Astrologia e Ciência

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Astrologia a luz da ciência

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Um Paradoxo de nossos dias:A ASTROLOGIA CONSIDERADA LUZ DA CINCIA Em sntese: A Astrologia est sempre em voga, apesar de j ter sido desmentida freqentemente pela experincia de seus prprios usurios. Isto se explica porque no ntimo do homem moderno mesmo fica muitas vezes, de modo inconsciente, um resqucio de mentalidade mgica, animista, primitiva; esta se reveste, atravs dos tempos, de roupagem aparentemente cientfica e sria, mas no deixa de ser sempre uma herana do primitivismo de sculos muito recuados. o que demonstra, nas pginas subseqentes, o Prof. Dr. Fernando de Mello Gomide, at recente data docente do ITA de So Jos dos Campos (SP) e atualmente pesquisador do Instituto de Cincias Exatas e Naturais da Universidade Catlica de Petrpolis (RJ).O artigo traduz bem a ndole cientfica e criteriosa do seu autor, que usa de linguagem veemente na tentativa de evidenciar como paradoxal recorrer Astrologia em nossa era de cincias e tecnologia avanadas. O leitor saber aproveitar o muito que de sbio e profundo dito neste artigo, sem se impressionar com certas expresses ditadas pelo calor da explanao.Ao Prof. Dr. Fernando de Mello Gomide ser consignada a viva gratido da Redao de PR por sua valiosa colaborao.=-=-=-=1. ASTROLOGIA: FUNDAMENTAO NO MUNDO ANTIGO PR-CIENTIFICO 1.1. Que a Astrologia?Parece que a astrologia entra na histria nos tempos das dinastias acadianas da Sumria,(1) a civilizao mesopotmica que precedeu assrio-babilnica. Isso pode ser situado por volta do sc. XX ao XIX a.C. Mas no declnio da civilizao babilnica, i. , no sc. V C. que a astrologia adquire fora e entra na Grcia com o sacerdote de Bel, Berosso, no sc. Ill a.C. Os filsofos gregos Plato e Aristteles (sc. V-IV a.C.) teorizam sobre a influncia dos astros no mundo sublunar, e, como suas idias exerceram uma poderosa presso de prestgio ao longo dos sculos, no de admirar que filsofos do mais alto gabarito, na civilizao islmica e na cristandade medieval, tenham aderido, em grande parte, s elucubraes astrolgicas.Mas que a astrologia? , como vemos, uma pseudo-cincia, ou, para usar termo do fsico terico americano John Archibald Wheeler, uma cincia patolgica. (2) A dita pseudocincia professa uma doutrina ambiciosa sobre uma generalizada e totalitria influncia do mundo planetrio e estelar sobre nosso planeta, de modo que todos os fenmenos fsicos, biolgicos, psicolgicos e sociais se encontram na dependncia dos movimentos dos planetas, do Sol, da Lua, da abbada estelar, assim como da posio das constelaes do zodaco, dos planetas e tambm de conjunes planetrias. No s defendem os astrlogos essa unersal causalidade astronmica sobre a Terra, mas tambm pretendem possuir uma chave para a previso de acontecimentos futuros. 1.2. Quatro axiomas bsicosAnalisando as especulaes e as sistematizaes filosficas da astrologia no pensamento platnico e aristotlico, podemos descobrir quatro axiomas fundamentais dessa pseudocincia:1) A matria celeste incorruptvel e imutvel, essencialmente diferente da matria terrestre (sublunar), que corruptvel e mutvel.2) Princpio de hierarquia: tudo no mundo sublunar depende da matria celeste. Todos os processos e movimentos na Terra so causados pelos corpos celestes.3) Princpio da causalidade motora de Aristteles: todo corpo s se move localmente se atuado por outro corpo (o motor) e o movimento s existe enquanto dura a ao do motor. (3)4) Todo o universo astronmico obedece a uma rigorosa periodicidade. Este o axioma do tempo cclico do paganismo, to bem formulado por Plato (4).A distino entre as duas matrias (a celeste e a terrestre) tem sua origem nas religies pags, marcadas por um essencial imanentismo do divino na ordem material. Pois, ou os corpos celestes eram encarados como deuses, ou o mundo astronmico era considerado como habitculo de deuses e semi-deuses. Conseqentemente a matria celeste deveria ter uma consistncia especial, i., no poderia ser mutvel ou corruptvel, semelhana da matria sublunar. Aristteles chega a dizer que a matria celeste divina e sua substncia consiste num quinto elemento, a quinta essncia, o ter imutvel.