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GERMANO RODRIGUES LEITÃO
AVALIAÇÃO DE SUCESSO E INSUCESSO DE CASOS CLÍNICOS RELATADOS POR CIRURGIÕES-DENTISTAS USUÁRIOS DE HOMOENXERTOS
PROVENIENTE DO BANCO DE TECIDOS MÚSCULO-ESQUELÉTICOS DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
CAMPINAS 2009
GERMANO RODRIGUES LEITÃO
AVALIAÇÃO DE SUCESSO E INSUCESSO DE CASOS CLÍNICOS RELATADOS POR CIRURGIÕES-DENTISTAS USUÁRIOS DE HOMOENXERTOS
PROVENIENTE DO BANCO DE TECIDOS MÚSCULO-ESQUELÉTICOS DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Dissertação apresentada ao Centro de Pós-Graduação / C.P.O. São Leopoldo Mandic, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia. Área de concentração: Implantodontia Orientador: Prof. Dr. Rui Bardosa de Brito Júnior.
CAMPINAS 2009
.
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca "São Leopoldo Mandic"
L533a
Leitão, Germano Rodrigues. Avaliação de sucesso e insucesso de casos clínicos relatados por cirurgiões-dentistas usuários de homoenxerto proveniente do banco de tecidos músculo-esqueléticos do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná / Germano Rodrigues Leitão. – Campinas: [s.n.], 2009. 53f.: il.
Orientador: Rui Bardosa de Brito Júnior.
Dissertação (Mestrado em Implantodontia) – C.P.O. São Leopoldo Mandic – Centro de Pós-Graduação. 1. Transplante ósseo. 2. Transplante homólogo. 3. Implante dentário. I. Brito Júnior, Rui Bardosa de. II. C.P.O. São Leopoldo Mandic – Centro de Pós-Graduação. III. Título.
C.P.O. - CENTRO DE PESQUISAS ODONTOLÓGICAS
SÃO LEOPOLDO MANDIC
Folha de Aprovação A dissertação intitulada: “AVALIAÇÃO DE SUCESSO E INSUCESSO DE CASOS CLÍNICOS RELATADOS POR CIRURGIÕES-DENTISTAS USUÁRIOS DE HOMOENXERTO PROVENIENTE DO BANCO DE TECIDOS MÚSCULO-ESQUELÉTICOS DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ” apresentada ao Centro de Pós-Graduação, para obtenção do grau de
Mestre em Odontologia, área de concentração: Implantodontia em __/__/____, à
comissão examinadora abaixo denominada, foi aprovada após liberação pelo
orientador.
___________________________________________________________________
Prof. (a) Dr (a) Orientador
___________________________________________________________________ Prof. (a) Dr (a)
1º Membro
___________________________________________________________________ Prof. (a) Dr (a)
2º Membro
DEDICO ESTE TRABALHO
A Deus, meu senhor e pastor, por me iluminar e guardar durante todos os
meus caminhos.
Ao meu pai Francisco e minha mãe Clotilde, por todo amor, apoio e
incentivo durante a minha caminhada.
Mãe, sua dedicação ao trabalho foi minha inspiração.
A minha família, a minha namorada, pelo amor, carinho e dedicação.
AGRADEÇO EM ESPECIAL
Ao Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, na pessoa
do Presidente do Conselho Superior, Prof. Dr. José Luiz Cintra Junqueira, da Profa.
Dra. Vera Cavalcanti de Araújo, Pró-Reitora de Pesquisa e do coordenador do
programa de Mestrado em Odontologia, Prof. Dr. Thomaz Wassall, pela
oportunidade que me foi oferecida de desenvolver este trabalho.
Ao meu orientador Prof. Dr. Alexander D’Alvia Salvoni, serei grato pela
orientação e confiança em mim depositada, para a realização deste trabalho.
Ao coordenador do curso de mestrado Dr.Thomaz Wassall e toda sua
equipe, pelos ensinamentos e pelos momentos em que passamos juntos ao longo
desse curso de mestrado.
Aos colegas de turma serei sempre grato, pela amizade e conhecimentos
transmitidos por essa convivência.
Aos Profissionais que participaram da pesquisa, minha gratidão. Pois sem
os mesmos, este trabalho não seria possível.
“A prática deve estar baseada em teoria fundamentada”
Leonardo da Vinci
RESUMO
Os enxertos ósseos têm sido usados rotineiramente, com resultados satisfatórios. Com o aprimoramento da técnica têm-se utilizado vários substitutos para o enxerto autógeno, que muitas vezes é limitado pela quantidade insuficiente a ser oferecida, além de causar o desconforto e a maior morbidade ao paciente. A escolha pela técnica do osso homógeno de banco de ossos, como substituto do osso autógeno, tem aumentado significativamente no Brasil, nos últimos quatro anos. Casos isolados têm sido relatados por alguns profissionais, com bons resultados. O objetivo principal deste trabalho foi avaliar o sucesso e insucesso de casos clínicos relatados através de um questionário dirigido a Cirurgiões Dentistas que realizaram homoenxerto em seus pacientes, na sua totalidade provenientes do banco de tecidos músculo-esqueléticos do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Além disso, foram avaliados: o risco de transmissão de doenças sistêmicas e infecção causados pelo uso do enxerto homógeno e efetividade clínica para instalação de implantes. Foram enviados 150 questionários juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, via correio aos profissionais que trabalharam com esses homoenxertos provenientes deste banco de ossos apenas, que tinham no mínimo um ano de casuística e feito pelo menos dois casos de enxertia em seus pacientes. Necessariamente, estes cadastrados junto ao Sistema Nacional de Transplantes. Analisados os resultados, 33,3% foram os profissionais respondentes da pesquisa, do qual quantificou-se um sucesso de enxertos em 91,9% dos casos, sendo ainda verificado nenhuma transmissão de doenças pelo osso homógeno. Os insucessos relatados pelos Cirurgiões Dentistas foram causados devido a infecção e às falhas técnicas empregadas nas cirurgias, pelos próprios profissionais e não pelo tipo de osso homógeno utilizado. Conclui-se assim, pela casuística relatada, que o enxerto homógeno utilizado é uma opção viável para casos onde a reconstrução óssea do rebordo alveolar é pré-requisito para a instalação de implantes.
