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Formação de Catequista Como Ler o Diretório Nacional de Catequese Dogmas Na Igreja Paróquia São José Operário Unaí-MG

Apresentação didática do Diretório Nacional

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Formação de Catequista

Como Ler o Diretório Nacional de Catequese

Dogmas Na Igreja

Paróquia São José Operário

Unaí-MG

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Apresentação didática do Diretório Nacional

Começando a conversa

Imagine uma enfermeira sempre interessada em saber tudo da sua

profissão:

Isso é bom para os doentes? Sem

dúvida! Mas é ótimo para ela

também. O melhor pagamento que

alguém pode ter é a satisfação de se

sentir competente, de ver que o seu

trabalho é bem feito.

Um(a) catequista não é um empregado que

trabalha por salário. Aí a recompensa de sentir que o

trabalho foi bem feito é ainda mais fundamental. A Igreja

precisa fazer de tudo para que essa alegria seja

experimentada. É por isso que a formação do catequista é

um direito, não só um dever. Quem é tão generoso no

trabalho de educação da fé merece tudo para ter a alegria

de ser um sucesso!

Igreja é uma grande instituição, com um projeto

capaz de transformar a história da humanidade. No

entanto, às vezes dentro dela as pessoas não percebem o

panorama inteiro onde se situa o trabalho.

Pode ser que alguém enxergue, por exemplo:

Somente suas próprias Só o que acontece

ideias e preferências na paróquia Que tal enxergar mais longe? A

Igreja não acaba na paróquia.

Existe um horizonte maior, onde

podemos partilhar muito mais. A

Igreja tem uma multidão de

colaboradores: biblistas,

liturgistas, teólogos, catequetas,

gente de muita experiência

pastoral, catequistas de lugares que você não conhece,

estudiosos que não querem

guardar para si o que sabem. Os

bispos consultam essa gente

toda para compor as orientações

da Igreja.

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Catequese quer dizer "fazer ecoar". Você, que é catequista, comunica -

faz ecoar - a voz da Igreja. Considerando como o seu trabalho merece ser o

melhor possível, ir além do que acontece na paróquia é importante:

- para aprender mais

- para crescer a partir de experiências diferentes

- para partilhar recursos

- para se sentir parte de uma caminhada mais ampla

- para fazer ecoar a voz da Igreja com mais segurança.

Nesse horizonte maior se situa o Diretório Nacional de Catequese.

O que é o Diretório?

É um documento em que a Igreja do Brasil propõe as grandes orientações

para a Catequese. Não é um manual para você usar com os catequizandos, mas é

uma conversa que a nossa Igreja quer ter com todo mundo que se envolve na

catequese. Ele destaca o que é importante considerar no trabalho. Foi feito com a

colaboração de catequistas e especialistas de muitas regiões do Brasil.

É importante? Por quê?

Ele vai lhe dizer como a Igreja pensa que a catequese deve ser. É material

para você pensar, avaliar o que já se faz, reivindicar o que ainda é preciso fazer.

Conhecer o Diretório põe você em sintonia com o trabalho maior da Igreja.

O que esse e outros documentos têm a ver comigo?

O Diretório não é o único texto de orientação que a Igreja já fez para a

catequese. Entre nós o mais famoso foi Catequese Renovada, que foi muito

difundido e fez a catequese progredir muito onde foi bem aplicado. Mas não

adianta escrever nenhum texto, por melhor que seja, se gente como você não toma

conhecimento. É aí, na sua realidade, que a formação do povo acontece. Sem

você, nada feito!

É Possível seguir essa orientação com os meus recursos?

O texto foi feito por especialistas e recebeu inúmeras sugestões dos

catequistas das diferentes regiões do Brasil, tem objetivos bem amplos e quer

mostrar o caminho ideal, o mais completo. O ideal a gente não costuma atingir

logo de imediato. Mas ele é importante para saber em que direção é preciso

caminhar. Vendo a sua realidade e conhecendo as orientações da Igreja, você

pode ir devagarinho consertando falhas, descobrindo jeitos de se preparar melhor.

Cada vez que você fizer um progresso, vai ver que o próximo fica mais fácil.

E de que trata esse texto?

Destaca a importância da sua missão de catequista e a função da

comunidade onde a catequese acontece. O complemento melhor do texto, porém,

é a sua própria reflexão. Pense no Diretório como uma conversa que a Igreja está

tendo com você, que é um dos grandes responsáveis pelo rosto bonito que a

catequese deve ser.

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Capítulo 1

Depois do Concílio Vaticano II, como estamos?

O Concílio Vaticano II aconteceu de 1962 a 1965 e trouxe grandes

mudanças para a Igreja. Você pode perguntar a pessoas de mais idade como eram

as coisas na catequese antes desse tempo. O Concílio marcou uma abertura grande

da Igreja para o mundo moderno, para o diálogo, para uma participação maior de

todos.

Depois dos textos do Concílio, vieram muitos outros, desdobrando as

ideias que lá estavam e refletindo sobre as exigências da fidelidade ao evangelho

na realidade de cada época e lugar.

Aqui entre nós, no campo da catequese, o documento que teve maior

impacto veio em 1983: chamou-se Catequese Renovada. Passados tantos anos, ele

ainda tem muito a dizer. Vale a pena ser conhecido por todos os catequistas. Por

causa do trabalho feito em torno desse documento, muita coisa importante

aconteceu na catequese do Brasil.

Veja só alguns destaques da caminhada a partir de Catequese Renovada:

- INTERACÃO FÉ E VIDA

As afirmações da fé têm que estar ligadas ao modo de viver, aos

problemas das pessoas e da sociedade. Religião não é só para "saber coisas", é

para viver melhor. O catequizando precisa ver na comunidade a prática daquilo

que a catequese comunica.