(5) O mundo terrestre palco da corrupo e da morte, ao passo que o mundo dos deuses perene, incorruptvel, sujeito a um tempo cclico sem comeo e sem fim (6). V-se muito bem estabelecida essa distino no sc. VI a.C. na escola pitagrica; sua justificao est em que o universo astronmico considerado como o Olimpo do Panteon grego. Em larga medida, podemos dizer que as religies pags so siderais. Dessa superioridade divina do mundo astronmico decorre a inexorvel dependncia dos acontecimentos terrestres em relao aos acontecimentos astrais: o mundo dos deuses, mundo dos imortais, domina os acontecimentos da humanidade mortal. Toda a astrologia depende do primeiro axioma. Negar essa distino derrubar todo o edifcio astrolgico. No sc. XVII, Sir Isaac Newton, com sua teoria da gravitao, fez implodir este secular erro ontolgico. A Fsica e a Astronomia newtonianas fizeram da matria celeste e da matria terrestre uma coisa s. A pretenso, dos astrlogos, de que a astrologia uma cincia, foi derrubada de um s golpe com o nascimento da Fsica e da Astronomia newtonianas no sculo XVII. A cincia moderna radicalmente infensa s especulaes astrolgicas. A incompatibilidade entre a Astronomia e a Fsica, de um lado, e a astrologia, de outro, simplesmente total. Quem hoje acredita em horscopos e elucubraes astrolgicas um ignorante vivendo antes do sc. XVII, ou um charlato que vive s custas desse tipo de indivduo ignorante, crdulo e retrgrado. 1.3. Uso da Matemtica?Quais so as leis da astrologia? Os astrlogos reivindicam o status de cincia para esse corpo de idias. Mas que cincia? Ns sabemos que a cincia um corpo de idias dedutivo com base em princpios necessrios; sua estrutura dedutiva permite a inferncia lgica de leis verificveis experimentalmente. Os princpios bsicos de uma teoria cientfica, antes da confirmao experimental, so as hipteses criadas pela (por assim dizer), adivinhao do pesquisador. na adivinhao de hipteses, a qual no obedece a algum mtodo pr-eelecido, que reside a operao mais importante da pesquisa cientfica. Nessa operao que se revela a inteligncia do cientista. Uma disciplina cientfica deve ter axiomas ou princpios bsicos e leis experimentalmente verificveis deduzidas a partir daqueles princpios. Isto acontece com a astrologia? Vimos os quatro axiomas bsicos da astrologia. Suponhamos que sejam vlidos e esqueamos a ambio, dos astrlogos, de poder prever acontecimentos psicolgicos e sociais. Como temos a ver com causalidade de realidades materiais, a matematizao se faz necessria para haver previsibilidade, via deduo causal, a partir dos axiomas. Como o nexo causal entre astros e Terra tem um carter totalitrio, pois toda a Fsica e Qumica da Terra estaria determinada pelo universo astronmico, a matematizao teria de ser muito mais vasta e complexa do que a de qualquer teoria fsico-matemtica moderna.Quais so as teorias fsico-matemticas da astrologia? Os astrlogos nada nos ensinam sobre isso; do sempre testemunho de nada saberem de matemtica e no pertencerem a algum Departamento de Matemtica ou de Fsica de Universidade. Eles constituem uma classe alheia comunidade cientfica. Portanto, inexiste cincia astrolgica. 