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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇAO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA EM
ANIMAIS SELVAGENS E EXÓTICOS
AVALIAÇÃO DO CICLO REPRODUTIVO EM TRÊS FÊMEAS ADULTAS DE
TAMANDUÁ-MIRIM (Tamandua tetradactyla) POR MEIO DE
CITOLOGIA VAGINAL
DEBORAH SCHEIDEGGER SOBOLL
Brasília
Abril, 2008
DEBORAH SCHEIDEGGER SOBOLL
Aluna do Curso de Especialização “Lato sensu” em
Clínica Médica e Cirúrgica em Animais Selvagens e Exóticos
AVALIAÇÃO DO CICLO REPRODUTIVO EM TRÊS FÊMEAS ADULTAS DE
TAMANDUÁ-MIRIM (Tamandua tetradactyla) POR MEIO DE
CITOLOGIA VAGINAL
Trabalho monográfico do curso de pós-graduação
"Lato Sensu" em Clínica Médica e Cirúrgica em
Animais Selvagens e Exóticos apresentado à UCB
como requisito parcial para a obtenção de
título de Especialista em Clínica Médica e Cirúrgica
de Animais Selvagens e Exóticos, sob a orientação
do Prof. José Ricardo Pachaly.
Brasília
Abril 2008
DEDICATÓRIA
Aos tamanduás de toda a face da terra, que
permaneçam sempre em nosso meio para
que possamos amá-los, respeitá-los e admirá-los...
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, pai querido, que me deu a vida, me permitiu crescer e por em prática Seu
mandamento de cuidar dos animais, porém ainda há muito que aprender...
Ao meu esposo Javier Fernando (“Djodjy”) pelo amor e incentivo deste trabalho,
que sempre esteve junto em todo o esforço que foi necessário para chegar até aqui. Só a gente
sabe... TE AMO!
A minha querida mishpahá: pipos, mamãe, Dany, Lis, Dadão e Jess que mesmo de
tão longe sempre me apoiaram com palavras e orações. Amo muito vocês!
Ao mestre e amigo Dr. Pachaly, que sempre me inspirou e incentivou a querer
aprender cada vez mais sobre a fauna silvestre, hoje uma dedicação de vida.
Ao Zoológico de Brasília e a todos que participaram direta ou indiretamente deste
trabalho, para que juntos pudéssemos aprender um pouquinho mais sobre os tamanduás.
A Quallitas, por proporcionar um aprendizado de qualidade, prezando seu
compromisso em encontrar os melhores professores para nossa formação profissional.
A todos meus sinceros agradecimentos.
iv
ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................... 3 2.1 DESCRIÇÃO GERAL DA ORDEM XENARTHRA.................................................................................. 3 2.2 TAMANDUÁ MIRIM................................................................................................................................. 5 2.2.1 – TAXONOMIA ........................................................................................................................................ 5 2.2.2 – SINONÍMIA........................................................................................................................................... 5 2.2.3 – DISTRIBUIÇÃO .................................................................................................................................... 5 2.2.4 – TAMANHO ............................................................................................................................................ 6 2.2.5 – HETEROTERMIA.................................................................................................................................. 7 2.2.6 – MORFOLOGIA DO CORPO ................................................................................................................ 7 2.2.7 – MORFOLOGIA DA CABEÇA............................................................................................................... 8 2.2.8 – MORFOLOGIA DOS MEMBROS......................................................................................................... 8 2.2.9 – ALIMENTAÇÃO.................................................................................................................................. 10 2.2.10 – CRIAÇÃO EM CATIVEIRO .............................................................................................................. 10 2.2.11 – PARTICULARIDADES...................................................................................................................... 11 2.2.12 – TEMPO DE VIDA ............................................................................................................................. 11 2.2.13 – CONTENÇÃO FARMACOLÓGICA.................................................................................................. 11 2.2.14 – GENERALIDADES EM MEDICINA................................................................................................. 12 2.2.14.1 – Distúrbios Nutricionais ..................................................................................................................................... 13 2.2.14.2 – Distúrbios Digestivos ........................................................................................................................................ 13 2.2.14.3 – Problemas Respiratórios.................................................................................................................................... 14 2.2.14.4 – Parasitos ............................................................................................................................................................ 14 2.2.14.5 – Lesões ............................................................................................................................................................... 14 2.2.14.6 – Outros problemas .............................................................................................................................................. 15 2.3 ASPECTOS REPRODUTIVOS ................................................................................................................ 17 3. MATERIAL E MÉTODO ........................................................................................................................ 19 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................................................... 21 5. CONCLUSÃO ........................................................................................................................................... 27 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................... 28
v
LISTA DE FIGURA
Figura 1 – Distribuição dos Xenarthra na América.................................................................... 4
Figura 2 – Aspecto ósseo do crânio de Tamandua tetradactyla................................................ 8
Figura 3 – Posição que o tamanduá mirim adota quando se sente ameaçado............................ 9
Figura 4 – (a) Trilha de T. tetradactyla a passo lento. Comprimento da passada = 38 cm,
largura da passada = 19 cm. (b) Pegadas de tamanduá mirim em argila úmida consistente
(BECKER, 1991)........................................................................................................................
9
Figura 5 – Tamanduá mirim adulto atropelado na DF 001 – Brasília/DF.................................. 15
Figura 6 – Tamanduá mirim adulto com tíbia fraturada após atropelamento............................ 15
Figura 7 – Tamanduá mirim adulto com canulação esofágica após perder a língua em
atropelamento.............................................................................................................................
15
Figura 8 – Ocorrência de prolapso retal em tamandua mirim.................................................... 16
Figura 9 – Recorrência de prolapso retal e intestinal em tamanduá mirim quatro
meses após tratamento por redução. O animal veio a óbito...........................................
16
Figura 10 – Tamanduá mirim contido fisicamente para avaliação de queimaduras nos
membros torácicos e pélvicos.....................................................................................................
17
Figura 11 – Fêmeas de tamanduá mirim utilizadas na pesquisa................................................ 19
Figura 12 – Variação das células vaginais da fêmea adulta de Tamandua tetradactyla nº 1,
num período de 80 dias, evidenciando claramente o período de estro quando ocorre uma
variação brusca na apresentação das células. O período entre cada estro foi de 141 dias.
Células basais (azul), células intermediárias (verde) e células cornificadas (vermelho)...........
23
Figura 13 – Variação das células vaginais da fêmea adulta de Tamandua tetradactyla nº 2,
num período de 80 dias, em que não houve variação significativa das células. Células basais
(azul), células intermediárias (verde) e células cornificadas
(vermelho)..................................................................................................................................
23
Figura 14 – Variação das células vaginais da fêmea adulta de Tamandua tetradactyla nº 3,
com dois anos de idade, num período de 80 dias, evidenciando claramente o período de estro
quando ocorre uma variação brusca na apresentação das células. O período entre o estro foi
de 43 dias. Células basais (azul), células intermediárias (verde) e células cornificadas
(vermelho)..................................................................................................................................
24
Figura 15 – A autora com o filhote “Debolinho” nascido da fêmea nº 2, 143 dias após a
manipulação para a realização deste estudo...............................................................................
