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Autismo

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AAUUTTIISSMMOO

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Bemformar – Formação, Consultoria e Serviços, Lda.

Curso de Auxiliar de Infância 2009/2010

Modelos Psicológicos e Fases de Desenvolvimento da Criança

AAUUTTIISSMMOO

Formadora: Maria João

Formanda: Maria Margarida Ferreira

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Julho 2010

“ O amor não é cego, é autista. Ele vê tudo, ele sabe tudo.

Mas no seu mundo, só ele explica o que sente. ‘’

Dona Geo

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Índice

I- Introdução 2

II- Conhecer o Autismo 3

2.1- O que é o Autismo? 3

2.2- História 3

2.3- Sintomas 4

2.4- Diagnóstico 5

III- Intervenção Educativa 6

3.1- Princípios Gerais 6

3.2- PECS 7

3.2.1- Benefícios do PECS 7

3.2.2- Fases do PECS 8

3.3- TEACCH 9

3.3.1- Componentes 9

IV- Conclusão 13

V- Bibliografia 14

VI- Anexos 15

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I- Introdução

Neste trabalho vou falar sobre o Autismo.

Apesar de todos sabermos o básico sobre algumas perturbações psicológicas, pouco

sabemos verdadeiramente sobre esse assunto, no entanto cada vez mais crianças necessitam

de ajuda específica e adequada as suas necessidades especiais para se desenvolverem, por isto

escolhi este tema para o meu trabalho.

O principal objectivo do trabalho é dar não só noções essenciais sobre o que é o

Autismo, mas também mostrar como podemos intervir no nosso papel de futuras Auxiliares de

Infância de como a contribuir para o desenvolvimento da criança Autista, para isto vou falar de

duas formas de Intervenção Educativa, o PECS e o TEACCH.

Antes de iniciar o trabalho farei uma pequena pesquisa (internet) de como a informar-

me e inteirar-me um pouco mais sobre este assunto, no entanto a informação por mim

fornecida neste trabalho é apenas de fonte bibliotecária.

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II- Conhecer o Autismo

2.1- O que é o Autismo?

O Autismo é uma disfunção cerebral que compromete o desenvolvimento

psiconeurológico dos seus portadores. É normalmente detectado antes dos 3 anos de idade.

Esta disfunção afecta gravemente a vida social dos seus portadores, pois a capacidade de

comunicar, compreender e interpretar dos indivíduos é bastante reduzida.

2.2- História

Em 1906, Pouller falou da primeira vez do termo autista na literatura psiquiátrica.

Cinco anos mais tarde, Bleuer foi o primeiro a difundir o termo, definindo autismo como uma

perda de contacto com a realidade, causada pela impossibilidade ou grande dificuldade na

comunicação interpessoal.

Leo Kanner, em 1943 fez um estudo com 11 crianças e diferenciou o autismo de

outras psicoses, Kanner concluiu que estas crianças nasceram com uma incapacidade inata

para formar laços e contacto afectivo com outras pessoas.

Em 1944, Asperger diferenciou um grupo de crianças com atraso no desenvolvimento

sem características associadas ao atraso mental, e deu-lhes o nome de ‘’psicopatia autistica’’.

Asperger via um melhor prognóstico nas crianças com maior Q.I.

Anos mais tarde Reutter, descreveu quatro características fundamentais para o

diagnóstico do Autismo:

- Falta de interesse social;

- Incapacidade de Elaboração da Linguagem responsiva;

- Presença de conduta motora bizarra;

- Inicio precoce, antes dos 30 meses

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2.3- Sintomas

Segundo a ASA (Autism Society of American), os indivíduos com autismo usualmente

exibem pelo menos metade das seguintes características:

- Dificuldade de relacionamento com outras pessoas;

- Riso inapropriado;

- Pouco ou nenhum contacto visual;

- Aparente insensibilidade à dor;

- Preferência pela solidão;

- Rotação de objectos;

- Inapropriada fixação por objectos;

- Perceptível hiperactividade ou extrema inactividade;

- Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;

- Resistência à mudança de rotina;

- Não tem noção do perigo;

- Procedimento com poses bizarras;

- Ecolalia (repetição de palavras ou frases em vez de linguagem normal);

- Recusa carinho;

- Age como se fosse surdo;

- Dificuldade em expressar necessidades, usa gestos ou aponta para o que quer, em vez de

usar a linguagem;

- Demonstração de raiva ou aflição sem razão aparente;

- Irregular habilidade motora.

