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Comunidades
Prof. Daniel O. Mesquita
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Introdução
Conjunto de espécies que ocorrem juntas no mesmo lugar (no tempo e no espaço)
Comunidade vs. taxocenose (assemblage) Conjunto de espécies com relações filogenéticas
próximas interagindo Definições, limites, ecótonos etc
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Questões centrais em ecologia de comunidades Quantas espécies podem coexistir? Porque a composição, riqueza, abundância variam? Qual o papel de cada espécie na comunidade? Existe variação temporal?
Principais parâmetros: Riqueza Composição Abundância Diversidade Interações Medidas de Estruturação
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Estrutura das comunidades
Conceito de nicho Grinnell, Elton, Hutchinson
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“O nicho fundamental da espécie irá definir completamente suas propriedades ecológicas. O nicho fundamental é dessa forma uma formalização abstrata do que é normalmente entendido por nicho ecológico” (1957).
Condições em que as espécies são viáveis, muitas vezes são maiores do que aqueles em que o organismo realmente vive, e isto geralmente é causado por interações bióMcas. Nicho fundamental: todos aspectos do hipervolume n-‐dimensional, na ausência de outras espécies. Nicho realizado: a parte do nicho fundamental onde a espécie está restrita devido a interações interespecíficas.
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Os nichos na comunidade
O número de espécies em uma comunidade é resultante do tamanho dos nichos individuais e do espaço n-dimensional
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O número de espécies pode aumentar se o espaço n-dimensional aumentar ou se os nichos específicos se estreitarem
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A sobreposição de nicho ocorre quando dois organismos utilizam os mesmos recursos (competição)
Uma espécie pode eliminar a outra
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Representação matemática
Aonde p representa proporção da categoria (microhábitat, dieta, etc.) i, n é o número de categoriais e j e k representam as espécies sendo comparadas (Pianka, 1973)
Øjk varia de 0 (sem sobreposição) a 1 (sobreposição completa)
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∑ ∑
∑
= =
== n
i
n
i ikij
n
i ikij
jk pppp
1 1
22
1φ
11
0,889 0,902
0,144 0,883
0,991
0,068
O conceito de nicho foi gradualmente sendo associado ao fenômeno da compeMção interespecífica e aos padrões de uso de recursos em uma comunidade
O conceito teve papel central na elaboração de teorias sobre diversidade, abundância e distribuição dos organismos
Trabalhos com répteis sempre Mveram papel fundamental e pioneiro na formulação e teste dessas teorias
3
Teoria do Nicho (1966-‐90) Levins, MacArthur, Pianka, Roughgarden, Schoener, Colwell, May, Diamond
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Estrutura de comunidades
Padrão de sobreposição encontrado é resultado de interações interespecíficas?
WINEMILLER, K. O. e E. R. PIANKA. 1990. Organization in natural assemblages of desert lizards and tropical fishes. Ecological Monographs. 60:27-55.
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Eles propoem o uso de modelos nulos para testar se existe alguma estrutura de organização
Se não existe organização, a comunidade não está estruturada, sem evidência de forças competitivas atuando nela; os recursos não são limitantes
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Utilização de recurso por diferentes espécies em uma comunidade – Matriz original
Espécie Recurso 1 Recurso 2 Recurso 3 Recurso 4 Recurso n Espécie 1 0 0.4 0.2 0.1 0.3 Espécie 2 0.8 0.1 0 0.1 0 Espécie 3 0.3 0.3 0.1 0 0.3 Espécie 4 0.5 0.1 0 0.3 0.1 Espécie n 0.2 0 0.7 0.1 0
Padrão de sobreposição de nicho entre as espécies da comunidade
Espécie Espécie 1 Espécie 2 Espécie 3 Espécie 4 Espécie n Espécie 1 1 0.11 0.79 0.31 0.37 Espécie 2 − 1 0.63 0.90 0.28 Espécie 3 − − 1 0.66 0.33 Espécie 4 − − − 1 0.29 Espécie n − − − − 1
Média da sobreposição de nicho = 0.47 Valor baixo?
