Upload
hoangque
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AVALIAÇÃO E QUALIDADE DE ENSINO: O QUE MUDA QUANDO O PROFESSOR SABE AVALIAR?
ETNÃ GONÇALVES DE MELO TEIXEIRA
ORIENTADOR:
PROF:Antonio Ney
PEDREIRAS – MA
AGOSTO/2008
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AVALIAÇÃO E QUALIDADE DE ENSINO: O QUE MUDA QUANDO O PROFESSOR SABE AVALIAR?
ETNÃ GONÇALVES DE MELO TEIXEIRA
Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Supervisão Escolar.
PEDREIRAS – MA
AGOSTO / 2008
Dedicatória
A todos os professores que buscam através da pesquisa a melhoria da qualidade do ensino.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos, em primeiro lugar, ao maior de todos porque nenhuma folha cai sem a sua permissão. Obrigada, Senhor Deus, por ter permitido que tão grande bênção tenha acontecido em nossas vidas.
A Rafael e Arlêy para quem preciso ser um exemplo vivo ,porque sei que serão maiores que eu.
À minha irmã Etânia, pela enorme contribuição com seus conhecimentos.
Ao meu esposo Raimundo, pelo incentivo e por acreditar que sou capaz.
Aos meus pais Arlindo e Maria, a quem devo tudo que sou.
RESUMO
O trabalho “AVALIAÇÃO E QUALIDADE DE ENSINO: O QUE MUDA
QUANDO O PROFESSOR SABE AVALIAR?” faz uma reflexão sobre a importância
da avaliação no processo ensino-aprendizagem e as conseqüências q
ue alguns equívocos relacionados à mesma, podem causar. O trabalho discute sobre a
importância de um professor capacitado e de um planejamento que contemple em seus
objetivos os padrões mínimos a serem avaliados. Mostra ainda o resultado de uma
pesquisa sobre a concepção dos professores referente à avaliação, e os rendimentos dos
seus respectivos alunos, comprovando a eficácia de um trabalho pedagógico bem
acompanhado e conseqüentemente bem planejado.
Palavras-Chaves: Avaliação. Ensino. Qualidade. Professor.
ABSTRACT:
The work "ASSESSMENT AND QUALITY OF EDUCATION: WHAT TO
SHIFTING WHEN THE TEACHER SABE RATE?" Is a reflection on the importance
of evaluating the teaching-learning process and the consequences that some
misunderstandings related to it can cause. This article discusses the importance of a
trained teacher and a plan that covers their goals in the minimum standards to be
evaluated. It also shows the result of a research on the design of teachers on evaluation,
and the income of their students, demonstrating the effectiveness of a pedagogical work
well together and therefore well planned.
Word-Key: Evaluation. Education. Quality. Teacher.
METODOLOGIA.
O presente trabalho parte do princípio de que a avaliação serve como um instrumento de diagnóstico do processo de ensino-aprendizagem e, quando bem utilizada pode contribuir na melhoria da qualidade do ensino, no sentido de tomada de consciência da situação para um possível replanejamento da ação didática e até mesmo do currículo. O mesmo está fundamentado em autores como: Luckesi, Jussara Hoffman, Antoni Zabala, Perrenoud e outros.
A pesquisa será feita através da aplicação, pela própria autora, de um questionário de cinco questões objetivas, sobre a função da avaliação e sua vinculação com o planejamento didático, destinado aos professores de diferentes disciplinas e séries do ensino fundamental da escola campo, com o intuito de conhecer a concepção dos professores sobre o conceito de avaliação e sua influência no processo de construção do conhecimento.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08
I AVALIAÇÃO ESCOLAR: UMA BREVE CONSIDERAÇÃO ........................... 09
II O QUE É AVALIAÇÃO ......................................................................................... 11
III A AVALIAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR ................................................. 14
3.1 Equívocos na avaliação.......................................................................................... 14
3.2 O poder da avaliação: disciplinar e controla ..................................................... 16
3.3 O professor e a avaliação ...................................................................................... 17
3.3.1 Registro: elemento necessário ............................................................................ 19
3.4 Avaliação classificatória e excludente .................................................................. 22
3.5 A importância dos critérios .................................................................................. 23
IV QUALIDADE X QUANTIDADE ......................................................................... 25
V O QUE MUDA QUANDO O PROFESSRO SABE AVALIAR: RESULTADOS DE PESQUISA ............................................................................................................. 26
VI CONCLUSÃO ........................................................................................................ 29
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 30
INTRODUÇÃO
O acesso à educação vem se tornando desde a década de 90, uma meta a ser
atingida por parte dos governantes brasileiros, chegando atualmente a sua quase
universalização, entretanto, um fator igualmente importante precisa ser resolvido: a
permanência do aluno na escola por tempo suficiente para que se torne um cidadão
preparado para o trabalho e para a vida, pois, os índices de repetência e evasão
continuam altos, além do grande número de egressos da educação básica despreparados
até para o uso da escrita, o que mostra a péssima qualidade da educação no Brasil.
Como atualmente os problemas educacionais estão relacionados mais à
qualidade, do que ao acesso, entendemos que um controle maior do que se ensina e do
que se aprende, seria uma forma de melhorar o ensino. A avaliação entra aqui como
algo que utilizada, não só para medir ou classificar, mas, para diagnosticar e trabalhar a
partir das dificuldades encontradas, como propõe LUCKESI (2002), poderá contribuir
para a redução dos problemas educacionais acima citados.