26
vi
LISTA DE TABELA
Tabela 1 – Tipos de distúrbios clínicas envolvendo 200 casos de doenças em tamanduás (bandeira e mirim) em cativeiro, São Paulo, Brasil. (n = número de casos diagnosticados; a confirmação pos-mortem)..................................................................
12Tabela 2 – Contagem de células vaginais em três fêmeas de tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla), demonstrando a quantidade de células encontradas no esfregaço como células cornificadas ou superficiais (C), células intermediárias (I), células basais (B), destacando-se em negrito o provável período de estro....................
22
vii
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi investigar um parâmetro reprodutivo em tamanduás mirins
(Tamandua tetradactyla) por meio da avaliação de citologia vaginal. Utilizaram-se três fêmeas
adultas, oriundas de vida livre e mantidas em cativeiro no Zoológico de Brasília. Foram
colhidas 53 amostras, num período de 80 dias, por meio de swabs vaginais, preparando-se
esfregaços em lâminas de vidro. Os esfregaços foram fixados com fixador Citofix®, corados
pelo método de Shorr, e observados em microscopia ótica (aumento de 400 vezes). Foram
contadas 100 células, por lâmina diferenciando-as pela morfologia e coloração. Foram
encontradas células basais, células intermediárias e células cornificadas. Identificaram-se dois
períodos de estro em duas fêmeas, havendo predominância de células basais durante o anestro,
e aumento significativo das células intermediárias e cornificadas durante proestro, estro e
diestro. A terceira fêmea não apresentou variações significativas das células, por estar
gestando durante a coleta dos dados. Observou-se que o ciclo estral ocorre a cada 42 dias, e o
período do cio dura cerca de seis dias, havendo um aumento da vulva e discreto sangramento
vaginal. Conclui-se que através da citologia vaginal, é possível diferenciar as fases do ciclo
estral em tamanduás mirins (Tamandua tetradactyla).
Palavras-chave: Ciclo estral, citologia vaginal, tamanduá mirim, Tamandua tetradactyla.
viii
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate a reproductive parameter in three captive collared-
anteaters (Tamandua tetradactyla) from Brasilia City Zoo (Brasilia, DF, Brazil), by means of
vaginal cytology. There were collected 53 samples in an 80-day period, by vaginal swabbing.
Scrapings were fixed with Citofix®, and prepared with Shorr staining, being analyzed under
optic microscopy (400X). There were counted 100 cells in each glass slide, being
differentiation made by morphology and staining characteristics. There were found basal,
intermediate, and cornified cells. Two estrous periods were observed in two individuals, with
predominance of basal cells during anestrus, and significant increasing of intermediate and
cornified cells during proestrus, estrus, and diestrus. The third female did not presented
significant cell changes, because of being pregnant during the data collection period. There
was observed that estrous cycle occurs each 42 days, and the heat period takes six days, with
vulvar swelling, and slight vaginal bleeding. There was concluded that vaginal cytology
permits to identify the estrous cycle phases in collared-anteaters (Tamandua tetradactyla)
females.
Key words: estrous cycle, vaginal cytology, collared-anteater, Tamandua tetradactyla.
ix
1. INTRODUÇÃO
Os tamanduás pertencem à ordem Xenarthra, que inclui 4 famílias, 13 gêneros e
29 espécies (WETZEL, 1985). São animais característicos do continente americano,
ocorrendo desde o México até o sul da América do Sul. A família Myrmecophagidae é
representada por quatro espécies de tamanduás: o tamanduá bandeira (Myrmecophaga
tridactyla), o tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla e T. mexicana) e o tamanduaí
(Cyclopes didactylus). São animais que apresentam adaptações à mirmecofagia, como a
total ausência de dentes, presença de língua extremamente alongada e protrátil, glândulas
salivares mucosas que auxiliam na captura de cupins e formigas, e a presença de garras
bastante desenvolvidas (NOWAK & PARADISO, 1983).
Os tamanduás, apesar de serem espécies relativamente comuns nos zoológicos
do Brasil (principalmente o tamanduá bandeira e o tamanduá mirim), não se reproduzem
com freqüência em cativeiro, e a grande maioria dos exemplares mantidos nos zoológicos
são animais oriundos da natureza.
Ao longo de mais de um século, muitas espécies foram mantidas em zoológicos
de todo o mundo por meio da reposição periódica de animais vindos da natureza.
Atualmente esta prática se torna cada vez mais difícil, principalmente em relação às
espécies ameaçadas, já que suas populações vêm se reduzindo drasticamente nas últimas
décadas. Isto significa que os zoológicos necessitam de manejo adequado para a
manutenção de populações de forma auto-sustentável, sendo extremamente importante
para o sucesso reprodutivo destas espécies o conhecimento de padrões de comportamento
social e reprodutivo (MORAN & SORENSEN, 1984).
Com o crescimento e expansão da população humana e conseqüente ocupação
de áreas naturais, muitos animais acabam sendo capturados e, na falta de área para serem
soltos, acabam nos zoológicos. Em tal situação, os zoológicos brasileiros não tem
contribuído muito, quando comparados aos zoológicos da América do Norte e
Europaexistindo aqui poucas pesquisas que visem reprodução e manutenção de populações
auto-sustentáveis. A habilidade em determinar e, quando necessário, interferir no status
reprodutivo de fêmeas em cativeiro, é de fundamental importância para aumentar a
reprodução em cativeiro de espécies raras ou ameaçadas (HODJES, 1996).
1
A biologia reprodutiva dos xenartros ainda apresenta muitas incógnitas,
principalmente no que se refere ao comportamento reprodutivo e a fisiologia endócrina do
ciclo estral até a gestação (MIRANDA, 2006).
Com o intuito de auxiliar o manejo reprodutivo em tamanduás nos jardins
zoológicos, o objetivo deste trabalho foi investigar um parâmetro reprodutivo em
tamanduás mirim, que possa indicar o período de fertilidade em fêmeas desta espécie,
utilizando-se o estudo de citologia vaginal (colpocitologia). O método foi escolhido por ser
menos invasivo, e conseqüentemente causar menor grau de estresse nos animais avaliados.
2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 DESCRIÇÃO GERAL DA ORDEM XENARTHRA
A ordem Xenarthra (anteriormente denominada Edentata) possui quatro
famílias, representadas pelos tamanduás (Myrmecophagidae), preguiças (Bradypodidae e
Megalonychidae) e tatus (Dasypodidae) (WETZEL, 1985).
Estes animais, apesar de um parentesco estreito, apresentam morfologia e
hábitos de vida muito diversificados. O próprio nome da ordem não designa uma
característica geral, apenas referindo-se a animais que possuem uma arcada dentária
reduzida ou muito simplificada. O nome da ordem, Xenarthra, significa animais de
“articulações estranhas”, sendo mais próprio do que antes, quando eram denominados
Edentata, que significa “animais sem dentes”.