- COMUNIDADE COMO LUGAR E AGENTE DA CATEQUESE

Jesus no evangelho diz a quem quer conhece-lo melhor: Vinde e vede. O

catequizando precisa também vir (fazer parte da comunidade) e ver (encontrar lá

bom alimento para a sua fé).

- PROCESSO PERMANENTE DE EDUCAÇÃO DA FÉ

A catequese não termina com uma "festa de formatura": é uma

necessidade que nos acompanha a vida inteira. Todos temos sempre algo mais a

aprender, algum aspecto a melhorar, um crescimento a cultivar.

- CATEQUESE TRANSFORMADORA

A catequese não é só para ficar sabendo algo mais sobre Deus. É para

transformar as pessoas e a sociedade na direção da fraternidade, da justiça, da paz.

- CATEQUESE INCULTURADA

Para ser comunicativa de verdade, a catequese precisa ter o jeito, a

linguagem de cada grupo a que se destina. Por exemplo: a conversa com um

menino de rua de São Paulo tem um jeito diferente da conversa com um indígena

do Amazonas.

- BÍBLIA - o GRANDE LIVRO DA CATEQUESE

A leitura da Bíblia progrediu muito entre nós. Ela é um grande

instrumento do encontro com Jesus e com p projeto do Pai revelado na história.

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- INTEGRAÇÃO COM AS PASTORAIS

Se a comunidade é o espaço da catequese, é preciso que a pastoral de

conjunto funcione, dando testemunho de unidade na diversidade de dons, tarefas e

talentos. A catequese educa para as diferentes dimensões da vida na Igreja:

liturgia, missão, serviço social, diálogo ecuménico, ministérios.

- OPÇÃO PREFERENCIAL PELOS POBRES

Nenhuma catequese pode ser indiferente aos sofrimentos dos pobres e ao

sofrimento humano de todo tipo. É preciso educar a sensibilidade para perceber

atendimento ao pobre como apelo de Deus e exigência da fé.

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Pensando no conteúdo deste capítulo, reflita e discuta com seu grupo:

Como estão sendo postas em prática essas grandes orientações que há

tanto tempo vêm sendo enfatizadas pela Igreja?

Em quais desses aspectos o grupo de catequistas precisaria de maior

envolvimento?

Capítulo 2

A catequese não é tarefa isolada

A catequese é parte da missão da Igreja. Ninguém é catequista sozinho. E

a Igreja nos diz que:

• As PERGUNTAS QUE FAZEMOS DIANTE DA VIDA SÃO O

PONTO DE PARTIDA.

A catequese não começa dando respostas. Primeiro ela tem que ouvir as

perguntas que as pessoas fazem. Algumas perguntas básicas são: quem sou eu?

Qual é o meu papel no mundo? De onde vim? Para onde vou? Saber ouvir e levar

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a sério as inquietações dos catequizandos, de qualquer idade, é um excelente

caminho para apresentar uma mensagem relevante

• A PALAVRA DE DEUS É REVELADA NA BÍBLIA E NA

HISTÓRIA

Deus falou nas Escrituras, mas continua falando nos acontecimentos da

vida, na Tradição da Igreja. É importante perceber que Ele nos fala pela Escritura,

na Igreja, na liturgia, nas pessoas e nos acontecimentos da vida.

• O CATEQUISTA NÃO PREGA A SI MESMO

O catequista pode ter preferências, devoções, espiritualidade a seu jeito.

Mas ele está a serviço da Igreja como um todo. Deve apresentar o essencial da

mensagem.

• O PRIMEIRO ANÚNCIO TEM CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS

Catequese deveria ser educação da fé para quem já recebeu o primeiro

anúncio (que chamamos de evangelização) e de algum modo já quer seguir Jesus.

Se esse primeiro anúncio não aconteceu, temos que cuidar disso para depois

aprofundar a adesão de fé num processo de iniciação à vida da Igreja.

• ALÉM DE "SABER" É PRECISO "PARTICIPAR"

A catequese introduz a pessoa na vida da comunidade eclesial, não é só

um conjunto de doutrinas que precisam ser conhecidas.

• O CATECUMENATO FOI E É UM PROCESSO IMPORTANTE

No começo da vida da Igreja, quem queria participar passava por um

processo de catecumenato. Seria bom estudar como se fazia isso. Hoje a Igreja

propõe de novo essa metodologia no RICA (Rito de Iniciação Cristã de Adultos),

que os catequistas deviam conhecer como boa fonte de inspiração.

• A INICIAÇÃO ENVOLVE DIMENSÕES LIGADAS ENTRE SI

O Diretório aponta vários aspectos essenciais que precisam ser

contemplados na catequese:

- descoberta de cada um como pessoa

- experiência pessoal de Deus

- adesão a Jesus Cristo

- vida orientada pelo Espírito

- participação na comunidade

- educação para a celebração e a oração

- crescimento no serviço fraterno, na transformação social de

acordo com os valores do Reino

- compreensão da doutrina

- diálogo ecuménico e inter-religioso

- cuidado com o planeta, atitude ecológica.

AS SITUAÇÕES HISTÓRICAS E AS ASPIRAÇÕES

AUTENTICAMENTE HUMANAS SÃO PARTE INDISPENSÁVEL DO

CONTEÚDO DA CATEQUESE

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Essa é uma afirmação que os bispos fizeram numa assembleia latino

americana em Medellín, que foi citada e muito trabalhada no documento

Catequese Renovada. Conteúdo da catequese não é só a doutrina, mas a própria

doutrina deve ser tratada como resposta às questões da vida, aos desafios dos

acontecimentos e às inquietações humanas mais profundas. E isso não é só parte

da motivação: é conteúdo.