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Este transtorno é muito instável, por isso alguns dos sintomas modificam-se, uns

podem vir a amenizar e desaparecer, no entanto outras características podem desenvolver-se,

por esta razão, estas crianças têm que ser constantemente avaliadas por um médico.

2.4- Diagnóstico

O diagnóstico do Autismo é Realizado através da avaliação do comportamento do

indivíduo, determinados por critérios clínicos dos seguintes sistemas de classificação:

- CID-10 - Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde;

- DSM-IV – Manual de Diagnostico e Estatística de Doenças Mentais da Academia Americana

de Psiquiatria;

- CHAT - Checklist de Autismo em Bebés;

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III- Intervenção Educativa

O aluno Autismo pode ter graves dificuldades na aprendizagem no entanto também

pode ser um aluno com um nível intelectual elevado.

É necessário identificar todas as características do indivíduo e reconhecer as suas

dificuldades. Estes alunos precisam de respostas educativas diferenciadas que os ajudem a

superar as dificuldades de comunicação, interacção e problemas de comportamento.

Temos que ter em conta que tal como os alunos ditos ‘normais’, a intervenção

educativa depende não só da escola, mas também de todos os ambientes da criança.

3.1- Princípios Gerais da Intervenção Educativa

1- Conhecimento do Autismo e conhecimento do desenvolvimento normal

2- Educação personalizada

3- Estruturação: física, temporal, da situação de ensino

4- Directividade e flexibilidade

5- Estabelecer relação com a criança

6- Consistência e coerência por parte do Educador, Pais e todos os intervenientes no

processo educativo

7- Coordenação de recursos humanos implicados no processo de ensino-aprendizagem:

pais, educadores, etc

8- Funcionalidade dos conteúdos e adaptação á idade

9- Preferências individuais

10- Possibilitar a generalização de aprendizagens

11- Reforço positivo

12- Aprendizagem activa – fomentando a autonomia

13- Registo das observações e revisão dos objectivos

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3.2- PECS

O Picture Exchange Communication System (PECS), em Português, Sistema de

Comunicação por Troca de Imagens, foi desenvolvido no ano de 1985 como meio de

treinamento alternativo que ajuda as pessoas com dificuldades de Comunicação ajudando-os a

iniciar a tarefa de comunicar.

Este sistema não necessita de materiais caros e complexos, permite ser utilizado em

vários ambientes, tanto por educadores como pelos pais.

O PECS consiste na troca de uma imagem por um objecto ou acção desejado com o seu

educador. Inicialmente são apenas palavras soltas, mais tarde a criança começa a conseguir

construir frases colocando os símbolos juntos.

3.2.1- Benefícios do PECS

- Ajuda crianças sem linguagem, ou uma linguagem não funcional;

- Desenvolve a compreensão da comunicação;

- Desenvolve o encorajamento para a fala;

- Reduz a frustração e comportamentos inapropriados;

- Faz com que as escolhas sejam positivas;

- Desenvolve o uso da estrutura da linguagem;

- Pode ser aplicado por todos os que rodeiam a criança;

- Abertura de leques de escolha.

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Este sistema de comunicação serve não só para pessoas com autismo mas também

para pessoas sem discurso verbal, com uma linguagem pouco estruturada, crianças com

comportamentos inadequados por não se fazerem entender e crianças que ainda não

desenvolveram um discurso para além da palavra-chave.

3.2.2- Fases do PECS

1- Intercâmbio Físico

Nesta fase o educador acompanha a criança de perto, um ajuda-a a iniciar esta tarefa de troca

de imagens, e o outro recebe as imagens.

