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XI Salão de
Iniciação Científica PUCRS
Avaliação da Atividade Antimicrobiana de Anestésicos Tópicos Disponíveis no Comércio Brasileiro
Tassiane Brancher1, Priscila Mattis2, Renata Medina da Silva1, Rejane Maria Holderbaum2, Maria Ivete Bolzan Rockenbach1 (orientador)
1Faculdade de Odontologia, PUCRS
Resumo Introdução
A cavidade bucal humana possui uma microflora com uma composição característica e
que na maior parte do tempo vive em relação harmoniosa com o hospedeiro. Porém, talvez
com maior frequência que em outras partes do corpo, esta relação pode ser alterada,
permitindo a instalação de patologias (Marsh; Martin, 2005).
Boa parte dos procedimentos odontológicos expõe tecidos submucosos à ação dessa
microbiota. Por conseguinte, sabendo-se que existe em média 28 a 62 bactérias por célula da
mucosa oral, fica facilitada a penetração de microrganismos para o interior dos tecidos
(Fortunato, 1990).
Entre os riscos associados com as injeções, o da infecção, provavelmente, é o que
demanda mais cuidado. Embora precavendo-se com a utilização de solução e agulha estéreis,
pode-se questionar o risco de se transportar microrganismos com a agulha para o interior dos
tecidos (Fortunato, 1990).
Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana de diferentes
marcas comerciais de anestésicos tópicos frente a diferentes microrganismos encontrados na
cavidade bucal em uma situação de saúde, e também em relação a um microrganismo
exógeno.
Metodologia
Os anestésicos tópicos avaliados neste trabalho foram: Benzotop nos três sabores
disponíveis (pinacolada, tutti-frutti e menta) e Lidial 5%, sendo que a escolha foi feita através
da disponibilidade dos mesmos no comércio brasileiro. Cada um dos anestésicos foi testado
em diferentes diluições, de 15, 30, 45, 60, 75 e 90 mg de pasta anestésica por mL de caldo de
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cultura. A quantidade de princípio ativo diferiu entre os anestésicos, uma vez que dependeu
da concentração deste em cada marca comercial. O anestésico Benzotop apresenta a
concentração de 200 mg de benzocaína por g de pasta anestésica, sendo que nas
concentrações em que foi testado apresentou 3; 6; 9; 12; 15 e 18 mg de princípio ativo por 15,
30, 45, 60, 75 e 90 mg de pasta anestésica, respectivamente, para qualquer um dos sabores
testados (pinacolada, tutti-frutti e menta). Já o Lidial, cuja concentração é de 50 mg de
cloridrato de lidocaína por grama de pasta anestésica apresentou 0,75; 1,5; 2,25; 3; 3,75 e 4,5
mg de princípio ativo por 15, 30, 45, 60, 75 e 90 mg de pasta anestésica respectivamente.
Para contemplar um grupo representativo de tipos de microrganismos da microbiota
oral humana, foi utilizado uma espécie de Streptococcus oral (S. mutans), uma espécie de
lactobacilo (Lactobacillus sp.), bem como a levedura (fungo) Candida albicans. Além destes
representantes da microbiota oral, também foi utilizado a bactéria potencialmente patogênica
Staphylococcus aureus, que é encontrada na pele e na mucosa nasal de grande parte da
população. Para obter uma quantidade adequada de células viáveis de todos os
microrganismos utilizados nos testes, estes foram inicialmente cultivados em 5 mL de meio
de enriquecimento líquido Brain Heart Infusion (BHI), pelo período de 24 horas, em estufas
de cultivo microbiológico, sob condições adequadas de crescimento para cada
microrganismo.
Os testes para verificação da Concentração Bactericida Mínima (CBM) dos
anestésicos testados foram realizados em tubos de ensaio contendo os anestésicos avaliados,
diluídos nas concentrações citadas anteriormente, em 5 mL de caldo Mueller-Hinton (MH). A
cada tubo foram adicionadas 105 células/mL de microrganismos. Os tubos foram incubados
novamente permanecendo sob tais condições por 24 horas. Foi realizado um tubo controle, o
qual não continha anestésico. Após estas 24 horas, 5 µL de cada tubo foram semeados em
meios de cultura sólidos (com ágar), específicos para cada microrganismo. Os cultivos
permaneceram sob tais condições por 24 horas. Ao final deste período, observou-se o
crescimento bacteriano no meio de cultura, onde a menor concentração de anestésico que não
proporcionou crescimento visível de microrganismos foi considerada como Concentração
Bactericida Mínima.
Resultados (ou Resultados e Discussão)
A tabela 1 mostra a Concentração Bactericida Mínima (CBM), em mg/mL de
princípio ativo, dos anestésicos tópicos locais testados.
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Tabela 1. Concentração Bactericida Mínima (CBM), em mg/mL de princípio ativo, dos
anestésicos tópicos locais.
Microrganismo
Anestésico S. mutans S. aureus C. albicans Lactobacillus
Benzotop® (pinacolada) 15 9 >18 18
Benzotop® (tutti-frutti) 15 9 >18 >18
Benzotop® (menta) >18 6 >18 >18
Lidial® >4,5 >4,5 >4,5 >4,5 Valores precedidos do símbolo maior que (“>”) encontram-se fora de escala, isto é, o anestésico local não conseguiu inibir o crescimento bacteriano nem com a maior concentração utilizada.
Observa-se nesta tabela que o anestésico tópico Benzotop® sabor pinacolada foi capaz
de inibir o crescimento de S. mutans, S. aureus e Lactobacillus. Não apresentou efeito
antimicrobiano sobre C. albicans. Benzotop® sabor tutti-frutti além de não apresentar efeito
antimicrobiano sobre C. albicans, também não mostrou ação sobre Lactobacillus. Já com
relação ao Benzotop® sabor menta, observou-se apenas ação antimicrobiana sobre S. aureus.
Com relação ao Lidial®, podemos observar que este não apresentou ação antimicrobiana
sobre nenhum dos microrganismos.
Conclusão
Os resultados obtidos no presente estudo permitem concluir que alguns anestésicos
tópicos utilizados com a função prioritária de redução da dor podem ser utilizados também
com função de inibição do crescimento bacteriano. Nenhum dos anestésicos tópicos testados
foi capaz de inibir o crescimento do fungo C. albicans.
Referências 1. MARSH, P.; MARTIN, M.V. Microbiologia Oral. São Paulo: Editora Santos. 2005.
2. FORTUNATO, RX. Avaliação da atividade antimicrobiana de soluções
anestésicas tópicas comerciais. Estudo “in vitro” e “in vivo”. Piracicaba: UEC,
1990. Tese (Mestrado em Ciências – Área de Farmacologia), Faculdade de
Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas, 1990.
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