CATEQUESE NÃO PREPARA só PARA SACRAMENTOS; o

SACRAMENTO É CONSEQUÊNCIA

O ponto de chegada não é a preparação a para Comunhão Eucarística,

Crisma, Batismo ou Matrimónio, com jeito de festa de formatura e fim do

processo! O sacramento precisa ser o fruto natural de um compromisso gradativa

e sinceramente assumido.

A COMUNIDADE É O VERDADEIRO AUDIO VISUAL DA

CATEQUESE

O que o catequizando vê e ouve na comunidade eclesial pode confirmar

ou desmentir o que é dito na catequese. A comunidade precisa ser cultivada e

permanentemente educada na fé e na caridade.

A FÉ DEVE SER CONHECIDA, CELEBRADA, VIVIDA E

CULTIVADA NA ORAÇÃO

Trata-se de um processo contínuo: a gente conhece e aceita a mensagem;

aí tem vontade de celebrar esse relacionamento com Deus; tendo celebrado,

ficamos com mais vontade de por em prática, na vida. Uma tarefa importante da

catequese é educar a consciência, atitudes, espírito e projeto de vida segundo

Jesus. As bem-aventuranças e os mandamentos, lidos e praticados à luz do

Evangelho, e com suas consequências éticas e morais, tanto pessoais como

sociais, fazem parte do conteúdo essencial da educação para as atitudes cristãs,

como discípulos e discípulas de Jesus Cristo (cf Mt 5, 3-12; Ex 19; Dt 5, 6-21; Mt

25, 31-46). Aquilo que agora trazemos no coração; as conquistas e dificuldades

dessa prática são

apresentadas a Deus

na oração: essa

conversa com Deus

nos faz querer

conhecer melhor

esse amor que nos

ampara... e depois a

gente celebra, vive

e ora de novo, num

movimento que não

para.

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Para refletir e/ou conversar com seu grupo: Como anda a participação da comunidade na catequese?

A vida está sendo ponto de partidas conteúdo da catequese? De que jeito?

O que precisamos fazer para que haja uma real educação para os

sacramentos?

Capítulo 3

Catequese no Brasil de hoje

Se a situação histórica é conteúdo da catequese, o que pensamos da

situação do Brasil de hoje? Alguns problemas da nossa realidade são:

- uma lei de mercado que desrespeita as pessoas

- violência

- perda de rumos

- pobres em situação injusta

- ameaças ao meio ambiente

... e o que mais?

Temos também sinais animadores:

- cresce o trabalho voluntário em benefício da comunidade

- temos uma consciência ecológica mais esclarecida

- existem movimentos pacifistas e de defesa de Direitos Humanos

... e que outros bons sinais você identifica?

É importante perceber a realidade e se comunicar com ela. Os mais

eficientes missionários, no começo da nossa colonização, perceberam que deviam

aprender a língua local e conhecer a cultura. Que "língua" teríamos que aprender

para ser bons evangelizadores hoje?

A catequese acompanha a história. Se você duvida, pergunte à sua avó

como era quando ela foi criança...

• Recentemente, tivemos alguns marcos importantes:

• Catequese Renovada (1983)

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• 1a Semana Brasileira de Catequese (1986) - que dinamizou e

impulsionou o trabalho com o recém nascido documento Catequese Renovada

• publicação do Catecismo da Igreja Católica (1992)

• publicação do Diretório Geral para a Catequese (1997), que é para o

mundo inteiro e serviu de inspiração para o nosso Diretório brasileiro.

• 2a Semana Brasileira de Catequese (2001) - que tratou de Catequese

com adultos.

• No meio desses grandes eventos, houve vários Encontros Nacionais.

Uma característica importante do mundo de hoje (com aspectos positivos

e negativos) é a seguinte: as pessoas e grupos têm mais coragem de ser diferentes,

a diversidade aparece mais, o futuro é plural. Sabemos lidar com os diferentes?

Em relação à nossa Igreja mesmo temos grupos com estilos diversos:

- católicos eventuais, que aparecem em momentos especiais

- gente que se distanciou da Igreja

- católicos praticantes sempre presentes

- gente que se foi e gostaria de voltar

- famílias em crise ou com novos padrões de vida familiar

Para você refletir e/ou discutir com seu grupo: - Como é essa diversidade aí na sua comunidade?

- O grupo de catequistas conhece as orientações que vem sendo

dadas nos documentos e encontros nacionais?

- Estamos preparados para lidar com a diversidade, em diálogo

tranquilo e respeitoso, sem deixar de ser fiéis à nossa identidade católica?

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Capítulo 4

E qual seria mesmo o conteúdo?

O Diretório não é roteiro nem manual, até porque cada realidade pode

exigir abordagens, metodologias e conteúdos diferentes. Um roteiro pode ser útil,

sem dúvida. Mas não é uma coisa rígida. Sempre é preciso dar atenção às

necessidades de cada catequizando e do momento que estivermos vivendo.

Quem trabalha em encontros de formação de catequistas já ouviu muitas

vezes a pergunta:

O Diretório não é

roteiro nem manual, até

porque cada realidade pode

exigir abordagens,

metodologias e conteúdos

diferentes. Um roteiro pode

ser útil, sem dúvida. Mas não

é uma coisa rígida. Sempre é

preciso dar atenção às

necessidades de cada

catequizando e do momento

que estivermos vivendo.

