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Aulas de Economia
Itens da Aula
Apresentação
Ementa
Objetivos
Conteúdo
Aula 01
Aula 02
Aula 03
Aula 04
Aula 05
Aula 06
Aula 07
Aula 08
Referências
Glossário
Economia
Apresentação
CONTEXTUALIZAÇÃO
É de fundamental importância para qualquer profissional que tenha a
pretensão de administrar, de trabalhar, com atos e fatos comerciais, compreender as
noções, conceitos e as teorias sobre economia. E, principalmente, para a
administração, essa disciplina é de extrema importância já que o administrador ao
desenvolver a sua atividade na empresa (organização) será não somente àquele que
interpreta os fatos econômicos, mas que com base nesses dados, toma decisões
referentes aos processos organizacionais.
O estudo dos aspectos econômicos que envolvem o cotidiano das pessoas faz
parte de uma das mais abrangentes categorias do conhecimento humano, as ciências
sociais, na qual a economia está inserida. Genericamente, a economia centra sua
atenção nas condições da propriedade material, na acumulação da riqueza e em sua
distribuição aos que participam do esforço social de produção. Por isso dissemos que
a aquisição de noções teóricas da economia nos possibilita a compreensão de questões
relativas aos índices de pobreza, aos níveis de desemprego, de preços, taxas de juros
etc., fornecendo inclusive soluções a essas questões e outras. Sendo assim,
destacamos que os conhecimentos que você irá adquirir serão significativamente
relevantes para a sua formação profissional.
Vale destacar que também, a ciência econômica pode também nos
proporcionar um melhor entendimento do que pode ser feito para prevenir, corrigir ou
pelo menos aliviar problemas como os citados acima.
Visando proporcionar uma adequada base filosófica e conceitual a disciplina
abordará um conjunto de conhecimentos de quatro campos fundamentais:
1. Introdução à economia
2. Introdução a microeconomia
3. Introdução à macroeconomia
4. Contabilidade nacional
Esses conteúdos serão tratados no conjunto de 9 (nove) aulas numa seqüência
lógica e com clareza de idéias. Procurar entender, em toda sua extensão, esses 4 eixos
de sustentação é a tarefa mais importante dos que se dedicam à economia.
Durante os estudos, você perceberá que a atividade econômica se define a partir
da integração de complexas variáveis e das limitações (restrições e escassez) de espaço
geográfico e de recursos naturais. Esta ciência é influenciável por fatores
antropológico-culturais, pelo ordenamento político, pelo progresso tecnológico e pelo
imprevisível comportamento dos diversos grupos sociais que constituem as nações
(países). Esses temas serão contemplados nos nossos estudos proporcionando-lhe o
desenvolvimento de sua capacidade de realizar boas predições com base nos
construtos teóricos da economia.
Então vamos lá e bons estudos ao longo da disciplina.
EMENTA
A Ciência Econômica e sua importância para a administração. O objetivo de
estudo da Ciência Econômica. Introdução à economia. Características das economias
de mercado. A moeda: evolução histórica, formas de moeda, instituições, sistema
monetário nacional e internacional, preços e inflação. Taxas de câmbio. O Balanço de
Pagamentos. Os Agregados macroeconômicos: renda, produto, investimento.
Produção e emprego nas economias de mercado. Concorrência perfeita e imperfeita.
Políticas econômicas. A Ciência Econômica focada em Microeconomia: Produção e
Custos. Teoria do Consumidor e Estrutura de Mercados.
Objetivos Específicos
Ao final da disciplina, você será capaz de:
Compreender o método empregado pelos pesquisadores no estudo dos fatos e
fenômenos econômicos ocorridos na economia de um país num determinado
período de tempo;
Propor medidas e soluções aos problemas correlatos à área;
Identificar as principais escolas e teóricos da história da evolução do
pensamento econômico;
Reconhecer o mecanismo de funcionamento do sistema financeiro;
Identificar os setores e elementos que compõem a estrutura do sistema
produtivo e que impactam na gestão das organizações;
Associar a história da origem e evolução da moeda com o atual sistema
financeiro e sua composição;
Compreender o funcionamento de um sistema de preços e sua influência na
alocação de recursos escassos.
Identificar o sistema de oferta e demanda, bem como o efeito das políticas
monetárias na economia de um país;
Identificar as causas e tipos de inflação no sistema e a forma de cálculo
empregada pelo setor público no país;
Apontar as variáveis que influenciam o nível de produção de uma firma nos
distintos mercados.
Determinar as variáveis macroeconômicas e como elas são medidas;
Correlacionar situações do cotidiano da gestão das empresas com o movimento
de mecanismo do mercado financeiro;
Resolver problemas do cotidiano das empresas na área no que tange ao
emprego de conceitos advindos da micro e macroeconomia.
CONTEÚDO
AULA 1 - A CIÊNCIA ECONÔMICA
1.1 A Economia e as Ciências Sociais
1.2 Definição
1.3 Objeto de Estudo
1.4 O Cerne do Problema
1.4.1 Primeiro problema – o que produzir e em quais quantidades?
1.4.2 Segundo problema – como produzir?
1.4.3 Terceiro problema – para quem produzir?
1.5 Conceitos Básicos
1.5.1 Necessidades humanas: a visão da economia
1.5.2 Divisão da economia
1.5.2.1 As tradicionais
1.5.2.2 Outra concepção
1.5.3 Utilidade
1.5.4 Bens econômicos
.
AULA 2 - SISTEMA ECONÔMICO
2.1 Organização da Atividade Econômica
2.2 Sistema Econômico – Uma Visão Geral
2.2.1 Definição de Sistema Econômico
2.2.2 Composição do Sistema Econômico
2.2.3 Agentes Econômicos: papel e funções
2.2.3.1 Agente econômico unidades familiares
2.2.3.1 Estudos do IBGE
2.2.3.2 Agente econômico empresas
2.2.3.3 Agente econômico governo
2.2.4 Fluxos do Sistema Econômico
2.2.5 A Circulação no Sistema Econômico
2.2.6 Integração dos Agentes Econômicos
2.2.6.1 Influências da modernidade
2.2.6.2 Influências da modernidade
2.2.7 A Economia Solidária
.
AULA 3 - MOEDA E MERCADO FINANCEIRO
3.1 Moeda – O Lado Monetário da Economia
3.1.1 Breve histórico da moeda
3.2 Funções da Moeda
3.3 Tipos de Moeda Fiduciária
3.4 Oferta de Moeda
3.4.1 Teoria quantitativa da moeda
3.4.2 Oferta de moeda pelo banco central
3.5 O Papel dos Bancos e o Multiplicador Monetário
3.6 Sistema Financeiro Nacional
3.6.1 Composição do sistema financeiro nacional
3.6.2 Conselho monetário nacional
.
AULA 4 - NOÇÕES BÁSICAS DE ECONOMIA ABERTA
4.1 A Taxa de Câmbio
4.1.1 Os Movimentos do Câmbio e suas repercussões
4.2 A Taxa de Câmbio Real
4.3 Os Regimes Cambiais
4.3.1 O Câmbio Flutuante
4.3.2 O Câmbio Fixo
4.4 Balanço de Pagamentos
.
AULA 5 – CUSTO DE VIDA E INFLAÇÃO
5.1 Introdução
5.2 Conceituação
5.3 Números-Índice: Os Medidores da Inflação
5.4 Como construir um Índice de Custo de Vida - ICV
5.4.1 Aplicações ICV
5.5 Consequências da Inflação
5.6 Tipos de Inflação
5.6.1 Inflação de demanda
5.6.2 Inflação de custos
5.7 Custo e Padrão de Vida, Consumo e Poupança
.
AULA 6 - AGREGADOS MACROECONÔMICOS
6.1 Introdução
6.1.1 Agregados macroeconômicos básicos
6.2 Produto
6.2.1 O cálculo do PIB
6.2.2 valor imputado
6.2.3 fluxo de estoque
6.3 Consumo
6.4 Renda
6.4.1 Fluxo circular da renda
6.4.2 Renda x produto
6.5 Poupança
6.6 Investimento
6.6.1 Medição do produto nacional e da renda nacional
6.6.2 O mercado como uma maneira de medir produção
6.7 Política Econômica do Estado
6.8 Política Monetária
6.9 Política Fiscal
.
AULA 7 - INTRODUÇAO À MICROECONOMIA
7.1 Análise da Demanda de Mercado e seus Fundamentos
7.1.1 A questão da utilidade
7.2 Curva de Indiferença (CI)
7.2.1 Restrição orçamentária (RO)
7.3 Variáveis que Influenciam a Demanda
7.3.1 Variáveis e o cálculo da demanda
7.4 Elasticidade
7.4.1 Elasticidade-preço
7.4.2 Determinantes e a elasticidade
7.4.3 Oferta e custo marginal
7.4.4 Elasticidade de oferta
7.5 Utilidade Marginal
7.5.1 Redução da utilidade marginal
7.5.2 A maximização da utilidade por parte dos consumidores
.
AULA 8 - NOÇÕES DA TEORIA DA PRODUÇÃO E DA TEORIA DE CUSTOS
8.1 Teoria da Firma
8.2 Teoria da Produção
8.2.1 Conceitos básicos da teoria da produção
8.2.2 Fatores de produção
8.2.3 Função da produção
8.3 Conceitos Gerais da Produção
8.3.1 Hipótese de existência de fatores fixos na função da produção
8.4 Equilíbrio a Firma
8.4.1 Os custos de produção
8.4.2 A visão econômica e a visão contábil financeira dos custos
AULA 9 - MERCADO: OFERTA E PROCURA
9.1 Conceito e Estrutura
9.2 Componentes do Mercado
9.2.1 A Demanda
9.2.2 A Oferta
9.2.3 O Equilíbrio do Mercado
9.2.4 Classificação da estrutura de mercado
9.3 Mercado e o Governo
9.4 O Mecanismo do Mercado
9.5 Estruturas Básicas do Mercado
9.5.1 Concorrência Perfeita
9.5.2 Monopólio
9.5.3 Oligopólios
9.5.4 Concorrência monopolística
.
AULA 01 DE ECONOMIA
CONTEÚDO DA AULA 01
AULA 1 - A CIÊNCIA ECONÔMICA
1.1 A Economia e as Ciências Sociais
1.2 Definição
1.3 Objeto de Estudo
1.4 O Cerne do Problema
1.4.1 Primeiro problema – o que produzir e em quais quantidades?
1.4.2 Segundo problema – como produzir?
1.4.3 Terceiro problema – para quem produzir?
1.5 Conceitos Básicos
1.5.1 Necessidades humanas: a visão da economia
1.5.2 Divisão da economia
1.5.2.1 As tradicionais
1.5.2.2 Outra concepção
1.5.3 Utilidade
1.5.4 Bens econômicos
.
Aula 01 – Economia – A ciência econômica
As grandes questões mundiais e locais sobre desemprego, preços, crescimento
econômico etc são afetas à disciplina que você inicia agora, que versa sobre a
economia. Durante as aulas, você estudará os conceitos, métodos e procedimentos
que constituem explicações e visões sobre aqueles temas e outros. Vamos iniciar a
primeira aula, mas antes faça uma reflexão sobre as questões que se seguem.
1. Você concorda com a opinião de alguns economistas de que o mercado é o
elemento responsável pela crise econômica?
2. Você acredita que o Estado seja capaz de garantir plenamente o bem estar da
sociedade?
3. Você acredita que o processo de globalização não traga benefícios aos países mais
pobres?
1.1 A ECONOMIA E AS CIÊNCIAS SOCIAIS
As Ciências Sociais envolvem um conjunto de aspectos do comportamento
humano, que abrange atividades diferentes para atender as necessidades das pessoas
nos relacionamentos e nas ações do homem na sociedade. E é neste campo do saber
que se inclui a Economia. Demarcamos, a seguir, os territórios do conhecimento das
Ciências Sociais para que você compreenda a interface da economia com as demais
áreas sociais. Para tanto, numa abordagem simplificada podemos descrever algumas
das outras Ciências Sociais da seguinte maneira:
Ciência Política - trata das relações entre a União, os Estados e
Municípios, das formas de governo e da administração dos negócios
públicos.
Sociologia - ocupa-se das relações sociais e culturais das pessoas e da
organização estrutural da sociedade.
Psicologia - preocupa-se com o comportamento e atitude das pessoas e
dos grupos sociais, o ser humano e suas dimensões afetivas e
emocionais, a sua motivação, estímulos, processos de aprendizagem e
socialização.
Direito – define e fixa normas e regras com a objetividade moral do
comportamento e dos costumes e valores da sociedade.
Administração – a esta área, cabe o papel de planejar, coordenar,
acompanhar e avaliar a condução dos meios de produção, distribuição e
controle dos fatores produtivos.
À Economia - que, como as demais áreas, abrange apenas uma fração das ciências
sociais - compete o estudo da ação econômica do homem, envolvendo
essencialmente o processo de produção, circulação e distribuição da renda. (ROSSETI,
2003).
A importância da Economia na Administração está exatamente no usufruto de
seus conceitos e abstrações pelo administrador. Ao administrador cabe o papel de
atuar sobre os agentes econômicos (da ciência econômica) podendo corrigir, prevenir
e mesmo apresentar soluções aos problemas correlatos à área. A administração
desenvolve atividades no sentido de melhorar o emprego dos componentes
produtivos, visando o alcance da eficiência das atividades econômicas em benefício de
pessoas, organizações e nações.
1.2 DEFINIÇÃO
A expressão economia tem origem na palavra grega oikos, que significa casa,
fortuna, riqueza, e na palavra nomos (também grega), que quer dizer lei, regra ou
administração.
Até o ano de 1615, este conjunto de conhecimento era denominado
simplesmente de economia, nome ainda preferido. Neste mesmo ano, pela primeira
vez, usou-se um nome mais extenso: economia política. Foi o autor francês Antoine de
Montchrétien (1.575-1621) quem acrescentou a palavra política à expressão
economia, em seu célebre livro Traité de L’Économie Politique, no qual afirmou: a
ciência da aquisição da riqueza é comum ao Estado e à família.
Vejamos agora outras idéias para que você possa consolidar o conceito de Economia:
Economia é a ciência que estuda as relações humanas denominadas econômicas,
avaliáveis em moedas e tendo por fim um consumo.
É a ciência do abastecimento que trata da arte da aquisição – Aristóteles.
Economia pode ser entendida como sendo o processo que combina fatores de
produção* para criar bens e serviços.
*Fatores de produção
é o conjunto de bens (matéria-prima, material secundário), e serviços (mão-de-obra)
empregados na produção (insumos).
Modernamente, “define-se Economia como a ciência que estuda o emprego de
recursos escassos, entre usos alternativos, com o fim de obter os melhores resultados,
sejam na produção de bens, ou na prestação de serviços”. (SOUZA, 2003, p. 15).
Para Vasconcelos e Garcia (1999, p. 2):
Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a
sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na
produção de bens e serviços de modo a distribuí-los entre as
várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as
necessidades humanas.
Com base nas definições acima temos a trilogia básica da Economia, como
observa-se no seguinte esquema:
A definição etimológica do termo economia pode indicar desde a administração da
casa até o estudo da escassez de recursos. O nosso estudo visa compreender as
relações humanas denominadas econômicas, conforme abordado nos conceitos.
Após estas explicações, você já é capaz de identificar o objeto da Economia? O que
exatamente estuda a Ciência Econômica?
1.3 OBJETO DE ESTUDO
O objeto de estudo de uma área do conhecimento consiste em demonstrar o
que ela estuda, ou seja, qual o seu conteúdo ou teor. Pois bem, o objeto de estudo da
Economia está relacionado à investigação do comportamento humano quanto às
relações de custo, recursos, troca etc. Toda a ação humana que envolve a trilogia
produção, consumo e distribuição é uma atividade econômica. Por exemplo, a compra
de um quilo de carne por uma dona de casa.
A Economia é também o estudo de como as pessoas asseguram meios para sua
sobrevivência (alimentação, moradia, transporte etc.), focando nos problemas
enfrentados por estas pessoas e as maneiras como estes problemas são resolvidos. Em
resumo, o objeto da Economia decorre desse conceito, ou seja, das relações humanas
denominadas econômicas.
Ao longo dos estudos, você notará que as ferramentas que o homem utiliza
para produzir bens e serviços são denominadas fatores e classificadas
tradicionalmente em três categorias:
Recursos naturais
Trabalho
Capital
A essa classificação, que é antiga, pode-se acrescentar um outro fator da
contemporaneidade, a informação, que pode ser transformada em conhecimento.
Assim, a informação pode ser incorporada a essa lista, uma vez que o conhecimento é
um fator que modifica as relações econômicas. O estudo das ferramentas (fatores de
produção) e sua distribuição também fazem parte do objeto da Economia.
1.4 O CERNE DO PROBLEMA
Os problemas da economia surgem em função da escassez de bens e serviços,
posto que a limitação de recursos produtivos provoca como conseqüência a limitação
da oferta de bens. A escassez, destaca o professor VASCONCELLOS, (2002, p.21) “surge
em virtude das necessidades humanas ilimitadas e da restrição física de recursos”.
Os problemas fundamentais da economia podem ser sumariamente dividido em três
aspectos:
O que produzir e em quais quantidades?
Como produzir?
Para quem produzir?
Passemos, agora, às considerações mais detalhadas sobre cada um desses aspectos.
1.4.1 Primeiro Problema - O que produzir e em quais quantidades?
Sabe-se que as organizações enfrentam ou se deparam com recursos
produtivos escassos (limitados), como mão-de-obra especializada, matérias-primas,
capital fixo, capital de giro e empresários dispostos a arriscar seus recursos no setor
produtivo. Por outro lado, também sabemos que as necessidades humanas são
ilimitadas. Diante deste cenário, é necessário que o administrador tome decisões
quanto a:
Qual será a composição de bens e serviços a ser produzida num dado período e
numa dada região?
Quais quantidades serão produzidas?
1.4.2 Segundo Problema - Como produzir?
Refere-se a definição de questões imprescindíveis para a produção, tais como:
Que tecnologias serão aplicadas na produção dos bens e serviços?
As tecnologias a serem empregadas estão à disposição ou é necessário
importá-las mediante o pagamento de direitos (royalties)?
A decisão de como produzir implica em decidir a escolha de técnicas e a definição
de equipamentos, o que implica no envolvimento de recursos que são, na maioria das
vezes, limitados. Se existe abundância de mão-de-obra a custo barato, mas o custo do
capital é elevado, normalmente as empresas optarão a utilizar mais trabalho (L, de
labor) e menos capital (K). Nesse caso, a produção será mais manual e menos
mecanizada. Além disso, para descobrir novos produtos ou processos, as organizações
precisam investir em pesquisas e desenvolvimento.
1.4.3 Terceiro Problema - Para quem produzir?
O ponto de partida da decisão das empresas sobre para quem produzir está
diretamente ligado à expectativa de realizar lucro. Pautadas por esse objetivo, as
empresas decidem quais as camadas da população irão abastecer com bens e serviços,
com base na renda da população. Você como administrador certamente terá que
decidir para qual classe social e região territorial a sua empresa pretende atender com
a produção de bens e serviços.
1.5 CONCEITOS BÁSICOS
É importante para você, caro aluno, conhecer e entender alguns conceitos
básicos da área de economia que irão contribuir no melhor desempenho de suas
funções de administrador. Cinco desses conceitos são essenciais para darmos início ao
aprofundamento do tema. São eles:
Necessidade
Divisão da economia
Métodos econômicos
Utilidade
Bens econômicos
1.5.1 Necessidades humanas: A visão da Economia
Genericamente, pode-se definir necessidade como a sensação de falta ou
carência de determinado bem. O uso dos componentes que atendem às necessidades
constitui o que a economia denomina de consumo. Passando certo tempo, as
necessidades se renovam e passamos a necessitar de novos bens e serviços.
As necessidades podem ser consideradas de três tipos:
Primárias - são as estritamente necessárias para a existência da
pessoa humana. Exemplo: alimentação, vestuário, transporte,
moradia, saúde, higiene, educação.
Secundárias - são as necessidades que se instalam para
determinadas pessoas em certo tempo e só são necessárias para
determinada pessoa. As necessidades secundárias decorrem de
nosso desejo, gostos e preferências. Um exemplo é fumar.
Coletivas - são aquelas que satisfazem as necessidades de
determinados grupos de pessoas por algum tempo e demandam
recursos e ações que ultrapassam as possibilidades de cada
indivíduo ou grupo de indivíduos. Alguns exemplos: religião,
segurança, esporte, escola, igreja, clubes.
1.5.2 Divisão da Economia
É de praxe na Economia desenvolvermos o seu estudo em diversos capítulos ou
unidades, do que trataremos aqui.
1.5.2.1 As tradicionais
A Economia possui uma lógica própria de mapeamento dos fenômenos econômicos
que se divide em quatro aspectos denominados divisão clássica da economia:
Produção
Repartição
Circulação
Consumo
Estes quatro fatores formam um ciclo de operação, conforme o seguinte esquema:
Reconhecendo a importância do ciclo de operação, o economista inglês James Mill
propôs, em 1821, sua divisão em quatro partes, cunhando o termo divisão
quadripartida. A divisão quadripartida foi seguida durante muito tempo, até o
desenvolvimento de novos estudos na área. Há divergência entre os autores quanto a
outros aspectos da questão, a saber:
quanto à denominação dos capítulos (partes) - alguns autores denominam o
segundo capítulo de Repartição, enquanto outros o chamam de Distribuição;
quanto à localização (ordem) dos capítulos - alguns autores afirmam que o
segundo capítulo deve ser a Circulação e o terceiro a Repartição.
Ainda hoje muitos economistas continuam dando preferência à divisão quadripartida.
Entretanto, alguns autores opinam que a divisão clássica é de três partes apenas:
produção, repartição (circulação) e consumo.
1.5.2.2 Outra concepção
Uma classificação importante é a apresentada pelo economista John Richard Hicks,
Prêmio de Ciências Econômicas em 1972, que aplica o conceito baseado numa
classificação moderna. Ele divide a Economia em três fases, que são a teoria
econômica, a estatística econômica e a economia aplicada ou descritiva. Vejamos a
seguir cada um dos conceitos:
Teoria Econômica - corresponde a um conjunto de conhecimentos sobre os fatos ou
fenômenos econômicos, ou seja, o comportamento da realidade. Os conhecimentos da
realidade (Economia Positiva) possibilitam nortear ou estabelecer as normas
(Economia Narrativa) da política econômica de um país. Os fatos ou fenômenos
econômicos podem ser observados de dois ângulos diferentes, razão pela qual a teoria
econômica se classifica em microeconomia e macroeconomia.
Microeconomia - é o estudo da atividade econômica do
indivíduo ou da empresa (chamados agentes econômicos). Daí os
estudos da teoria do consumidor, da teoria da empresa, da
teoria da produção etc. A microeconomia analisa os fatos
econômicos com detalhes de forma micro. É um ramo da Ciência
econômica que estuda o comportamento das unidades de
consumo representados pelos indivíduos e pelas famílias; as
empresas e suas produções e custos; a produção e preços de
diversos bens, serviços e fatores produtivos. A análise
microeconômica, ou teoria de preços, como parte da Ciência
Econômica, preocupa-se explicar como se determina o preço dos
bens e serviços bem como os fatores de produção.
Macroeconomia - é o estudo da atividade econômica global de
todos os indivíduos e empresas (todos os agentes econômicos),
compreendendo os estudos dos agregados econômicos (a renda
nacional, o consumo, a poupança, e os investimentos globais) e
da teoria geral do equilíbrio e do desenvolvimento econômico.
Entende-se por agregados macroeconômicos as medidas-síntese
do resultado da atividade global do sistema econômico. Parte da
Ciência Econômica que focaliza os componentes do sistema
econômico como um todo tem como objetivo de estudo a
relação entre os grandes agregados estatísticos; a renda
nacional; o nível de emprego e dos preços; o consumo; a
poupança e os investimentos totais.
Estatística Econômica - entendida como manipulação dos dados
econômicos geralmente expressos em números. É o ramo que
lida com os dados numéricos relativos a fenômenos sociais ou
naturais, com o objetivo de medir ou estimar a expressão desses
fenômenos e verificar suas inter-relações. Os métodos
estatísticos são necessários para permitir o estudo de fenômenos
numericamente extensos (fenômenos de massa), classificando e
abreviando os dados obtidos e procurando determinar a
existência de tendências características que se acentuam do
número de observações. Classifica-se em duas fases:
Coleta, seleção e exame dos dados econômicos para a
formação de um juízo.
Preparo complementar por estimativas, nos casos em que
muitos dados e informações não foram obtidos
satisfatoriamente na fase da coleta.
Economia Aplicada ou Descritiva - é também integrante da
chamada Economia Positiva, compreende os exemplos de fatos
ou fenômenos contemporâneos que esclarecem as perguntas ou
questões formuladas pelos economistas, formando, assim, o
conjunto de conhecimentos que constituem a Teoria Econômica.
A Economia Aplicada ou Descritiva trabalha com o emprego
pragmático do conhecimento das leis econômicas visando a
disciplinar e orientar a atividade produtiva. Enquanto a chamada
economia “pura” cuida da formulação conceitual abstrata da
realidade econômica, a Economia Aplicada tem a função
normativa de determinar alternativas, métodos e processos de
produção tanto a nível de empresa quanto ao da sociedade. Na
medida em que utiliza recursos técnicos para atender as
necessidades práticas do processo econômico, a Economia
Aplicada vai se especializando e se ramifica em Economia
industrial, Economia comercial, agrícola, financeira, com o
objetivo de especializar para racionalizar o processo de
produção, distribuição e consumo.
