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196 Lucie-Smith �-- - -- - - )�A Arte Pop tem no máximo dez a doze anos de idade. O termo em si foi ujf� do pela primeira vez pelo ctico britânico Lawrence Alloway, em 19S4� t como um rótulo c à nveniente para a "arte popular" que estava sendo cad i pela cultura de massa. Alloway ampou o termo em 1962 para incluir a �: vi�W; dade de astas que estavam procurando usar agens populares em fii :t;f contexto de "belas-artes". Desde então surgiu uma série de outros rótul concorrentes, mas este foi o que vingou, apesar dos protestos (ocasionais) do ; próprios artistas. - - '- A preira obra genuína de te Pop realizada na Grã-Bretanha e geral 3 ) mente aceita como tal foi a colagem de Richard Haton, O que atamte toma os lares de hoje tão diferentes, tão aaentes?. A obra foi executada para fi�;:• gurar em uma exposição intitulada "Isto É Amanhã", na techapel ;: Gaery, em 1965. O primeo grande impacto provocado pela Arte Pop so-�-·; bre o público britânico foi na Exposição dos Jovens Contemporâneos de' ; 1961, que incluiu obras de David Hockney, Derek Boser, Allen Jones, Peter Philps e R.B. Kitaj, e firmou toda uma geração de jovens aistas. No mesmo :_ ano, Peter Blake realizou sua primeira exposição no Instituto de Arte Con- ; temporânea. O desenvolvimento da Ae Pop nos Estados Unidos não é tão fácil de •- mapear. Ela avançou por etapas surpreendentemente lentas em meio ao •· expressionismo abstrato então predominante, e muitos dos pintores pop . americanos continuam apontando Wiem de Kooning, um dos gigantes do · expressionismo abstrato, como uma influência marcante em sua obra. O ano importante parece ter sido 1955, marcado pelo surgimento de Robe Raus- - chenberg e Jasper Johns na cena artistica de Nova York. Em 1958, Johns fazia a sua preira exposição individual, e o crítico de Nova York, Leo Steinberg, ass descreve sua reação ao que viu: "As telas de De Kooning e Kne, sen- do me pareceu, foram subitamente jogadas num mesmo saco com Rem- brandt e Giotto. Todos, também de súbito, se converteram em pintores - *O argo foi escrito em 1966. (N.R.T.)

Arte Pop - Edward Lucie-Smith

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    Lucie-Smith

    -- - -- - - ) A Arte Pop tem no mximo dez a doze anos de idade. O termo em si foi ujf do pela primeira vez pelo crtico britnico Lawrence Alloway, em 19S4t como um rtulo cnveniente para a "arte popular" que estava sendo cradihf? pela cultura de massa. Alloway ampliou o termo em 1962 para incluir a ti:viW; dade de artistas que estavam procurando usar imagens populares em u:fii:t;f contexto de "belas-artes". Desde ento surgiu uma srie de outros rtulC>f: concorrentes, mas este foi o que vingou, apesar dos protestos (ocasionais) do; prprios artistas. - - '-!'0

    A primeira obra genuna de Arte Pop realizada na Gr-Bretanha e geral3) mente aceita como tal foi a colagem de Richard Hamilton, O que exatamente' toma os lares de hoje to diferentes, to atraentes?. A obra foi executada para fi;: gurar em uma exposio intitulada "Isto Amanh", na Whitechapel Arf;: Gallery, em 1965. O primeiro grande impacto provocado pela Arte Pop so--; bre o pblico britnico foi na Exposio dos Jovens Contemporneos de' ; 1961, que incluiu obras de David Hockney, Derek Boshier, Allen Jones, Peter Phillips e R.B. Kitaj, e firmou toda uma gerao de jovens artistas. No mesmo :_ ano, Peter Blake realizou sua primeira exposio no Instituto de Arte Con- ; tempornea.

    O desenvolvimento da Arte Pop nos Estados Unidos no to fcil de -

    mapear. Ela avanou por etapas surpreendentemente lentas em meio ao expressionismo abstrato ento predominante, e muitos dos pintores pop . americanos continuam apontando Willem de Kooning, um dos gigantes do expressionismo abstrato, como uma influncia marcante em sua obra. O ano importante parece ter sido 1955, marcado pelo surgimento de Robert Raus- -chenberg e Jasper Johns na cena artistica de Nova York. Em 1958, Johns fazia a sua primeira exposio individual, e o crtico de Nova York, Leo Steinberg, assim descreve sua reao ao que viu: "As telas de De Kooning e Kline, segundo me pareceu, foram subitamente jogadas num mesmo saco com Rembrandt e Giotto. Todos, tambm de sbito, se converteram em pintores -

    *O artigo foi escrito em 1966. (N.R.T.)