2. SAGRADA ESCRITURA E TRADIO2.1. A Escritura SagradaO primeiro axioma da astrologia, o da diferena essencial entre a matria celeste imutvel e a matria terrestre perecvel, ignorado na Bblia e negado num dos salmos. O salmo 101, vs. 26-28 diz:"Outrora fundastes a Terra, e os cus so obra de vossas mos. No obstante, vo deperecendo e vs permaneceis; desgastam-se todos eles como uma veste, como roupa os mudais e mudados ficam; mas vs sois sempre o mesmo e vossos anos no tero fim".Como vemos, a Sagrada Escritura encontra eco nas disciplinas modernas da cosmologia, astrofsica e astronomia, que falam eloqentemente da mutabilidade no domnio das galxias, das estrelas, dos planetas, das nebulosas, enfim, de todo o universo. A astrologia, com seu postulado da diferena entre matria celeste imutvel e matria terrestre, est inteiramente fora de contexto da Sagrada Escritura. Nesta, ambas as matrias so corruptveis.H uma passagem no Gnesis, que, no negando explicitamente qualquer influncia dos corpos celestes na vida humana, contudo relaciona o Sol, a Lua, os corpos celestes com a ordem humana, apenas na linha de serem sinais para a cronologia e para a iluminao:"Haja luzeiros na abbada do cu para distinguir o dia da noite, e sirvam eles para sinais e marquem as estaes, os dias e os anos; e brilhem na abbada do cu para projetar luz sobre a Terra". "Portanto Deus fez os grandes luzeiros: o luzeiro maior para dominar o dia e o luzeiro menor para a noite e as estrelas; e colocou-os na abbada dos cus para que luzissem sobre a Terra, e para que presidissem ao dia e noite, e separassem a luz das trevas" (Gn 1, 14-18).Contra a pretenso dos astrlogos de conhecerem as influncias planetrias e estelares sobre a Terra, diz o livro de J:"Conheces as leis dos cus e dars razo da sua influncia sobre a Terra?" (38, 33).Com respeito a fenmenos astronmicos como passagens de cometas, conjunes planetrias, etc., diz o profeta Jeremias:"No imiteis o procedimento dos pagos; nem receeis os sinais celestes como os temem os pagos. Pois as leis desses povos so apenas coisas vs" (10,2).Parece claro que pressgios astrolgicos so rejeitados pela Bblia, e as leis que envolvem tais sondagens, so obra da gentilidade, obra de vacuidade. E que nos diz o profeta Isaas? Eis suas palavras irnicas para o rei da Babilnia:"Esbanjaste teus esforos entre tantos conselheiros. Que eles ento se levantem e te salvem, aqueles que preparam o mapa do cu e observam os astros, que comunicam cada ms como iro as coisas" (47, 13). 2.2. A Patrstica ([1]) Os Padres da Igreja, do sc. II ao sc. VIII, na sua confutao do pensamento gentlico, so unnimes em rejeitar a astrologia; esta visualizada segundo o esprito da Sagrada Escritura:1) Taciano (sc. II) Relaciona a astrologia com a religio sideral. Considerando-se que os dolos dos gentios, conforme a Sagrada Escritura, so demnios, Taciano afirma que os demnios esto ligados aos corpos celestes e que exercem uma conduta irracional sobre a Terra. Os pecadores esto sujeitos ao desses demnios; da seus horscopos (7).2) Tertuliano (+ aps 220) Diz que a astrologia tende idolatria, sendo inveno dos demnios (8).3) S. Gregrio Nazianzeno (+390) - Diz que a astrologia perigosa para muitos e condena os horscopos (9).4) S. Cirilo de Jerusalm (+386): "Ns no vivemos segundo os horscopos e a conjuno dos astros, como os astrlogos delirantemente acreditam". "No devemos dar crdito aos astrlogos, pois deles disse a Sagrada Escritura... Is 47, 13 (10).5) S. Gregrio de Nissa (+394) Defende o livre arbtrio contra o fatalismo astrolgico. Reduz ao absurdo a idia de que a posio das estrelas no nascimento determina o destino dos homens (11).6) S. Joo Crisstomo (+407) As profecias dos astrlogos so produto do demnio. Argumenta contra aqueles que acham as previses astrolgicas bem sucedidas nos seguintes termos: quem abandona a f e se entrega aos astrlogos, leva os demnios a dispor dos fatos a fim de que aconteam para o agrado dessas pessoas. Diz ainda que a astrologia uma doutrina perversa (12).7) Sto. Agostinho (+430) Diz que se libertou dos grilhes da astrologia aps sua converso. Prope argumentos contra os horscopos tirados das experincias de amigos e cita o caso dos gmeos Esa e Jac (Gn 25, 19-28), que nasceram sob mesmas condies planetrias e tiveram histrias radicalmente diferentes (13).8) S. Joo Damasceno (+749) Ao abordar a passagem do Gnesis que trata dos astros como sinais, nega que esses sinais possam ser considerados