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vitória Ano IX Nº 109 Setembro de 2014 vitória REPORTAGEM E agora? As respostas nas urnas CULTURA A ginga da capoeira ATUALIDADE Revista da aRquidiocese de vitóRia - es IGUAIS OU DIFERENTES?

atualidade IguaIs ou dIferentes? - aves.org.braves.org.br/wp-content/uploads/2014/09/RevistaVitoriaSetembro2014... · ós somos iguais ou diferentes dos outros? Possuímos mais seme-lhanças

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vitóriaAno IX • Nº 109 • Setembro de 2014

vitória

RepoRtagem

E agora? As respostas

nas urnas

CultuRa

A ginga da capoeira

atualidade

Revista da aRquidiocese de vitóRia - es

IguaIs ou dIferentes?

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logoSONORA.pdf 1 29/08/12 16:33

Tecnologia em áudio para sua igreja!

av. carlos lindemberg, 6231, loja 06, cobilândia, Vila Velha - escep: 29111-165 | Telefone: (27) 3286-0913

e-mail: [email protected]

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vitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

vitóriaAno IX – Edição 109 – Setembro/2014Publicação da Arquidiocese de Vitória

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispos Auxiliares: Dom Rubens Sevilha, Dom Joaquim Wladimir Lopes DiasEditora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850 • Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 • Ilustrador: Rennan Mutz, Silvander Honorato• Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica 4 Irmãos - (27) 3326-1555

04 editorial

08 atualidade

14 entrevista

22 CoMunidade de CoMunidades

30 CaMinhos da BíBlia

41 arquivo e MeMória

Pensar

Micronotícias

Mundo litúrgicoOelencodasleiturasdamissa

esPiritualidadeSereiscomodeuses

rePortageMeagora?

asPasRubemAlves

ViVer beMOsideaisquebuscamosnotrânsito

ideiasSenostratassemassimsimplificadamenteficaríamostodosmuitoofendidos

diálogosMeuSenhoremeuDeus

Prática do saber Prevençãoeorientaçãoparaasaúde

arte sacraOsarcos

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reflexões Bíblia,vidacristãeeleições

esPecialNamoronaadolescência

ensinaMentosBemcomum

cultura caPixabaCapoeira

acontece

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Maria da Luz FernandesEditora

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Dois grandes temas são abordados nesta edição: a postura dos jovens que mobili-zaram o Brasil em 2013 conclamando a

população com o “vem prá rua” e o questionamento sobre as igualdades e diferenças entre os humanos. No primeiro você talvez se surpreenda como eu. Tem juventude “de olho” na política sim e, quer ver as pautas levantadas nas mobilizações transformadas em projetos de governo. Na segunda você, leitor vai perceber ou confirmar o quanto os humanos são iguais na essência e, que mesmo buscando acentuar as diferenças, o fazem de maneira semelhante. Enfim, únicos, mas necessitados da convivência, diferentes, mas semelhantes humanos!

fale coM a gente

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Busca pelo dIferente

editorial

Pensar

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diálogos

Na segunda metade do século passa-do eu ouvia algumas expressões de

pessoas descontentes com as atitudes de membros da hierarquia da Igreja Católica sobre questões sociais. Para justificarem que eram católicas, diziam que a Igreja delas era a do papa e não aquela que estava na sua região. Mal sabiam que o ensinamento social tem a autoridade do magistério da Igreja. Porém, estas expressões, “minha igreja” e “meu Deus”, vêm manifestando algo que chama a atenção do catequista, do professor de teologia, dos párocos, uma vez que em virtude da missão a eles concedida de ensinar, formar a consciência cristã e eclesial das pessoas de fé cristã, não podem ignorar que tais expressões manifestam um fenômeno comportamental e ideoló-gico que pode se transformar numa nova cultura religiosa de nossos tempos. É uma espécie de cultura do indivíduo que gera o individualismo. Aliado a isso, hoje, cultua--se o corpo com um cuidado tão especial como que um autoelogio e veneração de si mesmo. Cuidar de si é realmente muito importante, mas sem se fechar ao outro. Ora, uma religião que tem o seu sen-tido no Amor, na doação de si não poderá coabitar com este estilo de vida voltado

e meu Deusmeu SenhoR

“Ora, uma religião que tem o seu sentido no Amor, na doação de si não poderá coabitar com este estilo de vida voltado para si.”

revista vitória Setembro/20146

Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc.arcebispo Metropolitano de Vitória eS

para si. Toda a proposta comu-nitária soa como absurda para quem vive cultuando o seu corpo como expressão inconsciente de uma espiritualidade. A pessoa precisa sair bem na foto! Com esta base de auto-compreensão de si mesma, ela elabora uma espiritualidade que justifique uma espécie de narcisismo, um “narcisismo teológico” que gera a espiritualidade individualista: “eu e Deus e mais ninguém”. Esta forma de religiosidade desvia-se da piedade popular, que é profundamente solidária, como autêntica expressão reli-giosa, a qual no cântico da ladai-nha soa a força do povo “tende piedade de nós”. Esquece-se que “o eu”, a pessoa só é feliz quando é um “ser em relação”! Eu e tu que desembocam no nós, como um riacho que se abre para o outro riacho, e, juntos compõem o rio. A autossatis-fação empobrece a si mesma, empobrece o outro. A religião cristã tem sua razão de ser, na Trindade, Deus que é um e único e se revela para nós como Comunhão em Três Pessoas distintas. O cul-to de si mesmo choca-se com o Mistério de nossa origem e destino Trinitário, plenitude de realização de nós mesmos por toda eternidade! Hoje predominam no mun-do, de modo geral, os sistemas políticos sociais que chamamos

de Socialismo de Estado e Capi-talismo. São sistemas fechados sobre si mesmos que acabam ge-rando ora o egoísmo do estado, ora o individualismo capitalista. Estas experiências sociais têm sua influência direta na religião e na vida da sociedade. Vemos todos os dias concorrências desi-guais entre pessoas e desconhe-cimento do Bem comum. Nossos lares são invadidos pela propa-ganda individualista e desafiam nossa vocação comunitária como família! Consequentemente, a ex-pressão religiosa de alguém que bebeu deste “veneno”, se não houver uma educação para fora de si, para o outro, o Grande Outro, Deus, corre-se o risco de cair ou proclamar um novo tipo de idolatria. Usa-se Deus como “meu servo” que deve “me aten-der” em todos os meus pedidos. Usa-se Deus de acordo com as necessidades individuais, uma atitude pagã! Por isso quando o indivíduo faz este tipo de uso religioso é o mesmo que dizer “meu Deus” ou “meu ídolo” que domino. Consequentemente o indivíduo idólatra, passa usar a Igreja como mercado de consu-mo religioso que o abastece da-quilo que necessita para aquele momento. Quando o individualismo predomina, até os símbolos, as vestes litúrgicas que expressam a eclesialidade de povo de Deus

orante, podem ser usadas para servir a vaidade e o autoelogio. Corre-se até o risco de fazer das vestes sacras, sinais que reverenciam eclesialmente o mistério celebrado, a entroniza-ção daqueles que deixam de ser servos e servidores chamando a atenção para si mesmos e não para o Senhor e Único Senhor! A proposta cristã é radi-cal. Jesus veio ensinar-nos e revelar-nos o Caminho de rea-lização pessoal e comunitária. Ensina-nos que o semelhante é parceiro para sairmos de nós mesmos e descobrirmos o “nós”, na realização do Reino de Deus. Ensina-nos que Deus não é um ídolo ou objeto que obedece ao meu comando. Deus é Amor! É através de Jesus que aprendemos um Caminho diferente e único para sermos felizes. É o Cami-nho do Amor. O meu semelhante é meu parceiro não é meu servo. Jun-tos aprendemos, com Jesus, a sair de nós mesmos. Deus é o Senhor revelado na Pessoa de Jesus Cristo, Nosso Senhor! Po-demos e devemos dizer como São Tomé: “Meu Senhor e Meu Deus!” Podemos dizer com ale-gria “minha Igreja”, na qual e pela qual vivo. Meu Deus, do qual vivo como filho e membro de uma Família, a Família de Deus.

revista vitóriaSetembro/2014 7

atualidade

Nós somos iguais ou diferentes dos outros? Possuímos mais seme-

lhanças ou diferenças entre nós? Como lidamos com as sensações de sermos diferentes ou idênti-cos a outras pessoas? Perguntas como essas têm gerado debates intensos na psicologia desde a sua fundação, no fim do sécu-lo dezenove. De lá para cá, a

psicologia identificou muitas semelhanças e diferenças nos comportamentos e pensamentos dos indivíduos. Parece que aquilo que nos diferencia dos outros animais, ou seja, possuirmos uma consciência em um grau comple-xo, também torna mais complexa a questão: quando pensamos, estamos agindo em conformi-dade com os outros ou estamos

fazendo uso do livre arbítrio? Um dos mais fortes argu-

mentos a favor do livre arbítrio aponta que só possuem uma mente consciente aqueles que são capazes de se diferenciarem e se individualizarem através do ato reflexivo. Assim, a afirmação do ato humano se daria essen-cialmente pela diferenciação do indivíduo em relação aos seus

iguaisou Diferentes?

revista vitória Setembro/20148

atualidade

pares. Em oposição à premissa da escolha, psicólogos sociais perguntam: quem já não dese-jou ardentemente ser igual a um grupo social? O sentimento de pertencimento coletivo é uma das forças mais atuantes sobre o nosso comportamento.

A psicologia social desco-briu que nós estamos o tempo todo observando atentamente nossos amigos, parentes, colegas e até os nossos ídolos e pesso-as que admiramos à distância. Pessoalmente, pela televisão, pela tela do computador ou do smartphone nossa vida é media-da pela observação e cópia dos comportamentos e gestos alheios. Somos seres individuais, certa-mente, mas também coletivos. Mas, então, como a psicologia estabelece um consenso a res-peito dessas questões?

