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JORNAL DO BRASIL

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SEXTA-FEIRA6 DE ABRIL DE 2007saude@jb.com.br

Saúde&CiênciaVida Globo alerta para

efeito estufaO Museu de Inovação e CiênciaEmergentes, em Tóquio, inaugu-rou ontem o Geo-Cosmos – umaesfera coberta por 1 milhão deLEDs para alertar sobre o aqueci-mento global. Espera-se que o fe-nômeno cause mais fome da Áfri-ca, o derretimento dos Andes e doHimalaia e provoque sofrimentonos países pobres

ÁFRICA

� ASMARA. A Eritréia proi-biu a prática da circuncisão fe-minina, popular entre mulhe-res cristãs e muçulmanas nascomunidades do país do Chi-fre da África. Agora, qualquerum que peça, estimule oupromova a mutilação genitalfeminina será punido comuma multa e prisão.

“A circuncisão feminina éum procedimento que colocaem risco grave a saúde da mu-lher, causando dor e sofrimen-to consideráveis, além de ar-riscar suas vidas”, publicou ogoverno em um site oficial.

Cerca de dois milhões demulheres da África Subsaaria-na são circuncisadas por ano e130 milhões em todo o conti-nente já passaram pela mutila-ção. Os dados são da Organiza-ção Mundial da Saúde, queadotou uma resolução contra aprática em 1993.

A proibição da Eritréia come-çou em 31 de março e segue umacampanha da União Nacional deMulheres Eritréias, que denun-ciou que 94% das mulheres do

Eritréiaproíbemutilaçãogenital

As meninas sãosujeitas à retiradado clitóris para quenão se tornempr omíscuas

país foram circuncisadas.– A proibição é uma das me-

didas mais importantes que bus-cávamos – declarou BelaineshSeyoum, diretora de relações in-ternacionais da organização. Elaconta que vinha fazendo pales-tras em todo o país para alertar oscidadãos do risco da prática.

A circuncisão, que é um ris-co por ser feita muitas vezessem qualquer cuidado médico,varia da costura da vagina decrianças à extração de seus cli-tóris. Entre as complicaçõesestão cistos, penetrações dolo-rosas, incontinência urinária edificuldades no parto.

Os defensores da mutilaçãodizem que serve para preveniro comportamento promíscuo.As meninas passam pela práti-ca como parte do ritual de en-trada na maioridade.

A Unicef, agência da infânciae juventude da ONU que traba-lha com as autoridades do país,elogiou a proibição, mas alertouque o trabalho junto às comuni-dades precisa continuar.

Vários países africanos, comoGana, Guiné, Burkina Faso e Se-negal baniram a prática, mas issonão interrompe sua realização.Nas ruas de Asmara, as jovensesperam que a nova lei ajude amudar as crenças tradicionais.

– Muito já foi feito, mas aspessoas ainda acham que umamenina que não foi circuncisadaserá selvagem e promíscua – dis-se uma estudante de 23 anos quenão quis se identificar. – A puni-ção agirá como um freio.

TECNOLOGIA � PINTINHO-ROBÔ

Crianças brincam com o pintinho-robô Yume Hiyoko (Frangodos Sonhos, em tradução livre), da Sega Toys, em Tóquio. Obrinquedo cabe na palma da mão, move as asas ao toque eé capaz de emitir sons. Será vendido a partir de abril noJapão, por 2.310 ienes

REUTERS

Amazônia, Caribe e rioYangtzé já sofrem comalta das temperaturas

� BRUXELAS. Dez dos maioresparaísos naturais do planeta, entreos quais a Amazônia e o Caribe, jásofrem o impacto do aquecimentoglobal, informou hoje a organizaçãoambientalista WWF. O anúncio foifeito às vésperas da publicação deum novo relatório do Painel Inter-governamental sobre MudançasClimáticas da ONU (IPCC).

Outras das maravilhas afetadassão a mais antiga floresta tropicaldo mundo, entre o Chile e a Argen-tina, o deserto de Chihuahua, entreo México e os EUA, o maior rio daChina, o Yangtzé, a região marinhae florestas do Leste da África, asgeleiras do Himalaia, os manguesna Índia e Bangladesh e o mar deBering, no Norte do Oceano Pacífi-co, entre o Alasca e a Sibéria.

