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As origens da Saúde Pública_1
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De que valeria a obstinação do saber se ele
assegurasse apenas a aquisição dos
conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto
quanto possível, o descaminho daquele que
conhece? Existem momentos na vida onde a
questão de saber se se pode pensar
diferentemente do que se pensa, e perceber
diferentemente do que se vê, é indispensável
para continuar olhar ou refletir.
Michel Foucault
Da civilização medieval ao mundo
moderno: o Renascimento (1500-1750)
O mercantilismo e o surgimento da burguesia.
O desenvolvimento científico tecnológico.
O movimento artístico.
O avanço científico
André Vesalius – anatomia do corpo humano
William Harvey – a circulação do sangue
William Petty – a aritmética política
Girolamo Fracastoro – a contagiosidade das
doenças
A constituição epidêmica
As epidemias seriam causadas por uma
constelação de condições climáticas e
circunstâncias locais.
Hipócrates
Idade Média
Guillaume de Baillou - XVI
A constituição epidêmica
Thomas Sydenham – XVII
DOENÇAS FEBRIS AGUDAS
Desordens epidêmicas Doenças intercorrentes
Mudanças atmosféricas Suscetibilidade do corpo
Peste, varíola, disenteria Escarlatina, amigdalite, pleurisia e
reumatismo
MIASMAS
Contágio I
Girolano Fracastoro - XVI
As doenças epidêmicas seriam causadas por
diminutos agentes infecciosos transmissíveis e
que se reproduzem por si mesmos.
Seminaria
contato direto
pessoa a pessoa
agentes
intermediários
ar
Contágio II
Leeuwenhoek - XVII
Mesmo quando se aprendeu que diminutas formas de vida,
pequenas demais para serem vistas a olho nu, pululavam na
natureza – no ar, na água e no solo, não se consumou a
ligação entre essas minúsculas criaturas e a causação da
doença.
Georges Rosen
Os componentes da Saúde Pública
O desenvolvimento da ciência e tecnologia
médicas
A aplicação efetiva desses conhecimento,
dependente de fatores políticos, econômicos
e sociais.
Modelos de administração
Do século XVI ao XVII:
Centralizada em uma unidade local, em particular
a cidade
Emergência do Estado Moderno
O mercantilismo: “política do poder”
Meta: aumento do poder e riquezas
nacionais
1. Fazia-se necessária uma população grande.
2. Era preciso cuidar dessa população, no
sentido material.
3. Devia-se controlá-la de maneira a poder
utilizá-la conforme os interesses do Estado.
O “valor do povo” na Inglaterra do século
XVII
Com o crescimento da indústria, a produção
torna-se central na atividade econômica.
O trabalho torna-se essencial na produção
da riqueza nacional.
DOENÇAperda de
produtividade
problema
econômico
Aritmética política: os registros do Estado
William Petty- XVII
registro dos dados quantitativos da vida
nacional (população, educação, doenças,
renda, etc.)
A “tábua de vida”
Jonh Graunt – XVII
DADOS DE MORTALIDADE
interpretação
Demonstração da regularidade de
certos fenômenos sociais e vitais
Princípios do método estatítico
de análise
O uso da probabilidade na aritmética
política
Jakob Bernoulli desenvolveu a teoria da
probabilidade e se pôs o problema de aplicá-
la a condições “civis, morais e econômicas”.
Política de fortalecimento do Estado
Inglaterra-XVIII
Enfermidade e morte prematuras significam
desperdício de recursos humanos.
A saúde das pessoas é de extrema
importância e não pode ser largada à
incerteza da iniciativa individual.
Cabe criar um instituto nacional de saúde.
Política de fortalecimento do Estado
Alemanha - XVIII
Concebia-se a relação do soberano e seus
súditos como a de um pai e seus filhos.
O Estado absolutista deveria proteger a
saúde de seu povo ordenando-lhe o que
devia ou não fazer.
A idéia de “polícia” é um conceito-chave para o
entendimento de problemas de saúde-doença.