2- Desenvolvimento da espontaneidade

A criança é estimulada para ir ao caderno comunicativo, buscar imagens para fazer a sua

comunicação, deixando assim de ter o apoio próximo do terapeuta.

3- Discriminação de Fotografias

Aqui a criança aprende a organizar as figuras de modo a atingir um pedido,

4- Estrutura da Oração

É criada uma barra de frases, onde a criança constrói frases como ‘’ eu quero bolachas’’

5- Respondendo a ‘’ o que queres? ‘’

A criança responde espontaneamente á pergunta ‘’ o que queres? ‘’ e realiza pedido

espontâneos.

6- Resposta e Comentário Espontâneo

É a fase mais difícil do PECS, a criança tem que responder a perguntas como: ‘’ o que queres? ‘’

, ‘ ‘o que vês? ‘’, ‘’ o que ouves? ‘’

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3.3- TEACCH

(ver anexo 5)

O método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication

Handicapped Children - Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Perturbações da

Comunicação) que tem como objectivo facilitar a aprendizagem do autista a partir de uma

estrutura ambiental e de ensino e comunicação alternativa. Este método é específico para

desordens comportamentais. A sua aplicação tem imensos benefícios nas áreas de linguagem,

comportamento, comunicação e habilidades escolares.

Segundo a APPDA (Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e

Autismo), existem actualmente na Madeira duas salas de ensino estruturado, uma na Escola

Básica da Ladeira e outra na instituição STEDI ( Quinta do Leme).

- Respeita e se adequa às características de cada criança;

- Centra nas áreas fortes encontradas no autismo;

- Adaptado à funcionalidade e necessidades de cada criança;

- Envolve a família e todos os que intervêm no processo educativo;

- Diminui as dificuldades ao nível da linguagem receptiva;

- Aumenta as possibilidades de comunicação;

- Permite diversidade de contextos.

3.3.1- Componentes

Segundo Schopier as quatro componentes de ensino estruturado são:

1. Estrutura Física

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2. Informação Visual

3. Plano de Trabalho

4. Pistas Facilitadoras

1- Estrutura Física (Áreas de Trabalho)

1 – Área de Aprender

- Área de ensino 1:1;

- Privilegia o desenvolvimento de novas aprendizagens;

- Desenvolve a atenção e a concentração;

- Facilita a interacção e a focalização do olhar;

- De frente para o adulto e nunca para factores de distracção.

2- Área de Trabalhar

- Área de trabalho individual e autónomo;

- A área de trabalho permite:

- Redução de estímulos distractores;

- Focalizar a atenção nos aspectos importantes da tarefa.

- O plano de trabalho indica à criança as actividades a realizar e a sua sequência;

- As tarefas propostas estão organizadas em caixas individuais.

3- Área de Brincar

- Local para brincar e, principalmente, para aprender a brincar;

- Relaxamento e lazer;

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- Promove a escolha de brincadeiras e o desenvolvimento de actividades com os pares;

- Possibilita a imitação de actividades da vida diária;

- Brinquedos, almofadas, espelho, música.

4- Área do Computador

- Espaço para trabalho com o computador;

- Facilita a atenção e a concentração;

- Consolidar aprendizagens;

- Minimizar dificuldades na escrita.

5- Trabalho de Grupo

- Zona de promoção de interacção social;

- Estimula a partilha e o trabalho com os pares;

- Fomenta a diversificação de actividades.

Reunião

- Zona para exploração de objectos, imagens, sonos e gestos;

- Desenvolvimento de competências ao nível das noções espacio – temporais, autonomia,

compreensão de ordens verbais.

Área de Transição

- Local onde se encontram os horários individuais de cada aluno;

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- O aluno dirige-se a esta zona da sala sempre que terminar uma actividade ou que necessite

de consultar o seu horário individual;

- Cartão de transição indica que o aluno se deve dirigir a esta zona.

