Upload
phungnhi
View
218
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO ENSINO DA DANÇA CIRCULAR NA
ESCOLA: novos conceitos para a prática pedagógica.
Autor: Dulciléia Maria E. Gobbo Secco1
Orientador: Prof. Dr. Valdomiro de Oliveira2
Resumo
Este artigo origina-se de pesquisa vinculada ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE e vem apresentar as contribuições conseguidas com o desenvolvimento de um projeto de intervenção na escola com o conteúdo dança em particular a dança Circular. O objetivo geral da pesquisa foi investigar as possíveis contribuições da dança circular para aspectos psicológicos, sociais e cognitivos de alunos do Ensino Fundamental. A pesquisa foi orientada pela metodologia da “pesquisa-ação”, Thiollent (2003). A amostra foi definida por 23 alunos da Estadual Marechal Cândido Rondon, Ensino Fundamental. O estudo compreendeu sete etapas sendo elas: 1) explanação e informações aos professores; 2) Reunião com a equipe pedagógica e alunos envolvidos no início do ano letivo de 2013; 3) Aplicação de um questionário referente ao tema abordado no projeto para uma avaliação diagnóstica dos participantes.4) 01 encontro, perfazendo 02 aulas de 50 min, para a explanação teórica sobre p tema em estudo;5) 15 encontros perfazendo 18 aulas de 50 min. com vivência prática das coreografias que tiveram como repertório; 6) aplicação de um questionário com o objetivo de verificar qual foi o conhecimento apreendido sobre a dança, danças circulares e o grau de aceitação do tema trabalhado. (7) mensuração e análise dos resultados. Os instrumentos de coleta e análise de dados foram um questionário semi estruturado com perguntas abertas e fechadas e pauta de observação. Os resultados mostram que a dança circular quando aplicada respeitando um procedimento pedagógico com métodos, meios e conteúdos organizados e bem definidos, pode contribuir para a melhoria de aspectos psicológicos, sociais e cognitivos de alunos do ensino fundamental. Conclui-se então que qualquer conteúdo na escola dependerá de como e quem o aplica. Isto porque, quando um professor se propõe a ensinar algo, deve aprofundar seus conhecimentos e com isso amplia seus atributos e valores como educador. Deve-se oferecer a dança na escola seguindo as orientações do projeto pedagógico tendo em vista que seu conteúdo é fundamental para o desenvolvimento geral da cultura de movimento dos alunos.
Palavras – chave: Dança Circular. Educação Física Escolar.
1 Professora da rede estadual de ensino do Paraná e participante do Programa de Desenvolvimento Educacional
do Estado do Paraná. 2 Professor Orientador da Universidade Federal do Paraná.
1 INTRODUÇÃO
A educação se faz, na vida familiar, na convivência social, no trabalho, nas
instituições de ensino e nas manifestações culturais. Ela deve preparar o indivíduo
para o pleno exercício da cidadania. O espaço escolar deve ser um ambiente
formador e de inserção social. A escola deve primar pelo conhecimento, estar a
serviço da valorização da vida e da dignidade. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (1996), a escola deve ter em sua essência a preocupação com a
formação integral do cidadão. De acordo com a mesma Lei, deve garantir o acesso
ao conhecimento e à reflexão crítica das inúmeras manifestações culturais e ou
práticas corporais historicamente produzidas pela humanidade. Ainda segundo ela, o
ensino deverá ser ministrado com base em princípios educacionais, sendo alguns
deles, liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento,
a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; entre outros.
Institui ainda componentes obrigatórios nos currículos do Ensino Fundamental e
Médio, dentre eles a Educação Física que deve estar integrada à proposta
pedagógica da escola.
A Educação Física se fundamenta nas concepções de corpo e movimento e
tem como objeto de estudo e de ensino a cultura corporal (PARANÁ, 2008). As
Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná para o ensino da
Educação Física, apontam como conteúdos estruturantes: Esportes; Jogos e
Brincadeiras; Ginástica; Lutas e Dança.
Nesse contexto a dança se justifica na escola por representar os diversos
aspectos da vida do homem. Por meio dela é possível transmitir sentimentos e
emoções. Castellani (2009, p.81) diz que a dança “Pode ser considerada como
linguagem social que permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade
vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, hábitos, da saúde, da
guerra, entre outros”.
Portanto, o ensino da dança na escola abre possibilidades para que o aluno
possa se expressar espontaneamente, sem se ater à formação técnica ou mesmo à
performance, ou seja, o aluno pode vivenciar diversas formas de expressão por meio
da dança no sentido de apreender habilidades motoras inerentes a ela.
Que a dança educa o homem como um todo, é hoje uma teoria amplamente reconhecida e já aplicada, em muitos lugares, como um meio educacional funcional. Ela exige adaptação e interação, cria equilíbrio e libertação, dá asas à fantasia, relaxa e solta e oferece um plano a partir do qual se pode acessar a multiplicidade da educação (WOSIEN, 2000, p.64-65).
Neste contexto, justifica-se para esse estudo a escolha da Dança Circular que
aparece com o propósito de ampliar as possibilidades educativas. Estas são
danças em círculo, símbolo da unidade, totalidade, confiança e o apoio mútuo. As
atividades não são de competição e sim de cooperação, Propiciam a interação entre
os estudantes. A dança circular utiliza repertório do folclore de diversos povos e
culturas pode ter como princípios o trabalho individual e em grupo.
