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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA SUZANA FERREIRA MAGALHÃES GADÉA AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO BRUTO E SUAS FRAÇÕES DE GLISCHROTHAMNUS ULEI (MOLLUGINACEAE) DO SEMI-ÁRIDO BAIANO Feira de Santana, BA 2008 UEFS PPGBiotec

avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM BIOTECNOLOGIA

SUZANA FERREIRA MAGALHÃES GADÉA

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO BRUTO E SUAS FRAÇÕES DE

GLISCHROTHAMNUS ULEI (MOLLUGINACEAE) DO SEMI-ÁRIDO BAIANO

Feira de Santana, BA 2008

UEFS

PPGBiotec

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SUZANA FERREIRA MAGALHÃES GADÉA

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO BRUTO E SUAS FRAÇÕES DE

GLISCHROTHAMNUS ULEI (MOLLUGINACEAE) DO SEMI-ÁRIDO BAIANO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, da Universidade Estadual de Feira de Santana como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biotecnologia. Orientador (a): Profª. Drª. Ana Paula Trovatti Uetanabaro Co-Orientador (a): Profª. Drª. Angélica Maria Lucchese

Feira de Santana, BA 2008

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A Deus, aos meus pais, ao meu marido, aos meus amigos... Aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me deu a vida e a oportunidade de

realizar mais esse objetivo.

Agradeço a meus pais, Edson e Ana, pela batalha diária para uma vida digna,

honesta e sempre em crescimento. Pelas noites em claro, pelas preocupações com

meu futuro, pela insistência para que eu sempre queira mais, queira o melhor.

Agradeço ao meu marido, Alex, pelo incentivo, paciência, amizade e amor.

Pela busca, junto comigo, pela realização de meus sonhos, pelo apoio nas horas

difíceis desta jornada.

Às minhas queridas amigas, Carla, Gisele e Clarissa, e o amigo João

Ronaldo, pelas palavras de incentivo, pela paciência, pelos momentos alegres e

estressantes...

Agradeço também às minhas amigas de batalhas, não menos queridas,

Cristiana e Indira, pelo companheirismo, por aqueles momentos de desespero onde

sempre havia uma, nem que fosse somente uma, palavra de consolo, tranqüilidade,

que tudo iria acabar bem... Pela reciprocidade, alegrias e carinho.

Aos meus muitos amigos que não se envolveram diretamente, mas que nunca

esqueciam de perguntar: “e como vai a pesquisa??”

À minha querida orientadora Dra. Ana Paula Trovatti Uetanabaro, pela

oportunidade, pela paciência, pelo incentivo, por acreditar que eu chegaria lá. E

cheguei!

À minha co-orientadora Dra. Angélica Maria Lucchese, pelo apoio, confiança

e incentivo, mesmo nos momentos em que a distância não ajudava muito, mas

sempre resolvíamos esse problema...

Ao pessoal do LAPRON pela ajuda e dedicação para que pudéssemos

realizar nossos experimentos.

Ao pessoal do LAPEM pela compreensão, especialmente ao coordenador Dr.

Aristóteles Góes Neto, pois em muitos momentos tive que me afastar do trabalho por

causa da pesquisa.

À minha mais nova amiga, Renata Pinto, pela ajuda e disponibilidade durante

a pesquisa.

Page 5: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

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Àqueles que estiveram ao meu lado durante esse período, serei eternamente

grata pelo apoio, compreensão, dedicação, companheirismo...

Enfim, a todos que fizeram parte, direta ou indiretamente, desses dois anos

de batalha para o meu crescimento pessoal e profissional, o meu muito obrigada!!!!!!

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"Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada. Essa é a maior responsabilidade de nossa vida, e a prova de que duas almas não se encontram ao acaso. " (Antoine de Saint-Exupéry)

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RESUMO

Atualmente, muitos estudos sobre atividades de produtos naturais têm sido

enfatizados buscando, principalmente, a atividade destes sobre microrganismos. O

objetivo do presente trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana do óleo essencial,

do extrato bruto e frações de Glischrothamnus ulei Pilg., Molluginaceae e fazer uma

triagem inicial dos grupos de compostos responsáveis pela atividade observada.

Foram utilizadas as técnicas de difusão em disco, concentração inibitória mínima

(CIM) e bioautografia, utilizando o extrato bruto e suas frações da folha e do caule

da G. ulei. Os extratos metanólicos brutos da folha e do caule de G. ulei foram

testados contra os microrganismos: Escherichia coli CCMB 284, E. coli CCMB 261,

sensível à trimetoprima e resistente à sulfonamida, Staphylococcus aureus CCMB

262, resistente à estreptomicina e dihidrostreptomocina, S. aureus CCMB 263,

Bacillus cereus CCMB 282, Salmonella sp. CCMB 281, Pseudomonas aeruginosa

CCMB 268, Candida albicans CCMB 286, C. parapsilosis CCMB 288. Foi observada

atividade dos extratos brutos, das frações em hexano, diclorometano e acetato de

etila, da folha e do caule, utilizando-se a metodologia de difusão em disco. O

resultado de inibição do crescimento microbiano obtido pela MIC corroborou os

resultados da difusão em disco para S. aureus CCMB 262, S. aureus CCMB 263 e

B. cereus CCMB 282. Também foram realizados testes de bioautografia dos extratos

brutos e frações das folhas e caules, e os constituintes nas placas cromatográficas o

que indicaram a presença de terpenos e esteróides em todas as frações e a de

flavonóides para as frações em diclorometano, acetato de etila e butanol. Este é o

primeiro trabalho sobre a atividade antimicrobiana in vitro e do estudo fitoquímico de

G. ulei, espécie vegetal endêmica de Dunas do Rio São Francisco, Pilão Arcado, BA.

Palavras-chave: Atividade antimicrobiana, Glischrothamnus ulei, Molluginaceae, concentração inibitória mínima (CIM), difusão em disco, bioautografia.

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ABSTRACT

Currently, many studies about natural products activities have been mainly

focusing on their activity on microorganisms. The aim of the present study was to

evaluate the antimicrobial activity of essential oil, crude extract, and fractions of

Glischrothamnus ulei Pilg. (Molluginaceae) and to carry out an initial screening of the

groups of compounds related to the observed activity. antimicrobial activity of G. ulei

crude extract and its leaf and steam fractions were evaluated using diffusion in disc

test, Minimum Inhibitory Concentration (MIC), and bioautography. Leaf and steam

crude methanolic extracts of G. ulei were tested against the following

microorganisms: Escherichia coli CCMB 284, E. coli CCMB 261, sensible to

trimethoprim and resistant to sulfonamide, Staphylococcus aureus CCMB 262,

resistant to streptomicin and dihydrostreptomocin, S. aureus CCMB 263, Bacillus

cereus CCMB 282, Salmonella sp. CCMB 281, Pseudomonas aeruginosa CCMB

268, Candida albicans CCMB 286, and C. parapsilosis CCMB 288. Leaf and steam

activity of crude extracts was observed in hexane, methylene dichloride and ethyl

acetate fractions using disc diffusion methodology. The result of microbial growth

inhibition obtained by MIC corroborated the disc diffusion results for S. aureus CCMB

262, S. aureus CCMB 263, and B. cereus CCMB 282. Bioautographic tests of leaves

and steams crude extracts and fractions were also carried out, revealing the

presence of terpenes and steroids in all the fractions and flavonoids in methylene

dichloride ethyl acetate and butanol fractions. This is the first work about both in vitro

antimicrobial activity and phytochemical study of G. ulei, an endemic plant species of

São Francisco sand dunes (Pilão Arcado, Bahia, Brazil).

Keywords: Antimicrobial activity, Glischrothamnus ulei, Molluginaceae, Minimum

Inhibitory Concentration (MIC), disc diffusion, bioautography.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Esquema simplificado da fase metodológica da pesquisa........ 26

Figura 2: Fotos de G. ulei no campo, em Pilão Arcado, e das exsicatas

do Hebário da UEFS (HUEFS), número de acesso 53039........ 27 Figura 3: Mapa da Bahia indicando a cidade da coleta............................ 28 Figura 4: Figura ilustrativa da montagem da placa de 96 poços para o

experimento de determinação da concentração inibitória mínima dos extratos de G. ulei contra microrganismos patogênicos ao homem.............................................................. 32

Figura 5: Atividades do extrato bruto de G. ulei contra B. cereus CCMB

282 (A), S. aureus CCMB 262 (B)............................................. 35 Figura 6: Fotografia das placas de microdiluição contendo os

resultados da concentração inibitória mínima do extrato metanólico bruto de G. ulei contra B. cereus CCMB 282 (A), C. albicans CCMB 288 (B) e Salmonella sp. CCMB 281 (C); da fração em acetato de etila contra C. albicans CCMB 286 (D) e Salmonella sp. CCMB 281 (F); da fração em butanol contra Salmonella sp. CCMB 281 (E); da fração em diclorometano contra B. cereus CCMB 282 (G), S. aureus CCMB 263 (H)........................................................................... 42

Figura 6 (continuação):

Fotografia das placas de microdiluição contendo os resultados da concentração inibitória mínima da fração em diclorometano contra C. albicans CCMB 288 (I); da fração em hexano contra S. aureus CCMB 262 (J), S. aureus CCMB 263 (L) e B. cereus CCMB 282 (M); da fração em butanol contra C. albicans CCMB 286 (N), B. cereus CCMB 282 (O)...................................................................................... 43

Figura 7: Fotografia das placas cromatográficas com as frações em

hexano (A e B), acetato de etila (C) da folha (1) e do caule (2), visualizadas com revelador AS (A), seguido por aquecimento a 100°C e com revelador NP/PEG sob luz UV no espectro de 365 nm (B) e (C).............................................. 46

Figura 8: Bioautografia referente às frações diclorometano (A, B, C) e

hexano (D) frente aos microrganismos B. cereus (A), S. aureus CCMB 262 (B e D) e S. aureus CCMB 263 (C)............ 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Massa obtida, em gramas, e rendimento, em %, dos extratos brutos e frações da folha e do caule da G. ulei........................ 34

Tabela 2: Média dos diâmetros dos halos de inibição do crescimento

microbiano pelo teste de difusão em disco, em mm, dos extratos metanólicos e de suas frações da folha e do caule de G. ulei (Molluginaceae) contra os microrganismos testes.. 37