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Análise de Pseudocomunidades – Modelo nulo O valor de sobreposição de nicho encontrado
(0.47) é menor do que esperado ao acaso? O acaso é determinado por remanejamento
aleatório dos valores da matriz original A nova matriz aleatória (Pseudocomunidade) é
então usada para computar sobreposição de nicho
Esse processo é repetido n vezes de forma a gerar uma distribuição de valores aleatórios
Distribuição de valores aleatórios de sobreposição de nicho baseada em 1000 aleatorizações da matriz original
Valor observado
Média do valor de sobreposição de nicho para as aleatorizações = 0.77 Variância = 0.07 Probabilidade do valor esperado ser menor do que o observado < 0.001
A presença de estruturação indica necessariamente a atuação de interações ecológicas? Não, é preciso avaliar o componente histórico
Fatores ecológicos vs. fatores históricos
Fatores ecológicos vs. fatores históricos Divergências entre espécies
filogeneticamente aparentadas ⇒ prevalência de fatores ecológicos
Espécies aparentadas sem divergência na ecologia ⇒ prevalência de fatores históricos
Padrões similares na estrutura de diferentes taxocenoses ⇒ fatores históricos
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Fatores ecológicos vs. fatores históricos
Um exemplo Competição ocorre e influencia a ecologia
dos organismos Muito do que foi (ou é) atribuído a competição
pode ser consequência da história evolutiva Vitt e Vangilder (1983)
Descreveram a comunidade de serpentes de uma localidade na Caatinga (19 espécies)
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Comparações com comunidades de ambientes xéricos do Novo Mundo (Deserto de Sonora) mostraram diferença intrigante: ausência de serpentes se alimentando de insetos
Ambas regiões têm uma diversa saurofauna ⇒ diferença não deve ser devido à competição com lagartos
Diferente do Deserto de Sonora, a Caatinga tem uma abundante mastofauna insetívora (pelo menos 5 espécies bastante abundantes)
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Dasypus novemcinctus Euphractus sexcintus
Didelphis albiventris Tamandua tetradactyla
Monodelphis domestica
No Deserto de Sonora existem apenas 2 espécies de mamíferos insetívoros: Notiosorex, que é raro, e Onychomys que tem tamanho reduzido
27 Notiosorex sp. Onychomys torridus
Eles concluíram que a ausência de serpentes na Caatinga que se alimentam de invertebrados, seria devido a competição com mamíferos insetívoros
Cadle e Greene (1993) Analisaram a distribuição das linhagens de
serpentes no Novo Mundo Os Colubrines representam a linhagem de
serpentes que se alimentam de artrópodos
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Ausência de membros de algumas linhagens de serpentes (fator histórico) e não competidores (fator ecológico) Não considerar a história pode levar a interpretações equivocadas!!!
E as interações ecológicas...
