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Escritores Potiguares

Aula Convertida

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Page 1: Aula Convertida

Escritores Potiguares

Page 2: Aula Convertida

Modernismo:

“O modernismo foi um movimento literário  e artístico do início do séc. XX, cujo objetivo era o rompimento com o tradicionalismo (parnasianismo, simbolismo  e a arte acadêmica), a libertação estética, a experimentação constante e, principalmente, a independência cultural do país. Apesar da força do movimento literário modernista  a base deste movimento se encontra nas artes plásticas, com destaque para a pintura.”

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Contos Tradicionais do Brasil- Câmara Cascudo

SINOPSE

“Contos Tradicionais do Brasil, de Luís da Câmara Cascudo, reúne cem histórias populares, colhidas diretamente na boca do povo brasileiro. Histórias de pobretões que conseguem a mão de princesas, de demônios logrados pela astúcia feminina, de assombramentos, de tratados com a morte, de criminosos denunciados pelo canto de um pássaro, de enigmas cuja resolução significa a riqueza e a felicidade, um mundo maravilhoso que fascina o brasileiro do povo, como seduzia, há quatro, cinco mil anos, o homem do povo na Suméria, na Babilônia, no Egito.[...]” (Editora Global)

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AS TRÊS VELHAS

Uma viúva tinha uma filha muito bonita e religiosa que agradava a toda a gente. A viúva queria casar a filha com homem rico e para isso fazia o possível. Na esquina da rua onde moravam as duas havia uma casa de comércio afreguesada, cujo dono era solteiro e de posses. A viúva fazia as compras nessa casa e vivia estudando um meio de conseguir fazer com que o homem conhecesse e simpatizasse com sua filha.

Um dia ouviu-o dizer que só se casaria com uma moça trabalhadeira e que fiasse muito mais do que todas na cidade. A viúva comprou logo uma porção de linho, dizendo que era para a filha fiar, e que esta era a melhor fiandeira do mundo.

A moça ia todas as madrugadas à missa das almas e encontrava lá três velhas muito devotas que a cumprimentavam.

A viúva chegando a casa entregou o linho à moça, dizendo que teria de fiá-lo completamente até a manhã seguinte. A moça se valeu dos olhos, chorando, e foi sentar-se no batente da cozinha, rezando, desconsolada da vida. Estava nesse ponto quando ouviu uma voz perguntar.

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— Chorando por quê, minha filha?

Levantou os olhos e viu uma das três velhinhas da missa das almas.

— E não hei de chorar? Minha mãe quer que eu fie todo esse linho e o entregue dobado amanhã de manhã...

— Não se agonie, minha filha. Se você me convidar para seu casamento e prometer que três vezes me chamará tia, em voz alta, darei uma ajuda.

A moça prometeu. A velha despediu-se e foi embora, deixando o monte de linho fiado e pronto. A viúva, quando achou a tarefa pronta, só faltou morrer de satisfeita. Correu até a loja do negociante, mostrando as habilidades da filha e pediu uma porção ainda maior de linho. O negociante espantado pelo trabalho da moça não quis receber dinheiro pela compra.

Vendo que as cousas se encaminhavam como ela desejava, a viúva voltou a dar o linho pra a filha fiar até a manhã seguinte. Novamente a moça se agoniou muito e foi chorar na cozinha. Novamente apareceu uma velha, a segunda das três, que lhe propôs ajudá-la se ela a convidasse para o seu casamento e a chamasse tia por três vezes. A moça aceitou e o linho ficou pronto num minuto.

A viúva voltou correndo à loja do homem rico, mostrando o linho fiado e gabando a filha. O negociante estava simpatizando muito com a moça que fiava tão depressa e tamanhas qualidades. A viúva voltou com uma carga de linho enorme, entregando aquela penitência à sua filha.

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Aconteceu como nas outras vezes. A terceira velha, mediante convite para o casamento e chamá-la tia três vezes, fiou o linho num rápido.

Quando o negociante viu o linho fiado, pediu para conhecer a moça, conversou com ela e acabou falando a casamento. Como era de agradável presença, a moça aceitou e marcou-se o casamento. O homem mandou preparar sua casa com todos os arranjos decentes e encheu uma mesa de fusos, rocas, linhos, tudo para que a mulher se ocupasse durante o santo dia em fiar.

