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Acepção Contemporânea na Medina de Arzila 2013/2014

Assilah_Cidad_Islamica_2013/2014

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La città di arzila/assilah analizzata nelle sue componenti urbane e architettoniche,ponendo l'attenzione sui concetti di HARAM e HALAL della cultura Islamica che caratterizzano le città mussulmane. Cusro de Cidad Islamica_2013/2013_Escola de arquitectura do universidad do Minho_Guimaraes.

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Acepção Contemporânea na Medina de Arzila

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EAUM | MIARQ | Cidade Islâmica

Professor:Jorge Correia

Estudantes:Angela Rocha_ A63521Daniele Burattini_ E5590Luìs Araùjo_ A58401Tiago Neto_ A61627

ABSTRACTThis article focuses on the study of the contemporary dynamic of the medina of Asilah, in Morocco, through the specificities and influ-ences of its historic context. The aim of this paper is to explore how the actual paradigm is mani-fested and the consequences of the same. This paper is divided into two chapters, the first of which analyses the space of the medina, in order to briefly disclose the European and Islamic marks. The second chapter of this paper goes from the macro to the micro scale, so that the codes of religion, tourism and living patterns are characterized, how their transformation have an increasing impact over the present medina.

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LOCALIZAÇÃO DO ARZILA

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IntroduçãoArzila é uma cidade costeira que se localiza no extremo noroeste de Marrocos, rodeada por Tânger, Tetouan, Ceuta e Larache e goza de características morfológicas e ambientais que a privilegiam enquanto local de turismo. A sua medina foi recentemente alvo de uma série de iniciativas culturais e de uma marcada reabilitação do património arquitectónico que nela se encontra.Este local conheceu modificações sucessivas, sendo inicialmente dominado por comércio costeiro até finais do primeiro milénio e tornando-se numa cidade muçulmana na Idade Média. Aquando da conquista portuguesa entre os séculos XV e XVI, é transformada numa cidade cristã sendo posteriormente, reconquistada e reforma-da numa cidade do Magrebe em finais do século XVII. No princípio do século XX, o território marroquino foi colonizado e Arzila foi ocupada pelo protetorado espanhol, período em que nasceu uma nova estrutura urbana exterior à cidade medieval, o bairro europeu.Este estudo centra-se exclusivamente na identidade contemporânea da medina tradicional, analisando como o seu traçado físico se enquadra num contexto geográfico específico e manifesta marcas do Islão, dominado por práticas e leis ditadas pelo Corão e a Suna, em conjunto com outras influências culturais legíveis na actual estrutura da medina. Articulando os diversos contextos pretende-se interpretar os novos paradigmas presentes em Arzila e quais as consequências que daí surgem.

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EnquadramentoAinda que a medina de Arzila não tenha a dimensão de grandes cidades tradicionais como Fez ou Marraquexe, esta reflecte precei-tos da cidade islâmica medieval. Devido à sua reduzida escala, as transições entre Halam – público- e Haram – privado - são difusas, com uma área total de vazio de 20307 m², sendo 5250 m² público e 7000 m² privado.A medina encontra-se fortificada por muralhas que denunciam a pre-sença lusa e a definem como um organismo denso e independente, este limite está actualmente trespassado por quatro portas que não se encontram em lados opostos da medina, mas sim acumuladas no lado nordeste da cidade. Dentro destas muralhas encontra-se também uma área aberta com apenas alguns equipamentos culturais, onde se encontrava originalmente a Kasbah, que abrigava as residências do governador e do chefe da armada portuguesa.A rede viária obedece a uma hierarquia ramificada de ruas tortuosas que defendem o princípio de intimidade e privacidade, mas o seu traçado físico é menos labiríntico e menos hierarquizado que noutras cidades islâmicas. Isto é explicado, por um lado, pela implantação numa topografia plana, não existindo a necessidade de criação de percursos sinuosos que busquem adaptar-se ao terreno. Por outro lado, a intervenção lusitana entre os séculos XV e XVI configurou a cidade segundo um novo plano menos complexo, com ruas paralelas norte/sul intersectadas por outras este/oeste dentro de limites bem definidos.Após a reconquista islâmica, a medina foi perdendo grande parte da sua malha ortogonal. Esta adaptou-se de acordo com os padrões do Corão, os edifícios impuseram-se ao sistema viário, perdeu-se a regu-laridade dos traçados e os quarteirões foram perfurados por becos que dão acesso a uma zona privada da cidade, à semelhança do que aconteceu em cidades como Damasco.As ruas da medina podem dividir-se em três categorias – via princi-pal, secundária e beco, que entendem uma fragmentação em suces