São criaturas muito interessantes, sobretudo por serem os últimos descendentes
de um grupo muito primitivo de mamíferos. Sua época de evolução ocorreu durante a Era
Terciária, no continente americano, com espécies que atingiram dimensões gigantescas
(CPZSP, 1982), estando presentes desde a época Eocena (STORER, 1984). O tamanho
entre as diferentes espécies pode variar de 200 g a 50 kg (MIRANDA, 2006).
Os Xenarthra atuais – todos vivendo nas Américas tropical e meridional –
apresentam em comum, além da arcada dentária, todo um conjunto de características
morfo-estruturais distintas e únicas. Os membros pélvicos desses animais apresentam em
geral cinco dedos, com unhas pontiagudas proporcionais e membros torácicos bem
desenvolvido, providos de unhas grandes e sólidas. Na maioria dos casos, são animais
especializados para cavar ou subir em árvores. Parte dos Xenarthra que hoje vivem
adquiriram hábitos alimentares muito específicos, outros desenvolveram em seu corpo
estruturas especiais de proteção. Esses fatos foram provavelmente determinantes para a
sobrevivência dos Xenarthra frente à competição de mamíferos mais derivados (CPZSP,
1982).
O nome tamanduá vem de “ta”, contração “tacê” (“formiga”) e munduar
(“caça”) (SILVA, 1976). Apenas os tamanduás (nome genérico que abrange as várias
espécies da família dos mimercofagídeos) representam os desdentados, que efetivamente
não têm dentes (IHERING, 1965).
3
São animais das florestas tropicais, espalhados desde o México meridional até o
Uruguai (Figura 1), famosos por se alimentarem quase exclusivamente de cupins e
formigas. São classificados em três gêneros (Myrmecophaga, Tamandua e Cyclopes), cujas
dimensões variam desde o tamanho de um esquilo até o de um cachorro grande (CPZSP,
1982). Do gênero Myrmecophaga, são três as subespécies conhecidas: Myrmecophaga
tridactyla centralis, da América Central, Myrmecophaga tridactyla artata, do noroeste da
América do Sul e Myrmecophaga tridactyla tridactyla, no restante da área de distribuição
(WETZEL, 1982). Do gênero Tamandua, as duas espécies conhecidas são Tamandua
mexicana, encontrado na América do Norte e central, e Tamandua tetradactyla, encontrado
na América do Sul. Do gênero Cyclopes, apenas uma espécie é encontrada: Cyclopes
didactylus, considerado o pequeno tamanduá (FLINT, 1997).
Fonte: WAZA, 2008.
Figura 1 – Distribuição dos Xenarthra na América.
4
2.2 TAMANDUÁ MIRIM
2.2.1 – TAXONOMIA
Reino: Animal
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Xenarthra
Subordem: Vermilíngua
Família: Myrmecophagidae
Gênero: Tamandua
Espécie: Tamandua tetradactyla
2.2.2 – SINONÍMIA
O Tamandua tetradactyla também é conhecido popularmente como, tamanduá
mirim, jaleco, melete, mixila, tamanduá-de-colete ou tamanduá-colete (IHERING, 1965).
2.2.3 – DISTRIBUIÇÃO
O tamanduá mirim um gênero pertencente à família Myrmecophagidae
encontrado na América do Sul cisandina, ocorrendo em todo o Brasil, também visto ao sul
da Venezuela, leste dos Andes até o norte da Argentina e Uruguai, com exceção do Chile
(WETZEL, 1985).
O gênero Tamandua é dividido em duas espécies, T. mexicana e T. tetradactyla.
O representante brasileiro, T. tetradactyla, apresenta uma grande distribuição, ocorrendo
praticamente em todo o Brasil, onde recebe diferentes nomes. Poucos estudos existem a
respeito de análises genéticas e, apesar desta espécie apresentar-se amplamente distribuída
em nosso país, não existem estudos de análises populacionais ou filogenéticas que
corroborem as propostas tradicionais de taxonomia deste gênero (BATISTA et al., 2005).
O T. mexicana ocorre no sudeste do México, por toda a América Central e oeste
andino da América do Sul, desde a Venezuela até o norte do Peru (MIRANDA, 2006).
5
O tamanduá mirim é encontrado em florestas, matas campos com capões,
restingas e cerrado (SILVA, 1984) e também pode ser visto em plantações (BOITANI,
1983). O período de atividade é noturno, mas pode ser observado também durante as horas
crepusculares, quando fica à procura de formigueiros e cupinzeiros.
Esta espécie é solitária, arborícola e, às vezes, terrestre. Sobe em árvores para
se refugiar de inimigos e para procurar alimento (IHERING, 1985) utilizando a cauda
como auxílio. Pode ser encontrado durante o dia dentro de ocos de árvores, quando não
está em atividade.
Os tamanduás são muito perseguidos pelo homem, o que está ocasionando o
desaparecimento total em determinadas regiões. No Rio Grande do Sul, limite sul extremo
da distribuição geográfica de ambas as espécies, estes animais devem ser protegidos com
especial atenção pois o número de indivíduos vem decrescendo drasticamente (SILVA,
1984).
Eles são mortos e comidos por homens, só que não possuem um sabor muito
agradável devido ao seu forte odor, porém são descritos também como presas de onças e
felideos. Quanto ás queimadas, pela sua habilidade para escapar, os tamanduás mirins são
menos susceptíveis ao fogo que os tamanduás-bandeira (FONSECA, 1994).
O avanço da agropecuária, a destruição do seu habitat natural pelo crescimento
da população aliados à caça e aos atropelamentos nas rodovias têm contribuído
significativamente para a diminuição do número de espécies de vida livre, embora não
façam, ainda, parte da lista dos mamíferos ameaçados de extinção (SANCHES, 2006).
2.2.4 – TAMANHO
O Tamanduá mirim é quase uma miniatura da espécie grande, porém
desprovida de “bandeira”. Sua pequena estatura não lhe impede de ser valente (IHERING,
1965). O comprimento do corpo é de 44 a 77 cm e da cauda, de 40 a 67 cm (NOWAK,
1991). Os espécimes em cativeiro pesam cerca de a 5,0 a 8,5 kg enquanto que o T.
mexicana pesa entre 3,0 a 7,0 kg (EISENBERG, 1999).
6
2.2.5 – HETEROTERMIA
Os tamanduás apresentam a temperatura corporal normal mais baixa que os
demais mamíferos, em média 34,1ºC, com uma variação de 32,7ºC a 35,5ºC (McNAB,
1985). A temperatura corporal varia com a temperatura ambiental, especialmente durante o
repouso (economia orgânica). Devido a essa baixa temperatura e a baixa atividade
tireoideana, possuem taxa metabólica mais baixa que outros mamíferos (PACHALY,
1992).
Toleram temperaturas baixas, como 0ºC, durante curtos períodos de tempo se
obtiverem camas bem profundas; para filhotes deve-se suplementar calor. As temperaturas
entre 27 e 28ºC são mais adequadas (BARTMANN, 1983).
O tamanduá mirim apresenta uma temperatura corporal de 2 a 3ºC menor que o
tamanduá bandeira por possuir massa corporal menor (McNAB, 1985).