ABSTRACT
Bone grafts have been routinely used, with predictable results. By improving technique improvement, many bone substitutes for autogenous graft have been used, since autogenous grafts are limited of insufficient available bone in donor area, as well as patient discomfort and morbidity. The technique that uses homogenous graft from Bank of bones, as autogenous bone substitute has significantly increased in Brazil the last four years. And isolated cases have been reported by many dentists, with good results. The main goal of this research was to evaluate success and failure of clinical cases reported through a questionnaire addressed for dentists who realized homogenous graft only from Federal Public University of Paraná. Also, surgeons reported the most frequent questions as: transmission risk of systemic diseases and infections caused by the use of homogenous graft and clinical success for implant placement.150 questionnaires and a Term of Free and Explained Permission were mailed to the professionals who worked with homografts originating from this bank of bones and who had at least a year of casuistry and realized at least two cases using homografts in his patients. All surgeons necessarily were registered by the National system of Transplants.The research results analyses show that 33,3% were the professionals who answered the research and homograft success were 91,9%% of the cases. No suspect of transmission disease was reported. The failures were caused by infection and surgery technique used and not the bone used. In conclusion, clinical cases evaluation showed that homogenous graft is a good option for bone reconstructions before implant installation.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Diferenças do enxerto autólogo e enxerto homólogo. .............................24
Tabela 1 - Resultados do Objetivo Principal da Pesquisa.........................................29
Gráfico 1 - Resultados obtidos da pesquisa. .............................................................30
Tabela 2 - Resultados do uso de enxerto ósseo. ......................................................31
Gráfico 2 - Resultados de quais as maiores dúvidas de CD. ....................................32
Gráfico 3 - Resultados da razão principal de trabalho com osso homógeno. ...........33
Gráfico 4 - Resultado quanto ao medo de transmissão de doenças. ........................34
Tabela 3 - Resultados de perda de enxerto por falhas técnicas................................35
Gráfico 5 - Resultados de perda do Homoenxerto por falhas técnicas .....................35
Tabela 4 - Resultados de expectativas com uso de enxerto homógeno. ..................36
Gráfico 6 - Resultado de expectativas com o uso de enxerto homógeno. ................36
Tabela 5 - Resultados quanto a Reabsorção. ...........................................................37
Gráfico 7- Resultados de reabsorção na reabertura dos Homoenxertos ..................37
Tabela 6 - Resultados quanto a qualidade óssea obtida...........................................38
Gráfico 8 - Resultado quanto a qualidade óssea obtida............................................38
Tabela 7 - Resultados quanto ao melhor: particulado ou bloco.................................39
Gráfico 9 - Resultado quanto ao melhor: particulado ou bloco..................................39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AATB - American Association of Tissue Banks
AIDS - Sindrome da Imuno Deficiência Adquirida
BMP - Proteina Bio Morfo-genética
BTME - Banco de Tecidos Músculo-esqueléticos
CBMF - Cirurgião Buco-Maxilo-facial
CD - Cirurgião Dentista
CFO - Conselho Federal de Odontologia
CTBMF - Cirurgia Traumatologia Buco-Maxilo-Facial
DFDBA - Desmineralized Freeze Dried Bone Allograft
FDBA - Freeze Dried Bone Allograft
HC - Hospital de Clínicas
INTO - Instituto Nacional de Traumato e Ortopedia
ROG - Regeneração Óssea Guiada
SNT - Sistema Nacional de Transplantes
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFPR - Universidade Federal do Paraná
UniOss - Banco de Tecidos Músculo-esqueléticos do Hospital de Marília
SUMARIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11
2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................13
3 PROPOSIÇÃO.......................................................................................................26
4 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................27
5 RESULTADOS.......................................................................................................29
6 DISCUSSÃO..........................................................................................................40
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................44
REFERÊNCIAS.........................................................................................................45
ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO..................49
ANEXO B - QUESTIONÁRIO ...................................................................................50
ANEXO C - FOLHA DE APROVAÇÃO DO CEP......................................................53
11
1 INTRODUÇÃO
No século XIX foi estabelecida a necessidade de desenvolvimento da
base científica dos transplantes ósseos com observações feitas por Ollier (1867)
devido à necessidade de encontrar material de enxerto para as falhas ósseas.
Atualmente, a falta de adequada quantidade de ossos para preencher grandes
defeitos vem aumentando as aplicações clínicas da utilização de homoenxertos
congelados de bancos de ossos, para os quais ainda não existe substituto sintético
satisfatório e em grande quantidade.
Autores como, Ross (2000), Ullmark (2002), têm relatado como maiores
vantagens do uso de homoenxertos de bancos de osso, a redução do tempo
cirúrgico e número de anestésicos, redução da perda sanguínea, redução das
potenciais complicações relativas ao local da doação de auto-enxerto como:
infecções, hematomas, lesões vasculares e nervosas, risco de fraturas nos locais de
doação.
A disponibilidade óssea é um pré-requisito essencial para a longevidade
da terapia de implantes orais. A falta de volume ósseo horizontal muitas vezes
resulta na exposição da superfície do implante, com conseqüente irritação dos
tecidos moles perimplantares, diminuindo a superfície óssea, aumentando o
potencial de falência deste implante.
As tentativas de uso de enxerto ósseo homólogo datam dos primórdios do
século XX, porém o reconhecimento dos processos infecciosos e a não observância
dos métodos de assepsia redundaram em repetidos fracassos, fazendo com que o
método fosse relegado. A utilização de Banco de Ossos para a odontologia foi
12
aprovada pelo Ministério da Saúde, em dezembro de 2005 pela resolução interna do
Sistema Nacional de Transplantes, juntamente com o Conselho Federal de
Odontologia (CFO), sem ainda ter portaria no Ministério da Saúde, SNT (Sistema...,
2007).
Entretanto, não se tem uma total aceitação dos profissionais de
Odontologia, quanto ao uso de osso homógeno congelado. Existem apenas relatos
clínicos de somente alguns profissionais que fazem uso deste osso de banco. Neste
sentido, este trabalho foi destinado aos profissionais que fazem uso do mesmo, com
o intuito de levantar dados variados, do tipo de osso utilizado e seus resultados
clínicos.
O objetivo deste trabalho foi de avaliar o sucesso e insucesso, obtido com
o uso de homoenxerto do banco de ossos, do Hospital de Clínicas (HC) da
Universidade Federal do Paraná (UFPR), pelos cirurgiões dentistas no dia-a-dia
clínico, no tratamento de pacientes portadores de atrofia óssea, para futura
instalação de Implantes.
Buscou-se ainda informações importantes sobre transmissão de doenças
sistêmicas relacionadas a esse tipo de enxerto, infecções causadas pelo enxerto ou
pela técnica utilizada, qualidade do osso homógeno e efetividade clínica para o uso
de implante.
13
2 REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com Friedlaender et al. (1978), o enxerto alógeno possui alta
taxa de reabsorção, maior resposta imunogênica e revascularização menor do que o
enxerto ósseo autógeno. O enxerto alógeno pode ser de origem trabecular ou
cortical e passa por um processamento denominado liofilização, que consiste em
etapas de congelamento e secagem e que remove todas as células do seu interior.
O material é processado através da coleta do osso cortical e/ou trabecular de um
doador comprovadamente saudável. O osso é então lavado em água destilada e
triturado em partículas de 500 mcm a 5 mm, submergido em etanol a 100% para
remoção da gordura, congelado em nitrogênio e então, seco, congelado e triturado
em partículas menores (250 a 750 mm).
A formação do tecido ósseo tem sido considerada como a mais alta etapa
na evolução dos tecidos de suporte. Ela resulta de uma complexa cascata de
ocorrências que envolvem a proliferação de células mesenquimais primitivas,
diferenciação em células precursoras osteoblásticas (osteoprogenitora, pré-
osteoblasto), maturação dos osteoblastos, formação de matriz e, finalmente,
mineralização (Ericksen et al., 1986).
Wangering et al. (1986) estudaram o uso de osso autógeno autoclavado
removido da costela de cães e implantado de forma ortopédica, ou seja, no mesmo
lugar. Tendo no grupo controle, com enxerto autógeno fresco, quando no
experimental para o grupo autoclavado. O enxerto autoclavado foi circulado por
neoformação óssea originada no periósteo, concomitante foi circundada por
neoformação óssea originada no periósteo, concomitante com reabsorção. Após um
ano houve completo remodelamento do osso. Os autores concluíram que o processo
14
de autoclavagem não altera a resposta imunológica do organismo ao enxerto e que
o enxerto é completamente incorporado ao leito receptor.