Tabela 3: Resultados da Concentração Inibitória Mínima (CIM), em

mg.mL-1, do extrato bruto metanólico da folha de G. ulei (Molluginaceae) e suas frações............................................... 44

Tabela 4: Resultados da Concentração Inibitória Mínima (CIM), em

mg.mL-1, com o extrato bruto metanólico do caule de G. ulei (Molluginaceae) e suas frações............................................... 44

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12 2 OBJETIVOS 16 2.1 OBJETIVO GERAL 16 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 16 3 REVISÃO DA LITERATURA 17 3.1 FITOTERAPIA 17 3.2 ANTIBIÓTICOS: MECANISMO DE AÇÃO, RESISTÊNCIA

DE MICRORGANISMOS E A NECESSIDADE DO DESENVOLVI- MENTO DE NOVOS FÁRMACOS 18

3.3 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DE PLANTAS 20 3.4 MÉTODOS ANTIMICROBIANOS 22 3.4.1 Teste de Difusão em Disco 23 3.4.2 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) 24 3.4.3 Bioutografia 24 3.5 GLISCHROTHAMNUS ULEI E A FAMÍLIA MOLLUGINACEAE 25 4 MATERIAIS E MÉTODOS 26 4.1 COLETA DO MATERIAL VEGETAL 27 4.2 OBTENÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL, EXTRATO BRUTO E

SUAS FRAÇÕES 29 4.2.1 Óleo Essencial 29 4.2.2 Extrato Bruto Metanólico 29 4.2.3 Obtenção das Frações do Extrato Bruto Metanólico 29 4.3 TRIAGEM DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO

BRUTO E SUAS FRAÇÕES 29 4.3.1 Microrganismos 29 4.3.2 Teste da difusão em disco 30 4.3.3 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) 31 4.4 BIOAUTOGRAFIA 32 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 34 6 CONCLUSÕES 50 7 REFERÊNCIAS 51

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1 INTRODUÇÃO

Diferentes culturas dos mais distintos lugares, desenvolvidas ou não,

conhecem e utilizam o potencial terapêutico dos vegetais no tratamento de doenças,

práticas estas que acompanham o homem desde a pré-história e que evoluíram com

ele ao longo dos anos (CRUZ; NOZAKI; BATISTA, 2000; NOVAIS et al., 2003).

Dentre os principais produtos de origem vegetal com atividade antimicrobiana,

podem ser citados os extratos, as frações, o látex e os óleos essenciais. No Brasil,

muitas plantas são utilizadas na forma de extrato bruto, infusões ou emplastos, para

o tratamento de enfermidades comuns, sem nenhuma evidência científica de sua

ação (PESSINI et al., 2003).

A história da fitoterapia se mistura um pouco com história da farmácia, pois

somente com a revolução industrial e o conseqüente aumento da produção de

compostos terapêuticos sintéticos houve a preferência por medicamentos

industrializados. O difícil controle de qualidade sobre os extratos também acelerou o

processo de troca das plantas medicinais por fármacos industrializados (REIS,

2006).

Nos últimos anos muitas pessoas vêm sendo curadas de infecções severas

usando alternativas terapêuticas com antibióticos (NOVAIS et al., 2003). Porém, a

utilização indiscriminada destes fármacos propiciou o aparecimento de vários

microrganismos resistentes. A partir daí foi verificada a necessidade de pesquisar

novas substâncias que pudessem agir como quimioterápicos (NOVAIS et al., 2003;

REIS, 2006).

Atualmente, muitos estudos sobre atividades de produtos naturais têm sido

enfatizados e eles buscam principalmente a atividade destes sobre microrganismos.

Isto acontece porque, a cada dia, as drogas existentes se tornam menos eficazes

diante dos microrganismos, devido aos mecanismos de resistência desenvolvidos

por estes através de mutações (COUTINHO et al., 2003/2004).

A resistência aos antimicrobianos é um processo genético relacionado à

existência de genes no microrganismo que codificam diferentes mecanismos que

evitam a ação das drogas. Ela pode ter origem em mutações que ocorrem no

microrganismo durante seu processo reprodutivo ou através do intercâmbio de

material genético (transferência horizontal gênica - THG) através da conjugação,

transdução e transformação (BASTOS, 2007). Genomas bacterianos estão em

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constante fluxo gênico devido a componentes genéticos móveis, como plasmídeos,

transposons, bacteriófagos, e pela organização de seu genoma em operons, que

permite transferência conjunta de genes com funções similares. Por isso, qualquer

segmento de DNA de uma população pode ser transferido horizontalmente. Porém,

somente uma pequena parte deste DNA será mantida na célula receptora e

transferida para gerações posteriores, pois muitos mecanismos, como alterações

físicas e ambientais, limitam a aquisição horizontal de genes (UETANABARO;

GÓES-NETO, 2006).

A utilização de plantas medicinais no Brasil tem sido prática curativa desde

antes do descobrimento, sendo os primeiros médicos, originalmente portugueses,

bastante influenciados pela cultura indígena, inicialmente e, depois, pela cultura

africana (OLIVEIRA, 2005).

A fitoterapia é bastante adotada pela população carente tanto da área rural

como também da urbana, devido à fácil disponibilidade e menores custos, sendo o

uso de plantas como uma fonte de medicamentos uma solução alternativa para

problemas de saúde bem estabelecido em algumas culturas e tradições mundiais, a

exemplo da Ásia, América Latina e África. Por causa do aumento no interesse por

produtos naturais, o uso de plantas medicinais tornou-se geral (DUARTE, 2006).

No contexto econômico, o conhecimento tradicional associado ao uso de

plantas medicinais brasileiras tem um papel chave no processo de geração de

inovações para a indústria, seja na localização de novas plantas, seja na sugestão

de sua atividade farmacológica, agindo como filtro para que ocorra a inovação. O

que tem ocorrido de fato é uma “corrida pelo conhecimento tradicional”,

principalmente pelos notáveis índices de crescimento do mercado de plantas

medicinais e seus derivados (REZENDE; RIBEIRO, 2005).

Segundo Serafin (2006), o mercado da Fitoterapia movimenta, mundialmente,

21 bilhões de dólares ao ano. Somente no Brasil, este mercado movimenta 400

milhões ao ano, sendo importantíssimo conquistar cada vez mais um pedaço maior

desse mercado bilionário. Para seguir esta tendência, da busca pelo natural e do

fenômeno mercadológico, que movimenta significativas cifras em dólares, o mundo

volta às atenções para biodiversidade brasileira, cuja reserva natural apresenta

muitas possibilidades de descobertas relevantes para terapêutica, como

fitoterápicos, fitofármacos, e até mesmo fármacos (SERAFIN, 2006).

Page 14: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

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O potencial econômico das plantas medicinais pode ser grande, embora seja

uma questão complexa. Um novo medicamento pode ter um custo muito alto mas

pode dar um retorno muito maior. Assim, essa busca incessante pela planta pode

causar uma perturbação na biota da região. Esse desequilíbrio tem provocado um

amplo movimento de proteção ao uso da biodiversidade, incluindo debates e

tentativas de estabelecimento de legislação em nível, também, internacional

(GIULIETTI et al., 2003).

No Brasil, a fitoterapia se tornou uma alternativa econômica em relação aos

medicamentos industrializados, já que acontece pela utilização direta da planta no

tratamento das doenças e de nosso país possuir uma das mais ricas biodiversidades

do mundo, com cerca de metade das espécies vegetais do planeta (OLIVEIRA,

2005; REIS, 2006). Mesmo não contando com elevada diversidade como a Mata

Atlântica, outros biomas no Brasil, como a Caatinga, são de extrema importância em

termos biotecnológicos, especialmente quando consideramos o endemismo de

animais e plantas desta região (GIULIETTI et al., 2003). Os organismos endêmicos

desta região são potenciais fontes de moléculas bioativas, especialmente por serem

encontrado apenas nesta região e terem sido pouco estudadas até o momento. Isso

mostra a grande relevância de estudos sobre estes organismos da Caatinga que,

por sua vez, encontra-se em processo avançado de degradação devido à

antropização da região (CASTELLETTI, et al., 2003; ANDRADE et al., 2005).

O semi-árido brasileiro ocupa cerca de 900.000 Km2, aproximadamente 8%

do território nacional (GIULIETTI et al., 2006), onde se estima haver 8.000 espécies

vegetais, sendo 318 endêmicas da Caatinga (NOVAIS et al., 2003). A Caatinga,

bioma com características peculiares, localiza-se na região do semi-árido ocupando

uma área aproximada de 735.000 km² (GIULIETTI al., 2006), abrangendo nove

estados nordestinos (Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,

Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), além da região norte do estado de Minas

Gerais (MG). Essa região abrange 60% da área do Nordeste, incluindo o norte de

MG (área da SUDENE), e 13% do Brasil, com 56% da população nordestina

contando com o norte de MG e 16% da população brasileira. Das terras recobertas

com a caatinga, 50% são de origem sedimentar, ricas em águas subterrâneas. A

altitude da região varia de 0-600 m. A temperatura varia de 24 a 28º C. A

precipitação média é de 250 a 1000 mm e o déficit hídrico elevado durante todo o

ano (RESERVA DA BIOSFERA DA CAATINGA, 2007). Algumas famílias de plantas

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apresentam grande diversidade neste bioma, sendo a família Leguminosae a mais

diversa, com 293 espécies em 77 gêneros, das quais 144 são endêmicas da região

(QUEIROZ, 2006). Na literatura, a grande maioria das espécies de Molluginaceae

(Família Molluginaceae) que ocorre nas regiões tropicais semi-áridas tem sido pouco

estudada. Poucos trabalhos foram realizados, e mesmo assim, com finalidades de

identificação botânica, como são exemplos Lemos (2004) que registrou a presença

da espécie Mollugo verticilata L. no Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, e

Gomes; Rodal; Melo que, em 2005, registrou a presença desta mesma espécie na

Chapada de São José, Buíque, Pernambuco. Rocha; Queiroz; Pirani; (2004)

registraram a ocorrência das espécies Mollugo verticilata L. e Glischrothamnus ulei

Pilg. em ambiente de dunas no bioma da Caatinga, e acreditam na possibilidade de

endemismo da última devido a sua distribuição geográfica muito restrita.

