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Artigo de opinião: Inteligência para a Vida Data: 02/09/2001p Autor: Haroldo Marçal Inteligência para a Vida * Haroldo Marçal Um dos maiores estudiosos americanos da reforma do ensino, Howard Gardner, propõe a teoria das Inteligências Múltiplas para justificar a amplidão de dons e aptidões inerentes a cada indivíduo. Segundo seu livro Inteligências Múltiplas - A Teoria na Prática, uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural. Para Gardner não há um tipo específico, monolítico, de inteligência decisiva para o sucesso na vida, mas sim um amplo espectro de inteligências, com sete variedades principais. Em sua lista entram os dois tipos de inteligências acadêmicas padrão: a fluência verbal e o raciocínio lógico-matemático. Mas ele vai mais além, incluindo a aptidão espacial que se vê num destacado pintor ou arquiteto; o gênio cinestésico exibido na fluidez e graça físicas de um Magic Johnson; e os dons musicais de um Mozart. Arrematando a lista, vêm as chamadas "inteligências pessoais": aptidões interpessoais, como as de um líder de nível mundial como Martin Luther King e a aptidão intrapessoal, que pode surgir, de um lado, nas brilhantes conclusões de Sigmund Freud, ou, com menos alarde, na satisfação interior que vem de estarmos sintonizados com a vida e com nossos verdadeiros sentimentos. Das sete variedades apontadas, são as chamadas "inteligências pessoais", desdobradas em

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Artigo de opinião: Inteligência para a Vida

Data: 02/09/2001pAutor: Haroldo Marçal

Inteligência para a Vida* Haroldo Marçal

Um dos maiores estudiosos americanos da reforma do ensino, Howard Gardner, propõe a teoria das Inteligências Múltiplas para justificar a amplidão de dons e aptidões inerentes a cada indivíduo. Segundo seu livro Inteligências Múltiplas - A Teoria na Prática, uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural.Para Gardner não há um tipo específico, monolítico, de inteligência decisiva para o sucesso na vida, mas sim um amplo espectro de inteligências, com sete variedades principais. Em sua lista entram os dois tipos de inteligências acadêmicas padrão: a fluência verbal e o raciocínio lógico-matemático.

Mas ele vai mais além, incluindo a aptidão espacial que se vê num destacado pintor ou arquiteto; o gênio cinestésico exibido na fluidez e graça físicas de um Magic Johnson; e os dons musicais de um Mozart. Arrematando a lista, vêm as chamadas "inteligências pessoais": aptidões interpessoais, como as de um líder de nível mundial como Martin Luther King e a aptidão intrapessoal, que pode surgir, de um lado, nas brilhantes conclusões de Sigmund Freud, ou, com menos alarde, na satisfação interior que vem de estarmos sintonizados com a vida e com nossos verdadeiros sentimentos.

Das sete variedades apontadas, são as chamadas "inteligências pessoais", desdobradas em "intra" e "inter" pessoal as mais relevantes. A inteligência intrapessoal - como o próprio nome já diz - é uma capacidade voltada para dentro. É a capacidade de formar um modelo acurado e verídico de si mesmo e de utilizar esse modelo para operar efetivamente na vida. É o conhecimento dos aspectos internos de uma pessoa: o acesso ao sentimento da própria vida, à gama das próprias emoções, à capacidade de discriminar essas emoções e eventualmente rotulá-las e utilizá-las como uma maneira de entender e orientar o próprio comportamento. A pessoa com boa inteligência intrapessoal possui um modelo viável e efetivo de si mesma.A inteligência interpessoal é a capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva, como elas trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas. Está baseada na capacidade de perceber distinções entre os outros; em especial, contrastes em seus estados de ânimo, temperamentos, motivações e intenções. Em formas mais avançadas, essa inteligência permite que um indivíduo

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experiente perceba as intenções e desejos de outras pessoas, mesmo que elas os escondam.

A inteligência intrapessoal nos permite compreender a nós mesmos e trabalhar conosco; a inteligência interpessoal nos permite compreender os outros e trabalhar com eles. Ambas apresentam tentativas de resolver problemas significativos para o indivíduo e para a espécie.

Segundo Daniel Goleman, autor do best seller Inteligência Emocional, as teorias de Gardner contêm uma dimensão das inteligências pessoais que é amplamente sinalizada, mas pouco explorada: o papel das emoções. Para Goleman, Gardner e os que com ele trabalharam não investigaram o papel do sentimento nessas inteligências, deixando inexplorado o rico mar de emoções que torna a vida interior e os relacionamentos tão complexos, tão absorventes e, muitas vezes, tão desconcertantes, deixando de lado o que há de intelectivo nas emoções e o que há de emocional na inteligência.

De acordo com a obra de Goleman, os teóricos Sternberg e Salovey adotaram uma visão mais ampla de inteligência, tentando reinventá-la em termos do que é necessário para viver bem a vida. E essa linha de investigações retorna ao reconhecimento de como, exatamente, é crucial a inteligência pessoal ou emocional. Salovey inclui as "inteligências pessoais" de Gardner em sua definição básica de inteligência emocional, expandindo essas aptidões em cinco domínios principais:

Conhecer as próprias emoções: ter autoconsciência é a pedra de toque da inteligência emocional. A capacidade de controlar sentimentos, a cada momento, é fundamental para a autocompreensão. A incapacidade de observar nossos verdadeiros sentimentos nos deixa à mercê deles. As pessoas mais seguras de seus próprios sentimentos conduzem melhor suas vidas.

Lidar com emoções. Lidar com os sentimentos para que sejam apropriados é uma aptidão que se desenvolve na autoconsciência. A capacidade de confortar-se, de livrar-se da ansiedade, da tristeza ou da irritabilidade que incapacitam. As pessoas que são fracas nessa aptidão vivem constantemente lutando contra sentimentos de desespero, enquanto outras se recuperam mais rapidamente dos reveses e perturbações da vida.

Motivar-se. Pôr as emoções a serviço de uma meta é essencial para centrar a atenção para a automotivação e a maestria, e para a criatividade. O autocontrole emocional - saber adiar a satisfação e conter a impulsividade -- está por trás de qualquer tipo de realização. As pessoas que têm essa capacidade tendem a ser mais produtivas e eficazes em qualquer atividade que exerçam.

Reconhecer emoções nos outros. A empatia, outra capacidade que se desenvolve na autoconsciência emocional, é a "aptidão pessoal" fundamental. As pessoas empáticas estão mais sintonizadas com os sutis sinais do mundo externo que

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indicam o que os outros precisam ou que querem. Isso as torna bons profissionais no campo assistencial , no ensino e na administração.

Lidar com relacionamentos. A arte de se relacionar é, em parte, a aptidão de lidar com as emoções dos outros. São aptidões que reforçam a popularidade, a liderança e a eficiência interpessoal. As pessoas excelentes nessas aptidões se dão bem em qualquer coisa que dependa de interagir tranqüilamente com os outros.

As inteligências funcionam juntas para resolver problemas ou para produzir vários tipos de estados finais culturais, como ocupações e passatempos. É, portanto, da maior importância reconhecer e estimular todas as inteligências humanas e todas as combinações delas. Se somos todos diferentes é porque possuímos diferentes combinações de inteligências.

* Haroldo Marçal é Presidente do Conselho Estadual de

Educação do Paraná

E-mail: [email protected]

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fef9bc43c12d0fe8032566c1006ce9e5/5ef11c7ceb4a536b03256adb0062f77a?

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