  • ilusionistas." Apesar disso, a cena artstica nova-iorquina, como um todo, s ?veio a sentir o pleno impacto da Arte Pop no incio de 1961. f,, necessrio expor os fatos de forma singela, porque a Arte Pop teve ,.urna histria bem curiosa - o seu acolhimento foi algo inteiramente distinto ;ao que tinha sido dispensado aos estilos modernistas que a precederam. ; ::Houve, certo, um breve perodo de incubao. Durante os primeiros cinco ;anos, aproximadamente, a Arte Pop foi um movimento mais ou menos un,;derground. E quando veio tona houve um primeiro momento de recuo, at :de resistncia. Isso aconteceu especialmente em Nova York, por razes hist.ricas. O expressionismo abstrato se tinha estabelecido nos Estados Unidos . como o primeiro estilo local a conquistar proeminncia internacional. Ora, corno Mario Amaya disse em seu livro sobre Arte Pop, os novos pintores "pareciam estar jogando pela janela toda a realizao americana". Harold Rosenberg, um dos mais poderosos e inteligentes crticos norte-americanos, tentou liquidar sumariamente o novo movimento. Disse ele: "Boa parte do impacto imputvel ao fato de que se pode falar com muta facilidade sobre a arte ilusionstica, em contraste com a abstrao, cuja retrica foi reutilizada um sem-nmero de vezes at ficar quase esgotada." Para ele, a Arte Pop era simplesmente "uma contribuio para a critica de arte". Apesar dessas dvidas e desses protestos, a Arte Pop foi bem-sucedida no nvel material, ganhou penetrao no pblico, foi adotada por colecionadores, e os principais artistas pop conquistaram seu espao e at ficaram ricos em um prazo de tempo espantosamente curto.

    Apesar da hesitao inicial que acabei de descrever, a Arte Pop teve at agora um maior impacto e ganhou razes mais slidas nos Estados Unidos do que em qualquer outro lugar. A causa bsica talvez possa ser inferida de uma declarao com que um estudante do Royal College of Art, em Londres, colaborou para um documento coletivo intitulado "Um Modelo Composto do Processo Critico". Disse ele: "A Arte Pop descreve o ambiente consumista e sua mentalidade: a fealdade converte-se em beleza." Talvez se possa acrescentar a isso uma outra frase tambm constante do mesmo documento: "O tema eleva-se ao status de contedo pela atitude do artista para com ele." A pintura norte-americana dos anos do ps-guerra foi sistematicamente nacionalista em suas atitudes. Os lderes do mundo artstico norte-americano expressaram com frequncia sua impacincia a respeito do que estava acontecendo na Europa; os principais pintores americanos so ferozmente competitivos e manifestam frequentemente um franco desdm pela obra de seus rivais europeus. A Arte Pop, tal como emergiu dos experimentos realizados ao longo da dcada de 1950, era o instrumento ideal para enfrentar o ambiente humano norte-americano. O elemento de agressividade, que a Arte Pop foi buscar no design comercial e na implacvel tcnica de venda, foi bastante atraente para os pintores norte-americanos. Esses pintores, com efeito, acha-

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  • 198 .- ram fcil convencer-se de que o estilo que praticavam agora tinha urri'll nhagem especificamente americana, e de que os ndios de cachimbo, os d'fl veritos pitorescos e os "primitivos americanos'! j to admirados e colecionadd nos Estados Unidos, forneciam uma espcie de fiat ou imprimatur oficial p o que estavam tentando realizar. Uma importante exposio intitulada At{; Pop e a Tradio Americana, montada em abril de 1965 no Milwaukee J\1 Centre, propiciou uma eloquente confirmao disso. ,;;1

    . '!:":1_-No se pretende negar com isso, entretanto, que a Arte Pop tambm t'

    nha tido uma ancestralidade europeia. Encontraremos suas razes no Dad:

    veteranos dadastas no tardaram em reconhecer a semelhana entre os di movimentos, embora no demonstrando grande entusiasmo pelo fato. Eriij seu altamente competente livro sobre o movimento Dad, Hans Richter citi uma carta que lhe foi endereada por Marcel Duchamp: "Esse Neodad J ,, que eles chamam neorrealismo, Arte Pop, assemblage etc., uma sada fcil sustenta-se do que o Dad fez. Quando descobri os ready-mades pensei estaf desencorajando a esttica. No Neodad, eles tomaram os meus ready-mades e recuperaram a beleza esttica neles. Joguei-lhes o porta-garrafas e o mictrio na cara como um desafio ... e agora eles os admiram por sua beleza esttica]"