como causas dos acontecimentos sublunares. Nega, portanto, o princpio de causalidade astrolgico.3. O FIM E A PARADOXAL PERSISTNCIA DA ASTROLOGIA3.1. O Fim da AstrologiaNo incio deste trabalho, indaguei sobre as leis da astrologia. Contestei a pretenso daqueles que querem ver na astrologia uma cincia, porque lhe faltam as condies que determinam a especificidade de uma cincia. Essas condies so sobretudo as leis deduzidas dos axiomas fundamentais e que podem ser verificadas experimentalmente. Mas essas leis devem abranger os nexos causais, e, como temos a ver com a ordem material, esses nexos causais devem ser formalizados matematicamente. Ora isto os astrlogos no o exibem. E por qu? Porque no o podem. E no o podem, pois no sabem o porqu da natureza desses nexos causais imaginados entre os astros e os acontecimentos sublunares, ignorando assim sua formalizao matemtica. Vejamos.Qual a relao matemtica entre uma conjuno de planetas, vg., Jpiter-Saturno e o nascimento de Joozinho no dia 5 de outubro? Os antigos pagos pensavam que era no nascimento que comeava a evoluo de um ente humano. Mas hoje sabemos que a morfognese do indivduo determinada no momento da concepo, quando se constitui seu cdigo gentico inserido em cadeias moleculares, o clebre DNA. Nessas cadeias moleculares esto contidas todas as informaes biolgicas que levaro o indivduo a ser, digamos, louro com tendncias a introspectivo ou no, etc. No momento da sua concepo, Johan Christian Bach recebeu os fatores hereditrios de seu pai Johan Sebastian, que o levariam a ser um grande compositor. Foi na concepo que Johan Christian recebeu o poder para ser msico e no no nascimento. Por conseguinte, se existe ao astral, ela deve ser efetiva no instante da concepo, e no no do nascimento. Os astrlogos continuam a operar como se estivessem na Babilnia. Todavia, para se atualizarem, consideram a ao dos astros como sendo do tipo gravitacional ou magntico. Bem; como disse antes, se existe ao astral, ela deve-se verificar no instante da concepo. Ora, os processos moleculares que constituem o cdigo gentico, obedecem aos princpios da teoria quntica. Se a ao astral do tipo gravitacional, devemos dizer que os astrlogos so totalmente ineptos para tirar concluses a. Pois se sabe na comunidade cientfica que ainda no existe uma teoria fsica que associe a teoria quntica com a teoria da gravitao. Suponhamos agora que a ao seja magntica. O fator "distncia" deve ser considerado, pois o campo magntico produzido, digamos por Jpiter, devido distncia, muito inferior ao campo magntico da Terra. Isto quer dizer: se o campo magntico que influencia a concepo de Joozinho, ento esse campo tem de ser o do nosso planeta e no o de Jpiter, que aqui tem um valor muito inferior ao do campo magntico terrestre. Falei no fator "distncia". Isto se aplica tambm ao campo gravitacional. A influncia das estrelas que esto a anos-luz distantes do sistema solar insignificante, se comparada influncia do campo gravitacional produzida pela massa do pai de Joozinho, prxima do vulo fecundado, mesmo alguns metros distante. Com respeito aos planetas com distncia de minutos-luz ou horas-luz da Terra, os clculos mostram que os campos gravitacionais planetrios mais significantes so os de Jpiter (por causa da sua massa 320 vezes a massa da Terra) e Vnus (por ser o planeta mais prximo). Fazendo-se os clculos numricos para a maior aproximao desses planetas em relao ao nosso, se chega concluso de que seus campos gravitacionais aqui na Terra seriam da ordem de grandeza do campo gravitacional produzido pelo pai de Joozinho a centmetros do zigoto do futuro herdeiro. Os campos gravitacionais dos outros planetas seriam bem mais fracos que o do pai de Joozinho. E o das estrelas a anos-luz distantes seria totalmente insignificante. Conseqentemente os astrlogos deveriam fazer horscopos substituindo os planetas e estrelas pelos corpos do pai, da cama, da mesinha de cabeceira, da massa de