O professor, organizador do ensino-aprendizagem, precisa, portanto,
compreender o verdadeiro sentido da avaliação, deve ser alguém com formação
suficiente para saber planejar e organizar suas atividades avaliativas, levando sempre
em conta os padrões mínimos para cada série e a qualidade da aprendizagem adquirida
pelo educando. Desta forma um acompanhamento do trabalho do professor por um
especialista de educação, também se faz necessário, além de uma auto-avaliação por
parte do educador que possibilitará uma maior reflexão sobre seu trabalho.
Compreende-se, pois, que a forma como se utiliza a avaliação pode influenciar
nos resultados do processo de ensino-aprendizagem, configurando-se assim, em um
elemento a ser estudado e compreendido, para que haja uma evolução na qualidade da
educação. Por este motivo, mostraremos, neste trabalho, uma análise dos rendimentos
dos alunos de 5ª a 8ª séries, da Unidade Escolar Janoca Maciel em Pedreiras – MA,
levando em conta a forma como são avaliados e a concepção dos respectivos
professores sobre o que é, e para que serve a avaliação, o que confirma a hipótese antes
levantada de que a avaliação quando bem feita pode melhorar o rendimento escolar dos
aluno.
I AVALIAÇÃO ESCOLAR: UMA BREVE CONSIDERAÇÃO.
A avaliação deve estar sempre a serviço do aluno. Isso significa que ela não
pode ter como objetivo determinar as notas a serem enviadas à secretaria, mas,
acompanhar o caminho que o aluno faz, descobrir suas dificuldades e necessidades e
alterar os rumos, se necessário. Pode-se dizer que ela é constante e deve ser feita
durante todo o processo de ensino aprendizagem.
A avaliação dá subsídios ao professor com elementos que possibilitam a ele uma
reflexão contínua sobre como desenvolver suas atividades dentro da sala de aula.
Facilita ainda analisar a viabilidade de criação de novos instrumentos de trabalho e, ao
mesmo tempo, a retomada de aspectos que devem ser revistos, ajustados ou
reconhecidos como adequados ao favorecimento do processo de aprendizagem, tanto
individual como coletivamente.
Para o aluno, é o instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades para a reorganização de seu investimento na tarefa de aprender. Para a escola, possibilita definir prioridade e localizar quais aspectos das ações educacionais demanda maior apoio. (ZABALA, 1990, p. 84)
Sim, tomar a avaliação nessa perspectiva e em todas essas dimensões faz com
que essa ocorra sistematicamente durante todo o processo de ensino e aprendizagem e
não somente após o fechamento de etapas do trabalho, como é costumeiro. Proceder
assim possibilita ao professor realizar ajustes constantes, num mecanismo de regulação
da ação educativa, para que esta, seja desenvolvida com sucesso. O acompanhamento e
a reorganização do processo de ensino na escola, inclui necessariamente uma avaliação
inicial para o planejamento do professor, e uma avaliação final de cada etapa de
trabalho.
Segundo AZANHA (1996, p.102), “um sistema educacional comprometido com
o desenvolvimento das capacidades dos alunos que se expressam pela qualidade das
relações que estabelecem e pala profundidade dos saberes constituídos encontra, na
avaliação, uma referência à análise de seus propósitos, que permite redimensionar
investimentos”, isso facilita a aprendizagem dos alunos, principalmente daqueles que
apresentam amplas e acentuadas dificuldades no desenvolvimento de capacidades que,
aliás, são indispensáveis para a assimilação de conhecimentos dos simples aos mais
complexos.
O processo também contempla a observação dos avanços da qualidade da
aprendizagem alcançada pelos alunos ao final de um período de trabalho, seja este
determinado pelo fim de um bimestre, ou de ano, seja pelo encerramento de um projeto
ou seqüência didática. De acordo com SILVA (1995, p. 93), “na verdade, a avaliação
contínua do processo acaba por subsidiar a avaliação final”. Isto significa que se o
professor acompanha o aluno sistematicamente ao longo do processo pode saber, em
determinados momentos, o que o aluno já aprendeu sobre os conteúdos trabalhados.
Esses momentos por outro lado, segundo (DEMO, 1999, p. 59), “são importantes por se
constituírem boas situações para que os alunos e professores formalizem o que foi e o
que não foi aprendido”. Esta avaliação que intenciona averiguar a relação entre a
construção do conhecimento, por parte dos alunos e os objetivos a que o professor se
propôs, é indispensável para se saber se todos os alunos estão aprendendo e quais
condições estão sendo ou não favoráveis para isso, o que diz respeito as
responsabilidades do sistema educacional.
Esse uso da avaliação, numa perspectiva democrática só poderá acontecer se
forem superados o caráter de terminalidade e de medição de conteúdos aprendidos – tão
arraigados nas práticas escolares – a fim de que os resultados da avaliação possam ser
concedidos com indicadores para reorientação da prática educacional e nunca como um
meio de estigmatizar os aluno. Utilizar a avaliação como instrumento para
desenvolvimento das atividades didáticas requer que ela não seja interpretada como um
momento estático, mas antes, como um momento de observação de um processo
dinâmico.
II O QUE É AVALIAÇÃO.
Na visão tradicional a concepção de avaliação limita-se a focalizar apenas o
controle externo do aluno mediante notas ou conceitos. No entanto, numa visão mais
progressista de educação a avaliação passa a ser muito mais complexa e se configura
num importante instrumento de diagnóstico de toda a ação didática.