sivos níveis de privacidade. Numa primeira estância, é possível identificar as ruas principais pois assumem uma maior continuidade e largura, como a rua de Sidi Mbarak e a rua Attijara, que ligam as portas aos principais equipa-mentos, atravessando longitudinalmente todo o tecido urbano. A este eixo longitudinal estão associadas actividades urbanas rele-vantes, pela disposição de mesquitas e mercados que se desenvolvem ao longo destas. Deste modo, estas vias apresentam uma maior circu-lação e, consequentemente uma maior exposição ao público - Halal. Também é possível identificar ruas secundárias que nascem das prin-cipais e cuja espacialidade é mais encerrada, aqui ocorre uma cir-culação mais residual que se destina muitas vezes a facultar, unica-mente, o acesso às casas. Por último, existem os becos – derbs - que assumem formas variadas e conduzem às habitações e pátios interiores que não se encontram na margem das ruas principais e secundárias. O beco assume-se como o elemento mais privado do tecido urbano da medina e são frequentados apenas pelos habitantes das casas cujo acesso é con-seguido através deles.Associadas às ruas principais existem pracetas de dimensão reduz-ida, a importância de cada uma vem da sua posição e das activi-dades que nela se desenrolam. Actualmente, as mais importantes são a M ́jimaá, a Abdala Guenún, a do Palácio de Raisúni e a da mesquita maior - Súwiqa.Cada conjunto de parcelas separadas por ruas formam um quar-teirão, no total são 23 de diferentes dimensões e configurações. A medina de Arzila aparenta assim uma morfologia urbana coerente de tecido relativamente contínuo. O acesso às casas é na sua maioria conseguido directamente a partir das ruas principais e secundárias, mas é em alguns casos possibilitado também através de pátios inte-riores e derbs, de número reduzido quando comparado com outras medinas tradicionais.

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A medina de Arzila adquiriu, ao longo dos séculos, um conjunto de transformações e um acumular de extractos que definem a morfo-logia actual e que lhe conferem importância e valor patrimonial, reflectindo a história e a autenticidade da cidade.O processo de requalificação e reabilitação que a cidade sofreu, contribuiu para a sedimentação dos elementos históricos, valori-zação cultural e alteração das condições urbanísticas. Os traços da presença europeia tornaram-se parte do património da medina, esta herança é preservada e reabilitada de forma a contribuir para uma crescente afluência de turistas.O percurso e as vivências da cidade intramuros foram adaptando-se ao novo contexto. O percurso diário e semanal às mesquitas e ao mercado continua a realizar-se, mas o facto de Arzila ser uma cidade costeira, dotada de um clima favorável, aliado a uma paisagem e património singular, faz com que tenha uma acentuada vertente turística. Desta forma, é possível identificar dois percursos distintos na medina, um referente ao percurso religioso e de vivên-cias e um outro alusivo ao do turismo. O percurso religioso é feito maioritariamente através da via prin-

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cipal, onde se localizam todos os edifícios religiosos – mesquitas, mausoléus, zawias e tumbas. Estes edifícios revelam-se de dimen-sões reduzidas quando comparados com edifícios religiosos de outras medinas marroquinas e com um aspecto bastante modesto entrando em harmonia com todo o tecido urbano da medina.Possivelmente associado à presença de espaços abertos, localiza-dos pontualmente no tecido urbano, a maior parte das mesquitas carecem de pátios no seu interior. A transição entre espaços é mar-cada por Iwans pouco expressivos de arco quebrado ligeiramente abatido e os minaretes existentes apresentam-se com uma aparência simples e forma octogonal ou quadrada. A mesquita maior localiza-se junto à Torre de Menagem, tendo uma relação directa com a praça maior da medina. Tem o Mihrab legível pelo exterior e está associada à maior escola situada intramuros.É importante referir que a mesquita de maior dimensão encontra-se no Kasbah, já com uma planimetria tradicional. Aqui, é possível identificar o pátio de abluções, pontuado por uma fonte, e uma sala de orações porticada voltada para a Qibla. Relacionados com as mesquitas e com o pensamento de “para se orar é preciso estar limpo”, encontam-se os Hammam – equipamen-tos de banhos públicos. Na medina de Arzila identificam-se apenas dois destes equipamentos e estão afastados das mesquitas, um com acesso por uma rua secundária e o outro por um derb.Ainda relacionado com o percurso religioso temos o Suq – mer-cado tradicional. Por norma, estão localizados juntos às mesquitas. Concentra-se maioritariamente anexado à mesquita maior e natural-mente no ponto de maior fluxo da medina.Paralelamente ao percurso religioso encontra-se o percurso turístico. Este último surgiu aquando do êxodo da população de Arzila e pelo súbito interesse de estrangeiros pela medina. As muralhas, anteriormente com função militar e defensiva, transfor-mam-se agora num ponto de interesse turístico. O reconhecimento histórico do património existente criou um percurso conduzido pelas