Trazem a leveza, a alegria, a beleza, a paz, a serenidade, o amor que existe dentro de cada um; proporcionam o trabalho em grupo sem que a pessoa perca sua individualidade; desenvolve o apoio mútuo, a interação, a comunhão e a cooperação (BARRETO, 2003, p18).
Hoje a Dança Circular é apontada como uma ferramenta de integração e
autoconhecimento, que auxilia no aumento da consciência e no poder de
transformação, procurando sempre o bem estar e a qualidade de vida.
Os alunos da comunidade escolar são conflituosos quando se trata de
aprendizagem do conteúdo “dança” da Educação Física e mostram-se resistentes e
com grandes dificuldades em realizar trabalhos que envolva sentimentos, emoções
enfim, afetividade, contato físico, coletividade e integração. Este comportamento
sempre me causou inquietude, surgiu, então, a necessidade de buscar uma forma
de abordagem que possibilitasse a ruptura desse padrão de comportamento e
tornasse a atividade prazerosa, estimulante e que motivasse a sua prática.
Apresentamos então, neste estudo o relato de uma implementação pedagógica, cujo
objetivo foi desenvolver nas aulas de educação física, o conteúdo dança,
privilegiando a dança circular.
Tendo como ponto de partida este cenário, uma questão problema foi
premissa de outras que surgiram ao longo da pesquisa. Pode a dança circular
contribuir para a melhoria de aspectos psicológicos, sociais e cognitivos de alunos
do Ensino Fundamental?
O objetivo deste estudo foi investigar as possíveis contribuições da dança
circular para aspectos psicológicos, sociais e cognitivos de alunos do Ensino
Fundamental. Para alcançar este objetivo observou-se como a prática das danças
circulares contribuiu no aumento da autoestima, confiança e segurança. Analisou-se
como se deu a compreensão das regras por meio das danças circulares. Verificou-
se como se deu a memorização e a concentração dos alunos através das práticas e
Identificou-se como a prática das danças circulares contribuiu para aspectos motores
tais como: lateralidade, ritmo, percepção de espaço e tempo e coordenação motora.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2 1 A EDUCAÇÃO FÍSICA E A DANÇA
A Educação Física entendida como componente curricular, percorreu muitos
caminhos até chegar aos moldes de hoje. Na Europa entre os séculos XVIII e XIX,
os exercícios físicos tinham função realçada. Segundo Castellani (2009), a força
física e a energia física, transformavam-se em força de trabalho e eram vendidas
como mais uma mercadoria. Os exercícios físicos passaram a ser sinônimo de corpo
saudável, ágil e disciplinado, vistos como fator higiênico.
A preocupação com a inclusão dos exercícios físicos nos currículos escolares
remonta ao século XVIII com Guths Muths (1712-1838), J.B. Basedow (1723-1790),
J. J. Rousseau (1712-1778) e Pestalozzi (1746-1827).
Surgem as primeiras sistematizações sobre os exercícios físicos denominados Métodos Ginásticos, tendo como autores mais conhecidos o sueco P. H. Ling, o francês Amoros e o alemão A. Spiess, com contribuições advindas também de fisiologistas como G. Demeny, E. Mary, médicos como P. Tessié e ainda professores de música como J. Dalcroze (CASTELLANI, 2009, p.52).
No Brasil, a influência dos Métodos Ginásticos e do militarismo foi importante.
As aulas de Educação física eram basicamente práticas e os profissionais desta
área eram instrutores das Instituições Militares como já acontecia em outros países e
na década de 1970 tem o esporte como conteúdo básico, tendo então uma
educação voltada para a técnica, o tecnicismo. Onde o professor passa a ser
treinador e o aluno, atleta.
O esporte ganha grande espaço no sistema escolar, colocando a Educação Física a seu serviço. Isso indica a subordinação da Educação Física aos códigos/sentidos da instituição desportiva, caracterizando-se o esporte na escola como um prolongamento da instituição esportiva: esporte olímpico, sistema desportivo nacional e internacional (CASTELLANI, 2009, P.53).
Com as críticas ao esporte na escola e o cunho esportivo dado à Educação
Física, surgem os movimentos renovadores, a vertente tecnicista, esportivista e
biologistas e com elas as transformações metodológicas.
Segundo as Diretrizes (PARANÁ, 2008), com a abertura política em meados
dos anos de1980, o sistema educacional iniciou sua reformulação e com ela a
comunidade científica da Educação Física se fortaleceu. Abriu-se, então, uma vasta
discussão a cerca da legitimidade da disciplina e hoje ela é defendida nas Diretrizes
Curriculares (PARANÀ, 2088) como uma área do conhecimento que usa o
movimento, que tem como objeto de ensino/estudo a cultura corporal. Nelas, a
dança é apresentada como conteúdo estruturante da Educação Física.
A dança hoje praticada nas aulas de Educação Física deve contribuir com a
melhoria das qualidades físicas, dos aspectos motores e também ir além das
dimensões do desenvolvimento humano. Segundo Verderi (2009), a dança na
Educação Física deve proporcionar oportunidades para que o aluno desenvolva
todos os seus domínios do comportamento humano. Dança é movimento,
movimento é vida. Conceituar a dança é ir além do campo motriz, é viajar num
universo de significados. Nas palavras de Garcia & Haas (2002) a dança é o meio da
expressão capaz de projetar, no tempo e no espaço, as mais diversas
potencialidades criativas do ser humano. Assim, ela se torna uma forma de
desenvolvimento e aprimoramento.