Antes de avançarmos por outras conceituações fundamentais da Economia, convém
frisar que ela deve ser considerada uma ciência unitária. Se fazemos tal divisão é
porque desejamos facilitar a compreensão de suas partes, sem o que a compreensão
do todo poderia tornar-se uma árdua tarefa.
1.5.3 Utilidade
Conceitua-se a utilidade em Economia como sendo a qualidade que têm as
coisas de corresponder às nossas necessidades. Para que alguma coisa nos satisfaça, é
preciso que preencha algumas condições, a saber:
Deve possuir a qualidade física exigida e necessária;
Deve estar no lugar e hora da necessidade;
Deve estar disponível no momento da necessidade;
Deve estar na posse de quem os necessita.
Tomemos como exemplo de utilidade o automóvel: ele só é útil se no momento
que a pessoa precisa se deslocar de um lugar para outro ele estiver à sua disposição.
1.5.4 Bens Econômicos
São todos os bens produzidos pelo homem com finalidade de satisfazer
necessidades. Chamam-se bens toda a coisa útil capaz e própria para satisfazer
mediata ou imediatamente as necessidades do homem. Para existir um bem
econômico, também se faz necessário que algumas condições estejam dadas. São elas:
Necessidade;
Ligação entre a necessidade e o bem (a coisa);
Possibilidade de aplicação do bem para satisfazer a necessidade;
Limitação da quantidade do bem em relação à necessidade.
É importante destacar, para não pairar dúvidas, que nem todo bem é um bem
econômico. Que bens são esses? Por que não podemos dizer que são econômicos? E,
se não são econômicos, de que tipo eles são? Eles interferem de algum modo na
economia? Se isto aguçou sua curiosidade, que tal pesquisar sobre este assunto em
sites que tratam de economia?
CONCLUINDO
Nesta primeira aula, abordamos temas que dão uma visão fundamental do
que trata a Economia e que serão de muita importância em sua formação e atuação
como administrador:
Iniciamos com a contextualização da Economia no grande campo das Ciências
Sociais, onde também se insere a administração.
Passamos pelos problemas fundamentais da Economia (o que, como e para
quem produzir).
Tratamos de alguns conceitos básicos empregados na Economia.
Também discutimos a noção de divisão da Economia, enfocando as distintas
concepções dos autores.
Vimos os métodos empregados no estudo da Ciência Econômica (dedutivo,
indutivo, misto etc.).
Enfocamos o conceito de utilidade e bens econômicos.
.
Exercícios
Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as
atividades na plataforma de ensino.
.
AULA 02 DE ECONOMIA
CONTEÚDO DA AULA 02
AULA 2 - SISTEMA ECONÔMICO
2.1 Organização da Atividade Econômica
2.2 Sistema Econômico – Uma Visão Geral
2.2.1 Definição de Sistema Econômico
2.2.2 Composição do Sistema Econômico
2.2.3 Agentes Econômicos: papel e funções
2.2.3.1 Agente econômico unidades familiares
2.2.3.1 Estudos do IBGE
2.2.3.2 Agente econômico empresas
2.2.3.3 Agente econômico governo
2.2.4 Fluxos do Sistema Econômico
2.2.5 A Circulação no Sistema Econômico
2.2.6 Integração dos Agentes Econômicos
2.2.6.1 Influências da modernidade
2.2.6.2 Influências da modernidade
2.2.7 A Economia Solidária
Aula 02 – Economia – Sistema Econômico
A gestão das organizações exige múltiplas habilidades dos administradores. Essas
habilidades são constituídas com base no conhecimento interdisciplinar e
especializado das áreas do saber, donde se presume que compete ao administrador
desenvolver idéias, princípios e conceitos sobre o funcionamento e a composição do
sistema econômico.
E falar de sistema econômico significa falar também de seus agentes. Compreender o
papel dos agentes econômicos é muito importante para o profissional que tem a
responsabilidade de gerir uma determinada organização. Tema que será aprofundado
nesta aula, onde também iremos descrever como se realizam a qualificação dos
sistemas econômicos e o fluxo e a circulação do sistema produtivo de uma economia.
Nesta reflexão de início de aula, porém, vamos apresentar uma outra forma de
interpretação do papel da economia na sociedade, a fim de contribuir para a
ampliação de seus conhecimentos sobre um mesmo assunto. Leia o texto a seguir e
reflita sobre os princípios da Economia Solidária comparando com a visão tradicional
da Economia.
2.1 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA
As questões-chave da economia existem desde que as pessoas passaram a
permanecer em lugar fixo, evitando a vida nômade e formando agrupamentos
(cidades, sociedades), trabalhando no cultivo do terra (colheita, e criação de
rebanhos), gerando rendimentos com atividades artesanais e prestação de serviços. É
a partir de tais condições que vão surgir questões relativas a:
Utilização dos recursos;
Escolha do que produzir;
Distribuição dos produtos decorrentes da produção;
Organização da vida econômica em sociedade.
Na administração do processo produtivo em escala* global ou macroeconômica
encontramos duas questões-chave:
Eficiência produtiva - diz respeito ao aproveitamento correto
dos insumos de produção (recursos).
Eficácia alocativa - diz respeito a uma combinação adequada da
produção final de produtos gerados, com o objetivo de
satisfazer, simultaneamente, as necessidades de consumo e as
exigências do processo de acumulação da sociedade.
*Escala: aumento nos custos unitários dos produtos de uma empresa que atua
segundo os princípios de uma economia de escala. Escala significa também
quantidade global.
Ainda há outras duas questões-chave também importantes:
Justiça distributiva - diz respeito aos mecanismos de distribuição
da produção.
Ordenamento institucional - que significa a definição das regras
política, econômica e social que resultam em: eficiência, eficácia
e justiça. (ROSSETTI, 2003).
Para melhor entender estas questões-chave, é necessário considerarmos a
constituição do sistema produtivo (econômico) como um todo. Comecemos por
descrever o panorama geral deste sistema.
2.2 SISTEMA ECONÔMICO – UMA VISÃO GERAL
Visto de forma geral, o sistema econômico é composto por um conjunto de três
elementos:
Estoque de fatores de produção - constitui a própria base da atividade
econômica e condiciona a existência e as dimensões do sistema de produção.
Sua qualificação e combinação determinam a eficiência. As definições sobre os
produtos finais deles decorrem dos padrões de eficácia do sistema como um
todo.
Interação entre os agentes econômicos - As formas de emprego dos recursos,
a sua destinação e a definição dos produtos são determinadas pelos agentes
econômicos, a saber, as unidades familiares, empresas e governo. Tal relação
entre os três grupos pode se dar de forma direta ou indireta nas transações.
Adiante, discutiremos em profundidade e amplitude o conceito de agentes
econômicos.
Complexo de instituições - Os agentes econômicos definem e mobilizam os
recursos necessários para a produção dos bens associados às diferentes
categorias de renda da população. Os agentes agem de acordo com um
complexo de instituições que dá respaldo e forma às suas intenções. As
instituições (onde são organizados os fatores de produção) são também
denominadas unidades produtoras.
As relações estabelecidas entre os agentes econômicos no sistema são definidas pelo
conjunto de instituições. As instituições têm papel e função importantes no sistema:
regulamentação das transações dos agentes econômicos.
Esse sistema poderia ser representado da seguinte maneira:
2.2.1 Definição de Sistema Econômico
A partir desta discussão, como você definiria o sistema econômico? Relembre
os princípios da teoria geral dos sistemas e os aplique na construção da definição desta
terminologia, com o que queremos contribuir com a seguinte descrição.
Uma outra definição é:
O sistema econômico é a forma como a sociedade está organizada para desenvolver
as atividades econômicas de produção, circulação, distribuição e consumo de bens e
serviços. Mas para que esses fatores façam parte do processo produtivo, eles
precisam estar organizados de tal forma que a sua combinação resulte em algum bem
ou serviço (lembra-se da aula 1?). Vejamos, pois, como se dá tal composição.
2.2.2 Composição do Sistema Econômico
No sistema econômico de um país ou nação, encontramos um grande e
diversificado número de unidades produtoras, cada uma delas organizando os fatores
da produção para obtenção de um produto ou prestação de um serviço.
É possível classificar essas unidades produtoras de acordo com as
características fundamentais de sua produção, o que nos leva aos três setores básicos
do sistema econômico: primário, secundário e terciário. Vejamos:
SETORES BÁSICOS DO SISTEMA ECONÔMICO
TIPO DEFINIÇÃO EXEMPLOS
Setor primário Constituído pelas unidades
produtoras que utilizam
intensamente os recursos
naturais, sem
transformações
substanciais em seus
produtos.
Atividades rurais, extração
e agropecuária.
Setor secundário Constituído pelas unidades
produtoras dedicadas às
atividades industriais,
através dos quais os bens
são transformados.
Indústrias.
Setor terciário Este se diferencia dos
outros pelo fato de seu
produto não ser tangível,
concreto, embora de
grande importância no
sistema econômico. É
Inclui as ocupações de
comércio, corretagem de
valores, seguro,
transportes, serviços de
consultoria, turismo,
intermediação financeira,
também chamado setor de
serviços exatamente por
atuar neste segmento.
atividades bancárias etc.
Os três setores da composição do sistema econômico - primário, secundário e terciário
- podem ser descritos de forma um pouco diferente a partir da atuação de cada agente
econômico, sobre o que falaremos agora.
2.2.3 Agentes Econômicos: papel e funções
O sistema econômico também pode ser descrito pela ótica dos agentes, o que
significa dizer que o que se observa é a relação e interação entre três grupos: as
unidades familiares, empresas, governo. Tal observação pode se dar de forma direta
ou indireta nas transações. Vejamos como cada um dos grupos é descrito.
2.2.3.1 Agente econômico unidades familiares
Entende-se como unidade familiar todos os tipos de unidades domésticas,
unipessoais ou familiares, com ou sem parentesco. As unidades familiares podem ser
abordadas por dois ângulos. De um lado temos que as famílias incluem todos os
indivíduos e unidades familiares da economia que, no papel de consumidores,
adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços objetivando o atendimento de suas
necessidades de consumo. De outro lado, as famílias, na condição de proprietárias dos
recursos produtivos, fornecem às organizações os diversos fatores de produção de que
elas necessitam para viabilizar sua produção: trabalho, terra, capital, capacidade
empresarial, capacidade intelectual.
Para ampliarmos os nossos conhecimentos sobre o conceito de unidades familiares
aplicado à agricultura, apresentamos um trecho do texto Unidades familiares de
produção: uma indagação teórica, de Lyz Elizabeth Amorim Melo Duarte*:
Uma grande massa de lavradores que conta exclusivamente com o trabalho da
família... corresponde a mais de 70% das unidades de produção existentes... “Em 1970
havia mais de 14 milhões de trabalhadores nessas condições, além de 200 mil
indígenas, contados recentemente pelo CIMI”. Trabalhos mais recentes mostram a
persistência das unidades familiares. Dados da FAO/INCRA (Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação - Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária), de 1996, constatam que, dos 5.801.809 estabelecimentos agropecuários
brasileiros, 4.330.053 são do tipo familiar. Unidades que têm a família na direção,
organização e execução dos trabalhos têm presença importante também nos países
mais desenvolvidos. “(...) é fundamentalmente sobre a base de unidades familiares de
produção que se constitui a imensa prosperidade que marca a produção de alimentos
e fibras das nações mais desenvolvidas”.
Texto extraído do site
http://www.fagro.edu.uy/investigacion/GTI/docs/AgFliarConc.pdf - em 08/02/2006.
A qualificação econômica das unidades familiares resulta de características
fundamentais, tais como:
Propriedade dos meios de produção;
Disponibilização de mão-de-obra para o capital;
Apropriação de diferentes categorias de rendas;
Poder de decisão de como, quando, onde e em que o resultado das rendas
(receitas) é gasto ou aplicado.
Portanto, a capacidade de escolha das unidades familiares constitui um dos mais
importantes atributos de um sistema econômico. O desempenho econômico como um
todo depende e está fortemente influenciado pelas decisões independentes dessas
unidades familiares.
2.2.3.1.1 Estudos do IBGE
Visando mensurar as estruturas de consumo, gastos e rendimentos das
famílias, o IBGE realiza o projeto Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF. Além das
informações referentes à estrutura orçamentária das famílias, várias características
associadas às despesas e rendimentos dos domicílios e famílias são investigadas,
viabilizando o desenvolvimento de estudos sobre a composição dos gastos das
famílias.
A investigação é feita segundo as classes de rendimentos, as disparidades
regionais e entre as áreas urbana e rural, a extensão do endividamento familiar, a
difusão e o volume das transferências entre as diferentes classes de renda e a
dimensão do mercado consumidor para grupos de produtos e serviços. Com isso,
amplia-se o potencial de utilização dos resultados encontrados pelo Instituto.
Esses dados possibilitam traçar um perfil das condições de vida da população
brasileira a partir da análise de seus orçamentos domésticos que se subdividem em
vários aspectos. Veja, a seguir, uma demonstração de tal estudo, com resultados do
IBGE relativos a 2001.
As unidades familiares têm rendimentos ou receitas advindas das seguintes operações:
rendimento do trabalho; Transferências; Rendimentos de aluguel; Rendimentos de
aplicações financeiras; Outras categorias. Veja a representação no gráfico:
Ainda segundo o IBGE as unidades familiares aplicam os rendimentos da seguinte
forma:
Dispêndios correntes de consumo = 71,15%
Outros dispêndios correntes = 9,82%
Aumentos de ativos = 17,17%
Diminuição de passivos = 1,86%
Fonte: IBGE, Rio de Janeiro, 2001.
A organização do sistema econômico de uma sociedade (país, nação) tem como
direção ou destino atender às unidades familiares, pois são essas que compõem o
consumo e fazem parte do processo produtivo.
2.2.3.2 Agente econômico empresas
Empresas são agentes econômicos que aplicam os fatores de produção
disponíveis. Seu objetivo é combinar os fatores para a geração de bens e serviço a fim
de atender as necessidades de consumo da sociedade. Em SANDRONI (1989, p. 101),
encontramos um significativo diferencial do conceito de empresa: “organização
destinada à produção e/ou comercialização de bens e serviços, tendo como objetivo o
lucro*”.
*Lucro é a diferença positiva (maior) entre a receita total menos o custo total.
O conjunto de empresas que compõem o aparelho produtivo (produção) é
heterogêneo sob diversos aspectos: tamanho, forma jurídica (limitadas por quotas,
sociedade por ações, empresas individuais), origem, controle, forma de administração,
natureza dos produtos e outros. Em função do tipo de produção, distinguem-se quatro
categorias de empresas com características próprias de funcionamento:
Agrícola;
industrial;
comercial;
financeira.
Uma empresa pode ser organizada de várias formas, dependendo da maneira como o
capital se divide entre os proprietários.
2.2.3.3 Agente econômico governo
O governo participa como agente econômico devido às particularidades que
envolvem suas ações econômicas. Segundo Edy e Peacock (1963, apud ROSSETTI,
2003), governo é:
Um agente coletivo que contrata diretamente o trabalho de
unidades familiares e que adquire uma parcela da produção
das empresas para proporcionar bens e serviços úteis à
sociedade como um todo.
O governo como componente e agente econômico participa direta ou
indiretamente do sistema econômico. Diretamente, quando adquire bens e serviços
produzidos pelas empresas e também quando adquire os serviços das famílias.
Indiretamente, quando estabelece políticas visando o incentivo ou a regulamentação
da produção de determinados bens ou serviços em determinados setores do sistema
produtivo.
A principal função do governo como agente econômico no sistema é controlar e
direcionar os meios de produção, através de políticas, visando a satisfação das
necessidades das pessoas na sociedade.
2.2.4 Fluxos do Sistema Econômico
Existem dois fluxos num sistema econômico:
Fluxo real - formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico;
também recebe o nome de produto.
Fluxo nominal ou monetário - formado pelo pagamento que os fatores de
produção recebem durante o processo produtivo; também denominado renda.
Atenção!
O fluxo real constitui a oferta de bens e serviços.
O fluxo nominal ou monetário constitui a demanda (procura) e possibilita o consumo
(demanda).
A transformação da matéria-prima em produto acabado está no fluxo real, ou
seja, ela transforma no setor secundário os bens do setor primário. Por exemplo,
quando a indústria de móveis de madeira transforma a madeira em um móvel
utilitário. Já no momento em que ocorre uma venda e o respectivo recebimento do
pagamento em dinheiro, esse fato econômico faz parte do fluxo nominal.
Os fluxos monetário e real do sistema econômico e a formação do mercado
podem ser sintetizados no esquema a seguir:
Então, aluno, por tudo que você pôde observar até aqui, o que são o fluxo real, o fluxo
monetário e o mercado num sistema econômico? Como descrevê-los?
2.2.5 A Circulação no Sistema Econômico
O fluxo real, o fluxo monetário e o mercado são os elementos fundamentais do
sistema econômico. O funcionamento desse sistema se caracteriza pelo permanente
trânsito dos fluxos real e monetário, tanto no sentido do mercado como no sentido
contrário. A circulação corresponde a esses fenômenos do sistema.
Essa idéia de circulação no sistema econômico amplia-se com um outro
conceito, o de sistema econômico fechado. O sistema econômico fechado é aquele
que não mantém relações econômicas com outros sistemas. Nesse sistema econômico,
todos os bens e serviços de consumo da produção das empresas são vendidos, não
havendo formação de estoque. Dessa forma, o nosso sistema econômico será formado
pelas empresas e pelas famílias.
Outras reflexões podem ser feitas no estudo do sistema econômico em termos
dessas duas entidades econômicas: família e empresas.
Como estabelecer as interfaces e articulações entre família e empresa?
Vejamos a seguinte situação: o aparelho produtivo contrata, junto às famílias,
os fatores de produção (trabalho, capital etc.), originando-se aí o fluxo monetário. Por
outro lado, o aparelho produtivo organiza os fatores de produção de que agora dispõe
e estabelece o fluxo real, que equivale à oferta de bens e de serviços produzidos. Esses
dois fluxos se encontram no mercado, onde as famílias trocam sua renda (ou fluxo
monetário) pelo produto (fluxo real) para satisfazer suas necessidades.
No mercado os fluxos trocam de mãos: o fluxo real passa para as mãos das
famílias, onde será consumido (pois se trata de bens e serviços), enquanto o fluxo
nominal passa para as mãos do aparelho produtivo, como pagamento pelos bens e
serviços vendidos.
É importante observar que, na realidade, os fluxos monetário e real estão, ao mesmo
tempo, com as famílias e empresários e no mercado, não sendo necessário haver uma
volta completa para que o ciclo se reinicie.
2.2.5.1 O processo de circulação
Essa movimentação dos fluxos é o processo de circulação do sistema
econômico, imprescindível para que o sistema econômico cumpra o seu papel de
produzir bens e serviços, fazendo-os chegar às pessoas para satisfazer suas
necessidades. Uma representação de tal processo você pode conferir no seguinte
esquema:
Como você pode observar, o sentido horário é o fluxo real, ou seja, de bens e serviços.
Já no sentido anti-horário, circula o fluxo nominal ou monetário.
2.2.5.2 Ramificações
Para melhor entender o funcionamento do sistema econômico, é importante
um estudo mais detalhado da teoria econômica, naqueles que são seus dois ramos
básicos: a microeconomia e a macroeconomia.
Microeconomia - estuda os elementos mais simples do sistema
econômico, como o consumidor individual, focando como o
consumidor gasta a sua renda, de forma a ter o maior grau de
satisfação possível. Outro exemplo de elemento simples é a
unidade produtora tomada isoladamente, a qual chamamos de
empresa, quando o que está em estudo é a forma como a
empresa emprega os fatores de produção para obter o maior
lucro possível.
Macroeconomia - preocupa-se em estudar o conjunto dos
consumidores de uma sociedade, assim como o conjunto de
empresas dessa mesma sociedade. Seu interesse é determinar os
fatores que influenciam o nível total de renda e do produto do
sistema econômico.
No esquema a seguir, pode-se melhor visualizar a divisão da teoria econômica e o
objeto de estudo de cada um de seus ramos.
Uma ressalva fundamental: macroeconomia e microeconomia são princípios que não
se excluem, antes o contrário: são idéias complementares e intrínsecas.
2.2.6 Integração dos Agentes Econômicos
Caro aluno, com relação à integração dos agentes econômicos, é muito
importante você perceber que os meios e os mecanismos para tal integração derivam
de dois fatores fundamentais:
A diversidade das necessidades humanas;
A diversidade de capacitação das pessoas e nações, o que conduz à
especialização e à divisão social do trabalho.
Desde tempos imemoriais, as necessidades dos homens já eram diversificadas. O
aumento demográfico e a necessidade de proteção provocaram a mudança da vida
nômade para formas sedentárias de organização social, o que exigiu a diversificação de
bens e serviços: produtos destinados à alimentação, vestuário e proteção. O volume
das necessidades decorrentes desse processo exigia capacitações diferenciadas.
Surgiram, assim, três importantes fatores de contribuição ao progresso econômico:
Divisão do trabalho;
especialização;
trocas.
O processo de interação dos agentes econômicos se dá por meio desse trinômio
(divisão do trabalho, especialização e trocas). Esse processo fundamentou-se em pelo
menos dois visíveis benefícios, ambos decorrentes do princípio das vantagens
comparativas*:
Maior eficiência;
ganho de escala.
* Vantagens comparativas: custos comparativo, conceito de custos introduzido em
teoria do comércio exterior por David Ricardo em 1817, A vantagem comparativa
ocorre quando dois países produzem um determinado produto e um país consegue
produzir o produto com um custo menor.
À medida que a divisão do trabalho e a especialização se generalizam e se
consolidam, as operações produtivas se tornam mais eficientes explorando vantagens
comparativas comprovadas.
2.2.6.1 Influências da modernidade
Após a revolução científica e industrial dos séculos XVIII e XIX, essas práticas
(divisão do trabalho e especialização) vão levar ao aumento da capacidade produtiva,
fomentando a rede de troca entre as nações. Esse fenômeno vai resultar no
desaparecimento gradativo do sistema fundamentado na auto-suficiência.
A intensificação industrial, impulsionada com a divisão do trabalho e a
especialização, contribui para a maior eficiência, e então, novos ganhos de escala têm
sido possíveis (ROSSETTI, 2003). Nessa perspectiva, o ganho na produtividade
decorrente do ganho de escala* (custo) - que provoca redução de custos - é um dos
fatores que contribui para a integração dos agentes econômicos.
*Ganho de escala é a redução de seu custo em função de um aumento na produção
decorrentes de aumento de produtividade, provocando o ganha de escala da
empresa.
2.2.6.2 Influências da modernidade
Nas três últimas décadas do século XX e no prelúdio do século XXI, quando se
intensifica o uso de tecnologias da informação. Como uma das conseqüências na
economia, é possível observar que a necessidade de consumo das pessoas tem sofrido
alterações, tornando-se cada dia mais efêmera. Os produtos exigidos nesse novo
período são artigos descartáveis e de produtos personalizados.
Para as indústrias responderem a essa nova exigência no padrão de consumo
ao mesmo tempo em que fazem a integração com os demais agentes econômicos, elas
precisam produzir produtos diversificados, seguindo um processo diferente de
produção daqueles de produção em série ou contínua. Para a empresa responder a
esse novo desafio precisa aderir a um novo conceito que surge, denominado de
customização*.
*Customização: redução dos custo pela diversificação da produção com a mesma
estrutura física.
A identificação dos setores que compõem a estrutura de produção do sistema
produtivo nas economias nacionais e a posterior esquematização das inter-relações
entre os agentes econômicos são um fator importante para os governantes das
nações. É através dessa esquematização que a contabilidade nacional trabalha.
O aparelho de produção do sistema econômico pode ser apresentado de forma
esquemática, como demonstrado a seguir:
Você observou que esse esquema agrega os vários elementos da economia que
estudamos até agora segundo os padrões de classificação sugeridos pelas Nações
Unidas?
Vale destacar, porém, que o agrupamento básico demonstrado no esquema pode ser
representado por outros elementos. Os agrupamentos são, geralmente, influenciados
pelo grau de diversificação industrial da economia e pelos diferentes sistemas
nacionais de estatísticas econômicas, a partir dos quais se processam os registros e as
contabilizações das diferentes categorias de transações integrantes dos Sistemas de
Contas Nacionais.
Nos agrupamentos básicos mais representativos da sociedade, mesmo que em uma
versão simplificada e preliminar do sistema, é fundamental identificar os principais
setores de produção, bem como os resultados de suas atividades operacionais,
segundo os tipos e a destinação dos bens e serviços que fornecem.
2.2.7 A Economia Solidária
A economia solidária representa uma forma de organizacao da atividade
econômica focada na valorização do ser humano, ao contrário do capitalismo que está
centrado na acumulação do capital. Baseado em conceitos socialistas, seu
funcionamento obedece a principios relacionados ao associativismo e ao
cooperativismo, voltando a produção, consumo e comercialização das mercadorias e
serviços entre os seus próprios membros participantes. Cabe descatar que neste
modelo econômico, os seus participantes primam pela igualdade entre os seus
membros e na autonomia de cada unidade ou empreendimento em relação aos
demais.
