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engenharia civil
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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II
Obs.: Material de apoio complementar, não substitui a bibliografia básica. Página 1 de 8
GESSO
Definição
O gesso de construção é um material produzido por calcinação do minério natural gipso
(sulfato de cálcio dihidratado) constituído essencialmente de:
- sulfato de cálcio hemidratado,
- anidritas solúvel e insolúvel,
- gipsita,
- aditivos retardadores do tempo de pega.
As propriedades do gesso dependem do teor relativo desses constituintes. A presença de
impurezas e sua finura também são fatores determinantes nas propriedades do gesso.
Produção
- Extração do minério, realizada em geral a céu aberto.
- Britagem e moagem grossa.
- Estocagem com homogeneização.
- Secagem da matéria prima pois a umidade pode chegar a 10%.
- Calcinação, moagem fina e ensilagem.
As principais jazidas de Gipsita se encontram em Araripina – Pernambuco, cerca
de 94% da produção.
A calcinação pode consistir de um único forno, cujo produto é o hemidrato puro
ou contendo também gipsita ou anidrita, ou de dois fornos que produzem hemidrato1 e
anidrita, em separado.
Moagem e seleção em frações granulométricas de acordo com a utilização: em
construção (pré-fabricação, revestimentos) e moldagem (arte, indústria).
Etapa final não praticada no País: mistura e homogeneização dos diferentes
sulfatos e dos aditivos, em função da aplicação.
Mecanismo de hidratação
O mecanismo pode ser acompanhado pela curva do calor de hidratação:
- Etapa 1: o primeiro pico ocorre durante 30 segundos e corresponde à molhagem do pó.
- Etapa 2: é o período de indução afetado pelo tempo de mistura, temperatura da água de
amassamento ou presença de impurezas ou aditivos.
- Etapa 3: inicia-se no final do período de indução, coincide com o início da pega.
Ocorre um forte aumento da temperatura que indica o aumento da velocidade de reação.
- Etapa 4: diminuição da velocidade de reação; depois de a curva passar por um
máximo, a velocidade decresce progressivamente, observando-se o fim da hidratação.
No contato do pó com a água inicia-se imediatamente a dissolução dos sulfatos.
1 Definição de hemidrato: hidrato que contém meia molécula de água para uma do composto que
forma o hidrato.
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Com a saturação da solução a gipsita passa a precipitar em cristais aciculares,
formando núcleos de cristalização. À medida que a hidratação evolui, a concentração de
íons, assim como a formação de novos núcleos, diminui.
A fixação progressiva da água de hidratação reduz a água disponível,
aumentando simultaneamente o volume de sólidos. Os cristais começam a ficar
próximos, a porosidade diminui, e a resistência aumenta.
Depois de a velocidade passar por um máximo, decresce até o fim da hidratação,
quando a concentração atinge um valor mínimo. O crescimento dos cristais nessa etapa
vai influenciar diretamente as propriedades mecânicas.
Início e fim de pega
O consumo da água de amassamento pela formação da gipsita hidratada aumenta
a consistência da pasta dando início à pega.
Os cristais formados ao redor de núcleos ficam progressivamente mais próximos
e se aglomeram, aumentando a viscosidade aparente da pasta.
O prosseguimento da hidratação leva à formação de um sólido contínuo com
porosidade progressivamente menor e resistência progressivamente maior.
A pega e o endurecimento são afetados por diferentes fatores, principalmente:
finura e forma dos grãos, relação a/g, temperatura da água, velocidade e tempo de
mistura e aditivos.
Inicialmente é realizado um ensaio de consistência normal com a adição de um
retardador (citrato de sódio) para determinar a quantidade de água ideal para a
determinação do tempo de pega. A consistência é considerada normal quando for obtido
uma penetração de 30 ± 2 mm.
O tempo de início de pega, determinado segundo a norma brasileira NBR 12128,
é o tempo decorrido a partir do momento que o gesso tomou contato com a água até o
instante em que a agulha do aparelho de VICAT não mais penetra até o fundo,
estacionando a l mm do fundo.