No entanto, o

Diretório aponta conteúdos

bem fundamentais, que não

"devem ser esquecidos:

- a mensagem de Jesus

- a Trindade como modelo de uma Igreja de comunhão

- Igreja a serviço do Reino

- Maria como discípula, mostrando o caminho que leva a Jesus

Como ajuda, o Diretório nos dá alguns critérios para apresentar bem a

mensagem:

a) centralidade de Jesus Cristo: como Deus e homem, Jesus nos coloca

tanto diante da Trindade como das necessidades humanas. E nada pode ser mais

importante do que ele no nosso recado, não é mesmo?

b) valorização da pessoa humana: se fomos importantes o bastante

para Deus se tornar um de nós, temos que transmitir na catequese o máximo

respeito pelo ser humano.

c) anúncio como Boa Nova de salvação, um recado positivo, libertador,

que exige conversão mas é motivo de alegria.

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d) mensagem situada dentro da vida e da história da Igreja.

e) inculturação, para que cada um perceba a mensagem com toda a

pureza, de um jeito que lhe seja familiar.

f) mensagem bem organizada, destacando o mais importante.

Duas fontes para "regar" bem a nossa catequese

A Bíblia, que nos ajuda a;

- formar comunidade;

- alimentar a identidade cristã;

- enriquecer nossa prática de oração.

É importante que ela seja lida de modo

adequado, instruindo com delicadeza as pessoas que ainda estão apegadas a uma

leitura fundamentalista.

(Se você quiser saber mais sobre isso leia "Crescer na leitura da Bíblia",

da coleção Estudos da CNBB).

A liturgia, é memorial do mistério Pascal. Ela é: - Celebração

- Anúncio

- Vivência do mistério

- Síntese de fé

- Interiorização da experiência religiosa

- A catequese educa a fé que é celebrada na liturgia: uma alimenta a outra

Catecismos são importantes porque:

• São pontos de referência, material de consulta para

dar segurança de fidelidade à Igreja. têm a autoridade

da palavra oficial da Igreja.

• São instrumentos que ajudam a ler a Bíblia, mesmo

que não estejam acima dela.

• Ajudam a construir a comunhão, garantindo uma

doutrina básica que é para todos.

É importante que a doutrina seja bem

apresentada, sem deturpações, sem esquecer nenhum

aspecto importante. É o que chamamos "integridade

da doutrina".

Mas é bom lembrar que não basta a doutrina

estar "certa"; é preciso também uma integridade de

vida.

O Catecismo da Igreja Católica trabalhou com

uma estrutura que deve ser bem trabalhada na

A Bíblia, que nos ajuda a;

- formar comunidade; - alimentar a identidade cristã; - enriquecer nossa prática de oração.

É importante que ela seja lida de modo adequado, instruindo com delicadeza as pessoas que ainda estão apegadas a uma leitura fundamentalista.

(Se você quiser saber mais sobre isso leia "Crescer na leitura

da Bíblia", da coleção Estudos da CNBB)

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catequese e nos catecismos locais. O esquema do conjunto é assim:

o que acreditamos -------------------- ----- o Credo

o que celebramos------------------------ -- os sacramentos

o que devemos viver------------------------- as bem aventuranças e os mandamentos

o que oramos ------------------------------- o Pai Nosso

e mais uma história em 3 etapas:

- Antigo Testamento ou Primeiro Testamento

- Novo Testamento ou Segundo Testamento

- Vida da Igreja

Devoções e espiritualidades específicas devem ser apreciadas a partir

dessas colunas fundamentais, lembrando sempre que o mais importante é o

conjunto da mensagem.

E se resolvermos fazer um catecismo local? Ele não será simples resumo.

Deverá ter a mensagem básica: adaptada à linguagem dos destinatários

- Ligada à realidade local

- Com boa pedagogia

Para refíetir e/ ou discutir com seu grupo: - Como anda nossa formação bíblica?

- Estamos sabendo destacar o essencial, o mais importante?

- Como estamos educando para a liturgia?

Capítulo 5

Que métodos vamos usar?

A Bíblia nos ensina de duas maneiras: pelo que ela diz e pelo jeito que ela

usa para comunicar a mensagem (ou seja, o método).

Deus tem uma pedagogia que utiliza, para dar a mensagem, recursos que

você também pode usar:

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- acontecimentos históricos

- a vida do povo

- adequação à época e à situação da

pessoa

- forma narrativa (parábolas, histórias

da vida do povo)

- forma celebrativa (as festas, que

alimentam a fé, fazem memória dos

fatos e reforçam a identidade dos que

crêem).

Na ação de Jesus vemos alguns elementos que a catequese não poderia

esquecer:

O Espírito Santo guia a catequese que quer seguir a pedagogia de Jesus. A

vida da própria Igreja deve servir de exemplo.

As ciências pedagógicas ajudam muito. Afinal, trata-se de educação da fé.

Mesmo quando o catequista não é um especialista nesse campo, pode buscar

ajuda com quem entende mais.

Page 15: Apresentação didática do Diretório Nacional

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O que existe é um princípio básico: interação fé e vida. Dentro desse

princípio vários métodos podem servir:

- partir da realidade para chegar à resposta de fé.

- partir da fé e aplicá-la à realidade.

- ver/julgar/ agir/ celebrar/rever.

No método são importantes: - linguagem

- Uso da mídia

- Criatividade

- Recursos de comunicação

- Trabalhos de grupo

- Experiência humana

Ela é importante para reter o que

foi de fato assimilado, o que ficou no

coração. É bonito lembrar que "de cor"

significa "de coração".

Guardamos na memória o que

mexeu conosco, o fundamental.

Mas na catequese há um recurso pedagógico campeão, sem o qual os

outros não funcionam.

O grande recurso é VOCÊ:

- sua paixão educativa

- sua relação com a comunidade

- sua busca pela formação

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- seu acolhimento aos catequizandos e famílias

- seu conhecimento da realidade

Outro recurso fundamental é o próprio catequizando: - participante

- criativo

- envolvido nas celebrações

- empenhado no serviço e na caridade

- ativo na promoção dos valores humanos

E a comunidade toda é ao mesmo tempo catequizada e catequizadora

Para você refletir e/ou discutir com seu grupo:

- Nossa pedagogia está combinando com a pedagogia de Deus?

