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8/9/2019 Aprender Olhar Outro Autismo[1]
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APRENDER A OLHAR PARA O OUTRO:
Incluso da Crian a c om Perturba o
do Espec tro Aut ista na Esc ola do 1
Ciclo do Ensino Bsico
Introduo
Ao longo dos ltimos anos, no mbito da filosofia da Escola Inclusiva - Uma escola
para todos-(UNESCO,1994), vem sendo praticada, pelo Ministrio da Educao, em
Portugal, a incluso de crianas com Perturbao do Espectro Autista (P.E.A.1) em
algumas escolas do 1 ciclo do ensino regular e, mais recentemente, tem vindo a ser
realizada, tambm, no 2 ciclo de escolaridade.
1 Ser considerado P.E.A. de forma a abranger o contnuo de manifestaes na sua totalidade. Sempre
que se utilizar a palavra Autismo/Autista pretende-se aqui atribuir o mesmo significado.
Ana Cristina F. T. CarvalhoCatarina Teixeira Soares Onofre
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Em Algs, na Escola Bsica do 1 ciclo Sofia de Carvalho, pertencente ao
agrupamento de Escolas de Miraflores situado no concelho de Oeiras, encontra-se afuncionar desde Setembro de 2001, uma estrutura de apoio criada, semelhana de
outras, com o objectivo de fomentar a incluso de 6 crianas com P.E.A., cujas
idades podem variar desde os 6 at aos 16 anos.
Todas as crianas seleccionadas para este grupo tm de apresentar uma
Perturbao do Espectro Autista independentemente do grau de severidade que
pode variar desde o mais ligeiro at a um mais moderado ou mesmo profundo e/ou
ainda outras coomorbilidades associadas. Cada aluno pertence a uma turma na qualrealiza todas as actividades consideradas essenciais sua incluso,
independentemente das suas competncias.
Este recurso de apoio possui a denominao de Sala de Recursos TEACCH por
fundamentar a sua interveno pedaggica nos princpios do Programa TEACCH
(Treatment and Education of Autistc and Related Communication Handicapped
Children) criado para o Autismo, em 1971, por Eric Schopler e seus colaboradores
na Carolina do Norte (EUA) e que vem sendo utilizado, nas ltimas dcadas em
muitos pases, na educao de crianas com Autismo. Este consiste num programa
estruturado que fornece informaes claras e objectivas sobre como se deve avaliar,
delinear e implementar uma interveno elaborada para uma pessoa com Autismo, e
envolve desde o incio os pais e todos aqueles que intervm no seu Processo Psico
educacional. Trata-se de uma metodologia de trabalho que procura fundamentar as
suas estratgias de interveno nas reas fortes das pessoas que manifestam
Autismo e que se adequa forma especfica que parece caracterizar a sua maneira
de pensar e de aprender.
Nesta escola existem, anualmente, em mdia 300/350 crianas distribudas por 13 a
16 turmas do 1 ao 4 ano de escolaridade e cujas idades variam entre os 6 e os 10-
12/13 anos de idade. Nela todos os Recursos Humanos so da responsabilidade do
Ministrio da Educao inclusivamente as docentes e a auxiliar de educao da Sala
de Recursos TEACCH que receberam, na fase inicial, formao especfica sobre o
Autismo e sobre a metodologia TEACCH, fornecida pela ECAE da zona Centro, em
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Coimbra, local onde surgiram, em Portugal, as primeiras salas a utilizar esta
metodologia.
A Sala de Recursos TEACCH da escola Sofia de Carvalho situa-se na sala 13 e tem
aproximadamente 120 metros quadrados. bastante luminosa e apresenta uma
exposio solar virada a sul com uma porta de acesso ao exterior para um pequeno
ptio fechado. Funciona sob a orientao de duas docentes especializadas que
realizam diariamente a adopo e aplicao de estratgias de ensino aprendizagem
diversificadas no sentido de desenvolver o trabalho de incluso que denominaram
Aprender a olhar para o outro.