A gestão das organizações exige múltiplas habilidades dos administradores.
Essas habilidades são constituídas com base no conhecimento interdisciplinar e
especializado das áreas do saber e conhecimento, donde se presume que compete ao
administrador desenvolver idéias, princípios e conceitos sobre o funcionamento e a
composição do sistema econômico.
E falar de sistema econômico significa falar também de seus agentes.
Compreender o papel dos agentes econômicos é muito importante para o profissional
que tem a responsabilidade de gerir uma determinada organização. Leia o texto a
seguir e reflita sobre os princípios da Economia Solidária comparando com a visão
tradicional da Economia.
Economia Solidária - Arno Rochol Fevereiro de 2004
O que é Economia Solidária?
Você já ouviu falar de capitalismo, globalização, neoliberalismo e trabalho
escravo, não é mesmo? São termos que dizem respeito à produção, distribuição, ao
comércio e consumo de bens e serviços, ou seja, à economia. A teoria econômica
tradicional, porém, não aborda aspectos relevantes, como os morais e os ambientais.
Ou seja, ela não leva em conta se um produto ou um serviço está sendo produzido ou
efetuado por uma empresa que explora seus trabalhadores ou destrói o equilíbrio
ecológico da região.
A Economia Solidária é diferente. Ela é a prática do consumo, comércio,
produção e crédito justos e solidários, visando construir uma nova sociedade, mais
justa e ecologicamente equilibrada.
Ela fomenta o bem viver de todos. É um projeto de desenvolvimento, que
promove as pessoas e a coletividade como sujeitos, e não como objetos da atividade
econômica. Seus valores centrais são o trabalho, o saber e a criatividade, e não o
capital e a propriedade. Usam-se diversos nomes para descrever a nova ciência:
Economia Solidária, Economia Social, Socioeconomia Solidária, Humanoeconomia,
Economia Popular, Economia de Proximidade etc.
*Extraído do site: http://www.dedbrasil.org.br/body_bibliot.htm em 08/02/06.
.
CONCLUINDO
Como vimos nesta aula, a organização da atividade econômica tem como objetivo
responder às questões chaves da disciplina: o que; como; para quê.
Vimos também os elementos do sistema econômico, a sua forma de composição, a
circulação, os fluxos e a integração na contabilidade nacional.
Na próxima aula, vamos tratar dos procedimentos de mensuração da atividade
econômica, visto que o diagnóstico desta atividade subsidia diretamente os processos
de decisão da área.
.
Exercícios
Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as
atividades na plataforma de ensino.
.
AULA 03 DE ECONOMIA
CONTEÚDO DA AULA 03
AULA 3 - MOEDA E MERCADO FINANCEIRO
3.1 Moeda – O Lado Monetário da Economia
3.1.1 Breve histórico da moeda
3.2 Funções da Moeda
3.3 Tipos de Moeda Fiduciária
3.4 Oferta de Moeda
3.4.1 Teoria quantitativa da moeda
3.4.2 Oferta de moeda pelo banco central
3.5 O Papel dos Bancos e o Multiplicador Monetário
3.6 Sistema Financeiro Nacional
3.6.1 Composição do sistema financeiro nacional
3.6.2 Conselho monetário nacional
.
Aula 03 - Moeda e Mercado Financeiro
Hoje, todos que querem discutir os rumos do Brasil começam pelo tema
política econômica e monetária e os modos de mudá-la. A economia por sua
linguagem própria se mostra como um mundo distante, um território de difícil acesso
ao leigo, exclusivo do saber profissional. O nosso objetivo nessa disciplina é tornar esse
conhecimento acessível a você, futuro administrador. Então para começar, reflita
sobre a pergunta:
De que forma a decisão do Banco Central de cortar os juros básicos da economia pode
mexer com o seu dia-a-dia?
A taxa de juros tem despertado discussões acaloradas entre especialistas da
área, representantes dos setores público e privado e até mesmo entre a maioria de
leigos. No Brasil, a definição da taxa de juros básica da economia brasileira (a Selic)
acaba mexendo com a vida e as expectativas de toda a população. Por quê?
Apesar de parecer um assunto muito complexo - esperamos que possa ao longo
desta unidade construir noções sobre o funcionamento do sistema nacional financeiro
e compreender como este afeta o seu dia-a-dia.
Após o conhecimento sobre a mensuração da atividade econômica, assunto
muito importante para você, administrador, e tratado na aula 6, vamos adentrar em
assuntos relacionados à moeda e ao mercado financeiro. Sabemos que a moeda é o
meio que facilita as transações econômicas entre os agentes e aproxima os
componentes do sistema produtivo (empresas e famílias), além de ser também o
instrumento que possibilita a efetivação das trocas utilizando um elemento comum.
Por essa razão é importante o estudo dessa aula que tratará de conceitos, evolução
histórica, tipos de moedas, a teoria quantitativa da moeda, a oferta e funções
desempenhadas, sistema financeiro, sua composição.
3.1 MOEDA – O LADO MONETÁRIO DA ECONOMIA
Para Vasconcellos (2002, p. 293) a moeda “pode ser conceituada como um
objeto de aceitação geral, utilizado na troca de bens e serviços, que tem poder
liberatório instantâneo. Sua aceitação é garantida por lei”. Moeda, símbolo de valor, é
a mais antiga representação do dinheiro, em muitos casos usada como sinônimo.
Moeda
É um instrumento de troca que tem a capacidade de transformar bens heterogêneos
em homogêneos, ou seja, imputar valor a bens desiguais através de uma mesma
unidade.
3.1.1 Breve Histórico da Moeda
A moeda como hoje a conhecemos é resultado de uma longa evolução. No
início, não havia moeda, praticava-se o escambo, simples troca, sem equivalência de
valor. As mercadorias usadas no escambo se apresentavam em estado natural,
variando conforme as condições de meio ambiente e as atividades desenvolvidas pelo
grupo. Algumas mercadorias, por sua utilidade, passaram a ser mais procuradas do que
outras e, aceita por todos, assumiam a função da moeda, circulando como elemento
trocado por outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. Eram as denominadas
moedas-mercadorias. Diversas foram as mercadorias utilizadas nas trocas, entre elas
destacamos as seguintes: o gado bovino, o sal, o cauri, o pau-brasil, o tabaco, o açúcar,
o cacau, o pano trocado principalmente no estado do Maranhão etc.
Os primeiros registros do uso de moeda datam do século VII a.C., quando já
eram cunhadas na Lídia, reino da Ásia Menor e também no Peloponeso, ao sul da
Grécia. Na verdade, sua história coincide com a descoberta do uso dos metais e o
domínio das técnicas de mineração e fundição. Na Antigüidade, as pessoas usavam os
próprios bens que produziam para comprar outros bens ou para saldar as dívidas. Esse
era o sistema de trocas, mais conhecido como escambo. Os produtos mais comuns na
base da troca eram: gado, fumo, peles, couro, ferro, prata, diamante, ouro e sal, esse
último deu origem ao termo salário.
Com a evolução da economia de escambo, surgiu a moeda mercadoria, quando
passou a haver separação dos atos de vender e comprar. A moeda mercadoria podia
ser guardada e usada posteriormente no momento de necessidade. Nessa fase as
trocas ficaram fáceis de serem executadas, porque as transações de compra e venda
podiam ser executadas independente do comprador ter o bem que interessasse ao
vendedor e vice e versa.
Em português, encontra-se referência à palavra moedeira - originada do latim
monetarius, o fabricante de moedas - desde o século XIV. A introdução da moeda
(Origem e evolução da moeda) nas transações comerciais foi uma inovação que
revolucionou as relações econômicas.
3.2 FUNÇÕES DA MOEDA
A moeda desempenha um conjunto de funções importantes nas relações
econômicas. Destacamos algumas, a saber:
Meio ou instrumento de troca – numa economia em que a base é a especialização e
divisão do trabalho, é de extrema importância que exista um meio que facilite as
transações, as trocas de mercadorias. A não existência da moeda obrigaria a troca de
bem com bem (o denominado escambo). Isso tornaria difícil encontrar comprador e
vendedor interessado nos mesmos bens.
Unidade de medida – a moeda é um termo que consegue efetuar uma medida de
valor para um bem, ou seja, consegue unificar bens heterogêneos em bens
homogêneos. A unidade de medida determinada pela moeda é um facilitador para a
ocorrência das transações econômicas.
Reserva de valor – a moeda representa um direito que seu proprietário tem sobre
outras mercadorias. Ela pode ser guardada e utilizada no momento oportuno, na hora
da necessidade.
3.3 TIPOS DE MOEDA FIDUCIÁRIA
De acordo com Souza (2003), os banqueiros perceberam que os recibos de
depósitos circulavam entre o público, sem que os depósitos fossem tocados. Os
recibos que circulavam como moeda tinham um depósito correspondente ao total do
valor de face. Com o passar dos anos, os bancos começaram a emitir bilhetes,
independente do recebimento de depósitos: nascia a moeda fiduciária. Nas modernas
economias de hoje em dia, a moeda fiduciária constitui a moeda básica das trocas.
Posteriormente, da moeda-papel com lastro conversível em metal, passou-se
ao papel-moeda, sem o lastro correspondente e sem conversibilidade. O papel moeda
originou-se da escassez de metais preciosos, que dificultava o desenvolvimento das
trocas e, portanto, do setor produtivo.
Outro tipo de moeda fiduciária é a moeda bancária, que se transmite por meio
de cheque e das ordens de pagamentos, transferência de fundos efetuados
eletronicamente. Com o cheque ou a transferência eletrônica, as pessoas não precisam
ir ao banco retirar dinheiro para efetuar os pagamentos.
3.4 OFERTA DE MOEDA
Nas economias modernas, quem oferece moeda ao público são as autoridades
monetárias (Banco Central), em função das necessidades dos agentes econômicos. Os
agentes econômicos necessitam de meios de pagamentos para a economia circular no
sistema econômico, sendo estes meios formados por:
Moeda nominal - ou moeda corrente;
Depósitos a vista - moeda escritural ou bancária;
Quase moeda - denominação dada ao ativo financeiro não monetário que tem
liquidez imediata e que eventualmente pode ser aceito em pagamento de tributos. Os
títulos públicos de curto prazo são bons exemplos de quase-moeda.
Os Agregados Monetários representam os conceitos de moeda empregados
pelo Banco Central, para mensurar a quantidade de dinheiro que possa estar
circulando na economia em dado momento. Sua classificação obedece ao principio da
liquidez, isto é a capacidade de um ativo ser convertido em meio de troca.
Os Agregados Monetários obedecem à seguinte classificação:
M1 = Papel-moeda em poder do publico + depósitos a vista nos
bancos comerciais;
M2 = M1 + Aplicações financeiras com resgate inferior a 30 dias;
M3 = M2 + Aplicações financeiras com resgate de 30 dias
(Caderneta de Poupança);
M4 = M3 + Aplicações financeiras com resgate superior a 30 dias.
Esses agregados econômicos componentes dos meios de pagamentos estão
distribuídos em ordem decrescente de liquidez, como se pode observar na figura a
seguir:
3.4.1 Teoria Quantitativa da Moeda
Se, de um lado, Keynes e seus seguidores destacam o papel da política
monetária sobre a taxa de juros e sobre a demanda agregada*, de outro Milton
Fridman argumenta que a influência da política monetária sobre os juros é transitória e
que ela, quando exerce influência, é sobre o nível geral de preços. Essa abordagem
monetarista baseia-se na teoria quantitativa da moeda a partir da equação de trocas.
* Demanda agregada
Demanda agregada - é a quantidade de bens ou serviços que a totalidade dos
consumidores deseja e esta disposta a adquirir em determinado período de tempo e
por determinado preço.
MV = PQ
Onde:
M = meios de pagamentos;
V = velocidade da circulação da moeda;
P = nível geral de preços;
Q = quantidade de bens e serviços produzidos na economia.
Multiplicando-se Q x P, encontra-se o produto interno bruto nominal (Y), então temos:
Y = Q x P
A variável Y pode apresentar crescimento real ou crescimento nominal. Ocorre
crescimento real quando o resultado for provocado por aumento de conseqüência do
aumento da variável Q (quantidade de bens e serviços produzidos) e a variável P
manter constante. Ocorre crescimento nominal quando for o contrário do
crescimento real. Esse caso de aumento nominal da variável Y tem como conseqüência
o fenômeno denominado de inflação. Como explicar a inflação?
Para manter a igualdade na teoria quantitativa da moeda (MV = PQ), o aumento dos
meios de pagamentos (M) mantendo constante a variável Q (quantidade de bens e
serviços produzidos na economia), obriga o aumento da variável P (nível geral de
preços), o que significa inflação.
Outro conceito que veremos agora é o de velocidade-renda da moeda. A
velocidade-renda da moeda corresponde ao número de vezes que o estoque de
moeda passa de mão em mão, em um mesmo período:
V = PQ / M
O conceito de V mais usado é o correspondente aos meios de pagamento M1.
Segundo a teoria quantitativa da moeda, o parâmetro V é constante no curto prazo.
Partindo do pressuposto que a produção (Q) também é constante no curto prazo e
estando com uma economia estabilizada próxima do pleno emprego, se estabelece aí
uma relação entre o estoque de moeda, M, e o nível geral de preços, P, ou seja, P será
uma função da oferta monetária. (SOUZA, 2003)
3.4.2 Oferta de Moeda pelo Banco Central
Uma das principais funções do Banco Central de uma economia é, com certeza,
regular a moeda e o crédito em níveis compatíveis com o crescimento do produto para
manter a liquidez, que é a capacidade que um título tem de ser convertido em moeda
do sistema econômico. A política monetária de um país diz respeito à atuação do
Banco Central para dimensionar os meios de pagamentos e os níveis de taxas de juros,
adequando essas variáveis aos objetivos de crescimento da economia, ou seja, a
geração de empregos, aumento de produção com a estabilização dos preços.
O Banco Central, como encarregado da política monetária, segue as
orientações da política do governo. Na maioria dos casos (países), tem sua
independência e para isso dispõe de um conjunto de funções importantes, das quais
destacamos as seguintes:
Banco emissor – é o responsável e tem monopólio na emissão de
moeda.
Banco dos bancos – é o órgão em que os bancos depositam seus
fundos e transferem fundos de um banco para outro. O Banco
Central também empresta recursos para os bancos.
Banco do governo – é o canal que o governo tem para
implementar a política monetária. Grande parte dos fundos do
governo é depositada no Banco Central.
Banco depositário das reservas internacionais – é o responsável
pela defesa da moeda nacional e da administração (gestão) do
câmbio e das reservas de divisas internacionais.
3.5 O PAPEL DOS BANCOS E O MULTIPLICADOR MONETÁRIO
O Banco Central como autoridade monetária tem a obrigação e o dever de
regulamentar o sistema financeiro nacional. Os bancos comerciais e os bancos
múltiplos possuem a capacidade de criar ou destruir os meios de pagamentos. Os
bancos ao efetuarem empréstimos por créditos em conta corrente estão criando
moeda escritural, uma vez que aumentam os saldos de depósitos a vista.
Esse impacto sobre a expansão dos meios de pagamentos denomina-se
multiplicador monetário. Para controlar os meios de pagamentos, o Banco Central
exige que parte do montante de depósitos a vista seja recolhido no seu caixa, o que se
denomina de encaixe ou depósito compulsório. Este, por sua vez, é um instrumento de
política monetária usado pelo Banco Central. O Banco Central do Brasil usa com
freqüência essa política na economia brasileira como uma das formas de combate a
inflação, embora sabe-se que existem outras formas e políticas para combater a
inflação, das quais citamos uma comum no nosso meio, o aumento da taxa de juros.
3.6 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Antes de 1965, as funções hoje executadas pelo Banco Central do Brasil eram
distribuídas entre três instituições, que desempenhavam as funções de autoridade
monetária: Superintendência da Moeda e do Crédito, Banco do Brasil e o Tesouro
Nacional. Nos dias atuais o sistema financeiro nacional é composto por uma estrutura
diferente da existente até 1965. Vejamos mais sobre esta estrutura como é hoje:
3.6.1 Composição do Sistema Financeiro Nacional
O sistema financeiro nacional é dirigido pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN), que coordena diretamente as demais instituições vinculadas a ele que formam
o subsistema normativo. São elas: o Banco Central do Brasil (BCB), a Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e a
Secretaria de Previdência Complementar (SPC). Esse conjunto coordena o subsistema
de intermediação financeira, composto por instituições financeiras diversas e
entidades ligadas aos sistemas de previdência.
3.6.2 Conselho Monetário Nacional
O Conselho Monetário Nacional é o órgão encarregado de estabelecer as
diretrizes gerais das políticas monetárias, cambiais e creditícias do Governo. O CMN é
assim composto:
Ministro da Fazenda – Presidente.
Ministro do Planejamento e Orçamento.
Presidente do Banco Central do Brasil.
O CMN é secretariado pelo próprio CB. Junto ao CMN funciona também a
Comissão Técnica da Moeda e do Crédito, composta pelo presidente do BCB
(Coordenador), pelo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelos
Secretários Executivo do Ministério da Fazenda e do Planejamento, pelo secretário de
Política Econômica do Ministério da Fazenda, pelo secretário do Tesouro Nacional e
por quatro diretores do BCB, indicados por seu presidente.
Concluindo
Nesta aula, vimos:
O lado monetário da economia.
Um breve histórico da moeda e sua evolução, função e tipos de
moedas, a oferta e a teoria quantitativa.
O Sistema Financeiro Nacional.
A taxa de câmbio e suas influências na economia.
Sabemos que este conteúdo é complexo porque envolve muitas terminologias e
conceitos abstratos da economia. Mas ao final da disciplina você já terá reunido as
condições necessárias para dominar este assunto e saber analisar e interpretar a
situação econômica (dados estatísticos, previsões etc) bem como a linguagem da
economia aplicada à gestão das organizações.
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Exercícios
Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as
atividades na plataforma de ensino.
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AULA 04 DE ECONOMIA
CONTEÚDO DA AULA 04
AULA 4 - NOÇÕES BÁSICAS DE ECONOMIA ABERTA
4.1 A Taxa de Câmbio
4.1.1 Os Movimentos do Câmbio e suas repercussões
4.2 A Taxa de Câmbio Real
4.3 Os Regimes Cambiais
4.3.1 O Câmbio Flutuante
4.3.2 O Câmbio Fixo
4.4 Balanço de Pagamentos
Aula 04 - Noções Básicas de Economia Aberta
Nessa parte de nossa aula, vamos conhecer importantes definições relacionadas com o
câmbio. Para o profissional de administração, estes conceitos subsidiarão sua
compreensão dos fenômenos da globalização econômica, bem como das relações
empresariais em sua dimensão além fronteira territorial.
4.1 A Taxa de Câmbio
Ao longo dos últimos séculos, dois elementos têm reduzido consideravelmente
a percepção do tamanho de nosso planeta: os custos de transporte e a duração das
viagens. Estes dois elementos são peças fundamentais na aceleração e intensivação do
processo de globalização econômico e financeiro, fazendo com que cada vez mais
nosso mundo fique mais reduzido.
Desse modo, trabalhar com atividades relacionadas ao comércio internacional,
passa obrigatoriamente pelo entendimento do funcionamento dos mercados cambiais
e a suas repercussões sobre as economias locais.
O valor do câmbio representa um parâmetro fundamental para a realização de
negócios entre dois países.
Taxa de câmbio – entende-se como o preço da moeda (divisa) estrangeira, em termo
de moeda nacional. Por exemplo, a cotação (preço) do dólar pode estar em R$ 2,30
reais (cada dólar vale dois reais e trinta centavos); e o preço do libra R$ 3,10 reais
(cada libra vale três reais e dez centavos); e o do peso em R$ 0,80 reais (cada peso vale
oitenta centavos de um real).
4.1.1 Os Movimentos do Câmbio e suas repercussões
A taxa de câmbio pode apresentar dois movimentos distintos: a valorização e a
desvalorização.
A Desvalorização cambial ocorre quando é necessária uma maior quantidade de
moeda nacional para comprar uma mesma quantidade de moeda estrangeira.
Podemos verificar este movimento, quando um dólar americano tem sua cotação
elevada de R$ 2,30 para R$ 2,50.
Seus principais efeitos são, por um lado,
Por outro lado, a segunda conseqüência é o efeito das importações que passam
a se tornar mais caras e tendem a reduzir o volume em função do aumento de divisas
necessárias ou aumento de moeda nacional para efetuar as importações.
A valorização cambial ocorre quando é necessária uma menor quantidade de
moeda nacional para comprar uma mesma quantidade de moeda estrangeira.
Podemos enxergar este fenômeno, quando um dólar americano tem sua cotação
reduzida de R$ 2,40 para R$ 2,30.
Valorização cambial - pelo lado da valorização cambial ocorre o efeito contrário ao
anterior, ou seja, atua como um estímulo às importações e dificulta as exportações dos
produtos nacionais. A valorização cambial aumenta o poder de competição das
empresas nacionais, isso em se tratando de mercado interno, ou seja, os produtos
importados passam a ter um preço maior para o consumidor. Visando facilitar o
entendimento referente à valorização e à desvalorização da taxa de câmbio,
apresentamos o caso hipotético de uma empresa de exportações:
Problematização
Uma empresa brasileira efetuou uma venda ao exterior (exportação) para os Estados
Unidos de 1.000 unidades do produto Alfa ao preço de 10 dólares cada unidade no dia
30-04-05, sendo que a taxa de câmbio desse dia estava em R$ 2,50 cada dólar.
No dia 03-05-05, ocorreu uma valorização cambial, onde cada dólar passou a custar
dois reais e dez centavos (R$ 2,10).
No dia 10-05-05 saiu a carta de crédito em dólares para a empresa.
Operação Matemática
Ao efetuarmos os cálculos da operação, temos nos dias respectivos as seguintes
situações:
30-04-05 - venda 10.000 unidades alfa x 10 dólares a R$ 2,50 cada = R$ 25.000,00.
30-05-05 - carta de crédito 10.000 dólares a R$ 2,10 cada = R$ 21.000.
Desvalorização ou perda cambial = R$ 4.000,00.
Efeito das variações na taxa de câmbio sobre a taxa de inflação - a taxa de
câmbio é mais um instrumento que o poder público através do Banco Central dispõe
para o controle da inflação, da valorização cambial, também definida como âncora
cambial [valorização da taxa de câmbio e abertura comercial, com o objetivo de
aumentar as importações, que, ao concorrer com os produtos nacionais, permite
estabilizar os preços internos] que ao tornar a moeda nacional mais forte, estimula a
importação de produtos, obrigando a queda dos preços das empresas nacionais,
através do aumento da concorrência. A variação cambial produz efeito positivo e
efeito negativo. Tem-se o efeito positivo no combate a inflação, mas também tem o
efeito negativo para o lado das exportações, pois, as empresas perdem o poder de
competição com empresas estrangeiras, dado o aumento da concorrência. São dois
lados afetados com as variações das taxas de câmbio, e o poder público precisa avaliar
o lado menos prejudicial à economia em determinado momento e tomar a decisão.
4.2 A Taxa de Câmbio Real
Variação nominal e variação real do câmbio - a desvalorização cambial é a
redução do valor da moeda nacional ou da taxa de conversão do câmbio, ou seja,
aumenta o volume necessário de moeda nacional para adquirir moeda estrangeira.
Mas sabe-se que essa redução nem sempre é real, ela pode ser apenas nominal,
exemplificando: uma desvalorização de 12% na taxa de câmbio, acompanhada de uma
inflação interna de também 12%, ocorreu apenas uma desvalorização nominal, na real
não ocorreu desvalorização. Os termos de valorização ou de desvalorização em termos
reais são freqüentemente utilizados para avaliar a competitividade dos produtos
nacionais, ao comparar com produtos estrangeiros.
Efeito da taxa de câmbio sobre a dívida externa do país - de forma concreta,
uma desvalorização da moeda (cambial), aumenta o estoque (o volume) da dívida
externa em reais (caso do Brasil), não afetando o montante do seu saldo em dólares,
em se tratando de efeito a curto prazo ou de imediato. Mas, quando tratado a médio e
longo prazo, a desvalorização irá estimular as exportações e desestimular as
importações o que pode aumentar a oferta de dólares, e, conseqüentemente, resultar
uma queda no preço deste e aí sim uma redução na dívida em dólares. De forma
contrária, uma valorização cambial tem, obviamente, efeito que diminui o valor da
dívida em reais de imediato, mas pode a médio e longo prazo, ao estimular as
importações, aumentar o volume da dívida em reais. Essa valorização da moeda
nacional pode apresentar um efeito danoso para a economia nacional. Lembremos o
exemplo desse efeito na manutenção por um tempo além do recomendado no início
do plano real onde a moeda tinha uma paridade de 1 por 1 entre dólar e real. Outro
exemplo desastroso foi o caso de nosso país irmão Argentina que manteve por muito
tempo a paridade de 1 por 1 entre dólar e peso argentino. O resultado final todos nós
conhecemos. (VASCONCELLOS, 2002)
4.3 Os Regimes Cambiais
Existem caminhos que podem explicar como é determinado o valor da taxa de
câmbio de um país. Estes caminhos são chamados de regimes cambiais. Em geral
podemos classificar em dois grupos: câmbio fixo e câmbio flutuante.
