chiquinha, 22, nasceu em São Luís (MA) e é empregada

doméstica em São José dos Campos (91 km a nordeste de São Paulo). Quando tinha 18

anos, sua patroa falou de um curso chamado Promotoras Legais Populares, sobre direitos da

mulher. "Fiquei interessada porque era um curso para mulheres, e a gente não vê muito

disso por aí", diz.

Após participar de encontros semanais durante um ano, Chiquinha aprendeu assuntos

que nem sabia que existia. "Descobri que as mulheres têm direito a licença-maternidade,

por exemplo." Com o novo conhecimento, ela passou a ajudar outras pessoas, como a sua

cunhada, quando esta se separou do marido, orientando-a sobre os órgãos que deveria

procurar e os direitos que possuía.

Chiquinha é uma entre as mais de mil mulheres que já passaram pelo projeto, uma das

iniciativas não-governamentais brasileiras que pretendem difundir o conhecimento do

direito pela educação popular. Trata-se de programas fornecem informações, divulgam

campanhas de conscientização e até propõem ações judiciais. Há também grupos que atuam

internacionalmente pela efetivação de direitos em território nacional. O que todas têm em

comum é o ideal de ensinar às pessoas que elas têm direitos e, se não os conhecem, é muito

difícil lutar por eles.

O curso de promotoras legais populares gira em torno dos problemas enfrentados

pelas alunas no dia-a-dia, como questões sobre saúde da mulher, violência doméstica e

direitos trabalhistas, que são abordadas de maneira multidisciplinar, com aulas ministradas

por médicos, sociólogos, psicólogos, assistentes sociais, advogados e juízes.

"Algumas mulheres usam o conhecimento adquirido no trabalho que já realizavam,

outras passam a atuar em suas comunidades", diz Alcione Massula, uma das coordenadoras

do curso em São José dos Campos, onde ocorre há sete anos. Ela diz que as alunas que

passam a atuar em suas comunidades ajudam outras mulheres a procurar os órgãos

específicos para os problemas que possuem.

O CDHEP (Centro de Direitos Humanos e Educação Popular), em São Paulo,

desenvolve um projeto de que homens e mulheres podem participar. Chamado "Escola de

Lideranças", o curso busca formar pessoas com uma visão crítica da realidade na periferia.

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 164

Ailton Alves da Silva, 40, ex-marceneiro e hoje assessor parlamentar do deputado estadual

Simão Pedro (PT), conheceu o trabalho do CDHEP há dez anos.

Silva conta que, em 1980, mudou-se da Vila Mariana para o Parque Rondon, no

Capão Redondo (zona sul). O contato com uma realidade tão diferente o motivou a

procurar a associação de moradores para tentar ajudar as pessoas. Foi nesse período que ele

se interessou pelas atividades que a ONG fazia com comunidades do bairro, dando

orientação jurídica e formando pessoas para lidar com as dificuldades do local.

"Tivemos muitas conquistas no bairro onde eu moro. A regularização do loteamento

no Parque Rondon, que era clandestino, é um dos exemplos. Cada morador tem hoje um

lote desmembrado", diz Silva. No início dos anos 80, ele e outras 179 pessoas compraram

lotes em um terreno que era irregular. Apesar de cada uma ter seu terreno, para a prefeitura

a área era uma única gleba.

A garantia do acesso à Justiça também está presente em outra iniciativa difusora de

direitos da população. "Conhecer para reivindicar" é a idéia da campanha "O Brasil Tem

Fome de Direitos", desenvolvida pela Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e

Educacional), que atua em várias regiões do país, como a Amazônia e o sertão baiano, com

projetos de economia solidária e desenvolvimento sustentável.

Sandra Mayrink Veiga, coordenadora da Fase, conta que a campanha consiste em

exigir que sejam cumpridos direitos constitucionais, como educação, saúde, trabalho,

moradia, lazer e segurança. Por meio da formação de uma rede de parcerias entre entidades,

movimentos sociais e até personalidades famosas, a campanha divulga panfletos e vídeos e

promove debates em escolas, rádios e TVs locais. Desde o lançamento, em junho, a

campanha foi adotada por 465 cidades e 1.237 instituições.