Em seus estudos, Gatib, Trevisan e Schwartz (2009) citam que as danças em
seus diferentes estilos podem proporcionar ao indivíduo maior expressão por meio
de gestos e movimentos. Reforçando tal entendimento, Nanni (1998), define dança
como alternância ou variação no tempo, dentro de um ritmo pré-estabelecido usando
diferentes formas e movimentos. Na educação e na cultura de qualquer civilização
encontraremos indícios de práticas de dança.
No Brasil, com a inclusão da dança nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) a sua prática ficou mais evidenciada e valorizada como forma de
conhecimento a ser trabalhado na escola. A diversidade cultural, observada no
Brasil, fortalece a dança e a credencia como um elemento de fundamental
importância nas escolas. Segundo Saraiva (2005), a dança pode se constituir numa
rica experiência corporal, auxilia no entendimento da realidade, e através de
vivências na escola possibilita o questionamento, a intervenção e amplia a visão de
mundo.
Durante o exercício, durante as danças, o dançarino deve apropriar-se
inteiramente dele, preencher todos os seus recantos. O colloquium internum leva a si mesmo, assim como a fusão com o objeto: calor, circulação e suor produzem um despertar interior, flexibilidade e solução. A inspiração e a expiração são mais profundas, a tensão e o relaxamento são mais intensos, a correção do equilíbrio interno e externo é repetidamente treinada. O aumento do suor leva a eliminação de resíduos. No todo, este processo é, a cada vez, um passo para a auto descoberta. Este processo é comparável a um trabalho de lapidação, que permite ao diamante bruto (dançarino) tornar-se uma pedra preciosa lapidada, brilhante e reluzente (WOSIEN, 2000, p.29).
Criar e se movimentar é característica própria do ser humano e independem
da sua cultura ou condição física. Dada a devida importância à dança, se faz
fecundo desenvolvê-la de forma adequada e contínua. De acordo com Verderi
(2009), estimular o trabalho com a dança nas aulas de Educação Física pode
ampliar a possibilidade para o desenvolvimento, bem como para o aperfeiçoamento
das capacidades cognitivas, motoras e sócio-afetivas dos alunos.
Com as danças, conforme relatam Gatib, Trevisan e Schwartz (2009),
ampliam-se as possibilidades para que o ser humano possa expressar suas
emoções, sentimentos e espontaneidade no relacionamento consigo mesmo e com
o outro. As autoras entendem que, ao dançar, o indivíduo promove a percepção de
inúmeras sensações, interagem com o seu corpo e experimentam momentos de
alegria, ansiedade e até mesmo de desânimo.
2.2 A DANÇA CIRCULAR NA ESCOLA
A diversidade cultural existente nas mais variadas danças, permite a vivencia
de vários ritmos, modos e estilos de manifestações sociais. Vem corroborar com a
presença das danças no contexto educacional e de modo particular as danças
circulares, tema central deste estudo. As Danças Circulares são reconhecidas como
danças étnicas, dos povos, populares ou até mesmo “Danças circulares sagradas”
por utilizarem repertório de diferentes povos.
O homem dança há séculos. Nos tempos remotos dançava-se para fazer
pedidos e agradecimentos aos deuses. Eram danças coletivas, movimentadas e
geralmente em círculos. Kurt Sachs, na História Universal da Dança, aponta sobre
os primeiros movimentos do homem na terra, “a primeira formação do espaço
habitado foi a organização circular” (OSSONA, apud SACHS p.44).
As danças circulares estão presentes na nossa história, são danças que
retratam as antigas tradições de diversos povos e culturas, elas simbolizam o ritual
do ciclo da vida e da natureza; estações do ano, ciclo de plantio e colheita do
nascimento e da morte. Elas são desenvolvidas visando ampliar o conhecimento, em
direção ao bem estar físico, mental, emocional, energético e social. Inúmeros ritmos,
cantos e danças, de povos e culturas do mundo são vivenciados.
Danças circulares são danças em círculo, não visam à competição nem
apresentações ao público, tem caráter de cooperação. São praticadas em grupos. O
grupo, em círculo, segue uma coreografia que é orientada pelo focalizador.3 Os
passos se repetem durante toda a dança, criando desta forma, uma sequencia
repetitiva e rítmica. Este movimento pode induzir a um processo meditativo
ampliado, pois são pessoas conectadas entre si, reunindo a mesma energia em
busca da harmonia, da consciência do todo. Inúmeros ritmos, cantos e danças, de
povos e culturas do mundo são vivenciados. Segundo Almeida (2005) as danças
circulares utilizam repertórios do folclore de diferentes povos, são vivenciadas com
passos originais, movimentos oriundos da própria região de onde se originaram. Em
meio a momentos de muita descontração, e também, momentos de introspecção, a
pessoa que está na roda se percebe como um ser humano íntegro.
Um dos grandes precursores da Dança circular foi Bernhard Wosien (1908 –
1986), bailarino clássico, coreografo, pedagogo e pintor. Em suas viagens pela
Europa nas décadas de 50 e 60, visitou comunidades, conheceu e estudou várias
danças e cantigas de roda desses povos e criou uma coletânea de danças. Então,
no Norte da Escócia, especificamente na comunidade de Findhon, Bernhard Wosien
começa um movimento intitulado Danças Circulares Sagradas.
