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BIOSSEGURANÇA
Dra. MARIA ANTONIA MALAJOVICH
Coordenadora de Biotecnologia do Instituto de Tecnologia ORT
Diretora Científica da ANBIO
INSTITUTO DE TECNOLOGIA ORT 08/07/2013
http://www.internationalbiosafety.org
Sociedade científica sem fins lucrativos e de utilidade pública, de âmbito nacional,voltada para o fortalecimento da Biossegurança no Brasil e do controle dos riscos para asaúde humana, animal e para o meio ambiente de riscos advindos de processostecnológicos e de organismos patogênicos.
A ANBio foi a terceira sociedade deBiossegurança estabelecida no mundo eresponsável por fundar a FederaçãoInternacional de Biossegurança que hojecongrega cerca de 60 países no mundo.
A ANBio já capacitou mais de 7.000profissionais até o ano de 2012, nos temasde análise de risco, gestão emBiossegurança em saúde, segurançaalimentar e ambiental, realizando cursos eeventos considerados referência para ospaíses da América Latina.
CONCEITOS BÁSICOS
BIOSSEGURANÇA
A AVALIAÇÃO DE RISCO
PERIGOInerente aos materiais, equipamentos, métodos ou práticas de trabalho. Qualifica-seem escala de 1 a 5 em função da gravidade das lesões e ferimentos aos trabalhadores,do grau da agressão ao meio ambiente, da dificuldade de contenção dos danos e dasperdas financeiras.
RISCO = probabilidade de perigo (escala de 1 a 5)
P Consequências
Risco baixo: gerenciamento mediante procedimentos de rotinaRisco médio: devem-se definir responsabilidades no gerenciamento Risco alto: requer ação imediata
A AVALIAÇÃO DE RISCOS é o processo quemede os riscos decorrentes de perigos nolocal de trabalho, para a segurança e saúdedos trabalhadores
GERENCIAMENTO DO RISCO
• Eliminação ou diminuição dos riscos
• Monitoramento continuo
• Treinamento do pessoal
O RISCO ZERO NÃO EXISTE
SAÚDE
Biossegurança no trabalho com patógenos
MICRORGANISMOS: GRUPOS DE RISCO BIOLÓGICO
CLASSE I II III IV
Risco individual Escasso Moderado Elevado Elevado
Risco comunitário Escasso Limitado Baixo Elevado
Exemplos Bacillus subtilis
Schistosomamansoni
Mycobacterium tuberculosis
Ebola
Observação 1: Existe uma classe de risco especial para os organismos que, mesmo nãosendo patógenos perigosos para o homem, apresentem alto risco de causar doençaanimal grave e de disseminação no meio ambiente, causando danos econômicosaltos.
Observação 2: Em relação aos organismos geneticamente modificados (OGMs) ocritério de classificação está baseado no risco presente nas sequências de DNA/RNAdos organismos doadores e receptores.
Ensino básico, pesquisa
Serviços básicos de saúde, serviços de diagnóstico, pesquisa
Serviços especiais de diagnóstico, pesquisa. Confinamento.
NÍVEIS DE SEGURANÇA, PRÁTICAS E EQUIPAMENTOS
Grupo de Risco
Nível de biossegurança
Tipo de Laboratório Práticas de Laboratório Equipamento de proteção
1 NB 1Básico
Ensino básico, pesquisa BTM Nenhum, mesa/ bancada de trabalho
2 NB 2Básico
Serviços básicos de saúde; serviços de diagnóstico, pesquisa
BTM e roupas de proteção, sinal de perigo biológico
Bancada de trabalho e CSB para aerossóis potenciais
3 NB 3Confinamento
Serviços especiais de diagnóstico, pesquisa
Como nível 2, mais roupa especial, acesso controlado, ventilação dirigida
CSB e/outros dispositivos primários para todas as atividades
4 NB 4Confinamento máximo
Serviço de manipulação de agentes patogénicos perigosos
Como nível 3, mais entrada hermética, saída com chuveiro, eliminação especial dos resíduos
CSB classe III ou vestimentas de pressão positiva em conjunto com CSB classe II, autoclave duas portas (através da parede), ar filtrado.
BTM = boas técnicas microbiológicas CSB = câmaras de segurança biológica
AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO ...