    Duchamp, em sua desiluso, acertou tanto na diferena quanto na semelhana. Parece-me que um dos aspectos enigmticos da Arte Pop e aquele que mais urgentemente necessita de explicao a sua evidente frieza, sua ausncia de envolvimento com o tema de que trata. A primeira vista, h um ressurgimento de tcnicas dadastas, de truques dadastas, mas sem o menor respaldo na filosofia dad. Cumpre lembrar que o movimento Dad era especificamente antiarte, algo que tinha surgido em radical oposio a uma situao j existente. Portanto, era moldado por essa situao. O que os artistas pop fizeram - pelo menos em sua fase exploratria inicial - foi encontrar alguma coisa positiva nesses gestos de oposio, alguma coisa a partir da qual fosse possvel construir. A aparente leviandade da Arte Pop no nos deve levar a pensar que ela seja um produto da falta de cultura e da Indisciplina, nem o seu aparente desligamento, que seja descomprometida. Pelo contrrio, a Arte Pop , entre outras coisas, um movimento culto e altamente consciente. Jasia Reichardt, em seu relato de como a Arte Pop evoluiu em Londres, em parte atravs de uma srie de reunies na ICA, descreve os acalorados debates que tiveram lugar, as pesquisas e anlises profundas de velhos livros de histrias em quadrinhos, de westerns e de revistas baratas de fico cientifica. Aqueles que frequentavam tais debates estavam sria, perfeita e legitima-

    __ _rrtente interessados no que-podemos chamar-a arqueolg dos-iitcis-produzidos em massa e do design popular. As preocupaes dos principais artistas pop que trabalham na Gr-Bretanha tm ido frequentemente muito alm dos interesses correntes que lhes so atribudos. Richard Hamilton, j mencionado no comeo como-um-dos-originadores-do-estilo; fez uril-ciiidadosa

  • construo do Grande vidro para a retrospectiva da obra de Duchamp na :tfte Gallery em 1966. Hamilton reconhecido em toda parte como um dos rlndpais specialisas na histri: do movim:nto Dad. R.B. K.itaj, intor t'.i:orte-amencano res1dente na Gra-Bretanha, e famoso pela elaboraao das :htas do catlogo, e uma dessas notas remete o espectador para coisas como b ]ournal of the Warburg Institute, uma publicao erudita que no pode ser, 'oh qualquer aspecto, equiparada a uma histria em quadrinhos do Batman. J_,, ..

    ,;.:_: De fato, quando se trata de descrever uma tpica pintura pop, logo se {descobre que tal coisa no existe. A ideia de "estilo" se dissolve- a Arte Pop :no tem estilo e hostil a categorias. Permitam-me citar alguns exemplos 'para provar a minha tese. Nos Estados Unidos, por exemplo, no grupo dos principais artistas pop esto includos no s Johns e Rauschenberg (que se situam um pouco parte e talvez fossem mais bem classificados como pre-cursores, em vez de participantes), mas tambm Andy Warhol, Jim Dine, Robert Indiana, Roy Lichtenstein, Tom Wesselmann, Claes Oldenburg e James Rosenquist. Cada um deles difere de maneira razoavelmente considervel de todos os outros. Warhol, por exemplo, gostaria de eliminar totalmente a ideia de obra de arte manual. Muitos de seus quadros baseiam-se em imagens fotogrficas transferidas diretamente para a tela por meio de estnceis. Harold Rosenberg fala desdenhosamente de "colunas de rtulos da sopa Campbell em narctica repetio, como uma anedota sem graa contada vrias vezes". Um critico mais receptivo, no prefcio para o catlogo da retrospectiva de Warhol realizada em 1965 no Museu de Arte de Filadlfia, diz que "sua linguagem pictrica consiste em esteretipos". O prefcio prossegue afirmando que "a obra de Warhol faz-nos readquirir conscincia de objetos que perderam seu reconhecimento visual atravs da exposio constante. Olhamos como se fosse a primeira vez para coisas que nos so familiares, mas que foram separadas de seus contextos correntes, e refletimos sobre os significados da existncia contempornea". Lichtenstein, Jim Dine e Oldenburg so aparentdos a Warhol por suas imagens e preocupaes estilsticas, mas . abordaram a tarefa de criar conscincia dos "significados da existncia contempornea" por mtodos totalmente diferentes. Lichtenstein pinta ampliaes exorbitantes de coisas num estilo tomado das mais toscas histrias em -quadrinhos - at as reticulas do processo de impresso so meticulosamente reproduzidas. Dine mais conhecido por suas combinaes de objetos reais e superfcies livremente pintadas - uma mquina de cortar grama, uma bacia, um chuveiro, contra um fundo de texturas pictricas. Oldenburg mais um criador de objetos dO que-lirtFpinto:r,e:esses-objetos sempre -flOS_SUm:...:..:.... .... __ c: .. algo de surpreendente, seja em seu tamanho, em seu material, seja em sua k textura. Oldenburg cria hambrgueres gigantes, por exemplo, em pano e d: gesso, e equipamentos de banheiro em plstico recheado de estopa. Indiana e . Rosnquisttaml:>mso diferentes. Indiana um-pintor de-insgnias gigantes::.._

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  • cas e ameaadoras, de ordens que nos intimam, como "Eat" (" "Di e" ["Morra"]. Rosenquist emprega imagens enormes, mas em tos. As vrias partes so reunidas de modo a formar um padro quase to. Sob muitos aspectos, o que Rosenquist faz no est muito longe do era feito nos anos 1920 pelo pioneiro do modernismo nos Estados Stuart Davis. Davis, que foi principalmente influenciado pelo ----uu ttico, , de fato, um dos ancestrais diretos da Arte Pop americana. de suas melhores telas baseiam-se em desenhos de embalagens modo como ele trata esse material tem sido frequntemnte citado cos .americanos como uma espcie de legitimao post hoc para o que os tores pop tentam fazer.

