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AVALIAÇÃO DA MORFOLOGIA E RESISTÊNCIA DE UNIÃO DE UMA CERÂMICA DE DISSILICATO DE LÍTIO A.O. Cruz 1,a; T.C.F. Melo-Silva1,2,b; C.L. Melo-Silva1,2,c; A.B.Teixeira1,d; ; C.F. Carvalho1,2,e; J.P. Gouvêa1,f; E. C. Carvalho1,g; A.S. Carvalho1,h 1 Universidade Federal Fluminense, R. 12 - Vila Santa Cecília, Volta Redonda- RJ, Brazil. 2 UniFOA, Avenida Paulo Erlei Alves Abrantes, 1325 - Três Poços, Volta Redonda- RJ, Brazil. a[email protected], b[email protected], c[email protected], d[email protected], e[email protected], f[email protected], g[email protected], h[email protected] RESUMO O objetivo do estudo foi avaliar a morfologia da superfície e resistência de união de uma cerâmica de dissilicato de lítio, variando a concentração e o tempo de aplicação do ácido. Amostras foram submetidas a tratamento de superfície: G1- controle; G2- ácido fluorídrico 5% - 20 seg; G3- ácido fluorídrico 5% - 40 seg; G4- ácido fluorídrico 10% - 20 seg e G5- ácido fluorídrico 10% - 40 seg. Para análise morfológica as amostras foram analisadas no MEV e para resistência de união foi realizado ensaio de cisalhamento. A análise morfológica mostrou que ambos os tempos e concentrações do ácido fluorídrico foram capazes de promover a dissolução da matriz vítrea e exposição dos cristais da cerâmica. O ensaio de cisalhamento não mostrou diferenças estatísticas. Quanto a análise morfológica houve pequena diferença entre as amostras tratadas, o ácido fluorídrico a 10% promoveu uma maior rugosidade superficial, consequentemente uma melhor retenção micromecânica. Palavras chave: Cerâmicas; Análise morfológica; Ensaio Cisalhamento INTRODUÇÃO A odontologia está vivenciando uma nova era, onde a estética é soberana. O primeiro relato de utilização das cerâmicas em odontologia descreveu a 60º Congresso Brasileiro de Cerâmica 15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP 1693

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AVALIAÇÃO DA MORFOLOGIA E RESISTÊNCIA DE UNIÃO DE UMA

CERÂMICA DE DISSILICATO DE LÍTIO

A.O. Cruz 1,a; T.C.F. Melo-Silva1,2,b; C.L. Melo-Silva1,2,c; A.B.Teixeira1,d; ; C.F. Carvalho1,2,e; J.P. Gouvêa1,f; E. C.

Carvalho1,g; A.S. Carvalho1,h

1 Universidade Federal Fluminense, R. 12 - Vila Santa Cecília, Volta Redonda- RJ, Brazil.

2 UniFOA, Avenida Paulo Erlei Alves Abrantes, 1325 - Três Poços, Volta Redonda- RJ, Brazil.

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected]

RESUMO

O objetivo do estudo foi avaliar a morfologia da superfície e resistência de

união de uma cerâmica de dissilicato de lítio, variando a concentração e o

tempo de aplicação do ácido. Amostras foram submetidas a tratamento de

superfície: G1- controle; G2- ácido fluorídrico 5% - 20 seg; G3- ácido fluorídrico

5% - 40 seg; G4- ácido fluorídrico 10% - 20 seg e G5- ácido fluorídrico 10% -

40 seg. Para análise morfológica as amostras foram analisadas no MEV e para

resistência de união foi realizado ensaio de cisalhamento. A análise

morfológica mostrou que ambos os tempos e concentrações do ácido

fluorídrico foram capazes de promover a dissolução da matriz vítrea e

exposição dos cristais da cerâmica. O ensaio de cisalhamento não mostrou

diferenças estatísticas. Quanto a análise morfológica houve pequena diferença

entre as amostras tratadas, o ácido fluorídrico a 10% promoveu uma maior

rugosidade superficial, consequentemente uma melhor retenção

micromecânica.

Palavras chave: Cerâmicas; Análise morfológica; Ensaio Cisalhamento

INTRODUÇÃO A odontologia está vivenciando uma nova era, onde a estética é soberana.