muralhas, iniciando na Torre de Menagem Portuguesa - Al-Hamra, passando pelo Palácio de Raisúni e culminando na couraça que avança sobre o mar e que permite uma vista privilegiada sobre a paisagem.É visível uma transformação nas actividades da medina. O centro desta, a praça Abdellah Guenun, que “funcionava como espaço económico, cultural e social onde a população mantinha uma es-treita relação entre si”1 sofre uma adaptação e intensificação do co-mércio, agora em foco no turista. O canal e a rua que se encontram em torno das muralhas defensivas pelo lado de fora foram também transformados, dividindo-se entre um mercado tradicional - Ahfir Souk – e uma zona de cafés e restaurantes.É nas principais ruas - Sidi Mbarak e Attijara - que existe a maior afluência de turistas devido, não à proximidade com as mesquitas como acontecia anteriormente, mas principalmente devido à sua proximidade com as portas da medina - a Bab Al Homar que dá acesso ao novo comércio tradicional que se situa no exterior das muralhas; a Bab Al B’har, junto à torre portuguesa; a Bab Al Souk e a Bab Al Kasba localizadas na anterior alcáçova.Para além desta constante adaptação da actividade económica às necessidades de consumo dos visitantes, há um crescente interesse na compra de habitação para férias por parte dos turistas, onde as famílias locais vêm a oportunidade de começarem uma vida mais confortável na periferia ao venderem os seus imóveis a preços altos.

Este fenómeno de cidade islâmica com características tradicionais mas com um comportamento voltado para o turismo reflecte uma alteração no modo de viver e habitar a cidade e concludentemente nas características das ruas e habitações. O apoderar por parte de pessoas com etnias e religiões diferentes faz com que o modo de habitar seja inconscientemente alterado ainda que as marcas arquitectónicas sejam preservadas. Estas características arquitectónicas, resultado e imagem de uma cultura

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Referências Bibliográficas

Livros

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Sites

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http://www.voyagevirtuel.co.uk/maroc/asilah-larache/asilah-21.php

http://web.mit.edu/akpia/www/AKPsite/4.239/asilah/asilah.html

enraizada e tradicional são alvo de conservação, levadas por vezes ao extremo.Quando nos debruçamos, por exemplo, sobre cidades como Guima-rães, Roma ou Arzila, vemos que os seus centros foram transforma-dos em peças teatrais, transmitindo beleza e perfeição, para serem contemplados e possivelmente habitados. O uso da imagem e das características particulares passa a ser a única forma de lucro que age sobre estes locais. As habitações, apesar da forte reconstrução continuam a preservar a tipologia tradicional mas o modo de habitar é alterado. Se antes, as habitações organizavam-se de acordo com os princípios islâmi-cos – voltadas para o interior, onde as fachadas pouco ostensivas e frequentemente cegas davam lugar a um universo diferente no interior, o pátio protegido dos fluxos da vida pública, por vezes sep-arado da rua apenas por um compartimento, servindo de ventilação e obtenção de luz solar, agora, o pátio é o espaço comum de um hotel, onde a privacidade e protecção dos olhares curiosos vindos da rua já não são problema e onde a ostentação é bem-vinda. O beco, elemento mais privado da rede viária da medina, muitas vezes partilhado apenas por famílias, podendo ser até fechado tornando-se num caminho particular, pode ser visto actualmente como mais um caminho percorrível, perdendo-se a forte hierarquia de ruas. O fenómeno de que a medina de Arzila tem sido alvo vai alterando progressivamente as vivências e percursos. Antes era ocupada exclusivamente pela população local, tendo visto o número de habitantes a diminuir com a compra de algumas habitações para uma ocupação mais sazonal, ou a transformação de algumas casas como hotéis. No entanto, apesar do modo de habitar a cidade se adequar ao novo contexto, a herança arquitectónica prevalece, mantendo desta forma as características urbanas da cidade islâmica, tornando-se num ponto atractivo e consequentemente numa nova dinâmica.

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