Relata Wosien (2000), que o trabalho de dança em Findhon, na comunidade
do Norte da Escócia tornou-se, desde 1976, exemplo de uma rede internacional de
meditação pela dança. Pela atuação de muitos entusiastas pela dança que haviam
descoberto suas dimensões religiosas como uma verdadeira meta pessoal a ser
alcançada, Sacred Dance (Dança Sagrada) se espalhou por uma grande parte da
Europa e por todo o mundo ocidental. Essa coletânea de danças ampliou e seguiu
sua evolução natural e, segundo Almeida (2005) e Ramos (2002), podem ser citadas
como parte dessa coletânea as danças brasileiras indígenas e cirandas, israelitas,
russas, árabes, húngaras, gregas, escocesas, entre outras.
Assim, as Danças Circulares acrescidas de coreografias, ritmos e
3 È aquele que mantém o foco de uma vivência, ou seja, aquele que orienta e apoia as pessoas numa vivência.
Dirigindo-as na direção de um objetivo. Ele centraliza uma ideia (RAMOS, 2002).
significados, retomam as antigas formas de expressão de diferentes povos e
culturas. Seguindo este entendimento serão aqui classificadas como Danças
Étnicas4.
As danças étnicas ocupam um lugar importante neste momento da evolução da humanidade, pois, tanto pela sua forma circular e pelas figuras geométricas que se formam quanto pela evocação das músicas e melodias dos povos e tradições antigas, dão aos participantes a oportunidade de recriarem movimentos livres e harmoniosos (RODRIGUES, 2002, p.45).
Um dos fatos que torna a dança circular envolvente e possível a todos é que
tem em sua característica movimentos que não exigem níveis técnicos. É constituída
de passos que se repetem por toda a música, o que favorece a execução.
É necessário conhecer alguns símbolos que fazem parte da cultura das
Danças Circulares. Em sua tese de doutorado, Ostetto (2006) relata que no
desenvolvimento das danças, de mãos dadas, os dançarinos descrevem formas
variadas no espaço, conforme a composição coreográfica, a tradição a que pertence
e a simbologia evocada. As danças têm como formação principal o círculo, que pode
abrir-se ou fechar-se, desenhando linhas, espirais e meandros em sua
movimentação. São comuns as danças em pares, lembrança das danças com rodas
festivas.
No círculo se evidencia o equilíbrio entre o individual e o coletivo. É a roda em
que todos os integrantes são responsáveis. A forma circular presente nas danças
tem significado importante de igualdade, de ajuda mutua, pois todos estão no
mesmo plano, representa o todo, quer no tempo ou no espaço. Conforme Bardini
(2009), a roda em movimento representa de forma simbólica o tempo, lugar e
direção. As rodas podem girar para o sentido horário (esquerdo) ou anti-horário
(direito). O centro é o ponto de referência e de harmonia, onde são colocados
objetos que o demarca.
De mãos dadas se observa o símbolo da união, da irmandade. Ao dar as
mãos, uma palma deve fica voltada para baixo e a outra para cima, simbolizando a
troca mutua, o dar e receber, e todos de mãos dadas fortalecem a fruição de
energias no grupo. “Quando os dançarinos se ordenam num círculo, de acordo com
a tradição, eles se dão as mãos. A mão direita torna-se a que recebe e a esquerda é
a que doa” (WOSIEN, 2000, p. 43). 4 Manifestações expressivas de determinados povos, com seus atributos divinos e religiosos. Elas emitem
algumas características que podem identificas uma nação ou região (DARIDO, 2010).
Nas Danças Circulares, os passos não enfatizam a técnica, mas podem
evoluir do básico ao mais complexo. São repetições de sequencia de movimentos,
que acabam por fortalecer a concentração, a memorização e a consciência.
Sampaio (2002) analisa as danças circulares como sendo mais um
instrumento riquíssimo para desenvolver alguns conteúdos mais importantes das
aulas de Educação Física e resgatar tópicos importantes que se perderam, tais
como: O caráter formativo da aula; o significado do movimento; a interação no
grupo; a percepção da coletividade, individualidade e o estímulo para a comunicação
do corpo de forma íntegra. O autor acredita no grande potencial formativo e
informativo que as danças circulares representam. Elas transcendem o ato simples
de se movimentar e dão ao movimento um significado maior e mais profundo.
3 A IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA
Para analisar as possíveis contribuições da dança circular para aspectos
psicológicos, sociais e cognitivos de alunos do Ensino Fundamental, o presente
estudo contou com a aplicação de um projeto de intervenção pedagógica na escola,
intitulado de “Aspectos fundamentais do ensino da dança circular na escola: novos
conceitos para a prática pedagógica”.
Este projeto foi elaborado durante o primeiro semestre de 2012, a partir dele,
no segundo semestre do corrente ano, foi criada uma unidade didática. Ambas as
produções, requisitos do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, foram
disponibilizados no primeiro semestre de 2013 a professores da rede estadual de
ensino do Paraná participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR. Em
concomitante com as discussões do GTR houve a sua aplicação. A aplicação do
projeto aconteceu no Colégio Estadual Marechal Cândido Rondon, Ensino
Fundamental e Médio, no município de Curitiba, Paraná. Abrangeu uma turma do 7°
ano do ensino fundamental do período da tarde e contou com 23 alunos
participantes, teve como colaboradores professores e equipe pedagógica.
A pesquisa foi conduzida dentro das orientações metodológicas da “pesquisa-
ação”, face à estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema. Segundo Thiollent (2003), pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social
com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma
ação ou com a resolução de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e
participantes representativos do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo.