O primeiro relato de utilização das cerâmicas em odontologia descreveu a

60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP

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fabricação de dentes para prótese total pelo dentista Nicholas Dubois e pelo

químico Alexis Duchateau em 1774 (1). As cerâmicas feldspáticas foram as

primeiras a serem confeccionadas em alta fusão, porém com baixa resistência

sendo um propulsor para a procura de elementos que reforçassem sua

estrutura sem perder as características estéticas. Buscando melhorar as

características de resistência, as cerâmicas feldspáticas foram reforçadas por

leucita, recebendo a indicação de uso para facetas laminadas, inlays e onlays.

Esse reforço teve reflexo em suas características mecânicas, porém essas

cerâmicas ainda apresentam resistência flexural de apenas 180 Mpa, o que

representa uma resistência menor do que as apresentadas pela incorporação

de dissilicato de lítio ou óxido de zircônia (1). A adição de cristais de dissilicato

de lítio dispersos em uma matriz vítrea de forma interlaçada na estrutura das

cerâmicas feldspáticas favoreceu suas propriedades mecânicas. A sua

resistência flexural passou a se aproximar de 400 Mpa e não houve prejuízos

estéticos (19). Dentre as cerâmicas comercializadas atualmente encontram-se

os sistemas vítreos reforçados por dissilicato de lítio, que possuem em sua

microestrutura 40% de lítio, em forma de cristais de metassilicato inseridos em

uma fase vítrea. Esses sistemas buscam reproduzir a naturalidade da estrutura

dentária, proporcionando boas propriedades mecânicas e translucidez,

garantindo uma restauração indireta com boa estética e resistência,

características importantes uma vez que sua indicação engloba tanto dentes

anteriores como posteriores (13). O sistema de cerâmica vítrea de dissilicato de

lítio utilizado nesse estudo é composto por pastilhas e combina a técnica da

cera perdida e o sistema de injeção. A temperatura de plastificação das

pastilhas é entre 915ºC e 920ºC, e quando alcançada a cerâmica é

pressionada por um êmbolo sobre um molde em condições de vácuo e

pressão.

Dentre os sistemas disponíveis, destaca-se o sistema IPS e.Max, que tem

se apresentado como uma excelente alternativa, devido à possibilidade de

reproduzir a naturalidade da estrutura dentária. A cerâmica de recobrimento

consiste em uma cerâmica de baixa fusão, à base de apatita e nanopartículas,

que garantem o biomimetismo com a estrutura dentária.

MATERIAIS

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Os materiais utilizados neste trabalho são marcas comerciais, adquiridos

no comércio especializado. Dentre eles: IPS E.max Press - Pastilhas de

cerâmica vítrea de dissilicato de lítio; Ácido fluorídrico a 5% - Power Cetching -

BM4; Ácido fluorídrico a 10% - Power Cetching - BM4; Ácido Fosfórico a 37% -

Condac 37 – FGM; Silano – Agente de união Prosil – FGM; Adesivo – Single

Bond Universal – 3M ESPE; Cimento Resinoso Relyx ARC - 3M ESPE.

MÉTODOS

Preparo das amostras da vitrocerâmica IPS e.max®

Foram confeccionados 35 pastilhas cilíndricas de vitrocerâmica de

dissilicato de lítio, IPS e-max Press LT cor A3, medindo 9 mm de diâmetro e 2

mm de espessura a partir de um padrão de cera que foi incluído com

revestimento à base de fosfato IPS PressVest Speed (19). Após a presa, o

bloco foi levado ao forno elétrico (EDG Equipamentos e Controles Ltda),

aquecido até a temperatura de 850°C e mantido por 90 minutos para

eliminação da cera. O bloco foi retirado do forno e 2 pastilhas da cerâmica IPS

E.max Press (19) foram posicionadas no conduto, juntamente com o êmbolo de

óxido de alumínio e levado ao forno EP600 (19). O conjunto foi mantido por 20

minutos a 915°C, seguido de pressão com 5 bar por 15 minutos.