Burchardt (1987) citou em extensa revisão bibliográfica sobre biologia dos
transplantes ósseos que o osso autógeno é o segundo tipo de tecido mais freqüente
transplantado, após o sangue. Porém, tem a desvantagem de gerar ferida cirurgia
adicional ao paciente, alem de ser uma fonte limitada em quantidades, qualidades e
forma, sobretudo em crianças. Contudo, ainda é considerada a melhor opção
disponível para reparação de defeitos ósseos. A incorporação depende do contato
próximo do leito receptor com o enxerto e sua estabilidade. Na fase inicial de
reparação há formação de coagulo, sendo o enxerto foco de resposta inflamatória na
primeira semana. Na semana seguinte o processo inflamatório diminui, estando
presente tecido de granulação e atividade osteoclástica e osteoblástica. A
remodelação vinda a seguir completa a reparação. Diferenças são encontradas
entre transplante de osso cortical e esponjoso. O osso esponjoso sofre processo de
incorporação de forma mais rápida e completa. A revascularização ocorre
rapidamente os osteoblastos formam a matriz osteóide, ligando trabéculas vizinhas.
Posteriormente o osso sofre vascularização mais lenta, com inicio da ação
osteoclástica antes da osteoblástica. A reabsorção tem inicio na porção mais
próxima do leito receptor indo posteriormente em direção central. Neste tipo de
transplante há possibilidade da não reabsorção da parte do enxerto, ao contrario do
osso trabecular.
Friedlander (1987) relatou que o processamento de tecido ósseo
envolvendo a captação, limpeza mecânica e congelamento a ultra-baixas
temperaturas (-80ºC) produz o que se denomina “osso fresco congelado”. A baixa
temperatura contribui para a preservação das propriedades osteoindutoras do tecido
15
ósseo, sendo que a manutenção de tal propriedade biológica é de grande
importância quando se objetiva a recuperação óssea em volume.
Para Masters (1988), uma alternativa no caso de não se dispor de osso
autógeno é a utilização de enxerto alógeno, isto é, osso humano obtido de doadores
vivos ou cadáveres. O enxerto ósseo alógeno é um tecido transplantando entre
diferentes indivíduos (genótipos diferentes), da mesma espécie, e que possui
capacidade osteocondutora e osteoindutora, porém não osteogênica. Para o autor,
as vantagens dos enxertos alógenos são: a eliminação da necessidade de um sitio
doador e a disponibilidade teoricamente ilimitada, permitindo o uso em grandes
quantidades.
Segundo Goldbry & Stevenson (1989), a osteogênese é uma propriedade
exclusiva do osso autógeno fresco. O osso homógeno congelado, por sua vez, não é
dotado de propriedades osteogênicas, já que não possui células viáveis, mas provê
osteoindução e osteocondução.
Mizutani et al. (1990) afirmaram em seus estudos, que o congelamento,
diferente da liofilização e esterilização, preservava duas propriedades do tecido
ósseo: osteoindução e osteocondução.
Delloye et al. (1991) observaram ossos armazenados congelados em
bancos de tecidos, de três semanas a quatro anos. E relataram que os ossos
poderiam permanecer armazenados por tempo indeterminado, não havendo
alteração em sua qualidade, desde que estivessem protegidos do ar e de
contaminações.
Iriji et al. (1992) concluiram que os processos de liofilização ou
esterilização prejudicam significativamente a regeneração dos enxertos.
16
Jesus-Garcia et al. (1992) relataram que o osso condutor homógeno
(osso humano, fresco e congelado) é uma alternativa viável para se utilizar em
preenchimento de seio maxilar. A disponibilidade desses enxertos alógenos têm
aumentado a agilidade na conquista de técnicas de tratamento e aumentado formas
inovadoras para alcançar inúmeros desafios reconstrutivos, além de oferecer
satisfatoriamente a muitos pacientes, uma alternativa barata e de menor morbidade
para seus tratamentos. Porém permaneceram dúvidas, se mesmo sendo apenas
osteocondutor e osteoindutor, são estabelecidas as propriedades biológicas e
biomecânicas que permitem uma osseointegração segura e efetiva.
Segundo Buck & Malinin (1994), para armazenagem em Banco de Ossos,
o DFDBA (Dermineralized Freeze-Dried Bone Allograft), passa por um estágio
adicional que inclui a desmineralização do osso moído. Esse osso é embebido em
solução de acido nítrico ou hidroclorídrico a 0,6 N por 6 a 16 horas. Este
procedimento é realizado para retirada do cálcio e dos sais de fosfato. O FDBA
mantém sua matriz inorgânica, necessitando da ação de osteoclastos para expor
suas BMPs. Após a lavagem e desidratação, o material é irradiado ou esterilizado
com oxido de etileno e só depois armazenado. Para os autores, uma grande
preocupação quando a utilização dos enxertos alógenos é a possibilidade de
transmissão de doenças, particularmente a transmissão viral e principalmente o vírus
da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Para reduzir o risco de transmissão, os
Bancos de Ossos adotaram rigorosos testes de controle de qualidade. Somente o
ato de congelar o osso reduz o risco de transmissões de doenças a 1 em 8 milhões.
Redondo et al. (1995) testaram o uso de osso autógeno removido da
mandíbula, desmineralizado e reimplantado de modo ortotópico associado ou não a
hidroxiapatita, para reconstrução da borda inferior do ramo da mandíbula de ratos.
17
Os animais foram primeiro submetidos á cirurgia para remoção do fragmento
mandibular, de formato quadrado com lado de quatro milímetros. Concluíram esta
etapa da pesquisa, deixando o defeito mandibular vazio. Em seguida o fragmento foi
submetido a processo de desmineralização, sendo reimplantado após duas
semanas nos defeitos ósseos deixados. Os animais foram sacrificados com duas ou
seis semanas após á reimplantação do fragmento. O resultado foi determinado pelo
número de células mesênquimais e hidroxiapatita. Concluindo os autores, que a
hidroxiapatita inibiu a osteoindução gerada pela matriz óssea.
Kalk et al. (1995) avaliaram respectivamente as complicações associadas
à remoção de enxerto ósseo da crista ilíaca para reconstrução de defeitos maxilo-
faciais em 65 pacientes. Foi verificada boa aceitação do procedimento pelos
pacientes e baixos índices de complicações, concluindo os autores que o osso ilíaco
é um local adequado para remoção de enxerto com finalidade de reconstrução da
região maxilo-facial.
Jesus-Garcia & Feofiloff (1996) realizaram um estudo das técnicas de
obtenção, processamento, armazenamento e utilização de homoenxertos ósseos e
descreveram os procedimentos adotados pelo Banco de Ossos do Hospital de São
Paulo. O trabalho apresentou resultados da implantação de 45 homoenxertos em
Fevereiro de 1994. Foram obtidos ossos de doadores de múltiplos órgãos e
posteriormente os ossos foram congelados a 70ºC e esterilizados por um período
inferior a seis meses antes da implantação. O baixo índice de complicações
demonstrou que o método é eficaz e os autores acreditaram que os homoenxertos
congelados, obtidos em condições assépticas funcionam como uma plataforma para
a formação de um osso novo, agindo mais como um osteocondutor que um
osteoindutor. Além disso, os enxertos ósseos congelados podem ser reabsorvidos e
18
transformados com mais facilidade do que os enxertos tratados com substâncias
químicas, difíceis de serem removidas.
Os enxertos homógenos têm sido utilizados, cada vez mais, em defeitos
nos ossos maxilo-faciais, especialmente na mandíbula, reconstruindo desde
pequenas fendas alveolares até reconstrução de mandibulectomia. Esses enxertos
utilizados há várias décadas alcançaram graus variados de sucesso. As recentes
melhorias na compreensão da fisiologia óssea, nos conceitos imunológicos, nos
procedimentos de armazenamento, na criação de bancos de tecidos e nos princípios
cirúrgicos vêm aumentando a margem de sucesso e qualidade dos resultados dos
enxertos (Simões, 1997).