2.2.6 – MORFOLOGIA DO CORPO
O tamanduá mirim é facilmente diferenciado do tamanduá-bandeira pelo
tamanho, coloração e formato da cauda, porém ambos possuem andar lento (FONSECA,
1994). Seu colete preto identifica-o muito bem, vestindo o pescoço e a parte superior do
dorso, onde termina a ponta, pelo colorido amarelo pálido. Destaca-se nitidamente o pêlo
escuro do resto do corpo, com duas listras pretas que avançam na região pré-escapular,
lembrando as alças de um colete, sendo a cauda também clara. O corpo é coberto por pêlos
espessos, duros e como cerdas (SILVA, 1984). Em alguns indivíduos, o colete pode ser
bem reduzido ou quase ausente (FONSECA, 1994).
A cauda é uma simples corda, porém útil, por ser preênsil como a dos gambás
(IHERING, 1965). Não possui pêlos longos na superfície dorsal, na parte ventral e na
ponta. Sobe facilmente em galhos e cipós finos, onde utiliza a cauda como órgão auxiliar
(SILVA, 1984). Abaixo da cauda encontram-se marcas pretas irregulares (NOWAK, 1991)
e cobertas por uma crosta (BOITANI, 1993).
7
2.2.7 – MORFOLOGIA DA CABEÇA
A cabeça é alongada devido ao exagerado comprimento do focinho (Figura 2),
os olhos são pequenos, não enxergando muito bem, porém seu olfato e audição são muito
aguçados (SILVA, 1984). A abertura da boca tem o diâmetro de um lápis, por onde é
projetada a língua, não havendo dentes.
Fonte: Skulls, 1995.
Figura 2 – Aspecto ósseo do crânio de Tamandua tetradactyla.
Para compensar a ausência dos dentes, o estômago possui musculatura
semelhante à moela dos galináceos (NOWAK, 1991). Comparados com a maioria dos
mamíferos placentários, os músculos faciais são reduzidos em número e complexidade
refletindo a relativa imobilidade da área facial. Os músculos são peculiarmente
diferenciados e especializados permitindo um controle veloz sobre a boca e o nariz
(NAPLES, 1985).
2.2.8 – MORFOLOGIA DOS MEMBROS
O tamanduá mirim está mais adaptado para a defesa que o tamanduá bandeira
(ANE, 1972). Os membros torácicos são muito desenvolvidos e o dedo médio possui uma
unha forte, grande, afiada, grossa e em forma de foice. Quando anda, utiliza os lados e nós
dos dedos, evitando assim o desgaste das unhas, que são usadas na obtenção de alimento.
O primeiro dedo é bem curto. É dócil e de movimentos muito lentos, mas quando
ameaçado, fica sentado dobre os membros traseiros (Figura 3) usando os braços e unhas
para defender-se (SILVA, 1984).
8
Figura 3 – Posição que o tamanduá mirim adota quando se sente ameaçado.
O tamanduá tem as garras centrais do membro torácico aumentadas, que
possuem capacidade poderosa para pegar suas presas: cupins, formigas ou larvas de
madeiras infestadas. As garras podem ser dobradas com força considerável, mesmo quando
o restante do membro está totalmente estendido, permitindo iniciar um ataque ao
formigueiro ou cupinzeiro, enquanto mantém seu corpo o mais afastado possível da
represália dos insetos (TAYLOR, 1978). Os pés dos membros pélvicos são semelhantes
aos de tamanduá bandeira, possuindo também cinco dedos (BOITANI, 1983).
As dimensões dos rastros de Tamandua são intermediárias entre
Myrmecophaga e Cyclopes. A pegada anterior é representada por uma forte garra, do
terceiro dígito, dirigida para o centro da trilha, sendo a palma composta por duas almofadas
principais (Figura 4). Podem aparecer marcas de pêlos. O rastro posterior, bem maior,
possui 5 dedos aproximadamente iguais, providos de unhas, também dirigidos para o
centro. Freqüentemente faltam impressões dos dedos nos rastros da pegada posterior,
observando-se então apenas a sola acompanhada das unhas (BECKER, 1991).
Figura 4 – (a) Trilha de T. tetradactyla a passo lento. Comprimento da passada = 38 cm, largura da passada
= 19 cm. (b) Pegadas de tamanduá mirim em argila úmida consistente (BECKER, 1991).
9
2.2.9 – ALIMENTAÇÃO
O tamanduá mirim alimenta-se exclusivamente de insetos, principalmente de
formigas, cupins (térmitas) e abelhas. Quando junto a um formigueiro ou termiteiro, utiliza
as fortes garras para fazer um buraco, deixando à vista os insetos que, após serem
capturados com a língua, são deglutidos em forma de bolo alimentar vivo. Dificilmente
destroem totalmente as colônias (MIRANDA, 2006).
O peso total de formigas encontrado no estômago de tamanduás mirins,
mencionados em trabalhos científicos, pode chegar a até 1,5 kg (SILVA, 1984).
Consomem cerca de 9.000 insetos por dia (MONTGOMERY, 1985). Além de cupins e
formigas, gosta muito de mel silvestre (SILVA, 1976). Quando sobe em árvores também
procura ninhos de aves para roubar-lhes os ovos (FONSECA, 1994).
A dieta dos tamanduás inclui 10 espécies e seis gêneros de insetos:
Nasutiermes, Microcerotermes, Armitermes, Leucotermes, Coctotermes e Calcaritermes. O
exemplar mais comido é o Nasutitermes spp. (OYARZUN, 1996), enquanto que as
formigas mais apreciadas são as dos gêneros Solenpsis, Formicine e Camponotus
(MIRANDA, 2006). O pequeno tamanduá aprende com a mãe quais são os insetos mais
preferidos (FONSECA, 1994). Para tamanduás de vida livre a composição da dieta varia
entre 30 a 65% de proteína e de 10 a 50% de gordura (REDFORD, 1984).
2.2.10 – CRIAÇÃO EM CATIVEIRO
O recinto ideal para um só animal deve medir 6,0 m2, com um mínimo de altura
de 1,8 m. Para cada animal a mais no recinto deve-se adicionar 50% do espaço. Cada
indivíduo deverá ter um comedouro independente, bem como um ninho com cama limpa.
As barreiras deverão ser de tela, de paredes lisas ou vidro grosso, o que impede que eles
escalem (MERRIT, 1975).
Para tamanduás, as condições de reprodução requerem uma temperatura de 24 a
29ºC e umidade de 40% (BARTMANN, 1983).
10
2.2.11 – PARTICULARIDADES
A urina e as fezes possuem odor acre, o que serve como indício de presença da
espécie, nos lugares onde vive. No macho, quando está excitado, este cheiro é quase
insuportável (SILVA, 1984). MIRANDA (2001), cita que a glândula adrenal de tamanduá
mirim, responsável pela liberação dos hormônios de cortisol e aldosterona, utilizados
também para a marcação de território, é semelhante às glândulas de cães e gatos.
2.2.12 – TEMPO DE VIDA
O tamanduá mirim vive cerca de 8 anos, segundo PACHALY (1992), mas pode
viver 14 anos em boas condições (SILVA, 1984).
