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DESENVOLVIMENTO DE COMPÓSITO DE EPÓXI E PÓ DE ALUMÍNIO PARA USINAGEM
C. L Serafim, E. Capudi, Gondak, M.O. e M. S de Araújo Av. Sete de Setembro, 3165, Rebouças, Curitiba, CEP:80230-901, Paraná
Departamento Acadêmico de Engenharia Mecânica (DAMEC)
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais (PPGEM)
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
RESUMO
Os compósitos de epóxi, carregados com partículas de alumínio, vêm sendo
estudados como um material alternativo para a obtenção de molde de injeção, por
meio de usinagem em fresa CNC. Compósitos particulados apresentam alguns
problemas durante a etapa de fabricação, tais como: sedimentação do pó, geração
de vazios e tensão térmica residual. Estes problemas resultam em um compósito
não homogêneo com baixa resistência mecânica. O principal objetivo deste trabalho
foi verificar a viabilidade técnica da utilização de uma resina comercial de baixa
resistência para confecção de compósitos particulados de alumínio para usinagem.
Para tanto foi estudada a influência das concentrações de alumínio e de estearato
de alumínio por meio um desenho experimental fatorial completo. Os resultados de
dureza e densidade foram comparáveis às lâminas comerciais para usinagem Ren
Shape 460 e Ren Shape 5166.
Palavras-chave: compósitos, alumínio em pó, epóxi, estearato de alumínio,
usinagem.
17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.
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INTRODUÇÃO
Existem compósitos de epóxi no mercado produzidos para as mais variadas
aplicações, tanto para a produção de protótipos visuais, modelos em escala,
maquetes em geral e modelos para fundição. Alguns compósitos de epóxi vêm ainda
sendo usados para a obtenção de ferramentas para conformação de chapas
metálicas e algumas mais especificamente para moldes de injeção de
termoplásticos. Geralmente, as resinas para moldes de injeção possuem em sua
composição pó de alumínio, cuja finalidade consiste em aumentar a sua
condutividade térmica. Um exemplo desse tipo de compósito epóxi é a Express
2000, comercializado pela empresa Vantico. Algumas características deste
compósito epóxi e demais outras duas, do mesmo fabricante, podem sem vistos na
Tabela 1.
Tabela 1 Características de algumas resinas epóxi da família Ren Shape
(Vantico 2003)
Descrição do Produto Ren Shape 460 Ren Shape 5166 Express 2000 Aplicação Modelos
padrão, protótipos,
maquetes, etc
Ferramentas para conformação de
metais, gabaritos de aferição de controle,
etc
Moldes para injeção de
termoplásticos
Cor Marrom Claro Branco Cinza Densidade 770 1660 1800 Dureza Shore D (ASTM D-2240)
60-64 90 91
Resistência à compressão (N/mm2)
20-25 90-100 250-260
Coeficiente de expansão térmica linear (ºC)
-30 +30 -30 +30 -20 a 100
Condutividade térmica (W/m K)
Não disponível Não disponível 1
A resina utilizada no trabalho foi a primeira resina comercial, o produto da
reação de epicloridrina e bisfenol A, conhecida como diglicidil éter de bisfenol A
(DGEBA),Figura 1.
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Figura 1 Macromolécula da resina epóxi feita a partir epicloridrina e bisfenol A
A molécula acima é a resina epóxi antes de ser catalisado podendo, dependo
do valor de n, ser líquida ou até sólida, sendo que a viscosidade aumenta conforme
aumenta o valor de n. Com n< ou = 1 as resinas são líquidas e n > 1 as resinas são
semi-sólidas e sólidas. As resinas são classificadas através do EEW (equivalent
epoxy weight) ou seu peso equivalente em epóxi. A grosso modo, as resinas
líquidas apresentam valores de EEW de até 229, as semi-sólidas de 230 a 459 e as
sólidas acima de 460 podendo chegar a até 5000. O EEW é utilizado para cálculo
estequiométrico de proporção entre resina e endurecedor. A resina básica líquida é
a de EEW = 190. O cálculo do EEW é simplesmente o peso molecular da resina
dividido pelo número de anéis epoxídicos, ou seja, EEW é igual ao peso molecular
da resina dividido pelo número de anéis epoxídicos.