2 – Informação Visual

Informação visual da própria sala:

- Áreas de trabalho identificadas;

- Perceber em que espaço vão ser realizadas as tarefas.

Informação visual do próprio aluno:

- Horário individual.

Horários visuais claros auxiliam os alunos com Autismo:

- Minimizam os problemas de memória e atenção;

- Reduzem problemas relacionados com a noção de tempo e organização;

- Compensam as dificuldades ao nível da linguagem receptiva;

- Motivam o aluno a realizar as actividades.

Horário individual do aluno:

- Mostra as actividades a realizar e em que sequência;

- Previne a desorganização interior das crises de angústia;

- Possibilita a independência e autonomia;

- Composto por imagens, palavras, objectos reais;

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3- Plano de Trabalho

- Mostra as tarefas a realizar na área de trabalho;

- Ajuda a perceber o que é esperado dele, a organizar o seu trabalho e a completar as suas

tarefas;

- Composto por imagens, palavras, objectos reais;

- Fornece informações tão importantes como:

- Que tarefas realizar.

- Quantidade de tarefas a elaborar;

- Noção de sequência temporal.

- Cartão de transição informa que o aluno deverá dirigir-se à área de transição e consultar o

seu horário.

4 – Pistas Facilitadoras

- Ferramentas importantes no ensino de crianças com Autismo;

- Funcionam como mecanismos que ensinam as crianças a olhar para as instruções;

- Oferecem instruções que os alunos com Autismo facilmente compreendem;

- Adaptadas consoante os níveis de desenvolvimento;

- Personalizadas relativamente aos objectos do plano individualizado;

- Leque variado: imagens, cores, palavras, imagens e palavras.

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IV - Conclusão

Com este trabalho aprendi bastante sobre o Autismo, e passei a ver esta perturbação

com outros olhos. Não tinha ideia do que é tão difícil lidar com um autista, é necessário ter

muitos cuidados quando nos dirigimos a estas pessoas, pois todos os movimentos estranhos,

repentinos, luzes e sons podem perturbar o Autista.

Lidar com Autistas requer uma paciência, cuidado, atenção, todas as crianças são

diferentes e têm comportamentos e habilidades diferentes, e os Autistas não são excepção.

Nós não só como Auxiliares de Infância, mas também como mães e cidadãs, podemos

ajudar e apoiar estas crianças no seu desenvolvimento, existem cada vez mais técnicas que nos

apoiam nesta situação.

O Autista não é um ser isolado do mundo, não é um atrasado muito menos um

empecilho, é apenas uma pessoa com dificuldade em comportar-se, em comunicar, e que não

gosta de mudanças.

Durante a realização deste trabalho, pesquisei alguns filmes e livros de histórias de

Autista, e aconselho vivamente o filme ‘’ I am Sam - ( Uma Lição de Amor)‘’, é um filme que

relata a história de um Autista e da sua filha Lucy. Ao chegar aos 7 anos Lucy ultrapassa a

capacidade intelectual do pai, e é colocada numa instituição o que faz com que Sam tenha que

lutar pela custódia da sua filha. É uma boa imagem da capacidade de cuidar, e de dar amor, de

um deficiente e da discriminação que estas pessoas sofrem.

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V – Bibliografia

SIEGEL, Bryana. O Mundo da Criança com Autismo. Porto Editora, 2008.

HEWITT, Sally. Compreender o Autismo. Porto Editora, 2006.

LARKEY, Sue. Como alcançar o sucesso: Estratégias práticas e fichas de trabalho para o ensino

de alunos com perturbações do espectro do Autismo. Porto Editora, 2007.

Necessidades Educativas Especiais. Dinalivro, 1997.

MELLO, Ana Maria S. Ros. De. Guia Prático Autismo. São Paulo: AMA, 2005.

Unidades de Ensino Estruturado para alunos com Perturbações do Espectro do Autismo,

Normas Orientadoras. Direcção Regional de Inovação e de Desenvolvimento Curricular e

Direcção de Serviços da Educação Especial e do Apoio Sócio-Educativo, 2008.