2.2.13 – CONTENÇÃO FARMACOLÓGICA
GILLEPSIE (1993), sugere para xenartros o uso de cetamina, na dose de 10 a
30 mg/kg, com adição de diazepam (0,1 mg/kg) ou acepromazina (0,1 mg/kg), evitando o
estado catatônico e movimentos voluntários. O protocolo é intramuscular. A utilização
apenas de cetamina produz boa sedação e analgesia, mas induz pouco relaxamento
muscular (WRIGHT, 1982). A xilazina é um sedativo e relaxante muscular,
complementando a ação da cetamina e equilibrando seus efeitos negativos. O uso conjunto,
de xilazina e cetamina minimiza a excitação e promove um processo anestésico mais suave
do que o da cetamina usada isoladamente (WATERMAN, 1983). Este efeito dura de 18 a
35 minutos. A temperatura e a freqüência cardíaca decrescem consideravelmente.
Em geral não são observados efeitos adversos durante ou após a anestesia, e
geralmente não há necessidade de nova administração (FOURNIER, 1997).
GILLEPSIE (1993), recomenda o uso de xilazina em xenartros devido à
possível ocorrência de regurgitação, e pela dificuldade de intubação. Devem estar em
jejum pelo menos seis horas antes da administração, para que não ocorra regurgitação.
Atropina também pode ser usada para o controle salivar, mas em geral, não se observa
sialorréia. A completa imobilização é alcançada após três minutos após o início da
indução, utilizando-se a via intramuscular.
11
DIVERS (1986), menciona que a ação destas drogas pode se prolongar nesta
espécie, devido ao seu baixo nível metabólico, porém FOURNIER (1997), verificou que o
tempo da imobilização em tamanduá mirim não foi muito maior do que o que se tem
observado em outros mamíferos, utilizando-se a mesma dose.
2.2.14 – GENERALIDADES EM MEDICINA
Em geral, sabe-se que os tamanduás podem ser acometidos por doenças
infecciosas severas, mas não está estabelecido nenhum programa de vacinação
(RUEMPLER, 1982; WALLACH & BOEVER, 1983), por não haver estudos com
dosagens ou testes imunogenéticos específicos para xenartros.
A adaptação durante a quarentena é extremamente importante com os animais
que são mais suscetíveis ao estresse do cativeiro que favorece o aparecimento de doenças.
Problemas como enterites, pneumonias e deficiências nutricionais, em 90% dos casos,
ocorrem em animais durante o período de quarentena (DINIZ, 1995).
As mesmas doenças de tamanduá-bandeira também são observadas em
tamanduás mirins (Tabela 1).
Tabela 1 – Tipos de distúrbios clínicas envolvendo 200 casos de doenças em tamanduás (bandeira e mirim) em cativeiro, São Paulo, Brasil. (n = número de casos diagnosticados; a confirmação pos-mortem).
Condição n (%) Condição n (%) Doenças digestivas Enteropatias Enterite Diarréias não específicas Problemas de fígado Corpo estranho Doenças nutricionais Má absorção Deficiências Injúrias Doenças Respiratórias Pneumonias Doenças de Pele Ectoparasitas Alopecia ou prurido Dermatites Abcessos
52 (26) 27 (13,5) 18 (9,0) 4 (2,0) 2 (1,0) 1 (0,5) 40 (20) 23 (11,5) 17 (8,5) 31 (15,5) 20 (10) 20 (10) 14 (7,0) 5 (2,5) 5 (2,5) 3 (1,3) 1 (0,5)
Doenças circulatórias aInsuficiência Miocardite Hemorragia interna Doenças reprodutivas Aborto Mastite Desordens septicêmicas Doenças urinárias Doenças puerperais Doenças oftalmológicas Inconclusivas
9 (4,5) 3 (1,5) 3 (1,5) 3 (1,5) 2 (1,0) 1 (0,5) 1 (0,5) 2 (1,0) 2 (1,0) 1 (0,5) 1 (0,5) 26 (13)
Fonte: DINIZ, 1995.
12
2.2.14.1 – Distúrbios Nutricionais
As necessidades nutricionais de tamanduás não foram estabelecidas e há pouca
informação acerca de deficiência nutricional destes animais. Contudo sabe-se que eles são
suscetíveis a hipovitaminose K (SMIELOWSKI, 1981). A vitamina K é um fator limitante
na dieta e, por não conseguirem sintetizá-la, acabam apresentando problemas de
coagulação e hemorragia interna. É bastante comum essa ocorrência em zoológicos,
podendo até chegar a evacuar melena (PACHALY, 1992). Essa vitamina deve ser
fornecida na dieta sob a forma de vegetais verdes (como folhas de espinafre trituradas) ou
com polivitamínicos (FARIA, 1998).
Os animais com problemas nutricionais ficam magros e têm desenvolvimento
muito fraco. Nestes casos ocorre letargia, descamação da pele, fragilidade, pêlos secos e
escassos e mucosas pálidas. Os problemas nutricionais ocorrem mais em animais recém
chegados da natureza (DINIZ, 1995).
A utilização de recursos alimentares de baixo teor calórico (SHAW, 1987) e o
método indiscriminado de alimentação, que não distingue presa de detritos, podem
contribuir para a baixa taxa metabólica nestes indivíduos (McNAB, 1985).
2.2.14.2 – Distúrbios Digestivos
O problema de diarréia permanente, causada por alimentação com baixos teores
de elementos minerais rígidos, pode ser resolvido com a adição de mais ou menos ¼ de
areia ou terra, o que é bom para o mecanismo da digestão, produzindo fezes bem formadas,
consistentes e semelhantes às de tamanduás de vida livre. Dificilmente a diarréia leva os
animais à morte (BARTMANN, 1983).
Outro fator muito comum para o desencadeamento da diarréia é a salmonelose,
que se apresenta como diarréia profusa, de catarral a hemorrágica. O animal apresenta
ainda anorexia e desidratação. Para tratamento, recomenda-se fluidoterapia de suporte e
uso de sulfametazina ou cloranfenicol. É comum ocorrer recuperação clínica e o paciente
tornar-se um portador saudável (PACHALY, 1992).
Segundo DINIZ (1995), as bactérias encontradas em exames fecais de
tamanduás são: Salmonella enteritidid, S. chlerasuis, Escherichia coli e Enterobacter
aerogenes. Nas épocas mais quentes estes casos são bem maiores que no inverno.
13
2.2.14.3 – Problemas Respiratórios
Apatia, falta de fôlego, anorexia e perda de peso são associados à pneumonia.
Às vezes apresentam secreção nasal e ocular. As doenças respiratórias ocorrem mais no
outono e são mais freqüentes em animais oriundos da natureza do que em animais nascidos
em zoológicos (DINIZ, 1995).
2.2.14.4 – Parasitos
Há alta prevalência de helmintos em tamanduás, como Trichuris spp.
Strongyloides spp., e também protozoários como Eimeria spp. (KALYKAR &
PALLADWAR, 1989, LAISON & SHAW, 1990, 1991). A literatura menciona ainda a
ocorrência do gênero Matadavainea e Raillietidina como parasitos intestinais de
tamanduás (RUEMPLER, 1992).