O forno foi desligado e quando o bloco de revestimento atingiu a temperatura

ambiente, as amostras foram retiradas seccionando-se o bloco de revestimento

ao meio. Receberam jateamento com partículas de óxido de alumínio de 50 μm

(Oxyker Dry), com pressão inicial de 4 bar e posteriormente 2 bar para

remoção do revestimento em contato com as amostras. Submetidas à limpeza

em cuba ultrassônica com água destilada por 10 minutos e secas com jato de

ar. A seguir, os discos cerâmicos foram lixados, utilizando lixas de papel com

granulação 600, 800 e 1200, para obtenção de uma superfície com textura

uniforme. O grupo controle (n=7) foi avaliado em microscópio ótico (Leica) até

ser verificada a lisura da superfície. As amostras foram submetidas à análise

de rugosidade no microscópio confocal (Carl Zeiss LSM 700) e obtido a

rugosidade média (Ra). A partir deste valor de rugosidade, todas as outras

amostras também foram avaliadas no microscópio ótico (Leica), até atingir o

mesmo padrão de textura. Avaliadas também no microscópio confocal (Carl

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Zeiss). Após o polimento, as amostras foram novamente limpas em cuba

ultrassônica, com água destilada por 10 minutos.

Separadas as amostras do grupo controle (n=7), as demais amostras

foram divididas em dois grupos experimentais, a metade destas (n=14) foi

condicionada com ácido fluorídrico a 5%, segundo os tempos de 20 segundos

(n=7) e 40 segundos (n=7). A outra metade (n=14) foi condicionada com ácido

fluorídrico a 10%, seguindo os mesmos tempos de condicionamento. Para

remoção do ácido da superfície das amostras, nas duas concentrações e nos

dois tempos experimentais, estas foram submetidas a um tipo de tratamento:

lavadas em água corrente por 30 segundos e limpas em cuba ultrassônica em

água destilada por 5 minutos (n=28). A seguir foram secas com jato de ar, livre

de óleo, por 15 segundos. O Qudro 2 demonstra a distribuição dos grupos

experimentais, de acordo com os tratamentos de superfície das amostras.

Quadro 2 - Grupos experimentais, segundo tratamento de superfície da

cerâmica e.max (19)

Grupos Tratamento

Controle (n=7) Sem condicionamento ácido

5% 20s US (n=7)

Condicionamento com AF 5% por 20 segundos, lavadas em

água corrente por 30 segundos e limpas em cuba ultrassônica

por 5 minutos.

5% 40s US (n=7)

Condicionamento com AF 5% por 40 segundos, lavadas em

água corrente por 30 segundos e limpas em cuba ultrassônica

por 5 minutos.

10% 20s US

(n=7)

Condicionamento com AF 10% por 20 segundos, lavadas em

água corrente por 30 segundos e limpas em cuba ultrassônica

por 5 minutos.

10% 40s US

(n=7)

Condicionamento com AF 10% por 40 segundos, lavadas em

água corrente por 30 segundos e limpas em cuba ultrassônica

por 5 minutos.

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As amostras foram metalizadas a ouro para análise morfológica da

superfície no microscópio eletrônico de varredura, além de serem preparadas

para o teste de cisalhamento.

Técnica da microscopia eletrônica de varredura das amostras dos

grupos experimentais.

Após análise da rugosidade média, as mesmas amostras (n=3) foram

montadas em stubs e metalizadas com uma camada de 0,5 µm de ouro, no

metalizador e levadas para avaliação qualitativa da morfologia no Microscópio

Eletrônico de Varredura (EVO MA 10, Carl ZEISS).

As imagens foram obtidas por feixe de elétrons secundários, com tensão

de aceleração entre 5 e 8 kV e distância de trabalho variando entre 8,5 e 9,5

mm.

Ensaio mecânico de cisalhamento

O ensaio de cisalhamento com auxilio de uma alça de fio ortodôntico é

preferível, pois ocorre uma redução na concentração de tensões próxima a

interface, sob a qual é submetida uma força de tração para avaliar a resistência

de união de um cimento resinoso à vitrocerâmica. (2).

Para o experimento, as quatro amostras de cada grupo das cerâmicas,

foram embutidas em resina acrílica autopolimerizável, antes do tratamento de

superfície.

As amostras embutidas foram cobertas por silicone de adição - base

pesada Futura (DFL), com uma espessura de aproximadamente 2 mm. Após a

presa do silicone, o formato das amostras cerâmicas foi marcado no molde e

utilizando um perfurador de couro, foram realizadas 3 perfurações com 2 mm

de diâmetro em cada amostra cerâmica.