    Se bem que os principais artistas pop americanos sejam diferentes dos outros, existe contudo uma diferena definvel entre eles e seus britnicos - embora seja indubitavelmente verdadeiro que a Arte Pop nica deve muito aos prprios Estados Unidos. Os primeiros trabalhos de tores como Peter Phillips e Derek Boshier eram desinibidos hinos a uma civilizao meio real e meio imaginada, um paraiso de pin-ups e . quinas caa-niqueis. David Hockney tambm rrtifica os Estados Unidos .. fez uma prolongada visita a Los Angeles, enviando de volta relatos Y""V''-'J" atnitos e excitados das coisas que ali descobriu. Em termos de estilo, ni-a. '' tanto, a Arte Pop britnica ainda mais difcil de classificar do que a . na. Richard Hamilton, por exemplo, tem um rigor, uma falta de efervescnci."i e um humor sardnico que o colocam parte dos outros. Suas produes : tendem a diferir radicalmente umas das outras, porque cada uma delas a : consubstanciao de uma ideia, e prpria ideia foi consentido que domi- : nasse a forma materiaL Se colocarmos, digamos, Hugh Gaitskell como um famoso monstro do cinema, de Hamilton, ao lado de sua fotografia alterada de figuras numa praia C que parece a ampliao de um desenho de Henri Michaux), nada existe no tratamento, na textura ou na estrutura que nos diga terem sido essas duas obras produzidas pela mesma mo. apenas a continuidade do processo intelectual que serve como trao de unio de todas elas. Eduardo Paolozzi, claramente um dos pioneiros da Arte Pop britnica C e recentemente um colaborador de Jim Dine na produo de uma srie de colagens) , escapa de certo modo classificao como "artista pop" na acepo usualmente aceita. Suas esculturas mais recentes, feitas de brilhante metal cromado, tm uma superficie pop, mas no contedo pop. R.B. Kitaj, a quem j mencionei antes, , como Richard Hamilton, um artista deliberadamente "erudito". Ele, como Hamilton, um trabalhador penosamente lento. Os trs artistas a quem acabei de mencionar parecem-me representar um aspecto hermtico, quase rabnico, da Arte Pop, que est muito longe da imagem usual no esprito do pblico.

  • lif , Um outro artista que diverge um tanto da imagem aceita Allen Jones. f&ies um ecltico que tenta criar um meio-termo entre as imagens pop e a adio principal da arte moderna. Em seus esquemas de cores e em seu tramento da tinta, por exemplo, Jones mostra que aprendeu a lio de Matisj- Est interessado na metamorfose de imagens de um modo que nos lembra %" mais acadmicos surrealistas - uma Female e medal resultar ser uma tela j"oduzida na forma de urna medalha com sua competente fita, composta de ;rnas que emergem de calcinhas de seda. Os resultados tm um fino charjne que fez ele Jones um dos mais b:rn.:-sucedidos pintores pop britnicos, no &&ue diz respeito ao acolhimento pblico. - -- - - - [%:; Joe Tilson, Patrick Caulfield e Anthony Donaldson so outros artistas J;op que se distinguiram por seus estilos independentes, que os fazem esquiRvar-se a um rtulo geral . Tilson foi muito influenCiado por Kitaj e Paolozzi. \:;'Suas criaes, sumamente originais, so os relevos .em plstico moldado a \.vcuo. Nesses relevos, as unidades eram criadas em srie, mas o modo como : am depois montadas podia variar - o resultado era um gnero de arte em ' que cada objeto combinava as qualidades do "feito em srie" e do "nico"qualidades essas que a Arte Pop, por sua prpria natureza, est sempre ten

    .- tando combinar. As impassveis naturezas-mortas e paisagens de Caulfield

    . possuem muito mais personalidade do que a maioria das obras de Tilson, mas tambm muito menos variedade. Parecem ser um comentrio sobre os modos vulgares de ver, em lugar dos modos vulgares de representar. Donaldson representa ainda uma outra tendncia: o desejo de cruzar Arte Pop e abstrao pura. Os quadros de Donaldson usam, por exemplo, as silhuetas de danarinas de strip-tease como unidades abstratas repetidas no desenho. E as cores so as tonalidades anmicas de plsticos baratos. No obstante, o impacto global o de uma pintura abstrata.