Quanto às sarnas, os tamanduás costumam ser afetados por Sarcoptes e
Psoroptes, apresentando eritema, alopecia, prurido severo e dermatite pustular. Para o
tratamento indica-se a administração de avermectinas como a ivermectina (PACHALY,
2007, comunicação pessoal).
2.2.14.5 – Lesões
As lesões acontecem durante brigas, passagem por cercas de arame farpado,
durante a contenção para exame médico ou nos casos de transporte. Os locais mais
acometidos são boca, narina, dedos, garras e membranas interdigitais (DINIZ, 1995). A
perda das unhas, que são a única forma de defesa destes animais, seja por estresse ou
tentativas de fuga, pode ser corrigidas mediante cirurgia (PACHALY, 1992).
Os acidentes nas estradas, ocasionados pelo atropelamento, levam muitos
tamanduás a óbito. Muitas vezes ocasionam fraturas graves e comprometimento dos órgãos
internos (Figuras 5, 6 e 7).
14
Figura 5 – Tamanduá mirim adulto atropelado na DF 001 – Brasília/DF.
Figura 6 – Tamanduá mirim adulto com tíbia fraturada após atropelamento.
Figura 7 – Tamanduá mirim adulto com canulação esofágica após perder a língua em atropelamento.
2.2.14.6 – Outros problemas
A ocorrência de prolapso retal (Figuras 8 e 9) é comumente observada em
tamanduás mirins. O tratamento e prognóstico dependem da identificação da etiologia,
grau de prolapso, tempo transcorrido, viabilidade dos tecidos e freqüência da recidiva. O
tratamento pode ser feito através de redução ou remoção cirúrgica (PACHALY, 1992).
15
Figura 8 – Ocorrência de prolapso retal em tamandua mirim.
Figura 9 – Recorrência de prolapso retal e intestinal em tamanduá mirim quatro meses após tratamento por
redução. O animal veio a óbito.
Em dermatites de tamanduá mirim DINIZ (1995), isolou uma associação de
Streptococcus spp. e Staphylococcus spp., e apesar de adotar tratamentos sistêmicos e
atópicos, o caso foi progressivamente letal. No estudo realizado por BENTUBO (2006),
verificou-se a presença de Malassezia spp. em três tamanduás mirins, porém nenhum
animal apresentou sinal clínico de infecção, que essa levedura possa ser parte integrante da
microbiota normal da pele de tamanduás.
Grandes afecções da pele são decorrentes de queimaduras, acometendo
geralmente os membros e o focinho (Figura 10). Em geral há considerável perda de tecido,
e muitas vezes a perdas das garras compromete a alimentação do tamanduá, que necessita
delas para buscar o alimento.
16
Figura 10 – Tamanduá mirim contido fisicamente para avaliação de queimaduras nos membros torácicos e
pélvicos.
As glândulas salivares são muito sensíveis a inflamações, que pode levá-los à
morte, e vários casos já foram relatados na literatura (PACHALY, 1992).
A literatura também menciona que tamanduás são suscetíveis a leptospirose,
doença de Chagas, leishmaniose, tripanossomíase e arbovirose (MONTGOMERY, 1985,
MINORI, 1989).
2.3 ASPECTOS REPRODUTIVOS
Pouco se conhece sobre a reprodução em Tamandua. A sexagem é difícil, uma
vez que seus testículos encontram-se dentro da cavidade pélvica e ambos os sexos
apresentam uma fenda genital (MIRANDA, 2006).
NOWAK (1991), sugere que as fêmeas de tamanduá sejam poliéstricas, com
período de gestação de 130 a 150 dias. Na maioria dos casos, a fêmea gera um só filhote de
cada vez, o qual fica agarrado às suas costas durante a fase de amamentação,
acompanhando-a até cerca de um ano. Há registros de nascimento de gêmeos que foram
vistos sendo carregados nas costas da mãe, e que dela se separaram após um ano
(SWENSON, 1996).
Os mamíferos apresentam dois tipos de ciclos reprodutivos conhecidos: o estral
e o menstrual. Os tamanduás apresentam o ciclo estral. O ciclo estral refere-se ao
fenômeno rítmico observado em todos os mamíferos (exceto alguns primatas), nos quais há
períodos regulares, porém limitados, de receptividade sexual (denominados estro), que
ocorrem em intervalos característicos para cada espécie (DUKES, 1993). HAY et al.
(1994), em seu estudo pioneiro na determinação do padrão endócrino do ciclo estral dos
17
tamanduás mirins, sugerem que o ciclo estral regular seja de cerca de 42 dias, sem variação
sazonal.
Os processos reprodutivos em fêmeas de mamíferos são caracterizados por
alterações cíclicas no trato genital e receptividade sexual (ZOGNO, 2006). A ausência de
sinais visíveis do cio, comportamentais ou morfológicos em tamanduás dificulta o sucesso
reprodutivo, pois quando são mantidos em cativeiro, geralmente colocam-se os casais
juntos por longos períodos, no intuito de aumentar as chances de acasalamento
(MIRANDA, 2006).
Com isso fica difícil estimar o período em que houve o acasalamento, e saber se
a fêmea está gestando. Muitas vezes o nascimento de filhotes de tamanduá em recintos
coletivos acaba em morte, pois o nascimento não é esperado e os demais tamanduás
acabam matando o filhote recém-nascido.
A época da ovulação pode ser prevista nos mamíferos através de exame das
alterações citológicas observadas nas secreções vaginais, e todas as alterações são baseadas
nas concentrações crescentes de estrogênio crescentes, que caracterizam o proestro. As
células do epitélio vaginal são estimuladas pelo estrogênio a entrar em mitose. A divisão
celular ocorre na lâmina basal, com as células afastando-se progressivamente da lâmina
basal em direção ao lúmen da vagina. As células começam a se degenerar à medida que se
afastam do seu suprimento nutritivo. Em geral quatro células epiteliais são reconhecidas:
(1) basal (parabasal), (2) intermediária, (3) superficial e (4) anucleada. Os dois primeiros
tipos são classificados como não cornificados e os dois últimos como cornificados
(SWENSON, 1996).
A colpocitologia ou citologia vaginal é um exame que tem como principal
finalidade a detecção da fase do ciclo estral em que a fêmea se encontra. Este exame pode
auxiliar no diagnóstico de ciclos reprodutivos anormais, infetilidade, piometra, vaginite ou
neoplasia (MELLO, 2008).
18
3. MATERIAL E MÉTODO
Avaliou-se diariamente a citologia vaginal de três fêmeas adultas de tamanduá
mirim (Tamandua tetradactyla) todas provenientes da natureza e mantidas em cativeiro no
Zoológico de Brasília, de setembro a dezembro de 2000 (Figura 11).