Depois do casamento, na hora do jantar, estavam todos reunidos e muito alegres, quando bateram palmas e entrou uma das três velhas da missa das almas. A noiva correu logo dizendo:

— Que alegria, minha tia! Entre, minha tia, sente-se aqui perto de mim, minha tia.

Assim que a velha sentou na cadeira, chegou a outra, recebida com a mesma satisfação:

— Entre minha tia! Sente-se aqui, minha tia! Vai jantar comigo, minha tia!

A terceira velha chegou também e a noiva abraçou-a logo:

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— Dê cá um abraço, minha tia! Vamos sentar, minha tia! Quero apresentá-la ao meu marido, minha tia!

Foram para o jantar e o marido e convidados não tiravam os olhos de cima das três velhas que eram feias como o pecado mortal.

Depois do jantar, o marido não se conteve e perguntou por que a primeira era tão corcovada, a segunda com a boca torta e a terceira com os dedos finos e compridos como patas de aranhas. As velhinhas responderam:

— Eu fiquei corcunda de tanto fiar linho, curvada para rodar o fuso!

— Eu fiquei com a boca torta de tanto riçar os fios de linho quando fiava!

— Eu fiquei com os dedos assim de tanto puxar e remexer o linho quando fiava!

Ouvindo isso o marido mandou buscar os fusos, rocas, meadas, linhos, e tudo que servisse para fiar, e fez com que queimassem tudo, jurando a Deus que jamais sua mulher havia de ficar feia como as três tias fiandeiras por causa do encargo de fiar.

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Depois, as três velhas desapareceram para sempre. O casal viveu muito feliz.

(Cascudo, Luís da Câmara. Contos tradicionais do Brasil. Belo Horizonte; São Paulo, Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1986. Reconquista do Brasil, 2ª série, 96, p.158-159)

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A festa no céuEntre todas as aves, espalhou-se a notícia de uma

festa no Céu. Todas as aves compareceriam e começaram a fazer inveja aos animais e outros bichos da terra incapazes de voar. Imaginem quem foi dizer que também ia à festa... O Sapo! Logo ele, pesadão e não sabendo sequer correr, seria capaz de subir àquelas alturas! Pois o Sapo disse que tinha sido convidado e que ia sem dúvida nenhuma. Os bichos morriam de tanto rir. Os pássaros, então, nem se fala!Mas o Sapo tinha um plano. Na véspera, procurou o Urubu e esteve bastante tempo a conversar com ele, divertindo-o imenso.Depois disse:- Bem, camarada Urubu, quem é coxo parte cedo e eu vou indo, porque o caminho é comprido.O Urubu respondeu:-Você vai mesmo?-- Se vou? Claro que sim, lá nos encontraremos!

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Em vez de sair, o Sapo deu uma volta, entrou no quarto do Urubu e, vendo a viola em cima da cama, meteu-se lá dentro, encolhendo-se todo.O Urubu, mais tarde, pegou na viola, amarrou-a a tiracolo e bateu asas para o céu, rru-rru-rru...Chegando ao céu, o Urubu arrumou a viola num canto e foi à procura das outras aves. O Sapo espreitou por uma fresta e, vendo que estava sozinho, deu um pulo e veio para a rua, todo satisfeito. Nem queiram saber o espanto que as aves tiveram, ao verem o Sapo a pular no Céu! Perguntaram, perguntaram, mas o Sapo fazia-se desentendido e não adiantava nada. A festa começou e o Sapo saltitou de um lado para o outro, divertindo-se à grande. Pela madrugada, sabendo que só podia voltar da mesma forma que tinha vindo, mestre Sapo foi-se esgueirando e correu para onde o Urubu se havia hospedado. Procurou a viola e acomodou-se, como da outra vez. Ao pôr-do-sol acabou-se a festa e os convidados foram-se embora a voar, cada qual para o seu destino. O Urubu agarrou a viola e rumou para a Terra, rru-rru-rru... Ia a meio do caminho quando, numa curva, o Sapo se mexeu e o Urubu, olhando para dentro do instrumento, viu o bicho lá no escuro, todo curvado, feito uma bola.