• Construir instalações adequadas
• Manter boas práticas de laboratório (BPL)
• Usar equipamentos de proteção individual (EPIs): jalecos, luvas, toucas, óculos, máscaras, protetores, dispositivos para pipetagem etc.
• Verificar os equipamentos de proteção coletiva (EPCs): autoclaves e fornos, chuveiros e lava-olhos, caixas de descarte, centrífugas, agitadores e misturadores etc.
• Providenciar o tratamento adequado dos resíduos
• Apoiar as decisões das Comissões Internas de Biossegurança (CIBIO)
• Procurar auditorias externas
...SÃO SUFICIENTES?
• Acidentes ocorrem
– Estados Unidos (2003-2007) : 395 acidentes de liberação no ambiente de patógenos e toxinas perigosos.
– Estados Unidos (CDC, 2010): 196 liberações no ambiente, 77 derrames e 46 ferimentos com perfuro-cortantes.
• O número de infecções hospitalares é alarmante
• O número de NB 3 está aumentando no Brasil (19)
– Trabalhos com arbovírus, hantavírus, raiva, tuberculose, peste.
– Emergências em biosseguridade (antraz, gripe aviária, aftosa).
EXISTE UM RISCO RESIDUAL
DEFINIÇÕES (OMS, 2006)
BIOSSEGURANÇA
Conjunto de medidas, princípios decontenção, tecnologias e práticas que sãousadas para evitar a exposição nãointencional a agentes biológicos e toxinasou a sua liberação acidental
BIOSSEGURIDADE
Conjunto de medidas de proteção, controle eresponsabilidade para agentes biológicos etoxinas de modo a evitar sua perda, roubo,uso indevido, extravio, acesso nãoautorizado ou liberação intencional
AGROALIMENTOS
Biossegurança dos alimentos GMO escândalo Frostban
(ice-minus) - 1987
QUAIS ALIMENTOS SÃO TRANSGÊNICOS?
• Organismos geneticamente modificados (OGMs) ?
• Provenientes de OGMs ?
• Animais alimentados com rações que incluam OGMs ?
A NOÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR
A AVALIAÇÃO DE RISCOS
Construção do transgene, valor nutritivo, efeitos previstos (produção de substânciasalergênicas ou tóxicas) e não previstos devidos à presença do transgene.
O caso do arroz dourado
A falta de vitamina A mata 6.000 criançaspor dia e cega 500.000 pessoas por ano.
Apesar de estar pronto desde 1999, o arrozdourado ainda não chegou ao mercado.
Se tivesse sido obtido por via convencional,estaria no mercado desde 2003.
O QUE O CONSUMIDOR PRECISA SABER...
• A noção de segurança alimentar é um conceito bastante flexível (batata, kiwi,amendoim). Contudo, todos os alimentos de origem transgênicacomercializados atualmente foram devidamente analisados e aprovados pelasautoridades correspondentes, sendo consumidos há vários anos.
• Várias organizações internacionais como FAO, OMS, OECD, ILSI, 7 Academias deCiências e 16 Prêmios Nobel concluíram que os alimentos OGM disponíveis sãotão seguros quanto os alimentos tradicionais.
• Os alimentos de origem transgénica devem ser avaliados caso a caso. Sópodemos dizer que “determinado alimento transgênico é tão seguro quanto oseu equivalente”.
MERECE DESTAQUE ...
Parecer Técnico nº 3024/2011 -Liberação Comercial de feijoeiro geneticamente modificado resistente ao vírus do mosaico dourado do feijoeiro (Bean golden mosaic vírus -BGMV), evento de Embrapa 5.1 -Processo nº 01200.005161/2010-86
O FEIJÃO TRANSGÊNICO DA EMBRAPA,
RESISTENTE AO VÍRUS DO MOSAICO DOURADO
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,feijao-transgenico-tem-venda-liberada,773227,0.htm
MEIO AMBIENTE
BIOSSEGURANÇAO escândalo Frostban
(ice-minus) - 1987
O AEDES TRANSGÊNICO (BA)
O AEDES TRANSGÊNICO (BA)
Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU / Seção 1 / Página 16, nº 128, quarta-feira, 4 de julho de 2012), a decisão da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) que autorizou o funcionamento da Unidade de Produção do Aedes Transgênico (UPAT), inaugurada no dia 07 de julho, na Biofábrica Moscamed Brasil (BMB).