A Caatinga ainda é uma área pouco explorada quanto ao seu potencial

biotecnológico e, por isso, se constitui em um ambiente de grande interesse na

prospecção de novas moléculas com atividade biológica, em especial as plantas

endêmicas desta região. Devido à escassez de trabalhos sobre a atividade

microbiana de espécies da família Molluginaceae, esta pesquisa é de suma

importância, pois ampliará o conhecimento das propriedades antimicrobianas da

espécie Glischrothamnus ulei Pilg. (Molluginaceae), endêmica do bioma caatinga, de

áreas de dunas interiores do rio São Francisco, região de Pilão Arcado, Bahia,

potencialmente exploráveis, que poderão contribuir na descoberta de novos

medicamentos fitoterápicos, auxiliando para a melhoria da qualidade de vida da

população em termos de saúde.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a atividade antimicrobiana do óleo essencial, do extrato bruto e

frações de Glischrothamnus ulei Pilg., Molluginaceae, planta endêmica da região de

Dunas do Rio São Francisco, região de Pilão Arcado, BA.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Avaliar a atividade antimicrobiana do óleo essencial, extrato bruto e suas

frações da G. ulei através do teste de difusão em disco contra Escherichia coli

CCMB 284, Escherichia coli CCMB 261, sensível à trimetoprima e resistente à

sulfonamida, Staphylococcus aureus CCMB 262, resistente à estreptomicina e

dihidroestreptomicina, Staphylococcus aureus CCMB 263, Bacillus cereus CCMB

282, Salmonella sp. CCMB 281, Pseudomonas aeruginosa CCMB 268, Candida

albicans CCMB 286, Candida parapsilosis CCMB 288.

• Determinar a concentração mínima inibitória (CIM) do extrato bruto e suas

frações sobre os microrganismos testes;

• Verificar a atividade antimicrobiana dos extratos fracionados utilizando-se a

técnica da bioautografia;

• Triagem fitoquímica da espécie estudada.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 FITOTERAPIA

Desde a mais remota antiguidade que se é conhecida a utilização de plantas

para cura de enfermidades, passando este saber popular a ser um objeto de

interesse. Os mais antigos registros sobre plantas medicinais datam de 2700 a.C. na

China e 1500 a.C. no Egito. Hipócrates (460-361 a.C.), uma das figuras mais

importantes na história da saúde, considerado “pai da medicina”, catalogou e

empregou centenas de remédios de origem vegetal. Durante a Idade Média, parte

destes antigos registros foi preservada e passada para o ocidente (CARVALHO,

2004).

No Brasil, país com uma das maiores diversidades vegetais do mundo, com

mais de 55.000 espécies descritas de cerca de 500.000 existentes (NODARI;

GUERRA, 2000), várias plantas foram utilizadas pelos indígenas como remédio para

suas doenças e como veneno em suas guerras e caças (CARVALHO, 2004). Desta

forma, a fitoterapia foi muito importante até meados do século XIX, com a Revolução

Industrial, quando foi perdendo lugar para os produtos de origem animal e sintéticos

(CARVALHO, 2004; REIS, 2006).

Atualmente, a utilização de medicamentos fitoterápicos tem aumentado dentro

da população brasileira. Alguns fatores contribuíram para isso, como os avanços

científicos que deram a oportunidade da criação de fitoterápicos seguros e

eficientes, como também a busca por medicamentos menos agressivos à saúde.

Esta forma de terapia gera cerca de 22 bilhões de dólares, onde se acredita que o

Brasil, com sua magnitude floral, seja amplamente beneficiado. Porém, o país não

tem muito destaque no mercado mundial de fitoterápicos, mesmo esta produção

tendo menores custos do que a produção de fármacos, devido a falta de uma

política para desenvolvimento da indústria, principalmente, fitofarmacêutica; a

ausência de integração entre as diversas áreas do conhecimento necessárias para

obter um resultado efetivo; e a falta de compromisso da indústria nacional de

fitoterápicos que visa o lucro rápido e não a competição pela descoberta de novos

fitofármacos (YUNES; PEDROSA; CECHINEL FILHO, 2001; SIMÕES; SCHENKEL,

2002).

Page 18: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

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O Governo Federal aprovou a Política Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos, por meio do Decreto Presidencial Nº. 5.813, de 22 de junho de 2006, a

qual se constitui em parte essencial das políticas públicas de saúde, meio ambiente,

desenvolvimento econômico e social como um dos elementos fundamentais de

transversalidade na implementação de ações capazes de promover melhorias na

qualidade de vida da população brasileira. As ações decorrentes desta política,

manifestadas no Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos - PNPMF,

são imprescindíveis para a melhoria do acesso da população aos medicamentos, à

inclusão social e regional, ao desenvolvimento industrial e tecnológico, à promoção

da segurança alimentar e nutricional, além do uso sustentável da biodiversidade

brasileira e da valorização e preservação do conhecimento tradicional associado das

comunidades tradicionais e indígenas. Uma das propostas do PNPMF é inserir

plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à fitoterapia no SUS, com

segurança, eficácia e qualidade, em conformidade com as diretrizes da Política

Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (BRASIL, 2007).

3.2 ANTIBIÓTICOS: MECANISMO DE AÇÃO, RESISTÊNCIA DE

MICRORGANISMOS E A NECESSIDADE DO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS

FÁRMACOS

A quimioterapia antimicrobiana começou em 1935, com a descoberta das

sulfonamidas. Em 1940, foi demonstrado que a penicilina poderia ter uma

terapêutica eficaz. Durante os 25 anos seguintes, as pesquisas concentraram-se nas

substâncias de origem microbiana (JAWETZ; MELNICK; ADALBERG, 1998).

O agente antimicrobiano ideal exibe a chamada toxicidade seletiva. Isto

significa que o fármaco é prejudicial ao parasita e não ao hospedeiro. Em doses

tolerantes ao hospedeiro, o fármaco tem a capacidade de lesar o parasita (JAWETZ;

MELNICK; ADALBERG, 1998; BLACK, 2002). Os antibióticos podem agir sobre as

bactérias susceptíveis afetando seu crescimento e reprodução, causando um efeito

bacteriostático, e/ou induzindo sua morte, causando um efeito bactericida

(FERREIRA, 2007). O mecanismo de ação da maioria dos antimicrobianos não está

totalmente elucidado, todavia, podem ser divididos em 5 categorias: (I) inibição da

síntese da parede celular; (II) inibição da função da membrana celular; (III) inibição

da síntese de proteínas; (IV) inibição da síntese de ácidos nucléicos (JAWETZ,

Page 19: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

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MELNICK, ADALBERG, 1998; TORTORA, FUNK, CASE, 2000; BLACK, 2002;

TRABULSI, TOLEDO, 2004); e (V) ação como antimetabólito (BLACK, 2002).

Resistência a um antibiótico significa que um microrganismo antes sensível à

ação de um antibiótico não é mais afetado por ele. Um fato relevante na resistência

dos microrganismos aos antibióticos é que muitas drogas são bacteriostáticas

(BLACK, 2002). O uso inadequado de drogas também vem agravando o problema

de resistência dos microrganismos, além de outros fatores, como o aparecimento de

cepas bacterianas multirresistentes (FERREIRA, 2007) A resistência bacteriana

tornou-se um grande problema frente às doenças infecciosas, pois já houve casos

de patógenos resistentes à maioria dos medicamentos disponíveis no mercado,

aumentando assim os custos com os serviços de saúde (ORLANDO, 2005).

Internacionalmente, observou-se o rápido agravamento do problema da

resistência aos antibióticos. Assumiu-se que os antibióticos, devido a grande

evolução dos microrganismos, necessitavam passar por uma reavaliação do seu

valor intrínseco, pois já não mais ofereciam a certeza da cura e, pior, favoreciam a

seleção de certas mutações, adaptações e migrações que terminaram provocando a

emergência de novos agentes patógenos, assim como a aquisição de virulência por

microrganismos não patogênicos. São exemplos dessa evolução microbiana:

Staphylococcus aureus resistente a vancomicina, no Japão, em 1996 e nos Estados

Unidos, em 1997; o reconhecimento de cepas de Micobacterium tuberculosis

multirresistentes às drogas, nos Estados Unidos, em 1997; cepa virulenta de

influenza aviária, em Hong Kong (1997-98) (MARQUES, 2002; ALANIS, 2005).

Contudo, não será somente a criação de novos medicamentos que será resolvido o

problema da resistência a antibióticos. Além disso, é necessário um uso mais

consciente dos medicamentos por parte dos profissionais de saúde, melhores

práticas de controle de infecções e melhores ferramentas para diagnósticos claros e

rápidos dos pacientes, especialmente os mais carentes (ALANIS, 2005).

Uma bactéria é considerada resistente quando consegue crescer em

concentrações mais altas do que a maior concentração da droga no sítio da infecção

(TORTORA et al., 2005; FERREIRA, 2007). Múltiplos são os mecanismos de

resistência adquirida, incluindo perda da permeabilidade da membrana, exclusão

ativa do antimicrobiano, alteração do sítio de ligação, alteração do receptor da

membrana, superprodução de enzimas-alvo, síntese de enzimas que inativam o

fármaco e rotas metabólicas alternativas (MOREIRA, 2004). Com o crescente

Page 20: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

20

problema da resistência microbiana, não há perspectiva para o uso de antibióticos.

Algumas medidas devem ser tomadas para resolver esse problema, como controlar

o uso indiscriminado dos antibióticos, ampliar os estudos sobre o mecanismo

genético de resistência e continuar as pesquisas para desenvolver novas drogas.

Assim, as pesquisas que visam o estudo e avaliação dos produtos de produtos

naturais como terapêuticos e/ou com atividade antimicrobiana devem ser ampliadas

no intuito de criar novas drogas e melhorar as já existentes, para que estas voltem a

ter alguma atividade (COUTINHO et al., 2003/2004).