A avaliação passa a ser compreendida como parte integrante e intrínseca ao processo educacional. Além disso, é entendida como um conjunto de atuações que tem a função de alimentar, sustentar e orientar a intervenção pedagógica, conhecendo o quanto o aluno se aproxima ou não da expectativa de aprendizagem que o professor tem em determinados momentos na escolaridade, em função da intervenção pedagógica realizada. (PCNs, 2001,p.81).
A avaliação precisa envolver todas as pessoas que possam de alguma forma
interferir no processo de ensino aprendizagem, ela é constante e considera todos os
aspectos: cognitivo, social e emocional, do educando, do educador, do ambiente escolar
e da família. Ao avaliar o professor diagnostica, traça metas e determina os
conhecimentos necessários para aprendizagens posteriores. Em uma educação voltada
para a emancipação pessoal e social, a avaliação deve estar a serviço da melhoria da
qualidade de ensino e não apenas contribuindo com números para as estatísticas
educacionais ou servindo como objeto de premiação ou repressão dos educandos, como
tem ocorrido em nossas escolas.
Para que um ensino com função social ocorra, é necessário que se vise à formação integral do educando tendo como objetivo o desenvolvimento de todas as capacidades, sendo obrigatório que todos os conteúdos (conceituais, procedimentais e atitudinais) sejam trabalhados e avaliados, considerando ainda as possibilidades de cada aluno. (ZABALA, 1998, p.124)
Para J. Hofman (2003, p. 19) “A avaliação deixa de ser um momento terminal do
processo educativo para transformar-se na busca incessante de compreensão das
dificuldades do educando”. Sendo desta forma considerada a avaliação passa a
configurar um instrumento valioso na melhoria do ensino e, por isso, deve ser
compreendida por todos os educadores como um elemento indispensável de todo
planejamento de ensino.
Avaliar consiste na coleta de dados quantitativos e qualitativos e na interpretação desses resultados com base em critérios previamente definidos. Abrange tanto a aquisição de conhecimentos, de informações decorrentes de conteúdos curriculares, quanto às habilidades, interesses, atitudes, hábitos de estudo, ajustamento pessoal e social. Inclui a utilização tanto de instrumentos quantitativos como de dados qualitativos. (HOFFMANN, 1993, p.10)
Embora para alguns, avaliação signifique exames, mensuração por meio de
provas, qualificações, angústias, êxitos e fracassos, porém, para LIBÂNEO (1994, p.52)
“A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a realização de provas e
atribuição de notas”. Podemos dizer que ela é um processo natural, que nos permite ter
consciência do que fazemos e das conseqüências que acarretam nossas ações.
A avaliação consiste em obter evidencia sobre as mudanças de comportamento
ocorridas no aluno, em decorrência da aprendizagem. Todos os recursos disponíveis de
avaliação devem ser utilizados corretamente para se obter eficazmente esses dados.
Pode ser entendida como um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre
as condições de aprendizado oferecidas e ajustar suas práticas às necessidades colocadas
pelas crianças. É um elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao
professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que possibilitem
avançar no aprendizado das crianças, jovens e adultos.
A avaliação também é um excelente instrumento para que a instituição possa
estabelecer suas prioridades para o trabalho educativo, identificar pontos que necessitem
de maior atenção e reorientar a prática, definindo o que avaliar, como e quando em
consonância com os princípios educativos que elege.
Alguns autores ditos peritos no assunto apresentam a avaliação como um método
de coleta e de processamento dos dados necessários à melhoria da aprendizagem e do
ensino. Inclui uma grande variedade de dados, superior ao rotineiro exame escrito final,
conseguindo auxiliar no esclarecimento das metas e dos objetivos educacionais
importantes e consiste n um processo de determinação da medida em que o
desenvolvimento do aluno está se processando de maneira adequada. Para outros, ela é
um sistema de controle de qualidade pelo qual se pode determinar, a cada passo do
processo ensino-aprendizagem. Se este está sendo eficaz ou não; e caso não esteja,
indica que mudanças devem ser feitas a fim de assegurar sua eficiência antes que seja
tarde demais.
Muitos deles afirmam categoricamente que a avaliação é um instrumento na
prática educacional que permite verificar se os procedimentos alternativos são
igualmente eficazes na consecução de uma série de objetivos educacionais.
Num conceito mais abrangente de avaliação, é possível verificar informações
que a apontam como um método, um instrumento; portanto, ela não tem um fim em si
mesmo, é sempre um meio, um recurso, e como tal deve ser usada. O que mais nos
chama a atenção nesse tipo de abordagem (avaliação abrangente) é que os autores dão
uma ênfase especial à avaliação como controle de qualidade, isto é, como um meio de
aperfeiçoar o processo ensino aprendizagem.
Conforma expressa LUCKESI (1986, p. 48) “A avaliação é um julgamento de
valor sobre manifestações relevantes da realidade tendo em vista uma tomada de
decisão”. Se é um juízo de valor, significa uma afirmação qualitativa sobre dado objeto
a partir de critérios pré-estabelecidos. Se por outro lado, esse julgamento acontece com
base em “manifestações relevantes da realidade”, não é totalmente subjetiva, pois
deverá emergir de indicadores de qualidades esperadas de objeto, tendo em vista
objetivos a serem alcançados (definidos como as condutas necessárias).