- Conseguimos que o catequizando seja ativo, participante? Sabemos

ouvi-lo?

- Estamos sabendo planejar em conjunto?

- sua animação

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Capítulo 6

Que métodos vamos usar?

Se o catequista é o grande recurso pedagógico, o catequizando não é só

ouvinte passivo. Ele é parceiro, tem que ser ouvido, compreendido, incentivado

como colaborador do processo.

Muitas vezes reclamamos porque as famílias não cumprem a "obrigação"

de enviar os filhos à catequese, ou porque os pais não são, como gostaríamos, os

"primeiros catequistas".

Mas não podemos esquecer que catequese é direito dos balizados e dever

da Igreja. Para isso é preciso que ela esteja:

- Adequada a cada pessoa

- Atenta a necessidades diversas

- Adaptada às diferentes idades

Na questão das idades, teremos tratamentos diferentes para cada faixa:

a) Adultos Ultimamente temos destacado bastante a, catequese com

adultos. É bom notar que é com adultos, não é para

adultos, porque eles devem ser ativos, interlocutores,

não só destinatários do nosso trabalho. Também não é

só para os que nunca tiveram catequese, é para todos,

num processo de educação permanente.

Ao trabalhar com adultos devemos considerar, entre

outras características dessa faixa de idade:

- adultos podem assumir mais responsabilidades

- adultos influem mais na sociedade

- adultos têm dúvidas de adulto; precisam de diálogo que respeitea sua maturidade

b) Pessoas idosas Muitas vezes os idosos ficam esquecidos. Isso é ruim para

eles mas é também um prejuízo para a comunidade toda.

É indispensável lembrar que as pessoas idosas:

- devem ser vistas como dom de Deus

- podem estar mais disponíveis

- têm grande experiência de vida

- precisam de uma catequese da esperança

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c) Jovens e adolescentes A catequese com jovens, adolescentes e crianças

inclui, na medida do possível, o trabalho com os pais. Mas

temos até que cuidar com mais empenho dos que não

contam com a família para crescer na fé.

São dados a considerar ao lidar com jovens:

- estão em fase de tomar decisões

- são vulneráveis, expostos à sedução da

propaganda

- às vezes se afastam da Igreja

- têm diferentes situações de vida

Atividades específicas precisam de:

Participação em grupo Acompanhamento personalizado Auxílio à

formação da personalidade Educação para o afeto e a sexualidade

Educação para a cidadania Preparação para os sacramentos Orientação

vocacional

Adolescentes também requerem atendimento adequado às

necessidades da idade.

Page 19: Apresentação didática do Diretório Nacional

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Com elas, é bom perceber

que:

- hoje são mais ativas e

perguntadeiras

- podem estar vivendo

dramas pessoais graves e

problemas familiares

- exigem

conhecimento do mundo infantil (linguagem, brincadeira, literatura, filmes)

- uma Primeira Comunhão Eucarística não é o fim do processo

- a linguagem infantil não significa uma religião bobinha, que irá gerar

problemas depois

Além das idades, temos que considerar outros fatores que podem exigir

soluções específicas.

Temos que cuidar das pessoas de modo diferente quando a situação é

especial. Por exemplo, pensemos como tem que ser a catequese com:

- indígenas, afro brasileiros e outros grupos culturais

- pessoas com deficiência

- marginalizados e excluídos

- gente em situação irregular na Igreja

- grupos que exigem tratamento diferenciado: trabalhadores com horários

especiais, artistas, universitários, comunicadores, migrantes...

Seja qual for à situação de cada pessoa, a catequese acontece no meio de

um mundo onde há muita diversidade. Na própria família do catequizando

podemos ter pessoas de Igrejas e religiões diferentes, com devoções próprias e às

vezes bem ingénuas, em situações de risco social, com crises de muitos tipos.

Além disso, o catequizando está exposto a uma variedade enorme de crenças e

ideias. O objetivo não é preparar ninguém para uma guerra com o diferente. Com

firmeza de fé e identidade, a catequese tem que preparar para o diálogo:

- com a religiosidade popular

- com postura ecuménica

- com outras religiões

- com os chamados novos movimentos religiosos (Nova Era, grupos

esotéricos, etc)

É importante que tenhamos uma catequese capaz de praticar a inculturação

- percebendo Deus na cultura/ - discernindo valores evangélicos nos interlocutores

- purificando o que for negativo/ - educando para a conversão e o diálogo

Para você refletir e/ou discutir com seu grupo:

- Até que ponto estamos sendo capazes de dar atendimento personalizado

às necessidades dos nossos catequizandos?

- Tentamos compreencer as pessoas ou só queremos enquadrá-las no

nosso molde? - Cultivamos a espiritualidade do diálogo?

Page 20: Apresentação didática do Diretório Nacional

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Capítulo 7

O ministério dos catequistas?

Para ser catequista não basta se apresentar e depois fazer tudo a seu jeito.

O catequista tem uma função de confiança, dentro da comunidade, em harmonia

com ela. Também não é um trabalho que exige só boa vontade. É uma ação

pedagógica que precisa ser bem feita, porque é fundamental para a missão da

Igreja e para o direito que as pessoas têm de conhecer a Boa Nova.