O estudo compreendeu sete (7) etapas sendo elas: 1) explanação e
informações aos professores das diversas disciplinas sobre a proposta de
intervenção, seu objetivo, sua aplicação e convite para ação interdisciplinar. Ocorreu
durante o encontro pedagógico, atividade que antecede o início das atividades com
alunos. 2)Reunião com a equipe pedagógica e alunos envolvidos no início das aulas
do ano letivo de 2013. A reunião teve como objetivo explicar e dar ciência da
proposta de estudo, estender o convite aos alunos para participação do projeto e
entrega do documento para autorização dos pais ou responsáveis do direito de
imagem e participação. 3) Aplicação de um questionário referente ao tema abordado
no projeto para uma avaliação diagnóstica dos participantes. 4) 01 encontro,
perfazendo 02 aulas de 50 min. para a explanação teórica da história da dança, sua
classificação, danças circulares e suas características. 5) 15 encontros perfazendo
18 aulas de 50 min. com vivência prática das coreografias que tiveram como
repertório: Escravos de Jó; Pararacumbera; Dança do sol; Chilili; Specknerin; T
Smidje; Ngoma Nehoro e Will-you-be-there 6) aplicação de um questionário com o
objetivo de verificar qual foi o conhecimento apreendido sobre a dança, danças
circulares e o grau de aceitação do tema trabalhado. (7) mensuração e análise dos
resultados.
Os instrumentos de coleta e análise de dados foram: Um questionário semi
estruturado, aplicado aos participantes de forma direta, contendo 10 perguntas
abertas e fechadas relacionadas aos aspectos psicossociais e cognitivos, com o
intuito de levantar informações sobre o perfil dos alunos e investigar o seu nível de
conhecimento referente à história da dança, danças circulares e suas características
e um segundo questionário aplicado no final das atividades, de forma direta aos
participantes, contendo 04 perguntas abertas e fechadas, com o objetivo de verificar
o conhecimento apreendido sobre a história da dança, danças circulares e suas
característica e aceitação do conteúdo trabalhado.
A pauta de observação mostra que durante o aprendizado e execução das
coreografias, avaliou de acordo com os critérios de forma continua e individual o
desenvolvimento dos alunos nos aspectos cognitivos motores e psicossociais.
Filmagens nas aulas 03, 04, 08, 09 e 17, que serviram como auxílio na análise e o
Diário de campo do professor pesquisador que objetivou registrar fatos verificados.
Os instrumentos utilizados registraram as informações obtidas durante a aplicação
do projeto e serviram como parâmetros para a análise dos resultados.
4. ANÁLISANDO E DISCUTINDO OS RESULTADOS
Para analisar e discutir os dados optou-se pela apresentação dos resultados e
em seguida a discussão das informações obtidas tanto nas respostas dos
questionários como nas aulas praticas e nas observações.
4.1 SOBRE A APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS
O primeiro questionário foi aplicado em sala, durante seu horário regular de
aula e teve como objetivo investigar o perfil dos alunos participantes, o seu
conhecimento sobre dança e a dança circular e outro questionário que foi aplicado,
no final das atividades aos mesmos participantes, onde verificou o conhecimento
aprendido e a aceitação da atividade proposta.
Para melhor compreensão da exposição e discussão dos dados iniciaremos
pelos seus objetivos abaixo destacados.
4.1.1Perfil dos participantes
A aplicação do primeiro questionário contou com a participação de 23
participantes, sendo 13 alunos do gênero masculino e 10 do feminino com idades
entre 11 anos a 15 anos.
4.1.2. Em relação à experiência dos alunos quanto terem tido aulas regulares de
Educação Física, aprendizagem da dança e seu ensino na escola.
Segundo respostas obtidas da aplicação do questionário, todos os alunos
afirmaram ter tido até o momento na sua trajetória escolar, aulas regulares de
Educação Física. Responderam ter tido aula de dança 18 alunos e de nunca ter tido
aula de dança 05 alunos. Dos 18 alunos que respondam ter tido aulas de dança, 14
alunos responderam ter realizado atividades que primaram à apresentações em
festas ou comemorações na escola e 04 alunos explicaram ter tido como conteúdo
em aula com atividades rítmicas( termo não utilizado por eles mas que levou assim
compreender).
4.1.3.Referente a apreciação da Dança e ao Dançar
Quanto à dança, dos 23 alunos, 03 afirmaram que gostavam da dança, 10
alunos afirmaram que gostavam mais ou menos, 04 alunos afirmaram que não
gostavam e 06 alunos não souberam opinar. Já, quanto a dançar, 10 alunos
disseram que gostavam de dançar, dentre estes 10 alunos, 03 dançavam
frequentemente, 04 ocasionalmente e 03 raramente. Opinaram não gostar de dançar
13 alunos, e se expressaram relatando o que mais lhe desagradava em dançar “
acho difícil”, “ não danço bem!”, “não gosto mesmo”, “sou tímido, tenho vergonha”,
“acho chato”, “não sei”, “minha religião não permite”, “eu tinha vontade de dançar um
dia”.
4.1.4.Importância atribuída ao ensino da dança na escola
Quanto à importância do ensinado da dança na escola, 07 alunos opinaram
que achavam importante, 08 alunos opinaram ser de média importância, 01 aluno
afirmou não ser necessário ensiná-la na escola e 07 alunos não souberam opinar.
4.1.5.Em relação ao conhecimento do contexto histórica da dança nas suas
classificações e a Dança circular
Sobre o conhecimento da história da dança e sua classificação, todos os
alunos relataram não ter conhecimento. O que foi apontado foram alguns estilos de
dança como: Samba, Funck, sertanejo, Hip Hop, forró eletrônico, gaúcho e rock.
Quanto ao conhecimento sobre as danças circulares, todos apontaram não conhecer
e não souberam escrever sobre.