A articulação entre os as-pectos coletivos e individuais de nossas personalidades não é tarefa fácil, mas pode ser feita. Uma tentativa parte de dois con-ceitos mais ou menos recentes desenvolvidos pela pesquisa em psicologia: o self semiótico e o self dialógico. “Self” é como a psicologia denomina a consci-ência de si, ou autoconsciência. Somos a única espécie que sabe – e, consequentemente, pode se sentir bem ou mal por isso. Essa capacidade, conforme a teoria do self semiótico, nos coloca na posição ímpar de produzirmos

sentidos e significados únicos e originais no mundo. Dizendo de outra forma, essa teoria legi-tima as escolhas individuais que fazemos o tempo todo na vida.

Essas escolhas são múl-tiplas, daí a escolha do termo “semi”. E referem-se a múltiplas formas de ver o mundo, por isso “semióticas”. Segundo a perspec-tiva semiótica, afirmamos nossa capacidade humana sempre que fazemos escolhas e com isso nos individualizamos. Mas, se nossas escolhas são individuais, isso não quer dizer que sejam totalmente livres. Se queremos nos fazer entender – e isso é crucial para a afirmação do nosso próprio ponto de vista, já que legitimamos nos-sa subjetividade através do olhar do outro – precisamos falar uma linguagem compartilhada com os outros. Dialogar implica no mínimo dois: duas pessoas, dois entendimentos, duas perspecti-vas. E entre tais perspectivas, só haverá compreensão quando a linguagem se constituir em um espaço de intersecção. Essa in-tersecção só é possível quando os códigos são comuns.

A teoria do self dialógico, assim, complementa a teoria do self semiótico porque deter-mina que a legitimação do ato

reflexivo individual se dá pela compreensão do outro. Dessa forma, a psicologia explica no ato reflexivo pessoal a necessi-dade de sermos originais e úni-cos, mas na compreensibilidade e no compartilhamento do ato comunicativo, a necessidade que temos de não estarmos sós. Co-locando de outra forma, quere-mos ser únicos para garantirmos que temos escolha e autonomia. Mas queremos que essa escolha esteja reconhecida e chancelada em um sistema compartilhado, podendo assim reconhecer-nos nos outros e reconhecê-los em nossos atos. Queremos ter esco-lha para depois usá-la para estar junto aos outros.

Desejamos a originalidade para exercê-la através da seme-lhança com quem convivemos. E afirmamos nossa individuali-dade através das similaridades alheias. Finalmente, a resposta da psicologia às questões sobre nossas diferenças e semelhanças indica que o ato de ser diferente está profunda e estruturalmente ligado às semelhanças que es-tabelecemos no contato social e somente através dele alcançamos a originalidade.

Adriano JardimDoutor em Psicologia e professor da UFES

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arte sacra

Para falar sobre “arcos”, partiremos do princípio da linguagem simbóli-

ca universal, onde as figuras geométricas, círculo e quadrado, são, desde os tempos primitivos, símbolos da experiência humana na sua relação com o sagrado. O círculo, sinal do divino, significa perfeição, harmonia e unidade; é um movimento cíclico, fora do tempo e é a primeira manifestação do centro. O centro de tudo, para o cristão, é o próprio Deus, que se revela em Jesus Cristo.

Raquel Tonini, membro da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese de Vitória e Grupo de Reflexão do setor espaço

celebrativo da comissão Litúrgica da cNBB

Do latim arcus, o arco é um elemento construtivo em curva, emoldura a parte superior de um vão (abertura ou passagem) ou reentrância, normalmente em al-venaria. Tem grande aplicação na arquitetura e engenharia, como portas, janelas, pontes, aquedutos, abóbadas, barragens, etc. Surge com as civilizações antigas, mas os romanos serão os responsáveis pelo seu uso em grande escala. Ali se propaga o arco pleno, isto é, a metade do círculo. Este será usado em toda a Antiguidade até o final do primeiro milênio cristão e será uma característica do estilo Românico, como do Renascimento mais tarde. Por altura do estilo gótico, já teremos o arco ogival. Assim, ao longo da história, o arco apresentará muitas variações, úteis à identificação e classificação de vários movimen-tos artísticos e arquitetônicos. Como elemento simbólico, os arcos nos remetem ao sagrado

e, por isto, sobretudo os chama-dos arcos plenos, fazem tanto bem ao nosso olhar, dando-nos uma grande sensação de conforto, de “estamos em casa”. Os arcos da parte posterior ao frontispício do Convento São Francisco, na área da Cúria, na Cidade Alta, pare-cem se “desprender” do restante da construção, o que faz dele um diferencial com relação a outros conventos, que têm o alpendre e os arcos mais integrados. No Convento São Francisco, os ar-cos não só faziam a “transição entre o interior e o exterior do Convento”, mas eram utilizados também na realização de festas e leilões, como se refere Andrea Della Valentina, na dissertação de mestrado em 2009. Eles estão bem perto de nós e podem ser visitados. Façamos a experiência ao vivo!

Os arcOs

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Micronotícias

sem lixões

a culpa é DO hOmem

Encerrou o prazo de quatro anos para que as cidades brasileiras se adequassem às regras da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que determina ações como a extinção dos lixões do país, além da implantação da reciclagem, reuso, com-postagem, tratamento do lixo e coleta seletiva nos municípios. As prefeituras com lixo a céu aberto podem responder por crime ambiental, com aplicação de multas de até R$ 50 milhões, além do risco de não receberem mais verbas do governo federal. Os prefeitos, por sua vez, correm o risco de perder o mandato. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, somente 2.202 municípios, de um total de 5.570, estabeleceram medidas para garantir a destinação adequada do lixo que não pode ser reciclado ou usado em compostagem.

O fator humano foi a maior causa do recuo das geleiras no mundo nos últimos 20 anos. A informação foi publicada na revista Science, a partir de estudos que levaram em conta os fatores naturais do aquecimento, como a atividade vulcânica e as variações solares, além das atividades humanas, como as emissões de gases causadores do efeito estufa e o uso do solo. Segundo o modelo estudado, de 1851 a 1989, cerca de 25% da massa perdida pelas geleiras resultou das atividades

geranDO energia em casaEm um futuro próximo, os brasileiros poderão utilizar a caixa d’água para gerar eletricidade em casa. Dois en-genheiros criaram a UGES (Unidade Geradora de Energia Sustentável), que pode ser utilizada em qualquer caixa d’água, independente do ta-manho. Na prática, a UGES funciona como uma miniusina hidrelétrica. O sistema usa a pressão da água que vem da rua para abastecer a

caixa para geração de energia. Ao entrar pela tubulação para abastecer a caixa, a água que vem da rua é pressurizada pelo sistema gerador de energia, passando pela miniusina fixada e angulada na saída de água do reservatório. Para geração, arma-zenamento e distribuição de energia é necessária apenas a circulação de água, o que torna o sistema autos-sustentável.

restaurante futuristaJá imaginou entrar em um restaurante e ser servido por um robô? Na China isso é realidade. Dois robôs dão as boas-vindas à clientela e quatro pequenos androides levam às mesas seus pratos. Eles entendem cerca de 40 frases e ordens cotidianas, basta carregar as baterias por duas horas diárias para ter uma autonomia de cinco horas. Os robôs foram criados pelo dono do restaurante e custam cerca de 4.000 yua-nes, o equivalente a US$ 650. Para o criador, a invenção o beneficia, pois as máquinas não ficam doentes, não tiram férias e o custo com cada robô é inferior ao salário pago aos funcionários de carne e osso.

sem excessOsPor seu alto valor protéico, a soja virou a queridinha das dietas, sendo consumida na forma de saladas, queijo, suco e leite. Mas o consumo em excesso do vegetal pode trazer riscos à saúde, já que ele possui compostos que inibem a absorção de nutrientes no organismo, além de fitoestrógeno, similar ao hormônio feminino que pode antecipar a puberdade em meninas. A quantidade recomendada de soja são de 25 a 30 gramas por dia, o que equivale a 1/2 colher de sopa cheia de grãos ou 1 fatia pequena de tofu. A literatura recomenda o consumo de soja apenas para crianças acima de dois anos (abaixo dessa idade, só por orientação médica).

antropogênicas. De 1991 a 2010, porém, essa proporção chegou a 69%. Os cientistas reproduziram o derretimento, segundo dois cenários diferentes: o primeiro, simulando ape-nas os fatores climáticos, como evoluções do sol e erupções vulcânicas; e o outro, unicamente fatores antropogênicos. Embora as geleiras armazenem menos de 1% da massa de gelo do planeta, seu derretimento foi a causa principal da elevação do nível dos mares no século XX.

revista vitóriaSetembro/2014 13

entreVistaMaria da Luz Fernandes

vitória - O senhor postou no Facebook a frase: Ir é o que me faz permanecer. O que ela significa?Pe. Éder - Ela repre-senta a minha história vocacional missionária. Este mês eu completo oito anos de padre, mas já há mais de 12 anos eu estou na expe-riência missionária na Igreja-irmã de Lábrea. Em 2011 houve aquela grande crise humani-tária na Somália, onde muitas pessoas morre-ram de fome, e a CNBB lançou uma campanha nacional junto com a

que é terra de missão. O que o faz buscar uma nova experiência na África?Pe. Éder - Eu creio que uma Igreja só é rica quando ela apren-de a compartilhar a sua pobreza. A Prelazia de Lábrea é uma Igreja que caminha com difi-culdade no sentido de pessoas, recursos finan-ceiros, tem a questão do isolamento geográfico, porém é um lugar rico em beleza, em acolhi-da, os povos indígenas ribeirinhos são porta-dores de uma mística de resistência, uma es-piritualidade profunda que conjuga o modo do bem viver. Como surgiu essa necessidade maior, de países que estão no nordeste africano, nessa situação de fome que é muito mais gritante do que a nossa realidade, surgiu esse desejo, pes-soal, claro, e voluntário, a necessidade de parti-lhar a vida, de apenas ser mais um irmão no serviço humanitário no