Pogrel et al. (1997) compararam enxertos ósseos, vascularizados ou não
na reconstrução de defeitos segmentais da mandíbula. Foram realizados 68
enxertos, sendo 39 vascularizados e 29 não vascularizados. Dos enxertos
vascularizados, 26 da crista ilíaca e três da costela. Ocorreram dois casos de falha
nos enxertos vascularizados e sete nos não vascularizados. Os autores relataram
que o tamanho do defeito ósseo a ser incorporado, está relacionado como índice de
sucesso ou não dos enxertos não vascularizados, citando o tamanho de nove
centímetros como limite para seu uso seguro. Os defeitos maiores seriam mais bem
tratados com enxertos vascularizados, sendo esta ainda a primeira opção em locais
com irradiação prévia.
Stellingsma et al. (1998) relataram dez casos de reconstrução da
mandíbula edêntula extremamente reabsorvida através da remoção da parte
superior do osso mandibular e reposicionamento sobre enxerto ósseo removido da
crista ilíaco e fixação com implantes dentais endósseos de titânio. Depois de um
período médio de 31 meses as condições do enxerto e implantes foram analisadas,
19
assim como a satisfação dos pacientes. Os autores relataram que o método foi
adequado para reconstrução da mandíbula e confecção de prótese total inferior,
sobre implantes e que os pacientes estavam satisfeitos com o tratamento realizado.
A morbidade do sitio doador foi baixa em longo prazo, sendo o ilíaco fonte de
material para aumento suficiente da mandíbula.
Ross et al. (2000) salientaram que mesmo dentro das normas legais que
regem os Bancos de Tecidos Músculo-Esqueléticos. Os bancos de ossos, após
todos os princípios que regem a captação, processamento, estocagem e transporte
deste tecido, o risco de transmissão de doenças ocorre. Os autores sugeriram que
todo o tecido ósseo homólogo utilizado em procedimentos reconstrutivos devem ser
proveniente de bancos de tecidos credenciados pela Anvisa, para aumentar a
segurança contra doenças transmissíveis.
Neo et al. (2000) mostraram que as alterações dos enxertos ósseos
alógenos em diferentes métodos de processamento também foram avaliados. Os
resultados indicaram que ossos congelados a temperaturas mais baixas, quando
submetidos a testes de cargas de torção e compressão, não mostraram alterar as
características físicas desse osso.
Ullmark et al. (2002) afirmaram que a revascularização e remodelação
óssea do osso homógeno aos oito meses é inferior a do enxerto autólogo no mesmo
período, tendendo a igualar-se após doze meses. Soube-se também que a total
remodelação do enxerto homólogo pode não ocorrer nunca, com áreas de osso
necrótico podendo ser encontradas mesmo em longos períodos pós-enxertia, ainda
que o enxerto apresente funcionalidade para suporte de cargas, de tensão e
compressão. Além disso, há que se considerar a diferente demanda mecânica em
que o osso proveniente do fêmur sofrerá na cavidade bucal, tornando seu processo
20
de remodelação ainda mais lento, porém não contra-indicando seu uso.
Segundo Misch (2002), a indicação do osso homógeno deve-se
principalmente à ausência de osso autólogo para captação e também ao fato do
paciente apresentar, em alguns casos, resistência frente à necessidade de
manipulação de um segundo leito cirúrgico para sua captação, atividade essa
associada a problemas na fase pós-operatória, tais como as deiscências de sutura,
dor e infecção.
Weyts et al. (2003) encontraram células vivas no interior de amostras de
osso fresco e criopreservado. Mesmo acreditando que a ultra-baixa temperatura
tinha capacidade de romper a membrana celular pela cristalização da água contida
no interior das células. Para isso a redução de riscos de transmissão viral e
contaminação bacteriana neste tipo de osso transplantado, ainda dependem de
efetivos testes sorológicos do doador. Outro fator considerado no transplante de
osso fresco e congelado foi o potencial de reação imunológica, com rejeição do
tecido trnsplantado. A criopreservação a ultrabaixa temperatura reduz a
imunogenicidade do enxerto
Navarro (2003) avaliou pacientes de seis centros de pós-graduação na
cidade de Curitiba, Paraná. Dos 35 pacientes submetidos a procedimentos de
enxertos aposicionais, 18 receberam implantes e próteses sobreimplantes e foram
acompanhados por um período de até 24 meses. O índice de sucesso dos enxertos
foi de 88,5% (quatro falhas totais) e dos 114 implantes colocados apenas três
falharam, com índice de sucesso de 96,5%. O autor citou como complicações pós-
operatórias: reação inflamatória (um caso), exposição óssea (três casos), necrose
óssea (um caso) e reabsorção óssea exagerada (quatro casos). Relatou também
que os casos onde o tempo de espera de consolidação óssea foi menor que seis
21
meses, houve maior índice de falhas tanto nos enxertos quanto implantes. O índice
de sucesso foi maior quando o tempo de reparo era acima de nove meses e sugeriu
o tempo ideal de reparo de 12 meses para a incorporação e remodelação de blocos
corticais.
Segundo Leonetti & Koup (2003), seus trabalhos com enxertos ósseos
alógenos frescos e congelados mostraram alta atividade osteogênica. Entretanto,
parte do osso enxertado foi incorporada aos defeitos ósseos, concluindo que o osso
alógeno promove formação óssea. Porém o processo ocorre de forma mais lenta.
Os resultados deste trabalho mostraram ausência de processo infeccioso durante a
reparação, baixa reabsorção do enxerto, volume ósseo adequado e boa densidade
permitindo estabilidade primária dos implantes e sucesso quando submetidos à
carga funcional.
O processo de obtenção dos ossos passa por um rigoroso controle, desde
o processo de captação, exames laboratoriais, limpeza até o armazenamento. Vale
ressaltar que o osso utilizado é chamado osso fresco. Ele é congelado, processado
e aí sim, implantado. O osso liofilizado não é utilizado porque apresenta resultados
não satisfatórios (Pietrzak et al., 2005).
Keith et al. (2006) fizeram um estudo envolvendo 73 pacientes e 82
reconstruções alveolares com osso homógeno. Constataram o sucesso de 93% dos
blocos em 12 meses e 99% dos implantes instalados em um período de 25 a 36
meses após colocação de carga. Dos 97 implantes instalados, houve apenas uma
perda, sem comprometer o enxerto. O que possibilitou a instalação de outro implante
e posterior restauração protética. Dos 8,5% de insucesso, ou seja, sete blocos, cinco
localizavam-se na região posterior de mandíbula. Os autores afirmaram que os
casos de falhas dos enxertos estavam ligados a contorno inadequado dos blocos,
22
instalação incorreta dos parafusos de fixação, intrusão e pressão da prótese
provisória e/ou infecção secundária resultante da inflamação dos tecidos moles e
excesso de Biofilme.