4.1.6.Verificar o conhecimento aprendido e a aceitação da atividade proposta.
Na aplicação do questionário, dos 23 participantes, 14 alunos relataram
sobre a história da dança comentando que esta existe desde a antiguidade, que não
se tem uma data do seu surgimento e que pode segundo suas palavras “mostrar
como estamos nos sentindo, se tristes ou alegres”, 05 alunos responderam que não
se sabe quando a dança nasceu e que sempre se dançou e 04 alunos não
souberam responder. Sobre a classificação da dança, 06 alunos responderam
relatando algumas delas como a dança clássica e moderna e 17 responderam não
se lembrarem de ou não saberem. Sobre dançar na aula, 17 alunos responderam ter
gostado, e de fácil execução. Uns dos relatos foram “como os passos se repetiam
muito, eu logo aprendia”, “Eu gostei, nunca tinha dançado desse jeito, gostei!” “Achei
diferente, mas fácil, não era muito corrido e eu conseguia dançar”, 04 alunos
responderam que gostaram mais ou menos e de algumas músicas, e 02 alunos
responderam que não gostaram muito. Sobre a dança circular, embora com
redações diferentes, responderam que são danças em círculo/roda, de mãos dadas
e que tem músicas de vários países.
4.2 SOBRE AS AULAS TEÓRICAS
Em aula expositiva, todos os 25 participantes assistiram á slides que
abordaram a história da dança, vídeo de estilos de dança e sobre a dança circular.
Receberam um texto com o mesmo conteúdo assistido que foi afixado no seu
caderno. Realizaram uma atividade de fixação de conteúdo. Atividade esta
formulada de forma lúdica de palavra cruzada. Na correção feita em sala, de forma
coletiva, todos a completaram. Conforme anotação no diário de bordo, durante a
explanação teórica os alunos se mostraram interessados, realizaram as atividades e
a concluíram de maneira satisfatória.
4.3 SOBRE AS VIVÊNCIAS PRÁTICAS DAS COREOGRAFIAS
Os encontros aconteceram no horário normal de aulas dos participantes.
Estes realizados uma vez por na semana, no horário regular de educação física. A
prática teve como local de realização uma sala de aula que estava ociosa no período
da tarde e sendo usada pela escola como sala de vídeo e a quadra esportiva. Estas
atividades práticas contaram com 23 alunos participantes. Destes 23 alunos 02 não
trouxeram a autorização dos pais ou responsáveis para sua participação. Esses
participaram das atividades práticas, mas não foram observados. Foram avaliados
então 21 participantes.
A análise dos resultados foi realizada a partir dos alunos que obtiveram 100%
de sua presença em todas as atividades práticas, sendo eles os alunos identificados
como nº 06, 10, 11, 12, 14, 15, 20 e 25.
As atividades práticas contaram com a ajuda de uma pedagoga que de posse da
ficha de observação, esteve presente em todos os encontros, observando e
avaliando os participantes conforme os seus critérios constados neste estudo. Para
esta observação os alunos foram identificados por números que estavam afixados
em suas camisetas. O diário de bordo foi utilizado para registrar observações
pessoais e/ou algumas situações ocorridas. Para melhor compreensão da exposição
e discussão dos dados obtidos com a utilização dessa ficha, o faremos pelos seus
objetivos abaixo destacados.
4.3.1 Diferencia direita e esquerda
Em análise as anotações obtidas, observou-se que participantes 06, 12, 14,
25, 20 e 10, após o seu primeiro contato com os movimentos coreográficos
diferenciavam o lado direito e esquerdo, atingindo o objetivo que era, se deslocar
para o sentido indicado na coreografia. Os participantes 11 e 15, atingiram
parcialmente este objetivo, oscilando em deslocar-se segundo o sentido indicado na
coreografia.
4.3.2. Invade o espaço do outro
Quanto a invadir o espaço do outro, os participantes 10, 06, 12, 14, 25 e 20
após o primeiro encontro atingiram o objetivo proposto sempre se mantendo na
formação proposta durante a realização da atividade. Os participantes 11 e 15
atingiram parcialmente o objetivo, se mantendo parcialmente na formação proposta
pela atividade sendo que oscilavam em se manter em círculo, indo para o centro em
demasia ou se chocando com colegas.
4.3.3. Coordena os movimentos
Ao verificar se coordenavam os movimentos, os participantes 06, 12, 14, 20 e
25, após o primeiro contato com os movimentos coreográficos novos atingiram o
objetivo, realizando os movimentos completos conforme a coreografia. Os
participantes 10 11 e 15 atingiram parcialmente oscilando em realizar os
movimentos. Alguns movimentos realizavam de forma completa e em outros
apresentavam dúvidas.
4.3.4. Movimenta-se no ritmo
Os participantes 06, 12, 14, 20 e 25 movimentavam-se sempre segundo o
ritmo da música. Os participantes 10, 11 e 15, em 04 encontros oscilaram em se
movimentar segundo o ritmo da música.
4.3.5. Memoriza as coreografias
Na memorização das coreografias, os participantes 06, 12, 14, 20 e 25 após o
seu primeiro contato com a nova coreografia, executava-as corretamente sem
equívocos. Os participantes 10, 11 e 15, atingiram parcialmente os objetivos,
apresentando dúvidas na execução dos movimentos e ou se equivocando em alguns
momentos.