"O trabalho das fortalece a democracia. Não dá para deixar a coisa pública sob a

responsabilidade exclusiva do Estado", diz Virgínia Feix, da Themis, organização que gere

o curso de promotoras legais populares em Porto Alegre. Esse é o caso do Instituto Pro

Bono, que tem na advocacia com responsabilidade social o ponto de partida de suas

atividades. A advocacia "pro bono" tem origem nos EUA e é a atividade realizada de

maneira voluntária, para pessoas que não podem pagar por esse tipo de serviço.

Coordenador do Instituto Pro Bono, Marcos Fuchs afirma que a entidade conta com o

trabalho de 150 advogados e já atendeu cerca de cem organizações, como a Amar

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 165

(Associação de Mães e Amigos da Criança e Adolescente em Risco). "Não tínhamos

dinheiro para arcar com essa despesa", diz Conceição Paganele, presidente da Amar.

Como a prática da advocacia gratuita é proibida no Brasil, o Instituto Pro Bono teve

problemas com a OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) em 2001, ano de sua

fundação. A autorização veio em 2002, mas restringe-se a São Paulo e ao atendimento de

pessoas jurídicas. No Estado, o atendimento a pessoas físicas é feito por organizações

governamentais ou, em convênio com elas, por instituições de ensino, como a USP, por

meio do Departamento Jurídico 11 de Agosto.

Quando o Estado deixa de cumprir direitos previstos na Constituição, a alternativa é

buscar o auxílio nas cortes internacionais, fazendo a chamada advocacia internacional dos

direitos humanos. A ONG Justiça Global, que publica relatórios sobre violações de direitos

humanos nas mais diversas áreas, desenvolve esse trabalho. Quando se esgotam os meios

de proteção no Brasil ou quando há uma demora injustificada na ação do Poder Judiciário, a

entidade envia denúncias à ONU (Organização das Nações Unidas) e à OEA (Organização

dos Estados Americanos). A entidade já enviou denúncias sobre violência rural contra de

trabalhadores sem-terra, sobre a situação das comunidades quilombolas e sobre o direito de

mães adotivas de obter licença-maternidade.

Andressa Caldas, diretora jurídica da Justiça Global, afirma que muitas vezes o

trabalho de defesa dos direitos humanos é arriscado. "Cada novo relatório provoca uma

reação adversa", diz. Ou seja, é longo o caminho pela difusão da Justiça _falta direito para

quem luta por eles.

TEXTOS FUNCIONAIS

Às vezes, o redator não precisa de muito conhecimento e/ou de muito talento para

confeccionar alguns tipos de textos. É o caso da elaboração de textos funcionais, ou seja,

escritos que têm uma finalidade documental e que geralmente segue regras. Como esta

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 166

apostila é voltada para estudantes do Ensino Médio, iremos abordar apenas dois tipos

básicos que poderão ser pedidos em situações específicas: requerimento e procuração.

A teoria aqui estudada, bem como os exemplos foram tirados do site

portrasdasletras

REQUERIMENTO

É um documento no qual o interessado, depois de se identificar e se qualificar, faz

sua solicitação à autoridade competente. Só é usado ao se dirigir ao serviço público.

Possui características próprias, como: após o vocativo, deixam-se aproximadamente dez

linhas ou espaços e o corpo, espaço destinado ao despacho da autoridade competente,

finalizando com pedido de deferimento à solicitação, data, após exposição." (Cleuza G.

Gimenes Cesca, in Comunicacão Dirigida na Empresa.)

Há teóricos, como Teobaldo de Andrade, que defendem a dispensa do pedido de

deferimento, argumentam que ninguém faz uma solicitação para pedir indeferimento:

"Nestes termos, pede deferimento" ou "N. termos, p. deferimento" ou "N.T./P.D./ ou

"N.T./A.D."

O requerimento é um instrumento do cidadão, nele se faz a solicitação de um direito

que a pessoa, grupo de pessoas ou empresa considera tê-lo. Não há necessidade de ser

datilografado, pode ser manuscrito.

O famoso abaixo-assinado, muito usado pelo povo e por organismos populares, é um

requerimento de caráter coletivo. Como nele vão muitas assinaturas, o espaçamento entre as

partes do requerimento pode ser menor. Mas, cuidado! Não assine nada em branco, exija

que o texto do abaixo assinado esteja expresso na folha em que você for colocar sua

assinatura.

Antigamente ele era feito em papel almaço (com ou sem pauta), sua redação era uma

iniciativa do requerente, por isso o cidadão semiletrado pagava uma taxa a um escritório

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 167

para redigi-lo. Hoje, com o programa de desburocratização, as repartições fornecem

modelos e até formulários a serem preenchidos.