4.3.1 O Câmbio Flutuante
No regime do câmbio flutuante, o mercado é o elemento responsável pela
determinação da taxa de câmbio. Seu funcionamento obedece as leis universais da
oferta e da procura por divisas. Taxas de câmbio flutuantes ou flexíveis - as taxas de
câmbio flutuam de acordo com a oferta e a demanda de divisas, ou seja, o que se
ajusta é a taxa de câmbio e o Banco Central não tem compromisso de comprar divisas
no mercado.
A oferta e a demanda por divisas são explicas pelos seguintes fatores:
Oferta de divisas - a oferta de divisas depende do volume de exportações
efetuadas pelo país e da entrada de turistas e dos investimentos efetuados por
empresas estrangeiras no país, ou seja, capitais externos (agentes que querem
trocar dólares ou moedas de outros países por reais). A taxa de câmbio é um
determinante na oferta de divisas, tanto pode estimular como ocorrer o
contrário. Analisando pelo lado do detentor, se a relação for alta, o
comportamento é um facilitador da troca da moeda; se a taxa está menor,
dificulta a troca.
Demanda de divisa – os agentes que querem trocar reais por dólares ou outro
tipo de moeda estrangeira; depende das importações efetuadas pelo país e
também da saída de turistas e capitais, ou seja, quando uma empresa nacional
investe em outros países, ocorre a saída de capitais. Fica claro que, quanto
maior a oferta de divisas (dada a demanda) menor a taxa de câmbio. Isso é
possível quando ocorre um superávit na balança de pagamentos de uma
economia nacional, provocando a valorização da moeda.
4.3.2 O Câmbio Fixo
Neste regime, Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio e
compromete-se a comprar divisas às taxas fixadas. O que deve ajustar em câmbio com
taxa fixa é a oferta e a demanda de divisas ao valor fixado.
Além dos dois regimes acima, existem regimes intermediários, como a chamada
de flutuação suja, na qual é adotado o regime de câmbio flutuante, com o mercado
definindo a taxa. Neste regime para assegurar o equilíbrio entre a oferta e a procura
na taxa fixada e evitar grandes oscilações (ou seja, a flutuação cambial), o Banco
Central intervém no mercado comprando e vendendo moeda. Outro regime
intermediário é o denominado de bandas cambiais, em que se admite flutuações
dentro de limites fixados pelo Banco Central. Enquadra-se dentro das regras do câmbio
fixo, porque permanece a obrigação do Banco Central de disponibilizar reservas para
atender ao mercado, caso se necessário.
Os regimes de câmbio fixo ou flutuante apresentam características específicas
de cada regime e entre eles algumas vantagens e desvantagens, conforme se coloca no
quadro a seguir:
ASPECTOS CÂMBIO FIXO CÂMBIO FLUTUANTE
(FLEXÍVEL)
Características - Banco Central fixa a taxa
de câmbio;
- Banco Central é obrigado
a disponibilizar as reservas
cambiais.
- O mercado (oferta e
demanda de divisas)
- Banco Central não é
obrigado a disponibilizar as
reservas cambiais.
Vantagens - Maior controle da
inflação (custo das
importações)
- Política monetária mais
independente do câmbio.
- Reservas cambiais mais
protegidas de ataques
especulativos.
Desvantagens - Reservas cambiais
vulneráveis a ataque
especulativos.
- A taxa de câmbio fica
muito dependente da
volatibilidade do mercado
- A política monetária (taxa
de juros) fica dependente
do volume de reservas
cambiais.
financeiro nacional e
internacional.
- Maior dificuldade de
controle das pressões
inflacionárias, devido às
desvalorizações cambiais.
Fonte: Vasconcellos (2002, p. 359).
4.4 Balanço de Pagamentos
É o registro contábil de todas as transações efetuadas por um país com o Resto
do Mundo. O balanço de pagamentos registra todas as transações efetuadas pela
economia de um país (comércio de mercadorias, serviços e movimentação de capitais).
A contabilidade das transações do país segue as normas gerais da contabilidade
financeira utilizada pelas empresas privadas, ou seja, utiliza o método das partidas
dobradas.
No caso da contabilidade das empresas privadas, toda entrada de dinheiro ou
saída, registra-se na conta caixa, no caso das transações externas não existe uma conta
denominada caixa, mas a conta especial denominada de Haveres e Obrigações no
Exterior (no Brasil Variação de Reservas). Na contabilidade da balança de pagamento,
quando há uma entrada de dinheiro debitamos na conta Haveres e Obrigações no
Exterior (HOE), quando ocorre uma saída creditamos HOE.
O balanço de pagamento está dividido em dois grupos de contas:
Balanço das transações correntes – é o somatório do balanço comercial,
serviços e transferências unilaterais, o que resulta no saldo em conta corrente.
Balanço de capitais – apresenta as transações que produzem variações no ativo
e no passivo externo do país e que modificam sua posição devedora ou credora
perante o Resto do Mundo.
Dentro da Balança de Transações Correntes temos três sub-contas:
Balanço comercial – são contabilizadas nesse grupo as transações do comércio
de mercadorias. O saldo desse grupo pode ser superávit ou déficit; o primeiro
quando as exportações FOB superam as importações FOB.
Balanço de serviços – registra todos os serviços pagos e ou recebidos pelo
Brasil. Os serviços são: juros, seguros, fretes, royalties etc.
Transferências unilaterais – conta composta por todas as doações e remessas
de dinheiro para o país não relacionado com operações comerciais. Um
exemplo: o dinheiro mandado por brasileiros que moram no exterior; por
exemplo, os dekasseguis que enviam dinheiro do Japão ao Brasil.
A conta de capitais divide-se em duas contas:
Movimentos autônomos de capital – na forma de investimentos diretos de
empresas multinacionais, de empréstimos e financiamentos.
Movimento induzido de capital ou compensatório – para financiar o saldo do
balanço de pagamentos, por meio das reservas internacionais, empréstimos de
regulação do Fundo Monetário Internacional e atrasados comerciais.
Quando o país tem problemas de liquidez internacional e por isso não pode
pagar suas obrigações nos prazos de vencimentos, este é obrigado a financiar esse
resultado negativo do balanço de pagamentos.
Existe ainda uma rubrica denominada de Erros e Omissões, que envolve a
diferença entre o saldo do balanço de pagamentos e o financiamento do resultado.
Isso ocorre quando se tenta compatibilizar transações físicas e financeiras das várias
fontes de informações: Banco Central, Receita Federal etc. Como o Banco Central tem
maior controle sobre o item de financiamento do resultado, supõe-se o saldo correto e
joga-se a diferença entre esse item e a soma das transações correntes de capitais
autônomos em Erros e Omissões, um valor de, no máximo, 5% da soma das
exportações e importações (VASCONCELLOS, 2002).
Concluindo
Nesta aula, vimos:
A estrutura de um Balanço de Pagamentos
A taxa de câmbio real e nominal.
Regimes cambiais.
A taxa de câmbio e suas influências na economia.
Sabemos que este conteúdo é complexo porque envolve muitas terminologias e
conceitos abstratos da economia. Mas ao final da disciplina você já terá reunido as
condições necessárias para dominar este assunto e saber analisar e interpretar a
situação econômica (dados estatísticos, previsões etc) bem como a linguagem da
economia aplicada à gestão das organizações.
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Exercícios
Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as
atividades na plataforma de ensino.
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AULA 05 DE ECONOMIA
CONTEÚDO DA AULA 05
AULA 5 – CUSTO DE VIDA E INFLAÇÃO
5.1 Introdução
5.2 Conceituação
5.3 Números-Índice: Os Medidores da Inflação
5.4 Como construir um Índice de Custo de Vida - ICV
5.4.1 Aplicações ICV
5.5 Consequências da Inflação
5.6 Tipos de Inflação
5.6.1 Inflação de demanda
5.6.2 Inflação de custos
5.7 Custo e Padrão de Vida, Consumo e Poupança
.
Aula 05 – Custo de Vida e Inflação
“Por que a inflação parece sempre ser maior no nosso bolso?” Partindo desta questão,
o Diário do Comércio ouviu especialistas. Parte da entrevista apresentamos abaixo
para você aprofundar sua reflexão sobre a questão:
Por que a inflação é maior no nosso bolso?
Apesar do recuo de alguns índices de preços, muita gente não consegue perceber essa
variação nas gôndolas dos supermercados. O DC resolveu perguntar aos economistas
por que isso acontece. Sandra Silva
Há várias razões para isso. O índice de inflação é uma variação média dos
preços. Além disso, mede os gastos médios de consumo de famílias de várias faixas de
renda, o que pode gerar inúmeras diferenças.
A atualização dos pesos de cada gasto nesses indicadores também não é feita
anualmente, o que deixa defasagens ainda maiores nos hábitos de compras mais
pontuais de cada família. Há dez anos, por exemplo, os gastos de Internet não eram
tão significativos no orçamento familiar como são atualmente. As despesas com lazer
também tinham outras características (e preços), e até as de alimentação sofreram,
nesse período, muitas alterações.
O coordenador do IPC da Fipe, Paulo Picchetti, explica que há, em alguns
índices, a concentração em um determinado segmento. "No IPC, por exemplo, os
produtos industrializados são os que têm maior concentração", diz.
Piccheti lembra também que o consumidor não avalia direito os preços porque
leva em conta apenas a alteração de valor de um produto específico. "O comprador
verifica que uma determinada mercadoria sofreu uma alta de 20% e acha que a
inflação é equivalente", acredita ele.
Extraído de http://www.dcomercio.com.br/especiais/inflacao/
.
5.1 INTRODUÇÃO
Nesta aula, trataremos de um tema importante e que afeta as transações econômicas,
denominado de inflação. Para tanto, abordaremos o conceito e os tipos de inflação,
bem como a forma de cálculo. Enfocaremos também noções de custo, padrão de vida,
consumo e poupança. Lembre-se que o entendimento sobre a inflação é fundamental
para o seu processo de tomada de decisão administrativa, pois este é um dos
fenômenos econômicos mais perversos, porque subtrai parte das rendas das pessoas,
principalmente dos que têm renda fixa, dos assalariados e das pessoas de baixo poder
aquisitivo.
CURIOSIDADE
A inflação - palavra que vem de inflar, inchar - é um fenômeno moderno na
economia, já que os dicionários de economia do século XIX não a mencionavam.
Mesmo o dicionário de Palgrave, que é de 1926, não apresenta sua definição. Na sua
opinião, se o termo inflação surgiu somente no século XX, é por que o fenômeno
inflação não existia antes? Qual sua resposta?
Sim (Resposta incorreta)
Não (Resposta correta)
Para esclarecer a resposta, veja um caso notório de infalção no Século IV: “Um
exemplo clássico de inflação foi o aumento de preços no Império Romano, causado
pela desvalorização dos denários que, antes confeccionados em ouro puro, passaram
a ser fabricados com toda sorte de impurezas. O imperador Diocleciano, ao invés de
perceber essa causa, culpou a avareza dos mercadores pela alta dos preços,
promulgando em 301 um edito que punia com a morte qualquer um que praticasse
preços acima dos fixados.”
Extraído de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Infla%C3%A7%C3%A3o
.
5.2 CONCEITUAÇÃO
Mas o que, afinal, significa inflação?
A inflação pode ser definida como um processo de alta generalizada de preços,
o que provoca a redução do poder de compra interno da moeda. É o processo em que
há um aumento contínuo e generalizado nos preços dos bens e serviços produzidos em
uma economia.
Inflação é a conseqüência do desequilíbrio entre a produção de bens e serviços e os
meios de pagamentos (moeda e crédito). Quando o volume de meios de pagamentos
tem um aumento maior do que o aumento da produção de bens e serviços, há uma
necessidade de aumento nos preços, gerando com isso inflação.
A inflação no Brasil tem uma longa história. Vamos reavivar a memória
recordando alguns dados históricos e conceituais no texto a seguir:
O Brasil detém o recorde de ser o país que durante mais tempo viveu com preços
descontrolados. A inflação chegou a 1630% em 1989 e, em 1993, avançou até 2490%.
Seis planos econômicos e cinco trocas de moeda em sete anos tentaram domar o
monstro, que teve seu crescimento acelerado nos anos 1970, com o "milagre
econômico". A meta era crescer a qualquer custo. O poder público era o grande
gerador de empregos, construindo estradas e hidrelétricas, gastos que não geravam
riqueza. Para cobrir suas despesas, o governo emitia papel-moeda. Mais dinheiro em
circulação dava sensação de alto poder aquisitivo, mas não havia bens para atender à
demanda por consumo. Com isso os preços subiam. "Os salários se esfacelaram e a
economia quase entrou em colapso", recorda-se o economista José Dutra Sobrinho.
Indústrias não investiam em produção, pois o mercado financeiro dava mais retorno.
O Plano Real, em 1993, quebrou esse círculo vicioso e fez com que a inflação fosse
mantida em patamares razoáveis. A Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada em
2000, prevê punições para os governantes que gastarem mais do que o arrecadado, o
que inibe a volta da inflação causada pelo aumento dos gastos públicos. Extraído de
www.matematicahoje.com.br , em 03/03/06.
.
5.3 NÚMEROS-ÍNDICE: OS MEDIDORES DA INFLAÇÃO
A inflação é medida através de números-índice, fórmulas matemáticas que
representam a porcentagem de aumento nos preços dos bens e serviços num
determinado período de tempo. No Brasil, os números-índice apresentados a seguir
são os mais usados:
Índice de Custo de Vida (ICV) - mede a evolução dos gastos de famílias com
renda de até 5 (cinco) salários mínimos com as despesas realizadas para
necessidades básicas, tais como alimentação, habitação, vestuário, transporte
etc.
Índice de Preços por Atacado (IPA) - o IPA considera a evolução dos preços em
nível de comercialização ao atacado. O IPA acompanha um número bem maior
de bens, pois considera não apenas aqueles usados pelas famílias, mas também
matérias-primas e equipamentos.
Índice de Construção Civil (ICC) - é um índice que acompanha apenas a
evolução dos preços dos materiais, equipamentos e mão-de-obra empregados
na construção civil.
Índice Geral de Preços (IGP) - este índice é a média ponderada dos índices
anteriores, sendo que o IPA tem peso 6, o ICV peso 3 e o ICC peso 1. É a media
oficial da inflação no Brasil.
EXEMPLO 5.1
Para entendermos melhor o IGP, vamos supor que num determinado mês o
índice de custo de vida (ICV) teve um aumento de 5%, o índice de preços por atacado
(IPA) aumentou 4% e o índice de construção civil (ICC) uma evolução de 3%. Como
calcular o índice geral de preços (IGP)?
Resolvendo
O cálculo do índice geral de preços (IGP) é dado pela fórmula:
IGP = (6 x IPA) + (3 x ICV) + (1 x ICC) / 10
IGP = (6 x 4) + (3 x 5) + (1 x 3) / 10
Resposta: O IGP foi de 4,2%.
A forma como o IGP é construído expressa de maneira clara o objetivo desse índice
que é: medir a evolução de todos os preços da economia.
É por isso que se utiliza esse índice para medir a inflação no país.
.
5.4 Como construir um Índice de Custo de Vida - ICV
O índice de custo de vida – ICV é um instrumento utilizado para estimar as
taxas de inflação. Embora existam diversos índices no mercado, todos eles obedecem a
uma metodologia padrão.
Para construir um ICV é necessário seguir alguns passos:
Primeiro passo: realizar um levantamento dos hábitos e costumes de uma
população alvo, procurando encontrar o que foi consumido e em qual proporção. Este
publico alvo pode ser determinado por diversas características, tais como: população
de uma cidade, faixa de renda, escolaridade, sexo, etc.
Por exemplo: vamos supor que nosso publico alvo sejam de moradores de uma
pequena cidade que apresentem renda mensal de um a cinco salários mínimos. Após
uma pesquisa detectou que estes moradores consomem somente dois bens: arroz e
peixe, na seguinte proporção: para cada quilo de peixe são consumidos três quilos de
arroz.
Em uma pesquisa no mundo real, são levantados milhares de produtos com
milhares de preços. Embora possa parecer um pouco complicado para o estudante, o
principio de dois produtos pode ser estendido para milhares ou milhões de bens e
serviços.
Em nosso exemplo, utilizamos somente dois produtos em nossa cesta de bens e
serviços: arroz e peixe. Em termos quantitativos, vamos considerar: um quilo de peixe
e três quilos de arroz.
Segundo passo: realizar um levantamento monetário dos custos da cesta de
bens e serviços consumidos pelo publico alvo. Neste caso, devem ser auferidos os
preços de cada elemento pertencente à cesta.
Após estas duas etapas podemos levantar o custo da cesta. Para tanto vamos
supor que o preço de cada quilo de arroz seja de R$ 1,00 e o preço de cada quilo de
peixe de R$ 5,00
Agora que levantamos os preços e as quantidades de arroz e peixe, podemos levantar
o custo de vida ou o custo total (CT) somando o custo de aquisição de arroz (Ca) mais o
custo de aquisição de peixe (Cp).
CT = Ca+Cp
Custo de aquisição de arroz (Ca) = Pa x Qa
Custo de aquisição de peixe (Cp) = Pp x Qp
Onde:
Pa = Preço de cada quilo de arroz consumido;
Qa = Quantidade consumida de arroz;
Pp = Preço de cada quilo de peixe consumido;
Qp = Quantidade consumida de peixe.
Isto também pode ser inserido em uma tabela, conforme a seguir:
Tabela I
Tempo Pa (R$) Qa (Kg) Ca (R$) Pp (R$) Qp (Kg) Cp (R$) CT (R$)
Janeiro de
2009
1,00 3 3,00 5,00 1 5,00 8,00
Assim, com R$ 8,00 Reais é possível sobreviver consumindo quatro quilos de
alimentos. Este valor encontrado representa o custo de vida. Todavia, ao longo do
tempo, o padrão de consumo da população alvo não é constante, pois novos produtos
e serviços entram enquanto que outros produtos e serviços também saem do consumo
habitual. Diante deste problema, isto: é as constantes alterações no padrão de
consumo no longo prazo; seria razoável acreditar em uma contínua pesquisa de
hábitos e costumes, de modo a sempre identificar o custo de vida verdadeiro.
Todavia, a realização de uma pesquisa hábitos e costumes demanda muitos
recursos: tanto monetários, como pessoais, alem de tempo; de modo que sua
execução é realizada em um período de pelo menos cinco a dez anos de intervalo.
Enquanto não é realiza uma nova pesquisa para atualizar a possíveis modificações no
consumo, mantém se os mesmos produtos e as mesmas proporções encontradas na
pesquisa inicial, para os demais períodos atualizando-se somente os preços.
Desse modo para manter um padrão de consumo de quatro quilos de alimentos
(três quilos de arroz e um quilo de peixe) serão necessários mais R$ 0,80 e R$ 1,40,
para os períodos seguintes.
Tabela II
Tempo Pa (R$) Qa (Kg) Ca (R$) Pp (R$) Qp (Kg) Cp (R$) CT (R$)
Período I 1,00 3 3,00 5,00 1 5,00 8,00
Período II 1,20 3 3,60 5,20 1 5,20 8,80
Período
III
1,40 3 4,20 5,40 1 5,40 9,40
Terceiro passo: após levantar os valores do custo de vida ao longo de um
período de tempo, deve-se definir um período com referência e aplicar a seguinte
fórmula:
ICV = [Valor da Cesta no Período Corrente/Valor da Cesta no Período Base]/Valor da
Cesta no Período Base x 100
Para simplificar a correção, vamos sempre considerar o primeiro período como o
período base.
Ex:
Período I = [R$ 8,00/R$ 8,00]x100 = 100,00
Período II = [R$ 8,80/R$ 8,00]x100 = 110,00
Período III = [R$ 9,40/R$ 8,00]x100 = 117,50
O índice de custo de vida vai mostrar o comportamento dos preços ao longo do
tempo. Por exemplo, a inflação acumulada até o período II era de 10%, enquanto que
o acumulado até o terceiro período era de 17,5%.
5.4.1 Aplicações ICV
O uso do ICV é bastante amplo, além de medir a inflação, com ele são
atualizados os valores dos contratos, salários e alugueis.
5.5 CONSEQÜÊNCIAS DA INFLAÇÃO
A inflação tem conseqüências que atuam sobre cinco aspectos da sociedade:
Distribuição de renda;
Balança comercial;
Expectativas;
Mercado de capitais;
Cultura.
Agora, vejamos em detalhes cada aspecto identificado:
A distribuição de renda - os trabalhadores, principalmente os assalariados com
valor fixo mensal, saem perdendo, pois seus salários são reajustados em
grandes intervalos, ao passo que os preços de bens e serviços sobem com mais
freqüência. Os empresários defendem seus ganhos repassando o aumento de
seus custos para o consumidor, através de elevação de preços de seus
produtos. Também os donos de imóveis têm sua propriedades valorizadas,
enquanto os profissionais liberais podem subir seus honorários quando
quiserem.
Extraído: http://www.brazilkids.de/piramide.gif
A balança comercial - com a inflação, os bens e serviços produzidos
internamente tendem a ficar mais caros que os importados, fazendo com que
as pessoas aumentem as compras de produtos importados, o que causa um
déficit na balança comercial.
As expectativas - num processo inflacionário, as incertezas dos empresários a
respeito de suas taxas de lucros futuros fazem com que diminuam os
investimentos, reduzindo a capacidade produtiva do sistema econômico.
Efeito sobre o mercado de capitais - num processo inflacionário intenso, o
valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorrendo desestímulo à aplicação
de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em caderneta de
poupança e títulos devem sofrer retração; por outro lado, a inflação cria
estímulos na aplicação em bens que estão imunes aos efeitos inflacionários,
como, por exemplo, investimento em terras.
Cultura da economia - outro efeito maléfico da inflação é que esta cria uma
cultura inflacionária, e os empresários que adquirem essa cultura repassam aos
preços dos produtos o aumento de qualquer fator produtivo, independente se
o aumento neste fator provoca um aumento correspondente no custo do
produto em termos percentuais.
5.6 TIPOS DE INFLAÇÃO
Uma vez perguntei ao meu médico quais seriam as possíveis causas para as
minhas freqüentes dores de cabeça. O doutor me respondeu que poderia haver mais
de cem motivos a serem considerados. Fazendo uma pequena correlação entre as
minhas dores de cabeça e a inflação, posso afirmar que existem várias causas na
economia que provocam um aumento de preços.
Como são vários os tipos de inflação existentes, mas nós vamos nos ater apenas
a dois tipos de inflação: inflação de demanda e inflação de custos.
5.6.1 Inflação de Demanda
Causada pelo aumento da demanda, significa que há um excesso de procura
dos bens e serviços. A inflação de demanda é causada pelo crescimento dos meios de
pagamentos (emissão de papel moeda e aumento do créditos através de
financiamentos), que não é acompanhado pelo crescimento da produção de bens e
serviços. Como a demanda é exercida através dos meios de pagamentos,
principalmente a moeda, as pessoas realizam suas compras. Por isso, a inflação de
demanda pode ser entendida como o excesso de moeda na economia.
Como vimos, a inflação é prejudicial à economia de um país. Por esse motivo, os
governos procuram, sempre que possível, combatê-la através de um conjunto de
medidas conhecidas como políticas de estabilização.
.
As principais políticas adotadas pelo governo para combater a inflação de demanda
são de dois tipos:
Política monetária – a diminuição da quantidade de dinheiro na economia é
conseguida através de um rígido controle sobre a emissão de papel-moeda,
limitações ao crédito e aumento do encaixe dos bancos comerciais.
Política fiscal - consiste de duas medidas:
1. aumentar os impostos sobre a renda e sobre os bens e
serviços, para reduzir a renda disponível do setor privado;
2. reduzir os gastos do governo em despesas correntes, como
material de escritório, pagamento de funcionários etc.
5.6.2 Inflação de Custos
Tem origem na oferta de bens e serviços. É causada pela elevação dos custos de
produção, repassados para o consumidor através do aumento do preço do produto. A
inflação de custos tem suas causas nas condições de oferta de bens e serviços da
economia. Assim, a demanda permanece inalterada enquanto aumentam os custos de
produção, que são repassados para os preços da mercadoria.
5.7 CUSTO E PADRÃO DE VIDA, CONSUMO E POUPANÇA
Na Declaração Universal dos Direitos do Homem, todo homem e a sua família
têm direito a um padrão de vida que lhes assegure saúde geral e bem estar: direito à
alimentação e vestuário adequado, habitação apropriada, cuidados médicos e serviços
sociais, segurança em caso de desemprego, segurança em caso de doença, invalidez,
viuvez e velhice. Trata-se, enfim, de colocar à disposição do homem os bens
econômicos, satisfazendo, assim, as necessidades humanas.
A palavra padrão tem origem no vocábulo latino patronus e significa modelo,
tipo oficial de medidas e pesos legais, molde de madeira, de papel, de cartão etc. A
palavra vida significa, em última análise, existência. Logo, o conceito de padrão de vida
é o tipo ou norma de existência de um grupo ou classe econômica, em determinada
época e região.
Chama-se padrão de vida o modo de existência e o grau de conforto habituais de um
grupo ou classe econômica, dos quais tal grupo não desistirá sem grande relutância.
.
O padrão de vida pode ser descrito pelos seguintes níveis:
Nível de pauperismo - o indivíduo somente dispõe de recursos para
alimentação e moradia.
Nível mínimo de subsistência - o indivíduo consome parte de sua renda em
alimentos e moradia e outra parte fica reservada para possíveis doenças e
desemprego temporário. Ele não dispõe de recursos para as necessidades
culturais.