Nas discussões sobre pesquisa e desenvolvimento, sempre é destacada a

importância tanto dos novos fármacos, quanto dos fármacos já conhecidos de

elevado interesse social e de expressão estratégica para o país. São incluídos os

fitoterápicos, fitofármacos, produtos biotecnológicos; medicamentos genéricos;

medicamentos similares que apresentem vantagens tecnológicas (MARQUES, 2002;

ELISABETSKY, 2003; CALIXTO, 2003). Quando citadas as demandas de

medicamentos essenciais, são enfatizados: antibióticos e medicamentos destinados

à prevenção e ao tratamento do câncer, diabetes, Aids, tuberculose, malária e outras

doenças transmissíveis, como as tripanossomíases e as leishmanioses, doenças

que atingem ou ameaçam milhões de pessoas na África e América Latina

(MARQUES, 2002; OLIVEIRA; LABRA; BERMUDEZ, 2006). O Ministério da Saúde

também já demonstrou que dentro de suas atuais prioridades está a orientação para

produção desses novos medicamentos (MARQUES, 2002; BRASIL, 2007). A

Organização Mundial de Saúde (OMS) também reconhece a importância no

desenvolvimento de novos fármacos e acredita que o conhecimento tradicional sobre

produtos da biodiversidade é extremamente necessário para o combate de doenças

que destroem populações dos países em desenvolvimento (FUNARI; FERRO,

2005).

3.3 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DE PLANTAS

As plantas que contêm compostos aromáticos são usadas tradicionalmente

na medicina popular e também para aumentar a vida útil dos alimentos, mostrando

inibição de bactérias, fungos filamentosos e leveduras, na indústria farmacêutica, na

medicina alternativa e na de terapias naturais (HAMMER; CARSON; RILEY, 1999;

SARTORATTO et al., 2004). O uso de extratos vegetais e fitoquímicos com

Page 21: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

21

finalidade medicinal é uma das mais antigas formas de aplicação medicinal da

humanidade (ARAÚJO; LEON, 2001). A OMS estima que mais de 65% da

população dos países desenvolvidos utilizem plantas medicinais para cuidados

básicos com a saúde. Graças à atividade metabólica secundária dos vegetais

superiores, estes produzem substâncias antibióticas como mecanismo de defesa

contra predação por microrganismos, insetos e herbívoros (GONÇALVES; ALVES

FILHO; MENEZES, 2005).

Os óleos essenciais e os extratos de diversas espécies da planta podem

controlar o crescimento dos microrganismos relacionados à pele, à cárie dental,

incluindo as bactérias Gram-negativas e Gram-positivas (SARTORATTO et al.,

2004). Em 2000, Rauha et al. demonstraram a atividade antimicrobiana de extratos

de 29 espécies, comercializadas ou coletas em diferentes locais da Finlândia, ricos

em flavonóides, frente a nove microrganismos, sendo esses efetivos contra Gram-

positivos, como Staphylococcus aureus e S. epidermidis, Bacillus subtilis; e Gram-

negativos como Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa; e também fungos

filamentosos, como Aspergillus niger, e leveduras como Candida albicans e

Saccharomyces cerevisiae.

A espécie Lantana achyranthifolia está listada como a mais importante, dentre

44 espécies, no tratamento de infecções gastrintestinais no México (HERNÁNDEZ et

al., 2005).

O Brasil está dentro de uma série de países que têm uma diversidade

florística e uma importante tradição no uso de plantas medicinais para aplicações

antibacterianas e antifúngicas. Muitos países mantiveram programas de pesquisa

para selecionar medicinas tradicionais para a atividade antimicrobiana, como é o

exemplo da Índia, da Palestina, da África, de Honduras, da Jordânia, de Cuba e da

Itália (DUARTE et al., 2005).

As plantas dos biomas brasileiros têm sido utilizadas também como

medicamentos naturais por populações locais no tratamento de diversas doenças

tropicais, incluindo a esquitossomose, a leishmaniose, a malária e infecções fúngicas

e bacterianas. Entretanto, apesar da rica flora, somente os dados de algumas

plantas estão disponíveis, incluindo espécies nativas e exóticas (SARTORATTO et

al., 2004).

Em termos de pesquisa no Brasil, plantas da Coleção do Centro de Pesquisas

Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA/UNICAMP) têm sido amplamente

Page 22: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

22

estudadas, quanto à sua ação contra diversas bactérias, dentre elas Pseudomonas

aeruginosa ATCC 13388, Salmonella cholerasuis CCT 4296, Staphylococcus aureus

CCT 2740, Escherichia coli CCT 0547, Bacillus subtilis CCT 2576 e a levedura

Candida albicans ATCC 10231. Estes estudos demonstraram que extratos, frações e

compostos isolados de Mikania laevigata Sch. Bip ex Baker, M. glomerata Sprengel,

Artemisia annua L., Phyllanthus niruri L., Phyllanthus amarus Schumach. & Thonn e

Achyrocline satureioides (Lam.) puderam controlar um ou mais dos microrganismos

testados (SARTORATTO et al., 2004).

As plantas aromáticas têm grande importância para as indústrias de

alimentos, cosméticos e fármacos. Folhas de Origanum vulgare L., O. applii L., O.

basilicum L., O. gratissimum L., Mentha spicata L. e M. piperita L. var. citrata têm

sido utilizadas como chás, embora o óleo essencial seja utilizado em cosméticos e

farmácias. Os índices dos óleos essenciais em espécies diferentes são influenciados

pelo material, pelas condições da cultura e pelo ambiente genético, e finalmente, a

colheita e o processamento da colheita (SARTORATTO et al., 2004).

O conhecimento sobre o potencial terapêutico desses vegetais vem

despertando o interesse científico, onde estão sendo buscados novos caminhos

para controle e tratamento de variadas doenças (COUTINHO et al., 2003/2004).

Até o momento não foram encontrados trabalhos na literatura que

relacionassem atividade antimicrobiana com óleos essenciais e extratos de vegetais

da família Molluginaceae.

3.4 MÉTODOS ANTIMICROBIANOS

Um amplo número de bioensaios é utilizado para avaliar a atividade

antimicrobiana de extratos de plantas, bem como também de compostos isolados.

Esses bioensaios que são utilizados nos laboratórios de microbiologia têm por

finalidade encontrar o melhor agente antimicrobiano. Dentre os testes disponíveis

para atividade microbiana encontram-se as técnicas de difusão, diluição e os

métodos automatizados (COLE, 1994).

Page 23: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

23

3.4.1 Teste de Difusão em Disco

Na década de 40, os resultados de testes com discos de papel foram

inicialmente interpretados pelo método determinado halo versus não-halo. O

desenvolvimento de um halo de inibição era considerado evidência de sensibilidade

do microrganismo ao antimicrobiano. As bactérias resistentes eram classificadas

como tal quando cresciam exatamente até a borda do disco (KONEMAN et al.,

2001).

O princípio básico do método de difusão em disco para as provas de

sensibilidade antimicrobiana é estabelecer a dose responsável pela curva de

crescimento dada por um determinado inóculo contra um dado antimicrobiano, seja

ele um antibiótico, extrato vegetal ou composto isolado de um extrato (COLE, 1994;

KONEMAN et al., 2001).

Nesta técnica, utilizam-se discos de papel impregnados com quantidades

definidas do antimicrobiano. Estes discos são colocados em contato com a

superfície úmida do ágar, já semeado com uma suspensão microbiana. A amostra é

absorvida pelo papel de filtro e o seu conteúdo se difunde no meio circundante. Após

a incubação, na placa semeada com a suspensão bacteriana, ocorre o

desenvolvimento das células no ágar e, simultaneamente, a difusão do

antimicrobiano. Na área onde o antimicrobiano é suficiente para impedir o

crescimento do microrganismo, pode ser observado o halo de inibição (COLE, 1994;

KONEMAN et al., 2001).

Cole (1994) afirma que as zonas de inibição do teste de difusão em disco

podem ser influenciadas por diversos fatores, dentre eles, a densidade do inóculo, o

volume e concentração do antimicrobiano, e a duração do ensaio, pois há

possibilidade do microrganismo desenvolver o processo de desintoxicação e/ou a

alta difusão dos compostos, resultando em baixa concentração.

Quando os mecanismos de difusão e de produção de halos de inibição

tornaram-se bem conhecidos, tornou-se evidente que os fatores que influem na

velocidade de difusão in vitro não se correlacionam necessariamente com a

atividade antimicrobiana in vivo. E a impossibilidade de se obter resultados

quantitativos nas provas iniciais de sensibilidade com discos foi considerada uma

desvantagem clara (KONEMAN et al., 2001). O diâmetro da zona de inibição é

Page 24: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

24

influenciado pelo poder de difusão do agente antimicrobiano através do ágar, que

está relacionado está relacionado com a solubilidade da substância teste

(ESTRELA, 2000; PETRONE; BALDASSI; BIDOIA, 2004). O crescimento dos

microrganismos sensíveis somente ocorrerá até a região que contiver a

concentração de extrato suficiente à sua inibição (PETRONE; BALDASSI; BIDOIA,

2004).

3.4.2 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

Os métodos de diluição in vitro detectam possíveis atividades antimicrobianas

de compostos, utilizando métodos celulares sem alvo específico (SARTORI, 2005).

O ensaio para a determinação da concentração inibitória mínima (CIM), ou Minimum

Inibitory Concentration (MIC), é obtido através da macro ou microdiluição de

compostos que consiste em se preparar diluições sucessivas do antimicrobiano a ser

testado, em meios de cultura sólidos ou líquidos, semear o microrganismo e após a

incubação verificar a menor concentração (maior diluição) do antimicrobiano que

inibiu o crescimento do microrganismo. Para a determinação dos resultados pode-se

usar a verificação visual por turbidez, mensurar a viabilidade e proliferação das

células através de corantes indicadores de oxi-redução como Alamar blue e Cloreto

de 2,3,5-trifeniltetrazólio ou utilizar aparelhos, como o espectrofotômetro (PFALLER;

BARRY, 1994; NCCLS, 2003; BAKER; TENOVER, 1996; DUARTE et al., 2005).

Determina-se a CIM como sendo a concentração mais baixa de um agente

antimicrobiano que impede o crescimento visível de um microrganismo no teste de

sensibilidade por diluição em ágar ou caldo (NCCLS, 2002; 2003). As vantagens

desse método é proporcionar mais informações quantitativas e poder ser aplicado a

uma variedade mais ampla de isolados do que as provas por difusão (KONEMAN et

al., 2001).