A sua abertura e funcionamento envolveu vrias entidades que de uma forma
articulada tm proporcionado os seus recursos. A Direco Regional de Educao
de Lisboa (D.R.E.L.) coloca anualmente os recursos humanos; a Equipa de
Coordenao de Apoios Educativos de Oeiras (E.C.A.E.) indicou na sua zona a
escola mais adequada para implementar este recurso; a Escola abriu as suas portas
para o receber e s crianas que por ele seriam apoiadas; o Centro de Estudos e
Apoio Criana e Famlia, (C.E.A.C.F.)2 fornece apoio tcnico e formao na
interveno pedaggica em crianas com P.E.A., avalia as crianas e participa em
reunies com tcnicos e pais; a Cmara Municipal de Oeiras forneceu mveis e
verba para equipar a sala, e finalmente mas de extrema importncia o envolvimento
de vrias entidades privadas, maioritariamente do prprio concelho, que ao abrigo
da Lei do Mecenato vm financiando desde o inicio a aquisio de materiais
diversificados.
Perturbao do Espectro Autista
Apesar da multiplicidade de estudos existentes e no obstante as variadas e
inmeras contribuies que vm sendo feitas desde a dcada de 40, com o
psiquiatra infantil Leo Kanner (1943) e o pediatra Hans Asperger (1944), vrias tm
sido as explicaes para a etiologia do Autismo. No havendo consensos nem
certezas, actualmente sabe-se que na maior parte das vezes a sua origem
multifactorial, apresentam um substracto neurobiolgico e podem coexistir com
2 A tcnica do C.E.A.C.F. - Terapeuta da Fala - Carmelina Possacos Mota
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outras perturbaes, no entanto em grande nmero de casos ainda no possvel
determinar quais os factores que desencadeiam um quadro clnico de autismo.
Presentemente as Perturbaes do Espectro Autista incluem-se nas Perturbaes
Globais do Desenvolvimento e so consideradas perturbaes graves e precoces do
neuro-desenvolvimento que no tm cura e persistem ao longo da vida, podendo a
sua expresso sintomtica variar. O diagnstico desta perturbao continua a ser
clnico, ou seja, realizado atravs de uma avaliao do desenvolvimento expresso
pelo comportamento e, apesar das implicaes de subjectividade que isso possa
conter, existem escalas de diagnstico que permitem hoje uma maior preciso eprecocidade na realizao de um diagnstico. Especificamente no contexto
educativo so consideradas Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.) de
carcter permanente.
Ser portador de P.E.A. pode ser altamente incapacitante, caso no se usufrua de
metodologias de interveno adequadas, pois esta perturbao conduz a um
padro caracterizadamente especfico de percepo, pensamento e aprendizagem
(Jorden, 2000:16) que compromete em particular o contacto e a comunicao com o
meio.
Uma pessoa com Autismo tem na maior parte das vezes uma aparncia fsica
normal, no entanto apresenta dificuldades muito especficas em trs reas do seu
desenvolvimento: alterao qualitativa das interaces sociais, da comunicao
verbal e no verbal, padres repetitivos e estereotipados de comportamento, e
revelam muitas vezes respostas de hipo ou hipersensibilidade a estmulos e ou
outros problemas associados.
De uma forma generalizada a afectao nestas reas traduz-se na prtica em
dificuldades significativas para aprender da forma convencional e pode manifestar-
se, entre outras, por algumas caractersticas como falta de motivao, dificuldade na
compreenso de sequncias e de consequncias, dfice cognitivo, dificuldades de
concentrao e de ateno, alteraes na descriminao/processamento auditivo e
na compreenso de instrues fornecidas oralmente, falta de persistncia nas
tarefas, dificuldades em aceitar mudanas e em compreender as regras instintivas
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da interaco social, alteraes de sensibilidade dor, a sons, a luzes ou ao tacto,
grande reduo da capacidade imaginativa e de fantasiar, interesses restritos,alteraes de sono viglia, ou particularidades do padro alimentar.