Catequese é:

- ação da Igreja, não ato isolado

- indispensável

- feita com organização, planejamento e recursos adequados

A responsabilidade pela catequese é de todos: comunidade, família, leigos

catequistas, religiosos e religiosas, padres, diáconos, bispos (cada um a seu jeito)

A formação do catequista é importante para que ele seja:

- maduro e sempre desejoso de crescer na fé

- comunicador

- iniciador, educador, acompanhante

- apresentador de Jesus

- animador

- inculturado

- capaz de diálogo ecuménico

Na formação do catequista são importantes o SER, o SABER e SABER

FAZER.

vemos o catequista como uma

pessoa:

- que ama ávida

- equilibrada

- que quer crescer em santidade

- que sabe ver Deus no

cotidiano

- integrada na sua época e no

seu lugar

- sempre em busca de formação

Page 21: Apresentação didática do Diretório Nacional

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vemos que o catequista precisa

conhecer:

-a Palavra de Deus

- elementos básicos da fé

- alguma pedagogia

- pontos de referência para a

doutrina

- características da pluralidade

cultural e religiosa

- leitura da realidade

- fundamentos de teologia e pastoral

se situa o agir do catequista, onde

queremos ver:

- bom relacionamento

- capacidade educativa

- boa comunicação

- uma pedagogia da encarnação

- recursos e métodos

- planejamento participativo

Para você refletir e/ou

discutir com seu grupo: - Que aspectos da

formação de catequistas

estão precisando de

reforço, no seu trabalho e

na comunidade em geral?

- Como o próprio

grupo de catequistas

poderia se organizar para

crescer no SER, no

SABER e no SABER

FAZER?

- Que recursos a

comunidade deveria por à

disposição dos catequistas

para melhorar o trabalho?

Page 22: Apresentação didática do Diretório Nacional

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Capítulo 8

Onde? Como?

Catequese não se faz só naquela sala onde uma turma se prepara para

algum sacramento. São lugares de catequese:

- família

- comunidades eclesiais de base

- paróquia

- pastorais e movimentos

- outros ambientes

Cada um desses lugares merece uma atenção especial. É necessário um

espírito de unidade, para que as diversidades sejam respeitadas e a harmonia do

conjunto contribua para um bom testemunho fraterno.

A catequese é um processo permanente. Vai do ventre materno ao fim da

vida, com o adequado planejamento para cada fase e situação.

Para tudo funcionar melhor, é indispensável o ministério da coordenação.

Ele deve ser:

- uma ação de conjunto

- capaz de articular o trabalho

de diversos grupos

- alimentador de uma rede que

vai ligando:

- estimulador e descobridor de

talentos

- integrado às outras pastorais

Coordenador não é o

"chefão". Também não é o

que faz tudo e decide sozinho.

Page 23: Apresentação didática do Diretório Nacional

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Um bom processo de planejamento participativo ajuda a coordenação a

desempenhar seu papel com mais proveito em benefício do crescimento de todos.

Lembre-se a catequese tem início no ventre materno. Descobre as primeiras raízes da fé no ambiente familiar, desenvolve-se na comunidade e solidifica-se no engajamento comunitário e processo formativo das etapas subsequente. Com relação à idade de catequese, a dificuldade não reside no estabelecimento de seu início, mas na idade para a celebração dos sacramentos, em especial, a Penitência-Eucaristia-confirmação.

Concluindo:

Este caderno foi feito só para você saber do que trata o Diretório Nacional

de Catequese. Apostamos que você já percebeu que cada capítulo (e às vezes cada

parte de capítulo) teria assunto para um livro inteiro. Por enquanto, este é só um

aperitivo. Você tem direito a saber mais. E deve exigir esse direito, pelo muito

que generosamente oferece à Igreja.

Discuta com seu grupo o conjunto dos temas aqui apresentados. O que

pareceu a vocês mais urgente ou mais necessário? Existem outros materiais com

linguagem popular que vocês podem usar.

Que tal planejar o desenvolvimento de um estudo do Diretório ao longo

do ano?

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DOGMAS NA IGREJA

Por que dogmas?

Muitas pessoas imaginam os dogmas como um pacote fechado que o fiel

católico tem de levar para casa junto com sua pertença à Igreja, ou o remédio

indesejável que ele deve engolir sem mastigar para não sentir o gosto amargo.

Seriam verdades de difícil compreensão, na área da doutrina ou da moral,

Page 24: Apresentação didática do Diretório Nacional

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determinadas pela autoridade máxima da Igreja, que devem ser acolhidas

cegamente, sem questionamentos.

Há quem duvide da validade de dogmas na Igreja Católica por diferentes

motivos. Conforme a Reforma Protestante, a pretensão católica de propor dogmas

contradiz a liberdade da consciência cristã e o Evangelho. Indevidamente, põe

uma cunha da palavra de uma autoridade humana entre o cristão e o único

mediador, Jesus Cristo. No pensar do espírito moderno do Iluminismo, muito

cioso da autonomia do sujeito, o dogma seria uma opinião, formulada num

contexto que já está superado. Como foi imposto de fora, por uma autoridade

religiosa, a pessoa não reconhece aí algo seu, que tenha significado existencial ou

intelectual. Além disso, carece de validade, por não se submeter à investigação

filosófica ou científica. Os dogmas seriam como uma “babá” para uma

humanidade quando estava no estágio infantil. Mas, à medida que o ser humano

alcança a etapa da maturidade da razão, os dogmas tornam-se dispensáveis.

Para muitos cristãos leigos, a vida de fé é determinada pela “experiência”,

o que envolve sentimentos, intelecto e prática. O dogma, ao contrário, aparece

como veículo comunicativo empobrecedor, sem gosto experiencial. Em vez de

fazer crescer os significados da experiência cristã, reprime-os. Os cristãos

empenhados com ecumenismo veem os dogmas com preocupação. Uma Igreja

repleta de dogmas assemelha-se a uma velha senhora, obesa e diabética.