3.4.3 Bioutografia

A bioautografia é um método útil para a localização de substâncias com ação

antimicrobiana, sendo em um extrato ou em frações complexas, como os derivados

dos produtos naturais (CAMPOS, 2006). Nesta técnica, um meio de cultura sólido,

fundido e inoculado, é aplicado sobre a placa cromatográfica na qual foi eluído o

Page 25: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

25

extrato ou fração. Durante o período de incubação da placa, os compostos

ultrapassarão o meio por difusão, formando zonas de inibição do crescimento

microbiano (CAMPOS, 2006). A comparação desenvolvida pelo cromatograma sob

circunstâncias idênticas e visualizada com o uso de reagentes apropriados pode

fornecer informações úteis sobre a natureza de compostos ativos, permitindo um

isolamento biodirecionado (CAMPOS, 2006; VALGAS et al., 2007). Uma vantagem

deste método é a possibilidade de usar para fases móveis solventes de baixa

volatilidade (VALGAS et al., 2007).

3.5 GLISCHROTHAMNUS ULEI E A FAMÍLIA MOLLUGINACEAE

Glischrothamnus ulei é um arbusto com cerca de 30 cm, com folhas

cartáceas, flores amareladas com forte odor de mel e bem viscosas, segundo

identificação realizada no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana

(HUEFS), e pertence à Família Molluginaceae. Esta família é composta por 14

gêneros, com cerca de 125 espécies distribuídas na América do Norte, Índias

Ocidentais, América Central, América do Sul, Ásia, Europa, África e Austrália

(VICENT, 2004). Em geral, seus representantes se desenvolvem em lugares abertos

e secos, como também em lugares fechados. Várias espécies de Glinus e Mollugo

são consumidas como verdura e também são usadas como medicamento

tradicional. Os gêneros de Molluginaceae já foram considerados como integrantes

da Família Aizoaceae; porém, recentes estudos separam alguns gêneros para a

Família Molluginaceae por apresentarem hábito não suculento, flores com sépalas

livres ou ligeiramente conados na base, filamentos das anteras conados na base,

formando um tubo pequeno (em Aizoaceae as tépalas são conpiscuamente fundidas

na base, formando um tubo evidente, o qual por sua vez é adnado aos filamentos) e

pela produção de antocianinas (em vez de betalaínas), característica também

apresente em Caryophyllaceae (ACOSTA, 2002).

Page 26: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

26

4 MATERIAL E MÉTODOS

A Figura 1 mostra um fluxograma de toda a parte experimental seguida neste

trabalho.

Figura 1 – Esquema simplificado da fase metodológica da pesquisa.

Coleta da G. ulei

Óleo essencial Extrato metanólico bruto

Fração hexano

Fração acetato de etila

Fração diclorometano

Fração butanol

Difusão em disco CIM Bioautografia

Testes biológicos Triagem fitoquímica

Page 27: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

27

4.1 COLETA DO MATERIAL VEGETAL

Caule e folhas de G. ulei (Figura 2) foram coletados no mês de fevereiro de

2007, em Dunas do São Francisco, na região de Pilão Arcado, Bahia (Figura 3). O

material foi acondicionado em sacos de nylon, em formato de rede. Logo após a

coleta, o material foi seco à temperatura ambiente por 7 dias e encaminhado para o

Laboratório de Química de Produtos Naturais e Bioativos (LAPRON) na

Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, Feira de Santana, BA.

Figura 2 - Fotos de G. ulei no campo, em Pilão Arcado, e das exsicatas do Hebário da UEFS

(HUEFS), número de acesso 53039.

Page 28: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

28

Figura 3 - Mapa da Bahia indicando a cidade da coleta.

Fonte:http://www.transportes.gov.br/bit/estados/port/ba.htm

Page 29: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

29

4.2 OBTENÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL, EXTRATO BRUTO E SUAS FRAÇÕES

4.2.1 Óleo Essencial

Após a secagem do material, procedeu-se a redução do volume da amostra

através de sua moagem. Este material foi submetido à hidrodestilação em aparelho

do tipo Clevenger por 3 horas. O óleo volátil obtido foi seco com sulfato de sódio

anidro e armazenado a baixa temperatura e ausência de oxigênio.

4.2.2 Extrato Bruto Metanólico

O material seco das folhas e caule, foi moído para redução do tamanho e

macerado separadamente em metanol por 7 dias à temperatura ambiente. O extrato

foi filtrado com papel de filtro e em seguida concentrado usando evaporador rotatório

sob pressão reduzida (COWAN, 1999). Após a concentração ele foi mantido em

frascos de vidro cobertos com filme de PVC, à temperatura ambiente.

4.2.3 Obtenção das Frações do Extrato Bruto Metanólico

O extrato metanólico (18,10g da folha e 18,53g do caule) foi dissolvido em

200 mL de metanol absoluto e 60mL de água. Posteriormente, o extrato foi

submetido a um processo de partição líquido-líquido, com solventes de polaridade

crescente, no caso, hexano, diclometano, acetato de etila e butanol. Em seguida, as

frações foram concentradas utilizando o evaporador rotatório (CHECHINEL FILHO;

YUNES, 1998). Até o momento de sua utilização, os extratos foram acondicionados

em frascos de vidro cobertos com filme de PVC.

4.3 TRIAGEM DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO BRUTO E SUAS

FRAÇÕES.

4.3.1. Microrganismos

Os microrganismos utilizados no presente estudo foram Escherichia coli

CCMB 284, E. coli CCMB 261, sensível à trimetoprima e resistente à sulfonamida,

Page 30: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

30

Staphylococcus aureus CCMB 262, resistente à estreptomicina e

dihidroestreptomicina, S. aureus CCMB 263, Bacillus cereus CCMB 282, Salmonella

sp. CCMB 281, Pseudomonas aeruginosa CCMB 268, Candida albicans CCMB 286,

C. parapsilosis CCMB 288. Todas foram cultivadas em Ágar Müeller-Hinton (AMH) a

37 °C por 24 horas (bactérias) e a 28 ºC por 48 horas (leveduras) para obtenção de

biomassa para os testes antimicrobianos. Os microrganismos utilizados no presente

trabalho foram obtidos da Coleção de Culturas de Microrganismos da Bahia

(CCMB/UEFS).

4.3.2 Teste da difusão em disco

A triagem inicial das amostras com atividade antimicrobiana foi realizada pela

metodologia em difusão em ágar, utilizando-se discos de papel de filtro, de 6 mm de

diâmetro, conforme a metodologia do CLSI (2003b), com algumas modificações.

Uma suspensão do microrganismo-teste (0,1 mL de 1,5 x 108 UFC.mL-1 para

bactérias e 0,1 mL de 5 x 105 UFC.mL-1 para leveduras) foi espalhada, com auxílio

da alça de Drigalsk, sobre a superfície de um meio AMH, previamente distribuído em

placas de Petri (90 x 15 mm). A padronização da suspensão bacteriana foi realizada

utilizando-se solução salina 0,45% estéril. Discos estéreis de papel de filtro foram

impregnados com 5 µL do extrato bruto, e suas frações, separadamente, e, após

secos à temperatura ambiente, foram colocados sobre as placas inoculadas com os

microrganismos-teste. Amostras de padrão dos controles nistatina (antifúngico), na

concentração de 10 µg/disco e do cloranfenicol (antibacteriano), na concentração de

30 µg/disco, foram utilizadas para comparação de resultados. As placas foram

incubadas a 28 ºC por 48 h para leveduras e a 37 ºC por 24 h para bactérias. Os

diâmetros dos halos de inibição foram medidos em milímetros, com o auxílio de uma

régua milimetrada e o valor considerado foi a média aritmética das triplicatas.

Também foi feito o controle do solvente, onde no lugar do extrato foi colocado 5 µL

do solvente nas placas inoculadas com os microrganismos-teste.

Page 31: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

31

4.3.3. Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

Foi utilizado o ensaio de susceptibilidade por microdiluição em caldo para a

determinação da CIM para bactérias (CLSI, 2003a) e leveduras (CLSI, 2002) com

algumas modificações contra todos os microrganismos-teste. Os testes foram

realizados em caldo Müeller-Hinton (CMH). O extrato e suas frações foram

resuspensos em Dimetilsulfóxido (DMSO) e esterilizados por filtração utilizando

membrana de acetato de celulose (0,22 mm). A utilização do DMSO foi realizada

devido ao tempo de evaporação ser maior em relação ao metanol. Foram

preparadas diluições geométricas por poço onde foram colocados 95 µL dos extratos

e suas frações em placas de microtitulação de 96 poços, sendo que o primeiro

continha uma concentração de 21,05 mg.mL-1 e o último, mais diluído, de 0,01

mg.mL-1. Depois de realizadas as diluições em todos os poços, foram adicionados 5

µL a partir da suspensão de bactérias na concentração aproximada de 9,5 X 106

UFC.mL-1 e 5 X 105 UFC.mL-1 para a suspensão de leveduras, totalizando um

volume de 100 µL em cada poço (95 µL do CMH + extrato e 5 µL microrganismo).

As placas foram incubadas a 28 ºC por 48 horas (leveduras) e a 37 ºC por 24 horas

(bactérias). Posteriormente, foram adicionados 50 µL da solução do cloreto de 2,3,5-

trifeniltetrazólio na concentração final de 1,25 mg.poço-1, para análise do

crescimento microbiano nos poços de ensaio e determinação da atividade

antimicrobiana relativa de cada diluição das amostras. Cada teste foi realizado em

triplicata. Diluições do antifúngico nistatina e do antibiótico cloranfenicol, na

concentração estoque de 20 mg.mL-1 e 10 mg.mL-1 respectivamente, foram

utilizadas como controle positivo para fins de comparação de dados entre

experimentos independentes e como indicadores para avaliação relativa do nível de

inibição das amostras testadas. Foram realizados também controles de viabilidade

dos microrganismos testados e da esterililidade do meio de cultura. Neste trabalho

foi considerado como resultados representativos de CIM valores iguais ou inferiores

a 2,63 mg.mL-1 do extrato testado.

A Figura 4 mostra uma ilustração de como foi feito o experimento da

concentração inibitória mínima.

Page 32: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

32

Figura 4 – Figura ilustrativa da montagem da placa de 96 poços para o experimento de determinação

da concentração inibitória mínima dos extratos de G. ulei contra microrganismos patogênicos ao

homem. CMH: Caldo Müeller-Hinton.