Nível mínimo de saúde e dignidade - o indivíduo dispõe de recursos para
alimentação e habitação, podendo também, dar assistência e educação a maior
número de filhos. Dispõe, ainda, de alguma reserva para diversões.
Nível mínimo de conforto - o indivíduo dispõe de recursos para alimentação,
habitação, possíveis doenças, desemprego, diversões e necessidades culturais e
ainda pode dar assistência, educação e ensino mais elevado aos seus filhos.
Entretanto, o padrão de vida está na dependência daquilo que os economistas
chamam custo de vida, o qual traduz o fenômeno da alta dos níveis de preços. Pode-se
afirmar, assim, que a inflação é a causa indireta do crescimento do custo de vida,
porque, segundo o entender da maioria dos economistas, a elevação do nível geral de
preços tem como causa principal o déficit público.
Concluindo
Como vimos, o termo inflação é o nome que se dá ao processo de elevação do nível
geral de preços, isto é, da média dos preços de uma economia, que provoca uma
perda do poder aquisitivo da moeda. Vejamos uma síntese de suas principais
características:
A inflação elevada é um forte sinal de instabilidade da economia.
Há muitos fatores que geram inflação. Um aumento muito grande de um
preço básico da economia, como o petróleo, pode contaminar os demais
preços da economia, provocando inflação maior. Se o governo gasta mais do
que arrecada, e cobre seus gastos extras emitindo dinheiro, está provocando
uma desvalorização de sua moeda. E à medida que a moeda vale menos, os
produtos sobem de preço, gerando a inflação.
A inflação empobrece a população, principalmente as pessoas que têm menos
instrumentos para se defender, das camadas mais pobres.
Os índices de preço, ou de inflação, são indicadores que procuram mensurar a
evolução do nível preços. Um índice de preços é um número que está
associado à média ponderada dos preços de uma determinada cesta de
produtos em um determinado período. Assim, se de um mês para o outro
determinado índice de preços sofre uma elevação de 0,5%, por exemplo,
significa que os preços que fazem parte da cesta correspondente a esse índice
aumentaram, em média, 0,5%. No Brasil, os principais índices de inflação são o
IPC Fipe, o IGP-M, o IPC, o IPA, o INCC, o IGP-DI, INPC, o IPCA, o ICV e o
ICVM”.
(Extraído e adaptado para a aula 6 do site:
http://www.estadao.com.br/investimentos/glossario/i.htm no dia 23 de março de
2006).
.
Exercícios
Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as
atividades na plataforma de ensino.
.
AULA 06 DE ECONOMIA
CONTEÚDO DA AULA 06
AULA 6 - AGREGADOS MACROECONÔMICOS
6.1 Introdução
6.1.1 Agregados macroeconômicos básicos
6.2 Produto
6.2.1 O cálculo do PIB
6.2.2 valor imputado
6.2.3 fluxo de estoque
6.3 Consumo
6.4 Renda
6.4.1 Fluxo circular da renda
6.4.2 Renda x produto
6.5 Poupança
6.6 Investimento
6.6.1 Medição do produto nacional e da renda nacional
6.6.2 O mercado como uma maneira de medir produção
6.7 Política Econômica do Estado
6.8 Política Monetária
6.9 Política Fiscal
.
Aula 06 - Agregados Macroeconômicos
A discussão de determinados temas da Teoria Macroeconômica pode se tornar
um debate infinito, visto que existem diferentes modelos teóricos e metodológicos
que dão sustentação à análise e à avaliação do comportamento de mercado, do
sistema financeiro e outros. Na interpretação de dados econômicos não é raro
surgirem críticas aos índices quando estes refutam os resultados esperados, como
também são comuns acusações de que o cálculo é que está errado e não a condução
da política monetária. De fato, não somente na economia mas em todas as áreas, a
utilização de determinadas metodologias conduz a resultados diferentes. Cabe a você,
futuro administrador e observador do mercado financeiro, estar atento a discussões
relativas à:
Metodologia usada para análise e apuração dos dados e índices econômicos
(por exemplo, inflação, PIB, PNB etc);
Impacto de determinadas metodológicas nos resultados econômicos;
Influências destes resultados na organização produtiva de sua empresa.
Em geral, estas discussões e controversas da área da economia são conduzidas
pelos especialistas da área e expostas na imprensa.
Essa aula tem como objetivo apresentar uma noção dos agregados macro
econômicos básicos: produto agregado, forma de cálculo do PIB, fluxo de estoques,
renda, consumo e poupança. Vemos que esses conceitos podem ser medidos com
base em sistemas contábeis, de forma similar às empresas. Isto significa
metaforicamente comparar o país a uma grande empresa, que produz um produto
denominado Produto Nacional. Vale desde já ressaltar que o Produto Nacional
representa um agregado de todos os bens e serviços do país, cujas variáveis
macroeconômicas podem ser extraídas de sistemas contábeis, tipo partidas dobradas
(Sistema de Contas Nacionais) ou matricial (Matriz Insumo-Produto). Também serão
tratados nesta aula conceitos relativos à política econômica do Estado.
6.1 INTRODUÇÃO
No mercado de concorrência, há uma tendência a alocar recursos com o
objetivo de produzir bens de acordo com o padrão de demanda do consumidor. Os
desejos de cada consumidor possuem pesos relativos em função da quantidade de
dinheiro de que dispõem, como você viu na teoria do consumidor. O cerne da
economia consiste na noção de que a demanda do consumidor acha-se determinada
pela utilidade de cada bem em relação a esse consumidor. Os agregados
macroeconômicos são as medidas-síntese (ou valor-síntese) do resultado da atividade
global do sistema econômico ou da economia como um todo. Normalmente, os
agregados macroeconômicos são apresentados pelos valores brutos, por serem mais
fáceis e práticos os cálculos de apurações. Até mesmo nos países mais adiantados, os
agregados não são apresentados em valores líquidos.
A contabilidade nacional apresenta metodologia de cálculo dos principais
agregados macroeconômicos. Ela quantifica os agregados macroeconômicos de uma
economia, como poupança, investimento, produto interno, salários, tributos,
exportação e importação, a fim de permitir estudos de seu desempenho durante
determinado período de tempo. Por isso, afirma-se que os agregados abrangem os
grandes problemas da economia de uma nação, sendo analisados e avaliados através
da contabilidade nacional. A noção de agregados macroeconômicos se desenvolveu a
partir da obra Teoria Geral de Keynes, publicada em 1936.
6.1.1 Agregados Macroeconômicos Básicos
Os agregados macroeconômicos básicos analisados em conjunto resultam na
avaliação da economia de uma sociedade, de uma nação. São eles:
Produto;
Consumo;
Renda;
Poupança;
Investimento.
A seguir, você conhecerá mais detalhadamente cada um desses agregados.
6.2 PRODUTO
O produto corresponde ao valor bruto de produção de uma economia em um
determinado período de tempo, descontado o valor de todos os produtos
intermediários consumidos no processo de produção desses bens. O produto identifica
também o valor adicionado pela firma ou setor, ou seja, o valor do produto menos os
fatores empregados nessa produção, quando menor corresponde ao valor adicionado.
A fórmula para o cálculo do valor adicionado é:
Valor adicionado = Produto (valor bruto da produção) – Consumo intermediário
.
O valor bruto da produção (VBP) é o maior agregado gerado em uma economia,
em termos monetários. Ele inclui o produto líquido e o consumo intermediário e
compreende a soma dos valores brutos dos bens e serviços produzidos em uma
economia durante um determinado período de tempo. Uma forma de medir o produto
ou o desempenho de uma economia é através do Produto Interno Bruto (PIB). Essa
estatística procura resumir em uma única cifra o valor corrente de toda atividade
econômica de um país.
Produto Líquido: também denominado excedente: parte da riqueza produzida que
excede a consumida, ao longo do processo produtivo.
.
O consumo intermediário é o consumo corrente de bens e serviços mercantis
utilizados na produção de outros bens e serviços. O consumo intermediário é avaliado
a partir da unidade que utiliza os bens e serviços em seu processo produtivo, ou seja,
a preços de consumidor, incluindo margens de comercialização, transporte e impostos
que incidem sobre produtos. fonte:
http://www.cide.rj.gov.br/produtos/ecoflumi/Matriz/cap1-1-agreg.html#Consumo
O Produto Interno Bruto (PIB) mede as atividades econômicas de uma economia,
através da identificação de dois elementos:
A renda total de todas as pessoas da economia;
A despesa total da economia na produção de bens e serviços.
6.2.1 O Cálculo do PIB
O PIB é a soma de produtos diferentes, diferentes mercadorias. Para se calcular
o valor total de bens e serviços diferentes, é necessário usar uma medida de valor. No
caso, usa-se o preço de mercado.
EXEMPLO 6.1
Calcule o PIB de uma economia que, num certo período, produziu somente os três
produtos como descritos na tabela a seguir:
PRODUTO PREÇO (RS) QUANTIDADE
Batatas 1,00/Tonelada 1.000 toneladas
Mandioca 2,00/Tonelada 2.000 toneladas
Corte de cabelo 2,00/Corte 10.000 cortes
Resolvendo
PIB = P batatas x Q batatas + P mandioca x Q mandioca + P corte cabelo x Q corte
cabelo
Onde: P = preço; Q = quantidade.
PIB = (R$ 1,00 x 1000) + (R$ 2,00 x 2000) + (R$ 2,00 x 10.000) = (R$ 1.000,00) + (R$
4.000,00) + (R$ 20.000,00) = R$ 25.000,00
No caso desta hipotética economia, o PIB - ou seja, a soma de todos os
produtos diferentes a preço de mercado – no dado período foi de R$ 25.000,00.
IMPORTANTE
No cálculo do PIB também são computados os investimentos feitos pelas empresas
para aumento de estoques.
.
Existem várias metodologias para o cálculo do PIB, sendo o IBGE o órgão
responsável pelo cálculo do PIB nacional e, por conseguinte, por definir a metodologia
a ser adotada para cada período.
6.2.2 Valor Imputado
Como citado, a maioria dos bens e serviços são avaliados pelo seu preço de
mercado para o cálculo do PIB. Mas existem bens e serviços que não podem ser
computados assim porque não são vendidos no mercado. Então, é necessário estimar
seus valores para inclui-los no PIB. A esta estimativa denomina-se imputados. Como
exemplo de valores que devem ser imputados, temos o caso da habitação: as pessoas
(famílias) que têm casa própria não pagam aluguel e nesse caso deverá ser imputado o
valor gasto com habitação. Dessa forma, pode-se afirmar que o PIB é uma medida
imperfeita da atividade econômica devido a esses casos de imputação de valores.
Outra forma de avaliar a economia é através da renda nacional. O PIB mede o
fluxo de reais desta economia e esse fluxo pode ser medido de duas formas: a) o total
da renda proveniente da produção de bens é igual à soma de salários mais lucros; b) a
soma do total gasto com bens e serviços.
A equivalência entre renda e despesa decorre da regra da contabilidade, das
partidas dobradas: toda transação que afeta a renda deve afetar a despesa.
Partidas dobradas: toda transação afeta o lançamento de duas contas uma credora e
outra devedora e a soma de cada uma deve ser igual, é uma técnica utilizada na
contabilidade das organizações.
6.2.3 Fluxo de Estoque
Todas as variáveis da economia podem ser divididas entre fluxo e estoque. O
fluxo é uma quantidade de valor medida por uma unidade de tempo, e o estoque é a
quantidade de valor medida em um determinado ponto do tempo.
6.3 CONSUMO
O consumo são os gastos com bens e serviços efetuados pelos indivíduos e pelo
governo. O consumo pessoal corresponde às parcelas da renda que as pessoas,
consumidores finais, destinam para aquisição de bens e serviços de uso final. Já o
consumo do setor privado é formado pelo consumo das famílias e o das instituições
privadas sem fins lucrativos, sendo que o consumo das instituições privadas sem fins
lucrativos é mensurado pelo custo dos bens e serviços que elas produzem para uso
próprio.
6.4 RENDA
A renda pode ser definida de formas diferentes, entre elas pode-se afirmar: o
valor adicionado por um setor “S” também equivale à renda, embora o resultado
líquido da atividade produtiva de uma economia possa ser medido a partir de três
óticas diferentes: produto, renda e despesa. O produto e a renda podem ser
mensurados a preço de mercado ou ao custo dos fatores.
6.4.1 Fluxo Circular da Renda
A renda numa economia segue um círculo entre as famílias e as firmas no sistema
produtivo. Imagine uma economia que produza um único bem, o feijão, a partir de um
único fator, o trabalho. Observe a ilustração que torna mais claro o entendimento
deste pressuposto.
Fig. 1 – Renda
Na Fig. 1, se partirmos da firma, o fluxo dos bens corre no sentido anti-horário; já a
renda segue o sentido horário.
6.4.2 Renda x Produto
As duas siglas da economia (renda e produto) estão bastante próximas e são
interligadas. Vejamos alguns conceitos para compreendermos esta interface do PIB e
da RNB:
Renda Nacional Bruta (RNB) - mede a riqueza (renda) gerada por fatores de
produção de propriedade de residentes. Por exemplo: japoneses que estão
produzindo e morando no Brasil conta como PIB no Brasil e como PNB no
Japão.
Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLE) - é a soma de toda a riqueza gerada
no país que é enviada ao exterior. A RLE é um valor adicionado no país onde
ocorrem as transações econômicas, mas é transferido para o exterior. Um
exemplo bastante freqüente são os brasileiros trabalhadores que estão no
exterior e enviam para o Brasil parte do resultado de seu trabalho; outro caso é
o de empresas que remetem os lucros para os países de sua origem (sede).
Portanto, a relação entre PNB e PIB depende exatamente da RLE:
PNB = PIB – RLE
Note que a RLE é apenas um saldo. Isso significa dizer que tal saldo tanto pode
ser positivo como negativo. É uma situação comum, em tempos de globalização,
brasileiros trabalhando no Japão e japoneses trabalhando no Brasil. A RLE pode
resultar em duas situações:
RLE positiva - PNB > PIB
RLE negativa - PNB
Também é verdade que os índices podem se igualar:
PNB = RNB
6.5 POUPANÇA
A poupança é igual à diferença entre a renda e o consumo. Ela ocorre quando
indivíduos ou organizações (inclusive o governo) decidem guardar uma parcela de sua
renda para consumir no futuro.
6.6 INVESTIMENTO
O investimento bruto equivale ao aumento do estoque de capital fixo e da
variação dos estoques da economia durante um período de tempo. O investimento
bruto, quando se deduz a depreciação, resulta no investimento líquido. A depreciação
corresponde aos gastos de investimentos efetuados para repor os capitais do processo
produtivo. Esses gastos servem também para a obtenção do Produto Nacional Líquido:
PNL = PNB – Depreciação.
Depreciação: desgaste que um bem sofre pela sua utilização no tempo. A depreciação
pode ocorrer pelo produto se tornar obsoleto.
6.6.1 Medição do Produto Nacional e da Renda Nacional
Como você já viu anteriormente, o sistema econômico moderno produz um
vasto conjunto de bens e serviços: carros, casas, móveis, utilitários etc. Uma das
maneiras de se avaliar o desempenho da economia é através da medição da produção
agregada de bens e serviços. É claro que essa medição não nos dá uma visão completa
de bem-estar da nação; afinal, adquirir mais e mais bens não significa necessariamente
tornar mais realizados ou mais felizes os consumidores. Outras coisas também são
importantes: a realização profissional, a qualidade de nosso meio ambiente etc.
Entretanto, o volume total que é produzido é uma das importantes medidas do
sucesso econômico.
6.6.2 O Mercado como uma Maneira de Medir Produção
A grande variedade de produtos feitos coloca-nos alguns problemas para mensuração
dos índices: Como iremos agregar os produtos numa única medida de produto
nacional? Qual metodologia usar para somar produtos diversos e heterogêneos? Os
preços de mercado fornecem uma resposta. Vamos a esse estudo.
Se uma dúzia de abacaxi é vendida por R$ 10,00 e uma dúzia de manga, por R$
2,00, o mercado está indicando que uma dúzia de abacaxi custa cinco dúzias de
manga, ou que uma dúzia de manga custa 1/5 de uma dúzia de abacaxi.
Produto nacional é o valor em reais (ou em qualquer outra unidade monetária, como
o dólar, o peso, a libra etc.) dos bens e serviços finais produzidos durante o ano.
TABELA 1
UTILIZAÇÃO DOS PREÇOS DE MERCADO PARA SOMAR ABACAXI E MANGA
Produto Quantidade (dúzia) Preço (p/dúzia) Valor de mercado
Abacaxis 3.000 R$ 100,00 R$ 300.000,00
Mangas 2.000 R$ 20,00 R$ 40.000,00
Total R$ 340.000,00
OBS: Preços em reais (R$) - Padrão de Medida Elástica
Os preços em reais (ou qualquer outra unidade monetária, como
exemplificamos acima) fornecem uma base satisfatória para o cálculo do produto
nacional num ano qualquer. Porém, se desejamos avaliar o desempenho da economia
durante vários anos, nos defrontamos com um segundo problema: a inflação altera o
valor do real para menos, e a deflação, muito pouco provável, o altera para mais.
À medida que os anos passam, o valor de mercado do produto nacional pode
crescer por dois motivos bastante diversos:
A quantidade de um produto x pode aumentar - Este aumento é desejável,
uma vez que temos e serviços a nossa disposição.
Os preços desses mesmos bens e serviços podem aumentar - Este aumento é
indesejável, pois mostra o fracasso na batalha contra a inflação. Para julgar o
desempenho, é essencial separar o incremento desejável na quantidade de
produto do incremento indesejável nos preços.
6.7 POLÍTICA ECONÔMICA DO ESTADO
Você poderá notar que a economia aberta ou a economia fechada com governo
interfere nas relações e transações econômicas dos agentes (empresas, famílias etc.)
com a finalidade de desenvolver e manter em equilíbrio as atividades. Para discutir
esse tema, nessa parte da aula efetuamos uma introdução sobre política fiscal.
Com o passar do tempo e principalmente no último século, a participação do Estado na
economia vem crescendo em função de diversas razões:
Crescimento da renda per capta - gera um aumento de consumo de bens e
serviços públicos exemplo: escolas, saúde, lazer etc.
Renda per capta: é o total da renda de um país dividido pela população desse, onde o
resultado é a media de receita por pessoa.
Mudanças tecnológicas - provoca o desenvolvimento da atividade econômica e
conseqüente aumento das necessidades de infra-estrutura; um típico exemplo
brasileiro é o agro-negócio.
Mudanças populacionais - o aumento da taxa populacional, exige mais
investimentos em educação, saúde etc.;
Efeito de guerra - em períodos de guerra, aumenta a participação do Estado na
economia;
Fatores políticos - novos grupos sociais passam a ocupar maior presença
política, demandando outros investimentos públicos.
POLÍTICA ECONÔMICA
A política econômica de um Estado, país é o conjunto de medidas tomadas pelo
governo com o objetivo de atuar e influir sobre o mecanismo de produção,
distribuição e consumo de bens e serviços.
Embora dirigidas ao campo da economia, essas medidas obedecem também a
critérios de ordem política e social, na medida em que certas necessidades da
sociedade em determinados locais do país. O alcance e o conteúdo de uma política
econômica variam de país para país, dependendo do grau de diversificação de cada
economia, da natureza do regime social, do nível de atuação dos grupos de pressão
(partidos, sindicatos associação de classes etc.). SANDRONI, 1989.
6.8 POLÍTICA MONETÁRIA
A política monetária é um conjunto de medidas adotadas pelo governo visando
adequar os meios de pagamentos disponíveis às necessidades da economia do país.
Essa adequação geralmente ocorre por meio de uma ação reguladora, exercida pelas
autoridades sobre os recursos monetários existentes, de tal maneira que estes sejam
plenamente utilizados e tenham um emprego tão eficiente como possível.
Na maior parte dos países, o principal órgão executor da política monetária é o
Banco Central, entidade do Estado ou dele dependente encarregada da emissão de
moeda, da regulação do crédito, da manutenção do padrão monetário e do controle
de câmbio. Um exemplo dessa política monetária são as taxas de juros fixadas pelo
Banco Central.
6.9 POLÍTICA FISCAL
A política fiscal de um Estado é um conjunto de medidas fiscais ou tributárias
com o objetivo de regulamentar a economia e gerar mecanismos para o país obter
recursos para os investimentos necessários ao desenvolvimento de sua população. O
Estado dispõe de um conjunto de medidas de ordem tributária que geram recursos
para a sua manutenção, podendo criar ou eliminar impostos, desde que obedeça aos
princípios legais e objetive o desenvolvimento.
CONCLUINDO
Como leigos, todos nós entendemos um pouco a respeito de economia.
Participamos de forma incessante na vida econômica da sociedade. Ao decidirmos se
vamos poupar ou comprar, se gastamos sem ter saldo, se economizamos no decurso
de nossas vidas para termos um futuro garantido, estamos participando do sistema
econômico do país e interagindo diretamente ou indiretamente com os mercados. Ao
atuarmos como consumidores, adquirimos certos conhecimentos empíricos sobre o
funcionamento desse sistema.
Entretanto, em muitos momentos nos sentimos totalmente leigos ao nos
depararmos com a queda ou subida da bolsa de valores, o custo-Brasil, o custo de
vida em ascensão, e as depressões financeiras que passam determinados países entre
outros. Nestes momentos nos sentimos conduzidos por forças externas, semelhantes
a uma caixa preta a qual não temos acesso. Portanto, conhecer o sistema econômico,
o comportamento do mercado e os agregados macroeconômicos nos permite adquirir
uma visão sistêmica.
Isto é perceber que não é simplesmente uma questão de modelos econômicos
numa visão purista da aplicação das fórmulas matemáticas. Mas os modelos devem
considerar a sociedade, cultura, ideologia, psicologia do comportamento humano
(individual e coletivo), a história das guerras, pois tudo nos favorece a compreensão
da economia.
.
Exercícios
Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as
atividades na plataforma de ensino.
.
AULA 07 DE ECONOMIA
CONTEÚDO DA AULA 07
AULA 7 - INTRODUÇAO À MICROECONOMIA
7.1 Análise da Demanda de Mercado e seus Fundamentos
7.1.1 A questão da utilidade
7.2 Curva de Indiferença (CI)
7.2.1 Restrição orçamentária (RO)
7.3 Variáveis que Influenciam a Demanda
7.3.1 Variáveis e o cálculo da demanda
7.4 Elasticidade
7.4.1 Elasticidade-preço
7.4.2 Determinantes e a elasticidade
7.4.3 Oferta e custo marginal
7.4.4 Elasticidade de oferta
7.5 Utilidade Marginal
7.5.1 Redução da utilidade marginal
7.5.2 A maximização da utilidade por parte dos consumidores
AULA 07 – Introdução à microeconomia
Nesta aula, você vai estudar o comportamento do mercado. Para iniciar seus estudos,
leia a frase a seguir:
“Precisamos de braços (...) no intuito de aumentar a concorrência de trabalhadores e,
mediante a lei da oferta e procura diminuir o salário.” (Fala de um deputado paulista
depois da abolição da escravatura, Anais da Câmara, 1888.)
A lei da oferta e da procura está diretamente relacionada aos mercados de bens e
serviços, mas também se aplica ao mercado de emprego. O mercado de emprego é
uma força dinâmica que se rege de acordo com a lei da oferta e da procura e é
influenciado por fatores diversos. Para além das qualificações dos recursos humanos
(habilitações literárias, conhecimentos técnicos, características pessoais, etc.) existem
ainda outros fatores que não dependem diretamente do indivíduo e que afetam a
acessibilidade do mercado de emprego. Como vimos na fala do deputado do século
XIX, havia um desejo de que a oferta de mão-de-obra superasse a demanda de
empregos, gerando um excedente, para que os empregadores pudessem manipular os
salários. Assim, perguntamos:
Será que este fato social e econômico – a lei da oferta e da procura - ainda rege o
mercado de empregos na atualidade?
Vamos estudar estes aspectos nesta aula!
Essa aula tem o objetivo de proporcionar a você informações e atividades necessárias
à análise da demanda de mercado sob a ótica da microeconomia. Vamos abordar os
conceitos e fundamentos da teoria que influenciam a construção do conceito de
elasticidade e preço de demanda. Para tanto, abordaremos especificamente os temas
correspondentes a modelos de comportamento do consumidor e do produtor que dão
origem a teoria da oferta e envolvem aspectos relevantes da análise de custo dos
negócios e os benefícios que a empresa busca obter. Os exemplos e situações
abordados nesta aula nos mostram que a microeconomia é um instrumento de análise
das organizações muito útil para o administrador.
7.1 ANÁLISE DA DEMANDA DE MERCADO E SEUS FUNDAMENTOS
Você sabe qual é a definição de demanda? Para construir o seu próprio conceito
observe o gráfico a seguir.
Fig. 1 - Curva de Demandas
A Fig. 1, Demanda de Mercado representa o comportamento do consumidor em
relação a um determinado produto. Observe o que acontece quando o preço está em
um nível elevado: é possível notar claramente que a demanda pelo produto é menor,
isto é, uma parte dos consumidores não está disposta a adquirir o produto a este
preço. No gráfico ao nível de preço de R$10,00 teremos 8.000 quilos vendidos.