Descrio da prtica desenvolvida e resultados obtidos
Apesar de ser impossvel descrever neste espao tudo aquilo que se realiza nesta
escola com os professores, com as crianas e com as famlias, aps 5 anos a
experimentar responder, diria e continuamente, de forma adequada s
necessidades das crianas com P.E.A. atravs de um ensino estruturado, baseadona metodologia TEACCH, pensamos poder partilhar esta experincia e algumas
pistas que possam ser inspiradoras para o aumento de respostas de incluso de
crianas com esta e ou outras perturbaes nas escolas do ensino regular. O facto
que, apenas se mudam atitudes quando se torna evidente que existem vantagens
em mudar e quando as pessoas se envolvem em processos que resultam.
O Ensino Estruturado um dos mtodos pedaggicos mais importantes da
metodologia TEACCH e consiste basicamente num sistema de organizao do
espao, do tempo, dos materiais, e das actividades de forma a facilitar os processos
de aprendizagem e a autonomia das crianas e a diminuir a ocorrncia de
problemas de comportamento. , no entanto, um modelo suficientemente flexvel,
pois permite ao tcnico encontrar as estratgias mais adequadas de forma a
responder s necessidades de cada criana.
O objectivo central da interveno pedaggica desta Sala de Recursos TEACCH o
desenvolvimento de competncias de autonomia e a melhoria dos comportamentos
da criana com P.E.A. em casa, na escola, e na comunidade favorecendo a sua
incluso no maior nmero de actividades junto dos colegas, da turma a que cada
uma pertence, prevenindo, assim, a sua institucionalizao.
Atravs da criao de situaes de ensino estruturado com apoio de estruturas
visuais, de material prprio e de actividades adequadas s suas necessidades
(plsticas, grficas, ldicas, didcticas, pedaggicas, ) procura-se potenciar a
motivao destas crianas para explorar e aprender com o objectivo de aumentar os
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tempos de ateno partilhada, de interaco social, de contacto do olhar e de
comunicao atravs do olhar, desenvolver os tempos de ateno, de concentraoe de interesse pelas actividades propostas e materiais. Manter e aumentar a
capacidade de pegar a vez em actividades motoras e verbais, aumentar a
consistncia da resposta em contextos variados, desenvolver a capacidade de
cumprir ordens em diversos contextos e a competncia para iniciar, realizar e
terminar tarefas de forma autnoma.
Aqui tambm se trabalha a linguagem, a comunicao e a interaco de forma
estruturada, assim sempre que necessrio ou possvel usa-se o Programa delinguagem do vocabulrio MAKATON3. Este utiliza gestos e smbolos em simultneo
com a fala e permite desenvolver a comunicao funcional, a estrutura da linguagem
oral e da literacia facilitando o acesso aos significados do e no mundo com os outros
o que proporciona maior disponibilidade para a relao.
Num ambiente no qual a firmeza e o afecto so uma constante essencial fomenta-se
a sua permanncia e o convvio com as outras crianas, desenvolvendo um trabalho
sistematicamente articulado, com os docentes e com os colegas da escola e ainda
de extrema importncia com as famlias, procurando-se agir em vez de reagir, no
sentido de se alcanar uma integrao escolar bem planificada com programas e
servios adequados que permita oferecer um conjunto de vantagens a todos os
implicados.
Esta articulao realizada atravs de reunies regulares de suporte nas quais se
fornecem informaes, se reflecte sobre as conquistas e sobre as dificuldades e se
formulam e reformulam estratgias sempre que necessrio, numa permanente
atitude de reforo construtivo. Quem lida com crianas com Autismo experimenta
sucessivas e constantes adaptaes, por isso, a colaborao entre todos os
envolvidos (adultos e ou crianas) de extrema importncia, pois permite a reduo
de ansiedades e a manuteno de um ambiente calmo entre todos os parceiros e
ainda potencializa os desempenhos de cada interveniente proporcionando o
desenvolvimento de novas competncias e promovendo mudanas.