O tempo de fim de pega é o tempo decorrido a partir do momento que o gesso
entra em contato com a água até o instante que a agulha do aparelho de VICAT não
mais deixa impressão na superfície.
Figura 1: Aparelho VICAT completo
Fonte: http://viatest.com.br
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A NBR 13207/94 classifica dois tipos de gesso em função da aplicação em gesso para
revestimento (fino ou grosso), usado em revestimento de tetos e paredes e gesso para a
fundição (fino ou grosso), aplicado na produção de elementos e componentes da
construção civil (como placas acartonadas e peças decorativas).
Tabela 1: Tempo mínimo de pega conforme norma NBR 12128
Aplicação Tempo de início de pega Tempo de fim de pega
Revestimento 10 min 45 min
Fundição 4 a 10 min 20 a 45 min
Fatores que influenciam as propriedades do gesso
Grau de cristalização
A depender do processo de calcinação do gesso, duas cristalizações podem
acontecer, a alfa, onde os cristais são bem formados e homogêneos e a beta onde são
mal formados e heterogêneos. Os gessos alfa têm maior tendência a formar produtos
com maior tempo de pega e maior resistência por ser menos solúvel e, portanto,
necessitar de menos água de amassamento para se ter a trabalhabilidade desejada. Já os
gessos beta tem mais tendência a formar produzir de menor tempo de pega e menor
resistência. Na construção, o gesso empregado é o gesso tipo beta, contendo pequenas
proporções de anidrita (solúvel e insolúvel) e impurezas como o próprio dihidrato
(matéria-prima) e argilominerais.
Homogeneidade
Gessos com grau de cristalização ou de desidratação diferentes aceleram o
tempo de pega e diminuem a resistência mecânica do produto final.
Finura
Quanto menores forem as partículas de gesso mais rápido será a pega, pois a
superfície de contato será maior e consequentemente mais saturada será a mistura,
favorecendo a cristalização, diminuindo o tempo de pega e aumentando a resistência
final.
Tabela 2: Módulo de Finura determinado pela NBR 12127:
Classificação Módulo de Finura
Gesso fino < 1,10
Gesso grosso > 1,10
Consistência (fator água/gesso)
Quanto maior for este fator, maior quantidade d’água em relação a massa de
gesso, e maior o tempo de pega, pois a solução estará menos saturada, porém menor
será sua resistência final.
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Influência da mistura com areia
A mistura de gesso com areia para formar argamassa é possível, porém as
propriedades físico-mecânicas diminuem sensivelmente: a consistência, o tempo de
pega e a resistência mecânica decrescem proporcionalmente com o acréscimo da
proporção de areia.
Aditivos
A ação de aditivos químicos interfere no tempo de pega, como veremos mais a
diante.
Temperatura
O aumento da temperatura favorece as reações de cristalização, diminuindo
sensivelmente o tempo de pega e a resistência final.
Variação dimensional da pasta de gesso
Depois de uma fase inicial de contração, observa-se um incremento de volume,
devido ao arranjo geométrico dos cristais que resulta na formação de poros que ocorre
durante a hidratação, e que prossegue até os três dias.
Valores típicos de expansão linear atingem cerca de 0,2%.
Após endurecimento e evaporação da água de amassamento, dá-se uma ligeira
retração, resultando em uma expansão líquida em torno de 0,1%. O valor decresce com
o aumento da água de amassamento e da composição mineral do produto.
Esta característica, praticamente, elimina o risco de fissuração de revestimentos;
também auxilia na moldagem de componentes, pois preenche todos os vazios e detalhes
do molde, gerando excelente acabamento superficial.
Propriedades físicas do pó
Granulometria do pó
Determinada em amostra seca, por peneiramento na série padrão de peneiras
(0,840 mm, 0,420 mm, 0,210 mm, 0,105 mm), sob água corrente. A massa retida em
cada peneira é determinada após secagem em estufa a 110°C.