No início da pesquisa, as fêmeas foram separadas do recinto coletivo dos
tamanduás mirins, em que havia dois machos e três fêmeas, para um recinto exclusivo de
2,5 m de altura por 22 m de diâmetro, para facilitar a captura. Os animais possuíam
marcação individual através de tatuagem localizada na face interna esquerda da coxa. A
fêmea nº 1 era adulta e recém chegada da natureza, a fêmea nº 2 era adulta e chegou um
ano antes e a fêmea nº 3 tinha dois anos tendo chegado da natureza ainda muito jovem.
Figura 11 – Fêmeas de tamanduá mirim utilizadas na pesquisa.
As fêmeas foram diariamente contidas por meio físico, durante 14 semanas, no
período da tarde (por volta das 16:00) e posicionadas em decúbito dorsal.
Em cada fêmea foi colhido material para a realização de esfregaços vaginais,
visando a observação e a identificação de diferentes células nos diferentes períodos do
ciclo reprodutivo. Fez-se também a aferição da temperatura retal e do pH vaginal no
momento da colheita.
Antes da colheita, era realizada limpeza externa da genitália externa com
algodão embebido em solução fisiológica, para remoção das sujidades, no intuito de evitar
contaminação. Em seguida era aferida a temperatura retal, por meio de termômetro digital.
19
Após a aferição da temperatura avaliava-se o pH vaginal por meio de fitas
específicas para pH1, com variação de 0 a 14, colocando-se a ponta da fita dentro da vagina
por um 1 minuto antes da leitura. A avaliação do pH foi feita comparando-se a coloração
da fita com a graduação própria indicada na embalagem do produto.
Para a colheita das células da mucosa vaginal era feito o afastamento dos lábios
vulvares se introduzindo um “swab” previamente esterilizado e previamente umedecido
com algumas gotas de solução fisiológica. O “swab’ era rolado duas voltas completas, no
sentido horário.
Após a colheita era realizado o esfregaço, rolando-se o “swab” uma única vez,
também em sentido horário, em uma lâmina de microscopia limpa, desengordurada e
previamente identificada. A fixação das lâminas era feita logo após a colheita utilizando-se
um fixador citológico2 próprio para este fim.
A coloração das lâminas foi feita pelo método de Shorr, colocando-se a lâmina
previamente fixada com fixador, no corante de Shorr, por quatro a seis minutos. A lâmina
era mergulhada, com agitação, por 10 vezes em cada uma das soluções: a) álcool 96º GL;
b) álcool absoluto; c) álcool absoluto; d) xilol. Em seguida era feita a montagem da lâmina
com lamínula, e secagem em temperatura ambiente.
Após a preparação e coloração das lâminas, era feita contagem e classificação
citológica de acordo com a morfologia, coloração e tamanho do núcleo, utilizando-se
microscópio óptico com aumento de 400 vezes. Esta classificação consistiu em classificar
células superficiais (cornificadas), intermediárias ou basais, baseando-se na descrição de
DeALLENDE (1945). A leitura das lâminas era feita sempre no mesmo sentido, formando
um S, até a contagem de 100 células para cada exame.
As anotações diárias individuais foram identificação do animal, data, horário,
pH vaginal, temperatura e descrição da vulva (características externas e medição com
paquímetro).
20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os tipos celulares do epitélio vaginal observados nas lâminas das três fêmeas de
tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla) foram células basais, células intermediárias e
células cornificadas.
As células basais encontradas apresentavam as seguintes características:
Tipo 1) célula pequena redonda-ovalada, com grande núcleo redondo-ovalado,
citoplasma corado em azul e núcleo rosado, com visualização de cromatina espalhada
(conhecida como célula de Papanicoleau);
Tipo 2) célula redonda poligonal grande e plana, com citoplasma corado em azul e
núcleo oval-globular centralizado.
As células intermediárias encontradas apresentavam as seguintes
características:
Tipo 3) células escamosas com fraca coloração do citoplasma em róseo-alaranjado,
com núcleo freqüentemente circundado por halo perinuclear;
Tipo 4) células poligonais (maiores que as basais) coradas em rosa com pequeno
núcleo, em geral também róseo. Algumas apresentaram dobras na extremidade e
citoplasma corado em rosa, apresentando estrias concêntricas e granulações finas. O núcleo
era excêntrico e em geral apresentava coloração escura.
As células cornificadas (superficiais) encontradas apresentavam as seguintes
características:
Tipo 5) células com o citoplasma e núcleo fracamente corados, sendo o núcleo
também circundado por um halo;
Tipo 6) células desintegradas, pouco definidas, com núcleos vacuolizados não
visíveis.
Os resultados relativos à quantidade de células encontradas nas três fêmeas de
tamanudá mirim nas diferentes fases do ciclo estral são apresentados na Tabela 2.
21
Tabela 2 – Contagem de células vaginais em três fêmeas de tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla), demonstrando a quantidade de células encontradas no esfregaço como células cornificadas ou superficiais (C), células intermediárias (I), células basais (B), destacando-se em negrito o provável período de estro.
Marcação das tamanduás 1 2 3
Data da coleta C I B C I B C I B 30/08 01 07 92 02 07 91 04 04 92 31/08 02 06 92 00 00 00 03 03 94 01/09 00 03 97 07 09 84 06 14 80 04/09 09 08 83 10 06 84 05 13 82 05/09 08 08 84 02 07 91 14 19 67 06/09 06 10 84 01 10 89 23 17 60 07/09 07 04 89 01 07 92 34 29 37 08/09 05 05 90 04 11 85 24 29 47 09/09 09 08 83 06 03 91 13 11 76 11/09 03 01 96 05 18 77 11 10 79 12/09 05 07 88 12 06 82 07 04 89 13/09 09 11 80 07 05 88 01 08 91 14/09 07 12 81 01 04 95 10 05 85 15/09 05 14 81 02 09 89 06 09 85 17/09 11 16 73 00 06 94 07 11 82 18/09 26 13 61 01 02 97 06 10 84 19/09 41 26 33 10 07 83 09 11 80 20/09 59 22 19 07 12 81 07 06 87 22/09 12 20 68 05 09 86 02 05 93 23/09 09 08 83 09 04 87 04 15 81 24/09 07 06 87 01 01 98 01 04 95 25/09 05 11 84 02 06 92 04 05 91 26/09 05 02 93 03 02 95 09 06 85 27/09 04 13 83 04 07 89 06 09 85 28/09 03 05 92 03 05 92 05 04 91 29/09 04 08 88 04 01 95 06 13 81 01/10 01 07 92 02 01 97 06 05 89 02/10 07 12 71 00 05 95 05 10 85 03/10 03 07 90 05 05 90 04 11 85 04/10 09 06 85 03 04 93 03 03 94 05/10 05 03 92 06 03 91 07 10 83 06/10 06 06 88 08 08 84 08 05 87 07/10 04 04 92 01 03 96 10 08 82 08/10 04 09 87 02 12 86 02 05 93 09/10 08 08 84 01 08 91 01 06 93 10/10 09 09 82 04 03 93 01 10 89 11/10 05 06 89 01 05 94 09 03 88 16/10 01 13 86 05 12 83 12 22 66 17/10 04 11 85 10 04 86 13 32 55 18/10 02 07 91 00 00 00 26 28 56 19/10 00 09 91 00 05 95 31 30 39 20/10 00 12 88 06 04 90 38 24 38 23/10 01 08 91 05 10 85 13 21 66 24/10 10 19 71 08 04 88 06 07 87 26/10 16 12 72 05 08 87 04 11 85 29/10 28 37 35 07 09 84 02 10 88 30/10 47 28 25 01 04 95 05 13 82 31/10 48 32 20 03 00 97 05 07 83 01/11 24 22 54 01 01 98 06 05 89 07/11 02 17 91 05 03 92 09 06 85 10/11 10 05 85 00 06 94 00 05 95 13/11 06 07 87 02 14 84 08 06 86 14/11 02 12 86 03 03 94 06 14 80 16/11 03 03 94 04 06 90 09 10 81 17/11 07 03 90 04 04 92 04 07 89
22
Observou-se que duas das três fêmeas estudadas apresentaram variações nas
proporções de células basais, intermediárias e cornificadas durante os 80 dias pesquisados
conforme demonstrado nas Figuras 1, 2 e 3.