4.4. BIOAUTOGRAFIA

As amostras de extrato bruto, fração em acetato de etila e a fração butanólica

foram ressuspendidas em metanol; e as frações em hexano e em diclorometano em

diclorometano, todas na concentração de 100 mg.mL-1. Cerca de 1,0 µL de cada

amostra foram aplicados em uma placa de sílica ALUGRAM® SIL G/UV254 e

ALUGRAM® SIL for TLC, em alumínio (Macherey-Nagel), 2,5x10 cm, para que fosse

realizada a cromatografia em camada delgada (CCD), sempre na ordem: folha, na

esquerda, e caule, na direita. As placas foram eluídas em sistemas de solventes

escolhidos de acordo com a fração e previamente testados. No caso das frações em

hexano e em diclorometano o eluente utilizado foi o sistema de solventes hexano:

acetato de etila (80:20 v/v); o extrato bruto foi colocado no sistema acetato de

etila:metanol:água (10:1,3:1 v/v); e as frações em acetato de etila e butanólica no

sistema acetato de etila:metanol:água:ácido acético glacial (10:1,3:1:0,5 v/v). A

corrida foi realizada partindo de 1 cm do início da placa até 1 cm do seu final. As

CMH + extrato

Extrato 1

Extrato 2

CMH Microrganismo

Extratos 1 e 2 DMSO

Controles:

Page 33: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

33

placas ALUGRAM® SIL G/UV254 foram utilizadas para posterior revelação e as sem

indicador de UV para realização da bioautografia. Este experimento foi feito em

triplicata. Após o término da corrida, as cromatoplacas foram colocadas para secar,

e, em seguida, acondicionadas em placas de Petri (150x20 mm) onde foram vertidos

30 mL do AMH, contendo 1,5 mL das suspensões bacterianas, previamente

padronizadas como citado anteriormente, e 3,0 mL do revelador cloreto de 2,3,5-

trifeniltetrazólio na concentração de 5 mg.mL-1. Essas placas de Petri contendo as

cromatoplacas, o meio de cultura com os microrganismos e corante foram incubadas

a 37° C por 24 horas, no caso de bactérias. As substâncias separadas que

apresentavam atividade antimicrobiana foram reconhecidas por apresentarem halo

de inibição ao redor de suas bandas. O experimento foi realizado em triplicata.

Juntamente com a preparação das placas cromatográficas para bioautografia,

foram feitas placas para que fossem reveladas com reagentes que pudessem

mostrar as classes de metabólitos secundários presentes nas frações. Os reagentes

utilizados foram: (i) Reagente Anisaldeído-Ácido Sulfúrico (AS) – para a revelação de

terpenos, (ii) Reagente Dragendorff com Ácido Clorídrico (DRG) – para a verificação

da presença de alcalóides, (iii) Reagente Liebermann-Burchard (LB) – para

observação da presença de triterpenos e esteróides, (iv) Reagente Hidróxido de

Potássio (KOH) – para revelação de antraquinonas e cumarinas e (v) Reagente

Produtos Naturais - Polietilenoglicol (NP/PEG) – para a observação de flavonóides,

preparados segundo metodologia indicada em Wagner e Bladt (1995) A revelação

foi realizada sob luz UV no espectro de 254 e 365 nm.

Page 34: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

34

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os rendimentos dos extratos brutos e frações da folha e caule da G. ulei

estão descritos na Tabela 1. Os extratos metanólicos brutos da folha e do caule de

G. ulei foram testados contra nove microrganismos entre Gram-positivos, Gram-

negativos e leveduras. Foi observada atividade destes extratos utilizando-se a

metodologia de difusão em disco contra B. cereus CCMB 282 (Figura 5A), S. aureus

CCMB 262 (Figura 5B) e S. aureus CCMB 263. Para B. cereus, as frações do extrato

metanólico apresentaram resultados diferenciados, onde foi observada maior

atividade nas frações do extrato da folha (Tabela 2).

Tabela 1 – Massa obtida, em gramas, e rendimento, em %, dos extratos brutos e frações da folha e

do caule da G. ulei

Extrato ou fração Massa obtida(g) Rendimento (%)

Extrato bruto folha 13,83 9,02

Fração hexano folha 0,9 4,97

Fração diclorometano folha 0,79 4,36

Fração acetato de etila folha 1,03 5,69

Fração butanol folha 3,53 19,50

Extrato bruto caule 17,53 11,94

Fração hexano caule 0,86 4,64

Fração diclorometano caule 0,72 3,88

Fração acetato de etila caule 1,11 5,99

Fração butanol caule 3,13 16,89

Quando realizada a metodologia para obtenção de óleo essencial, foi

observada a inviabilidade desta fase metodológica. De 400 g da folha da espécie em

estudo e após as 3 horas do procedimento foram obtidos menos de 20 µL de óleo

volátil. Portanto, diante deste baixo rendimento, o objetivo de se avaliar a atividade

antimicrobiana do óleo essencial de G. ulei tornou-se inviável neste trabalho.

Page 35: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

35

O teste de difusão em ágar não oferece condições de igualdade para

comparação de substâncias com solubilidade e poder de difusão diferentes. Ser

solúvel em água e o peso molecular das substâncias são fatores que influenciam

nesta difusão (REIS, 2006). Estrela (2000) analisou substâncias com diferentes

capacidades de difusão e dissociação empregando as técnicas de meio líquido e

difusão em ágar, e observou que a primeira seria mais eficaz justamente pela

dificuldade que algumas substâncias têm de difundir em ágar. Assim, no presente

trabalho, pôde-se entender o resultado positivo das frações acetato de etila e

diclorometano pela técnica da difusão em disco do caule contra P. aeruginosa, já

que não se obteve nenhum tipo de atividade contra este microrganismo frente ao

extrato metanólico bruto.

O método de difusão em disco é especialmente bom para determinar o

potencial relativo dos extratos ou de óleos essenciais e para estabelecer seu

espectro antimicrobiano, pois facilita o uso de diferentes linhagens frente ao extrato

(RÍOS; RECIO, 2005).

Segundo Rios e Recio (2005), o método líquido da diluição é a melhor

maneira de se estabelecer a real potência de um composto puro. Por este motivo, no

presente trabalho, foram iniciados os fracionamentos dos extratos brutos

metanólicos das folhas e caules de G. ulei e testados o seu potencial antimicrobiano

através de três metodologias: difusão em disco (Tabela 2), determinação da

concentração inibitória mínima (Tabelas 3 e 4) e bioautografia (Figura 8).

Figura 5 - Atividades do extrato bruto de G. ulei contra B. cereus CCMB 282 (A), S. aureus CCMB

262 (B).

A B

Page 36: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

36

Utilizando-se a mesma metodologia, foi observado que as frações hexano,

diclorometano e acetato de etila, da folha, apresentaram atividade contra S. aureus

CCMB 262 e B. cereus CCMB 282, sendo que a fração diclorometano, além destes,

também apresentou atividade contra S. aureus CCMB 263. A fração hexano do

caule apresentou atividade somente contra S. aureus CCMB 262, enquanto as

frações diclorometano e acetato de etila apresentaram contra S. aureus CCMB 262,

B. cereus CCMB 282 e P. aeruginosa CCMB 268, nas condições aplicadas. A fração

butanol não apresentou atividade contra nenhum dos microrganismos testados

(Tabela 2).

Page 37: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

37

Tabela 2

- M

édi

a do

s di

âmet

ros

dos

hal

os d

e in

ibiç

ão d

o cr

esc

imen

to m

icro

bia

no

pelo

te

ste

de

difu

são

em

dis

co,

em m

m,

do

s e

xtra

tos

met

anó

lico

s e

de s

uas

fra

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da

folh

a e

do

cau

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e G. ulei (

Mol

lug

inac

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) co

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an

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test

es

R=

Resi

stente

(não h

ouv

e dese

nvol

vim

ent

o na z

ona

de

inib

ição n

a c

once

ntra

ção

test

ada),

N

/A =

não

se a

plic

a

± =

Des

vio p

adrã

o

Diâmetro do halo de inibição (mm) das frações metanólicas

Microrganismo

Folha

Caule

Controles

Ext.

bruto

Hexano

Dicloro-

metano

Acetato

de etila

Butanol

Ext.

bruto

Hexano

Dicloro-

metano

Acetato

de etila

Butanol

Cloranfe

nicol

Nistatina

E. coli

CCMB 261

0 0

0 0

0 0

0

0 0

0

9,8

±

1,7

N

/A

E. coli

CCMB 284

0 0

0 0

0 0

0

0 0

0

R

N/A

S. aureus

CCMB 262

6,0

±0

1,0

±0

4,3±

0,0

8

6,6

±1,3

0

7,3

±1,

3 1,

3±0,

3 1,

0±0

1,

0±0

0

16,

6±2

,2

N

/A

S. aureus

CCMB 263

4,0

±0

0 4,

0±0

0

0 3

,3±

0,2

0 0

0 0

R

N

/A

Salmonella sp.

CCMB 281

0 0

0 0

0 0

0

0 0

0

7±0

N/A

B. cereus

CCMB 282

6,0

±0

1,0

±0

5,0

±1

5,0

±1

0 0

0

1,0

±0

1,6±

0,3

0

7±0

N/A

P. aeruginosa

CCMB 268

0 0

0 0

0 0

0

1,0

±0

1,3±

1,3

0

2,5

±0,

9

N/A

C. albicans

CCMB 286

0 0

0 0

0 0

0

0 0

0

N/A

11

,5±

0,9

C. parapsilosis

CCMB 288

0 0

0 0

0 0

0

0 0

0

N/A

10

,6±

0,9

Page 38: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

38

Solventes com diferentes polaridades são utilizados visando uma semi-

purificação de suas substâncias. O intuito é de localizar princípios ativos que

apresentem efeitos biológicos de interesse, onde posteriormente devem ser

submetidos para isolamento e purificação desses compostos (CHECHINEL

FILHO; YUNES, 1998). Tadeg et al. (2005), ao investigar a atividade

antimicrobiana de frações em éter de petróleo, clorofórmio, acetona e metanol

de Lippia adoensis e Olinia rochetiana observou que esta atividade diminuiu

com o aumento da polaridade dos solventes, indicando que os compostos

ativos antibacterianos e antifúngicos dos extratos estão em concentrações mais

elevadas nas frações apolares. No presente trabalho os resultados coincidiram

com os resultados encontrados por Tadeg et al. (2005), pois não foi observada

nenhum tipo de atividade com a fração em butanol, fração mais polar, e os

melhores resultados foram obtidos com o extrato bruto e frações em hexano e

diclorometano da folha e caule, mais apolares.

