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B. Tecnologia e Estruturas Industriais 1. Estruturas de Custos, Tecnologia e Fontes de Eficiência 1.1. Economias de escala em monoprodução 1.2. Economias de variedade em multiprodução - PowerPoint PPT Presentation
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1
B. Tecnologia e Estruturas Industriais
1. Estruturas de Custos, Tecnologia e Fontes de Eficiência
1.1. Economias de escala em monoprodução
1.2. Economias de variedade em multiprodução
1.3. Fontes adicionais de rendimentos crescentes: aprendizagem, aglomeração, externalidades de conhecimento e de rede
2
2. Organização dos Mercados e Formação de Preços
2.1. Concorrência perfeita
2.2. Monopólio e concorrência monopolística
2.3. Formação de preços em oligopólio
3. Poder de Mercado
3.1. Concentração horizontal e poder de mercado
3.2. Barreiras à entrada e poder de mercado
3
1.1. Economias de escala em monoprodução
1.2. Economias de variedade em multiprodução
1.3. Fontes adicionais de rendimentos crescentes: aprendizagem, aglomeração, externalidades de conhecimento e de rede
B.1. Estruturas de Custos, Tecnologia e Fontes de Eficiência
4
1.1. Economias de escala em monoprodução
1.1.1. Rendimentos e economias de escala
1.1.2. Fontes de (des)economias de escala
1.1.3. Medidas das economias de escala: curvas de custos
5
1.1.1. Rendimentos e economias de escala
A instalação de uma unidade produtiva implica que no momento t = 0 se tomem decisões sobre diferentes aspectos:
Localizações alternativas: Custos de transporte (matérias-primas, bens finais), distância dos mercados, infraestruturas, mercado de trabalho, factores institucionais, ...
Opções tecnológicas: custo dos factores de produção, características técnicas dos produtos, maturidade/novidade do processo, ...
Sistemas organizativos: lay-out, utilização do novas tecnologias da informação, organização do processo produtivo, ...
Capacidade a instalar: escolha da dimensão.
Este último aspecto é o tema central do ponto B.1.
6
1.1.1. Rendimentos e economias de escala (cont.)
Podemos pensar uma tecnologia como sendo um conjunto de planos de produção admissíveis. Nesta perspectiva, podemos pensar em duas dimensões temporais distintas: o curto prazo e o médio/longo prazo.
No curto prazo faz sentido pensar que existem um conjunto predeterminado de factores de produção que são fixos. Neste contexto, as firmas analisam a possibilidade de maximizar os seus lucros, adquirindo quantidades adicionais de, por exemplo, apenas um produto. Esta óptica de análise remete-nos para o conceito de rendimento marginal.
No longo prazo, não há factores fixos; todos os inputs podem ser variáveis. A análise dos efeitos no desempenho da empresa resultante de uma variação simultânea de todos os factores produtivos remete-nos para a análise das economias de escala (quando existe apenas um output).
7
1.1.2. Fontes de (des)economias de escala
Fontes de economias de escala
-Economias de dimensão acrescida
-Efeito das indivisibilidades
-Efeito da especialização
-Assimetria de informação no mercado do crédito (e no mercado financeiro em geral) torna menos onerosas as condições de acesso ao financiamento por parte das grandes empresas
-Custos de transporte e de distribuição dos produtos
-Custos de uma estratégia de internacionalização
Curiosidade: algumas leis da física são indutoras de economias de escala. Se duplicarmos o raio de uma esfera, aumentamos o volume de um factor de 8 e a superfície de um factor de apenas 4.
8
1.1.2. Fontes de (des)economias de escala (cont.)
Fontes de deseconomias de escala:
-Causas técnicas ligadas à produção
-Causas organizativas e de gestão
-Causas ligadas às relações de trabalho
-Causa ligadas à venda e à distribuição
9
1.1.3. Medidas das economias de escala: curvas de custos
qxxfas
xrxr
qCCqCxrxrxxC
Cxx
VFT
),(:.