3 Concebido por Margaret Walker, UK; Verso portuguesa 1985, adaptada por Isabel Prata C.E.A.C.F.
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Numa primeira etapa elaborada, pela tcnica do CEACF, a avaliao da criana
com o Perfil Psico Educacional Revisto (PEP-R criado por Eric Schopler). Estefornece, alm do nvel de funcionamento em cada rea de desenvolvimento, as suas
capacidades emergentes (nem sempre evidentes, surgindo apenas se estimuladas)
e ainda a existncia ou ausncia de comportamento patolgico. Baseado nesta
avaliao e em dados retirados do dia a dia da criana, no contexto escolar e
familiar, depois realizado um Programa Educativo com objectivos estabelecidos
para ela e a executar atravs de uma planificao de intervenes individualizadas.
A planificao de intervenes individualizadas adaptada s suas necessidadesindividuais, aos seus diferentes nveis de funcionamento, e centra-se nas suas reas
fortes (processamento visual, memorizao de rotinas e interesses especiais)
utilizando-as como potencializadoras para as restantes reas.
Com base nesta planificao so implementadas situaes de ensino estruturado
com apoio de estruturas visuais e que consistem na organizao do espao, do
tempo, dos materiais e na criao de rotinas. Esta estratgia fornece o tipo e a
quantidade de estrutura que cada uma destas crianas necessita para progredir na
sua aprendizagem e fomenta a sua autonomia, pois as estruturas visuaisensinam e
ajudam a seguir instrues de forma autnoma auxiliando as pessoas com Autismo
a lidar com as mudanas, proporcionando-lhes maior flexibilidade ao seu
pensamento.
A estrutura ou a organizao do espao
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Consiste basicamente na forma de organizar o espao atravs da delimitao clara
das diversas reas de trabalho, fazendo corresponder a cada rea uma actividadeespecfica podendo para tal utilizar-se mobilirio ou outro material que permita tornar
as delimitaes claras e diminuir os estmulos distractivos.
Segundo a metodologia TEACCH as REAS DE TRABALHO consideradas bsicas
e que existem nesta Sala de Recursos TEACCH so:
(i) A REA DE TRABALHO 1 A 1 ou O ESPAO PARA APRENDER (como
denominado aqui) e que deve ser protegida de estmulos que possamser distractivos e na qual se trabalha individualmente com a criana a
aquisio de novas competncias, procurando-se ajuda-la a encontrar
motivao para a aprendizagem atravs de ajudas fsicas,
demonstrativas ou verbais que possibilitem o sucesso e reduzam a
frustrao.
(ii) A REA DE TRABALHO INDEPENDENTE OU AUTNOMO onde se
pretende que a criana v realizando as actividades aprendidas de forma
autnoma centrando-se nos objectivos da actividade (nesta sala existem
5, pois neste momento 2 das crianas j permanecem na sua sala de
aula o dia todo com algumas adaptaes dos processos de ensino-
aprendizagem). Nesta rea de trabalho existe tambm um SISTEMA DE
TRABALHO INDIVIDUAL que consiste num plano de trabalho que
fornece criana informao sobre o que fazer e por que sequncia, e
ainda o conceito de comear, realizar e terminar uma actividade
tornando-a capaz de realizar uma tarefa de forma autnoma (o que de
extrema importncia para estas crianas que manifestam pouca
motivao e dificuldade em permanecer atentas de forma a sequenciar
uma actividade).
(iii) AREA DE LAZER na qual no existem exigncias por parte do adulto e
onde a criana pode estar livremente a desenvolver actividades dentro
dos seus interesses, onde normalmente se permitem as estereotipias.
(iv) A REA DE TRABALHO DE GRUPO na qual se desenvolvem
actividades que promovem e favorecem as interaces sociais.