Sartori, em 2005, obteve resultados com a espécie Acmela brasiliensis

SPRENG (Asteraceae), tanto com extrato bruto como com as frações hexano,

diclorometano, acetato de etila e butanol, que apresentaram atividade contra B.

cereus, S. aureus, Staphylococcus saprophyticus e Streptococcus agalactiae.

Degáspari; Waszczynskyj; Prado (2005), também apresentaram resultados de

sensibilidade antimicrobiana de extratos aquoso e alcoólico dos frutos da

espécie Schinus terebenthifolius Raddi, frente S. aureus e B. cereus. Kummar

et al. (2006), apresentam resultados de 61 espécies vegetais de diferentes

famílias, sendo que,os extratos brutos, extraídos em diclorometano e metanol

(1:1 v/v), de 28 espécies demonstraram atividade contra pelo menos um dos 14

microrganismos testados, dentre eles B. cereus, P. aeruginosa, S. aureus, E.

coli, C. albicans e Micrococcus luteus.

Existem alguns casos relatados onde o extrato bruto da espécie

vegetal tenha apresentado comportamento inativo diante dos microrganismos,

embora quando suas substâncias são analisadas isoladamente apresentam

boa atividade, como é o caso da Cynara scolymus (alcachofra) (SIXEL;

PECINALLI, 2005). Segundo Sixel; Pecinalli (2005) isso acontece porque os

extratos totais contêm saponinas, polifenóis e outros que são considerados

Page 39: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

39

sem efeitos e podem influenciar na absorção do verdadeiro princípio ativo.

Pode haver dificuldade em lidar com a abordagem reducionista no estudo

sobre as propriedades curativas das plantas medicinais, como o fato de que

algumas plantas com atividade terapêutica reconhecidamente, não apresentam

a mesma atividade em nenhuma das frações de seus extratos. Isto se deve à

complexa rede de sinergismos e antagonismos entre as diversas substâncias

que compõe a planta e que lhe conferem um determinado poder curativo

(VASCONCELLOS et al., 2002).

No geral, neste trabalho, o resultado de inibição do crescimento

microbiano obtido pela metodologia de CIM corroborou os resultados da

difusão em disco para os microrganismos S. aureus CCMB 262, S. aureus

CCMB 263 e B. cereus CCMB 282, pois foram eles os que tiveram formação do

halo de inibição ao redor do disco e também as menores CIMs (menores ou

iguais a 1,32 mg.mL-1) para os extratos vegetais testados (Tabelas 2, 3 e 4). A

bactéria Gram-negativa P. aeruginosa apresentou-se sensível às frações de

diclorometano e acetato de etila do caule pela metodologia da difusão em

disco. Os microrganismos que sofreram maior inibição foram as bactérias

Gram-positivas S. aureus CCMB 262, S. aureus CCMB 263 e B. cereus CCMB

282 (Tabelas 3 e 4). Segundo Loguercio et al. (2005), as diferenças de

atividade contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas parecem derivar

da constituição da parede celular bacteriana e dos constituintes do extrato

vegetal. Autores como Khan; Kihara; Omoloso (2001) e Srinavasan et al.

(2001), afirmam existir uma relação entre o teor de taninos e a atividade contra

bactérias Gram-positivas, que têm estrutura celular mais rígida, parede celular

quimicamente menos complexa e menor teor lipídico do que as Gram-

negativas.

Diferente dos resultados do teste de difusão em disco, os resultados da

concentração inibitória mínima, demonstraram que todas as amostras

apresentaram atividade contra todos os microrganismos (Tabelas 3 e 4) nas

condições testadas. A técnica em meio líquido permite uma maior difusão dos

compostos devido ao aumento da solubilidade (REIS, 2006). Na Figura 6 são

mostradas algumas fotos das CIM realizadas.

Page 40: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

40

Foi realizado o controle do solvente (DMSO) que apresentou inibição

do crescimento microbiano na diluição correspondente a 5,26 mg.mL-1 do

extrato. Por este motivo, foram considerados como resultados representativos

de CIM valores iguais ou inferiores a 2,63 mg.mL-1 do extrato testado.

Os resultados mais representativos foram os do extrato metanólico, tanto

da folha como do caule, contra B. cereus CCMB 282, que inibiu o crescimento

deste microrganismo na concentração de 0,08 mg.mL-1; a fração hexano, de

ambas as partes da planta, inibiu o crescimento do S. aureus CCMB 262 na

concentração de 0,33 mg.mL-1; a fração diclorometano, de ambas as partes,

inibiu a crescimento do S. aureus CCMB 263 na concentração 0,66 mg.mL-1; a

fração acetato de etila, de ambas as partes da planta, inibiu o crescimento do

S. aureus CCMB 262 na concentração de 1,32 mg.mL-1. Em geral, os

resultados das CIMs apresentaram-se semelhantes para folha e caule, com

exceção para o extrato metanólico bruto e a fração diclorometano contra S.

aureus CCMB 262, onde as amostras da folha apresentaram melhor resultado.

Para a fração hexano contra E. coli CCMB 261 e P. aeruginosa CCMB 268, a

amostra da folha apresentou melhor resultado para a primeira bactéria e a

amostra do caule para a segunda, enquanto que a fração acetato de etila

contra S. aureus CCMB 263 e C. parapsilosis CCMB 288 foram os

microrganismos sobre o qual as amostras da folha apresentaram melhor

resultado. Segundo Raven; Evert e Curtis (2001), os compostos secundários

não estão uniformemente distribuídos pela planta, sendo freqüentemente

sintetizados em uma parte da planta e armazenados em outra.

Com relação aos resultados do extrato bruto e frações da folha

referentes a um microrganismo pela determinação da CIM, foi possível verificar

que o resultado de maior relevância foi contra S. aureus CCMB 262, onde o

extrato bruto e as frações em hexano, diclorometano e acetato de etila

conseguiram inibi-lo em concentrações significativas (1,32 mg.mL-1; 0,33

mg.mL-1; 1,32 mg.mL-1 e 1,32 mg.mL-1, respectivamente). Também foi

observado um bom resultado contra o microrganismo S. aureus CCMB 263,

pelo extrato bruto (1,32 mg.mL-1), a fração em hexano (0,66 mg.mL-1) e a

fração em diclorometano (0,66 mg.mL-1). Para o B. cereus CCMB 282, o

melhor resultado obtido foi com o extrato bruto, na concentração de 0,08

Page 41: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

41

mg.mL-1, porém também foram bem ativas as frações em hexano (0,66 mg.mL-

1) e diclorometano (0,66 mg.mL-1). Fora os resultados acima demonstrados, o

extrato bruto apresentou resultados semelhantes contra E. coli CCMB 261, E.

coli CCMB 284 e Salmonella sp. CCMB 281; assim como foram semelhantes

também contra P. aeruginosa CCMB 268 e as leveduras. A fração hexano

apresentou resultados semelhantes contra as duas cepas de E. coli e as

leveduras, diferindo apenas contra Salmonella sp. CCMB 281 e P. aeruginosa

CCMB 268. A fração diclorometano apresentou resultados semelhantes para

as duas cepas de E. coli e contra Salmonella sp. CCMB 281, diferindo apenas

contra P. aeruginosa CCMB 268. A fração acetato de etila apresentou

resultados semelhantes contra as duas cepas de E. coli, S. aureus CCMB 263,

B. cereus CCMB 282 e P. aeruginosa CCMB 268, diferindo contra Salmonella

sp. CCMB 281. A fração butanol apresentou uma atividade moderada, tendo

um resultado melhor frente às bactérias B. cereus CCMB 282 e P. aeruginosa

CCMB 268 (2,63 mg.mL-1 para ambas). Quanto às leveduras não houve

diferenciação entre os resultados do extrato bruto da folha e suas frações, com

exceção da fração butanol contra C. parapsilosis CCMB 288, que foi maior

(5,26 mg.mL-1).

Com relação aos resultados do extrato bruto e frações do caule,

podemos verificar que são bem semelhantes aos resultados com os do extrato

e frações da folha, com algumas exceções nos resultados da fração hexano

contra os microrganismos E. coli CCMB 261, onde foi maior (5,26 mg.mL-1), e

P. aeruginosa CCMB 268, que foi menor (2,63 mg.mL-1); do extrato bruto e da

fração diclorometano contra S. aureus CCMB 262, ambos maiores (2,63

mg.mL-1), e da fração acetato de etila contra S. aureus CCMB 263 e C.

parapsilosis CCMB 288, ambos maiores (5,26 mg.mL-1).

Page 42: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

42

Figura 6: Fotografia das placas de microdiluição contendo os resultados da concentração

inibitória mínima do extrato metanólico bruto de G. ulei contra B. cereus CCMB 282 (A), C.

albicans CCMB 288 (B) e Salmonella sp. CCMB 281 (C); da fração em acetato de etila contra

C. albicans CCMB 286 (D) e Salmonella sp. CCMB 281 (F); da fração em butanol contra

Salmonella sp. CCMB 281 (E); da fração em diclorometano contra B. cereus CCMB 282 (G), S.

aureus CCMB 263 (H).

A

C

B

D

E F

G H

Page 43: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

43

Figura 6 (continuação): Fotografia das placas de microdiluição contendo os resultados da

concentração inibitória mínima da fração em diclorometano contra C. albicans CCMB 288 (I); da

fração em hexano contra S. aureus CCMB 262 (J), S. aureus CCMB 263 (L) e B. cereus CCMB

282 (M); da fração em butanol contra C. albicans CCMB 286 (N), B. cereus CCMB 282 (O).