concreto da laje do quarto,etc. Os campos gravitacionais desses objetos, de si com valor numrico muito baixos, so muitssimo superiores aos campos gravitacionais locais produzidos pelos muito distantes planetas e incrivelmente distantes estrelas. Como vemos, os astrlogos, ao insistirem na influncia dos astros, esto vivendo antes do sculo XVII, quando no havia o mnimo conhecimento das distncias planetrias estelares. Os astrlogos, se quisessem ser um pouco mais cientficos, teriam de conhecer o instante da concepo de Beldroegas, o quarto em que seu vulo foi fecundado, a distribuio de massas perto do vulo, tais como a massa das pessoas, dos objetos caseiros, das paredes, da laje, das vigas, etc. Os horscopos deixariam de ser celestes para ser terrestres. Como terrestres, e muito terrestres, seriam as explicaes para o futuro enriquecimento do Dr. Beldroegas em sua "carreira" poltica. Assim, pois, no pode haver leis da astrologia, ou seja: no existe cincia astrolgica. Esta no passa de fabulosa impostura de homens alheios comunidade cientfica, obra de mestres em fraude e mistificao. 3.2. Paradoxal Persistncia Apesar de todas as demonstraes cientficas em contrrio, verifica-se que a sociedade contempornea continua a procurar assiduamente os arautos da astrologia. Por qu? Quero aqui emitir uma reflexo:"O nmero de nscios infinito", diz o Eclesiastes (1,15 Vg). Isto significa que as pessoas de bom senso sero sempre minoritrias. Portanto, no nos surpreendemos se em nossos dias, apesar dos progressos da cincia e da tecnologia, o povo em sua maioria propenso a acreditar em charlates. O fsico americano Wheeler se lamentava de existir nos Estados Unidos apenas dois mil astrnomos contra vinte mil astrlogos.Na ltima e deprimente campanha eleitoral para a presidncia desta Repblica, vimos como vrios dos muitos candidatos andaram consultando gurus e videntes. H pouco tempo, a imprensa noticiou declaraes de pessoa da rea governamental, no sentido de ter feito oferendas a dolo de seita africana. No s em "repblica de opereta" a crendice entre polticos aparece. H alguns anos, a imprensa noticiou que na Casa Branca servios de astrlogos eram solicitados. Na "Nomenklatura" sovitica os poderosos do Kremlin tambm apelavam para gurus e sensitivos da adivinhao.([2]) 4. CONCLUSO Nesta anlise histrico-crtica procurei evidenciar a origem dos postulados fundamentais da astrologia situados nas religies gentlicas e no pensamento filosfico de homens como Plato e Aristteles. O imanentismo do divino no mundo astronmico e as falsas Fsica e Astronomia de Plato, mxime de Aristteles, infestaram o pensamento das cincias naturais ao longo dos sculos. Mostrei que, com base nesses postulados, no pode existir uma cincia da astrologia, o que significa a impossibilidade de verdadeiras previses astrolgicas. O fato histrico da contestao da Fsica aristotlica e as crticas las de Nicolau de Oresme, no sculo XIV, enfraqueceram no meio universitrio o prestgio dos astrlogos, sendo que a Revoluo Cientfica do sc. XVII desferiu um golpe mortal na astrologia: deu-se a queda definitiva do primeiro postulado, o da distino entre matria terrestre e matria celeste, graas teoria da gravitao e Fsica de Newton. Mostr como a Astronomia, a Fsica e a Biologia tornam impossveis e absurdos os horscopos.A astrologia subsiste at hoje por razes morais e psicolgicas. Os argumentos cientficos e de bom senso contra a astrologia so abundantes, e, no obstante, a astrologia tem exercido um fascnio inacreditvel sobre poderosos e multides. Quero aqui apresentar fatos recentes contestadores das reivindicaes dos astrlogos.Andrew Fraknoi, da "Astronomical Society of the Pacific", (14) nos relata investigaes estatsticas realizadas nestes ltimos anos, que negam a existncia de nexos causais entre os astros e os fatos humanos. Vejamos algumas:Os astrlogos afirmam, com base nos signos astrolgicos, que podem prever a compatibilidade ou a incompatibilidade entre pessoas. O