Cáritas, SOS África. Naquela campanha eu percebi que a voz de Deus estava me falando não para escolher o país que eu desejava, mas para dar uma resposta àquela Igreja, àquele povo que necessitava. Somente o ide missio-nário me faz permane-cer naquilo que eu sou, na opção vocacional, na opção missionária. Se eu não for, eu vou dei-xar de ser, no sentido de não cumprir aquilo pelo qual eu me consagrei.

vitória - O senhor já atuava em Lábrea,

trabalho contra a fome. Aquilo que aprendi es-ses anos todos na Pre-lazia de Lábrea me fez também abrir os olhos para a realidade do mundo, porque o mis-sionário é aquele que não pode ter muro no seu coração. Cada co-ração humano é terra de missão.

vitória - Padre, missão é diferente de sentir-se missionário?Pe. Éder - Olha, a gente confunde missão com ação, com atividade. Missão é o próprio ser de Deus, Deus é missão. Jesus Cristo é a missão, a ternura, a compaixão do Pai. Quando nós estamos falando de missão, falamos da experiência básica do movimento do Espíri-to dentro de cada um de nós. Ela não pode ser simplesmente uma atividade, é uma experi-ência de sair de si mes-mo, ir ao encontro do outro sem perder a sua identidade e fazendo a

“a minha voCação não peRtenCe a mim meSmo”Padre Éder Carvalho fala sobre missão, vocação, suas experiências na Prelazia deLábrea e seu chamado para a missão de combate à fome na África.

revista vitória Setembro/201414

experiência da partilha, da comunhão de almas.

vitória - O senhor afirma que missão é experiência. Qual foi a experiência mais forte que viveu em Lábrea?Pe. Éder - Há uns anos atrás eu fui convidado para celebrar uma festa no lugar chamado Meio Mundo, e lá o povo di-zia que tinha um Santu-ário de Nossa Senhora do Desterro. Uma longa viagem pelo Rio Purus e mais algumas horas de canoa. Eu lembro como se fosse hoje, es-tava chovendo muito, e quando nós adentrá-vamos a floresta, pró-ximo de chegar nesse Santuário, o rapaz que estava conduzindo o barco falou: Olha padre, as seringueiras estão marcadas com marcas de tiros, porque os ribei-rinhos quando passam dão tiro de espingarda, como se fossem fogos de artifício saudando a imagem da Virgem. Quando nos aproxima-mos do local, o santu-ário era um tapiri, um casebre no meio da flo-resta, coberto de palha,

sem parede, e lá tinha uma imagem de Nossa Senhora do Desterro bem pequena. O local só tinha o Santuário e dois tapiris, mas muitas canoas chegavam, gente de tudo quanto era lugar aguardando a imagem. Uma senhora de mais de 90 anos, Dona Celeste, na hora de celebrar a Eucaristia disse: padre, nós não temos altar, como vamos fazer? Eu olhei o tambor de fari-nha e ali celebramos a Eucaristia, muito bem participada, uma expe-riência muito bonita de como eles se entregam nesse momento cele-brativo. Veja, era uma devoção de um povo há mais de 100 anos! E eu perguntei a Dona Celeste quando tinha sido a última vez que um padre havia cele-brado lá, ela olhou para mim chorando e disse que ali nunca havia ido um padre, eu tinha sido o primeiro padre a ir até lá. Eu a abracei, chorei e naquele dia eu entendi um pouco da minha vo-cação, porquê ser padre, porquê ser missionário. Eu estava diante de uma

comunidade que vivia de maneira Eucarística e que não tinha opor-tunidade de celebrar a missa por falta de mi-nistros ordenados, mas tinha a experiência, a espiritualidade Eucarís-tica encarnada no modo de viver, no cuidado de uns com os outros, na partilha da pesca, da farinhada, da quebra da castanha, ou seja, uma experiência muito profunda. Eu prometi a eles que depois daquele dia estaria lá pelo me-nos uma vez por ano, e todos os anos eu volto para celebrar.

vitória - A experi-ência da missão muda mais o missionário ou aquele que o recebe?Pe. Éder - O missio-nário é aquele que faz a experiência de saída de si mesmo, de ir ao encontro e partilhar a vida do outro, de ver os sinais de Deus em sua vida. Como diz o Papa Francisco, é você ter o cheiro das ovelhas, e para ter esse cheiro você precisa conviver com elas. Nós temos que olhar pro Cristo, Ele

“a minha voCação não peRtenCe a mim meSmo”“Só é missionário quem consegue fazer a experiência de descer até aquela realidade, até aquela pessoa que ninguém quer abraçar, que ninguém quer olhar, que ninguém quer cuidar e com ele fazer uma experiência de ser simplesmente um irmão.”

desce até a nossa reali-dade humana. Só é mis-sionário quem consegue fazer a experiência de descer até aquela rea-lidade, até aquela pes-soa que ninguém quer abraçar, que ninguém quer olhar, que ninguém quer cuidar e com ele fazer uma experiência de ser simplesmente um irmão, não aquele que vem como salvador da Pátria com a imagem de um falso messias. O missionário é simples-mente um irmão que sabe partilhar a alma, a vida e com certeza o missionário nunca volta do mesmo jeito. Quando ele vai e faz a experiência da partilha, ele traz no seu coração

revista vitóriaSetembro/2014 15

essa bagagem existen-cial da experiência de Deus. Muitas vezes a gente vai para a missão e acha que precisa levar muitas coisas, e quantas coisas que levamos que nem utilizamos, porque o que o outro espera é apenas a experiência da afetividade, do cuidado.

vitória - O senhor foi para Lábrea muito novo. Em algum mo-mento se arrependeu dessa escolha?Pe. Éder - É interessante porque algumas pesso-as perguntam se já não está na hora de voltar. Realmente, nas minhas primeiras experiências eu tinha 20 anos. Mas a missão em Lábrea para mim nunca foi um peso, só foi uma grande graça, por isso, voltar ou não, não depende de mim. A minha vocação não pertence a mim mes-mo, pertence a Deus e à Igreja. Por isso que ir é o que me faz permane-

cer, e essa experiência agora de como padre da Prelazia de Lábrea poder ajudar um pouco a partilhar a vida com o povo somálio, nessa experiência de combate a fome, nada mais é do que realizar a vontade de Deus.

vitória - O que mu-dou na sua vida por ter saído em missão tão jovem?Pe. Éder - A minha identidade foi amadu-recida, muda a questão da afetividade, princi-palmente na experi-ência do cuidado com o outro e também de ser cuidado. Eu tive a experiência de contrair cinco vezes a malária na Amazônia, então experimentei a sensa-ção de ser cuidado. A experiência de ser aco-lhido nas mais distantes aldeias e comunidade ribeirinhas. Imagina um jovem do sudeste, com nosso estilo de

vida, se adentra e passa a viver, por exemplo, por 40 dias como único meio de comunicação um radinho de pilha, aprendendo a comer com o povo o que é ofe-recido. A experiência maior que eu trago da missão foi justamente a experiência de descer, e descer muitas vezes, de uma falsa imagem de perfeição, de santi-dade, de heroísmo, de achar que basta o co-nhecimento intelectual, que basta uma bagagem sacramental e eu pude perceber que na Ama-zônia o que basta é a simplicidade. Tem um provérbio africano que expressa muito bem o que aconteceu comi-go: “Gente simples, fazendo coisa simples, em lugares não muito importantes, realizam transformações extra-ordinárias”.

vitória - Quem é o padre Éder de antes da missão em Lábrea e o de hoje, partindo para a missão na Áfri-ca?Pe. Éder - Eu creio que quando falamos em antes e depois, a gente fala de um processo, não existe uma trans-formação ou adaptação

entreVistaMaria da Luz Fernandes

simplesmente. O que aconteceu na minha história foi justamente uma experiência de in-culturação. O Éder de 12 anos atrás agora é um Éder inculturado, de mais de um terço da sua vida vivido na Amazô-nia, ou seja, um capixa-ba com sangue mineiro, amazônida e agora com a causa somália. O que muda realmente é que nos tornamos cidadãos do mundo, do planeta, que ficamos inconfor-mados com qualquer sofrimento desneces-sário imposto a uma pessoa.

vitória - Depois de tudo que o senhor vi-veu, a sua percepção sobre missão mudou?Pe. Éder - Para mim missão nada mais é do que a experiência de deixar que bata no coração da trindade um coração humano. A maior missão de Deus, e que nos inspira, foi a encarnação de Jesus Cristo na ação do Es-pírito Santo. A missão nada mais é do que fa-zer essa experiência de ter um coração humano batendo no mistério de Deus Santo, e assim a gente faz parte dessa experiência.

“Aquilo que aprendi esses anos todos na Prelazia de Lábrea me fez também abrir os olhos para a realidade do mundo, porque o missionário é aquele que não pode ter muro no seu coração. Cada coração humano é terra de missão.”

revista vitória Setembro/201416

em todaS aS paRóquiaS no domingo, 7 de SetembRo, vamoS fazeR uma CelebRação pela paz.

w marcha ou procissãow celebração ecumênicaw Missa e/ou aula pública

De acordo com a realidade pastoral, abordar o fenômeno da violência

preferencialmente no espaço extra-eclesial

leituras

Mundo litúrgico

Deus nos reúne como as-sembleia, corpo místico de Cristo, para celebrar-

mos de forma ativa, consciente e frutuosa o Mistério Pascal (vida, paixão, morte e ressurreição) de Cristo, através do tempo litúrgi-co que é a ritualização do tempo histórico-salvífico, ou seja, a celebração dos acontecimentos em que a salvação de Deus se manifesta. Fazemos memória e atualizamos fatos, vivenciando um novo Kairós “favorável ao homem” (cf. 2 Cor 6,2).