Densidade de massa aparente
Determinada em recipiente com capacidade de (1.000 ± 20) cm3; recebe o gesso
vertido através de um funil cônico, de 15 cm de altura, colocado sobre um tripé,
contendo uma peneira de 2,0 mm de abertura, e ajustado na metade da altura do funil.
Propriedades mecânicas
Dureza: Os ensaios são realizados em corpos-de-prova cúbicos de 50 mm de
aresta, moldados em moldes com três compartimentos. A dureza é determinada pela
medida da profundidade de impressão de uma esfera de aço duro, com (10,0 ± 5,0) mm
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de diâmetro, sob uma carga fixa, de (500 ± 5) N em superfícies com área mínima de
2.500 mm2. O resultado é calculado pela equação:
Sendo:
F = carga em Newton;
Φ =diâmetro da esfera em milímetros;
T = média da profundidade em milímetros.
Quanto menor a dureza, menor será a resistência à compressão.
Resistência à compressão: é determinada em corpos de provas cúbicos de aresta de 50
mm em uma prensa de ensaio com capacidade de 20KN e exatidão de 200 N.
Aditivos retardadores de pega
De modo geral estão agrupados em três categorias conforme o seu modo de
atuação:
- Espécies químicas que diminuem a velocidade de dissolução do hemidrato, por
introduzirem outros íons na solução: retardam a saturação da solução: ácidos orgânicos
fracos (ácidos cítrico, fórmico, acético, láctico, e seus sais alcalinos, como os citratos,
acetatos e lactatos) e ácido bórico, ácido fosfórico, glicerina, álcool, éter, acetona e
açúcar.
- Espécies químicas que geram reações complexas, resultando em produtos
pouco solúveis ou insolúveis ao redor dos cristais de dihidrato, atrasando o seu
crescimento e, como consequência, sua precipitação: boratos, fosfatos, carbonatos e
silicatos alcalinos.
- Produtos orgânicos de massa molecular elevada, como as proteínas degradadas
e alguns colóides; misturados com água, formam um gel ao redor dos grãos de
hemidrato, atrasam o contato com a água e a solubilização e cristalização do dihidrato:
queratina, caseína, goma arábica, gelatina, pepsina, peptona, albumina, alginatos,
proteínas hidrolisadas, aminoácidos e formaldeidos condensados.
Influência dos retardadores sobre o gesso endurecido
Expansão: A diminuição da expansão observada é atribuída à mudança da
microestrutura do dihidrato na presença de retardadores. Em presença de aditivos
retardadores, os cristais curtos e grossos têm mais espaço para crescer, diminuindo as
forças que geram as expansões.
•
Porosidade: A porosidade pode aumentar ou diminuir dependendo do tipo de aditivo: as
proteínas aumentam a porosidade; o ácido cítrico diminui. A metilcelulose aumenta a
porosidade do material na forma de ar incorporado. Dependem da cristalização da
gipsita: cristais longos ou curtos, aciculares ou grossos.
Propriedades
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- Resistência mecânica diminui com o teor de umidade
- Grande coeficiente de dilatação térmica (2 x concreto)
- Baixa condutibilidade térmica (isolante)
Aplicações
O gesso é um material muito utilizado em construção devido às suas
propriedades de aderência. A sua maleabilidade fazem da argamassa deste ligante um
bom material para a execução de pormenores decorativos em paredes e tetos, assim
como fazer o estuque que reveste as paredes. É um bom isolante térmico e acústico
devido ao fato de ter uma baixa condutividade térmica e um elevado coeficiente de
absorção acústica. Contudo, a sua fraca resistência quando posto em contato com água,
faz do gesso um mau material para ser utilizado em exteriores. É também utilizado
como barreira corta-fogo, pois como tem um baixo coeficiente de condutibilidade
térmica, impede que o fogo alastre a outras zonas do local onde o gesso está aplicado,
normalmente em habitações; para além do baixo coeficiente de conductibilidade térmica
possui ainda a característica de libertar água quando exposto ao calor do fogo
(calcinação a 160°C).