III A AVALIAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR
A pratica da avaliação das nossas escolas tem sido criticada, sobre tudo por
reduzir-se à sua função de controle, mediante a qual se faz uma classificação dos alunos
relativa às notas que obtiveram nas provas.
Os professores não têm conseguido usar os procedimentos de avaliação – que,
sem dúvida, implicam o levantamento de dados por meio de textos, trabalhos escritos
etc – para atender a sua função educativam.
Em síntese, as observações até aqui desenvolvidas demonstram que a aferição da aprendizagem escolar é utilizada, na quase totalidade das vezes, para classificar os alunos em aprovados ou reprovados e nas ocasiões em que se possibilita uma revisão dos conteúdos em si, não é para proceder a uma aprendizagem ainda não realizada ou ao aprofundamento de determinada aprendizagem, mas sim para “melhora” a nota do educando e, com isso, aprová-lo.(LU CKESI, 2002, p. 91,92)
3.1 Equívocos na avaliação
Em relação aos objetivos, funções e papel da avaliação na melhoria das
atividades escolares e educativas, têm – se verificado na prática escolar alguns
equívocos que convém explicitar .
O mais comum é considerar a avaliação unicamente como o ato de aplicar
provas, atribuir notas e classificar os alunos. Dessa maneira o professor reduz a
avaliação à cobrança daquilo que o aluno memorizou e usa a nota somente como
instrumento de controle.
Ainda hoje há professores que se exaltam por possuí o poder de aprovar ou
reprovar. Há idéia de que um professor é excelente porque reprova mais da metade da
classe é falsa e descabida, primeiro, porque a atribuição de notas visa apenas o formal,
com objetivo classificatório e não educativo; segundo, porque o que mais vale é a
opinião do professor sobre o grau de adequação e conformidade do aluno ao conteúdo
que transmite. Dessa forma, a fixar critérios de desempenho unilaterais, o professor
avalia os alunos pelos seus méritos individuais, pela capacidade de se ajustar aos seus
objetivos, independentemente das condições de ensino e dos alunos, e dos fatores
externos e internos que poderão comprovadamente interferir no rendimento escolar.
O outro equívoco é utilizar a avaliação como recompensa aos bons aluno e
punição para os desinteressados ou ditos como indisciplinados. As notas transformam-
se em armas que intimidam e ao mesmo tempo ameaça para uns, ao passo que se
transformam em prêmios para outros alunos. É comum a prática de dar e tirar “pontos”
conforme seja o comportamento do aluno, ou a preocupação excessiva pela exatidão da
nota às vezes reprovando alunos por causa de pequenas diferenças (décimos).
Procedendo assim o professor exclui o seu papel de docente, isto é, o de assegurar
condições e meios pedagógicos – didáticos para que os alunos sejam estimulados e
aprendam sem necessidade de intimidação.
Um terceiro equívoco é o dos professores que, por confiarem demais em seu
“olho clínico”, dispensam verificações parciais no decorrer das aulas. Neste caso, o
prejuízo dos alunos se torna muito grande, uma vez que seu destino costuma ser traçado
logo nos primeiros meses do ano letivo, quando o professor estabelece quem passa e
quem não passa de ano. O que poderia acontecer a esses “condenados” nessa forma
injusta? Na maioria das vezes, são isolados da sala de aula e, não raro, acabam por
abandonar a escola.
O quarto equívoco é daqueles professores que rejeitam as medidas quantitativas
de aprendizagem em favor de dados qualitativos. Acreditam que sendo a aprendizagem
decorrente consideravelmente da motivação interna do aluno, toda situação de prova
leva à ansiedade, à inibição e diminuição do crescimento pessoal. Por esse motivo, o
professor recusa qualquer qualificação dos resultados obtidos.
O entendimento correto da avaliação consiste em condicionar a relação mútua
entre os aspectos quantitativos e qualitativos. A escola cumpre uma função determinada
socialmente, a de introduzir as crianças e jovens no mundo da cultura e do trabalho;
objetivo social como este não surge espontaneamente na vivência das crianças e jovens,
mas sugere as perspectivas desenvolvidas pela própria sociedade e em controle por parte
do professor. Por outro lado, o professore deve organizar o ensino, o seu objetivo e o
desenvolvimento autônomo e independente dos alunos.
3.2 O poder da avaliação: disciplinar e controlar
A sala de aula é um verdadeiro mosaico, muitas vezes com lutas explícitas ou
mascaradas entre alunos e professores, ou entre os próprios alunos, indo desde
agressões verbais até mesmo às vias de fato. Nessas circunstancias, passam por aí os
diferentes sistemas punitivos que os professores utilizam sobre sues alunos, desde a
ironia e ridicularização das suas dificuldades, até as admoestações, na maioria das vezes
feitas com gritos, de quem já não sabe mais o que fazer para tornar seus alunos dóceis e
disciplinados. Isso, sem falar em conversas queixosas com os pais e encaminhamentos a
instituições especializadas no tratamento dos chamados “distúrbios de aprendizagem”.
Nesse contexto a avaliação entra como mais um elemento disciplinador e
controlador, servindo para se obter desde o silêncio momentâneo, até o “estudo para a
prova”.
O sistema coercitivo de provas, exames, concurso para entrada em outros estágios
da carreira tornam-se cada vez mais constantes e exigentes, ao longo da formação e do
próprio exercício profissional de cada um.