Losos, Marks, e Schoener (1993) Em Grand Cayman, onde existia Anolis
conspersus, foi introduzida A. sagrei A. sagrei - vegetação aberta A. conspersus - generalista
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6
31
Comparações do uso de microhábitat antes da introdução indicaram que em locais com vegetação aberta, onde A. sagrei é abundante agora, A. conspersus utiliza poleiros mais altos, e em áreas com vegetação fechada, onde A. sagrei não ocorre, não foi detectada nenhuma diferença
Importância das relações interespecíficas (fator ecológico)
Anolis no Caribe grande exemplo de importância de fatores ecológicos
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Estudos com taxocenoses de répteis da região Neotropical Restinga: Araújo (1991) Restinga e Cerrado: Araújo (1992) Savanas Amazônicas: Vitt e Carvalho (1995) Floresta Amazônica: Vitt e Caldwell (1994), Vitt e Zani
(1996) e Martins e Oliveira (1999) (serpentes) Pantanal: Strüssman e Sazima (1993) (serpentes) Floresta Atlântica: Marques e Sazima (2004)
(serpentes) Floresta Tropical na Nicarágua: Vitt e Zani (1998)* Floresta de transição: Vitt e Carvalho (1998)* Chaco: Fitzgerald, Cruz e Perotti (1999) Caatinga: Vitt (1995)*:
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Floresta Amazônica: Vitt, Zani e Espósito (1999)* Utilizaram métodos de correlação entre
matrizes (Teste de Mantel) para avaliar o efeito da filogenia na estrutura
Encontraram uma correlação positiva entre sobreposição na dieta e similaridade filogenética (P=0,028)
Quanto mais próxima for a espécie, mais semelhante é o tipo de presa ⇒ filogenia é mais importante na estruturação
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Giannini (2003)*: análise de ordenação canônica filogenética Relação entre filogenia e
características ecológicas com a contribuição relativa para cada clado
Maioria dos trabalhos não levam em conta a história das espécies
35 36
7
Cerrado: Vitt (1991), Gainsbury e Colli (2003)*, Mesquita et al (2006a)*, Mesquita et al (2006b)*, Mesquita et al (2007)*, França et al (2008)* (serpentes)
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Examinar a influência da história/ecologia na estrutura de lagartos da região de Monte Alegre, PA (Savana Amazônica), através da combinação de dados ecológicos, morfométricos e filogenéticos
38 39
Monte Alegre-PA
Resultados
A taxocenose contém 7 espécies 1 Polychrotidae (Anolis auratus) 1 Tropiduridae (Tropidurus hispidus) 3 Teiidae (Ameiva ameiva, Cnemidophorus
cryptus e Kentropyx striata) 1 Gymnophthalmidae (Gymnophthalmus
underwoodi) 1 Scincidae (Mabuya nigropunctata)
40 41
Anolis auratus 42
Tropidurus hispidus Ameiva ameiva
Cnemidophorus cryptus Kentropyx striata
8
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Gymnophthalmus underwoodi
Mabuya nigropunctata
Cladograma sugere uma maior importância da história, principalmente entre Teiidae
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Resultados corroborados pela ordenação filogenética canônica, baseada na dieta
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Grupos Variação % Variação F P Dieta
D 0.223 33.635 1.458 0.0426 A/E 0.190 28.658 1.187 0.1899 C 0.162 24.434 0.979 0.4961 B 0.114 17.195 0.650 0.9626
Microhábitat A/D 0.427 47.870 1.509 0.2031 C 0.301 33.744 0.956 0.6549 B 0.136 15.247 0.382 0.9803
Resultado da Análise de Ordenação Canônica
O que é mais importante competição ou história?
47 Vitt & Pianka 2005
Diferenças no uso de recurso por algumas espécies são muito antigas dessa forma nada tem haver com interações ecológicas atuais
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Isso significa que interações ecológicas não tem papel algum?
Não, porque? Os Anoles... E ai o que eles tem de especial? As comunidades de Anoles são compostas
por uma linhagem especifica da diversidade de Squamata
Um conjunto não aleatório da árvore
50 Vitt & Pianka 2005
DIFERENTES ASPECTOS DA ECOLOGIA DE
COMUNIDADES
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Exemplo de estudo a longo prazo
Comunidade de tartarugas de lagos em Michigan
Justin Congdon e seus associados
Estudo começou em 1964 O que acontece com
um animal que vive mais que um biólogo?