    A nica coisa que todos esses artistas possuem em comum no certamente uma linguagem estilstica, plenamente desenvolvida e pronta para toda espcie possvel de comunicao- o gnero de linguagem estilstica que os pintores do Alto Renascimento possuam. Em vez disso, encontramos neles uma resposta quase exageradamente sensvel atmosfera predominante. que os pintores que venho analisando refletem, o que eles compartilham, a tnica e as imagens da megalpole moderna, da "vida da maioria", de homens encurralados em cidades e divorciados da natureza.

    Quando se fala sobre Arte Pop, portanto, no se est discutindo um movimento artistico, no sentido em que o cubismo o foi, mas um acontecimento que se estende para alm dos limites convencionais de um ensaio desse gne-ro e que, a bem dizer, s de um modo muito marginal se relaciona com a ==c...o noo de "arte". No foi por acidente que floresceu principalmente na lngla-

    terra e nos Estados Unidos e, com maior destaque, em Nova York e Londres. verdade que houve pintores pop em outros pases: Alain Jacquet na Frana,

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    Alberto Moretti na Itlia, Fahlstrom na Sucia. Mas o observador ingl{; americano, ao ver a Arte Pop criada alhures, propenso a descobrir nela:; voulu, que no parece brotar com a mesma simplicidade espontnea e :; do meio ambiente.

    . . --

    De fato, o contexto necessrio para a criao de Arte Pop o estil vida pop, ou melhor, a Arte Pop em si mesma um subproduto acidental se estilo de vida, uma cristalizao que ocorreu quase por acaso. S nesse's\i's'i'! tido e em nenhum outro que se pode usar a palavra "estilo" a respeitocttf Arte Pop. Em todos os demais aspectos, ela , como j afirmei, carente de'; tilo. O que estou sugerindo o seguinte: que a principal atividade do amit pop, sua justificativa, consiste menos em produzir obras de arte do que eifli encontrar um sentido, um nexo para o meio sua volta, aceitar a lgica d( tudo o que o cerca em tudo o que ele prprio faz. A descoberta dessa lgi$ sua forma e direo tornam-se a principal tarefa do artista. Warhol, sob mtif1

    tos aspectos o mais desconcertante e o mais enigmtico de todos os pintor; pop, um exemplo extremo. Disse Warhol certa vez: "A razo por que estotf pintando assim. porque quero ser uma mquina. Tudo o que fao, e fa{ como mquina, porque isso o que quero fazer. Penso que seria estupendo' se todo mundo fosse igual." O desprendimento frio tomou-se uma identifi cao que igualmente fria. Os primeiros filmes underground de Warhol fo

    ram uma outra afirmao dessas atitudes-:- um exame minucioso do banal leva finalmente a uma identificao com o que mostrado. Entretanto, Warhol , em muitos aspectos, uma espcie de moderno xam. Uma lata de sopa Campbell aberta assinada e converte-se num Warhol, numa obra de arte. Teve lugar uma polarizao; o artista logrou alinhar-se, com total preciso, s foras que governam o mundo em que ele vive. Ao tornar-se igual a todos, tomou-se nico. E isso habilita-o (mais ou menos) a renunciar inteiramente ao negcio da arte.

    Antes de se chegar a uma concluso acerca da Arte Pop, essencial tentar explorar algumas das condies que lhe der'am origem, e isso significa fazer algumas perguntas radicais. Por exemplo, o que a "cultura pop", que se presume fornecer Arte Pop sua matria-prima? Como praticamente tudo o mais em nossa sociedade, a cultura pop o produto da Revoluo Industrial e da srie de revolues tecnolgicas que lhe sucederam. Juntem-se moda, democracia e mquina, e a cultura pop uma parte do resultado. Nos dias em que tudo era feito a mo, a moda servia a uma variedade de propsitos. Um deles, mais importante do que satisfazer o desejo de novidade ou de incenti-

    - - -var a atrao sexual, era o de atuar cmo um demrcadr-ociaCA moda comeou no topo de uma estrutura social bastante rigid e filtrou-se gradualmente de cima para baixo, tomando-se menos elaborada e menos elegante medida que o fazia. Esmero e estilo eram, na verdade, quase a mesma coisa, e

    .....:.muita gente no tinha tempo nem dinheit ora pensar em andar na-moda.

  • I:Wquina mudou isso. Acarretou mais dinheiro e mais lazer, e, ao mesmo inpo, imps uma lgica prpria: Se os homens queriam coisas feitas a m@na, era economica:nente essencial que elas ossem fabriadas em grande (qilantidade. Descobnu-se que a moda fomec1a um forte rmpulso sempre Je a mquina estava envolvida. As coisas saam de moda muito mais rapida!h{ente do que se gastavam pelo uso. A moda acelerou o processo de s.bsicltuio e ajudou a manter a indstria em atividade. Ao mesmo tempo, o rocesso de democratizao poltica levou ao sentimento de que todo mun-;do tinha direito a estar na moda, se assim quisesse. A cultura pop , portanto, parte de um processo econrnico que tem to'das as probabilidades de continuar a se desenvolver. A moda imediatamente acessvel ao mais amplo mercado possvel. Consome ideias visuais com apetite alarmante. A marca distintiva da moda j no a elaborao, o esmero mas a novidade e o impacto. Richard Hamilton, ao definir as qualdades qe ele pensou serem desejveis na arte, queria que esta fosse transitria, popular; de baixo custo, produzida em massa, jovem, espirituosa, sexy, esperta, glamourosa e big business- todas as coisas que a moda popular j .