min
:problema seguinte do resolução dapartir
a se-obtem rmação transfoEsta
)()(),(
21
2211},{
221121
21
10
Tipologia de Custos
q
CFCFM
q
qCVqCVM
q
qCqCM T
:Médio Fixo Custo
)()(
:Médio Variável Custo
)()(
:Médio Custo
C´ CM
CVM
$
q
11
Curvas de Custos de Curto e Longo Prazo
CMLP
$
q
12
Economias de Escala
Definição baseada na função de produção
1),,(),
Escala à esDecrescent Economias
1),,(),
Escala à Crescentes Economias
1),,(),
escala à Constantes Economias
2121
2121
2121
txxtftxf(tx
txxtftxf(tx
txxtftxf(tx
13
Economia de Escala
Definição baseada nas Funções Custo
CM$
q
Rendimentos Crescentes
Rendimentos Constantes
Rendimentos Decrescentes
14
Economias de Escala: Medida com base nos custos
Escala à esDecrescent sRendimento 1S
Escala à Constantes sRendimento 1S
Escala à Crescentes sRendimento 1S
:que tal
´
C
CMS
S<1S>1
CM
C´
$
q
15
Dimensão Mínima Eficiente
DMEq
$
CMLP
16
1.2. Economias de Variedade em Multiprodução
1.2.1. Flexibilidade produtiva e economias de variedade
1.2.2. Conceitos de custos em multi-produção
1.2.3. Medidas de economias em multi-produção
17
1.2.1. Flexibilidade produtiva e economias de variedade
Benefícios da multiprodução
A multiprodução maior exigência de flexibilidade que em monoprodução (e isso tem custos) maior capacidade produtiva disponível para se adaptar para fornecer diferentes combinações de produtos (e isso tem benefícios para os consumidores). Há assim um nível óptimo de diferenciação quanto ao nº n de bens a produzir em simultâneo.
Custo total Custo de
variedade
Custo da não satisfação de
clientes
Há que balancear custos e benefícios.
Escolha óptima do grau de variedade
*n n
18
Trajectórias tecnológicas
Flexibili-dade
Eficiência
Trajectórias
tecnológicas
19
q
qqCqCMR
qqq
iq
qqCC
qqCC
iii
í
),()(
produzido. é qual a segundo proporção a dá nos que em Seja
)constantes prop. (com Radial Médio Custo
)2,1(,),(
Produto-Multi Marginal Custo
),(
Produto-Multi Total Custo
21
i
1
21´
21
1.2.2. Conceitos de custos em multiprodução
20
Economias de Variedade em Multiprodução (cont.)
Pode demonstrar-se que CMR(q) decresce, cresce ou mantem-se constante à medida que q aumenta dependendo de s ser maior, menor ou igual a 1, respectivamente.
22
11
)(
q
Cq
q
Cq
qCs
Ou seja, s tem um significado semelhante, na produção multiproduto, ao rácio CM/C´ na produção uni-produto.
21
Custo Total Incremental
Custo total incremental de aumentar a produção do produto 2 de 0 para , mantendo constante:
2q
1q
)0,(),( 1212 qCqqCCI
Custo médio incremental de aumentar a produção do produto de 2 de 0 para , mantendo constante:2q 1q
2
22 q
CICMI
22
Economia de Escala Específica do Produto i
(mantendo o output j constante)
escala à esdecrescent sRendimento1
escala à constantes sRendimento1
escala à crescentes sRendimento1
´
i
i
i
i
ii
PS
PS
PS
C
CMIPS
1.2.3. Medidas de economias em multi-produção
23
Economias de Gama
Muitas empresas produzem mais do que um produto porque é mais barato fazê-lo conjuntamente do que separadamente. O termo economias de gama refere-se aos ganhos que resultam desse facto.
Considere-se a produção de unidades do produto 1 e unidades do produto 2. O custo de as produzir separadamente é:
1q 2q
),0()0,( 21 qCqC
O Custo de as produzir conjuntamente é:
),( 21 qqC
24
Medida para as economias de gama em produção multiproduto
),(
),(),0()0,(
21
2121
qqC
qqCqCqCEG
Se EG>0 significa que existem economias de gama.
25
1.3. Fontes adicionais de rendimentos crescentes: aprendizagem, aglomeração, externalidades de conhecimento e de rede
1.3.1. Economias de aprendizagem
1.3.2. Economias de aglomeração
1.3.3. Externalidades de conhecimento
1.3.4. Economias de rede
1.3.5. Diferentes dimensões de rendimentos crescentes: economias estáticas e dinâmicas, economias específicas e sistémicas
26
1.3.1. Economias de aprendizagem
“Curvas de Aprendizagem” associadas a “Learning-by-doing”
Interpretação: a produção da n-ésima unidade faz-se, ceteris paribus, num períoso de tempo inferior ao da 1ª unidade produzida.