Lara Hansen, cientista-chefedo Programa Global de MudançasClimáticas da WWF, explicouque, embora as estratégias deadaptação ajudem a atenuar osefeitos, “só uma ação drástica dosgovernos para reduzir as emis-sões de gases do efeito estufa aju-daria a evitar a destruição total”.

O diretor do programa, HansVerolme, indicou que só se con-seguirão melhoras pelo compro-misso global dos países industria-lizados para reduzir cerca de 30%das emissões de CO2 até 2020.

Países em desenvolvimento de-vem ser incluídos em grupos distin-tos, segundo Verolme, pois alguns,como a China, já adotam medidas decontrole. Outros, como a Índia, pre-cisarão de “muita ajuda”.

N AT U R E Z A � WWF alerta para avulnerabilidade de 10 ecossistemas

ASTRONOMIA � Tempestades de poeira escurecem planeta e o aquecem

Juliana Anselmo da Rocha

Assim como a Terra, Martetambém sofre com o aquecimen-to global. De acordo comcientistas da Nasa, tempes-tades de poeira contri-buem para a subida dastemperaturas no pla-neta vermelho e oencolhimento dacamada de gelo nopólo Sul.

A comparaçãodos dados obti-dos pela sondaViking em 1970e pela Mars Glo-bal Surveyor nadécada de 1990revelou um au-mento médio de0,65 grau nastemperaturas doplaneta vermelho– parecido com aestimativa de aque-cimento da Terra nomesmo período, ex-plica Paul Geissler,geólogo do US Geologi-cal Survey.

– Avaliamos o albedo,ou seja, a quantidade de luzrefletida pela superfície – ex-plica Lori Fenton, pesquisadorado Centro Carl Sagan, da Nasa,que liderou o estudo. – Quantomais brilhante uma superfície,maior sua capacidade de refletir aluz solar de volta ao espaço e me-nor calor armazenar.

Lori lembra que o fenômeno ésemelhante ao que observamosem nossa vida diária, com superfí-cies mais escuras sendo aqueci-das facilmente até o “ponto dequeimar pés e mãos nuas”.

– Então, escurecer um planeta éuma forma de torná-lo mais quente– garante. – Desde a década de 1970,

Marte ficou 2% mais escuro.Os padrões de circulação atmos-

férica no planeta também mudaram.Os ventos mais fortes favoreceramas mudanças do albedo e a formaçãode tempestades de areia, que reali-mentam o ciclo de escurecimento –e aquecimento – de Marte ao distri-buir a poeira pela atmosfera.

– A atmosfera mais quente ex-plica o rápido encolhimento da ca-lota polar no Sul – diz Geissler.

Os pesquisadores crêem estarna pista certa para entender o en-colhimento da calota polar – atri-buído antes a variações na órbitado planeta e a flutuações nasemissões de luz do Sol – porque

os modelos de computador usa-dos previram um aumento detemperatura atmosférica no He-misfério Sul igual ao necessário

para derreter o gelo.Pela relação entre os fenô-

menos, os cientistas propu-seram um mecanismo pelo

qual um albedo baixo – ouseja, uma superfície compouca capacidade refle-tora – regula a circula-ção de ventos e criatrechos com um al-bedo ainda mais bai-xo. Em regiões on-de os ventos so-pram a poeira, o re-levo escuro expos-to esquenta. Partedesse calor é trans-ferida para o ar. As-sim como na Terra,o balanço de calor

na atmosfera afeta acirculação sobre a

área.Lori observa que o

escurecimento de Mar-te acirra os mesmos fenô-

menos culpados pela mu-dança em primeiro lugar.– É possível que esses pro-

cessos sejam revertidos a longoprazo, levando ao esfriamentomais que ao aquecimento globalmarciano – sugere.

Embora a descoberta satisfaçaa curiosidade dos pesquisadoressobre os motivos do encolhimen-to do gelo polar em Marte, nãocontribui para esclarecer o pro-cesso de aquecimento na Terra.

– Não há comparação direta – ad-mite Lori. – O brilho da superfície daTerra também influencia nosso cli-ma. Mas os mecanismos que o con-trolam são diferentes dos de Marte,onde os ventos e tempestades dis-tribuem a poeira, escurecendo ouclareando a superfície.

Aquecimento global marcianoderrete camada polar de gelo

Planeta ficou 0,65 grau mais quente desde a década de 1970

NASA