O Concílio Vaticano II acentuou a importância da Pa-

lavra de Deus na liturgia, resga-tando o quanto é significativo que a assembleia dos batizados escute a Palavra, compreenda-a e lhe responda de forma plena através dos cantos e orações. “A fim de que a mesa da Palavra de Deus seja preparada com mais abundância para os fiéis, devem abrir-se com maior amplitude os tesouros da Bíblia”. (IGMR 34; cf SC51)

Os textos bíblicos procla-mados na liturgia encontram--se no Lecionário onde estão dispostos os textos das Sagradas Escrituras e os hinos correspon-

dentes, selecionados e organi-zados para serem proclamados na assembleia. “Os livros que contém as leituras da Palavra de Deus [...] suscitam nos ou-vintes a recordação da presença de Deus, que fala a seu povo”. (OLM 34)

Tanto os textos bíblicos quanto a organização do Lecio-nário seguem alguns critérios:w Apresentar o Mistério da sal-

vação para a assembleia de forma integral;

w Criar uma harmonia entre o núcleo do mistério da salva-ção, ou seja, a páscoa de Cristo

o elenCo daS

da miSSa dentRo do ano litúRgiCo

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com outras temáticas, como por exemplo, o Reino de Deus, o papel do cristão no mundo de hoje, etc;

w Mostrar que o ano litúrgico é a forma ideal e prática de se apresentar aos fiéis o anúncio e o desenvolvimento do mistério da salvação;

w Reservar os textos bíblicos mais significativos para o Dia do Senhor e para as festas;

w Nos Domingos e festas se-rão introduzidas três leituras: Antigo testamento (palavra profética), das Cartas (pala-vra apostólica) e o Evangelho (palavra evangélica).

A partir destes critérios foi realizada a distribuição das lei-turas bíblicas segundo o ciclo de três anos, o que permite aos fiéis o conhecimento de toda Pa-lavra de Deus e uma atualização da mensagem através de uma explicação adequada. Durante todo o ano litúrgico, sobretudo no Ciclo Pascal e no Ciclo do Natal, a distribuição das leituras levam, de maneira processual, a um conhecimento mais profundo, por parte dos fieis, da fé que pro-

fessam e da história da salvação.À luz das orientações do

Concilio Vaticano II, o conjun-to de leituras para os domingos e festas foi organizado em um período de três anos, onde em cada celebração eucarística te-mos a primeira leitura do Antigo testamento; a segunda leitura do Apóstolo (as Epístolas, o Apoca-lipse) e a terceira do Evangelho. Enfatizando a unidade entre os dois Testamentos e a História da Salvação, tendo em Cristo e em seu mistério pascal a centralidade.

O ano de cada ciclo é re-gido pelo Evangelho sinótico que se proclama durante o Tem-po Comum sendo o ANO A – Evangelho de Mateus; ANO B – Evangelho de Marcos; ANO C – Evangelho de Lucas. As-sim ao final de um ciclo de três anos teremos uma leitura abun-dante da Sagrada Escritura. O Evangelho de João completa as leituras do ANO B, além de ser reservado pela Igreja para tempos privilegiados da Quaresma e da Páscoa.

entRada da bíblia: Convém ou não Convém?

Durante a celebração da Eucaristia ou da Palavra, dois livros são de extrema impor-tância: o lecionário (para a proclamação das leituras) e o Evangeliário (para a pro-clamação do Evangelho). Quando o diácono está pre-sente, ele faz a entronização do Evangeliário na procissão de entrada e o deposita sobre o altar. Na sua ausência, o lecionário pode ser introdu-zido por algum dos leitores e colocado sobre o ambão. Assim, se houver a entroniza-ção na procissão de entrada, não deve ocorrer em outro momento, bem como usar outro livro que não o lecio-nário ou Evangeliário, para evitar a duplicidade de ritos e símbolos dentro da mesma celebração.

andrea almeida MartinsTeóloga e Liturgista

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SeReiS Como

esPiritualidade

Dom Rubens Sevilha, ocdBispo auxiliar da

arquidiocese de Vitória

Nas primeiras páginas da Bí-blia já encon-

tramos a ideia tentado-ra que acompanhará o ser humano ao longo de toda a sua história. Até hoje a serpente con-tinua nos prometendo: “sereis como deuses...” (Gn. 3,5). Muitos caem na tentação e começam a sentir-se “deusinhos”. Ou seja, eles não po-dem ser contrariados ou desobedecidos, mas, as coisas devem acontecer ao seu redor como eles imaginam e querem. Eles demonstram com frequência a ira dos deuses! São arrogantes e prepotentes. Obvia-mente, esses deusinhos que oprimem e mani-pulam seus próximos, irão receber o troco em forma de desprezo e agressividade.

Um segundo grupo de pessoas são os aspi-rantes ou candidatos a deuses. Vivem ansio-sos, agitados e angus-

em Deus e todos são servos, e servos inúteis. O cristão não faz pacto com o sucesso ou com o fracasso, ele deseja que a vontade do Pai amoroso se faça como exclamou a Mãe de Je-sus e nossa: Eis aqui a serva do Senhor, faça--se em mim segundo a vossa Palavra! Amém.

condição de criaturas. São humildes, isto é, são verdadeiros con-sigo mesmos. Perce-bem que o ser humano é um nada diante de Deus, mas, ao mesmo tempo, sabem que são sempre acolhidos e abraçados pelo eterno e incondicional amor do Pai Celestial. Sabem que são filhos amados e queridos pelo Deus que os criou e cuida de cada um. E isso basta para a felicidade profunda do homem. Daqui nasce o amor pelo irmão, tam-bém amado pelo mesmo Pai. Eles não precisam se comparar ou compe-tir com os outros, pois todos têm o olhar fixo

Deuses

tiados em seu desejo de subir na vida pro-fissional e financeira. São os carreiristas. São ambiciosos e falsos. A hipocrisia é a cartilha deles.

Um terceiro grupo são aqueles que desis-tiram do estrelato divi-no. Perceberam que não têm capacidades para o pódio. Perderam a disputa ou as circuns-tâncias da vida lhes derrubaram do pedestal onde se colocaram ou que aspiravam. São mal humorados e corroídos pela inveja. Sofrem de gastrite.

O quarto grupo são aqueles que reconhe-cem e aceitam a própria

“O cristão não faz pacto com o sucesso ou com o fracasso, ele

deseja que a vontade do Pai amoroso se faça como exclamou a Mãe de Jesus e nossa: Eis aqui

a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa Palavra!“

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ÁREA VITóRIAComunidade no bairro Grande Vitória.

ÁRea seRRa-FuNdãoComunidade em Vista da Serra 2.

ÁREA SERRANAComunidade em Rio Pena (Domingos Martins) e Monte Santo (Brejetuba)

Onde celebrar

nOssa senhOra Das DOres noSSaS doReS naS mãoS de

coMunidade de coMunidades

Nossa Senhora das Dores ou Mater Dolorosa (Mãe Dolorosa) é um dos vá-

rios títulos que a Virgem Maria recebeu ao longo da história. Celebrada em 15 de setembro, é lembrada, de maneira espe-cial, durante a Semana Santa, na narrativa do encontro de Maria com seu filho Jesus, a caminho do Calvário.

O culto iniciou-se em 1221 na então Germânia, hoje, Alema-nha. A festa, como hoje a conhe-cemos, teve início em Florença, na Itália, em 1239 e era celebrada com o nome de Nossa Senhora da Piedade e da Compaixão. No século XVIII, o papa Bento XIII

determinou, então, que se passas-se a chamar de Nossa Senhora das Dores. A partir daí a devoção ganhou o mundo.

Aqui no estado, a primeira igreja dedicada a ela data de 1899, no distrito de Melgaço, área da Paróquia de Santa Isabel, Domingos Martins. Atualmen-te, segundo a coordenadora da comunidade, Aurea Bullerjahn Schefel, 45 famílias moram no local e mantém viva a devoção a Nossa Senhora. “Ela sentiu a dor de ver seu filho na cruz e, dor, todos nós temos, por isso se pro-curamos socorro, Ela atende.”

O coordenador de outra comunidade dedicada à Nossa Senhora das Dores, no bairro Grande Vitória, em Vitória, concorda com Aurea. Emocir Demétrio de Lima afirma que às vezes são as dores que nos aproximam da Mãe. “As pes-soas que passam por alguma enfermidade, se tornam mais próximas da santa, buscando a

Virgem Mãe tão santa e pura, vendo eu tua amar-gura, possa contigo chorar. Que do Cristo eu traga a morte, sua paixão me con-forte, sua cruz possa abra-çar! Em sangue as chagas me lavem e no meu peito se gravem, para não mais se apagar. No julgamento con-segue que às chamas não seja entregue quem soube em ti se abrigar. Que a san-ta cruz me proteja, que eu vença a dura peleja, possa do mal triunfar! Vindo, ó Jesus, minha hora, por es-sas dores de agora, no céu mereça um lugar. Amém.

Oração

cura e se tornam mais devotas, em oração.”