Horas/
Unidade
Nº de unidades
ynZ Z – nº de horas para produzir a n-ésima unidade
n – nº total de unidades produzidas
y - Elasticidade de aprendizagem
- nº de horas para produzir a 1ª unidade
1
n
Z
27
Curvas de aprendizagem estimadas para a indústria aeronáutica
94,23 ,96,0
39,0
04,21
logloglog
2
FR
y
nyZ
Este ajustamento permitiria estimar:
Para n = 50 Z = 4,6
Para n = 100 Z = 3,5
Para n= 1000 Z = 1,4
28
Estudos clássicos sobre aumentos de eficiência intra e inter geracionais
Samuel Hollander (1962)
Fábrica da Dupont de Nemours (em Old Hickory, Delaware)
1930 1940 1950
100
30
CM
Causas do decréscimo dos custos: melhoria da eficiência “intra-geracional” devido a “learning-by-doing, I&D.
29
J. Enos (1958)
Analisa 4 processos de refinação de petróleo.
CM I
II
IIIIV
1910 1920 1930 1940 1950
Melhorias de eficiência intra e inter geracionais devido a learning-by-doing & by searching, I&D.
30
1.3.2. Economias de aglomeração
Benefícios que provêm da articulação da empresa com a sua “envolvente”.
Acesso ao mercado:
-Inputs: matérias-primas, componentes, equipamentos, trabalho, financiamento;
-Outputs: população, outras empresas.
Infraestruturas: vias de comunicação, portos e aeroportos, telecomunicações, serviços públicos, fontes de informação, suporte tecnológico.
A concentração geográfica melhora o acesso aos inputs e ao mercado dos outputs e estimula também as sinergias (redes empresariais, relações universidade-indústria, etc.)
Também existem deseconomias de aglomeração: rendas fundiárias, congestionamento, etc.
31
1.3.3. Externalidades de conhecimento
Na produção e disseminação de novos conhecimentos ocorrem externalidades.
As empresas com actividades de I&D têm dificuldades em apropriar-se eficazmente de benefícios do seu investimento.
Existem diferentes meios de apropriação:
•Liderança sistemática
•Segredo industrial
•Marketing, reputação, canais de distribuição
•Registo de patentes
32
1.3.3. Externalidades de conhecimento (cont.)
Mas a apropriação é quase sempre imperfeita dado que a natureza do bem produzido (o conhecimento) impede que o estabelecimento de direitos de propriedade seja inequívoco.
A re-utilização sucessiva não “desgasta” o bem conhecimento devido à sua natureza de bem público (ou semi-público).
Desta forma, a proximidade (geográfica, cognitiva) facilita o acesso aos conhecimentos produzidos pelos rivais (learning-by-observing & by-interacting)
33
1.3.4. Economias de rede
Surgem nas chamadas indústrias-rede (network-industries): caminhos de ferro, telecomunicações, distribuição e transporte de electricidade, etc.
A interdependência entre diferentes partes da rede afecta as condições de produção/custos a suportar:
• O Custo de envio de um bem depende da quantidade de mercadorias que estão a ser transportadas entre A e B, mas também entre outros pontos C e D;
• O Custo de transporte e distribuição de electricidade para um ponto da rede depende das cargas existentes noutras zonas.
Mas as redes não afectam apenas as condições de produção; também influenciam as condições de procura Lei de Metcalfe: Valor de uma rede (de telecomunicações) aumenta exponencialmente com o número de unidades a ela ligadas.
34
1.3.4. Economias de rede (cont.)
Os benefícios que o consumidor obtém através da conexão a uma rede designam-se por economias de rede directas.
Mas há também: economias de rede indirectas. O aumento da dimensão da rede implica o aumento da variedade oferecida ou a existência de produtos complementares a preços mais baixos (fenómeno que se verifica, por exemplo, no caso do MS-Windows).
35
Duas questões relevantes sobre economias de rede:
i) Implicam necessariamente monopólio natural ? A evidência empírica (por exemplo, no caso das redes celulares) sugere que certas redes poderão ter uma dimensão máxima óptima.
ii) Em caso de monopólio (ou posição dominante), benefícios para consumidores superam as consequências negativas do monopólio ? A resposta não é consensual. Alguns autores tendem a argumentar que existem benefícios em termos estáticos (no curto prazo) e custos no longo prazo. No curto prazo, o estabelecimento de um standard dominante é benéfico; no entanto, o poder de mercado excessivo do detentor da rede pode ter reflexos negativos em termos de inovação (a prazo).