    A cultura pop envolve uma mudana nas atitudes para com o objetci. Os objetos deixaram de ser nicos. Sabemos que a maioria das coisas que usamos so feitas aos milhares idnticas, sendo impossvel distinguir cada uma delas das restantes. Tendemos a valorizar as coisas no por si mesmas, mas em funo dos servios que desempenham. Muitos objetos - uma mquina de escrever, um telefone, um aspirador de p, um aparelho de televiso- so coisas em que pensamos de um modo quase inteiramente abstrato, em termos dos servios que fornecem. As obras de arte esto sentindo tambm os efeitos dessa atitude: esto se convertendo mais em funes do que em coisas. A Arte Pop compartilha dessa caracterstica com outros estilos .contemporneos: a Arte Pop e a Arte Cintica, por exemplo. Uma obra pop , com frequncia, um evento congelado: surge diante de ns instantaneamente e deixa sua marca de forma definitiva. No precisamos mais olhar para ela; . descartvel.

    Um exemplo surpreendente da tendncia para a arte "descartvel" happening. Um happening uma obra de arte que envolve a interao de pes-soas e coisas num dado ambiente ou situao. Ouvi certa vez Marshall McLuhan defini-lo como "uma situao em que todos atuam simultanea-mente sem o fio condutor de uffi enredo". Os pintores pop de Nova York fo-ram os originadores do happening- Dine e Oldenburg foram especialmente atua

    .

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    .:a- - ---- :: catarse terminava, a obra de arte tambm terminava. Tinha cumprido seu =-propsito e desaparecido. H uma caracterstica pecular aos happenings que

    c::1 tem sido pouco comentada: o fato de que, embora eles envolvam pess9as e & objetos, so eventos essencialmente abstratos, tendo a mesma relao __ CQITI.--------

    .. , ... 293

  • performance num palco convencional que uma tela abstrata uJuo::rn um Rubens ou um T eniers. Atrever-me-ia a dizer que a grande pinturas pop tambm so essencialmente abstratas.

    Mas voltando prpria Arte Pop -no comeo da dcada de 1960 tas pessoas receberam-na favoravelmente como a inverso de uma

    '

    uma vitria sbita e inesperada da figurao sobre a pintura abstrata. no o tivessem feito, se essas pessoas lhe tivessem estudado as origens detalhadamente e, em especial, seus primrdios nos Estados Unidos. J cionei a influncia exercida por De Kooning, cuja arte una _e:ril_qv. as

    gens-ern.ergem-deum-fluxo abstfto-de tirit; -essas illagens, SOibntttlrl famosa srie de Mulheres, tm com frequncia um sabor pop. As pinturas Johns e Rauschenberg tambm so significativas neste ponto. As mais cidas telas de Johns so os vos" e "Bandeiras". Em cada caso, ta-se-nos algo que ao mesmo tempo abstrato e reconhecveL Como Mario Amaya, "o espectador defronta-se com um problema que consiste ver algo exatamente como na realidade, somente em termos de p.u"'-'""""-'a.:s...,{. trabalhadas de maneira sensitiva". Na obra de Johns, tal como na de De ning, consente-se que _a tinta se converta em algo, em vez de ser forada a . presentar algo; a imagem, por assim dizer, inerente tinta, mas na tinta que concentramos principalmente a nossa ateno - olhamos para uma tela., da Johns de um modo muito semelhante quele como olhamos para um Pol- ") lock, onde no existe absolutamente nenhuma imagem.

    Rauschenberg um pouco diferente. Suas imagens, muitas e vrias como so, impressionam o espectador como sendo citaes, ilustraes inseri- .... das no miolo de um discurso abstrato. As coisas - objetos reais ou imagens de estncil-que surgem na obra de Rauschenberg no so imagens que sejamos convidados a olhar diretamente, mas coisas sobre as quais os olhos resvalam, pontuaes no fluxo da tinta. Rauschenberg, por essa caracterstica, antecipa o que a Arte Pop iria ainda fazer, sem estar completamente comprometido . com o seu ethos.