De acordo com Macedo et al. (2006), a utilização de enxertos ósseos
previamente à instalação de implantes é necessária para que ocorra uma
reabilitação estética e funcional com a prótese sobre implante. Neste estudo,
utilizou-se 76 pacientes e após anamnese, foram realizados exames de hemograma,
coagulograma e taxa de glicemia. Os enxertos utilizados foram provenientes do
UniOss - Banco de Tecidos Músculo-Esqueletico do hospital de Marilia, processados
e congelados a -80ºC, em sala apropriada (fluxo laminar 100). Os tecidos foram
submetidos a testes sorológicos para sífilis, chagas, HIV e Hepatites A, B, C e HTLV-
1, cultura para fungos e bactérias, de acordo com as normas preconizadas pela
AATB (American Association of Tissue Bank) e pelo Ministério da Saúde. Do total de
76 casos, 19 foram enxertos realizados em seio maxilar, 55 para aumento de
espessura e aumento de rebordo em maxila e mandíbula, em áreas anteriores e
posteriores e dois procedimentos de reconstrução em alvéolos com técnica de
regeneração óssea guiada (ROG) com osso particulado. Nesse estudo, os autores
observaram que quando os enxertos foram reabertos entre cinco e seis meses, o
tecido não estava completamente remodelado e maturo, dificultando a preparação
dos alvéolos devido a sua baixa densidade. Entretanto, o implante sob função tem
demonstrando bons resultados quando á recuperação de cargas mastigatórias
funcionais, podendo afirmar também que a utilização do osso humano fresco
congelado é uma alternativa viável para a reconstrução dos rebordos atróficos e
enxertos em seios maxilares, reduzindo a morbidade e os possíveis riscos dos
procedimentos autógenos, alem de apresentarem remodelação e qualidade que
23
permitem dar resistência as cargas funcionais quando da instalação de implantes
osseointegráveis.
Para Rocha et al. (2006), os homoenxertos são amplamente utilizados na
medicina e por varias décadas têm demonstrado resultados extremamente
satisfatórios. Os autores relataram 42 casos clínicos de enxertos alógenos com a
finalidade de instalação de prótese sobre implantes osseointegráveis e em todos os
casos havia alguma dificuldade da demanda funcional estomatognática. Utilizaram
blocos de osso homógeno congelados provenientes de banco de ossos e os autores
observaram que o emprego do osso alógeno tornou as cirurgias mais eficientes e
menos traumáticas quando comparados aos enxertos autógenos, por não haver
necessidade de acesso cirúrgico para remoção da área doadora do paciente. Os
resultados clínicos radiográficos obtidos também demonstram que os homoenxertos
promoveram o aumento ósseo alveolar em todos os casos. A taxa de reabsorção
dos enxertos foi semelhante na maioria dos casos, entretanto, observou-se que
quatro casos houve a necessidade de uma nova enxertia antes ou no momento da
instalação dos implantes.
Quando comparados a enxertos autólogos, os enxertos homólogos
apresentam capacidade de revascularização mais lenta e a união entre receptor e
enxerto é obtido de forma consistente, porém não uniforme (Rondinelli et al., 2006).
O mesmo autor elaborou o quadro apresentado abaixo:
24
AUTÓLOGO HOMÓLOGO
Imunogenicidade - +
Osteogênese + -
Osteoindução ++ + -
Consolidação Rápida Lenta
Morbidade na área doadora Possível Nenhuma
Quantidade Limitada Ilimitada
Risco de transmissão de doenças Nenhuma Possível
Quadro 1 - Diferenças do enxerto autólogo e enxerto homólogo.
Fonte: Rondinelli et al. (2006).
Já com o osso homógeno de banco, o paciente não precisa remover osso
algum e tem ainda o procedimento realizado no consultório, apenas com anestesia
local. É o chamado enxerto alógeno. Pesquisas mostraram que neste caso, os
melhores ossos para serem utilizados são a tíbia e fêmur. Isso porque esses
possuem corticais espessas, volumosas, que facilitam o enxerto e a regeneração do
osso (Gondak et al., 2006).
Costa & Trevisan (2007) afirmaram que a técnica de levantamento de seio
maxilar demonstrou altos índices de sucesso e a utilização do osso homógeno foi
preconizada em virtude da menor morbidade para o paciente. O enxerto e novo osso
realizam a remodelação em resposta ao carregamento funcional. O que foi
demonstrado em exames histológicos. Com critérios de seleção do doador realizado
pela equipe do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e técnicas de
processamento dentro do protocolo estabelecido, esses tecidos são eficientes e
seguros.
25
Para garantir a confiabilidade dos transplantes ósseos no Brasil, o
ministério da Saúde, juntamente com o Sistema Nacional de Transplantes é
responsável pelo cadastro e credenciamento do banco de ossos, bem como dos
profissionais a realizarem tais procedimentos. A maioria dos bancos de ossos segue
orientações da American Association Of Tissue Banks (AATB), no que diz respeito á
obtenção, processamento e esterilização dos enxertos ósseos. É contra indicado
segundo a norma AATB, doadores pertencentes a grupo de alto risco, determinado
por testes médicos e/ou grupos de risco comportamentais, HIV positivos, doadores
cuja autópsia revele doenças ocultas, doadores soropositivos de hepatite B e C, e
portadores de sífilis. A utilização de Banco de Ossos para a Odontologia foi
regulamentada e aprovada pelo Ministério da Saúde, em dezembro de 2005. Por
resolução interna do Sistema Nacional de Transplantes SNT, juntamente com o
CFO, sem ainda ter portaria no Ministério da Saúde, BTME (Banco..., 2007).
26
3 PROPOSIÇÃO
Considerando uma amostra de 40 cirurgiões dentistas que utilizam o osso
homógeno, proveniente do Banco de Tecidos Músculo-Esqueléticos do Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em suas clínicas particulares, foi
proposto:
a) quantificar o sucesso e insucesso clínico destes profissionais de
saúde, com o uso do osso homógeno, em seus pacientes;
b) verificar a possível transmissão de doenças pela utilização desse osso;
c) verificar qual a forma de apresentação do homoenxerto obteve melhor
resultado: particulado ou em bloco.
27
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo trata-se de uma entrevista por meio de um questionário com
vinte e duas perguntas, com questões estruturadas e abertas (vide anexo). Dirigido
somente aos cirurgiões dentistas, que são especialistas nas áreas de Periodontia,
Implantodontia e Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, que utilizaram o osso homógeno
proveniente do HC da UFPR, em seus pacientes. Todos estes profissionais de
saúde cadastrados no SNT (Sistema Nacional de Transplantes), onde existem 689
CD cadastrados, segundo o SNT (2007).
Foram enviados 150 questionários, por meio de correio, com o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aos CD cadastrados e que já utilizaram o
osso homógeno do banco de ossos do HC da UFPR, segundo informações de
controle, cedidas pelo próprio banco. A taxa de não respondentes foi de 56,6%
(n=85) e de respondentes 43,3% (n=65).
Dos respondentes, somente participaram dos resultados, os CD que já
utilizaram osso homógeno de banco em seus pacientes, por pelo menos uma vez e
que sejam voluntários. Dos respondentes foram excluídos do grupo, aqueles que
responderam de forma incompleta o questionário, profissionais que trabalham com
esse osso a menos de um ano e profissionais que utilizam outros bancos de ossos.
Foram avaliados como objetivo principal o número de sucesso e
insucesso de casos clínicos, de um total de 620 casos de enxertos ósseos. Foi
verificado se houve alguma suspeita de transmissão de doenças pelo osso utilizado,
risco de infecção e sua porcentagem e a principal razão que levou o profissional a
trabalhar com osso homógeno, como também seus melhores resultados: particulado
28
ou bloco. Todos os resultados foram apresentados em gráficos e tabelas, para
estabelecermos porcentagem dos mesmos e facilitar sua análise.
Análise Estatística
Recorreu-se à análise descritiva dos dados através de tabelas e gráficos.
Para a comprovação do objetivo desse trabalho foram utilizados os testes não-
paramétricos “Qui-Quadrado (“através do software “Epi-info”) e “Comparação entre
duas Proporções” (pelo software “Primer of Biostatistics”). O nível de significância
(probabilidade de significância) adotado foi menor que 5% (p< 0,05).