Política de fortalecimento do Estado
Alemanha – XVII-XVIII
Assegurar o bem-estar da terra e do povo.
Em 1665 surge um programa de saúde do
governo para supervisionar parteiras, cuidar dos
órfãos, nomear de médicos, oferecer proteção
contra a peste e outras doenças contagiosas,
coibir, o uso excessivo de tabaco e álcool,
inspecionar alimentos e água, limpar a cidade,
manter os hospitais e assistir os pobres.
1685 – Collegium Sanitatis
A Inglaterra nos séculos XVII e XVIII
Administração descentralizada, local, que
impossibilitava a profilaxia da disseminação
de epidemias.
Inexistência de políticas públicas voltada para
o problema da sujeira das cidades – lixo,
refugos e esgoto, abastecimento de água.
Os hospitais
Outra importante linha de desenvolvimento, no
século XVII, se consubstanciou na visão de
que os hospitais deviam ser lugar de
tratamento de doentes e centros para o
estudo e o ensino da Medicina.
George Rosen
Transição: do século XVI ao XVIII
Foram assentadas as bases para o desenvolvimento
da Anatomia e da Fisiologia.
A observação e a classificação permitiram o
reconhecimento mais preciso das doenças.
Firma-se a ideologia da possibilidade e importância
de se aplicar o conhecimento científico à saúde da
comunidade e a abordagem quantitativa dos
problemas de saúde.
Transição: do século XVI ao XVIII
No entanto, os problemas persistiam
praticamente os mesmos da era medieval.
O padrão administrativo da Idade Média
persistiu, e não seria alterado até o século
XIX.
Saúde, Iluminismo e Revolução
(1750-1830)
Iluminismo: crença na grande utilidade da
razão para o progresso social.
A inteligência social só poderia efetivar-se se
houvesse uma opinião pública informada. Assim,
envidaram-se esforços para esclarecer o povo em
assuntos de saúde e higiene.
John Locke
1632-1704
Sir Isaac Newton
1643-1727
Saúde, Iluminismo e Revolução
(1750-1830)
O início do enfrentamento da mortalidade infantil:
Por volta de 1750, em algumas freguesias de
Londres, a mortalidade de crianças variava
entre oitenta e noventa por cento.
George Rosen
Saúde, Iluminismo e Revolução
(1750-1830)
“Um despertar semelhante da consciência
pública ocorreu no continente. Viam-se as
crianças como vítimas de cuidados impróprios, e
se exigiam medidas higiênicas mais racionais.”
Georges Rosen
Saúde, Iluminismo e Revolução
(1750-1830)O enfrentamento da mortalidade materna:
Tabela 1: Taxas médias de mortalidade para o Hospital
Britânico de Partos
Ano 1749-1758 1779-1788 1789-1798
TM materna
para 1.000 NV 24 17 3,5
TM infantil
para 1.000 NV 66 23 13
No mundo das formas românicas e até o fim do
século XIII não existem crianças caracterizadas
por uma expressão particular, e sim homens de
tamanho reduzido.”
Philippe Ariès
A descoberta da infância: a iconografia
A descoberta da infância: a iconografia
A criança agora era representada sozinha e por
ela mesma: esta foi a grande novidade do
século XVII. (...) Cada família agora queria
possuir retratos de seus filhos, mesmo na idade
em que ainda eram crianças. Esse costume
nasceu no século XVII e nunca mais
desapareceu.
Philippe Ariès
A descoberta da infância: o traje das
crianças
Assim, partindo do século XVI, em que a criança
se vestia como os adultos, chegamos ao traje
especializado da infância, que hoje nos é
familiar.
Philippe Ariès
A família moderna
A reorganização da casa e a reforma dos
costumes deixaram um espaço maior para a
intimidade, que foi preenchida por uma família
reduzida aos pais e às crianças, da qual se
excluíram os criados, os clientes e amigos.
Philippe Ariès