1.3.4. Economias de rede (cont.)
36
1.3.5. Diferentes dimensões de rendimentos crescentes: economias estáticas e dinâmicas; economias específicas e sistémicas
Economias de escala
•Análise no interior da mesma geração de bens de capital
•Melhoria de eficiência com tecnologia inalterável
•Baseadas em vantagens dimensionais
•Perspectiva “estática”
•Dimensão relevante de análise: empresa
37
Economias de aprendizagem
•Análises intra e inter-geracionais
•Melhorias de eficiência derivadas da aprendizagem
•Melhorias de eficiência associadas a mudanças em L e K
•Mudanças incrementais e radicais: progresso tecnológico
•Trata-se de efeitos “dinâmicos”
Economias de variedade / multi-produção
•Melhoria de eficiência redução dos custos de não satisfação de clientes elemento de ajustamento à procura
•Melhorias de eficiência economias de escala na oferta (relacionadas com modularidades e indivisibilidades)
•Combinação de elementos internos e externos à empresa
1.3.5. Diferentes dimensões de rendimentos crescentes: economias estáticas e dinâmicas; economias específicas e sistémicas (cont.)
38
1.3.5. Diferentes dimensões de rendimentos crescentes: economias estáticas e dinâmicas; economias específicas e sistémicas (cont.)
Economias de aglomeração
•Melhoria de eficiência decorre da proximidade geográfica
•Há melhores condições de produção: aprovisionamento de inputs, infraestruturas. Efeitos do lado da oferta
•Há maior acessibilidade à procura (poder de compra concentrado, maior exigência). Efeitos do lado da procura
•Envolvente da empresa é aspecto determinante
39
1.3.5. Diferentes dimensões de rendimentos crescentes: economias estáticas e dinâmicas; economias específicas e sistémicas (cont.)
Externalidades de conhecimento
•Aprendizagem através de observação e de interacção (relevância da articulação com envolvente)
•É a proximidade (geográfica, cognitiva) que potencia este tipo de aprendizagem
•Sinergias associadas à existência de redes de empresas e a efeitos sistémicos
•Há incentivo à concentração geográfica das indústrias baseadas no conhecimento
40
1.3.5. Diferentes dimensões de rendimentos crescentes: economias estáticas e dinâmicas; economias específicas e sistémicas (cont.)
Economias / externalidades de rede
• Interdependência das diferentes partes de uma rede afecta
- custos de produção (oferta) e preços a pagar
- valor do bem para cada novo consumidor (procura)
• Dimensão da rede (efeito escala) afecta esse valor
• Crescimento da rede valor aumenta (aspecto dinâmico)
• Tal como nas economias de escala, efeitos para consumidores são contraditórios.
41
1.3.5. Diferentes dimensões de rendimentos crescentes: economias estáticas e dinâmicas; economias específicas e sistémicas (cont.)
Estáticas
Sistémicas
Dinâmicas
Específicas
Economias de Escala
Economias de Variedade
Economias de Aglomeração
Economias de Rede
Externalidades de conhecimento
Economias de Aprendizagem
42
B.2. Organização dos Mercados e Forma-ção de Preços
2.1. Concorrência perfeita
2.2. Monopólio e concorrência monopo-lística
2.3. Formação de preços em oligopólio
43
2.1. Concorrência Perfeita
Hipóteses:
- Produto homogéneo
- Informação completa e perfeita
- Muitos vendedores e compradores (“price-takers”)
- Não existem custos de transacção
- Não existem externalidades nem problemas na atribuição de direitos de propriedade
- Livre entrada e saída (não existem barreiras à entrada)
- Perfeita divisibilidade do produto
44
Equilíbrio da firma individual
Programa de decisão
)´()(}{
qCpqcpqmaxq
$
q
CVM
CMC´
CVMp
CVMppSS
,0
),(
45
Equilíbrio de Longo Prazo
No curto prazo podem ocorrer duas situações:
- e, nesse caso, saem firmas do mercado até se atingir
- e, nesse caso, entram firmas no mercado até se atingir
00
00
S
D
$
qqc
pc
46
Eficiência e Bem Estar
EC
EP
$
q
S
D
O equilíbrio competitivo (i.e., uma solução descentralizada) é um óptimo social.