Apresenta-se sérias dificuldades em caminhar, preferindo o conforto do

tradicional sofá. Centrada nos seus achaques, paralisada pelas verdades

acumuladas no passado, a velha senhora tem pouco ânimo para dialogar com o

mundo e as outras igrejas cristãs.

Afinal, por que surgiram os dogmas na Igreja? Eles ainda são atuais? De

que forma?

Uma analogia para entender os dogmas

Era uma vez um lindo santuário no alto da montanha. Para lá acorriam

muitas pessoas, de diferentes povos, culturas e nações. Multidões de peregrinos,

ao longo do tempo, foram pisando o chão da trilha que leva ao santuário. Tiraram

o mato e abriram outros trechos. Aos poucos, fez-se uma estrada, pois, os

peregrinos descobriram que, tão importante quanto a meta a alcançar, é o caminho

que conduz a ela. A estrada até o santuário era muito bonita. Embora houvesse

espinhos, poeira, lama e buracos, podia-se ver a beleza do sol no meio da serra,

respirar o ar puro das plantas, deixar-se penetrar pelo verde intenso das copas das

árvores e sentir odores de flores silvestres. Ao lado caminho, tortuoso e belo,

havia também precipícios e abismos e abismos.

Durante muito tempo os peregrinos iam a o santuário pela estrada, a pé ou

em lombo de burro. Os séculos passaram e vieram os carros e ônibus. Em virtude

de muitos acidentes, os encarregados do santuário colocaram acostamento,

antiderrapantes, sinais luminosos para a noite, protetores e placas. Certamente, a

estrada era perigosa, pois alguns erraram o caminho e despencaram no abismo.

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Mas ela permanecia faz-cinante. Então, alguns acharam que era muito arriscado

deixá-la assim. Levantaram muros nas encostas, colocaram quebra-molas e

fixaram mais placas para indicar o caminho.

Ficou difícil caminhar por aquela estrada. Ela perdeu a beleza e a

praticidade. Novos povos que faziam a romaria não entendiam as antigas placas.

Chamaram então técnicos para interpretar as placas, o que tornou o caminho mais

difícil de ser percorrido. Muitos passaram a se preocupar com os muros de arrimo,

as placas, as explicações, as advertências sobre os perigos e se esqueceram de

caminhar. Perderam de vista que a estrada levava ao santuário, lugar de encontro

com o Deus que caminha conosco.

Então, alguns homens e mulheres iluminados perceberam o equívoco.

Tiraram tudo aquilo que atrapalhava a estrada e deixaram apenas o que ajudava os

romeiros. As pessoas voltaram a descobrir a beleza da estrada e a rezar pelo

caminho. Mais gente passou a ir ao santuário e daí voltava com o coração alegre e

renovado.

Os dogmas são como placas que indicam o caminho de nossa fé. Foram

criados para ajudar a comunidade eclesial a se manter no rumo do santuário vivo

que é Jesus. Funcionam como balizas, sinalizadores, arrimos e proteção. Alguns

teólogos observaram que tanto o termo quanto o conceito de dogma são de origem

bastante recente. Como uma moderna definição de dogma na tradição católica,

Avery Dulles propõe a seguinte: uma verdade revelada, proclamada como tal pela

autoridade docente infalível da Igreja e, portanto, obrigatória para todos os fiéis

sem exceção.

Mas podemos perguntar-nos: por que não pode o cristão contentar-se com

o testemunho da Escritura? Certamente, ela é suficiente para alimentar a vida de

oração do crente. Certamente a Palavra de Deus fornecerá amplo material para

que ele reflita sobre a fé. Isto é verdade, mas tal abordagem deixa de lado um

fator importante, ou seja, que o ser humano está imerso no tempo, e portanto, a fé

testemunhada na Escritura precisa cada vez ser pensada novamente, em cada

época histórica, em cada situação nova. Cada cultura e cada período da história

tem suas próprias interrogações. A teologia é a tentativa de traduzir o único e

irrepetível evento de Cristo em cada um períodos subsequentes.

Os dogmas na história

Os grandes dogmas da Igreja surgiram nos primeiros séculos, para

resolver questões de fé, que não podiam ser resolvidas somente pela Sagrada

Escritura. Por exemplo, a Bíblia afirma que Deus é um só, o único criador de

todas as coisas. Mas ao tempo diz que Jesus é Filho de Deus. Há momentos em

que Jesus afirma, no evangelho de João: “Eu e o Pai somos um”. Em outros, ela

ora ao Pai, mostrando que o Pai é diferente dele. O mesmo se diga do Espírito

Santo. O Espírito não é Jesus, mas vem do Pai. Como é possível entender que

Deus seja um só, mas que também exista o Pai, o Filho e o Espírito? São três

deuses?

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As interpretações eram muito diferentes, apesar de as pessoas lerem o

mesmo texto da Bíblia. Isso acontecia também por causa dos diferentes contextos

culturais nos quais o cristianismo se encarnou. No século IV, um grupo de

cristãos defendia que Deus era um só, mas se mostrava de jeitos diferentes para

nós, como um artista que troca de roupa e de maquiagem no teatro. Ela apareceria

de maneiras diferentes, mas seria o mesmo. Outros diziam que em Deus deveria

haver escalas de importância. Deus Pai seria o Todo-Poderoso, Deus Filho seria

subordinado a Ele e, por fim, viria o Espírito Santo. Foram necessárias muitas

discussões e alguns concílios até a Igreja formular a doutrina que conhecemos

hoje como Santíssima Trindade. Ou seja: nós cremos que Deus é um só em três

pessoas. Elas têm igual dignidade, e estão em relação umas com as outras: o Pai o

criador, o Filho o redentor e o Espírito santificador.