29
5 RESULTADOS
Para estabelecer os resultados desta pesquisa foram enviados 150
questionários e TCLE, via correio ao grupo escolhido: Cirurgiões Dentistas (CD) nas
especialidades: Periodontia, Implantodontia e CTBMF, que utilizam osso homógeno
do HC da UFPR. Foram respondidos 56 questionários. Destes, 16 foram excluídos.
Um por não completar o questionário, três por utilizarem homoenxerto de outros
bancos de ossos em seus pacientes e os outros doze por fazerem uso a menos de
um ano, do osso homógeno. Não tendo assim, casuística suficiente para
responderem ao questionário. Restaram 33,3% (n=40) totalmente preenchidos e
estes trabalham apenas com o banco de ossos do HC da UFPR no mínimo há um
ano e máximo oito anos. Verificou-se que a taxa média de sucesso do grupo foi de
91,9% e insucesso de 8,1%, conforme tabela 1 e gráfico 1.
Tabela 1 - Resultados do Objetivo Principal da Pesquisa.
Especialidade Nº de CD Sucesso Insucesso Total
PERIODONTIA 09 142 9 151
CTBMF 10 156 20 176
IMPLANTE 21 272 21 293
TOTAL 40 570 50 620
30
94,088,6
92,8 91,9
6,011,4
7,2 8,1
0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0
100,0PE
RCEN
TUAL
Sucesso Insucesso
Periodontia CTBMF Implante Total
p = 0,149
Gráfico 1 - Resultados obtidos da pesquisa.
O gráfico 1 mostra ainda o resultado relatado de 620 casos clínicos. Os
cirurgiões foram divididos de acordo com a especialidade, na qual fizeram seu
cadastro junto ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT). A tabela 1 mostra o
número de enxertos que tiveram sucesso e insucesso. Diante deste resultado é
avaliado o risco de insucesso obtido em cada grupo (graficos1 e 2) e no total (gráfico
4). Nos 620 casos, apenas 50 enxertos foram perdidos. O que corresponde a 8,06%
dos enxertos, ou seja, o risco de insucesso obtido nesta pesquisa.
Em média, 70% (n=28) dos CD relataram que o uso do enxerto de banco
foi suficiente para resolver com sucesso (100%) o defeito ósseo, de seus casos
clínicos. Outros 30% (n=12) relataram que foi suficiente para resolver com sucesso o
defeito ósseo de 94% dos casos, conforme tabela 2.
31
Tabela 2 - Resultados do uso de enxerto ósseo.
Uso do enxerto de banco para resolver o defeito ósseo
Cirurgiões Dentistas (CDs) Enxerto sucesso (defeito ósseo)
70% 100%
30% 94%
Dos CD entrevistados 92,5% (n=37), indicam com segurança o uso do
osso homógeno e 7,5% (n=3) informaram estar inseguros. Estes, dizem que
depende do caso e que ainda não tem uma conclusão, por trabalharem apenas há
dois anos com este osso. Constatou-se que 95% (n=38) conhecem o processo de
remoção ao armazenamento do banco de ossos e 5% (n=2) CD alegaram
desconhecer o mesmo.
Dos quarenta profissionais avaliados, quanto à dúvidas de trabalharem
com esse osso, 25% (n=10) citaram não ter nenhuma dúvida ao trabalhar com este
osso. Porém 75% (n=30) têm dúvidas como: a falta de estudos histológicos
suficientes 40% (n=12); falta de casuística clínica que comprovem seu uso 36,66%
(n=11); falta de estudos quanto ao risco de transmissão de doenças 10% (n=3);
segurança quanto ao processo de obtenção desse osso 10% (três); receio quanto a
resposta imunogênica 3,33% (n=1), conforme o gráfico 2.
32
Gráfico 2 - Resultados de quais as maiores dúvidas de CD.
Questionados sobre qual a razão principal que os levou a trabalhar com
esse tipo de osso. Cinqüenta por cento (n=20) dizem que a razão principal que os
levou a trabalhar com esse osso foi diminuir a morbidade do paciente. Os outros
50% dividem-se entre: falta de área doadora, por acreditar que ele tenha resultados
satisfatórios obtidos como o osso autógeno e pelo resultado de sucesso obtido por
profissionais que utilizam o osso homógeno há mais tempo, conforme o gráfico 3.
40% 36%
10% 10% 4%
Dúvidas dos 75% de CD ao trabalharem com este osso
0
2
4
6
8
10
12
14
1
Falta de estudos histológicossuficientes
Casuística clínica que comproveseu uso
Estudos quanto ao risco detransmissão de doenças
Segurança quanto ao processode obtenção desse osso
Resposta imunogênica
33
Gráfico 3 - Resultados da razão principal de trabalho com osso homógeno.
Dos 40 entrevistados, 82,5% (n=33) não tem receio de transmissão de
doenças pelo osso homógeno. Porém 17,5% (n=7) informaram terem receio de
transmissão. Dado importante: todos os quarenta CD (100%), nunca tiveram sequer,
suspeita de alguma doença infecto-contagiosa transmitida por uso do osso
homógeno a seus pacientes, conforme gráfico 4.
Razão principal que os levou a trabalhar com esse tipo de osso
50%
20%
20%
10%
diminuir a morbidade do paciente
falta de área doadora
acreditam que ele tenha resultados obtidoscomo o osso autógeno
pelo resultado de sucesso obtido por profissionais que utilizam o ossohomógeno a mais tempo
34
Gráfico 4 - Resultado quanto ao medo de transmissão de doenças.
Das perdas de enxerto 8,1% (n=50), foram relatados que em 8% (n=4) a
causa foi infecção. Todos estes, foram enxertos de seio maxilar com osso
particulado. Já em 92% (n=46) foram relatados falhas técnicas como: Recobrimento
de tecido insuficiente e exposição do enxerto, trauma por prótese, falta de
estabilidade e vascularização do enxerto, conforme tabela 3 e gráfico 5.
82,5
17,5
100,0
0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0
100,0
PERC
ENTU
AL
Não Sim Nunca
Medo de Transmissão(p<0,0001)
Suspeita de Transmissão
35
Tabela 3 - Resultados de perda de enxerto por falhas técnicas.
Falhas técnicas 46 casos
38 casos Recobrimento insuficiente e exposição do enxerto
2 casos Trauma por prótese
6 casos Falta de estabilidade e vascularização do enxerto
Principais causas de perda do homoenxerto por falhas técnicas
Gráfico 5 - Resultados de perda do Homoenxerto por falhas técnicas
Quanto ao sucesso obtido com os enxertos homógenos, 82,5% (n=33)
afirmaram que preenchem as expectativas e 17,5% (n=7) afirmaram que superam a
expectativa. Nenhum teve sucesso abaixo da expectativa, quanto ao uso de
enxertos homógenos, conforme o gráfico 6 e tabela 4.
82,6
13,04,3
0,0
10,020,0
30,040,0
50,060,0
70,080,0
90,0
PERC
ENTU
AL
Recobrimentoinsuficiente
Falta de Estabilidade Trauma por prótese
36
Tabela 4 - Resultados de expectativas com uso de enxerto homógeno.
Sucesso obtido com os enxertos homógenos
33 Preenchem as expectativas
7 Superam a expectativas
0 Sucesso abaixo da expectativa
Gráfico 6 - Resultado de expectativas com o uso de enxerto homógeno.
Comparados aos enxertos autógenos quanto à reabsorção na reabertura:
60% (n=24) CD afirmaram que esse osso reabsorve clinicamente menos do que o
autógeno na reabertura. Outros 35% (n=14) afirmaram que reabsorveram como o
osso autógeno e ainda, outros 5% (n=2) afirmaram que o osso homógeno reabsorve
mais, que o os enxertos autógenos, conforme tabela 5 e gráfico 7.