Ao ver o amado filho carre-gando a pesada cruz, torturado e sofrido, coroado de espinhos e ensanguentado, a dor da Mãe de Deus foi tão profunda que nos

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nOssa senhOra Das DOres

a ordem dos servos de Maria foi responsável por criar esta devoção que nos lembram os momentos de sofrimento e entrega de Maria ao seu Senhor.1. A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas, 2, 34-35)2. A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus, 2, 13-21);3. O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas, 2, 41-51);4. O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas, 23, 27-31);5. O sofrimento e morte de Jesus na Cruz (João, 19, 25-27);6. Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus, 27, 55-61);7. O sepultamento do corpo do filho no Santo Sepulcro (Lucas, 23, 55-56).

as sete dores de nossa Senhora

NA ARqUiDiOCESE DE VitóRiA, 04 COMUNiDADES SãO DEDiCADAS A SANtA.

faz refletir sobre nosso papel de cristão. Quais são as dores que nossa sociedade tem carregado? Por quais delas somos respon-sáveis? O que temos feito para amenizá-las?

Nossa Senhora das Dores nos faz compreender a necessi-dade de unir nossos sofrimentos aos de Cristo. Quanto mais um cristão se aproxima de Cristo, tanto mais ele deve, igualmente, aproximar-se da cruz.

E tudo isso acontece sem pressa, é o que acredita o coorde-nador da comunidade dedicada a Mãe das Dores em Vista da Serra 2, em Serra, Veni Franholz. “Fiz um pedido a santa por problemas de relacionamento familiar. A cada dia vejo a graça sendo al-cançada. Os passos de Nossa Se-nhora são lentos e a graça plena acontece no dia e hora certa.”

Gilliard Zuque

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Letícia BazetMaria da Luz Fernandes

rePortageM

e agOra?

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e agOra?De repente, a juventude tida como de-

sinteressada pela política, mobilizou o país e apontou mazelas que a socie-

dade tinha presa na garganta. No início, o foco era o transporte público, mas aos poucos ou-tras pautas foram incluídas e, com um estilo bem próprio do jovem, cada um foi trazendo a sua bandeira e “gritando” pelas ruas o pedido de socorro de um jeito que não se via no Bra-sil desde 1992 quando o impeachment depôs o então presidente Fernando Collor de Mello. Os jovens foram responsabilizados pelo bem e pelo mal das manifestações. Elogiados no primeiro momento, receberam a aprovação e o apoio da sociedade, depois foram culpabi-lizados pelos excessos que em algumas cidades provocaram destruição. A sociedade se dividiu e a mobilização perdeu força. A população guarda na memória momentos bonitos com grandes multidões nas ruas apontan-do o que precisava ser melhorado, mas guarda

também momentos de desapontamento perante quebradeiras e violência provocados por mani-festantes e por policiais. No estado do Espírito Santo alguns temas que estavam na agenda nacional repercutiram e tiveram apoiadores, mas os momentos mais fortes aconteceram no pedágio da terceira ponte e na Assembleia Legislativa onde a juventude arrancou cancelas e ocupou por uma semana, respectivamente. As bandeiras eram transporte público, passe livre para estudantes e fim do pedágio, além de saúde, educação, segurança e mobilidade urbana. E agora? Estamos em pleno processo eleito-ral, hora de verificar se os programas de governo dos candidatos contemplam as pautas levantadas. Fomos em busca de alguns jovens que estavam lá nas manifestações de 2013 para saber onde estão e como se posicionam perante os candidatos. Esta reportagem acontece no início das cam-panhas, quando projetos e planejamentos ainda são

eles organizaram, convocaram e lideraram as manifestações de

junho a setembro de 2013.

revista vitóriaSetembro/2014 25

provisórios ou, usando a lingua-gem da política, quando o que existe ainda são pré-projetos. Mesmo assim, os jovens que estavam lá, onde estão agora? Procuramos jovens que participaram individualmente, sem qualquer envolvimento ins-titucional a grupos organizados e muitos expressaram alegria por terem participado e conside-raram que aquele momento foi um marco na história do Brasil. Ao mesmo tempo, manifesta-ram que a participação não os afetou ou modificou. Passado aquele momento, voltaram as suas rotinas e, de alguma forma, “deixaram pra lá” as razões que reivindicaram. Mas, nem todos. João Vi-tor foi por iniciativa própria. Ficou sabendo do movimento, juntou-se aos amigos da escola e participou de quase todos os momentos. Apesar de ter pas-sado um ano no qual muitos acontecimentos e eventos se sucederam em ritmo acelerado, ele lembra bem das razões que

rePortageM

a Juventude, recursos para o Conselho, investimento para a sociedade perceber o lado positivo da juventude e a cria-ção de uma universidade esta-dual diferente da universidade tecnicista que a classe política propõe. Na hora de nossa con-versa estava em Ibiraçu defen-dendo as propostas do Conselho e motivando a sociedade para apoiá-las. “Agora estamos analisando os pré-programas dos candidatos ao governo do estado para ver quem propõe políticas para a juventude e, infelizmente, constatamos que apenas dois candidatos citam,

o levaram pra rua. “Como sou militante de Direitos Humanos, a minha prioridade era a educa-ção. Alguns eram contra a copa, mas eu não, porque se ia ter copa era porque em algum mo-mento nós quisemos e dissemos sim. Então eu defendia que ti-vesse copa, mas tivesse também investimentos em outras áreas, principalmente na educação, e que além de investimentos, os prazos também fossem como os da copa, isto é para acontecer rápido e logo”. Lembrar as lutas e reivindi-cações espontaneamente já era um bom começo de conversa, mas João Vitor foi convidado para ocupar a vaga que a Pasto-ral da Juventude tem no Conse-lho Estadual de Juventude e ali, segundo ele, conseguiu ver de perto as falhas do governo e o porquê dessas falhas. Envolveu--se na busca de soluções para os jovens e hoje é defensor do pacto que o Conselho apresenta. Ele percorre o estado propondo a criação de uma Secretaria para

“A população guarda na memória momentos bonitos com grandes multidões nas ruas apontando o que precisava ser melhorado, mas guarda também momentos de desapontamento perante quebradeiras e violência provocados por manifestantes e por policiais.”

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explicitamente, políticas nesse sentido. Quem não tem propos-tas para a juventude não está contemplando as reivindicações apresentadas nos protestos de 2013. Agora vamos propor um pacto e entregar aos partidos. Os candidatos que assinarem serão divulgados para a socie-dade” disse. Outros jovens participaram dos protestos porque já estavam engajados em associações, gru-pos ou movimentos de atuação na área social. Shanna na época era estudante de Serviço Social e viu-se naturalmente envolvi-da desde a sala de aula até às discussões do DCE (Diretório Central de Estudantes) e pautas construídas dentro da univer-sidade. Diretamente apoiou o fim do pedágio, mas terminou o curso de Serviço Social, dis-tanciou-se do DCE que está em final de gestão e neste momento optou por não apoiar candidatu-ra ou se envolver com o proces-so eleitoral por considerar que a conjuntura não favorece. “O DCE por enquanto não está se movimentando com relação às eleições. O debate na universi-dade talvez aconteça mais em sala de aula dependendo dos cursos, agora faço Arquivologia e o pessoal do curso tem menos envolvimento com o social. A crítica acontece mais na sala

de aula”, disse. “Talvez, quem sabe a universidade ainda entre no debate com os candidatos, afinal estamos apenas no início da campanha”, acrescentou. Já Lucas, também univer-sitário e estudante de Ciências Sociais, assim como Vinicius, participaram dos protestos junto ao movimento estudantil. Como tal, expressam com clareza as bandeiras que defendem. Vi-nicius aponta que se envolveu principalmente com a luta por melhorias no transporte público e passe livre para estudantes. Já Lucas interessa-se e participa “pelas questões que envolvem o Espírito Santo”, como educação (verbas para a criação de uma universidade estadual), direito social, saúde e segurança pú-blica. O caminho, segundo ele, pensando no momento político atual é de isenção com relação a candidatos: “não queremos assumir bandeiras com candida-tos até mesmo para preservar a

“Eu defendia que tivesse copa, mas tivesse também investimentos em outras áreas, principalmente na educação, e que além de investimentos, os prazos

também fossem como os da copa, isto é para acontecer rápido e logo.”

João Victor Santos

autonomia do movimento. Co-locamos as propostas no espaço público e procuramos o apoio da população para nossas ban-deiras. Queremos ser distantes e próximos”. Vinicius diz que espera a articulação do movimento passe livre e afirma que discutem e avaliam as propostas do gover-no com relação à mobilidade ur-bana e passe livre. Segundo ele, o grupo já elaborou pauta para enviar a todos os candidatos, mas reconhece que a campanha ainda está muito no início e o debate apenas começando. Eles estavam lá nas passea-tas e manifestações e estão aqui fazendo propostas, avaliando projetos, propondo mudanças no olhar para a juventude e tra-zendo de volta para o debate das campanhas os “gritos” in-dividuais e coletivos do povo que foi às ruas pedir melhores condições de vida e mais justiça social.

“Golpes duros na vida me fizeram descobrir a literatura e a poesia. Ciência dá saberes à cabeça e poderes para o corpo. Literatura e poesia dão pão para

corpo e alegria para a alma.”

“Exerço a arte com prazer. Minhas conversas com meus pacientes são a maior fonte de inspiração que tenho para minhas crônicas.”

“Minha filosofia pode ser resumida em duas frases latinas: “Tempus Fugit”: o tempo foge, passa, tudo é espuma... E “Carpe Diem”: colha cada dia como um fruto saboroso que cresce na parede do abismo. Colha hoje porque amanhã estará podre.”

“Dentro de mim mora um palhaço e um poeta: riso e beleza... Se eu não fosse escritor acho que seria um jardineiro. No paraíso Deus não construiu altares e catedrais. Plantou um jardim. Deus é um jardineiro. Por isso plantar jardins é a mais alta forma de espiritualidade.”