As resinas epóxi podem ser curadas com vários agentes de cura, também
chamados de endurecedores, os principais produtos são: aminas alifáticas, adutos
de aminas, poliamidas, aminas cicloalifáticas, anidridos, poliamidoaminas, aminas
aromáticas, polissulfetos, polioxipropilaminas, polimercaptanas, diciandiamida e
trifluoreto de boro. O agente de cura usado no trabalho foi uma amina alifática. As
aminas alifáticas são em sua maioria líquidos de baixa viscosidade com odor
característico e irritante. Alguns tipos mais usados são o etileno diamina (EDA),
dietileno triamina (DETA), trietileno tetramina (TETA) (Agente de Cura), tetraetileno
pentâmera (TEPA), etc. Em geral são moléculas pequenas e muito voláteis, que
basicamente, reagem através do seu radical hidrogênio livre. As vantagens destes
agentes são: rápida cura a temperatura ambiente, baixo custo, baixa viscosidade,
boa resistência química, fácil mistura com a resina. E as desvantagens: curto tempo
de trabalho, reação exotérmica, alta toxicidade, relação crítica de mistura e pode
causar blush (névoa ou oleosidade superficial). O agente de cura usado no presente
trabalho foi o Trietileno Tetramina (TETA).
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O Estearato de Alumínio tem como fórmula química C54H105AlO6 e seu peso
molecular é de 877,39, sua estrutura química. O Estearato de Alumínio funciona
como lubrificante em alguns polímeros comerciais, sendo que para o trabalho o
estearato de alumínio funciona como um inibidor de decantação.
MATERIAIS E MÉTODOS
Resina
A Tabela 2 apresenta as especificações da resina epóxi E 331, da DOW QUíMICA.
Tabela 2 Especificações da resina E331
EEW* Viscosidade (cP a 25ºc)
Cor apha, astm D-1209
182-192 11.000-14.000 125 máx. *EEW = peso molecular da resina / número de anéis epoxídicos
O RE201 é um agente de cura para resinas epóxi sólidas ou líquidas, as
especificações fornecidas pelo fornecedor são apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3 Especificações técnicas do agente de cura RE201
Peso equivalente em hidrogênio ativo 24,4
Viscosidade, (cp a 25ºc) 19,5-22,5
Cor apha, máx. 200
Densidade, (g/ml 25ºc) 0,97-0,98
Grau de irritação da pele 415 Planejamento experimental
Para construção de um modelo matemático, que descrevesse o
comportamento da densidade e da dureza, foi utilizado um planejamento fatorial
completo de 3 níveis e 2 fatores com 2 repetições no ponto central. Os fatores e os
níveis utilizados são apresentados na Tabela 4 e as composições na Tabela 5.
A quantidade de estearato foi estabelecida segundo uma percentagem em
massa sobre a massa total de pó de Alumínio usada no compósito.
A quantidade de epóxi foi calculada segundo a Equação A:
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% Epóxi = 100% - (% Estearato de Al* % de Al / 100+ % de Al) (A)
A quantidade de agente de cura foi fixada em 15% em massa da quantidade de
resina epóxi, tal como indicado pelo fabricante.
Tabela 4 Planejamento Fatorial Completo 32
Níveis Fatores
Pó Alumínio (% volume) Estearato de Alumínio (% massa)
-1 10 0
0 15 3
1 20 6
Tabela 5 Composições do Pó de Alumínio e Estearato de Alumínio
Amostra Pó de Alumínio (%massa) Estearato de Alumínio (% massa)
1 20 0
2 20 3
3 20 6
4 15 0
5 15 3
6 15 6
7 10 0
8 10 3
9 10 6
10 15 3
11 15 3
Tratamento do alumínio em pó com estearato de alumínio
O Estearato de Alumínio e o Pó de Alumínio (seco por uma hora em uma
estufa) foram adicionados ao álcool isopropílico numa concentração de 0,5 g/ml de
Alumínio em pó e Estearato de Alumínio. A suspensão permaneceu em agitação
constante dentro de um Becker de 600 ml por uma hora, por meio de um agitador
magnético sem aquecimento. A suspensão foi vertida em uma forma de alumínio e
coberta com uma folha de alumínio para evaporação do álcool isopropílico.