A arquitetura das escolas, as salas de aula com seus sistemas de controle absoluto
da distribuição dos corpos no espaço, lançam o professor de imediato, num ambiente de
controle e autoritarismo. Muitos alunos que expressam sua maneira de ver e de pensar o
mundo de forma diferente, manifestam sua inconformidade ou recusam cumprir normas
e manter-se passivos. E isso acontece tanto ao nível de 1º grau, quanto a nível de 2º e
3º grau; o que muda são as formas, mas o conteúdo controlador e disciplinador
mantém-se o mesmo. Cabe ao professor fazer valer as ordens e normas preestabelecidas,
pois ele próprio também está sendo controlado não só pela direção e administração
escolar, como também pelos seus pares, pelos órgãos de classe, pela legislação, pelos
alunos, pelos pais e assim por diante.
3.3 O professor a avaliação
Antes de se falar que a escola deve ter uma concepção de avaliação, é necessário
que o professor esteja sensível a esta questão. Não é uma determinada concepção que
vai responder às questões presentes que o tema levanta. Antes, é a sensibilidade do
professor para com o seu aluno e para com o grupo em que o mesmo está inserido que
vai construir o processo e o resultado da avaliação.
Nesse sentido a realidade é sempre mais rica do que aquilo que captamos dela,
mas mesmo assim, é preciso que a avaliação seja feita. É por esse motivo, que avaliar é
uma constante busca, um continuo desejo de abraçar a realidade, que sempre é mais rica
do que se pode captar.
Desse modo, podemos observar o cúmulo da arbitrariedade - no nosso tempo –
ser o professor o único responsável pela avaliação de um processo individual, dentro de
uma interação grupal; da mesma forma, avaliar um determinado momento e fazê-lo
corresponder à totalidade é igualmente arbitrário.
De outra forma, se avaliar não é um mero instrumento para lançar notas, mas,
antes, é um aprendizado para o cotidiano de qualquer pessoa; se o professor sozinho não
é capaz de avaliar e, principalmente, ao fazê-lo, corre o risco de ensinar aos alunos que
a avaliação é ato de autoridade e com isso afastar o aluno do prazer de estudar.
O clima de culpa castigo e medo, que tem sido um dos elementos da configuração da prática docente é um dos fatores que impedem a escola e a sala de aula de serem um ambiente de alegria, satisfação e vida feliz. (LUCKESI, 2002, p.51)
É necessário que a avaliação se torne mais uma ação coletiva em que professor e
alunos, juntos, perguntem e respondam. Digam o que é “certo’’ e o que é “errado’’
juntos; digam sim e não , juntos; reprovem-se, recuperem-se e aprovem-se. É preciso
conceber a avaliação como espaço de argumentação, como processo ético de
racionalização.
Se, no entanto, permanecer o segredo, é evidente que continuarão a ser usadas às
perversas práticas do segredo: a cola, a indiferença, o desrespeito, que transformam a
relação professor- aluno numa relação de gato e rato, enfim, permanecem, do lado do
segredo, a corrupção e o “pacto de mediocridade’’ , resultado do desinteresse de ambas
as partes.
Por isso é necessário se adotar como prática a transparência. Nesta o professor
poderá se mostrar e incentivar os alunos, a melhor forma de ministrar disciplina e
apresentar seus conteúdos. Cria-se com isso a co-responsabilidade, que significará
clareza nas atribuições do professor e dos alunos e, principalmente, é a responsabilidade
de criar pactos, contratos que sirvam de referência para andamento ou atividades em
sala de aula e da ação de cada um.
É necessário que haja um reflexão, constante do professor em relação à
aprendizagem do aluno e sobre as condições oferecidas por ele. Diante disso, Cabe ao
professor investigar a adequação dos conteúdos escolhidos, às propostas lançadas, o
tempo, o ritmo do trabalho no sentido de verificar aquisição de conhecimentos pelas
crianças no processo de aprendizagem e seus objetivos propostos. A avaliação é tarefa
permanente do professor e instrumento indispensável à constituição da prática
educacional pedagógica verdadeiramente com o desenvolvimento integral da criança.
Por tudo isso, ela deve ser encarada pelos professores como processo contínuo e
deve-se levar em consideração todos os processos vivenciados pelas crianças, e não
somente feita no final de um trabalho.
A avaliação tida como processo contínuo, contribui como um valioso recurso para
um professor diagnosticar e acompanhar e desenvolvimento da área cognitiva, afetiva e
psicomotora da criança. Daí a necessidade da estruturação das formas de registro,
contendo observações sobre as crianças, suas relações, interações e processos
vivenciados em relação ao grupo.
Na perspectiva histórico-cultural, e atribuído ao professor o papel de mediador,
sistematizador de sua própria ação e do processo vivido pelo seu grupo, a fim de buscar
intervenções pedagógicas que respeitem à heterogeneidade do grupo.
Dessa forma, a avaliação necessita voltar-se com um novo olhar sobre o
fenômeno educativo, exigindo a incorporação de novas atitudes e valores, por tratar-se
de sujeitos sócio-culturais que produzem conhecimentos a partir das suas vivências,
necessitando de uma postura construtivista do educador diante dos “erros” das crianças.
Esta prática avaliativa na concepção sócio-interacionista, faz parte da
aprendizagem devendo, portanto, ser trabalhada como uma oportunidade de interação
entre criança, adulto e conhecimento. Nesse sentido, VASCONCELOS (1999, p. 46)
afirma que: “uma avaliação na perspectiva transformadora utiliza instrumentos de
diagnóstico onde se percebe a realidade para ajudar a superá-la”.