Nas amostras do grupo controle e dos grupos experimentais após cada

tratamento de superfície, foi aplicado o silano Prosil (FGM) por 1 minuto, secas

com ar, isento de óleo, por 15 segundos, a seguir aplicado o adesivo Single

Bond Universal (3M ESPE) por 30 segundos, seco com ar por 15 segundos a

uma distância de aproximadamente 30 cm, para evaporação do solvente.

O cimento resinoso dual RelyX arc (3M ESPE) foi dispensado sobre uma

placa de vidro, manipulado, levado a uma ponta agulha da seringa centrix

(DFL) e as perfurações foram preenchidas. Após remoção dos excessos cada

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amostra de cerâmica, com três preenchimentos, foi fotopolimerizada por 40

segundos, utilizando um aparelho fotopolimerizador de LED VALO Cordless

(Ultradent), no modo potência Xtra, com 3200 mW/cm2. A seguir o molde de

silicone foi recortado. Nova fotopolimerização por 40 segundos foi realizada

sobre os pinos de cimento resinoso, com a mesma potência e aparelho

fotopolimerizador. As amostras foram armazenadas em umidade relativa, para

realização do ensaio de resistência ao cisalhamento 24 horas após.

Para o ensaio de cisalhamento foi utilizada uma máquina universal para

ensaios mecânicos EMIC, com célula de carga de 20 Kgf e velocidade de

deslocamento de 0,5mm / minuto. As amostras foram presas na parte inferior

da máquina de ensaio por intermédio de uma garra auto travante por efeito de

alavanca (EMIC). Na parte superior da máquina de ensaio foi utilizado uma

garra de aperto pneumático para ensaios de tração em fios (EMIC), por onde

passava um fio de aço nº 0,3 mm, na forma de uma alça, que, contornando o

cilindro de cimento resinoso, junto à superfície de cerâmica, transmitia a carga

até que ocorresse a ruptura da união adesiva.

A carga máxima suportada por cada cilindro de material resinoso foi

registrada em Newton (N), cujos valores divididos pela área de união

resultavam nos índices de tensão ao cisalhamento expressos em Megapascal

(MPa). Os dados detectados de cada grupo experimental foram submetidos ao

tratamento estatístico, pela análise de variância a um critério, ANOVA, e após

esta avaliação, os dados foram submetidos ao teste de Tukey para

comparação individual entre os grupos, com nível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise morfológica

O objetivo do condicionamento ácido é promover irregularidades

superficiais, que serão impregnadas com a aplicação de silano, agente químico

que serve para aumentar a força de união entre o cimento e a cerâmica (3; 17;

18; 11, 12.).

A análise morfológica qualitativa mostrou que o ácido fluorídrico, nas duas

concentrações e nos tempos experimentais propostos, foi capaz de dissolver a

matriz vítrea da cerâmica (Figuras: 2,3,4,e5) .

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Fig. 1- Grupo controle, sem

tratamento.

Fig.2- Ácido fluorídrico a 5% por 20

segundos.

Estudos demonstram que ao aumentar o tempo de exposição ao ácido,

tornam os poros e os mais evidentes e maiores, entretanto, podem enfraquecer

a estrutura do material,( 6; 5; 2; 7.). Neste estudo, o condicionamento da

cerâmica IPS e-max press, com ácido fluorídrico nas concentrações de 5 e

10%, por 20 segundos observou-se que parte da matriz vítrea e segunda fase

cristalina da cerâmica não foram totalmente removidas (Figuras: 2 e 4), o que

provocou uma menor irregularidade superficial, quando comparada com o

tempo de 40 segundos.

Para o tempo de 40 segundos de condicionamento, observou-se que os

cristais ficaram mais expostos e a superfície aparentemente mais irregular

(Figuras:3 e 5), facilitando a retenção micromecânica, tanto para a

concentração de 5 quanto para de 10%. Entretanto, na concentração de 10%,

mostraram os cristais mais soltos.

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Fig.3- Ácido fluorídrico a 5% por 40

segundos. segundos.

Fig.4- Ácido fluorídrico a 10% por 20

segundos segundos.

Fig.5- Ácido fluorídrico a 10% por

40s segundos segundos.

segundos.