Modelo 1:

Exmo. Sr. Secretário de Esportes da Prefeitura de São Luís do Maranhão

A indústria Laticínios Sousa Maia, localizada na rua Acácia nº 500, Bairro São João,

nesta cidade, inscrita no C.G.C. 48.784.943/0001-08 e Inscrição Estadual nº

244.152.262, vem requerer a V.Exa. a cessão do Ginásio Costa Rodrigues, para a

realização do 1º Campeonato Esportivo Interno de seus funcionários, nos dias 16 e 17

de março próximo, das 8 às 18 horas, em virtude de não possuir espaço físico adequado.

Nestes termos,

pede deferimento.

São Luís, 22 de maio de 2011.

Assinatura

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 168

Modelo 2

Exmo. Sr. Prefeito Municipal de São Luís do Maranhão

Nós, abaixo-assinados, moradores do Conjunto Habitacional Método Vestibulares,

vimos requerer de V.Exa. o asfaltamento das ruas do conjunto habitacional com

urgência, pois em dias secos a poeira invade as casas, prejudicando a saúde das

pessoas, e em dias chuvosos, suas vias públicas ficam intransitáveis, até mesmo para

os ônibus da empresa que serve à comunidade.

Nestes termos,

pedimos deferimento.

São Luís, 29 de dezembro de 2006

Assinatura:

Endereço:

Assinatura:

Endereço:

(sucessivamente)

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 169

PROCURAÇÃO

A Procuração é um documento que dá poderes para uma pessoa representar outra

em situações permitidas por lei. Alguns tipos só são válidos se registrados em cartório, mas

há casos em que uma procuração redigida pelo próprio solicitante acaba produzindo um

bom efeito. Vejamos a seguir um modelo bastante simples.

PROCURAÇÃO

Eu, Antônio da Silva Espírito Santo, brasileiro, engenheiro casado, residente e

domiciliado em São Luís do Maranhão, Rua dos Amores, n° 26, Centro, portador

do RG n° xxxxxxxxx e do CPF n° XXXXXXXXXX declaro e constituo como

meu bastante procurador o senhor Jerônimo Sousa Oliveira, brasileiro, estudante,

residente e domiciliado na rua das Verdades, n° 04, portador do RG n°

XXXXXXXX e do CPF n° XXXXXXXXXXX, como meu bastante procurador,

com o fim único e específico de representar-me perante a Universidade Federal do

Acre para efetuar minha inscrição no vestibular 2007, no curso de Filosofia,

podendo o mesmo assinar quaisquer documentos necessários para o bom

cumprimento de seu dever, podendo inclusive substabelecer a presente procuração.

São Luís, 28 de outubro de 2006.

Assinatura

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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 170

BIBLIOGRAFIA

Além dos muitos sites visitados para recolher os textos que compõem esta apostila,

principalmente o www.portrasdasletras.com.br, recorri também aos seguintes livros que

vão relacionados a seguir.

ALMEIDA, Sonia. Aula de redação: uma viagem transdisciplinar. São Luís: Fundação

Sousândrade, 2004.

BASTOS, Lúcia Kotschitz. Coesão e coerência em narrativas escolares. São Paulo:

Martins Fontes, 1994

BASTOS, Lúcia Kotschitz e MATTOS, Maria Augusta. A produção escrita e a

gramática. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

CAMPEDELLI, Samira Yousseff e SOUSA, Jésus Barbosa. Produção de textos e uso da

linguagem. São Paulo, 1998.

FAULSTICH, Enilde L. Como ler, escrever e redigir um texto. Rio de Janeiro: Vozes,

2002.

KOCH, Ingedore G. Villaça e Travaglia, Luiz Carlos. Texto e coerência. São Paulo:

Cortez, 2002.

_________ e __________.. A coerência Textual. São Paulo: Cortez, 2002.

_________. A Coesão textual. São Paulo: Cortez, 2002.

MACHADO, Irene A. Literatura e Redação. São Paulo: Scipione, 1994.

MOTTA, Mirta Piris da. Los textos en el aula. Asunción. 2001.

NERES, José. Estratégias para matar um leitor em formação. São Luís: Carajás, 2005.

SAVIOLI, Francisco Platão e FIORIN José Luís. Lições de texto: leitura e redação. São

Paulo, Ática, 1999.

VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.