Sucesso obtido com os enxertos homógenos
82,5%
17,5% 0%
Preenchem as expectativas
superam a expectativas
abaixo das expectativas
37
Tabela 5 - Resultados quanto a Reabsorção.
Comparados aos enxertos autógenos quanto à reabsorção na reabertura
24 CDs Afirmam que esse osso reabsorve menos do que o autógeno
14 CDs Dizem que reabsorvem como o osso autógeno
2 CDs Afirmam que o osso homógeno reabsorve mais que os enxertos autógenos
Avaliação da reabsorção dos Homoenxertos comparados aos enxertos autógenos
Gráfico 7- Resultados de reabsorção na reabertura dos Homoenxertos
Quanto à qualidade óssea obtida para uso de implantes, 12,5% (n=5) CD
afirmaram ser ótima, 85% (n=34) CD afirmaram ser boa e apenas 2,5% (n=1) CD,
afirmaram ser de baixa qualidade, conforme tabela 6 e gráfico 8.
60,0
35,0
5,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
PERC
ENTU
AL
Reabsorve menos Reabsorve igual Reabsorve mais
38
Tabela 6 - Resultados quanto a qualidade óssea obtida
Qualidade óssea obtida para uso de implantes
5 CDs Ótima
34 CDs Boa
1 CD De baixa qualidade
Gráfico 8 - Resultado quanto a qualidade óssea obtida.
Qualidade óssea obtida para uso de implantes
85%
12,5%2,5%
Ótima
Boa
de baixa qualidade
39
Diante da experiência clínica dos participantes: 30% (n=12) afirmaram
que enxerto em bloco teve melhor resultado, 32,5% (n=13) afirmaram que o enxerto
particulado em seio maxilar teve melhor resultado, 37,5% (n=15) afirmaram ter tido
igual resultado, tanto particulado quanto em bloco, conforme tabela 7 e gráfico 9.
Tabela 7 - Resultados quanto ao melhor: particulado ou bloco.
Experiência clínica dos participantes quanto ao melhor resultado
12 CDs Enxerto em bloco
13 CDs Enxerto particulado em seio maxilar
15 CDs Igual resultado, tanto particulado quanto em bloco
Experiência clínica dos participantes quanto ao melhor resultado de apresentação do enxerto
30,032,5
37,5
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
PERC
ENTU
AL
Enxerto em bloco Enxertoparticulado
Igual resultado
Gráfico 9 - Resultado quanto ao melhor: particulado ou bloco.
40
6 DISCUSSÃO
De acordo com os dados da pesquisa foram enviados 150 questionários
para cirurgiões dentistas que estão cadastrados no Banco de Tecidos do Hospital de
Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Nem todos cadastrados
já utilizaram osso homógeno, ainda. Dos 150 questionários enviados, apenas 56
foram respondidos. Acredita-se que a não participação efetiva deve-se ao fato de
muitos estarem cadastrados e não terem ainda, utilizado o osso homógeno.
Dos 56 questionários devolvidos, 16 foram excluídos da pesquisa, por não
completar o questionário (n=1), já os outros questionários foram excluídos(n=15),
porque foram selecionados para a pesquisa, apenas aqueles com casuística mínima
de um ano. Tempo mínimo e suficiente para o CD avaliar se houve sucesso ou
insucesso nos enxertos homógenos, para instalação de Implantes. Dentre estes, CD
excluídos. Alguns (n=12) tinham casos clínicos com um, quatro e cinco meses.
Outros (n=3) faziam uso de osso homógeno em seus pacientes, provenientes de
outros Bancos de Ossos o que não se adequou aos critérios de inclusão.
Dentre os CD (n=40) que restaram para nossa pesquisa, estes foram
separados de acordo com a área de atuação cadastrada junto ao Sistema Nacional
de Transplantes (SNT) (tabela 1). Os resultados obtidos no gráfico 1 e tabela 1,
mostraram o objetivo principal desta pesquisa. Neste gráfico ficou demonstrado, que
os nove CD periodontistas fizeram 151 enxertos homógenos: com sucesso de 94%
(n=142). Outros dez CD especialistas em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial fizeram 176
enxertos homógenos, com sucesso de 88,6% (n=156). Outros 21 CD
Implantodontistas fizeram 293 enxertos homógenos com sucesso de 92,8% (n=272).
De acordo com avaliação do resultado obtido segundo a área de atuação
41
(especialidade), não foi observado diferença significativa, no entanto ressalta-se que
a Periodontia apresentou menor percentual de insucesso (6,0%) com o p=0,149.
Como o objetivo desta pesquisa não foi saber qual a área que obteve melhor
resultado, essa separação de dados por especialidade é apenas para facilitar
didaticamente ao leitor, quantos CD participaram desta pesquisa e qual a sua área
de atuação. Mesmo porque, o número de Implantodontistas é bem maior nesta
pesquisa e haveria necessidade de se avaliar muitas outras variáveis possíveis, para
se chegar a uma conclusão.
O interesse maior desta pesquisa foi o de avaliar, o número total de casos
clínicos com enxertos homógeno. Seu número de sucesso e insucesso, o risco de
insucesso do total de casos relatados. Como se pode verificar na tabela 1 e gráfico
1, 40 CD fizeram 620 enxertos homógenos. Destes, 570 tiveram sucesso e 50
insucessos. Assim, o sucesso foi de 91,94% próximo a Navarro (2002) que obteve
88,5% e Keith et al. (2006), que obtiveram 93%. O risco total de insucesso
constatado na pesquisa foi de 8,06%, para a utilização do osso homógeno do HC da
UFPR.
De acordo com os resultados da pesquisa 70% dos CDs entrevistados
tiveram 100% de sucesso (tabela 2), com uso do homoenxerto, assim como Rocha
et al. (2006).
Existem dúvidas junto aos CD que trabalham com esse osso, alguns
acham que precisam-se de mais estudos histológicos; outros de casuística clínica
que comprovem seu uso a longo prazo; Outros de mais estudos, quanto ao risco de
transmissão de doenças, assim como Ross et al. (2000); Outros ainda, quanto ao
processo de obtenção deste osso e sua resposta imunogênica .
De acordo com os resultados da pesquisa, constatou-se que a motivação
42
para que metade 50% (n=20) dos CD respondentes viessem a trabalhar com esse
tipo de osso foi justamente diminuir a morbidade dos pacientes de enxerto, assim
como afirmaram os autores Mish, 2002; Navarro, 2002; Rocha et al., 2006. Outros
motivos também foram destacados para motivação de uso do homoenxerto, como a
falta de área doadora de osso autógeno 20% (n=8), assim como afirmou a pesquisa
de (Masters, 1988); outros ainda 20% (n=8), relataram acreditar que o homoenxerto
tem resultados clínicos como o enxerto autógeno, como afirmaram Neo et al. (2000);
outros 10% (n=4) utilizaram o homoenxerto por acreditar nos resultados clínicos
relatados por outros profissionais.
Dos pesquisados (respondentes), 82,5% (n=33), ou seja, a grande
maioria, relatou que não teve medo algum de transmissão de doenças pelo osso
homógeno assim como relatado por Costa & Trevisan (2007), mesmo sendo
relatado esta possibilidade na literatura por Garcia et al. (1996), Weyts et al. (2003).
Os outros 17,5% (n=7), relataram o medo de transmissão de doenças, porém foi
significante estatisticamente (p<0001) que a grande maioria confiou no homoenxerto
e o banco de ossos utilizados.