De acordo com a Lei nº 9.394/96, Art. 31: estabelece a “avaliação como
processo que se realiza mediante o acompanhamento e registro do desenvolvimento...”
A orientação presente nesta proposta, é da adoção de um conjunto de ações que
auxiliem o professor a refletir sobre situações de aprendizagem vivenciadas, através das
diferentes áreas do conhecimento e atividades realizadas em momentos e espaços
diversos.
3.3.1 Registro elemento necessário
Dentre os pressupostos básicos sugeridos por educadores dentro de uma
proposta de avaliação mediadora o professor deve ser curioso e investigador do mundo
da criança que haja como mediador, que acompanhe, apóie e favoreça novos desafios.
Insere-se no processo a observação, que também deve ser planejada para que o
professor possa perceber manifestações importantes das crianças.
Por meio dela pode-se conhecer mais acerca do que as crianças sabem fazer,
pensam e observam e do que ainda lhes é de difícil compreensão, assim como conhecer
mais sobre os interesses que possuem. A prática de observar as crianças indica
caminhos para subsidiar conteúdos e propor desafios, a partir dos objetivos que pretende
alcançar por meio deles. O trabalho de reflexão do professor se faz pela observação e
pelo registro.
O registro da história da criança, no processo avaliativo, não pode significar apenas memória como função
bancária, ou seja, há que se pensar significado desse registro para além da coleta de dados ou informações a partir de uma observação de uma criança. Por outro lado em avaliação, não há como nos basearmos apenas na memória, porque ela é muitas vezes falha. A memória pode ser precária, generalista. Ela não é rigorosa e nem sempre se aprofunda. (HOFFMANN. 2003, p. 55)
Sim, podemos nos perguntar: por que é importante registrar? Alguns autores
valorizam a linguagem escrita, porque é mais reflexiva que a linguagem oral. Por meio
da fala, organizamos o pensamento. Já a escrita, representa nossa fala, exige uma
reorganização do pensamento, uma maior reflexão e conexão entre as idéias defendidas.
Através da escrita o educador pode distanciar-se de si mesmo e refletir sobre essas
idéias, analisando-as, interpretando-as, no sentido de encontrar outras respostas para as
situações vividas ou melhores caminhos a percorrer.
Os relatórios de avaliação representam a análise e a reconstituição da situação vivida pela criança na interação pelo professor. Eles representam, ao mesmo tempo, reflexo, reflexão e abertura a novos entendimentos possíveis. A objetivar, através do relatório, o seu entendimento sobre o processo vivido pela criança, o educador se reconhece como partícipe desse passado, co-responsável pela história construída por ela. Elaborar o relatório de acompanhamento da criança equivale, assim, ao educador assumir conscientemente seu compromisso com ela, e abrir-se à colaboração da própria criança, dos pais e outros educadores no processo avaliativo. (HOFFMANN, 2203, p.55)
Para a criança, o relatório de avaliação é o registro do seu processo de
construção de conhecimento o que constitui a sua identidade. Ele provoca o olhar
reflexivo do professor sobre seus desejos, interesses, conquistas, possibilidades e
limites, tornando-o partícipe de sua caminhada. Ele é um instrumento socializador de
suas conquistas históricas, favorecendo o surgimento de outros olhares reflexivos sobre
sua história, tornando-a singular para muitas outras pessoas, e, ao mesmo tempo,
contextualizando o seu processo evolutivo e natural de desenvolvimento.
Segundo o Referencial Curricular Nacional (1998, p.58) ‘ a observação e os
registros constituem principais instrumentos que o professor dispõe para apoiar sua
prática. Por meio dele professor pode registrar, contextualmente os processos de
aprendizagem das crianças. Pode também, registrar a qualidade das interações
estabelecidas com outras crianças, funcionários e com o professor e acompanhar os
processos de desenvolvimento obtendo informações sobre as experiências das crianças
na instituição. Esta observação e seu respectivo registro fornecem aos professores uma
visão integral das crianças ao mesmo tempo em que revelam suas particularidades.
O registro diário de suas observações, impressões é idéias pode compor um rico
material de reflexão e ajuda para o planejamento educativo. O comportamento da
criança no cotidiano escolar é extremamente importante, para analisar qualitativamente
o processo que a criança utiliza para alcançar certas respostas ou desenvolver certas
atitudes.
É também necessário que se preste atenção ao que consegue realizar
independentemente em grupo ou com o auxilio do adulto ou de outras crianças.
A aprendizagem segundo Vygostsky (1994, p. 93) se dá de forma interativa, e são
muito importantes as trocas interpessoais na constituição do conhecimento. O que a
criança realiza, hoje, com a ajuda de outras crianças e outros professores, estará
realizando sozinha amanhã.
Á base dessas considerações, o registro é entendido com fonte de informação
valiosa sobre as crianças, em seu processo de aprender, e sobre o professor, e seu
processo de ensinar.
O registro é o acervo de conhecimento do professor, que lhe possibilita recuperar as
histórias do que foi vivido, tanto quanto lhe possibilita avaliá-la propondo novos
encaminhamentos.
3.4 A avaliação classificatória e excludente
Por mais paradoxal que possa parecer inicialmente, entendemos que a avaliação que
vem sendo aplicada por muitas escolas é fator de não aprendizagem (e não mudança).
Isso ocorre por que o processo praticado pela maioria das escolas não é abrangente, ou
melhor, dizendo, não abarca o todo, concentra-se na avaliação apenas do aluno. Além
disso, não se volta sobre si mesmo.