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(v) E a REA DE TRANSIO onde a criana passa quando muda de
rea/actividade, e que aqui se encontra junto da rea de trabalhoautnomo de cada uma das crianas.
Depois, nesta sala, foram ainda criadas outras reas que se consideram importantes
dentro das necessidades e capacidades das crianas que se atendem e que, visto a
sala ser ampla, foram possveis no espao fsico existente:
(i) Uma REA DE TRABALHO NO COMPUTADOR. A informtica
utilizada para ajudar a ultrapassar dificuldades tanto em termos dereproduo grfica como em termos de ateno e de perseverana.
Muitas destas crianas sentem pouca motivao para realizar
aprendizagens e s vezes revelam dificuldades nos desempenhos
motores finos, frequentemente o apelo de um ecr e de um software
agradvel pode ser uma mais valia no trabalho com elas. Tambm nesta
rea se pode aprender a esperar a vez ou a executar uma actividade
partilhada.
(ii) Uma REA PARA BRINCAR ESTRUTURADO com carrinhos, legos ou
materiais de construo, na qual se procura que aprendam a desenvolver
algumas actividades ldicas. Aqui neste espao nos momentos de
intervalos escolares quando a sala est aberta s outras crianas da
escola acontecem brincadeiras criativas e estimulantes que podem servir
de modelo a imitar por estas crianas.
(iii) Uma REA PARA LEITURA.Muitos dos meninos desta sala gostam de
ver ou de ler livros e contar histrias extremamente rico para a
construo de um mundo no qual se sequenciam situaes.
(iv) Uma REA PARA REALIZAR ACTIVIDADES DE EXPRESSO
PLSTICA onde existem materiais diversificados que permitem
desenvolver actividades variadas que possibilitam, entre outras
aquisies, a algumas crianas dessensibilizaes de contacto e a outras
desenvolver a sua motricidade fina. Aqui tambm outras crianas da
escola podem realizar actividades trazendo modelos a partilhar.
(v) Uma REA COM LAVATRIO que possibilita realizar alm de
actividades de higiene bsicas actividades de relaxamento com gua.
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A organizao do tempo
A planificao estruturada visualmente atravs de HORRIOS DE ACTIVIDADES
e de PLANOS DE TRABALHO o que fornece antecipadamente criana (atravs de
uma organizao externa) informao clara e objectiva sobre o que vai acontecer ao
longo do tempodo dia e em que sequncia (antecipar e prever), o que proporciona
um ambiente seguro, calmo e previsvel. Como resultado consegue-se compensar a
dificuldade que manifestam em sequenciar e em se manterem organizadas,
diminuindo comportamentos disruptivos aumentando a motivao e melhorando a
capacidade de aceitao a alteraes da rotina.
Estes horrios ou planos podem ser adaptados a vrios nveis de competncias
desde os mais acessveis, que fornecem informao para um perodo de tempo mais
curto e realizados com objectos, fotos reais ou imagens (nesta sala esto a ser
utilizadas imagens do programa S.P.C.*), criados para crianas com mais
dificuldades, aos mais complexos que podem utilizar smbolos mais abstractos como
palavras e ser elaborados para uma maior durao de tempo. Funcionam de cimapara baixo, ou da esquerda para a direita (por ser o sistema convencional existente
no pas), consistindo o mesmo numa rotina securizante qual estas crianas
aderem rapidamente.
* Software Boardmaker,-Mayer Johnson, verso portuguesa Anditec
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Com o seu suporte procura-se promover a sistematizao do processo de ensino
aprendizagem, a visualizao simblica referenciadora de regras/rotinas da escola ede condutas sociais associadas interaco que se procura estabelecer com pares
e adultos da escola.
Para algumas das crianas que conquistaram mais autonomia, neste momento j
possvel fornecer esta referncia temporal simplesmente atravs de um plano do dia
ou de um sumrio elaborado no quadro da sala que serve e beneficia toda a turma.