Neste contexto, a intervenção do Estado é indesejável.
Definição: Excedente Social
ES = EC + EP
47
“Deadweight Loss”
EC
EG
EP
DL
Imagine-se que o Estado fixava um imposto T por unidade de output. Tal significava que, se o consumidor pagasse p por uma unidade de output, a firma receberia p-T. Neste caso, o excedente social seria:
ES=EC+EG+EP
onde:
EG - Excedente do Estado
DL - “Deadweight Loss”
p
p-T
48
2.2. Monopólio e concorrência monopolística
2.2.1. Monopólio
2.2.2. Discriminação de preços em monopólio
2.2.3. Concorrência monopolística
49
2.2.1 Monopólio
Programa de decisão
)´()´(:
)().(
mmm
q
qCqRqq
qCqqpmax
:Decisão
A B
CD
C´
R´
q
$
pm
pc
qm qc
O monopolista é ineficiente:
pm > pc e qm < qc
O que acontece quando se passa do equilíbrio de monopólio para o equilíbrio competitivo?
Monopolista C-A
Consumidor A+B
Total B+C
50
O Poder de Monopólio
)´()´(: mmm qCqRqq
Vimos anteriormente que o monopolista decidia de acordo com a seguinte regra:
Tendo em atenção que, obtém-se o Índice de Lerner:
1
1´ pR
1´
p
Cp
Reflectindo o desvio do preço de monopólio relativamente ao C´, o Índice de Lerner reflecte o poder de monopólio. A expressão anterior sugere que o grau de monopólio depende da elasticidade procura preço ( ): quanto mais elástica for a elasticidade, tanto mais o preço de monopólio se aproxima do preço competitivo e, portanto, tanto menor é o grau de monopólio.
51
Custos e Benefícios do Monopólio
Custos do Monopólio
• O monopólio é uma solução ineficiente quando comparada com a concorrência perfeita: o monopolista produz menos quantidades a preços mais elevados.
• Comportamentos do tipo “Rent-seeking”. Posner argumenta que o monopolista utiliza ineficientemente recursos para preservar o seu poder de mercado.
Benefícios do Monopólio
• Os lucros de monopólio podem constituir um incentivo para que a empresa desenvolva novos produtos ou novos processos de produção.
52
Monopólio Natural
q
$
CM
C´
D
R´
qm qa qc
Comentários:
1. A solução de equilíbrio em monopólio natural depende do quadro institucional:
- Produz qm se houver barreiras à entrada;
- Produz qa se os mercados forem contestáveis ou existir regulação;
- Produz qc se existir regulação.
2. Implicações de se produzir qc
Definição: Uma firma é um monopólio natural se dispõe de condições para produzir o output de forma mais eficiente que duas ou mais firmas, ou seja:
)()()()()( 321 kqCqCqCqCqC
53
2.2.2. Discriminação de Preços
Tipologia de discriminação de preços
1. Discriminação de 1º Grau ou Discriminação Perfeita
Cada unidade do bem é vendida ao consumidor pelo preço máximo que ele está disposto a pagar.
2. Discriminação de 2º Grau
O preço unitário depende do número de unidades adquiridas. Exemplo mais comum: descontos de quantidades.
3. Discriminação de 3º Grau
Cada grupo de consumidores adquire o produto a um preço diferente. Exemplos mais comuns: descontos para idosos e estudantes, etc. É a forma de discriminação de preços mais comum.
54
Discriminação Perfeita
$
qqm´=qc
D
C´
Comentários:
1. Cada unidade do bem é vendida ao consumidor pelo preço máximo que ele está disposto a pagar.
2. O nível de output e o excedente social são iguais aos do modelo competitivo.
3. Coloca-se um problema de repartição: há uma transferência do excedente do consumidor que passa a reverter, na sua totalidade, em benefício do monopolista.
qm
55
Discriminação de 3º Grau
$ $ $
q q qq1 q2 q1+q2
C´ C´ C´
p1
p2
Hipóteses:
1. A firma dispõe de poder de monopólio.
2. Deve ser capaz de identificar grupos distintos de consumidores com preferências distintas.
3. Os custos de segmentação devem ser menores que os benefícios da discriminação.
56
Discriminação do 3º Grau (cont.)