Quando avaliamos a própria avaliação da aprendizagem, percebemos os seguintes
problemas básicos:
• Desvio dos objetivos: em vez do professor estar se preocupando com a
aprendizagem, com o desenvolvimento, com o crescimento, todos os esforços do
professor passam a girar em torno da classificação, da constatação de que
determinada realidade está adequada ou não, e os esforços param por aí. No caso
da avaliação de aprendizagem, tudo se concentra na nota, na preocupação de
aprovar/reprovar, até mesmo sanção (competente-incompetente);
• Distorção da prática pedagógica: preocupado com os exames. O docente que
cumprir o programa utilizado a metodologia meramente expositiva. Com
conteúdos pré-estabelecidos, sem significados relevantes e metodologia passiva.
Os alunos passam a ficar desinteressados e começam a surgir problemas de
disciplina. Neste momento, angustiado devido a incapacidade de desenvolver
“um bom” relacionamento entre com os alunos, o professor acaba usando a
avaliação classificatória como arma de controle de comportamento, o que aliena
mais ainda a relação pedagógica e realimenta o ciclo vicioso.
Diante desse quadro, o professor fica em uma situação embaraçosa. Para a
reversão do quadro de fracasso escolar, a avaliação tem papel decisivo. “Porém”, diz
Celso Vasconcellos (2005, p.22),“ao estarem montadas em bases equivocadas, não só
deixa de cumprir sua função de ajuda, como também se torna mais estorvo para a
mudança”. Por tanto, é fundamental refletir sobre novos desafios da avaliação a fim de
avançarmos em direção a uma educação de qualidade para todos (novos aqui, entendido,
tanto no sentido do que é recente quanto daquilo que se caracteriza por sua atualidade).
3.5 A importância dos critérios
No caso da relação escolar, é necessário que se estabeleçam expectativas de
aprendizagem dos alunos em conseqüência do ensino, que devem se expressar nos
objetivos e nos critérios de aviação propostos e na definição do que está considerado, no
testemunho das aprendizagens. Isso acontece quando o professor não tenta trabalhar a
aprendizagem de maneira independente do aluno, mais sim, efetuando um constante
esforço para em concílio com o aluno possa avaliar o que está sendo feito e o que está
conseguindo obter no processo.
Avaliar significa emitir um juízo de valor sobre a realidade que se questiona, em
prol das suas conseqüências. Portanto, a atividade de avaliação exige critérios claros que
orientam a leitura dos aspectos a serem avaliados.
Os critérios de avaliação têm um papel importante, pois explicitam as
expectativas da aprendizagem, considerando objetivos e conteúdos propostos para a
área e para o ciclo, a organização lógica e interna dos conteúdos, as particularidades de
cada momento da escolaridade e das possibilidades decorrentes de cada etapa do
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social em uma determinada situação na qual os
alunos tenham boas condições de desenvolvimento do ponto de vista pessoal e social.
Os critérios de avaliação apontam as experiências educativas a que os alunos
devem ter acesso e são considerados essenciais para o seu desenvolvimento e
socialização.
O que se defende é que os critérios de avaliação devem refletir de forma
equilibrada os diferentes tipos de capacidades e as três dimensões de conteúdos, e servir
para encaminhar a programação e as atividades de ensino e aprendizagem.
É importante ressaltar, que os critérios de avaliação representam as
aprendizagens imprescindíveis ao final do ciclo e possíveis à maioria dos alunos
submetidos às condições de aprendizagens propostas. Não podem, no entanto, ser
tomadas como objetivos, pois isso significaria em um injustificável relaxamento da
oferta de ensino e, conseqüentemente, o impedimento, de inicio e da possibilidade de
realização de aprendizagem consideradas essenciais.
Jussara Hoffmann (2003, p. 64) aponta a noção do campo que abrange os
critérios:
Os critérios não expressam todos os conteúdos que foram trabalhados no ciclo, mas apenas aqueles que são fundamentais para que se possa considerar que um aluno adquiriu as capacidades previstas de modo a poder continuar aprendendo no ciclo seguinte, sem que seu aproveitamento seja comprometido.
A definição dos critérios de avaliação deve considerar aspectos estruturais de cada
realidade. Também, a adequação destes não deve perder de vista a busca de uma meta
de qualidade de ensino e aprendizagem explicitada na presente proposta.
IV QUALIDADE X QUANTIDADE
Na avaliação do aproveitamento deve-se dar mais ênfase aos aspectos
qualitativos do que aos quantitativos. Este ponto é importante, mas, tem sido mal
interpretado na maioria das escolas. Vejamos dois erros que normalmente se comete em
avaliação: em muitas escolas leva-se em consideração o aspecto qualitativo, mas, este
não é preponderante sobre o quantitativo. Em outras palavras, a quantidade, entendida
como acumulação de conhecimentos principalmente através da memorização – continua
a ter mais peso que os aspectos qualitativos. Há escola, por exemplo, que atribuem o
peso “8” à quantidade e o peso “2” à qualidade, na formação da nota final.
Os aspectos qualitativos não são interpretados adequadamente. Em muitas
escolas, entende-se por aspecto qualitativo simplesmente o comportamento do aluno: se
ele fica quieto, não conversa, atende ao professor etc, recebe um conceito elevado; se
conversa, parece não prestar atenção, faz muitas perguntas etc; recebe um conceito
baixo.