“Faça as contas para saber quantos anos não tenho. Que “não tenho”, sim; porque o número que você vai encontrar se refere aos anos que não tenho mais, para sempre perdidos no passado. Os que ainda tenho, não sei, ninguém sabe.”

“Com a literatura e a poesia comecei a realizar meu sonho fracassado de ser músico: comecei a fazer música com palavras.”

“Já tive medo de morrer. Não tenho mais. Tenho tristeza. A vida é muito boa. Mas a Morte é minha companheira. Sempre conversamos e aprendo com ela. Quem não se torna sábio ouvindo o que a Morte tem a dizer está condenado a ser tolo a vida inteira.”

Rubem alveS

asPas

N 15/09/1933 ? 19/07/2014

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caMinhos da bíblia

em Mt 11,25-30, Jesus agradece ao Pai pela revelação feita aos pequenos e humildes, revelando uma postura contrária à dos escribas e fariseus. Esses tomavam para

si o estudo da Lei e das Escrituras, impedindo o povo de se achegar ao Senhor livremente. Todavia, Jesus, demonstra que os mistérios do Reino dos Céus não são acessíveis contando somente com a inteligência e a sabedoria deste mundo. Mas, eles são revelados àqueles que reconhecem a sua pequenez e simplicidade, àqueles que se dirigem ao Senhor de coração sincero e sem soberba, tais mistérios são revelados aos sim-ples e pequenos. Ao utilizar o contraste entre os sábios e doutores de um lado e os pequenos do outro, Jesus indica dois grupos distintos de pessoas. No primeiro ele descreve aqueles que confiam em sua própria sabedoria, os entendidos da Lei e da Sagrada Escri-tura, que por muitas vezes fecham seus olhos para ver e seus

pequenOs e pObreso Reino Revelado aoS

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ouvidos para ouvir, afastando-se assim do Senhor. O outro grupo, por sua vez, é composto pelos pequeninos, esses são todos os que foram colocados à margem: as mulheres, as crianças, os po-bres, os considerados impuros. Isto é, todos os que, segundo os critérios do primeiro grupo, não poderiam jamais compreender os

do que viu e ouviu” (Jo 3,31) e ainda “O Pai ama o Filho e tudo entregou em sua mão” (Jo 3,35). No final do texto Jesus ini-cia fazendo um convite aberto, dirigido a todos, aberto a todo o povo de Israel, a toda a co-munidade de seus discípulos: “Vinde a mim”. Neste convite, é possível perceber o conheci-mento de Jesus do cansaço e das fadigas de todos os que viviam oprimidos debaixo do fardo da Lei, que excluía e oprimia com um jugo difícil de suportar, afastando assim as pessoas de Deus e de sua presença. Para o evangelista Mateus, o caminho dos discípulos junto ao Senhor era completamente diferente dos outros mestres − fariseus e escribas. Esses impunham far-dos pesados, uma dura discipli-na e severos castigos aos seus discípulos. Jesus ao contrário agia com mansidão e leveza, paciência e ternura, para com os que Ele chamou para junto de Si, mesmo diante dos seus maiores erros e dificuldades de entendimento.

Ao apresentar Jesus como manso e humilde de coração, o evangelista retrata o modo de ser de Jesus e as suas opções fundamentais. Ele incorpora em sua vida a vontade do Pai e a re-aliza em todas as circunstâncias, Ele é bondoso com as pessoas, humilde e pacífico, algo demons-trado em sua paixão. Mateus deseja deixar clara a diferença entre os fariseus que procuram os primeiros lugares e gostam de ser saudados nas ruas e Jesus que pratica exatamente o que ensina. A promessa de Jesus no final do texto indica o que está reservado para a comunidade de seus discípulos, para todos os que se achegarem a Ele e Dele acolherem a revelação do Pai, aprendendo assim a mansidão e a humildade de coração. A esses esta reservado o desca-so da presença do Senhor que consola e sustenta no caminho e, em definitivo, no fim da vida, o Reino dos Céus.

Pe. andherson Franklin, professor de Sagrada escritura no iFTaV e doutor em

Sagrada escritura

pequenOs e pObresmistérios do Reino dos Céus. Para o Judaísmo, Deus só poderia ser conhecido unica-mente por aqueles que Ele havia escolhido, ou seja, o povo eleito, ao qual Ele confiou também a sua revelação. Agora, Jesus se apresenta como revelador do Pai, como Aquele que, em suas palavras e ações O revela plena-mente, algo que só é possível em vista de sua intima relação com o próprio Pai. Tal relação intima de Jesus com o Pai está descrita de forma clara no Evangelho de João, quando Jesus diz: “Aquele que vem do céu dá testemunho

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ViVer beM

oS ideaiS que buSCamoS no

trÂnsitO

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Pensar que há 100 anos, em 1914, as vias eram das pessoas, dos cavalos, carroças e bicicletas, e que nas ruas de pedra ou chão

batido só desfilavam modelos “Fordinhos”, os únicos a circular e dividir o espaço com bondes. Este tempo nos remete a uma aparente ordem, sossego e até mesmo progresso controlado. Nesse tempo, o automóvel tinha sua função e necessidades bem definidas, além do status as-sociado ao poder aquisitivo elevado. Ainda nessa época, as bicicletas eram tão importantes, e até mesmo preciosas, que eram herança de família. Somados 50 anos dessa data, em 1964, pos-suímos outro contexto em que o progresso já é mais evidente e os famosos carros “rabos de peixe”, e o querido “Fusca” já são comuns nas nossas ruas, agora de asfalto, e sem os veículos movidos à tração animal. E se colocarmos mais 50 anos na balança,

chegamos ao nosso ano de 2014, em que muito se fala e discute sobre respeito no trânsito,

convivência e direção defensiva, assuntos dignos de debate em

um tempo acelerado, em que na última década, temos os maiores números de mortes de trânsito da história no Brasil. Por outro lado, assistimos a pessoas es-tressadas, com pressa, hipertensas, obesas e sedentárias, e a causa para não se levar uma vida mais saudável é a falta de tempo. Logo, a bici-cleta passa a ser uma boa opção para melhorar o estilo de vida nas grandes cidades. Aliando-a aos trajetos diários, podemos unir o exercício a uma rotina mais saudável, inclusive para a ci-dade e o próprio trânsito. Benefícios como criar novas rotas, sentir o vento no rosto, a sensação de adrenalina e conversar com as pessoas que param ao seu lado no semáforo são prazeres que não desfrutamos quando estamos de carro. A questão da saúde está diretamente asso-ciada ao estilo de vida que levamos. Diversos grupos se formam em torno de ideais para a popularização das bicicletas e seus direitos como meio de transporte, pedindo mais condições para andar com segurança, ter imposto reduzido, e até mesmo ter onde parar a sua “bike” entre seus trajetos. Almejamos e invejamos países europeus que possuem uma boa malha cicloviária, transporte público eficiente, em que não é necessário se ter automóvel, já que todos os outros meios funcionam bem, que refletem os bons índices até mesmo na saúde de seus cidadãos.

Logo, sendo um pouco nostálgico, os ideais que procuramos são o respeito, a saúde,

e a convivência de 100 anos atrás.

Michele Micheletto Produtora cultural e fotógrafa

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ideias

OfenDiDOs

Se noS tRataSSem aSSim SimplifiCadamente fiCaRíamoS todoS muito

Lendo sem rumo certo, ora uma crônica, ora outra, numa boa coleção de Rubem Braga, deparei-me com uma frase: “houve um tempo

em que sonhei coisas”. Fiquei curioso. Não por saber que coisas eram essas, mas por ele ter cons-truído a frase referindo-se a sonhos que ele não sonhava mais. Isso me deixou levemente tocado. E, de um modo ou de outro, me doeu. Doer aqui é um modo de dizer que isso me forçou um pensamento sobre perdas que eu não tencionava pensar ao começar a ler aquele texto. Ou também que o “houve um tempo que eu sonhei coisas” falou qualquer coisa sobre a vida que me habita, sobre os acontecimentos que me fazem, o que sou, o que deixei de ser, o que ganhei e especialmente o que perdi. Como se tudo isso me pedisse um novo olhar sobre a vida. Um olhar daqueles que somam entendimentos. Ah se a vida fosse simples! Uma única e absoluta leitura seria

suficiente. Sem querer usar o verbo ser para me referir à vida numa definição muito categórica, mas de todo modo usando-o, podemos dizer que a vida é o que perdemos. Passo a minha pela memória a olhos rápidos: a infância que tive, os pais que morreram, as pessoas que me marcaram, os livros que li, os filmes que assisti, os lugares que conhe-ci, as dificuldades que enfrentei, as comunidades às quais prestei meu serviço, os ideais que nutri, coisas que sonhei (como ele diz). Depois desse tempinho pensando retomei a leitura para entender aquele “houve um tempo em que sonhei coisas”. E o seu sonho era viver uma vida simples, seguindo de barco pelo litoral - Piúma, Regência, Conceição da Barra, etc. - até, quem sabe, escrever um livro simples, que de tão simples nem precisava ser escrito, pois o que importaria mesmo seria viver aqueles momentos. “Apenas ir

revista vitória Setembro/201434

vivendo devagar a vida lenta”. Meus pensamentos tornaram a se intrometer na leitura: É, es-ses sonhos de viver uma vida simples pegam a muitos e em todos os tempos. Mas a tal vida simples que ele sonhou parece que não aconteceu. Pois bem, esse apelo para a vida simples que o cronista experimentou e abandonou e que vira e mexe vem nos acossar com suas seduções talvez seja apenas uma grande impossibilidade. E por ser uma impossibilidade – tanto em 1953, quando escreveu a crônica, quanto em 2014 – es-ses desejos encontram jeitos de retornarem sempre como sonhos. E por que é impossível viver uma vida simples? Porque a vida é indiscutivelmente complexa. Não há simplicidade possível. A simplicidade ficará sempre fora do alcance dela. Ela é complexa desde a mais simples célula até às conexões cerebrais de um pequeno mamífero. É comple-xa desde os mecanismos que um vírus adota para preservar sua continuidade até as novas sinapses e conexões que o cé-rebro humano constrói quando

seus infindáveis universos e o desafio a que somos chamados estando nela e com ela. Lembro-me de uma entrevis-ta de um poeta inglês – Geoffrey Hill. Ele dizia que um dia comum é mais complexo e oferece mui-to mais dificuldades do que a mais “intelectual” obra de arte. O entendimento das realidades poderá se dar mais facilmente pela admissão de que a vida é complexa, pois, como ele dizia, se nos tratassem assim, simpli-ficadamente, ficaríamos todos muito ofendidos. É fato, somos difíceis para nós mesmos e para os outros, somos complexos, so-mos um mistério, cada dia é den-so de surpresas e dificuldades, a vida não é simples.