    Por exemplo, uma das primeiras descobertas que fazemos, quando observamos cuidadosamente a pintura pop, que muito pouco nela chega at ns em primeira mo, como produto original da observao direta do prprio pintor. Ele no recria, apenas escolhe. Suas escolhas so feitas entre imagens que, por assim dizer, j tinham sido processadas - no uma moa viva, mas uma pin-up numa revista ilustrada, no uma lata ou uma embalagem de verdade, mas uma lata ou embalagem vista num anncio colorido ou num cartaz. Aqueles objetos que vemos em primeira mo em quadros pop esto geralmente presentes ao vivo: a bacia, o cortador de grama, os vrios artigos de vesturio que vemos nos quadros de Jim Dine; os moldes em gesso de pessoas, cercados por mveis reais nos ambientes do artista norte-americano George Segal. O que frequentemente parece interessar ao pintor pop o fato

  • 0 objeto est despersonalizado, torna-se um tipo, mais do que um in- o artifcio da imagem idntica e monotonamente repetida com que

    deparamos tantas vezes na Arte Pop uma prova disso. Com raras exce- como Peter Blake e Larry Rivers -, a Arte Pop evita o particular. E isso fato, o que um pintor abstrato como Mondrian fez. Se decidirmos acei-

    . o paradoxo de sua abstrao, a Arte Pop fica muito mais fcil de ser intersatisfatoriamente.

    H trs artistas, em particular, que tendem a provar o meu ponto de vis""''---=U- so_ as exces. que acabei de mencionar - Peter Blake e Larry

    O terceiro o pintor Richard Smith, nascido na Inglaterra, mas h residente nos Estados Unidos. Blake e Rivers parecem-me ser enfaticafigurativos, mas absorvidos no contexto da Arte Pop. A qualidade que

    em comum, alm disso, a nostalgia. Em Blake, a nostalgia algo que tem , geralmente reconhecido e discutido. Fornece a base para a comparao

    :que o meu colega, o crtico David Sylvester, fez certa vez entre Arte Pop e os )pr-rafaelitas. Quando Blake pinta um quadro de um lutador de luta livre e cerca a imagem com uma coleo de insgnias e objetos simblicos, ele est prestando um tributo, no realidade presente, mas a algo no passado, talvez at a um eu passado. Uma fantasia que poderia parecer excessivamente tosca e grosseira, situada no presente, cuidadosamente distanciada. H ironia na acariciadora suavidade da tinta; essa suavidade inadequada ao tema, mas no para o estado de espirita do pintor. O americano Larry Rivers frequentemente deixado de fora nas anlises da Arte Pop. considerado uma espcie de figura errante no cenrio artistico, um pintor brilhantemente dotado, mas basicamente um tanto frvolo. De seus dotes ningum duvida-Rivers manipula a tinta com maior beleza do que qualquer outro pintor desde Manet. E neste ponto, creio eu, que entra a nostalgia. Rivers no se volta para objetos que invocam o passado, mas para todo um modo de ver do passado. Ele tenta apreender a viso de um Manet e transport-la inteira para o sculo XX. Interpreta completamente objetos "contemporneos", como um mao de cigarros Camel, com o toque etreo que Manet reservou para pintar retratos de meninas. Quando se fala da nostalgia de Rivers, cumpre lembrar que para um pintor norte-americano um grande impressionista como Manet o passado; ele tem a autoridade da histria de um modo que os europeus no necessariamente veem. Tambm significativo que Rivers esteja sempre questionando seu prprio virtuosismo tcnico. Ele pintou uma srie de quadros a que deu o titulo de "Partes do Corpo". Num deles, que mostra um esplndido nu, todos os aspectos anatmicos esto cuidadosamente rotulados, em francs e em grandes letras de imprensa. As palavras e as linhas pretas que conduzem at elas parecem uma

    .tentativa de prender algo diabolicamente

    esquivo, algo que, a qualquer momento, se desvaneceria como um fantasma. o corajoso ato de recnao exigido pela pintura verdadeiramente figurativa

    2B5

  • 266

    CC E Q)

    -= = E Q)

    t =

    CC -= c:J:) =

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    '-ffl parece no interessar a qualquer dos pintores pop, exceto a esses dois, e n6f por coincidncia que eles parecem ser tambm os dois nicos membr6"J.; escola dotados de uma imaginao especificamente histrica (Kitaj usa af tecimentos histricos, mas de um modo estritamente contemporneo) .,dj

    A obra de Richard Smith vai para o extremo oposto. Eis algo que reJg nhecivelmente pop e que, no entanto, quase inteiramente abstrato.-;r1 retrospectiva de Smith na Whitechapel Gallery, em 1966, ilustrou seu cf senvolvimento at esse ponto. Em suas primeiras obras, telas de 1960 a 1962;1. Smith era um pintor abstrato que encontrou sua inspirao em embalageri modernas. Tomou as formas e as cores (os vermelhos claros e os verdes sint' ticos) e fez com elas uma tela onde a referncia figurativa especfica qu desaparece. Depois disso, veio a fase em que ele usava a tela sobre um chasij adaptado de modo a fazer a pintura se projetar da parede. As referncias: embalagem ainda persistiam, mas a pintura, por assim dizer, tomou-se a em balagem. Finalmente, essas telas moldadas tomaram-se inteiramente abstra tas - as reas de cor ficaram mais definidas, menos trabalhadas, e o element pop parecia desaparecer. A obra de Smith est hoje quase identificada com do grupo de "Estruturas Primrias" [minimalismo] nos Estados Unidos, Entretanto, essas obras mais recentes, to agradveis para os puristas, teriam sido impossveis, penso eu, sem a experincia inicial da Arte Pop e, por trs dela, a cultura pop.