Para elas tambm j no necessria uma rea de trabalho autnomo, conseguem
estar na sala num lugar como os outros colegas sendo apenas praticadas algumasalteraes/modificaes no espao fsico ou em desempenhos do professor.
PLANOS DE TRABALHO
HORRIOS DE ACTIVIDADES
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Por exemplo, quando o professor fala para o grande grupo chama esse aluno pelo
seu nome e vrias vezes para que se mantenha atento; quando pretende que acriana olhe para alguma informao no quadro procura e certifica-se que este olhe
para o local pretendido; cria determinadas rotinas que mantm diariamente como
escrever o plano do dia sempre no mesmo espao do quadro, arruma a sala de
forma estruturada; o seu lugar fica perto do quadro sem crianas sua frente para
que no se distraia, se o aluno necessita de apoio mais directo pode ser importante
ter sempre uma cadeira junto de si, pois assim ele sabe que sempre que precisar o
professor pode sentar-se ali; ao seu lado deve estar sentado um colega com
capacidade de desempenhar o papel de tutor; se existem regras afixadas(informativas de comportamentos que deve ou no deve ter) estas devem estar
prximas e a criana deve aprender a olhar para elas sempre que o professor
fornecer um sinal combinado, se a criana precisa de incentivos/motivaes procura-
se que sejam dentro dos seus interesses e que possam ser compensadoras de
desempenhos pretendidos Em relao a comportamentos disruptivos como, por
exemplo, esteriotipias estas devem ser permitidas mas sempre de forma organizada
e temporizada, no entanto se a criana manifesta dificuldade em aceitar esta gesto
de comportamentos a mesma pode ser realizada com apoio de tabelas de registos
que possam fornecer a informao visual criana.
A organizao dos materiais
Autilizao de material pedaggico adequado s necessidades de cada criana
outro dos procedimentos importantes que se realiza, pois uma criana com Autismo
necessita aprender cada tarefa vrias vezes e com material que se apresente
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visualmente de forma estruturada, ou seja, que fornea informao clara sobre o que
realizar, como realizar e quando est terminado.
Depois precisa ainda de ser ajudada a generalizar essa mesma aprendizagem para
outros contextos. Assim num primeiro tempo, no espao do Aprender (Trabalho 1a
1) da Sala de Recursos TEACCH so trabalhadas, com material pedaggico
especfico, por etapas, as tarefas necessrias para que cada criana atinja o/os
objectivo/s do seu Programa Educativo. Depois quando j capaz de as realizar
pode passar a fazer essa tarefa no seu espao/rea de trabalho autnomo com a
posterior transio para o espao de sala de aula, que se encontra
modificado/preparado, participando diariamente em actividades que decorrem nas
turmas a que pertencem.
Toda esta dinmica (modificao do ambiente e o suporte de material pedaggico
adequado)permite a realizao diria de tarefas que a criana capaz de executar,diminuindo o grau de frustrao e promovendo relaes significativas com as
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actividades e com os contextos, melhorando nelas a capacidade autnoma de
desempenho em contextos variados, nomeadamente na turma a que cada umapertence, em casa com a sua famlia, ou noutros espaos generalizando as
competncias aprendidas de forma a optimizar as aprendizagens.
E por ltimo mas de extrema importncia as rotinas que, conforme j foi referido,
surgem includas na planificao e na gesto das tarefas do dia a dia e dos materiais
e permitem processar informao de forma mais eficaz facilitando a aprendizagem,
pois podem ser usadas numa variedade de situaes e eventualmente alteradas. A
maior parte destas crianas desenvolve rotinas, no entanto, muitas vezes so poucofuncionais.