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Preparação dos corpos de prova
O Alumínio tratado foi seco em estufa durante uma hora a uma temperatura de
100º C. A resina foi igualmente aquecida durante uma hora a uma temperatura de
40º C para reduzir a sua viscosidade. Após o aquecimento da resina, o Alumínio
tratado foi misturado à resina de forma manual, somente após esta mistura o
endurecedor RE201 foi adicionado, sendo então necessário homogeneizar a mistura
mais uma vez.
A superfície interna, dos moldes de silicone com dimensões de 1,27 cm de
diâmetro e 4 cm de altura, foi recoberta com a vaselina líquida. A suspensão de pó
de alumínio em epóxi foi vertida dentro dos moldes de silicone. Em seguida, os
moldes foram colocados dentro de um dessecador acoplado a uma bomba de vácuo
controlado por um manômetro. O dessecador ficou sob vácuo por três horas e trinta
minutos a temperatura ambiente.
Densidade
Para a medição da densidade foram selecionados 3 corpos de provas de cada
amostra para a realização da medida. Após a seleção, os corpos de prova foram
cortados com o equipamento laboton, na seqüência os corpos de prova foram
marcados. As medições de diâmetro e de altura dos corpos de prova foram feitas
com um paquímetro digital mitutoyo, modelo CD6 B série 0043055. A pesagem dos
corpos de prova foi feita em uma balança, marca Marte com divisão de 0,001 grama.
A equação da densidade utilizada foi:
ρ = m/v (B)
sendo ρ = densidade , m = massa, v = volume, v = h*π*d²/4, d = diâmetro do corpo
de prova e h = altura.
Ensaio de dureza
A medida de dureza foi realizada com um Durômetro portátil marca
Westop. A medição durou três segundos e a carga era manual. O procedimento
foi repetido em cinco pontos distintos na face superior e também na face inferior
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das 3 partes do corpo de prova, tal como na análise microscópica. A escala de
dureza que foi utilizada para o ensaio foi a Shore tipo D segundo a norma ASTM
D-2240.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Densidade
O modelo previsional gerado para a Densidade pelo plano experimental é
apresentado na equação C. Os parâmetros mais importantes podem ser
identificados no gráfico tipo Pareto, Figura 2. Este indica que o alumínio linear, Al
(L), influencia positivamente a densidade, enquanto, o estearato de alumínio linear,
EA(L), influencia negativamente na densidade. Quanto maior a quantidade de
Alumínio e de Estearato de Alumínio nos corpos de prova menor a quantidade de
epóxi. Sendo o Alumínio mais denso do que o Epóxi, era de se esperar que este
influenciasse positivamente a densidade, tal como observado na figura 3. As
amostras sem estearato de alumínio apresentaram uma densidade maior do que a
calculada. O Estearato de alumínio tende a melhorar à homogeneidade do
compósito, visto que diminui a densidade do mesmo.
Y= C+aA+bA2+cB+dB2+eAB+AB2+gA2B+hA2B2
Y= 1,413333+0,026667 A+0,026667 A2-0,085000B+0,011667B2-
0,020000AB+AB2+0,050000 A2B-0,001667 A2B2 Equação C
Sendo:
A -Quantidade de Alumínio, que varia de -1 a +1
B -Quantidade de Estearato de Alumínio, que varia de -1 a +1
As densidades encontradas para os compósitos produzidos variam de 1.322 a
1.613 kg/m3. Estes valores são comparáveis aos do Ren Shape 5166, conforme
Tabela 1.