psiclogo Bernard Silverman, da Universidade do Estado de Michigan, analisou as datas de nascimento de 2.978 casais em vias de casamento e outros 478 a caminho do divrcio. Ele comparou as predies astrolgicas com os dados reais e no achou confirmao.O fsico John McGervey, da "Case Western Reserve University", analisou aniversrios e biografias de 6.000 polticos e 17.000 cientistas, a fim de ver se estas profisses se agrupavam em torno de certos signos, conforme as predies dos astrlogos. McGervey verificou que ambos os grupos se distribuam em torno dos signos, de modo completamente aleatrio.O estatstico francs Michel Gauquelin enviou o horscopo de um dos piores assassinos da Frana a 150 pessoas, perguntando como elas se encaixavam no dito horscopo, no revelando obviamente a origem do mesmo. Resultado: 94% das pessoas se reconheciam a descritas.Os astrnomos Roger Culver e Philip lanna analisaram 3.000 predies astrolgicas publicadas por conhecidos astrlogos e organizaes astrolgicas durante cinco anos. Essas predies se referiam a personagens famosos, como artistas de cinema e polticos. Os astrnomos verificaram que apenas 10% das previses podiam ser aceitas. Tal resultado podia ser obtido por mero palpite de bom senso. Se 90% das predies astrolgicas no se realizam, isto sinal evidente de que tais predies no obedecem a alguma lei de causa-efeito.Os fatos estatsticos analisados nestes ltimos anos confirmam a anlise terica que apresentei: no existem leis da astrologia; no existe uma teoria lgico-causal que possa fazer da astrologia uma cincia e, por isso, suas previses so pura mistificao. REFERNCIAS 1. Ren Labat. La Msopotamie, in Histoire Genrale des Sciences. Pres-ses Universitaires de France. Vol. I. 1956.2. J.A. Wheeler. O laboratrio contra a fraude e a mistificao. O Estado de So Paulo, 29-7-1979.3. Aristteles. Fsica. LVII, 1, 241b;2, 243a.4. Plato. As Leis, VII, 822; Timeu, 37.5. Aristteles. Tratado do Cu, /, 9; I, 10; II, 1; II, 7.6. Aristteles. Metafsica, Livro Teta.7. Taciano. Discurso contra os Gregos.8. Tertuliano. Da Idolatria, IX.9. S. Gregorio Nazianzeno. Em Louvor do Irmo Cesrio.10.S. Cirilo de Jerusalm. Sobre a Penitencia.11.Johannes Quasten. Ibid.12.S. Joo Crisstomo. Homilia 75 sobre o Evangelho de So Mateus.13.Sto. Agostinho. Confisses, L. VIIAndrew Franknoi. Your Astrology Defense Kit. Sky and Telescope, 78, 146(1989).[1] Patrstica a doutrina dos Padres da Igreja, autores que nos oito primeiros sculos contriburam brilhantemente para a correta formulao de grandes verdades da f. Gozam de especial autoridade na Teologia. (Nota do Editor).[2] A respeito do contraste de nossa poca, em que a astrologia e solues mgicas pululam num contexto de cientificismo dito "ateu", escreve o Pe. Paul-Eugne Charbonneau:"O homem, pretendendo ser totalmente autnomo e, por essa razo, negando qualquer vnculo com o Absoluto, acaba por se precipitar em cultos substitutivos que o mais desenfreado dos espritos supersticiosos encoraja, provoca, promove e defende. Quando Garaudy afirma que no o atesmo que caracteriza nossa poca, mas antes a superstio, tem toda a razo. A prova disso est no pulular infra-racional dos ocultismos, das parapsicologias, das astrologias, dos espiritismos, dos cultos mistaggicos, etc. Tantas panacias que pretendem salvar o homem do absurdo. Este to virulento, ameaa to profundamente o ser humano que contra ele todos os recursos parecem ser bons" (O Homem Procura de Deus, Ed. Loyola 1984, pp. 248s).A nota 109 da mesma pgina observa: "Um duplo fenmeno marca a nossa civilizao, sobretudo nestes ltimos anos: o renascimento do misticismo religioso e o renascimento das cincias ocultas. Existe indubitavelmente o que Edgar Morin, aps muitos outros, assinala como uma persistncia e ressurgncia, por exemplo, da astrologia".Estas observaes pem em foco o problema: o homem que perdeu a f em Deus, cria inconscientemente seus deuses, nos quais deposita a sua f. (Nota do Editor).