INDÚSTRIA
BIOSSEGURANÇAO escândalo Frostban
(ice-minus) - 1987
DO LABORATÓRIO À INDUSTRIA
• J. Keasling et al., Joint BioEnergy Institute (Berkeley)
Saccharomyces cerevisiae
Escherichia coli
Artemisia annua
Artemisina ou qinghaosu(medicamento antimalárico)
• Patente (2001)
• Amyris Biotechnology. Com o apoio da Fundação Bill e Melinda Gates e de Sanofi-Aventis, consegue incrementar a produção (100.000 X) e diminuir 10 vezes o custo do tratamento (menos de 1 US $).
http://www.ethanolsummit.com.br/apresentacoes/pdf/Joel_Velasco_Amyris_Ethanol_Summit.pdf (2011)
UM DESVIO METABÓLICO PARA O FARNESENO
O FARNESENO RENOVÁVEL
• O Biofeno ™ é um hidrocarboneto, precursor de biodiesel, de combustível de aviação (No Compromise®) e de numerosos produtos químicos.
• Açúcar como matéria-prima
• Empresas subsidiárias nos Estados Unidos (sorgo sacarino) e no Brasil (Campinas)
Uma plataforma tecnológica inovadora
A CHEGADA DA BIOLOGIA SINTÉTICA
• Como toda nova área do conhecimento, a biologia sintética exige uma avaliaçãodos riscos e das condutas a seguir, desde os três pontos de vista hojeconsiderados fundamentais:
BIOSSEGURANÇABIOSSEGURIDADE
• Uma área que combina biologia, química e engenharia para projetar e construir novas funções e sistemas vivos, ou para redesenhar os sistemas vivos existentes com o propósito de torná-los mais úteis (The Royal Society, 2008).
• Suas bases tecnológicas são a tecnologia do DNA (síntese, sequenciamento e amplificação de DNA) e a engenharia genética.
ALGUNS QUESTIONAMENTOS
• Sistemas construídos juntando partes e dispositivos seguros poderiam ser inseguros?
• Quais os riscos devidos à participação de pessoas sem treinamento adequado (biohackers)?
• Quais os riscos devidos à participação de pessoas mal-intencionadas (biocrackers)?
• Poder-se-ia desenvolver uma bioeconomia ilícita?
• Quais os códigos de conduta e autorregulação das empresas que sintetizam DNA para evitar a
disseminação de material que possa ser utilizado para elaborar armas biológicas ou toxinas
(Casos do poliovírus e do vírus da gripe espanhola).
• Democratização do conhecimento
• Motivação das novas gerações para participar das atividades científicas
• Estímulo da criatividade
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO
BIOSSEGURANÇA
ENFRENTAR NOVOS DESAFIOS
• O bioterrorismo
• O dilema do uso duplo de equipamentos e de agentes biológicos (11/09/2001)
• Proximidade de grandes eventos (Mundial de Futebol, 2014; Olimpíadas, 2016)
• Alertas fito e zoossanitários
• Necessidade de treinamento em biossegurança e biosseguridade (Programa Nacional de Bens Sensíveis (MCT, ABIN); ANBIO: treinamento em Biossegurança desde 1999 e em Biosseguridade desde 2007 (apoio CNPq, MCT, ABIN)
• As mudanças climáticas e as doenças emergentes
• Os novos tratamentos: terapias gênicas, células-tronco
• As sequências genômicas como risco
• Reconstrução do vírus da poliomielite,
• Publicação das sequências que permitiriam a transmissão de pessoa a pessoa do vírus da gripe aviária.
A CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DE SEGURANÇA
• O princípio básico é a obrigação moral de proteger a saúde do indivíduo, dogrupo, da comunidade e do ambiente.
• A cultura de segurança é tão importante na educação científica e nodesempenho profissional como o aprendizado do entorno teórico dosexperimentos ou a capacidade de realizar os passos de um protocolo.
• Na prevenção de riscos, a responsabilidade é de todos: autoridades,professores, técnicos, alunos e pessoal de apoio.
NÃO BASTA UMA AULA, NEM UM CURSO
AGRADECIMENTOS
• À Dra. Leila Macedo, presidenta da ANBIO.
• A vocês.