    Smith nega que sua obra recente seja escultura, mas uma boa parte dela est to perto de ser tridimensional que fornece uma ponte conveniente para um outro tpico: a questo da influncia da Arte Pop sobre a escultura. De um modo bastante interessante, coisas diferentes parecem ter acontecido na Inglaterra e nos Estados Unidos. Um certo nmero de esculturas foi assimilado, nos Estados Unidos, ao movimento da Arte Pop. Era um ponto discutivel se os objetos de Oldenburg seriam ou no esculturas, e a mesma pergunta poderia ser feita sobre os ambientes de Segal, ou os tableaux mais violentos e menos literrios construdos pOr Kienholz. Marisol, um talentoso e espirituoso escultor em madeira, fez uma srie de autorretratos que recuaram, por um lado, ao ndio de tabacaria no Velho Oeste e, por outro, obra do falecido Elie Nadelman. Como tradio, a obra de Nadelman representa o eXtremo oposto obra de Henry Moore, por exemplo. Leve, graciosa e ecltica, ela forneceu algo sobre o que construir, mas no muito contra ci que reagir.

    Na Gr-Bretanha, a Arte Pop parece ter fornecido uma espcie de sada para toda uma nova gerao de escultores. Esses artistas - Philip King, William Tucker e Tim Scott, por exemplo - no so escultores pcip em n

    ,--iiliiun sentido ral 'do termo. Mas seus trabalhos brilhantemente coloridos, feitos com frequncia em plsticos, revelam muitos traos da sensibilidade

    . pop. Alm disso, parecem muitas vezes ter com o design de exposio comer. cial a 'msma espcie de rlao que -s pinturas pop tm com as histrias em

  • !jiadrinhos e os anncios publicitrios. Como Richard Hamilton explicitou f6ri.ginalmente, essa escultura jovem, espirituosa, sexy, glamourosa e por a diante. Ostenta as marcas de um:a sensibilidade especificamente urbana, }g'uase em guerra com a natureza. . iL A Arte Pop no era a nica influncia a ser vista em ao na nova escultura britnica. De igual importncia era uma corrente que proveio dos Esta- dos Unidos, a influncia de David Smith. Foi a forte personalidade de Smith ;como escultor, ao impor-se de modo to mais acessvel, o que parece ter freaFo o desenvolvimento em direo a qualquer escola autntica de escultura t:pop nos Estados Unidos, e ainda ter orientado os escultores para ideais mais ::'austeros. O resultado que, ativos como esto hoje os americanos no campo ':da escultura, difcil encontrar qualquer equivalente preciso dos artistas bri'tnicos . quem mencionei h instantes. Nos Estados Unidos existe, por um 'lado, o que poderemos chamar o "objeto pop"- frequentemente feito por um homem que primordialmente um pintor, como Roy Lichtenstein. Por outro lado, h a obra austera, deliberadamente inabordvel, de escultores coroo Don Judd e Robert Morris, realizadores do que foi agora rotulado coroo "Estruturas Primrias". Eles parecem refletir uma recusa puritana em montar no carrossel da cultura pop. Na verdade, eles equivalem a uma censu,. ra contra aqueles artistas seduzidos pelas trivialidades da pop. Apesar de tudo isso, existe um parentesco entre os novos puritanos americanos e a obra dos seus contemporneos britnicos muito mais exuberantes. A aceitao e a rejeio da Arte Pop parecem produzir mais ou menos o mesmo resultado -um gnero de escultura que evita as referncias natureza.

    A reao contra a Arte Pop iniciou-se h muito tempo, mas est tendo lugar no contexto que a prpria pop forneceu ou, melhor dizendo, que foi a primeira a explorar. Pois um dos pontos estabelecidos pela Arte Pop que no inventamos novos conjuntos de condies, meramente os reconhecemos. Se a Arte Pop foi (e parece ter sido) a primeira a ser propositadamente feita para no durar, a implicao clara. A paixo pela obsolescncia. no era uma excentricidade - equivalia a uma declarao de que da em diante nenhuma arte seria durvel. Tudo na Arte Pop era - e - transitrio e provisrio.Ao adotarem essas qualidades, os artistas pop ergueram um espelho onde a prpria sociedade se v refletida.

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    arte pop_Page_1_1Larte pop_Page_1_2Rarte pop_Page_2_1Larte pop_Page_2_2Rarte pop_Page_3_1Larte pop_Page_3_2Rarte pop_Page_4_1Larte pop_Page_4_2Rarte pop_Page_5_1Larte pop_Page_5_2Rarte pop_Page_6_1Larte pop_Page_6_2R