Concluso
Em suma educar crianas com Perturbao do Espectro Autista hoje claramente
vivel e possvel em incluso, no entanto, apresenta enormes desafios aos
profissionais envolvidos devido s caractersticas que estas manifestam. Os
problemas de linguagem podem constituir um obstculo comunicao; aresistncia mudana e neste caso aprendizagem no permite frequentemente a
utilizao de tcnicas de ensino-aprendizagem e avaliao tradicionais. Por vezes, o
seu elevado funcionamento mental em algumas reas pode levar o professor a criar
falsas expectativas e consequente frustrao; as respostas alteradas a estmulos
ambientais usados na educao podem levar os outros a responder e a actuar de
forma menos adequada s situaes, as alteraes de humor, por vezes
aparentemente inexplicveis, podem representar desafios e momentos de enorme
perplexidade aos pares.
Para um professor o que se torna crucial realar que independentemente de qual a
sua etiologia o Autismo um distrbio do desenvolvimento que ir afectar todo o
processo de aquisio de experincias, por isso as crianas com P.E.A. manifestam
diferenas no modo como aprendem. Tudo aquilo que as outras crianas aprendem
espontaneamente tem de lhes ser ensinado e explicadoutilizando procedimentos de
interveno que reconheam e procurem compensar essas dificuldades muito
especficas. Assim, e de acordo com cada criana, deve ser elaborado um programa
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interventivo baseado numa estrutura externa que lhes proporcione pistas
orientadoras do processo de aprendizagem. Esta dever funcionar como umaestratgia que compense a sua dificuldade para aprender de forma espontnea e
auto-orientada.
Efectivamente, a criao de ambientes estruturados e programas dirios que
implementem estratgias aplicadas de forma detalhada, sequenciada e persistente
torna possvel que elas aprendam e apresentem uma melhoria significativa.
Possibilita o aumento das capacidades funcionais, a reduo das limitaes e dos
comportamentos disruptivos e ainda a melhoria nos desempenhos e nas suasadaptaes aos contextos frequentados pelas outras crianas, nomeadamente o
escolar.
O envolvimento e a formao de todos os que lidam com a pessoa com autismo
essencial. A interaco social e a aprendizagem tendem a melhorar a sua expresso
sintomtica. Sero as relaes a modificar a sua evoluo e o seu prognstico. As
necessidades especficas de cada um no sero apenas determinadas pelas suas
dificuldades de desenvolvimento, mas principalmente na forma como estas se
organizam no contexto em que a aprendizagem acontece.
Apesar de esta sala ser um espao para trabalhar com as crianas com P.E.A. est
sempre aberta a qualquer aluno da escola que nela queira estar, seja para brincar,
para ser ouvido, ou apenas para esperar que o seu professor chegue. A pouco e
pouco ela hoje um espao de todos no qual se pratica a incluso inversa.
Modificando o ambiente, reduzindo ou aumentando os estmulos, promovem-se as
interaces das crianas ajudando as que apresentam P.E.A. a encontrar motivao
para a relao com o outro e as outras a respeitar o colega diferente na sua
diferena.
De facto, nesta escola a incluso tem sido uma realidade efectiva na qual os
docentes envolvidos, professores formidveis tanto em termos pedaggicos como
pessoais, tm enriquecido e partilhado as suas prticas pedaggicas. Os colegas
das turmas aps esta experincia vivida sero concerteza no futuro cidados mais
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completos, pois praticam diariamente uma construo de valores de respeito pela
diferena e experimentam a tolerncia frustrao ao no obterem do outro asrespostas normalmente esperadas e por isso manifestam capacidades gradualmente
superiores de resoluo de conflitos e de compreenso e de aceitao de diferenas
no outro.
Esta escola, to especial e acolhedora, relembra-nos todos os dias que na vida
apesar de cada um seguir o seu caminho ele faz parte de um todo que diz respeito
humanidade e isso faz-nos sentir como bom estarmos sempre atentos e
disponveis para Aprender a olhar para o outro e para acreditarmos no seupotencial. A incluso no pode ser considerada um privilgio, ou uma mera opo
estratgica, um direito e, sobretudo, um exerccio de cidadania a praticar
diariamente e que abre caminho rumo a uma escola na qual todas as crianas
devem ter um lugar, independentemente das suas diferenas, conforme preconiza a
Declarao de Salamanca (1994).
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