Agora veja o que ocorre quando o preço cai para R$4,00 o quilo: a demanda
cresce. Isso significa que mais consumidores estarão dispostos a adquirir o produto
àquele nível de preço. Como se vê, ao preço de R$ 4,00 serão efetuadas vendas de
15.000 quilos. Neste exemplo, podemos trabalhar dois conceitos desta aula, o de
demanda e o de comportamento da demanda. Vejamos com mais detalhes cada um
deles:
DEMANDA
É a quantidade de um determinado bem ou serviço que os consumidores desejam
adquirir num dado período de tempo (semana, mês, ano). A demanda não representa
a compra efetiva, mas a intenção de comprar algo por um certo preço.
Em vários dicionários você irá encontrar que demanda é a disposição de
comprar determinada mercadoria ou serviço por parte dos consumidores. Esse
fenômeno é também conhecido como procura.
EXEMPLO 7.1
No verão, há grande demanda por circulador de ar.
A demanda pode ser compreendida também pela quantidade de mercadoria
ou serviço que um consumidor ou conjunto de consumidores está disposto a comprar
por um determinado preço.
EXEMPLO 7.2
A demanda por acessórios de informática diminui quando aumenta o valor do dólar.
.
EXEMPLO 7.3
Agora vamos ver um exemplo relacionado à economia doméstica.
Se o tomate estiver com preço médio de R$ 5,00 o quilo, o resultado é uma queda da
demanda por tomate devido ao preço elevado. Isto ocorre porque muitos
consumidores não poderão pagar este valor. Nessas situações, é comum os
consumidores passarem a comprar outros tipo de alimento, tais como extrato de
tomate para molhos, pepino e beterraba para saladas etc. Mas se o preço médio do
tomate cair para R$ 0,80 o quilo, vários consumidores voltarão a comprá-lo;
conseqüentemente haverá um aumento na demanda por tomate.
Por este último exemplo, chegamos ao conceito de comportamento da demanda.
Vamos a ele:
COMPORTAMENTO DA DEMANDA
Ocorre devido às restrições orçamentárias dos consumidores, ou seja, cada
consumidor possui um determinado nível de renda, mais elevado ou mais baixo.
Sendo assim, seu consumo está restrito a sua renda.
Por isso, diferentes tipos de rendas geram diferentes comportamentos da
demanda. O consumidor que possui uma renda mais alta continuará adquirindo o
produto mesmo a um preço elevado. Mas aquele que possui renda mais baixa estará
impossibilitado de adquirir o produto para não prejudicar o seu orçamento. Este
comportamento resulta numa queda da demanda. Mas lembre-se que ao cair o preço,
os consumidores de baixa renda voltam a adquirir o produto e conseqüentemente
haverá um aumento da demanda.
Os fundamentos da análise da demanda estão alicerçados no conceito de utilidade,
embora se saiba que esse conceito é subjetivo. Vejamos também o que a teoria diz a
esse respeito.
7.1.1 A Questão da Utilidade
A teoria da demanda baseia-se na teoria do valor utilidade. Temos, assim, que a
utilidade está diretamente relacionada à demanda. Supõe-se que, dados a renda do
consumidor e os preços de mercado, o consumidor ao demandar um bem ou um
serviço está maximizando a sua utilidade. Portanto, quanto maior a quantidade
consumida do bem ou serviço, maior a sua utilidade total.
Também temos o conceito de utilidade marginal, que significa a satisfação
adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade do bem. A utilidade
marginal é decrescente porque o consumidor vai se saturando desse bem quanto mais
o consome.
Esta relação entre consumidor e bem resulta em muitas análises e teorias. Toda a
teoria de demanda tem como hipótese básica que o consumidor está maximizando sua
utilidade ou satisfação. Vejamos nas próximas seções os conceitos associados a esta
teoria, inclusive o de utilidade marginal.
7.2 CURVA DE INDIFERENÇA (CI)
A curva de indiferença é um instrumento gráfico que serve para ilustrar as
preferências do consumidor. É o lugar geométrico de pontos representando diferentes
combinações de bens que dão ao consumidor o mesmo nível de utilidade e satisfação.
As curvas de indiferença são, assim, formas alternativas de ilustrar as preferências do
consumidor e seu equilíbrio.
Fig. 2 – Curva de indiferença carne e feijão
Na Fig. 2, a curva da indiferença mostra combinações diferentes que provocam o
mesmo nível de utilidade ao consumidor. Todos os pontos da curva representam
situações que proporcionam idêntica satisfação.
Na disciplina de matemática, você também estuda diferentes tipos de curva. Que tal
retomar alguns dados lá expostos, reconfigurando o que foi dito até aqui? Uma outra
dica para compreender melhor o conceito você irá encontrar na Sala de Leitura desta
aula.
7.2.1 Restrição Orçamentária (RO)
Um outro conceito fundamental no estudo da curva da indiferença é o de
restrição orçamentária. Para melhor esclarece-lo, lançamos mão de um novo exemplo:
EXEMPLO 7.4
Um consumidor gostaria de consumir o máximo possível de produtos. Porém, seu
desejo é limitado por dois fatores: o preço do produto e sua renda. Assim, se o quilo
do produto x custa R$ 4,00 e o quilo do produto y custa R$50,00, e a renda mensal do
indivíduo é de R$ 400,00, ele poderá adquirir no máximo 100 quilos do produto x ou 8
quilos do produto y.
Este exemplo nos fornece a chamada linha da restrição orçamentária, assim definida:
RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA
A restrição orçamentária é o montante de renda disponível do consumidor em um
determinado período de tempo. Ela limita as possibilidades de consumo,
condicionando quanto o consumidor pode gastar.
A restrição orçamentária fica mais fácil de você observar ao visualizar o gráfico a
seguir:
Fig. 3 – Reta orçamentária
Na Fig. 3, quando o consumidor gasta toda a sua renda abaixo da reta
orçamentária, ele está gastando aquém do que poderia. Se gasta acima da reta, o
consumidor está impedido de consumir, em função da restrição de seu orçamento.
Assim, o consumidor estará maximizando sua utilidade quando sua reta orçamentária
tangenciar uma dada curva de indiferença. Se a renda do consumidor aumenta ou cai
os preços dos bens e serviços que o consumidor deseja consumir, a reta orçamentária
eleva-se e permite que ele tenha maiores níveis de satisfação.
O equilíbrio do consumidor se dá no ponto em que a reta de sua restrição
orçamentária tangencia uma curva de indiferença. Ou seja:
Dados os preços das mercadorias e a renda pessoal, o consumidor está em
equilíbrio quando maximiza a utilidade ou a satisfação total derivadas de suas
compras.
Assim, quanto menor for o ângulo formado, maior é a possibilidade de
satisfação do consumidor.
7.3 VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM A DEMANDA
Quais variáveis afetam a demanda?
A demanda de um determinado bem (produto ou serviço) depende de um
conjunto de variáveis que a influenciam, das quais destacamos:
Riqueza – a riqueza de uma sociedade, bem como sua distribuição, tem
influência direta no consumo (demanda); quanto maior for a riqueza da
sociedade maior é a possibilidade de consumo.
Renda – quando a distribuição da renda de uma sociedade atinge um nível
maior na sua distribuição e alcança um número grande de pessoas, aumenta a
possibilidade de consumo dos habitantes da região.
Preço de outros bens – quando o preço de bens similares em utilidade similar
atinge a satisfação dos consumidores, isso influencia o consumo do referido
similar; ou seja, reduz-se a possibilidade de consumo do bem original devido à
substituição pelo similar que satisfaz;
Fatores climáticos e sazonais – o clima é fator importante no consumo de
determinados bens. Por exemplo, o consumo de alimentos sólidos tem maior
preferência do que os líquidos em períodos de clima frio.
Propaganda – essa tem um papel importante no consumo, pois, quando bem
elaborada, pode induzir o consumidor a adquirir um dado serviço ou produto.
Outros - Hábitos, gostos, preferência dos consumidores, oportunidades de
compra etc.
Tradicionalmente, a função da demanda é colocada como dependente das
variáveis citadas por serem consideradas relevantes e gerais, pois, são as mais
observadas no mercado de bens e de serviços.
Mas como calcular uma determinada demanda em função das variáveis?
7.3.1 Variáveis e a obtenção gráfica da demanda
Vejamos a combinação destas variáveis aplicadas à fórmula da obtenção gráfica da
demanda.
qdi = f(Pi,Ps,Pc, R, G)
Onde:
qd = quantidade procurada (demandada) do bem i/t (t significa um dado período).
Pi = preço do bem i/t.
Ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes / t.
Pc = preço dos bens complementares / t.
R = renda do consumidor.
G = gastos, hábitos e preferências do consumidor / t.
A curva convencional da demanda é negativamente inclinada. Dado o preço do
produto, ela mostra qual é a escala de procura para o consumidor e quanto o
consumidor deseja consumir.
EXEMPLO 7.5
Apresentamos o exemplo extraído do professor Vasconcellos (2002, p. 55), para
compreendermos o conceito e os cálculos:
Preço de R$ 1,00, quantidade demandada 50;
Preço de R$ 2,00, quantidade demandada 45;
Preço de R$ 3,00, quantidade demandada 40;
Preço de R$ 4,00, quantidade demandada 35;
Preço de R$ 5,00, quantidade demandada 30.
Graficamente teremos:
Fonte: Vasconcellos (2002, p. 55).
7.4 ELASTICIDADE
Como vimos, quando ocorre aumento de preço de um determinado bem, a
quantidade demandada tende a cair, *ceteris paribus (quando tudo o mais permanece
constante). Então dissemos que já conhecemos a direção, o sentido (queda), mas não
sabemos a quantidade numérica. Por exemplo, um aumento no preço de 15% provoca
uma queda de demanda, mas de quanto? O conceito de elasticidade fornece essa
resposta.
Ceteris paribus
Expressão latina que significa “permanecendo constante todas as demais variáveis’
Em economia, a expressão é utilizada quando se quer medir as conseqüências de
mudanças de uma variável sobre outra.
.
ELASTICIDADE
Elasticidade é a alteração percentual de uma variável dada a variação percentual de
outra, ceteris paribus. Sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma variável em
função da variação da outra. Pode-se dizer que é a relação entre as diferentes
quantidades de oferta e procura de certas mercadorias em função das alterações
verificadas em seus respectivos preços.
De acordo com este conceito, vejamos a seguir um tipo importante de elasticidade.
7.4.1 Elasticidade-preço
É a variação percentual na quantidade demandada, dada a variação percentual
no preço do bem ceteris paribus, ou seja, tudo o mais constante. De acordo com a
elasticidade-preço, a demanda pode ser classificada em três categorias:
Elástica - A demanda elástica significa que, dada uma variação percentual, a
quantidade demandada varia em sentido contrário. Por exemplo: uma variação
de 10% no preço provoca uma variação contrária de 15%; isso revela que a
quantidade é bastante sensível a variação de seu preço. A demanda é elástica
quando for > 1.
Inelástica - A demanda é inelástica quando os consumidores são pouco
sensíveis à variação do preço. A demanda é inelástica quando for (?).
Elasticidade preço unitário - A demanda de elasticidade unitária ocorre quando
a relação entre o aumento do preço e do consumo é na mesma proporção.
Exemplo: se o preço aumenta em 10% a quantidade cai também em 10%, ou
seja, = 1.
São quatro os fatores que afetam a elasticidade-preço demanda:
Disponibilidade de bens substitutos - Quanto maior a disponibilidade de bens
substitutos, menos será a reação de um aumento de preços, tornando o bem
inelástico.
Essencialidade do bem - Quando um bem não é essencial, um aumento de
preço leva o consumidor a deixar de consumir o produto, o que não afeta a
elasticidade.
Importância relativa do bem no orçamento do consumidor - Depende do
gosto do consumidor pelo bem e a sua importância no orçamento.
Horizonte tempo - Quando o tempo for maior, possibilita ao consumidor
buscar novos produtos substitutos, não alterando a elasticidade do bem.
Com relação a este último fator - horizonte tempo -, ocorrem situações
diferentes que provocam a elasticidade. Vejamos algumas:
Elasticidade renda da demanda: é a variação percentual na quantidade
demandada, dada a variação percentual na renda, ceteris paribus.
Elasticidade preço cruzada da demanda: é a variação percentual na
quantidade demandada, dada a variação percentual no preço de outro bem,
ceteris paribus.
Elasticidade preço da oferta: é a variação percentual na quantidade
ofertada, dada uma variação percentual no preço do bem, ceteris paribus.
Elasticidade das exportações em relação à taxa de câmbio: é a variação
percentual nas exportações, dada a variação percentual na taxa de câmbio,
ceteris paribus.
Elasticidade da demanda da moeda em relação à taxa de juros: é a variação
percentual da procura da moeda, dada a variação percentual da taxa de juros,
ceteris paribus.
Concluindo, podemos afirmar que se uma pequena variação (para mais ou para
menos) nos preços dá origem a uma grande variação na quantidade demandada, diz-se
que a demanda é bastante elástica. Se, ao contrário, uma significativa variação nos
preços produz variações irrelevantes na quantidade demandada, diz-se que a demanda
é bastante inelástica.
Para se saber o nível de variação de uma demanda, criou-se a fórmula da elasticidade
da demanda, que vem a ser:
Elasticidade de Demanda = Elevação percentual na quantidade demandada/Redução
percentual no preço.
7.4.2 Determinantes da Elasticidade
Aqui estão algumas das influências que fazem com que a demanda de bens seja
elástica ou inelástica:
Bens supérfluos versus bens necessários - Os bens supérfluos tendem a ter
uma demanda elástica, e os bens necessários tendem a ter uma demanda
inelástica.
Percentagem de renda - Itens que têm uma importância muito grande no
orçamento tendem ter uma demanda mais elástica.
Substitutibilidade - Itens que tenham bons substitutos tendem a ter uma
demanda mais elástica.
Tempo - A passagem do tempo pode ter uma importante influência na
elasticidade.
7.4.3 Oferta e Custo Marginal
A decisão de uma empresa no tocante à quantidade de um determinado
produto que deseja ofertar a preços alternativos depende de inúmeros fatores. O mais
importante é - via de regra - o custo de produção de quantidades diversas desse
produto. Se a economia enfatiza a utilidade marginal na determinação da demanda do
consumidor, enfatiza igualmente o custo marginal, ou seja, o custo adicional de
produção de mais uma unidade de produto na determinação da oferta das empresas
em face do mercado.
7.4.4 Elasticidade de Oferta
O conceito é análogo ao de elasticidade de demanda. A oferta é elástica se
responde, de forma mais proporcional, a uma dada variação de preço. E é inelástica se
responde menos que proporcionalmente a uma dada variação de preço. Ao contrário
da demanda, a quantidade ofertada movimenta-se na mesma direção do preço, na
medida em que um preço mais elevado equivale a um lucro mais elevado
(permanecendo inalterado os custos), o que induz a empresa a produzir e vender em
maiores quantidades.
Elasticidade de Oferta = Elevação percentual na quantidade ofertada / Elevação
percentual no preço.
A elasticidade da oferta depende de:
O Custo e a Possibilidade de estocar - Os bens cujo custo de estocagem é
elevado possuem uma baixa elasticidade da oferta. Os bens de rápida
deterioração serão jogados no mercado independentemente do preço; sua
elasticidade da oferta será muito baixa.
Características do Processo de Produção - Se um bem possui um substituto
próximo da produção, com produção rápida, a oferta será elástica; ao
contrário, não.
O tempo - O tempo pode influenciar a elasticidade da oferta, assim como
influencia a elasticidade da demanda.
7.5 UTILIDADE MARGINAL
A utilidade marginal é, então, definida como o prazer ou a satisfação que
recebemos em virtude do consumo de um determinado bem. A utilidade, de per si,
determina o quanto os indivíduos estarão dispostos a pagar em troca desse bem ou a
quantidade que os indivíduos estarão dispostos a adquirir aos diversos preços.
Também chamada de utilidade limite ou utilidade final, a utilidade marginal é aquela
que, dada certa quantidade de um bem, corresponde à utilidade extra adicionada pela
sua última unidade.
O conceito de utilidade marginal se baseia no princípio da saturabilidade das
necessidades, ou seja, as necessidades humanas admitem uma saturação gradual: à
medida que se aumenta a quantidade dos bens, a satisfação que estes proporcionam
diminui.
7.5.1 Redução da Utilidade Marginal
A utilidade marginal de um bem é definida como a força do desejo do
consumidor em adquirir uma unidade adicional desse bem. O princípio da diminuição
da utilidade marginal afirma que quanto maior a quantidade adquirida de um bem,
tanto menor será a utilidade marginal desse mesmo bem.
7.5.2 A Maximização da Utilidade por Parte dos Consumidores
Ao despenderem sua renda, os consumidores buscam maximizar sua utilidade.
Suponhamos que a renda desses consumidores permita a aquisição de um grande
número de mercadorias. Nesse processo, os consumidores tentarão escolher as
mercadorias que satisfaçam seus desejos mais fortes ou prementes, isto é, tentarão
maximizar sua utilidade.
O consumidor se dirige ao mercado com um conjunto de preferências ou
desejos e uma certa quantidade de renda monetária. Considerando que os desejos dos
consumidores são restritos em razão de suas rendas, esses consumidores deverão
permanecer atentos aos preços dos bens. Em conseqüência, maximizarão sua
satisfação ou utilidade quando despenderem suas rendas de tal forma que a utilidade
marginal (ou adicional) obtida da última unidade de cada bem adquirido seja
exatamente proporcional ao preço pago por cada bem.
Concluindo
É fundamental nas organizações que o gestor possa exercer de forma ampla e
complexa seu papel de gestor voltado para os ambientes interno e externo,
realizando atividades de:
Planejamento do curso dos negócios a partir das demandas dos consumidores.
Identificação dos fatores críticos que determinaram o êxito no mercado em
relação ao comportamento do consumidor, subsidiando os pressupostos do
planejamento estratégico.
Levantamento dos fatores de mercado que influenciam na demanda,
aquilatando-os e verificando as suas repercussões.
Uma vez conhecido o comportamento do consumidor e do produtor, isto é, os
instrumentos de demanda e oferta, amplia-se a possibilidade de compreensão dos
fatos econômicos e a tomada de decisões estratégicas para as empresas, visando
obter melhores resultados econômicos.
.
Exercícios
Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as
atividades na plataforma de ensino.
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AUL8 DE ECONOMIA
CONTEÚDO DA AULA 08
AULA 8 - NOÇÕES DA TEORIA DA PRODUÇÃO E DA TEORIA DE CUSTOS
8.1 Teoria da Firma
8.2 Teoria da Produção
8.2.1 Conceitos básicos da teoria da produção
8.2.2 Fatores de produção
8.2.3 Função da produção
8.3 Conceitos Gerais da Produção
8.3.1 Hipótese de existência de fatores fixos na função da produção
8.4 Equilíbrio a Firma
8.4.1 Os custos de produção
8.4.2 A visão econômica e a visão contábil financeira dos custos
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Aula 08 - Noções da Teoria da Produção e da Teoria de Custos
Observe as situações a seguir e reflita sobre as seguintes questões: Quais são,
em sua opinião, os fatores que determinam a maximização da produção? Agregar
recursos é suficiente para melhorar a produtividade?
.
.
A aula 8 tem a finalidade de apresentar princípios, conceitos e fatores
empregados na teoria da produção e de custos, bem como as suas leis gerais.
Iniciaremos pelos conceitos de produção e de firma. É extremamente importante para
o profissional de administração, que provavelmente terá que administrar uma
empresa (pública ou privada), dominar a concepção que rege a teoria da firma, a teoria
da produção e custos. Estude com afinco este tema, pois contribuirá muito para o seu
sucesso profissional.
8.1 TEORIA DA FIRMA
A firma é um importante componente do sistema econômico, que se situa no
setor produtivo, responsável pela transformação de fatores produtivos para a geração
de bens e serviços destinados ao consumo da sociedade. Também é um elemento
fundamental na geração de empregos.
Em economia de mercado encontramos dois agentes: de um lado os
consumidores e de outro a firma. Ao desenvolverem respectivamente suas atividades
básicas de produzir e consumir, as firmas e os consumidores estão se inter-
relacionando por meio de um sistema de preços. A teoria econômica estuda o
comportamento dessa inter-relação através da teoria do consumidor e da teoria da
firma (LER TEXTO: http://www.projetoe.org.br/vteams/teles/tele_01/leitura_01.html ).
As teorias econômicas mais atuais concebem a firma moderna como:
“Um conjunto de contratos entre agentes especializados, que trocarão informações e
serviços entre si, de modo a produzir um bem final. Os agentes poderão estar dentro
de uma hierarquia, que é o que convencionalmente chamamos de firma. Poderão,
entretanto, estar fora dessa hierarquia, relacionando-se extra-firma, mas agindo
motivados por estímulos que os levam a atuar coordenadamente”. (Zylberzstajn,
2003).
8.2 TEORIA DA PRODUÇÃO
O estudo da teoria da produção é importante para a compreensão da teoria da
firma porque os princípios gerais da teoria da produção enfocam os dados necessários
para a análise de custos e da oferta de bens e serviços produzidos. Esses componentes
formam a base para a definição dos preços.
Segundo Carvalho (2004), a teoria da produção desenvolve dois papéis
extremamente importantes. Primeiramente, serve de base para a análise das relações
entre produção e custo de produção. Em segundo lugar serve de apoio para a análise
da demanda da firma, ou seja, fornece o parâmetro da produção que por sua vez está
limitado a capacidade instalada.
8.2.1 Conceitos Básicos da Teoria da Produção
O estudo da teoria da produção e o desenvolvimento de sua análise exigem, de inicio,
o conhecimento de alguns conceitos e termos fundamentais. Iniciamos com a palavra
produção e suas derivadas.
O termo produção tem origem na expressão latina producere, que significa
criar bens econômicos ou serviços oferecendo-os a venda ou a troca. A ação produzir
significa fazer aparecer bens ou serviços, destinados à venda ou a troca. Também
significa fazer aparecer o valor: a prestação de qualquer serviço que possa ser avaliado
economicamente, isto é, que seja possível atribuir a ele um valor que constitui
produção.
PRODUÇÃO
Fenômeno econômico que cria bens e serviços para a troca ou permuta. Neste caso,
troca ou permuta significam que os bens e serviços produzidos podem ser trocados ou
permutados entre si (chamado troca direta) ou por moedas (denominada troca
indireta), no caso de venda ou compra.
.
Destacamos algumas características importantes associadas à idéia de produção:
A produção é o processo que combina e transforma os fatores de produção
adquiridos pela empresa, visando criar bens e serviços que serão ofertados ao
mercado.
A produção consiste em toda a atividade humana destinada a obter bens ou
serviços necessários a sua própria satisfação.
Toda a produção ocorre em função das necessidades do homem.
A produção envolve transformar um bem ou serviço para que esse adquira
maior utilidade.
A produção pode ser assim classificada:
Produção de bens econômicos - alimento, vestuário, habitação etc.
Produção de serviços - médico, contador, transporte etc.
8.2.2 Fatores de Produção
Os fatores de produção são bens ou serviços utilizados transformáveis em
produção. A atividade produtiva requer a utilização de fatores produtivos que devem
ser remunerados quando utilizados.
FATORES DE PRODUÇÃO
“São todos os recursos utilizados na produção de “coisas” (bens ou serviços) para a
satisfação de necessidades ou desejos do homem. Englobam desde os recursos
naturais como terra, água, minerais, vegetais, até máquinas, equipamentos, recursos
humanos, edifícios, conhecimento técnico, capacidade empresarial etc.” (Foschete,
1998, p. 11).
No estudo da economia, existem várias opiniões a respeito do número de divisões
desses fatores produtivos. Entre elas destacamos as duas principais correntes:
Primeira (Mais antiga)
a) Terra (engloba todos os recursos naturais: terra, água, minerais, etc.)
b) Trabalho (são os recursos físicos, mentais e intelectuais do homem aplicados na
produção)
c) Capital (engloba todos os fatores – meios – de produção fabricados para
produzir outros bens, incluindo aí máquinas, equipamentos, edifícios etc).
Segunda (mais moderna - J. R. Hicks)
a) Trabalho
b) Capital - Terra; terreno
c) Bens de consumo não duráveis - são os produtos que duram pouco, como
alimentos, bebidas etc.
d) Bens de consumo duráveis - são os produtos que não se esgotam
imediatamente com o uso. Exemplos: eletrodomésticos, automóveis, etc.
Podemos ainda incluir como sendo também fator de produção a capacidade
empresarial, o conhecimento existente e adquirido pelos componentes da empresa,
firma (funcionários, diretores etc.).
A escolha do processo de produção depende sua eficiência. A eficiência pode
ser avaliada pelo ponto de vista tecnológico ou pelo ponto de vista econômico:
Eficiência técnica ou tecnológica - Entre dois ou mais processo de produção, é
aquele que proporciona uma mesma produção (quantidades) usando menor
quantidade física de fatores produtivos;
Eficiência econômica - Na comparação entre dois ou mais processos de
produção, é aquele que permite produzir a mesma quantidade física (unidades)
de um mesmo produto, com o menor custo de produção. Essa redução pode
ocorrer em função da redução de mão-de-obra ou consumo de energia etc.
O processo de produção pode ser representado, com maior facilidade de
entendimento através da ilustração a seguir:
Fonte: Vasconcellos, 2002, p.119 (Adaptação)
Nesta ilustração, os elementos do insumo (mão-de-obra, capital físico, área terra,
matérias-primas) são processados e geram determinados produtos.