dauri Batisti

repetidas vezes ele se depara com um problema. É complexa desde a rotina de um monge da Cartuxa até as idas e vindas de um motorista de ônibus e seu sempre mesmo percurso. Vi outro dia um filme de um diretor japonês – O pão da felicidade – que mostra um ca-sal jovem que deixa Tóquio e vai para o interior do país para montar um pequeno café num cenário de belas paisagens. A vida simples que de certa forma eles buscavam logo se mostra mais belamente interessante quanto mais as complexidades da vida – especialmente em seus fios humanos – se constituem, se torcem e se articulam ali. E dizer que a vida é com-plexa não significa dizer que a vida necessariamente tem que ser complicada. Admitir que a vida é complexa também não significa que somos nós que a complicamos. Não gosto dessa afirmação que muitos dizem, “a vida é simples, nós é que a com-plicamos”. Ao contrário, afirmar que a vida é complexa é afirmar suas riquezas, suas muitas cama-das, seus múltiplos horizontes,

“Afirmar que a vida é complexa é afirmar suas riquezas, suas

muitas camadas, seus múltiplos horizontes, seus infindáveis universos e o desafio a que

somos chamados estando nela e com ela.”

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Prática do saber

OCentro de Estudos de Promoção e Alternati-va de Saúde (Cepas) é

o projeto de extensão mais anti-go da Ufes e este ano completa 30 anos de atuação no Bairro das Laranjeiras, na região de Jacaraípe na Serra. Alunos do curso de Medicina realizam o cadastro, visita domiciliar e atendimento para as famílias da comunidade local. O foco do projeto é atuar na prevenção primária, ou seja, evitando que a doença ocorra. Para isso, os estudantes ofere-cem orientação sobre a saúde da mulher, saúde das crianças e outras demandas que surgem no decorrer dos atendimentos. “Quem nos mantém aqui é o dinheiro público, então a Uni-versidade precisa, além de for-mar profissionais, prestar um serviço à sociedade, mas que

esses profissionais tenham a visão real daquilo que a popu-lação precisa. O nosso traba-lho é de promoção, educação e prevenção da saúde”, afirma o professor Pedro Fortes, ideali-zador e coordenador do Cepas. Atuam no Centro os alu-nos do 2° período do curso

de Medicina na disciplina do professor, que dedica 15 horas à atuação na comunidade aos sábados. Além destes, Pedro Fortes conta que recebe tam-bém alunos de outros cursos, tais como Enfermagem, Odon-tologia, Psicologia, Educação Física, entre outros, e ainda

Letícia Bazet

alunOsatuam na pRevenção e oRientação paRa a Saúde da população CaRente

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alunos de outras faculdades que queiram participar do projeto. “Eu sou professor, então quem quer aprender pode vir, não faço restrição. Respeitando os pra-zos e cumprindo os horários eles ganham o certificado de atuação”. Para o professor, todo o trabalho desenvolvido pelos alunos é visando despertar a cidadania, atendendo as pessoas que mais precisam. “Queremos que o nosso aluno tenha noção de cidadania. Precisamos que o conhecimento adquirido na universidade seja levado para o povo de lá. Não estamos fazen-do favor, estamos retribuindo e conhecendo a realidade da

nossa população”. Nos grupos de saúde, os alunos sanam as dúvidas da população, fazem aferição de pressão, teste de glicose, orientam sobre medicamentos e resultados que os atendidos utilizam e criam um laço com as famílias, pelo contato próximo e descaracterizado. “O Cepas não existiria sem o trabalho desses alunos. Eles vão para lá calçando chinelos, usando bermudas e a camisa do proje-to. As pessoas se sentem mais próximas e à vontade com eles assim”, contou Pedro. Em parceria com universi-dades internacionais, o Cepas já recebeu quase 200 alunos

de 15 países do mundo, que auxiliaram no atendimento das 1.327 famílias cadastradas, no período em que estiveram no local. Apesar da durabilidade do projeto de extensão, o profes-sor Pedro Fortes acredita que ainda não conseguiu atingir a satisfação plena com o serviço prestado. Para ele, é preciso oferecer mais oportunidades para que os jovens consigam ser protagonistas de um futuro promissor. “Deveria ter cursos profissionalizantes aqui, para que eles tenham uma chance de crescer, precisamos despertar as potencialidades desses jovens e despertar nas pessoas a neces-sidade de caridade, de amor, de serviço, não de paternalismo, assistencialismo”.

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reflexões

Dom Joaquim Wladimir Lopes DiasBispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

bíblia, vida CRiStã e eleiçõeS

A celebração anual do mês da Bíblia completa 43 anos. O dia é 30 de

setembro, dia São Jerônimo, o santo que traduziu a Bíblia escrita em hebraico e grego para o Latim no ano 400 d.C.

A “revolução” provocada por ele com a tradução da Bíblia apenas se repetiu no sec. XX quando o Concílio Vaticano II permitiu que os leigos tivessem acesso a ela e mais recentemen-te com a publicação digital que praticamente tornou o acesso à Bíblia irrestrito.

Mas, não basta o acesso à Bíblia. É importante que a Pala-vra de Deus se torne a alma de toda a vida e pastoral da Igreja e de cada cristão. Para isso o Papa Bento XVI escreveu a Exortação Apostólica “Verbum Domini” e recentemente o Papa Francisco a “Evangelli Guadium” ambas contendo motivações que in-centivam os fiéis a caminharem fundamentando suas opções e história tendo como base os en-sinamentos bíblicos e inspirados na história da Salvação.

Neste mês da Bíblia de 2014 vamos aprofundar o dis-cipulado missionário a partir do Evangelho de São Mateus, tema

que a Igreja na América Latina e Caribe vem buscando desde a Conferência de Aparecida. Evangelizar requer familiarida-de com a Palavra de Deus e o primeiro passo é ser perseverante na leitura e meditação dos tex-tos sagrados. Como estamos às vésperas de uma nova eleição é bom lembrarmos que a Bíblia nos indica o comportamento cristão em todas as dimensões da vida incluindo a política que, como bem disse o Papa Francisco a um estudante italiano, “Envolver-se na política é uma obrigação de todo cristão”. “O período eleito-ral constitui-se em momento pro-pício à participação dos cristãos, de quem se espera consciente atuação no processo decisório sobre aqueles que conduzirão o país”, acrescentou o Papa. Por isso, aos que participam da elei-ção como candidatos e aos que votam, deixem que a Palavra de Deus os ilumine. Não busquem interesses pessoais, mas o bem comum para que seu voto ou seu mandato seja uma manifes-tação da vontade de Deus para seu povo.

“Envolver-se na política é uma obrigação de todo cristão”. “O período eleitoral constitui-se em momento propício à participação dos cristãos, de quem se espera consciente atuação no processo decisório sobre aqueles que conduzirão o país.”

Papa Francisco

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esPecial

namoRo na adoleSCênCia

Onamoro é natural na rela-ção dos adultos, onde os casais se buscam para se

conhecerem e desenhar a possibi-lidade de um relacionamento fu-turo com o casamento. Contudo, quando esse interesse começa na adolescência, cabe aos pais ficar atentos e dar toda orientação e atenção aos filhos. Deve-se tomar o cuidado de não ficar à mercê de uma suposta “modernidade” dan-do liberdade extrema aos filhos.

Desde pequeno os pais de-vem evitar falar desse assunto. Alguns falam para crianças muito pequenas que tal garotinha ou garotinho é o namorado dele. Crie o hábito de saber dos filhos: onde foi, com quem, o que fez, etc. Evi-te deixar os filhos ficarem tempo demasiado na casa dos outros.

A ideia de namoro deve ser protelada ao máximo, valorizando o contato com a família e com os estudos. Quanto mais unida à família, maior será o potencial de comunicação. Assim, quando um filho(a) falar em namoro, os

pais deverão ser muito claros na exposição de motivos, cuidados ou impedimentos a esse tipo de relacionamento.

Não existe uma receita em relação a isso, mas alguns cuida-dos podem ser tomados:

cláudio MirandaPsicopedagogo clínico, Terapeuta de

Família e PalestrantePós-graduado pelo Hospital das clinicas

da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - uSP

A proibição seca, sem diálogo não costuma surtir efeito. Ex-ponha seus motivos, riscos e impedimentos, mas se mostre

acessível caso ele(a) contraponha a sua ideia.

Caso o namoro inicie, não abra mão de saber quem é a pessoa, onde mora, onde estuda, quem são os pais, estilo de vida,

etc. Não deixe seu filho ou filha à mercê de um pensamento que não combina com suas crenças e valores de vida.

Evite “comemorações” descabidas estimulando esse tipo de relacionamento precoce. Existem pais que inserem esse outro

na família, chamando indevidamente de genrinho ou norinha. Não façam isso!