Os dogmas centrais do cristianismo católico forma formulados nos cinco

primeiros séculos, por meio de concílios, para responder às questões vitais da

nossa fé. Estava em jogo o núcleo da identidade cristã: quem é Jesus, quem é o

nosso Deus, como se articulam a humanidade e divindade em sua pessoa, como

Cristo no revela Deus. O conflito de interpretações da experiência cristã chegou a

tal ponto que se tornou necessário matizar afirmações, estabelecer limites para

certas posições e discernir qual leitura era mais fiel à revelação cristã. Os grandes

Concílios ecumênicos de Nicéia, Éfeso, Constantinopla e Calcedônia resolveram

grandes conflitos, especialmente na área da cristologia. Eles encerravam a

discussão com um credo que sintetiza os pontos consensuais da comunidade

cristã. Refutavam também afirmações que, após discussão, eram reconhecidas

como deficientes, incoerentes ou contrárias à experiência cristã. Daí os anátemas

e a qualificação de heresia (literalmente: separado) para as posições não aceitas.

Na Idade Média, outros dogmas também foram definidos em sínodos e

concílios. E, a partir do século XIX, somente pelos papas, após consultar os

bispos. Assim aconteceu com os dogmas marianos da Imaculada Conceição e da

Assunção. Nos últimos quatrocentos anos, no embate com os protestantes, os

católicos reforçaram os dogmas e a Tradição em detrimento da Sagrada Escritura.

Valorizou-se o conhecimento da doutrina cristã baseada nos dogmas. No

catecismo, por exemplo, a criança tinha de aprender de cor as verdades da fé.

Porém, muitas vezes não entendia o que dizia. E foi crescendo a distância entre

aquilo que as pessoas experimentavam pela fé e o que expressavam na doutrina.

O concílio Vaticano II ajudou-nos a compreender melhor o lugar e a

função dos dogmas. Recolocou a Bíblia como fonte para a teologia e a liturgia.

Mostrou como a Tradição legítima da Igreja interpreta a Escritura e fornece

elementos necessários para a vivência da fé. Reconheceu que nem todos os

dogmas tem o mesmo valor. Alguns estão mais próximos do núcleo da nossa

experiência cristã. E isso é importante para o diálogo com outras Igrejas e

religiões.

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A revelação de Deus chegou a seu ponto máximo em Jesus Cristo. Já não

há mais novos livros revelados a serem escritos. A Bíblia se encerrou no

Apocalipse. Mas Jesus nos deixou o Espírito, que conduz à verdade plena. O

Espírito recorda o que Jesus nos disse e nos ajuda a compreender muito mais (Jo

16, 12-13). Portanto, a interpretação da revelação continuar aberta. A Igreja, no

correr dos seus quase dois mil anos de existência, se parece como um grande rio,

no qual as águas da única fonte, que é Bíblia, vão se enriquecendo com a

Tradição. Cabe ao magistério – os bispos unidos ao papa- regular esse processo de

interpretação e evolução, que as comunidades produzem de sua história em

diferentes épocas e culturas.

Os dogmas centrais do cristianismo são, ao mesmo tempo, infalíveis e

reformáveis. A infalibilidade reside no fato de que o dogma significa uma

conquista irrevogável, que traz elementos vinculantes para a identidade da nossa

fé. Contudo, por ser uma formulação humana, condicionada pelo tempo, o dogma

é caducável e necessita ser reinterpretado. A reforma do dogma visa a “suprir o

descompasso da língua, aperfeiçoar as fórmulas usadas, purificar o esquema de

pensamento, manter viva a verdade da revelação em sua relação com a existência

humana e dar clareza e plenitude a esta verdade” (Mysterium Ecclesiae, Sagrada

Congregação para a Doutrina da Fé, junho de 1983). Há, portanto, uma evolução

da Tradição e do dogma, que diz respeito não somente à linguagem, mas a um

aprofundamento do que Deus revelou. No dizer do Vaticano II: Esta Tradição,

oriunda dos apóstolos, progride na Igreja sobre a assistência do Espírito Santo:

cresce, como efeito, a compreensão tanto das coisas como das palavras

transmitidas, seja pela contemplação e estudo dos que creem [...], pela pregação

dos que exercem a sucessão do episcopado. A Igreja, no decorrer dos séculos,

tende continuamente para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela

as palavras de Deus. (Dei Verbum n.8).

Como Deus é uma realidade inesgotável e sempre nova, o dogma capta

algo real do mistério divino, mas de forma limitada. Necessita de novas

abordagens no correr dos tempos, que se aproximam do mistério de Deus, sem

dizer a palavra final sobre ele. Embora servindo-se da razão, o dogma não se

reduz a um conjunto de formuladas frias e exatas, como uma equação matemática.

Manifesta, ao contrário, um sentimento de louvor. Só se compreende Deus

deixando-se fascinar por ele, abrindo o coração, a mente e o entendimento para a

luz de sua presença.

Referências

MURAD, Afonso. MARIA, TODA DE DEUS E TÃO HUMANA. São

Paulo: Paulinas, p. 95-99, .

O ´DONNELL, John. INTRODUÇÃO À TEOLOGIA DOGMÁTICA.

São Paulo: Loyola, p. 15-22, 1999.

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Critérios pastorais para trabalhar na catequese.

1. Ser obediente ao sacerdote. 2. Buscar a unidade com a coordenação paroquial. 3. Participar das reuniões de setor e também paroquiais. 4. Participar da comunidade onde é catequista. 5. Buscar na Eucaristia a confissão como alimento. 6. Ser catequista por amor, não por obrigação. 7. Devolver o dízimo (ser dizimista)

Catequese da Paróquia São José Operário

Unaí-MG