8.2.3 Função da Produção
A função da produção é identificar e demonstrar a forma de solucionar os
problemas técnicos da produção, pela combinação dos fatores (insumos) que podem
ser utilizados para o melhor desenvolvimento do processo produtivo. A função da
produção pode ser conceituada como o resultado da combinação dos fatores e a
mostra de quantidade de produtos obtidos com essa combinação.
É importante observar que, para a análise microeconômica da produção, a
função produção, assim determinada, parte-se do pressuposto que o empresário está
utilizando a melhor combinação e conseqüentemente, poderá conseguir a maior
quantidade de produtos acabados decorrentes da produção. Uma conceituação
importante também é a do processo de produção, que, definimos como a técnica
empregada por meio do qual um ou mais fatores são combinados para obtenção do
produto final.
É importante destacar a diferença entre os conceitos de função da produção e
processo de produção, na verdade, uma diferença bastante simples. Confira no quadro
a seguir:
Conceito de processo de produção Conceito de função de produção
A técnica empregada por meio do qual
um ou mais fatores são combinados para
obtenção do produto final. Indica quanto
de cada fator é necessário para obter
uma determinada quantia de produto
acabado.
Indica o máximo de produto que se é
possível conseguir com certa quantidade
de fatores, mediante a adequada escolha
do processo de produção.
Visando entendermos a combinação dos fatores produtivos para se obter o produto, é
importante colocarmos um exemplo que possibilita o entendimento da função
(relembre o conceito de função na aula de matemática) da produção, podendo ser
representada através da expressão:
Q = f (K, L)
Onde:
Q = Quantidade produzida do bem
F = função
K = Quantidade empregada do fator capital
L = Quantidade empregada do fator trabalho
Essa expressão significa que a quantidade produzida do bem depende ou é função das
quantidades empregadas dos fatores trabalho e capital.
Exemplo de quadro ilustrativo:
Função da Produção
Quantidade produzida (Q) Capital empregado (K) Fator trabalho (L)
4 5 6 7 4 5 6 7 6 7 8 9
Note no exemplo descrito no quadro que os fatores empregados na produção
são fatores variáveis em relação ao todo, embora ao avaliar o valor unitário percebe-se
um comportamento diferente. Na teoria econômica, ao se fazer a análise,
consideram-se dois tipos de relações entre a quantidade produzida do produto e a
quantidade utilizada dos fatores. A primeira ocorre quando, na função de produção,
alguns fatores são fixos e outros são variáveis. Esse tipo de relação identifica o que a
teoria denomina de curto prazo, “que é uma situação em que o nível de produção
pode variar dentro de certo limite, de acordo com a atual capacidade instalada da
firma” (Foschete, 1998, p.72). O segundo tipo de relação identifica o longo prazo, que
ocorre quando todos os fatores são variáveis. Isto significa que “que é uma situação
em quem não só o nível de produção pode variar como também todos os fatores de
produção, particularmente o estoque de capital da firma, ampliando assim, sua
capacidade instalada” (FOSCHETE, 1998, p.72).
8.3 CONCEITOS GERAIS DA PRODUÇÃO
A produção de bens ou serviços envolve vários problemas técnicos, tais como:
Custo de produção - tem uma importância significativa para a empresa já que
dele depende o rendimento da organização; a partir do custo de produção,
pode-se determinar os preços.
Divisão do trabalho - é também um dos princípios fundamentais para obtenção
de mais renda na empresa.
Concentração das empresas - isto é, a escolha adequada da localização da
empresa, normalmente as empresas de um ramo de atividade concentram num
determinado local (distrito, bairro etc.).
Produtividade ou rendimento - expressa o grau de aproveitamento integral
dos fatores de produção disponíveis.
Temos também na produção a lei dos rendimentos crescente e a lei dos rendimentos
decrescente, como descritas aqui:
Rendimento crescente - é um aumento da produção que ocasiona um
aumento de serviços necessários a tal objetivo, isto, porém ocorre até
determinado limite denominado de limite máximo rendimento ou de eficiência.
Rendimento decrescente - a partir do limite máximo na eficiência a tendência
será diminuir o rendimento, mesmo que os fatores utilizados não diminuam, os
fatores aumentarão o custo total não aumentando a produção.
Os rendimentos na produção ao empregar os fatores são crescentes até um
determinado ponto, denominado de ponto máximo e, após esse o rendimento passa a
ser decrescente, como se verifica no gráfico ilustrativo a seguir:
8.3.1 Hipótese de Existência de Fatores Fixos na Função da Produção
Análise de curto prazo - A função da produção que possui as quantidades de
todos os fatores fixos, menos a de um deles. Se a hipótese considerada for a de
se utilizar uma função de produção simplificada, com apenas dois fatores,
então, um deles será o fator fixo e outro o fator variável. Assim teremos:
Q = (x1 xº2)Onde:
Q = quantidade de produto
x1 = fator variável
xº2 = fator fixo
Lei de rendimentos decrescentes - Essa lei mostra o comportamento da taxa
de variação da produção quando é possível variar apenas um dos fatores,
permanecendo constante os demais fatores. Quando se aumenta a produção
da empresa em decorrência do aumento do fator variável, a taxa de
rendimento é crescente até determinado ponto, denominado de ponto
máximo, após esse nível a taxa começa a diminuir, ou seja, decresce. A lei tem
como principal objetivo mostrar ao empresário (gestor) o comportamento da
taxa de produção em função da combinação dos fatores, recursos,
(produtividade). Essa lei também é conhecida como lei de produtividade
marginal decrescente. Para efeito de ilustração, imagine uma empresa agrícola
produtora de grãos, o fator terra é um fator fixo, da mesma forma que os
equipamentos utilizados para o preparo da terra e a colheita, ou seja, trator,
colhedeira etc. O fator variável é representado pela mão-de-obra empregada,
ou seja, pelo número de empregados contratados. Essa produção é crescente
até um determinado ponto, após esse a relação produção número de
empregados decresce.
Análise a longo prazo - Essa é outra forma de avaliar o relacionamento entre a
quantidade produzida e a quantidade utilizada de fatores (recursos). Essa
hipótese analisa a composição dos fatores onde todos os componentes são
variáveis, caracteriza a análise a longo prazo. A função da produção de longo
prazo é assim representada: q = f (x1, x2...xn)
A função produção que possui apenas dois elementos ou fatores apresenta
graficamente a forma de uma curva denominada de isoquantas, que significa
“igual quantidade”. Ou seja, pode ser definida como uma curva na qual todos
os pontos representam diferentes combinações dos fatores de produção que
fornecem uma mesma quantidade de produção. Um “conjunto de isoquantas,
representando diferentes níveis de produção e diferentes níveis de combinação
de fatores, constitui um mapa de produção”. (Foschete, 1998, p.74).
A taxa marginal de substituição técnica - A taxa marginal de substituição técnica
significa que o ganho de produção devido ao acréscimo pela utilização de x* é
igual ao decréscimo de produção na redução de x*. A taxa marginal tem
influência da mesma forma a utilização a mais ou a redução.
8.4 EQUILÍBRIO DA FIRMA
O objetivo principal de toda empresa, aqui denominada de firma, é obter
resultados que provoquem a obtenção de lucros nas suas atividades produtivas.
Contudo, na economia monetária, a utilização dos fatores produtivos que
normalmente são escassos, apresenta um dispêndio de recursos que a firma precisa
pagar.
A otimização dos resultados da firma poderá ser obtida quando for possível
maximizar a produção para determinado custo total. Nesse momento, ocorre uma
situação que a teoria econômica denomina de equilíbrio da firma.
8.4.1 Os Custos de Produção
A quantidade de recursos utilizados multiplicada pelo seu preço constitui o
custo para a produção de bens e serviços destinados à comercialização.
Compreendida a posição sobre o equilíbrio da firma como situação de otimização, é
fácil entender que o custo de produção ótimo deverá ser sempre pequeno para que o
resultado obtido seja lucro.
É importante que nós tenhamos um conhecimento sobre alguns termos e
conceitos sobre custos, conforme colocamos a seguir:
O custo é o consumo dos fatores de produção (terra, trabalho e capital)
empregados na produção de bens e serviços.
Segundo o professor Martins (1990, p. 24), “custo é o gasto relativo a
bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”.
Custo é o sacrifício financeiro com que a entidade arca para obtenção
de um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por
entrega ou promessa de entrega de ativos.
Um outro conceito importante é: como custo entende-se a soma de
valores, de bens e serviços consumidos e aplicados para obter um novo
bem ou um novo serviço.
Há, ainda, quem considere e mesmo denomine custos como despesas,
aplicações ou consumo.
Tipos de Custos
Custos fixos (CFT) São aqueles que não alteram em função
da produção, independem do volume de
atividades.
Custos variáveis (CVT) São aqueles que variam em função da
base de referência (produção, serviço
etc.).
Custos Unitários (CUT) São os custos referentes a uma unidade
de produção ou serviço (custo fixo
unitário + custo variável unitário).
Custo Total (CT) É a soma dos custos fixos totais com a
soma dos custos variáveis totais. CT = CFT
+ CVT.
Exemplo
Quantidade CFT R$ CVT R$ CT R$
0 60 0 60
1 60 30 90
2 60 40 100
3 60 45 105
4 60 55 115
5 60 75 125
6 60 120 180
Outra classificação importante:
Custos de curto prazo - A maioria das empresas, principalmente as de pequeno
porte que é o que predomina em nosso meio, quando produz utiliza fatores
fixos e variáveis. A título de exemplo e para facilitar o entendimento,
consideremos a existência de apenas um fator fixo, identificado pelo tamanho
da estrutura da firma e fatores variáveis capital, mão-de-obra, insumos etc.
Nesse caso a empresa só poderá aumentar ou reduzir sua produção por
intermédio de uma atuação nos fatores variáveis – capital, mão-de-obra,
insumos, uma vez que o seu tamanho, ou seja, sua capacidade produtiva é
constante e não pode ser alterada (aumento ou redução) a curto prazo. A
análise de custos de produção de curto prazo, a função de produção dessa
firma, pode ser assim identificada:
q = f (x1, x2, x3, xº4)Onde:
Q = quantidade produzida;
X1, x2, x3 = fatores variáveis (capital, mão-de-obra e insumos)
Xº4 = fator fixo.
Custos de longo prazo - Os custos de longo prazo apresentam como
característica a variação de todos os fatores (recursos). Assim, nesse tipo de
produção de período não tem razão de se falar de custo fixo. A função
produção é assim representada:
q = f (x1, x2, x3)Onde:
Q = quantidade produzida em longo prazo
X1, x2, x3, = fatores variáveis (capital, mão-de-obra, insumos etc)
É importante colocar que a produção a longo prazo é a do período e se analisa
o conjunto e não individualmente, como o caso de curto prazo
8.4.2 A Visão Econômica e a Visão Contábil Financeira dos Custos
Existem algumas diferenças entre a visão econômica dos custos e a visão
contábil financeira utilizada pelos contadores e administradores.
No que difere a visão econômica dos custos e a visão contábil financeira utilizada pelos
contadores e administradores?
A visão econômica é mais genérica, olhando mais o mercado, ou seja, as
transações externas da empresa. Na visão contábil financeira a preocupação volta-se
mais para o detalhamento dos gastos da empresa específica. As principais diferenças,
porém, estão nos seguintes conceitos:
Custos de oportunidade.
Custos contábeis.
Externalidades.
Custos e despesas.
Vamos aprofundar os conceitos destas características:
Custos de oportunidade - Os custos de oportunidades não são contabilizados
no balanço da empresa. São custos implícitos, que não envolvem desembolso
financeiro; não ocorre a saída de recursos do caixa da empresa. Alguns custos
de oportunidade representam recursos que pertencem a empresa e não são
usados no processo produtivo; esses valores são estimados a partir do que a
empresa poderia ganhar usando em outras atividades. Exemplos: o capital que
permanece parado no caixa da empresa (o custo de oportunidade é o que a
empresa poderia estar ganhando se aplicasse esse capital no mercado
financeiro); a empresa tem prédio próprio (ela deve imputar um custo de
oportunidade correspondente ao que pagaria se tivesse de alugar um prédio); o
conhecimento dos proprietários da empresa (se estivessem utilizando seus
conhecimentos em outra empresa ou atividade).
Custos contábeis - Os custos contábeis são os custos como normalmente são
conhecidos na contabilidade das empresas privadas, ou seja, são custos
explícitos que sempre envolvem dispêndio monetário. É o gasto efetivo da
empresa, na compra ou aluguel de insumos. Gasto em contabilidade não
significa desembolso de dinheiro. É o caso da depreciação que é um gasto; mas,
a empresa não desembolsa dinheiro, uma vez que, o desembolso ocorreu na
compra do bem.
Para os economistas, as curvas de custos das firmas devem considerar, além
dos custos contábeis, os custos de oportunidade, só dessa forma terá o custo real que
refletirá a verdadeira escassez relativa do recurso utilizado.
Externalidades (economias externas) - As externalidades (ou economias
externas) podem ser definidas como as alterações de custos e benefícios para a
sociedade derivadas da produção das empresas, ou também como alteração
dos custos e receitas para a empresa derivadas a fatores externos, como
podemos colocar como exemplo: Uma redução na paridade da taxa de cambio
na importação de um fator de produção (matéria-prima) possibilita a redução
do custo da empresa, ao contrário um aumento na taxa de câmbio provoca o
aumento do custo no fator produtivo. A externalidade tanto pode ser positiva
como pode ser negativa. A positiva ocorre quando uma unidade econômica cria
benefícios para outra. É o caso de uma empresa que efetua um investimento
na formação da mão-de-obra e posteriormente essa mão-de-obra já qualificada
muda para outra empresa. Outro exemplo de externalidade positiva é quando
o investimento do setor público com infra-estrutura numa região provoca uma
redução de custos no transporte de insumos para a empresa. A externalidade
negativa ocorre quando a empresa tem um aumento no custo devido à própria
externalidade, por exemplo, quando uma exigência do setor público provoca
um aumento no custo do produto.
Custos versus despesas - Na contabilidade, se faz a diferença entre custos e
despesas. Já na microeconomia, não é feita essa distinção entre os conceitos de
despesa e custo. Na contabilidade o custo incorpora-se ao bem, ele faz parte do
bem; já a despesa não está incorporada ao bem. Por exemplo, os investimentos
com publicidade para vender o produto não são considerados custo, mas sim
despesa.
Exercícios
Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as
atividades na plataforma de ensino.
.
AULA 09 DE ECONOMIA
CONTEÚDO DA AULA 09
AULA 9 - MERCADO: OFERTA E PROCURA
9.1 Conceito e Estrutura
9.2 Componentes do Mercado
9.2.1 A Demanda
9.2.2 A Oferta
9.2.3 O Equilíbrio do Mercado
9.2.4 Classificação da estrutura de mercado
9.3 Mercado e o Governo
9.4 O Mecanismo do Mercado
9.5 Estruturas Básicas do Mercado
9.5.1 Concorrência Perfeita
9.5.2 Monopólio
9.5.3 Oligopólios
9.5.4 Concorrência monopolística
.
Aula 09 - Mercado: Oferta e Procura
Nesta aula, o assunto é o mecanismo do mercado na economia. Sabendo que o
mercado é constituído de compradores e vendedores, reflita sobre as seguintes
questões:
Quais as características de um mercado em condições de perfeita
concorrência?
Será que o quadro real da economia é melhor caracterizado por imperfeições
de toda ordem que impedem o pleno e eficiente uso dos recursos?
Até que ponto a produção e a distribuição dos bens e serviços são realizadas de
maneira racional, de modo que os desejos dos produtores e consumidores
sejam satisfatoriamente atendidos?
Nesta última aula, demonstraremos que a primeira preocupação que qualquer
administrador empenhado em gerir uma empresa precisa ter é com relação ao
mercado, pois o fator mercadológico é uma função determinante para a empresa, sem
o que não existe possibilidade de uma organização conseguir resultados satisfatórios.
Conhecer o mecanismo do mercado é ponto importante na formação do
administrador. Comecemos por aprofundar seu conceito e estrutura.
9.1 CONCEITO E ESTRUTURA
MERCADO
Local onde se encontram as pessoas, famílias, unidades produtivas, com a finalidade
de efetuar transações econômicas, ou seja, realizar operações de compra e venda de
bens e/ou serviços.
Segundo Rossetti (2003, p.395), o conceito de mercado diz respeito a “um lugar
determinado onde os agentes econômicos realizam suas transações”. Outro conceito
importante sobre mercado é proposto por Sandroni (1989, p.193): “De forma geral o
termo designa um grupo de compradores vendedores que estão em contato
suficientemente próximo para que as transações entre eles afetem as condições de
compra e venda dos demais”. Já Galbraith (1980 apud Rossetti, 2003) traz uma noção
bem diferente para o conceito: mercado é uma abstração, já que com a globalização
não existe mais a conotação geográfica.
Os executivos falam das dificuldades que eles enfrentam no mercado e
referem-se a uma abstração econômica. O mercado define-se por forças
aparentemente antagônicas, as da oferta e as da demanda; quando ambas ocorrem
simultaneamente, define-se o mercado.
Em síntese, pode-se afirmar que mercado é quando existe ao mesmo tempo
oferta e procura de um determinado bem ou serviço. A abstração a que nos referimos
são as forças que definem a oferta e a procura correspondentes. Essas forças definem
os padrões do mercado, que podem ser:
Firme - quando a procura de um bem supera a sua oferta;
Estável - quando tanto a oferta quanto a procura mantém um equilíbrio;
Frouxo - quando a procura é inferior a capacidade da oferta.
O mercado está estruturado em diferentes formas, definidas a partir de um
conjunto de elementos igualmente distintos:
Número de agentes envolvidos;
Formas de componentes dos agentes;
Natureza do fator de produção ou do produto.
A estrutura básica do mercado pode ser definida em quatro elementos que
apresentam características e condições específicas:
Concorrência perfeita;
Monopólio;
Oligopólio;
Concorrência monopolística.
9.2 Componentes do Mercado
9.2.1 A Demanda
DEMANDA
É uma relação que determina a quantidade de um bem ou serviço que os
compradores estariam dispostos a e seriam capazes de adquirir por diferentes preços.
A procura ou demanda de um bem é determinada pelas várias quantidades que os
consumidores estão dispostos a comprar (adquirir), em função dos vários níveis
possíveis de preços, em determinado período de tempo. No quadro 1, damos um
exemplo da demanda de um determinado produto A e sua variação em relação ao
preço.
Quadro 1 - Relação de demanda do produto A
Produto Preço produto x Quantidade Q Demandada
A R$10,00 50
A R$ 8,00 100
A R$ 6,00 200
A R$ 4,00 400
A R$ 2,00 600
.
A demanda ou procura de um determinado produto em função do preço -
nesse caso o produto A - é fácil de compreender através do gráfico abaixo:
Fig. 1
Como pode observar na Fig.1, à medida que cai o preço do produto, a demanda pelo
mesmo aumenta. Ou seja, a curva da demanda indica que, a cada preço de mercado,
corresponde uma quantidade de produto A que os indivíduos iriam procurar.
9.2.2 A Oferta
OFERTA
A oferta de um determinado bem é definida pelas quantidades que os produtores
estão dispostos e aptos a oferecer no mercado, por determinado preço em
determinado tempo.
Diversos fatores influenciam o comportamento de uma empresa e sua oferta no
mercado:
Preço do bem ou serviço - Para a economia clássica, quanto mais alto o preço
de mercado, maior tenderia ser a quantidade ofertada.
Tecnologia - Quanto maior for o avanço tecnológico, maior tende ser a quantia
ofertada.
Condições climáticas - No caso de produtos que dependem do clima, como é o
caso de produtos agrícolas.
Recursos - O suprimento de insumos necessários para produção da mercadoria.
CURVA DA OFERTA
A curva da oferta mostra a quantidade de produtos ou serviços que as empresas estão
dispostas a vender, em um período de tempo a um determinado valor.
Veja o exemplo no quadro 2:
Quadro 2 - Curva de oferta do produto A
Produto Preço produto A Quantidade Demandada
A R$.. 10,00 260
A R$.. 8,00 240
A R$.. 6,00 200
A R$.. 4,00 150
A R$.. 2,00 80
Um preço alto desalenta os consumidores e induz à substituição por produtos
alternativos. O gráfico abaixo mostra a curva da oferta em função do preço do produto
A:
Pelo gráfico é possível verificar o deslocamento da curva de oferta em função do preço
de vendas do produto A.
9.2.3 O Equilíbrio de Mercado
EQUILÍBRIO DE MERCADO
Condição hipotética de mercado, na qual a oferta é igual à procura. Expressa a
estabilidade do sistema de forças que atuam na circulação e troca de mercadorias e
títulos.
O equilíbrio de mercado ocorre quando as curvas de oferta e de demanda se
cruzam e isso se dá no momento em que os preços e as quantidades atendam as
necessidades dos produtores e dos consumidores. Veja a seguir:
9.2.4 Classificações da Estrutura de Mercado
A estrutura de mercado possui várias classificações. As menos complexas
fundamentam-se apenas no número de agentes envolvidos em cada um dos lados o da
oferta ou o da procura. Para compreendermos tais classificações, devemos focalizar
nos termos Monopólio, Monopsônio, Mercado de Concorrência Monopolística,
Oligopólio, Oligopsônio. Nesta seção, vamos tratar do Monopsônio e do Oligopsônio,
esclarecendo que essas acepções são contraconceitos, isto é, conceitos negativos ou
conceitos por exclusão.
“Monopsônio é o monopólio às avessas, ou seja, a concentração do poder de compra
por apenas um ente, em detrimento de seus fornecedores ou vendedores. Já o
monopólio é o fenômeno que se manifesta em um mercado em que há um só
vendedor e vários compradores. Monopsônio, perpassa, em suma, como o mercado
em que há vários vendedores e só um comprador, que detém o monopólio de
compra. Diz-se do mercado, atinente a determinado produto, em que existem vários
vendedores e um comprador apenas. Em contrapartida, o Oligopsônio é o revés do
oligopólio (poucos vendedores em detrimento de muitos compradores), em razão do
poderio de mercado estar concentrado na seara de alguns compradores, que o
exercem em detrimento de seus fornecedores ou vendedores. Oligopsônio é um
pequeno número de empresas compradoras de um dado produto, fornecido por
várias sociedades empresariais.
Obriga-se também que o oligopsônio pode ser formado por um grupo pequeno de
compradores que possuem condição de negociar em condições privilegiadas,
estabelecendo o preço a ser praticado por seus fornecedores. Podemos falar então
em um mercado oligopsonístico, ocorrente em um ambiente com muitos vendedores
e poucos compradores. A título de exemplo, temos o módulo concentracional em
poder das montadoras de automóveis, no que pertine às suas várias fornecedoras de
autopeças”.
Texto elaborado por Luís Gustavo Bregalda Neves, Procurador Federal Pós-graduando
em Direito Tributário e extraído do site:
http://www.noticiasforenses.com.br/artigos/nf190/online/luis-gustavo1-190.htm ,
em 23 de março de 2006.
Agora, vejamos estes conceitos aplicados no modelo constituído por
Stackelberg (1934 apud, ROSSETTI, 2003) e demonstrados no quadro 1:
Fonte: Rossetti (2003, p.398).
Quadro 1 - Classificação segundo Stackelberg
Oferta Procura Um só Vendedor Pequeno número
de vendedores
Grande número de
Vendedores
Um só comprador Monopólio bilateral Quase-monopsônio Monopsônio
Pequeno número
de compradores
Quase-monopólio Oligopólio bilateral Oligopsônio
Grande número de Monopólio Oligopólio Concorrência
compradores perfeita
.
Por exemplo, na situação de “um só vendedor”, temos o caso da Petrobrás que
representa o monopólio bilateral (um só vendedor). Vejamos outro caso: se você
observar as montadoras de automóveis de São Paulo verá que elas possuem empresas
que fornecem peças somente para elas; este é um caso de monopólio inverso ao da
Petrobrás: ao invés de “um só vendedor” é “um só comprador”. A classificação de
Stackelberg, embora bastante simples, tornou-se clássica no estudo da estrutura de
mercado.
Outra classificação importante da estrutura de mercado é elaborada Marchal (1890
apud, ROSSETTI, 2003) conforme segue:
Fonte: Rossetti (2003, p.399).
Quadro 2 - Estrutura automatizada
Oferta Procura Estrutura
monolítica um
só vendedor
Estrutura
molecular
poucos
vendedores
Muitos
vendedores
com viscosidade
Muitos
vendedores
Com Fluidez
Estrutura
monolítica, um
só comprador
Monopólio
bilateral
Monopsônio
contrariado
Monopsônio
viscoso
Monopsônio
fluido
Estrutura
molecular,
poucos
compradores
Monopólio
contrariado
Oligopólio
bilateral
Oligopsônio
viscoso
Oligopsônio
fluido
Muitos
compradores
com viscosidade
Monopólio
viscoso
Oligopólio
viscoso
Concorrência
duplamente
imperfeita
Concorrência
imperfeita de
Compradores
Muitos
compradores
com fluidez
Monopólio
fluido
Oligopólio fluido Concorrência
imperfeita de
vendedores
Concorrência
perfeita
Vejamos mais um exemplo sobre montadoras, agora de Marchal (1890), sobre
a oferta e procura na situação de “estrutura molecular poucos compradores”. Da
mesma forma que algumas montadoras de automóveis do ABC paulista adquirem
peças estritamente de uma fábrica, existem fábricas que vendem componentes para
várias montadoras. Complementando a discussão, citamos a área de distribuição de
combustíveis, dominada por cinco grandes companhias, a saber: BR Distribuidora,
Shell, Ipiranga, Esso e Texaco no Brasil. Esse caso de poucos vendedores (Shell,
Ipiranga, Esso etc.) explica o “monopsônio contrariado”. É possível observar que a
classificação de Marchal é um pouco mais complexa, mas os componentes são sempre
formados por vendedores e compradores com estruturas bem definidas.