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- Ah! camarada Sapo! É assim que você vai à festa no Céu? Deixe de ser xico esperto...!E, àquela altitude, virou a viola. O Sapo começou a cair, acelerando de tal forma que até zunia. E dizia, na queda:- Béu-Béu! Se desta eu escapar...Nunca mais festas no céu!...E vendo as serras lá em baixo:- Afastem-se pedras, se não eu parto-as todas!Bateu em cima das pedras como um figo maduro, espapaçando-se todo. Ficou em pedaços.Nossa Senhora, com pena do Sapo, juntou todos os pedaços e fê-lo reviver. Por isso o sapo tem a pele assim, cheia de remendos.

Conto tradicional do folclore brasileiro - Luís da Câmara Cascudo

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O CEGO E O DINHEIRO ENTERRADO

                                                        Luís da Câmara Cascudo

Um cego, muito econômico, guardava suas moedas em casa e, temendo os ladrões,  resolveu esconder seu tesouro no quintal. Cavou um buraco ao pé de uma árvore, debaixo da raiz, e deixou seu dinheiro bem disfarçado.            Sucedeu que um vizinho seu, vendo-o ir tão cedo para o fundo do quintal, acompanhou-o, descobrindo o segredo. Quando anoiteceu, voltou à árvore e furtou todo o dinheiro que o cego enterrava.            Pela manhã, o dono veio tateando, e verificou ter sido roubado. Como não resolvia chorar ou queixar-se, fingiu não ter sido visitado pelo ladrão e começou a pensar em uma forma de readquirir seu dinheiro, sem barulhos.            Foi procurar o vizinho e lhe falou:            — Vizinho, nesse tempo, ninguém pode ter confiança senão em si mesmo, apesar dos dentes morderem a língua e ambos viverem juntos. Juntei minhas economias e escondi num pé de árvore ali no meu quintal, pensando ser um lugar seguro. Acabo de receber um bom dinheiro e vim pedir conselho a você. Guardo tudo junto ou levo esse dinheiro para a cidade?

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O vizinho pensou logo em pegar todo o dinheiro do cego e aconselhou-o que deixasse tudo junto, no mesmo canto já antigo.

E logo que escureceu, correu e foi levar o que havia tirado na noite  anterior, para o cego não desconfiar. Cobriu tudo de areia, alisou, retirou-se. Mais tarde, o cego procurou o cantinho velho e tomou posse do seu dinheiro ali colocado pelo vizinho que sonhava ficar com tudo.

E quando o ladrão voltou, encontrou apenas o buraco oco, sem um níquel sequer.

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Atividade 1.  Os contos populares são narrativas de tradição oral que expressam costumes, crenças de um povo de determinada cultura. É comum encontrar nesse gênero a presença de seres com poderes sobrenaturais, feitiços, palavras mágicas, encantos e crendices. Quais desses aspectos estão presentes no conto lido? Comente.2. Geralmente, nos contos populares, são  mantidas as características do modo de falar das regiões e comunidades de que se originam e do tempo em que foram coletados. No conto lido, predomina a linguagem formal ou informal? Justifique3. Sabendo que os contos orais são passados de geração para geração, transcreva um conto popular que você conhece.

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Referências Travessa. Contos tradicionais do Brasil.

Disponível em: http://www.travessa.com.br/CONTOS_TRADICIONAIS_DO_BRASIL/artigo/2c8de187-e882-4a65-a9d1-f561cc28a5be. Acesso em: 14 Set. 2015.

Portal do Professor. Variação linguística no gênero discursivo conto popular. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=40048 Acesso em: 14 Set. 2015.

Só atividades. O cego e o dinheiro enterrado. Disponível em: http://atividadeslinguaportuguesa.blogspot.com.br/2013/08/o-cego-e-o-dinheiro-enterrado.html Acesso em : 15 Set. 2015.

Infoescola. Modernismo. Disponível em: http://www.infoescola.com/literatura/modernismo/ Acesso em: 15 Set. 2015.