Figura 12 – Variação das células vaginais da fêmea adulta de Tamandua tetradactyla nº 1, num período de 80 dias, evidenciando claramente o período de estro quando ocorre uma variação brusca na apresentação das células. O período entre cada estro foi de 141 dias. Células basais (azul), células intermediárias (verde) e células cornificadas (vermelho).
Células Vaginais - 12
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
data de coleta
célu
las
Figura 13 – Variação das células vaginais da fêmea adulta de Tamandua tetradactyla nº 2, num período de 80 dias, em que não houve variação significativa das células. Células basais (azul), células intermediárias (verde) e células cornificadas (vermelho).
Células Vaginais - 13
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
data de coleta
célu
las
23
Figura 14 – Variação das células vaginais da fêmea adulta de Tamandua tetradactyla nº 3, com dois anos de idade, num período de 80 dias, evidenciando claramente o período de estro quando ocorre uma variação brusca na apresentação das células. O período entre o estro foi de 43 dias. Células basais (azul), células intermediárias (verde) e células cornificadas (vermelho).
Células Vaginais - 15
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10030
/ago
4/se
t
7/se
t
11/s
et
14/s
et
18/s
et
22/s
et
25/s
et
28/s
et
2/ou
t
5/ou
t
8/ou
t
11/o
ut
18/o
ut
23/o
ut
29/o
ut
1/no
v
13/n
ov
17/n
ov
data de coleta
célu
las
Nas fêmeas 1 e 3 foram observou-se aumento das células cornificadas e das
células intermediárias, no período do proestro (15,6 % e 17,5%), estro (40,3 % e 28,0 %) e
diestro (22,7 % e 20,0 %). Considerou-se que este período durou cerca de seis dias, pois
houve decréscimo das células cornificadas e intermediárias logo após o cio, predominando
novamente as células basais (89 %) em toda a fase do anestro. HAY et al. (1994) citam que
as concentrações séricas de estrógenos em tamanduás mirins aumentam durante uma fase
folicular (em torno de 10 dias de duração), que é precedida pela presença de hemácias no
esfregaço vaginal (HAY et al.,1994).
Num estudo realizado com jaguatiricas (Leopardus pardalis), observou-se que a
fase estrogênica apresenta alta porcentagem de células cornificadas (superficiais) (>60%) e
diminuição ou ausência de neutrófilos. As fases não estrogênicas (interestro, diestro e
gestação) foram caracterizadas pelo predomínio de células intermediárias, neutrófilos e
sujidades (TEBET, 2000).
Já em estudo realizado com cervos do pantanal (Blastocerus dichotomus),
observou-se que fêmeas gestantes não apresentam diferenças significativas na citologia
vaginal apresentando maior quantidade de células basais (NASCIMENTO, 1999).
24
Em um estudo colpocitológico com mocó (Kerodon rupestris), ZOGNO (2006)
observou que no anestro predominam células basais e poucos leucócitos e no proestro
predominam células intermediárias, basais e superficiais, além de bactérias e poucos
leucócitos. No estro foram encontradas células superficiais anucleadas sem presença de
leucócitos, e no metaestro houve declínio na porcentagem de células superficiais, com o
reaparecimento de células intermediárias, células basais e muitos leucócitos.
Uma observação interessante no presente estudo, foi que alguns dias após a
colheita, uma das fêmeas (nº 3) apresentou por um período de 2 a 3 dias, um tampão preto
bem endurecido, com aparência de sangue coagulado na saída da vulva, logo após a
contenção. Após a remoção deste tampão, não se observou presença de sangue na vagina,
porém as lâminas deste período apresentaram presença de leucócitos e hemácias. Nesta
fase a vulva apresentou-se aumentada e mais avermelhada que nos outros dias. Após a
avaliação dos dados coletados, pode-se correlacionar este fato ao período do estro em que
observou-se o aumento de células cornificadas e intermediárias. A fêmea nº 1 também
apresentou a vulva aumentada na fase do estro porém sem o tampão se sangue preso à
região genital, podendo-se visualizar hemácias nesta fase, durante a leitura das lâminas.
Durante o estro, tamanduás mirins geralmente apresentam discreto sangramento
vaginal, que não devem ser confundidos com o problema de hipovitaminose K, que
também ocorre nesta espécie (observação da autora).
A fêmea nº 2 não apresentou grandes variações nas células encontradas durante
os 80 dias de avaliação, conforme observado na Figura 2, prevalecendo células basais em
todo o período estudado. Na fase da coleta de dados não se imaginava que o animal
estivesse gestante, mas posteriormente, chegou-se à conclusão que esta fêmea foi
fertilizada poucos dias antes do isolamento no recinto de estudo. O filhote do sexo
masculino nasceu saudável 143 dias após a primeira coleta (Figura 15).
Quanto ao pH vaginal, não houve alterações significativas durante todo o ciclo
estral, variando de 6,0 a 7,0 nas três fêmeas avaliadas. Já a temperatura retal foi elevada,
em torno de 1 a 1,6ºC, no período do cio das fêmeas nº 1 e 3, alcançando temperaturas de
até 35,8ºC. A fêmea nº 2 apresentou temperatura oscilando entre 33 e 34ºC.
25
Figura 15 – A autora com o filhote “Debolinho” nascido da fêmea nº 2, 143 dias após a manipulação para a
realização deste estudo.
26
5. CONCLUSÃO
Neste estudo foi possível verificar a ocorrência de alterações na morfologia das
células vaginais nas diferentes fases do ciclo estral em três fêmeas de Tamandua
tetradactyla, que ocorreram em todas as fases do ciclo, porém em diferentes proporções.
Avaliação colpocilógica sugere que o ciclo estral de fêmeas de Tamandua
tetradactyla mantidas em cativeiro ocorra a cada 6 semanas, ou aproximadamente 42 dias.
Demonstra-se que é possível utilizar o exame citológico vaginal como método
auxiliar no diagnóstico de estro em Tamandua tetradactyla, facilitando o manejo
reprodutivo em cativeiro, permitindo compreender um pouco melhor esta espécie.
27
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