9.3 MERCADO E O GOVERNO
Os recursos de cada economia são limitados, é necessário fazer escolhas.
Portanto, cada economia precisa de um mecanismo para responder às perguntas
fundamentais. Retomaremos as três principais perguntas já discutidas na aula 1:
Quais bens e serviços produzir?
Como produzir estes bens e serviços?
Para quem produzir os bens e serviços?
Para responder as questões, vejamos os dois exemplos a seguir:
Numa primeira instância podemos dizer que as respostas às três questões são
dadas pelo mercado. A existência de mercado (demanda) é que irá definir a oferta de
serviços ou bens. Por exemplo, a abertura de uma escola em um determinado bairro é
definida pela existência de crianças na faixa etária escolar interessadas em ir para a
escola. A existência de demanda provoca a oferta. Este exemplo reflete o conceito que
você já estudou denominado mão invisível.
Mão invisível – Para alguns, a grande contribuição de Adam Smith para o pensamento
econômico é exatamente a chamada "Teoria da Mão Invisível". A lógica desta teoria é
de que todos aplicam o seu capital visando à máxima rentabilidade. Ao fazer isto, a
pessoa não leva em conta o interesse geral da comunidade, mas sim o seu próprio
interesse. Neste sentido, é uma ação egoísta. O paradoxo evidenciado por Adam
Smith em sua concepção teórica é de que, ao promover o interesse pessoal, o
indivíduo acaba por ajudar no interesse geral e coletivo. Ele costumava citar o
exemplo do padeiro e do açougueiro, afirmando que não é pela benevolência de um
ou de outro que nós temos o nosso jantar, o egoísmo deles os faz agir segundo seu
próprio interesse. Todavia, esse interesse individual acaba ajudando o resto da
sociedade, cuja economia, neste sentido, é conduzida e guiada por uma espécie de
Mão Invisível.
O governo também intervém no mercado promovendo incentivos para o
desenvolvimento local. Por exemplo: o governo do Estado de Goiás, há alguns anos,
criou um programa denominado FOMENTAR, atualmente intitulado PRODUZIR. Este
programa dá incentivos fiscais do ICMS para empresas que se instalarem no estado.
Com isso, o governo cria condições de instalação de empresas para o desenvolvimento
do estado e atende a determinadas demandas. Consequentemente, esta ação gera
empregos, renda etc.
Na economia mista, o governo e o mercado compartilham as decisões de o quê,
como e para quem produzir, ou seja, o governo através de políticas (fiscais e
monetárias) pode direcionar a produção de determinados bens e serviços para áreas
ou regiões específicas.
9.4 O MECANISMO DO MERCADO
Em um mercado, um artigo é comprado e vendido. Na maioria dos mercados, o
comprador e o vendedor têm um encontro cara a cara. Entretanto, a proximidade não
é necessária para a existência de um mercado; por exemplo, na transação típica de
uma bolsa de valores. Em uma economia tão complexa como a contemporânea, é
necessário ter um mecanismo para manter a ordem, para colocar as coisas no lugar
certo e evitar que o todo de um produto vá para um lugar só. O mercado é este
mecanismo que mantém a ordem. No mercado, o preço desempenha funções
importantes e inter-relacionadas, evitando situações caóticas. Duas dessas funções, a
título de exemplo:
O preço dá informação.
O preço dá incentivo.
9.5 ESTRUTURAS BÁSICAS DO MERCADO
Como você viu, a estrutura do mercado pode ser definida em quatro
elementos, que são: concorrência perfeita; monopólio; oligopólio e a concorrência
monopolística. Acompanhe a partir deste ponto cada uma dessas estruturas.
9.5.1 Concorrência Perfeita
As características necessárias para a existência da concorrência perfeita, segundo
Rossetti (2003, 401-402), são:
Atomização - O número de agentes econômicos (compradores e vendedores) é
grande de tal forma que nenhum pode influenciar no mercado. Não consegue
individualmente influenciar os preços dos bens e serviços (produtos)
destinados a comercialização. As condições de equilíbrio não sofrem influências
decorrentes da ação individual.
Homogeniedade - Os produtos ou serviços no mercado de produtos ou o fator
de produção são perfeitamente homogêneo. Nenhuma empresa pode
diferenciar o produto ou o serviço ofertado.
Mobilidade - Cada agente econômico (comprador ou vendedor) atua de forma
individualizada, ou seja, independente dos demais, não existe nenhum tipo de
acordo entre os agentes, as decisões são individuais.
Permeabilidade - Existe um livre acesso para a participação no mercado, ou
seja, não há barreiras para entrada ou saídas dos agentes no mercado.
Preço-limite - O preço do produto ou do serviço está limitado pelo mercado,
nenhum vendedor pode praticar preços além do que o mercado define.
Extra-preço - Não há qualquer eficácia na concorrência com a utilização de
mecanismos de extra-preço, mesmo porque, a existência de mecanismos
elimina a característica de homogêneo.
Transparência - O mercado deve ser transparente. Não há nenhum agente que
detenha informações privilegiadas ou diferentes dos demais.
A partir dessa caracterização, é possível conceituar a concorrência perfeita da seguinte
maneira:
CONCORRÊNCIA PERFEITA
A concorrência perfeita existe quando há muitos compradores e vendedores e
nenhum desses vendedores ou compradores, por si só, tem controle sobre o preço.
Algumas vezes, este tipo de mercado chama-se simplesmente competitivo.
Assim, temos como princípios da concorrência perfeita:
O número de participantes em um mercado afeta significativamente a maneira
pela qual se determina o preço.
No mercado onde prevalece a concorrência perfeita, as forças impessoais
determinam o preço. Para o comprador individual e o vendedor individual, o
preço está fora de controle.
Num mercado de concorrência perfeita a demanda e a oferta determinam o
preço do bem ou serviço.
A demanda corresponde a um mercado com muitos compradores e muitos
vendedores. Nenhum dos participantes neste mercado tem qualquer controle
sobre o preço.
9.5.2 Monopólio
O monopólio situa-se no outro extremo, é o oposto da concorrência perfeita. Para que
exista o monopólio, é necessárias que estejam dadas as seguintes condições:
Unicidade – há apenas um comprador ou fornecedor (vendedor) que domina
totalmente a oferta ou a procura do bem ou serviço, este tem influência direta
no preço.
Insubstitutibilidade – o produto ou serviço da empresa monopolista não tem
substituto. A necessidade dos consumidores não tem como substituir com a
mesma satisfação com outro produto.
Barreiras – existem barreiras de entrada de novas empresas ou fornecedores
do produto no mercado monopolista, é impossível a entrada.
Poder – a expressão “poder de monopólio” caracteriza a posição privilegiada
em que se encontra o monopolista.
Extra-preço – devido o domínio do mercado: o preço e as quantidades são
definidas pela empresa do monopólio que pratica preços que desestimulam a
entrada de novas empresas.
Opacidade – por definição os monopólios são opacos, as transações não são
transparentes, não se tem como saber dos processos produtivos, fontes
fornecedoras, níveis de oferta etc.
Existem vários tipos de concorrência imperfeita; o monopólio é um deles.
CONCORRÊNCIA IMPERFEITA
Concorrência imperfeita só existe se um comprador ou um vendedor pode influenciar
no preço. Dizemos que este comprador ou vendedor detém poder de mercado.
9.5.3 Oligopólios
A palavra aparece no plural devido a existência de vários tipos de oligopólio .
No oligopólio, nós encontramos um número pequeno de empresas compradoras ou
vendedoras. Alguns mercados são dominados por algumas empresas grandes; outros
contêm milhares de vendedores. Uma indústria onde poucos vendedores têm certo
poder chama-se oligopólio, isto é, poucos vendedores. É o tipo de estrutura de
mercado, nas economias capitalistas, em que poucas empresas detêm o controle da
maior parcela do mercado. Numa indústria oligopolista, os produtores sabem que têm
certo controle sobre o preço.
INDÚSTRIA
Uma indústria significa o conjunto de produtores de um bem ou serviço. O termo
indústria pode ser empregado em relação a qualquer bem ou serviço, não apenas aos
produtos manufaturados.
.
O oligopólio é um pequeno número de empresa e é difícil estabelecer limites.
Podem existir oligopólios mesmo quando existe um número bastante grande de
concorrentes. É mais comum a existência de um pequeno número de empresas lideres
e co-líderes, que dividem entre si uma grande fatia do mercado como um todo. Da
mesma forma que os outros tipos de mercado, para a existência de oligopólio algumas
características são importantes. Vamos a elas:
Diferenciação – é uma das características que alteram a característica da
homogeneidade, substitutibilidade e padronização.
Rivalização – os concorrentes que atuam sob condições de oligopólio são fortes
rivais entre si. Vale ressaltar que essa característica do oligopólio nem sempre
ocorre.
Barreiras – é também uma característica existente na estrutura de mercado do
oligopólio, já que o número de participantes são reduzidos e de baste poder no
mercado.
Preço, extra-preço e poder – no oligopólio a definição de preço, o extra-preço
e o poder são também características do mercado oligopolista.
Visibilidade – existência da visibilidade entre os componentes do monopólio é
um fator comum, já que as estratégias do grupo são definidas em comum, os
componentes do oligopólio normalmente usam a mesma estratégia na
definição de preços e de quantidades produzidas.
9.5.4 Concorrência monopolística
Esta estrutura de mercado contém características que se encontram nas
definições normais ou comuns do mercado perfeitamente competitivo e
monopolizados. Na concorrência monopolizada, o número de concorrentes é grande.
Cada empresa concorrente participante possui suas próprias características ou
patentes, ou seja, usa de estratégias para diferenciar seus produtos. Ela usa suas
características, seus pontos fortes para competir em condições melhores, ou seja,
diferencia seus produtos de tal forma que cria seu próprio segmento de mercado.
Destacamos as principais características do mecanismo de concorrência
monopolística:
Competitibilidade – um grande número de concorrentes com condições de
competir com condições muito próxima uma das outras.
Diferenciação – as empresas concorrentes conseguem vantagens uma das
outras devido a características que diferenciam uma das outras, exemplo: a
qualidade em seus produtos é superior.
Substitutibilidade – trata-se de um atributo que fica entre a insubstitutibilidade
do monopólio e a plena homogeneidade concorrência perfeita, ou seja, a
empresa lança produtos similares para conquistar parcelas do mercado.
Preço-prêmio – a capacidade de cada concorrente controlar o preço depende
do grau de diferenciação percebido pelo comprador.
Baixas barreiras – as barreiras de entrada de novos concorrente é bastante
baixa, há relativa facilidade na entrada.
Para concluirmos destacamos que atualmente a concorrência monopolística de
mercado é a mais comum no meio empresarial, ou seja, a competição na economia
globalizada ocorre dentro dessa estrutura mercadológica.
CONCLUINDO
Para finalizamos os estudos de economia gostaríamos de retomar os nossos
propósitos pedagógicos. Como você pôde perceber, é de fundamental importância
para o administrador compreender as noções, conceitos e as teorias que
regulamentam a ciência econômica.
Os conceitos que estudamos são diretamente aplicáveis às tarefas do administrador,
que deverá analisar, interpretar e avaliar os fatos econômicos para a tomada de
decisão referente aos processos que afetam a vida nas organizações. Políticas
econômicas e o comportamento do sistema financeiro do mercado, do consumidor e
outros impactam no cotidiano da sociedade, podendo gerar melhor distribuição de
renda ou não.
Esperamos que você possa ter desenvolvido sensibilidade para a leitura dos fatos
econômicos e das interfaces complexas com outras áreas do conhecimento e que
possa realizar predições (antecipações) com base nos construtos teóricos da
economia. E por fim que esteja apto para formar opiniões bem fundamentadas sobre
as áreas da nossa vida em que as forças econômicas e o interesse público se
entrelaçam como um todo.
.
Exercícios
Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as
atividades na plataforma de ensino.
.
Referências
Banco Central do Brasil. Origem da moeda. www.bcb.gov.br/?MORIGEMOEDA
BERTHOUD, Arnaud. A História do Pensamento Econômico e sua herança filosófica.
http.www.uff.br/cpgeconomia/v2n1/4-berthoud.pdf
BASTTER. Introdução a Economia. http://www.bastter.com.br/aprend/economia/
1intro.asp. 2005.
BASTTER. Entenda os tipos de inflação. http://www.bastter.com.br/aprend/outros/
inflacao.asp. 2005.
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 20ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.
______, Introdução a Economia. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 1997.
CARVALHO, Luiz Carlos Pereira. et al. Manual de economia. 5ª ed. São Paulo: Saraiva,
2004.
CIG – Secretaria de Apoio Técnico / Gabinete Econômico http://www.galizacig.com/
arquivo/mbe/introduccion.htm
GREMAUD, Amaury Patrick et al. Manual de Economia. Equipe de Professores da USP.
5ª ed. São Paulo: Saraiva 2004.
GOMES, Rogério Introdução a Contabilidade Nacional. www.victor@pós.ucb.br
MARTINS, Elizeu. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1990.
O Mercantilismo, http://www.economiabr.net/economia/1_hpe2.html
PINDYCK, R e RUBINFELD, D.L. MICROECONOMIA. São Paulo: Makron Books, 1994.
ROSSETI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2000.
SOUZA, Neli de Jesus de, Curso de Economia. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia. 7ª ed. São Paulo. Best Seller, 1989.
VASCONCELLOS, Marco Antonio S e GARCIA, Manoel E. Fundamentos de economia.
São Paulo: Saraiva, 1999.
______. Economia: Micro e Macro. 3ª ed.São Paulo: Atlas, 2002.
Glossário
A
Âncora cambial - valorização da taxa de câmbio e abertura comercial, com o objetivo
de aumentar as importações, que, ao concorrer com os produtos nacionais, permite
estabilizar os preços internos.
Aparelho produtivo - conglomerado de empresas caracterizado pelas formas de
produção, envolve os aspectos tecnológicos, inovações, mercados, abrangência,
investimento, etc.
B
Balança comercial - Diferença entre o valor das exportações e das importações de um
país em economia aberta.
Balança de serviços – O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as
transações de um país com outros países do mundo. Ele divide-se em três categorias
de transações: balança comercial, balança de serviços e balança de capitais,
monetários e físicos.
Balanço de pagamentos - Registro contábil de todas as transações comerciais de um
país com o exterior, geralmente registrados durante um ano.
Bens de capital - Engloba os bens que são utilizados para a produção de outros bens,
por exemplo, máquinas e equipamentos.
C
Ceteris paribus - Expressão latina que significa “permanecendo constante todas as
demais variáveis’ Em economia, a expressão é utilizada quando se quer medir as
conseqüências de mudanças de uma variável sobre outra.
CIF (Cost Insurance and Freight) - Significa dizer que o preço da mercadoria é no local
do consumo, ou seja, frete por conta do vendedor.
Contabilidade nacional - A contabilidade nacional é entendida como uma técnica
através da qual são sistematizadas as informações relevantes sobre os vários tipos de
transações realizadas, em um dado período de tempo, entre os diversos agentes de
um sistema econômico.
Custo marginal - É o custo decorrente do aumento de uma unidade de produto, ou
seja, é um custo variável em função da produção de mais uma unidade, visto que o
custo fixo permanece constante.
Custo de oportunidade - Indica o custo resultante da não utilização da melhor
alternativa de emprego de um recurso produtivo.
Customização - Diversificação da produção numa mesma estrutura física; geralmente,
visa favorecer a redução dos custos.
D
Demanda agregada - é a quantidade de bens ou serviços que a totalidade dos
consumidores deseja e esta disposta a adquirir em determinado período de tempo e
por determinado preço.
Depreciação - desgaste que um bem sofre pela sua utilização no tempo. A depreciação
pode ocorrer pelo produto se tornar obsoleto.
E
Escala – O mesmo que quantidade global.
Escala, Deseconomia de - Aumento nos custos unitários dos produtos de uma empresa
que atua segundo os princípios de uma economia de escala. Escala significa também
quantidade global.
Escambo - Simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor.
Escassez - É a insuficiência de recursos produtivos (trabalho, capital – físico e
financeiro, terra, capacidade empresarial e tecnologia.
Estratégia - É uma medida adotada pela empresa para conseguir uma vantagem sobre
seu concorrente ex. qualidade do produto, ou preço menor.
Equação de Lucas - A idéia central do modelo de Lucas é que quando há uma mudança
de preços no mercado Z, o mesmo não sabe se essa mudança é no nível de preços
agregados ou apenas no seu mercado de atuação. Uma mudança apenas no seu
mercado de atuação tem como resposta ótima um aumento da produção. Um
aumento do nível de preços agregados tem como resposta ótima o não aumento da
produção, apenas dos preços. Lucas e Sargent não acreditavam que a desinflação
pudesse realmente ocorrer sem algum aumento do desemprego. Mas Sargent, após
examinar os dados históricos relativos ao custo do desemprego associado à eliminação
de diversos episódios de hiperinflação, concluiu que o aumento do desemprego
poderia, de fato, ser menor. O fator essencial da desinflação bem-sucedida seria a
credibilidade. Caso fosse possível aumentar a credibilidade da política, os agentes que
determinam os salários poderiam alterar o modo como formam suas expectativas e,
assim, abreviariam os custos da desinflação. Os autores argumentam ainda que um
programa de desinflação rápido e transparente tem maiores chances de ter
credibilidade maior.
F
Fatores fixos - aqueles cujos quantidades utilizadas não variam com a realização do
processo produtivo. Fatores de produção - é o conjunto de bens (matéria-prima,
material secundário), e serviços (mão-de-obra) empregados na produção (insumos).
Fatores variáveis - aqueles cujas quantidades utilizadas variam com a realização do
processo produtivo.
FOB - (Free on Board) significa que o preço da mercadoria é na fábrica, o frete é por
conta de quem compra.
G
Ganho de escala - é a redução de seu custo em função de um aumento na produção
decorrentes de aumento de produtividade, provocando o ganha de escala da empresa.
I
Insumos - entende-se como insumos, as matérias-primas e serviços utilizados no
processo de produção, são também chamadas de bens de consumo intermediários.
Isoquanta - representação gráfica também conhecida por linha de igual produção.
linha de isso produto e curva de indiferença de produção.
J
Justo lucro - significa que o lucro não pode possibilite ao artesão enriquecer (juízo de
valor). Justo preço = é aquele que possibilita o consumidor comprar (ponto de vista
econômico), sem extorsão (ponto de vista moral) e suficientemente alto que provoque
o interesse do vendedor em vender e provoque um ganho suficiente para viver de
forma descente.
Justo salário - é aquele que permite o trabalhador e sua família viver com dignidade de
acordo com os costumes de sua classe e região.
L
Laissez-faire – Abreviatura da expressão francesa “laissez-faire, laissez-passer”. Palavra
de ordem do liberalismo econômico, foi cunhada no século XVIII pelos fisiocratas
franceses, que proclamavam a mais absoluta liberdade de produção e comercialização
de mercadorias. Em tradução direta significa "deixar fazer, deixar passar".
Lucro - é a diferença positiva (maior) entre a receita total menos o custo total.
Lucros distribuídos - Lucros de uma empresa que são distribuídos como dividendos
aos acionistas.
Lucros retidos - Lucros de uma empresa que não são distribuídos como dividendos aos
acionistas.
M
Mais-valia – Conceito introduzido por Karl Marx, segundo o qual o valor de um bem é
determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para sua produção.
Segundo Marx, o lucro não se realiza por meio das trocas de mercadorias - que
geralmente se trocam por seu valor -, mas sim em sua produção. Em tal produção, os
trabalhadores não recebem o valor correspondente a seu trabalho, mas só o
necessário para sua sobrevivência. Nascia assim o conceito da mais-valia: diferença
entre o valor incorporado a um bem e a remuneração do trabalho que foi necessário
para sua produção. Para Marx, essa não é, porém, a característica essencial do sistema
capitalista, mas, sim a apropriação privada de tal mais-valia. A partir dessas
considerações, o pensador alemão elaborou sua crítica do capitalismo, trazendo um
olhar que transcendeu os limites da pura economia e se converteu numa reflexão geral
sobre o homem, a sociedade e a história.
Mão invisível – Para alguns, a grande contribuição de Adam Smith para o pensamento
econômico é exatamente a chamada "Teoria da Mão Invisível". A lógica desta teoria é
de que todos aplicam o seu capital visando à máxima rentabilidade. Ao fazer isto, a
pessoa não leva em conta o interesse geral da comunidade, mas sim o seu próprio
interesse. Neste sentido, é uma ação egoísta. O paradoxo evidenciado por Adam Smith
em sua concepção teórica é de que, ao promover o interesse pessoal, o indivíduo
acaba por ajudar no interesse geral e coletivo. Ele costumava citar o exemplo do
padeiro e do açougueiro, afirmando que não é pela benevolência de um ou de outro
que nós temos o nosso jantar, o egoísmo deles os faz agir segundo seu próprio
interesse. Todavia, esse interesse individual acaba ajudando o resto da sociedade, cuja
economia, neste sentido, é conduzida e guiada por uma espécie de Mão Invisível.
Moeda - Bem aceito em pagamento de bens e serviços, geralmente definido como M1.
O
Oligopólio - é um pequeno número de empresas em conjunto (combinados)
dominarem um ramo de atividade de negócios.
P
Partida dobrada - toda transação afeta o lançamento de duas contas uma credora e
outra devedora e a soma de cada uma deve ser igual, é uma técnica utilizada na
contabilidade das organizações.
PIB - Produto interno bruto
PNB - Produto Nacional Bruto
PNL - Produto Nacional Líquido.
Postulado - significa princípios, maneira de se efetuar as coisas, caminhos a serem
seguidos, passos lógicos de se desenvolver uma teoria, um trabalho.
Q
Quadripartida - o estudo da economia em quatro partes: produção, repartição,
Circulação e Consumo.
Quase moeda - ativos financeiros não monetários, como Títulos do Tesouro Nacional e
depósitos de poupança, que possuem grande liquidez.
R
Receita - É o resultado da venda de um produto ou serviço, a receita é a contrapartida
que a empresa recebe ao repassar um bem para outro agente (empresa, família etc.).
Receita marginal - Receita incremental provocada pela venda de mais uma unidade de
produto e decorrente de um esforço além da normalidade da empresa.
Renda per capta - É o total da renda de um país dividido pela população desse, onde o
resultado é a media de receita por pessoa.
Resto do Mundo - Um país realiza uma série de transações com o resto do mundo,
envolvendo mercadorias, serviços e transações financeiras. Estas transações são
denominadas Conta com o Resto do Mundo.
S
Subconsumo - Interpretação particular da teoria da demanda efetiva que atribui a
insuficiência de consumo frente à capacidade de produção da economia as causas das
crises de superprodução.
Subsídios - É o benefício a pessoas ou empresas pago pelo governo sem contrapartida
em produtos ou serviços; é uma despesa do governo na transferência de recursos de
uma esfera para outra.
Superávit – Quando a soma das receitas estimadas é maior que às das despesas
orçamentárias previstas.
T
Teoria geral dos sistemas - Fundamenta-se em três premissas básicas: os sistemas
existem dentro dos sistemas; os sistemas são abertos; as funções de um sistema
dependem de sua estrutura (CHIAVENATO, 1993). Ainda segundo o mesmo autor, os
pressupostos básicos da Teoria Geral de Sistemas são:
tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais;
maior abrangência nos estudos dos campos não-físicosdo conhecimento
científico, especialmente as ciências sociais;
adoção de princípios unificadores que atravessam verticalmente os universos
particulares das diversas ciências envolvidas, o que a aproxima do ideal de
unidade na ciência;
integração na educação científica.
Teoria valor trabalho - Desenvolvida pelos economistas clássicos que considerava que
o valor de um bem se forma do lado da oferta, mediante os custos do trabalho
incorporado ao bem, os custos de produção eram representados basicamente pelo
fator mão-de-obra, em que a terra era praticamente gratuita e o capital pouco
significava. Os meios de produção eram: terra, trabalho e capital.
Títulos - Documento que certifica a propriedade de um bem ou de um valor. O termo
se aplica genericamente a todos os valores mobiliários.
Tributos - Corresponde a toda prestação pecuniária compulsória, expressa em moeda,
instituída em lei e cobrada pelo setor público com o objetivo de prestar serviços
públicos de interesse geral. Ex: impostos, taxas etc.
V
Valor de troca - Forma-se pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e demanda
do bem ou do serviço.
Valor de uso - É a utilidade ou satisfação que um bem provoca ao consumidor.
Vantagem comparativa - Custos comparativo, conceito de custos introduzido em
teoria do comércio exterior por David Ricardo em 1817, A vantagem comparativa
ocorre quando dois países produzem um determinado produto e um país consegue
produzir o produto com um custo menor.
Variação de estoques - Diferença entre os valores dos estoques de mercadorias finais,
de produtos semimanufaturados, bens em processo de fabricação e matérias-primas
dos setores produtivos no início e no fim do ano, avaliados aos preços médios
correntes do período.