52 53 54
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Estudos comparativos
Mais de uma comunidade Ecological release
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Ecological release in lizard assemblages of Neotropical savannas Daniel O. Mesquita, Guarino R. Colli e Laurie J. Vitt Publicado na revista Oecologia
153: 185-195
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Introdução
Ilhas apresentam menor riqueza que áreas contínuas
Espécies de ilhas ⇒ maiores densidades Compensação da densidade- “density
compensation” (Crowell, 1962)
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Expansão de hábitat- “hábitat expansion” (MacArthur et al., 1972)
Fenômenos analisados em conjunto: liberação ecológica (ecological release)
Cerrado é ideal para testar esta hipótese - apresenta vasta região “core” e vários isolados dispersos na região amazônica
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Estrutura de Comunidades
Check list: Boa descrição de parâmetros (riqueza,
composição, abundância, uso de recursos) Quantificação de sobreposição de nicho Uso de modelos nulos Análise da influência de padrões históricos -
filogenia
60
11
61 62
! 1995 Oklahoma Museum of Natural History ISSN:1080-7004
OCCASIONAL PAPERS
NUMBER 1, PAGES 1-29 1 DECEMBER 1995
OF THE
OKLAHOMA MUSEUM OF NATURAL HISTORYUNIVERSITY OF OKLAHOMA, NORMAN, OKLAHOMA
THE ECOLOGY OF TROPICAL LIZARDS IN THECAATINGA OF NORTHEAST BRAZIL
LAURIE J. VITT
Oklahoma Museum of Natural History and Department of Zoology, University of Oklahoma, Norman, Oklahoma 73019-0606 USA
Most ecological research on lizards assem-blages has been conducted on desert lizards inthe United States (Pianka 1967; Whitford andCreusere 1977; Mitchell 1979; Vitt et al. 1981;Creusere and Whitford 1982), Australia (Piankaand Pianka 1976; Pianka 1969a, b, 1970, 1986,1989; Morton and James 1988; James 1989, 1991,1994), Africa (Huey and Pianka 1974, 1977a, b;Huey et al. 1974; Pianka 1971; Pianka and Huey1978), Mexico (Barbault et al. 1978; Case 1979;Barbault and Maury 1981; Maury and Barbault1981; Maury 1981a, 1981b), Peru (Huey 1979),Chile (Jaksic et al. 1980), Argentina (Sage 1974),and the Middle East (Werner 1982; Arnold 1984).Comparative ecological studies on tropical lizardassemblages, for the most part, have concentrated
on polychrotid (sensu Frost and Etheridge 1989;see also Böhme 1990) lizards in the genus Anolis(Schoener 1968, 1969, 1970) in island habitats.Few studies deal with other tropical lizard assem-blages. Barbault (1974a, b, c; 1975) examinedecological relationships among sympatric lizardsin the Ivory Coast region of Africa; Inger (1979,1980a, 1980b) studied patterns of lizard speciesabundance in southeast Asia and Central Amer-ica, and Inger and Colwell (1977) examined thestructure of herpetological communities in Thai-land; Vitt (1991a) presented preliminary data oncerrado lizards in central Brazil; Hillman (1969)compared habitat utilization among sympatricAmeiva (Teiidae); Araújo (1984, 1991, 1994) stud-ied various lizard assemblages in Brazil, and
An assemblage of 13 carnivorous lizard species was studied for one year in the semiarid caatinga ofnortheastern Brazil. Most of the diurnal species have broadly overlapping activity periods during the dayand the two nocturnal species overlap in activity at night. Body temperatures of active lizards vary amongspecies and seem to be related to microhabitat use and phylogeny: teiid lizards have the highest bodytemperatures and gekkonids have the lowest temperatures. Species of lizards using the sit-and-wait forag-ing mode segregated primarily by microhabitats. A diversity of prey is eaten, but distinct differences existamong species. Active foraging species segregated primarily by prey types and not by microhabitats. Acomparison of the real dietary overlaps among species with overlaps based on two different pseudocom-munity analyses revealed structure within the consumer–resource community matrix. Species of lizardsdo not utilize the pooled resources randomly. Overall, overlaps in diet were relatively low. Morphologicalanalyses showed that significant variation exists in both size and shape among species and much of thevariation is associated with taxonomic affinities. The topology of ecological characteristics of these lizardson an independently derived phylogeny suggests that phylogeny determines ecology of individual speciesto a greater extent than putative interactions among members of the assemblage.
Key words: Brazil, caatinga, diet, lizards, niche overlap, semiarid, thermal ecology, tropics
ABSTRACT
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