4.3.6. Concentra-se nas atividades
Quanto ao concentra-se na atividade, os participantes 11, 15, 20 e 25 após o
primeiro encontro atingiram o objetivo, mostrando-se concentrados. Participando,
observando e procurando perceber seus movimentos. Os participantes 06, 10, 12, e
14 atingiram parcialmente o objetivo oscilando quanto a sua atenção e concentração
nas atividades, mas, ao longo das atividades procuravam realiza-las.
4.3.7. Enfrenta os desafios com positividade
Todos os participantes enfrentaram os desafios propostos, sendo observados
tentando aprender e se mostrando estimulados.
4.3.8 Executa os movimentos com segurança
Executaram os movimentos com segurança, os participantes 20, 06 e 25
sempre realizando os movimentos de forma automatizada sem demonstrar dúvidas
na sua execução. Os participantes 11, 12 e 14 em 05 encontros as vezes realizavam
os movimentos de forma automatizada. Observou-se que nas coreografias mais
simples com passos menos elaborados eles realizavam os movimentos com
segurança e nas coreografias mais complexas seguiam companheiros próximos. Os
participantes 10 e 15 em todos os encontros procuravam seguir algum colega
próximo, mesmo nas coreografias mais simples.
4.3.9.É cooperativo
Após conhecerem a proposta de trabalho todos os participantes, quando
necessário e em tempo oportuno, sempre demonstraram ser cooperativos, propondo
ajuda aos colegas e se mostrando solícitos durante as atividades.
4.3.10 Compreende as regras
Todos os participantes participaram das atividades, respeitando a sua
organização, dando as mãos quando necessário, sempre de forma respeitosa.
5. INFORMAÇÕES FINAIS SOBRE OS RESULTADOS
Com as informações obtidas com os questionários verificou-se que o grupo
de participantes é heterogêneo, conta com um grande número de alunos fora da
idade série. Conclui-se que mesmo que todos tenham tido aulas regulares de
Educação Física, que poucos participaram de atividades rítmicas e expressivas nas
aulas regulares, e demonstraram não conhecer o contexto histórico da dança e suas
classificações. De acordo com a maioria das observações dos participantes, não
dançam por sentirem-se envergonhados ou a julgarem a dança difícil. Sobre o
conteúdo apreendido constatou-se que as aulas teóricas deveriam ter sido em maior
número, pois a apreensão do conteúdo trabalhado não foi satisfatória, demonstrando
necessidade de retomada do conteúdo. Quanto à aceitação da prática realizada, as
respostas levaram a entender que os alunos gostaram das atividades práticas,
acharam possível sua aplicação na escola e se sentiram capazes de realiza-las.
Durante o desenvolvimento das atividades práticas alguns entraves surgiram
dificultando sua aplicação. Por ocasião da falta de professores os alunos de outras
turmas ficavam dispersos pelo pátio e como a escola não dispõe de espaço amplo,
estes, ficavam ao redor da quadra o que dificultava o andamento das atividades. A
sala improvisada exigia que a cada encontro fossem retiradas todas as carteiras e
cadeiras para que o espaço fosse, embora pequeno, utilizado.
Nas atividades práticas, em análise aos resultados obtidos á partir dos
instrumentos de coleta de dados, constatou-se que os participantes em sua maioria
diferenciaram os lados direito e esquerdo. Foram capazes de respeitar seu espaço,
coordenando os movimentos e movimentando-se no ritmo proposto.
Compreenderam a proposta da atividade, respeitando suas regras, adotando postura
cooperativa e enfrentando os desafios, ou seja, a aprendizagem de novas
coreografias com positividade. Os participantes demonstraram estar concentrados e
capazes de memorizar as coreografias realizando-as com segurança.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De forma geral objetiva-se mostrar nessas conclusões num primeiro momento
os objetivos delineados para o estudo. Primeiramente destacamos as considerações
sobre os objetivos específicos e por fim vamos às conclusões do nosso objetivo
geral.
Em relação aos objetivos específicos pode-se observar neste estudo do, com
a aplicação do projeto de intervenção pedagógica, que a prática da dança circular na
escola pode ser um instrumento que possibilite o aumento da autoestima, confiança,
segurança entre outros fatores psicossociais. Que à sua prática pode favorecer a
compreensão de regras da dança. Pode auxiliar na memorização e concentração
dos alunos e contribuir para o desenvolvimento de aspectos motores como a
lateralidade, ritmo, percepção de tempo e espaço e coordenação motora.
Quanto ao objetivo geral concluiu-se que a dança circular pode contribuir
para os aspectos psicológicos, sociais e cognitivos de alunos do ensino fundamental.
Desta forma, responde-se aqui a questão problema inicial “A Dança Circular quando
aplicada respeitando um procedimento pedagógico com métodos meios e conteúdos
organizados e bem definidos pode contribuir para a melhoria de aspectos
psicológicos, sociais e cognitivos de alunos do ensino fundamental”.
Pensar a escola como um ambiente formador e de inserção social e que
segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) deve ter como essência a
formação integral do cidadão é uma necessidade. A Educação física nesta
perspectiva abre possibilidades no campo motor, cognitivo, afetivo e social. A dança
como um de seus conteúdos, vem corroborar neste cenário com uma formação
comprometida com o desenvolvimento integral dos cidadãos.
Se faz mister também ressaltar o papel do professor e seu compromisso com
essa formação. A capacitação e a busca por novos conhecimentos são ações que
devem permear toda a prática docente. O professor deve favorecer a aprendizagem.