Um dado muito importante é que nenhum dos 100% (n=40) dos
entrevistados, teve sequer, a suspeita de algum tipo de doença transmitida por esse
osso de banco, tal fato foi verificado por Leonetti et al. (2003). Das perdas de
enxerto, todas foram relacionadas às falhas técnicas dos CD e infecções, como
também ocorre nos enxertos autógenos. Ou seja, nenhuma falha foi atribuída, ao
tipo de osso homógeno utilizado nos enxertos, como afirmaram também os autores
Navarro, 2002; Keith et al., 2006; Macedo et al., 2007.
De acordo com a pesquisa, todos os CD 100% (n=40) relataram que o
uso de enxerto homógeno preencheu as expectativas ou até, superaram as
43
expectativas. Fato este também apontado por Rocha (2006). Foi relatado também
pela maioria dos CD 60% (n=24) que esse osso reabsorveu clinicamente menos que
o osso autógeno durante a sua reabertura, quando comparados, de acordo com a
experiência de cada participante. Ressaltaram ainda 85% (n=33), que a qualidade
para instalação de implantes foi de boa a ótima. Esta situação concorda com as
afirmações de Leonetti et al. (2003); Macedo et al. (2007). Apenas 2,5% (n=1) CD
avaliado disse ser de baixa qualidade o osso homógeno. Vale ressaltar que esse CD
fez apenas dois enxertos.
Quanto ao uso de enxerto particulado ou em bloco, os resultados em
relação à experiência clínica dos participantes, independente da área de atuação,
verificou-se uma distribuição homogênea entre eles, com uma pequena tendência
para aqueles que obtiveram igual resultado utilizando tanto o enxerto em bloco como
particulado 37% (n=15), concordando com o trabalho de Macedo et al. (2007).
Ficou evidente que o homoenxerto é uma opção frente às atrofias
maxilares e posterior reabilitação com implantes ósseos dentários. Desde que, bem
empregada a técnica de enxertia e indicação do caso. Necessitando ainda de
estudos e casuísticas a longo prazo para sanar todas as dúvidas do Cirurgião
Dentista.
44
7 CONCLUSÃO
De acordo com os resultados da pesquisa, concluímos que:
a) o sucesso relatado clinicamente pelos cirurgiões dentistas foi
significativo, 91,9% dos casos de enxertos. Porém, 8,1% de casos
relatados foram de insucessos;
b) não se constatou nenhum caso ou suspeita de transmissão de
doenças infecto contagiosas, devido ao uso do homoenxerto;
c) foi verificado que de acordo com a experiência clínica dos profissionais
participantes da pesquisa, tanto o osso homógeno particulado ou em
bloco, apresentaram resultados satisfatórios.
45
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1 De acordo com o Manual de Normatização para Dissertações e Teses do Centro de Pós-Graduação CPO São Leopoldo Mandic, baseado no modelo Vancouver de 2007, e abreviaturas dos títulos de periódicos em conformidade com o Index Medicus.
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ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado Cirurgião Dentista:
Sou mestrando na área de Implantodontia e estou estudando os
resultados clínicos, quanto à utilização do osso humano congelado de bancos em
pacientes, por meio de um questionário respondido pelos colegas. Quero obter
dados de vários CDs. que utilizam este tipo de osso em seus pacientes, através
deste questionário em anexo.
A sua participação não é obrigatória, mas se o(a) senhor(a) participar
voluntariamente, seu nome ou qualquer outra identificação não aparecerá na
pesquisa. Apenas suas respostas serão utilizadas para conclusão da mesma.
Conto com sua sinceridade e seriedade para o engrandecimento deste
trabalho. Concluída a pesquisa, os resultados estarão a sua inteira disposição para
esclarecer possíveis dúvidas. O titulo: Avaliação de sucesso e insucesso de casos
clínicos relatados por cirurgiões-dentistas usuários de homoenxerto proveniente do
banco de tecidos músculo-esqueléticos do hospital de clínicas da Universidade
Federal do Paraná. Fico, desde já, grato pela sua cooperação. Atenciosamente,
Germano Rodrigues leitão CRO: 4356-DF ([email protected])
Fones: (61) 3032-5623; 81519972
Assinatura do voluntário:___________________________________
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ANEXO B - QUESTIONÁRIO
1) Trabalha com osso homógeno de banco há quanto tempo? ( ) ______ meses ( ) ______ anos ________ meses 2) Seu cadastro junto ao SNT foi feito por atuar em qual área? ( )Cirurgia Buco-Maxilo-Facial ( ) Implantodontia ( ) Periodontia 3) Usou o osso homógeno de banco, mais de uma vez? ( ) Sim Quantos Casos?___________ ( ) Não 4) Seu uso foi suficiente para resolver com sucesso, o defeito ósseo: ( ) em todos os casos em que foi usado ( ) em alguns casos em que foi usado. Quantos?________________ ( ) em nenhum dos casos em que foi usado 5) Quanto ao uso de enxerto homógeno congelado de banco: ( ) você indica com segurança: ( ) você indica em último caso, com certo receio; ( ) você não indica mais; ( ) depende do caso, ainda não tenho uma conclusão. 6) Você conhece todo o processo de remoção ao armazenamento, do banco de ossos que você trabalha? ( ) sim ( ) não 7) Qual sua maior dúvida ao trabalhar com osso de banco? ( ) Falta de estudos histológicos suficientes; ( ) Falta de casuística clínica que comprovem seu uso; ( ) Estudos quanto ao risco de transmissão de doenças; ( ) Segurança quanto ao processo de obtenção desse osso; ( ) Nenhuma dúvida; ( ) outras:___________________________________
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8) Qual a razão principal, que o levou a trabalhar com esse osso? ( ) diminuir a morbidade do paciente; ( ) por falta de osso autógeno do seu paciente(área doadora). ( ) pelo resultado de sucesso, de outros profissionais que utilizam esse osso; ( ) por acreditar que ele tenha resultados, como os obtidos por osso autógeno. 9) Você tem medo de transmissão de doenças por enxerto de banco? ( ) sim. ( ) não. 10) Seu sucesso com o uso do osso de banco: ( ) é maior do que a expectativa ( ) preenche as expectativas ( ) é menor do que as expectativas 11) Usou esse tipo de osso para preenchimento de seio maxilar? ( ) sim Quantos?____ ( ) não 12) Seu sucesso foi: ( ) acima da expectativa ( ) a expectativa ( ) abaixo da expectativa. 13) Usou-o para enxerto em bloco? ( ) sim Quantos?_____ ( ) não 14) Seu sucesso foi: ( ) acima da expectativa ( ) a expectativa ( ) abaixo da expectativa. 15) Ao reabrir os enxertos em bloco, estes reabsorveram: ( ) Menos que os enxertos autógenos ( ) Normalmente, como os enxertos autógenos ( ) muito mais do que os enxertos autógenos. 16) A qualidade óssea obtida para uso de implantes: ( ) é ótima; ( ) é boa; ( ) é de baixa qualidade.
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17) Teve casos de perda de enxerto? ( ) Sim Qual a área?___________________________________ ( ) são 18) Qual a causa provável da perda? 19) Teve algum tipo de infecção do paciente, no tratamento com osso de banco? ( ) sim - quantos casos?_________ ( ) não 20) Teve algum paciente com suspeita de alguma doença transmitida por esse osso de banco? ( ) sim ( ) não 21) Se sim, qual doença? _______________________________ 22) Diante de sua experiência clínica, qual seu melhor resultado: ( ) enxerto em mandíbula e maxila(bloco) ( ) enxerto em maxila(particulado) ( ) igual resultado.
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ANEXO C - FOLHA DE APROVAÇÃO DO CEP