O gesso pode ser aplicado como sanca, moldura, barrado, rodapé, rebaixamento
de teto e como contorno em volta de batentes de portas e janelas. O gesso também pode
ser aplicado direto na parede de bloco de tijolo sem as etapas do chapisco, reboco,
massa fina e massa corrida.(neste caso a parede deve ser previamente preparada para o
seu uso,para se obter boa qualidade no resultado final). É conhecido popularmente como
"gesso liso". Quando aplicado direto na parede fica com um acabamento fino
semelhante ao da massa corrida. O gesso também é utilizado como piso protetor de
porcelanatos granitos e outros pisos sensíveis, com a utilização de estopa lona plástica e
gesso por cima para trafego pesado e médio.
Revestimentos em gesso
O preparo de pastas de gesso é governado por dois fatores básicos: a necessidade
de reologia adequada para a aplicação sobre a base e o tempo útil (tempo em que essa
reologia é mantida). O gesseiro, pela sua experiência, define o teor de água adequado
(relação a/g).
A aplicação requer experiência para evitar-se o desperdício devido ao curto
tempo de pega.
A faixa de consistência que permite a aplicação de pastas de gesso medida com
aparelho de Vicat modificado mostrou que a pasta pode ser aplicada quando a
consistência encontra-se entre 28 mm (início) e 0 mm (fim). Na prática, a definição do
teor de água pode ser realizada utilizando esse aparelho de uso muito simples.
Gesso acartonado – “Drywall”
As chapas de grandes dimensões finas de gesso revestidas externamente por
duas lâminas de papel, são denominadas comercialmente no Brasil de dry wall.
O papel kraft que reveste serve de reforço para os esforços de tração, o que
permite o manuseio seguro de chapas de grandes dimensões e confere resistência a
esforços de uso.
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Os produtos têm alta produtividade na montagem e permitem a execução de
serviço com um baixo consumo de material.
Combinando papel e gesso, o produto, é sensível a ambientes úmidos, podendo
apresentar degradação total ou biodeterioração da superfície. Para aplicação em
ambientes úmidos recebe tratamento com hidrofugante.
Figura 1: Fabricação das chapas pelo processo de laminação contínua.
Fonte: www.drywall.org.br
Tipos de Chapas – cores:
- Standard (ST) – Branca – (áreas secas)
- Resistente à Umidade (RU) – Verde
- Resistente ao Fogo (RF) – Rosa
Placas e outros componentes de gesso
Também podemos encontrar placas lisas de gesso moldado, com dimensões de
60 cm x 60 cm, com borda reforçada para forros suspensos; perfis moldados, em
complementação às placas de gesso, utilizados para a realização de acabamento de
bordas e produção de detalhes arquitetônicos como sancas; blocos de gesso moldados
para uso em alvenarias: paralelepípedos vazados, com grandes dimensões (500 mm x
666 mm, com espessuras entre 50 mm e 100 mm) que permitem boa produtividade na
elevação da alvenaria; fibro-gesso: a fibra é adicionada para melhorar a resistência à
tração e ao impacto; porta corta-fogo e isolante acústico.
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Referências Bibliográficas
ISAIA, G. C. Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenharia de
materiais. Vol. 1. São Paulo: IBRACON, 2007. Páginas 655 a 661; 727 a 757.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção. 5ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. Volume 1,
páginas 25 a 30.
NBR 13207 – Gesso para construção civil
NBR 12127 - Gesso para construção – Determinação das propriedades físicas do pó -
Método de ensaio
NBR 12128 - Gesso para construção – Determinação das propriedades físicas da pasta -
Método de ensaio
NBR 12129 - Gesso para construção – Determinação das propriedades mecânicas -
Método de ensaio