Ter claro o objetivo a ser perseguido, o conhecer o grupo que vai trabalhar, a
realidade em que o mesmo está inserido e a didática a ser adotada. Por fim, o
desenvolvimento de qualquer conteúdo na escola dependerá de como e quem o
aplica. Isto porque, quando um professor se propõe a ensinar algo, deve aprofundar
seus conhecimentos e com isso amplia seus atributos e valores como educador.
Desafios: no decorrer deste estudo desafios surgiram como muitos outros têm
surgido na nossa educação, como a falta de professores, estruturas físicas
adequadas e melhores condições de trabalho. Não se tem a pretensão de afirmar
que tudo foi um mar de rosas. Mas, que com todos os percalços, foi possível realizar
o projeto e afirmar que o trabalho foi muito valido para futuros estudos na dança e
em especial a dança circular para contributos na Educação Física Escolar.
6 REFERÊNCIAS
ALMEIDA, L.H.H. Danças Circulares Sagradas: Imagem corporal, Qualidade de vida e Religiosidade segundo uma abordagem Yunguiana. Campinas, 311p. Tese (Doutorado em Ciências Médicas) – Universidade de Campinas, Campinas, 2005. ARTAXO, & MONTEIRO, G. A. Ritmo e movimento. São Paulo: Phorte, 2000.
BARDINI, B.; BARDINI, C. D.; FORNARI, C. L. . Corpo, Educação e Danças Circulares: entre corpos sarados e sagrados. Salvador, 10 p. Anais do XVII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e III Congresso Internacional de Ciências do Esporte. Salvador, Setembro, 2009.
BARRETO, D. Dança: ensino, sentidos e possibilidades na escola. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. BARRETO, S. Danças Circulares Sagradas: Um caminho de educação e cura. Revista Danças Circulares Sagradas – Viva Melhor Especial. São Paulo: Ed. Escala, São Paulo, 2003.
BISCONSIN, A.; MIZUMOTO, L. Apostila do curso de formação em danças circulares. 4 ed. Curitiba: 2008. ______. Apostila do curso de danças circulares para adolescentes. Curitiba, 2012. BRASIL, Ministério da Educação e Desporto. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), Brasília: MEC/SEF Educação Física, 1998.
BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica, n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 20 de dezembro 1996. CAMINADA, E. História da dança: evolução cultural. Rio de Janeiro: Sprint,1999.
CASTELLANI, L. F. Metodologia do ensino da educação física. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2009
DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação Física na Escola: Implicações para a prática Pedagógica. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2008. EID, M. M. R. Um caminho para a cura. In RAMOS, Renata Carvalho Lima. Danças circulares sagradas: uma proposta de educação e cura. São Paulo: Triom, 2002, p.151-164; FARO, A. J. Pequena história da dança. 7 ed. Rio de Janeiro: Zahar. 2011 FAHLBUSCH, H. Dança moderna e contemporânea. Rio de Janeiro: Sprint, 1990.
FERREIRA, V. Dança escolar: um novo ritmo para a educação física. 2. ed., Rio de Janeiro: Sprint, 2009 ______Educação física e interdisciplinaridade. Três Corações, UNICOR, 2003
GASPARI, T. C. Dança. In: Darido, Suraya Cristina, Irene Conceição, Andrade Rangel. Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro. Guanabara. Kaogan, 2008, p. 199 – 226; GATIB, N. O.; TREVISAN P. R. C. T.; SCHWARTZ, G. M. As danças circulares no contexto das tendências pedagógicas da educação física. Piracicaba: Impulso, 2009 HAAS, A. N; Ângela G. Dança e ritmo. 2 ed. Canoas: Ulbra, 2006. NANNI, D. Dança – educação: princípios, métodos e técnicas. 5 ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2008. MELHEM, A. A prática da educação física na escola. Rio de Janeiro: Sprint, 2009. OSSONA, P. A educação pela dança. São Paulo: Summus, 1998. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Educação Física, 2008.
RAMOS, R. C. L. (org.) ET AL. Danças circulares sagradas: uma proposta de educação e cura. 2 ed. São Paulo: Triom, 2002. RICHARDSON, R. J. Pesquisa social, métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2007. ROBATTO, L. Dança em processo: a linguagem do indizível. Salvador, UFBA, 1994 RODRIGUES, Gláucia H. C. B. Mudanças. in RAMOS, Renata Carvalho Lima. Danças circulares sagradas: uma proposta de educação e cura. São Paulo: Triom, 2002, p.44 - 53; SAMPAIO, M. I. S. Movimento, educação e dança. In RAMOS, Renata Carvalho Lima. Danças circulares sagradas: uma proposta de educação e cura. São Paulo: Triom, 2002, p. 95-105; SARAIVA, M.C. et al. Dança e seus elementos constitutivos: Uma experiência contemporânea. In: SILVA, A.M.: DAMIANI, I.R (org). Práticas corporais: gênese de um movimento investigativo em educação física. 1 ed. Florianópolis. Nauemblu Ciência & Arte, 2005. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 12 ed. São Paulo: Cortez, 2003.
VERDERI, É. Dança na escola: uma proposta pedagógica. São Paulo: Phorte, 2009. WOSIEN, B. Dança: Um caminho para a Totalidade. São Paulo. 1. Ed. Trion, 2000 WOSIEN, Maria Gabriele. Dança Sagrada: Deuses, Mitos e Ciclos. [Tradução de Rodenbach, Maria Leonor e Júnior, Raphael de H]. São Paulo Triom, 2002. ______________ Dança: Símbolos em Movimento. [Tradução Bettina Aring Mauro]. São Paulo. Ed. Anhembi, 2004.