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Figura 2 Gráfico tipo de Pareto da densidade
Figura 3 Superfície de resposta da densidade
Ensaio de dureza
O modelo previsional gerado para os resultados de Dureza por meio do
planejamento experimental é apresentado na Equação D. Os parâmetros mais
importantes podem ser identificados no gráfico tipo Pareto da Figura 4, que indica
que o estearato de alumínio linear, EA(L), e a interação alumínio e estearato de
acima
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alumínio, Al (L) - EA (L), influenciam negativamente na dureza. Quanto maior a
quantidade de Estearato de Alumínio nos corpos de prova menor será a Dureza
deste material, e também, como quanto maior as quantidades de Alumínio maior a
quantidade de estearato há uma interação Alumínio e Estearato de Alumínio que
influencia negativamente na Dureza, tal como demonstra a Figura 5.
Y= C + Aa + bA2 + CB + dB2 + eAB
Y = 64,42105+0,94737 A+0,9437 A-2,33333B –1,05263B2-2,50000AB (D)
Sendo:
A - Quantidade de Alumínio, que varia de -1 a + 1
B - Quantidade de Estearato de Alumínio, que variam de –1 a +1
.
Figura 4 Gráfico tipo Pareto da dureza
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Figura 5 Superfície de resposta da dureza
CONCLUSÃO
O estearato de alumínio melhora a homogeneidade do compósito, visto que a
densidade diminuiu.
REFERÊNCIAS
1. AHRENS, C. H.; FERREIRA, A. C.; SALMORIA, G.; VOLPATO, N.;
LAFRATTA, F. H.; FOGGIATO, J. A. Estudo da Estrutura e Propriedades de Peças
de PP Moldadas por Injeção em Ferramentas de Prototipagem. Anais do CBECIMAT, 2002.
2. CALLISTER, Jr., WILLIAM; “Ciência e Engenharia de materiais: Uma Introdução”; 5ºEdição; Editora LCT; pp. 380-387; 2000.
3. LANZ, R. W.; MELKOTE, S. N.; KOTNIS, M.A. “Machinability of Rapid Tooling Composite Board”, Journal of Materials Processing Tecnology, v. 5760,
pp. 1-4, 2002.
4. YANG, M., Y.; RYU, S. G. “Development of a Composite Suitable for Prototype Machining”, Journal of Materials Processing Tecnology, v. 113, pp. 280-
284, 2001.
acima
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11
5. RABELO, MARCELO; “Aditivação de Polímeros”; 1ºEdição; Editora
Artliber; pp. 94-95.
6. VOLPATO, N.; AMORIM, J. R.; MANENTE, M. M.”The Use of Epoxy Resins as Insert for Injection Mold”. Anais do COBEM, 2003, São Paulo, 2003-.
7. SITE: http://www.abatron.com/products_overview-Portuguese.htm;04/2005.
8. SITE: http://www.zetzsche.com.br, LINK: histórico e aplicações da Resina Epóxi ; 08/2005.
9. SITE: http://www.importecnica.com.br/shore_westop.html; 08/2005.
10. JOEL RODRIGUES DE AMORIM, Construção de ferramental rápido utilizando resinas epóxi através de usinagem cnc moldes de injeção, Trabalho
de final de curso de graduação em Tecnologia Mecânica do Centro Federal de
Educação Tecnológica do Paraná.
DEVELOPMENT OF EPOXY COMPOSITE REINFORCED BY ALUMINUM
PÓWDER TO MACHINING
ABSTRACT
The composites of epoxy, loaded with aluminium particles, have being studied as an
alternative material to make injection mould, by means of machining in milling
machine CNC. Particles composites as this one have some problems during the
stage of manufacture, such as: sedimentation of the dust, generation of emptiness in
the mixture of the components and residual thermal stress. These problems of
process result in a not homogeneous composite with low mechanics resistance. The
main objective of this work was to verify the technical viability to use a commercial
resin of low mechanical resistance to make particle composites of aluminium to
machining. The influence of the concentrations of aluminium and of a coupling agent,
aluminium stearate, were studied. The results of hardness and density had been
comparable to two types of commercial materials for machining, which are: Ren 460
Shape and Ren Shape 5166. Aluminium stearate revealed to be essential to the
composite homogenization, as was confirmed by microscopy analysis.
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Key-words: composite, aluminium powder, epoxy, aluminium stearate, machining.
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