I J

L M

N O

Page 44: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

44

Tabela 3 - Resultados da Concentração Inibitória Mínima (CIM), em mg.mL-1, do extrato bruto

metanólico da folha de G. ulei (Molluginaceae) e suas frações

CIM do extrato e frações da folha (mg.mL-1)

Microrganismos Extrato Bruto

Hexano Dicloro- metano

Acetato de etila

Butanol Cloranfenicol Nistatina

E. coli CCMB 261

5,26 2,63 5,26 2,63 5,26 10 N/A

E. coli CCMB 284

5,26 2,63 5,26 2,63 5,26 10 N/A

S. aureus CCMB 262

1,32 0,33 1,32 1,32 5,26 0,078 N/A

S. aureus CCMB 263

1,32 0,66 0,66 2,63 5,26 0,313 N/A

Salmonella sp. CCMB 281

5,26 5,26 5,26 5,26 5,26 0,313 N/A

B. cereus CCMB 282

0,08 0,66 0,66 2,63 2,63 0,313 N/A

P. aeruginosa CCMB 268

2,63 10,53 2,63 2,63 2,63 5 N/A

C. albicans CCMB 286

2,63 2,63 2,63 2,63 2,63 N/A 1,25

C. parapsilosis CCMB 288

2,63 2,63 2,63 2,63 5,26 N/A 2,5

N/A – não se aplica Tabela 4 - Resultados da Concentração Inibitória Mínima (CIM), em mg.mL-1, com o extrato bruto metanólico do caule de G. ulei (Molluginaceae) e suas frações CIM do extrato e frações do caule (mg.mL-1)

Microrganismos Extrato bruto

Hexano Dicloro- metano

Acetato de etila

Butanol Cloranfenicol Nistatina

E. coli CCMB 261

5,26 5,26 5,26 2,63 5,26 10 N/A

E. coli CCMB 284

5,26 2,63 5,26 2,63 5,26 10 N/A

S. aureus CCMB 262

2,63 0,33 2,63 1,32 5,26 0,078 N/A

S. aureus CCMB 263

1,32 0,66 0,66 5,26 10,53 0,313 N/A

Salmonella sp. CCMB 281

5,26 5,26 5,26 5,26 5,26 0,313 N/A

B. cereus CCMB 282

0,08 0,66 0,66 2,63 2,63 0,313 N/A

P. aeruginosa CCMB 268

2,63 2,63 2,63 2,63 2,63 5 N/A

C. albicans CCMB 286

2,63 2,63 2,63 2,63 2,63 N/A 1,25

C. parapsilosis CCMB 288

2,63 2,63 2,63 5,26 5,26 N/A 2,5

N/A – não se aplica

Page 45: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

45

No presente trabalho, como o controle do DMSO na CIM apresentou

atividade antimicrobiana, é possível que a inibição do crescimento microbiano

possa ter sofrido interferência deste solvente. Não podemos descartar a

possibilidade do DMSO ter causado efeito potencializador da atividade

antimicrobiana do(s) composto(s) do extrato (RIBEIRO; CARVALHO FILHO;

LISTONI, 2001; HERSCHLER 1970). Na literatura encontram-se trabalhos que

descrevem a ação permeante do DMSO em membranas biológicas (JACOB,

1982 apud RIBEIRO; CARVALHO FILHO; LISTONI, 2001), bem como sua

utilização como potencializador de drogas antibacterianas, antifúngicas,

antivirais e antiparasitárias (POOTZ et al., 1967; BRAYTON, 1986 apud

RIBEIRO; CARVALHO FILHO; LISTONI, 2001). Por isso, no presente estudo,

foram considerados como resultados representativos de CIM valores iguais ou

inferiores a 2,63 mg.mL-1 do extrato testado, ou seja,concentrações menores

ou iguais ao observadas para o DMSO, equivalente a 5,26 mg.mL-1 na

determinação da CIM.

Também foram realizados testes de bioautografia dos extratos brutos e

frações das folhas e caules, e os constituintes nas placas cromatográficas

foram visualizados sob UV e com reveladores químicos, sendo os resultados

analisados segundo Wagner e Bladt (1995). As placas cromatográficas

reveladas para a verificação da presença de alcalóides com o reagente

Dragendorff com Ácido Clorídrico (DRG) e para verificação de antraquinonas e

cumarinas com hidróxido de potássio (KOH) apresentaram-se negativas para

todos os extratos testados. As placas reveladas com o reagente Anisaldeído-

Ácido Sulfúrico (AS) indicaram a presença de terpenos e esteróides em todas

as frações, pela presença de manchas violeta, rosa e amarelas, conforme

exemplificado na figura 7A para a fração em hexano. A visualização das placas

com o reagente de Liebermann-Burchard (LB) entretanto indica a presença de

triterpenos em todas as frações, com manchas entre rosa e vermelha, e de

esteróides apenas nas frações do caule e folha em hexano e butanol, com

manchas verdes a azuis. Para a observação de flavonóides foi utilizado o

revelador de Produtos Naturais-Polietilenoglicol (NP/PEG) com resultados

positivos para as frações em diclorometano, acetato de etila e butanol, com

manchas amarelas ou amarelas esverdeadas fluorescentes sob a luz com

Page 46: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

46

comprimento de onda de 365 nm. A presença de ácidos fenólicos é sugerida

nas frações em hexano e acetato de etila do caule e folhas pela presença de

manchas com coloração azul fluorescente (Figura 7B e C).

Figura 7: Fotografia das placas cromatográficas com as frações em hexano (A e B), acetato de

etila (C) da folha (1) e do caule (2), visualizadas com revelador AS (A), seguido por

aquecimento a 100°C e com revelador NP/PEG sob luz UV no espectro de 365 nm (B) e (C).

A B

C

1 2

Page 47: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

47

Figura 8 - Bioautografia referente às frações diclorometano (A, B, C) e hexano (D) frente aos

microrganismos B. cereus (A), S. aureus CCMB 262 (B e D) e S. aureus CCMB 263 (C).

Nos ensaios bioautográficos realizados com o extrato bruto e as frações

da G. ulei (Figura 8) observou-se inibição de três das bactérias avaliadas, B.

cereus, S. aureus CCMB 262 e S. aureus CCMB 263, com formação das

manchas (halos) de inibição, apenas para as frações em hexano e

diclorometano. As frações que não foram ativas pela bioautografia,

apresentaram maiores valores de CIM. Isso pode acontecer devido à diferença

de sensibilidade entre os métodos microbiológicos, como foi mostrado no

trabalho de Valgas et al. (2007). A presença de atividade nas frações e não no

extrato bruto pode ser explicada devido a quantidade dos compostos ativos que

estão mais concentrados nas frações.

Os compostos fenólicos de fontes vegetais podem se divididos em dois

grupos: os flavonóides e os não flavonóides, sendo que ambos são metabólitos

secundários presentes em frutas e vegetais. Muitos destes compostos

apresentam uma grande gama de efeitos biológicos, incluindo ações

A B C D

Page 48: avaliação da atividade antimicrobiana do extrato bruto e suas

48

antioxidantes, antimicrobiana, antiinflamatória e vasodilatadora, apresentando

também diversas funções de defesa para as plantas, não somente contra

agentes do meio ambiente (luz, temperatura e umidade), mas para fatores

internos incluindo diferenças genéticas, nutrientes, hormônios, contribuindo

para a sua síntese (DEGÁSPARI; WASZCZYNSKYJ; PRADO, 2005; SOUZA e

SILVA, 2008).

Os terpenos e esteróis são elaborados a partir dos mesmos precursores,

constituindo um amplo conjunto de metabólitos secundários. Grande parte dos

terpenos ocorre nas plantas, porém não são exclusivos deste grupo. Não existe

diferença fundamental entre os triterpenos e os esteróis, considerando-se estes

últimos como triterpenos tetracíclicos que perderam, no mínimo, três metilas. A

importância biológica dos esteróides é reconhecida, e apenas algumas células

como bactérias podem desenvolver-se em sua ausência. Seu interesse

terapêutico se dá pela importância dos glicosídeos cardiotônicos que fazem

parte desse grupo; interesse por sitosterol, estigmasterol, saponinas

espirostânicas, que servem de matéria-prima para anticonceptivos,

anabolizantes, antiinflamatórios, entre outras (FRACARO, 2004).

Com os resultados obtidos no presente trabalho, verificou-se que a

espécie vegetal estudada, G. ulei, possui potencial antimicrobiano

considerável, uma vez que seu potencial inibitório foi bastante representativo

para alguns dos microrganismos testados principalmente S. aureus e B.

cereus. Estes resultados contribuirão para um maior conhecimento científico

sobre a planta e poderão também servir de base informativa para a elaboração

de um novo medicamento fitoterápico. Para isso, são necessários maiores

estudos no intuito de isolar e purificar, o(s) princípio(s) ativo(s) responsável (is)

por essa atividade, bem a verificação de sua toxicidade.

Os resultados do presente trabalho demonstraram a importância dos

extratos das plantas na busca de novos agentes antimicrobianos. Vale ressaltar

que os resultados se reportam à atividade de um extrato composto por uma

mistura de várias substâncias. Diferenças na composição dos extratos brutos

podem ser vistas como um aspecto determinante da ação antimicrobiana.

Outro ponto importante é que foram utilizadas metodologias diferentes, sendo

possível fazer uma comparação entre os métodos, sendo assim verificado qual

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49

deles melhor demonstra a atividade antimicrobiana do extrato estudado

(ORLANDO, 2005).

Este é o primeiro trabalho na literatura sobre a atividade antimicrobiana

in vitro e do estudo fitoquímico de G. ulei, espécie vegetal endêmica da região

de Dunas do Rio São Francisco, região de Pilão Arcado, BA.

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6 CONCLUSÕES

Através dos resultados obtidos foi possível chegar às seguintes

conclusões:

� O extrato metanólico bruto e suas frações apresentaram atividade

antimicrobiana contra as duas linhagens de S. aureus (CCMB 262 e

CCMB 263), B. cereus CCMB 282 e P. aeruginosa CCMB 268

testadas neste trabalho pelo método de difusão em disco;

� O extrato e suas frações apresentaram atividade contra todos os

microrganismos utilizando-se o método da Concentração Inibitória

Mínima, demonstrando maior sensibilidade desta técnica; sendo que

os resultados obtidos pela CIM (organismos mais sensíveis)

corroboraram com os achados da metodologia da difusão em disco;

� Pela técnica do CIM o extrato bruto e suas frações demonstraram

atividade, com concentrações variando de 0,08 a 10,53 mg.mL-1,

sendo mais eficientes contra B. cereus CCMB 282 e contra as duas

linhagens de S. aureus estudadas.

� O estudo bioautográfico sugere a presença de terpenos e flavonóides

com atividade antimicrobiana.

� Os resultados obtidos neste trabalho apontam o potencial

antimicrobiano de G. ulei, planta endêmica da região de Dunas de

São Francisco (Pilão Arcado, BA), porém outros trabalhos deverão

ser realizados para a complementação destes estudos e aplicações,

com isolamento dos possíveis agentes antimicrobianos.

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