Deixe muito claro para eles sobre o risco de vida sexual pre-coce. Infelizmente a mídia exerce uma influência negativa na

geração atual. Os filhos devem saber muito bem o posicionamento de seus pais sobre isso.

Crie uma rotina diária para eles de estudo, cursos, academia, religião, etc para evitar atenção demasiada nesse assunto.

Ocupe a atenção de seus filhos com coisas construtivas.

Esteja pronto a conver-sar com seu filho ou filha, de-monstrando compreensão à dor dele(a). É importante saber li-dar com as frustrações afetivas evitando guardar ódio, raiva e ciúmes do outro.

Cada casal tem uma crença em relação a esse tema. O melhor

é não antecipar demasiadamente as coisas. A adolescência é uma fase importante para estudar e desenhar o futuro e sua carreira.

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Giovanna Valfrécoordenação do cedoc

arQuiVo e MeMÓria

O antigo Convento São Francisco de Vitória, onde hoje funciona a

sede episcopal, possuía um pe-queno cemitério para os frades franciscanos, irmãos da Ordem Terceira e da Irmandade São Benedito. Com a epidemia de cólera em 1856 na cidade de Vitória, o Barão de Itapemirim, presidente da província, trans-formou o local em cemitério público. Em 1926, com a de-molição de parte do Convento para a construção do Orfanato Cristo Rei, a Prefeitura da Ci-dade de Vitória construiu um ossuário no pátio do Convento

eSCavaçõeS no Convento São fRanCiSCo Revelam hiStóRiaS da Cidade e da igReJa

e guardou ali todas as ossadas encontradas. Documentos re-velam que as ossadas que se encontravam nas paredes das Igrejas do sítio histórico, entre elas as do Frei Pedro Palácios, fundador do Convento da Pe-nha, também foram colocadas no ossuário comum. Recentemente, escavações arqueológicas foram realizadas com o intuito de encontrar os res-tos mortais do frade, mas não foi possível a identificação. Para tal, há necessidade de mais recursos, disse o arqueólogo Henrique Valadares Costa, responsável pelo trabalho. Apenas uma urna

Ossadas encontradas nas paredes do altar da capela Nossa Senhora das Neves no Sítio Histórico do Convento

Urna de dona Catarina encontrada nas escavações arqueológicas em 2012

estava identificada, uma senhora moradora de Nova Almeida no município de Serra, de nome Catarina. Na restauração da capela dedicada a Nossa Senhora das Neves também foram encontra-das várias ossadas enterradas nas paredes, mas não existe ne-nhum documento que comprove a identidade dessas pessoas. As ossadas estão na parede do altar da capela, protegidas por vidros e abertas à visitação pública.

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ensinaMentos

Um dos princípios da Doutrina Social da Igreja é o Bem Comum. Para a Igreja, Bem Comum “é o conjunto daquelas condições da vida social que permitem aos grupos e a cada um de seus

membros atingirem de maneira mais completa e desembaraçadamente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, n. 26).

Todos nós somos responsáveis pelo Bem Comum e precisamos co-laborar na sua busca e no seu desenvolvimento, tomando parte na vida pública, pois isso faz parte do dever ético do cristão.

O Bem Comum exige a busca constante do bem de outras pessoas como se eu estivesse procurando o meu próprio bem, de modo que todos tenham o direito de aproveitar as condições da vida social.

O Estado tem a grande responsabilidade de promover o Bem Comum, pois ele é a razão de ser da autoridade política. O famoso “jeitinho bra-sileiro” na política e no dia a dia, caracterizado pelo levar vantagem em tudo individualmente, representa um grave problema para o Bem Comum.

bem cOmum

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Vitor nunes RosaProfessor de Filosofia na Faesa

Neste ano eleitoral, deve-mos refletir sobre este prin-cípio. Quais são as propostas dos candidatos aos diversos cargos políticos? As propostas representam compromisso com o Bem Comum ou retratam in-teresses de grupos minoritários que usam o poder do Estado para manterem seus privilégios?

Um aspecto fundamental a respeito do Bem Comum é a opção preferencial pelos po-bres. Movidos pela prática da caridade cristã, testemunhada por toda a Tradição da Igreja e respaldada pela Sagrada Escri-tura, os cristãos são convocados ao compromisso com os exclu-ídos da sociedade. O amor da Igreja pelos pobres inspira-se no Evangelho das Bem-Aven-turanças, na escolha de Jesus

por uma vida de pobreza e na atenção especial dedicada por Ele aos marginalizados.

O Bem Comum supõe o respeito pela pessoa. Os poderes públicos são obrigados a respei-tar os direitos fundamentais e inalienáveis da pessoa huma-na. A sociedade é obrigada a permitir que cada um de seus membros realize a sua vocação, agindo de acordo com sua reta consciência, tendo o direito à proteção da vida particular e à justa liberdade, inclusive a religiosa.

O Bem Comum também exige o bem-estar social e o desenvolvimento do grupo como um todo. As autorida-des precisam organizar a vida social para conciliar interesses comuns e interesses particu-lares; e também proporcionar o acesso de todos a uma vida verdadeiramente humana com

dignidade, tendo alimento, ves-tuário, trabalho, educação, saú-de, cultura, informação, família, dentre outros.

A paz também faz parte do Bem Comum, sendo con-cebida como uma ordem justa, duradoura e segura. Por isso, a autoridade tem a obrigação de assegurar por meios honestos, a segurança da sociedade e a de seus membros.

O Bem Comum remete à realização plena do ser humano e de toda a criação e não pode ser privado de sua dimensão transcendental. Não se trata so-mente de bens materiais, mas remete à realização completa do verdadeiro Bem Comum da humanidade em virtude da fé na Páscoa de Jesus Cristo. Jamais podemos esquecer que Deus é o fim último de suas criaturas.

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Diovani FavoretoHistoriadora

capOeira

esse jogo de ata-que e defesa está presente no Bra-

sil desde os primeiros anos da colonização, quando foi introduzido aqui pelos negros pro-venientes da região de Angola.

quanto visualmente.Para essa prática,

o conjunto de instru-mentos mais utilizado durante o jogo é com-posto pelo berimbau, pandeiro, ganzá, ago-gô, adufe e atabaque. Destes, o que mais se

A coreografia do capoeirista conhecida como “meia-lua, ras-teira tesoura, rabo de arraia, chibata ou ras-pas” é embalada pelo som de instrumentos musicais que envolvem os ouvintes tanto física

cultura caPixaba

destaque é, sem dúvi-da, o berimbau (datado do século III A.C.) que dita o ritmo da roda e transforma essa luta em dança rítmica. Inclusi-ve, em alguns momen-tos, esse mesmo ritmo pode também ser segui-do por cantos e rimas.

Seus movimentos sincronizados hoje já não representam mais a dança guerreira de de-fesa pessoal dos ante-passados, virou diverti-mento, com batidas que incentivam as crianças a praticarem esportes.

A capoeira se popular izou como exercício esportivo e opção para a prática de atividades físicas, extrapolando assim sua matriz africana. E seus movimentos, cantos e instrumentos musicais podem ser vistos nos morros de Vitória, nas academias de ginástica norte-americanas ou no Largo do Chafariz do Sítio Histórico de São Mateus.

Muito recentemente o instituto do Patrimônio histórico e artístico nacional - iPhan/es - iniciou, no espírito santo, um trabalho de identificação da capoeira como bem cultural imaterial dos capixabas. nesse inventário nacional das referências culturais brasileiras - inrc - serão mapeadas as principais características dos grupos de capoeiristas presentes em nosso estado e suas particularidades.

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acontece

Encontro Estadual das Pastorais Sociais Entreosdias12e14desetembro,aconteceoFórumEstadualdasPastoraisSociais,no InstitutoEspíritoSantode InovaçãoSocial (IESIS),oantigoSeminário,emIbiraçu.Osdiasserãodeoração,reflexão,debateseavaliaçãosobreacaminhadada Igrejadianteosdesafiosdaatualidade.ParticipamdoencontromembrosdePastoraisSociaisdasquatrodioceses–Vitória,SãoMateus,ColatinaeCachoeirodeItapemirim.Seráfeitaumaanálisedosdesafiospastoraisdeacordocomarealidadedecadadioceseeoapontamentodeplanoseprojeçõesapartirdaanálisedaconjuntura.DomDécioZandonadeepadreMoacirsãonomesjáconfirmadosparapalestraremnoencontro.

Festa de Nossa Senhora da Vitória

Odia8desetembro repre-sentaparaaArquidiocesedeVi-tóriaumdiadefesta.Nadata,écelebradaasuapadroeira,NossaSenhoradaVitória.Conformeatradição,serárealizadaumamissanaCatedralMetropolitana,às9h,presididapeloarcebispoDomLuizMancilhaVilela.ACelebraçãoen-volveosbisposdetodaaProvínciaEclesiásticae fiéisdasseisáreaspastorais,quesereúnemparaex-pressarafénaMãeSantíssima.

Jáestãoabertasasinscriçõesparaquemdesejaparticipardo3ºSeminárioIgrejaeBensCulturais–EvangelizaçãoePreservação,promovidopelaComis-sãoBensCulturaisdaIgrejadoRegionalLeste2emparceriacomaFaculdadeArquidiocesanadeMariana(FAM).Oeventoseráde20a23deoutubroetemoobjetivodeampliarasdiscussõespelasalvaguarda,manutençãoepreser-vaçãodopatrimônio artístico, histórico e religioso da Igreja. As inscriçõesdevemser feitaspelo sitewww.famariana.edu.br.Ao finaldoSeminário,osparticipantesreceberão certificadode cursode extensão, reconhecidopeloMECeexpedidopelaFAM.

Seminário sobre bens culturais

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