Teste de cisalhamento

As amostras condicionadas com ácido fluorídrico a 5% e 10% nos tempos

experimentais de 20 e 40 segundos apresentaram maior força de união,

quando comparadas com o grupo controle. Os resultados dos grupos

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condicionados com ácido fluorídrico a 5% não apresentaram diferenças

estatisticamente significantes. Já as amostras condicionadas com ácido

fluorídrico a 10% por 40 segundos, foram as que apresentaram maiores valores

de união, quando comparadas com as demais amostras. (Tabela 3).

Tabela 3- Média da resistência de união (MPa), desvio padrão e análise

estatística (letras iguais, sem diferença estatística) da cerâmica e.max, sem

tratamento e condicionadas com ácido fluorídrico a 5 e 10% nos tempos de 20

e 40 segundos.

Controle

HF 5% 20

Seg

HF 5% - 40

seg

HF 10% 20

seg

HF 10% 40

seg

Média

(MPA)

17,585 c 30,863 b 30,130 b 30,3423 b 32,756 a

Desvio

Padrão

1,380 1,916 1,893 2,064 1,698

N 12 36 36 36 36

Um estudo comparou a resistência ao cisalhamento entre sistemas

cerâmicos a base de dissilicato de lítio e porcelanas de cobertura. Os materiais

testados foram de dissilicato de lítio (IPS e.Max Press + IPS e.Max Ceram), e

zircônia (IPS e.Max ZirCar + IPS e.Max ZirPress e IPS e.Max ZirCad + IPS

e.Max Ceram) e porcelanas de coberturas. O sistema que apresentou os

maiores valores significantes de resistência ao cisalhamento foi o de dissilicato

de lítio (IPS e.Max Press).

A marca comercial E.max Press (Ivoclar Vivadent, Liechtenstein) é

indicada para facetas finas, coroas totais, inlays, onlays e pontes de no máximo

3 elementos e até o 2º pré-molar (19). A escolha dessa cerâmica para a

confecção dos corpos de prova foi baseada em sua extensa utilização clínica (

9; 16; 10; 4), além de possuir a vantagem da utilização do mesmo material para

a infraestrutura e cobertura. Outro diferencial é sua baixa contração durante a

queima, decorrente da alta pressão de injeção a que é submetida, diferente de

outras cerâmicas feldspáticas disponíveis (19). Além disso, o aumento gradual

e controlado da temperatura do forno faz com que os gases e vapores se

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difundam lentamente para a superfície da peça, sem causar maiores rupturas

(7). Desta maneira a variação dimensional somente ocorre durante o

resfriamento, e pode ser controlada por adequada expansão do revestimento

(15).

Segundo a literatura, quanto menor a superfície do espécime, menor a

área disponível para falhas, resultando em melhores resultados de resistência

de união (14). Quanto maior a área de teste, menor a resistência adesiva,

sendo que até 3 mm os resultados são mais favoráveis para ensaios de

macrotração (8).

CONCLUSÃO

Diante este estudo, concluímos que o condicionamento com ácido

fluorídrico por 40 segundos é melhor que o condicionamento por 20 segundos

para as duas concentrações, mesmo sendo o tempo de 20 segundos

recomendado pelo fabricante, isto para a concentração de 5%. O ácido

fluorídrico a 10% promoveu uma maior rugosidade superficial na cerâmica,

consequentemente uma melhor retenção micromecânica.

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EVALUATION OF MORPHOLOGY AND UNION OF RESISTANCE OF A

LITHIUM disilicate CERAMIC

ABSTRACT

The aim of the study was to evaluate the morphology of the surface and the

bond strength of a ceramic lithium disilicate, by varying the concentration and

acid application time. Samples were subjected to surface treatment: G1 control;

G2 5% hydrofluoric acid - 20 sec; G3 5% hydrofluoric acid - 40 sec; G4 10%

hydrofluoric acid - 20 sec and G5- hydrofluoric acid 10% - 40 sec. For

morphological analysis, the samples were analyzed under SEM and bond

strength was performed shear test. Morphological analysis showed that both

time and hydrofluoric acid concentrations were able to promote the dissolution

of the vitreous matrix and exposure of the ceramic crystals. The shear test

showed no statistical differences. The morphological analysis, there was little

difference between treated samples, the 10% hydrofluoric acid promoted a

greater surface roughness, consequently better micromechanical retention.

Keywords: Ceramics; Morphological analysis; Shearing test

60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP

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