Evidentemente, não é assim que devem ser interpretados os aspectos
qualitativos. Eles estão inteiramente relacionados aos próprios objetivos da educação e
do ensino. Portanto, pode-se perceber que, avaliar o aproveitamento não é tarefa
simples. É preciso que o professor tenha muito cuidado, pois são seres humanos que ele
está avaliando. Ao atribuir uma nota ou uma menção, o professor deve sempre
perguntar: será que estou dando mais importância aos aspectos qualitativos? Será que
estou levando em consideração todos os aspectos qualitativos?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em 1996,
determina que a avaliação seja contínua e cumulativa e que os aspectos qualitativos
prevaleçam sobre os quantitativos. Da mesma forma, os resultados obtidos pelos
estudantes ao longo do ano escolar devem ser mais valorizados que a nota da prova
final.
Assim sendo, para que a avaliação sirva à aprendizagem é essencial conhecer
cada aluno e suas necessidades.
V O QUE MUDA QUANDO O PROFESSOR SABE AVALIAR: RESULTADO
DE PESQUISA.
Questionário a ser aplicado aos professores da Unidade Escolar Janoca Maciel,
escola pública da rede municipal de ensino de Pedreiras – MA.
1°) Quando você avalia a parte qualitativa do seu aluno, o mais importante é:
2°) Você usa a prova escrita com intenção de :
75%
25%
Participação nas aulas
Comportamento
98%
2%
Diagnosticar a aprendizagem
Atribuir nota
3°) Você utiliza a avaliação diagnostica:
4°) Você planeja suas avaliações de acordo com:
5°) Na avaliação dos seus alunos você utiliza:
5%
95%
60%
Todo conteúdo do período
100%
3°) Você utiliza a avaliação diagnostica:
4°) Você planeja suas avaliações de acordo com:
5°) Na avaliação dos seus alunos você utiliza:
a)no início de cada unidade didática
b) no início do ano letivo
40%
Todo conteúdo do período Os objetivos por unidades didáticas
Nunca Aplica provas
Aplicação de provas e outros critérios
Ao observar os resultados obtidos com o questionário aplicado aos professores
da Unidade Escolar Janoca Maciel, percebe-se que os mesmos, apesar de terem uma
noção do verdadeiro papel da avaliação, não compreenderam ainda, que avaliação e
planejamento precisam andar juntos e que a avaliação diagnóstica deve ser feita
constantemente a cada unidade didática ou conteúdo trabalhado, pois, só assim é
possível detectar as dificuldades e os avanços dos alunos durante todo o processo de
ensino-aprendizagem.
VI CONCLUSÃO
A avaliação vem tomando espaço nos debates educacionais devido a sua
importância no sentido de diagnosticar e controlar os avanços ou ranços pelos quais a
educação tem passado no Brasil, entretanto, não somente no sentido de obter dados, a
avaliação pode ser considerada um dos fatores que interferem na melhoria da qualidade
do ensino, também como uma forma de compreensão do nível de aprendizagem dos
alunos nos três tipos de conteúdos: conceituais, procedimentais e atitudinais e como
uma base para o replanejamento de metodologias diferenciadas.
Compreende-se, portanto, que a avaliação é um fator determinante para o
sucesso ou fracasso escolar, configurando-se assim em um dos elementos que
interferem na qualidade de ensino, por isso, merece atenção especial por parte dos
cursos de formação de professores e especialistas em educação.
Nesta pesquisa percebemos que muitos professores, apesar de licenciados,
continuam com dúvidas em relação ao verdadeiro papel da avaliação e concluímos que
apesar dos vários debates em torno dessa temática o problema continua, contudo,
propõe-se que um estudo mais aprofundado sobre o assunto seja feito o quanto antes
com estes professores que em um sistema com tantos problemas como o nosso,
poderiam contribuir grandemente para a qualidade do ensino com uma compreensão
maior sobre o verdadeiro papel da avaliação.
REFERÊNCIAS
AZANIA, José Mário Pires. Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental, São Paulo: Ática, 1996.
BRASIL, Lei de Diretizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96. Brasília: MEC/SEF 1996.
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 2001.
PEDRO, Demo. Avaliação Qualitativa: Polêmicas do nosso tempo, Campinas, SP: autores associados, 1999.
HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do Processo ensino-aprendizagem. 5ª São Paulo: Ática, 1955.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma nova prática em construção da pré-escola à universidade. Porto alegre: Mediação, 1993.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação: Mito e Desafio. Uma pesquisa construtivista. 33º Porto Alegre: Mediação, 2003.
HOFFMANN, Jussara. Pontos e contrapontos: do pensar ao agir em avaliação. Porto Alegre: Mediação, 1998.
KAIPERNAN, Henrique Leão. Avaliar para quê? Porto Alegre: Artmed, maio/julho. 2005 (Revista Pátio, ano IX, nº 34 p.5)
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogo para quê?São Paulo: Cortez, 1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: 14 São Paulo: Cortez, 2002.
SILVA, T. T (org.) Alienígenas na sala de aula. Petróplis: Vozes, 1995.
VASCOCELLOS, Celso dos Santos. A avaliação e o desafio da aprendizagem e do desenvolvimento humano. Porto alegre: Artmed, maio/julho. 2005 ( Revista Pátio, ano IX, nº 34 p. 21, 22).
VYGOTSKY, L. S. A formação Social da Mente. São Paulo: M. Fontes, 1994.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.