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Aprigio Fonseca • Frederico Fonseca

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aprigio fonseca • frederico fonseca

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Page 1: Aprigio Fonseca • Frederico Fonseca

14 Anuário Luso-BrAsiLeiro 2010 / 2011

Apr

igio

Fon

seca

• F

rederico

Fon

seca

Uma Olinda que se reinventa

Antes do Carnaval passado, Aprigio e Frederico se encontraram

mais uma vez para subir as ladeiras. Fizeram o trajeto dos foliões, dos

boêmios e dos apaixonados acompanhados por dois personagens

históricos dos festejos de Momo, os cabeções. Durante o percurso,

foram espalhando as cabeças nos cantos do sítio histórico, desde os

Milagres até a Sé, passando pelo chafariz da Praça do Carmo, pelo

cemitério e pela igreja de São João dos Militares, no Amparo.

Foi no passeio deste templo que a história toda começou. Em

1978, os irmãos começaram a investigar os desenhos deixados por

cidadãos anônimos no entorno da igreja. O projeto, que se chamava

Das calçadas de Olinda, rendeu várias séries de obras, até que a dupla

decidiu se apropriar de novos elementos tipicamente olindenses. As

novas iniciativas não apenas retiravam traços pictóricos da cidade,

como também lhe acrescentavam formas e cores, como no caso da

série Olinda cerzida, de 2008. Neste trabalho, os artistas pintam nas

fachadas das casas sombras em posições e formas que nelas jamais

poderiam existir - na maioria das vezes contrariando a posição que os

raios solares incidem sobre o casario.

Numa localização salpicada de pontos turísticos, os irmãos procuram

oferecer uma nova visão do patrimônio cultural da humanidade. A idéia

é que a cidade possa ser descoberta em sua completude, e não vista

apenas como uma sucessão de cartões postais. Para isso, Frederico

explica que eles se valem dos detalhes que, normalmente, as pessoas

não enxergam. “Nós buscamos, por exemplo, ressaltar a precariedade

de certas situações. É uma forma de denunciar o precário, mas também

de valorizar sua plasticidade. É o mesmo processo que utilizamos para

destacar os desenhos feitos por populares, nas calçadas. Essas marcas

estão desaparecendo e ninguém dá a elas a devida importância. Por isso,

nós marcamos os desenhos com círculos, como os policiais contornam

os corpos na rua”, explica Frederico.

Diana Moura

Jornal do Commercio. Recife, 24.02.2010

Olinda that reinvents itself

Before the last Carnival, Aprigio and Frederick met once again

to climb the slopes. They made the path of the revelers, the bohemians

and lovers followed by two historical characters of the festivities of

Carnival, the “cabeções”. Along the way, were spreading their heads in

the corners of the historic site, since the Miracles to the cathedral, past

the fountain of Praça do Carmo Carmo Square, the cemetery and the

church of São João dos Militares in Amparo.

It was in this temple tour that began the whole story. In 1978, the

brothers began to investigate the drawings left by anonymous people

in the vicinity of the church. The project, named From the sidewalks of

Olinda, yielded several series of works, until the pair decided to take

ownership of new elements typically from Olinda. The new initiatives

not only stripped pictorial features of the city, they added as well as

shapes and colors, as in the series mended Olinda, 2008. In this work,

the artists paint shadows on the facades of the houses in positions and

shapes that could never exist in them - most often contradicting the

position of the sun’s rays fall upon the houses.

A location dotted with tourist spots, the brothers seek to offer a

new vision of humanity’s cultural heritage. The idea is that the city

can be discovered in its entirety, and not only seen as a succession

of postcards. For this, Frederick explains that they avail themselves of

the details that normally people can not see. “We seek, for example,

emphasized the precariousness of certain situations. It’s a way to

denounce the precarious, but also enhance its plasticity. It’s the

same process we use to highlight the designs made by popular, on the

sidewalks. These tags are disappearing and nobody gives them due

importance. Therefore, we mark the drawings with circles, as police

circumvent the bodies in the street, “says Frederick.

Diana Moura

Commercio Newspaper Recife, 24/02/2010

Homenagem