1
2
2
121
21222111,
11
11)´()´(
)().().(21
p
pcqRqR
qqCqqpqqpmaxqq
:c)constanteC´ (para óptima Solução
:amonopolist do ProblemaComentário:
O preço é inversamente proporcional à elasticidade em cada mercado.
Efeitos em termos de Bem Estar
O monopolista discriminador do 3º grau pode ser mais ou menos eficiente que o não discriminador tudo dependendo das formas das funções custo e procura.
57
2.2.3. Concorrência Monopolística
A existência de diferenciação do produto permite relativizar a importância da dimensão das firmas e desloca o centro de gravidade da análise para o lado da procura. A principal implicação da diferenciação é que a elasticidade de substituição entre os outputs das diferentes firmas, num mesmo mercado, é finita e, em consequência, o produtor dispõe de poder de monopólio ainda que a quota de mercado de cada firma seja pequena.
A concorrência monopolística possui características quer do monopólio quer da concorrência perfeita.:
•Do monopólio: num contexto em que existem economias de escala, a firma defronta uma curva da procura com declive negativo (portanto, dispõe de poder de mercado); por outro lado, ao contrário do monopolista, a firma disputa a sua quota de mercado, concorrendo pelo preço e pela variedade;
•Da concorrência perfeita: não existem barreiras à entrada ou à saída.
58
Concorrência Monopolística e Bem Estar
q
$
qcm
pcm
D
CM
qc
pc
Nesta figura representa-se o equilíbrio de longo prazo, isto é, quando a livre entrada e saída conduz a lucros nulos.
O equilíbrio de longo prazo é ineficiente por duas razões:
1. O preço está acima do preço competitivo (pcm>pc).
2. O nível de output está abaixo do competitivo (qcm<qc).
.
59
Concorrência Monopolística e Bem Estar (cont.)
Este facto leva alguns autores a considerar que, em concorrência monopolística existe “excesso de capacidade”. Ou seja, se existissem menos firmas, cada uma delas adoptaria uma escala mais eficiente e tal seria positivo para os consumidores.
Mas, como cada firma produz uma variedade diferente, o número de variedades oferecida no mercado seria menor e, como os consumidores têm uma preferência estrita pela diversidade, tal situação teria reflexos negativos no bem estar dos consumidores.
Tal significa que o grau de diferenciação óptimo em cada mercado é uma resultante destes dois efeitos.
60
2.3. Formação de preços em oligopólio
2.3.1. Modelo de Cournot
2.3.2. Modelo de Bertrand
2.3.3. Modelo de Stackelberg
2.3.4. Oligopólio com colusão
61
2.3.1. Modelo de Cournot
Começa-se com o caso de um duopólio, generalizando-se depois para o caso de empresas.
Hipóteses fundamentais: i) O produto é homogéneo, ii) o preço (único) de mercado resulta da oferta agregada das empresas, e iii) as empresas determinam simultaneamente a quantidade oferecida.
Utilizando a terminologia da Teoria dos Jogos, temos a seguinte estrutura: a variável estratégica são as quantidades que são escolhidas simultaneamente; o lucro (que traduz a utilidade de cada jogador) é função da quantidade produzida por essa empresa e do preço de mercado; o equilíbrio de mercado é dado pelo equilíbrio de Nash desse jogo.
2n
62
Modelo de Cournot: Dedução Algébrica
Função procura: p = a – b Q, Q=q1+q2
Função Custo: C = c Q (custo marginal constante)
)( 2,1 ,0),(
:equilíbrio de Solução
,)(),(Max
:a forma de Escolher :Decisão
*21
2,121
jiii
i
iii
i
qqqiq
qcpqq
q
)(*jii qqq são funções reacção, isto é, dão-nos a escolha óptima de i dada a
decisão de j.
63
Modelo de Cournot
ca
pb
ca
b
caqq NNN 3
2
3
3
2q
3
:preços e squantidade paraCournot de Solução
N21
q1
q2q2n
q1n
)(
)(q
2 e 1 sduopolista dos reacção Funções
122
211
qqq
64
CNM
CNM
MMMM
c
qqq
ppp
cap
b
caqqCqR
cpb
caqCp
:que seConclui
2 e
2 )´()´(
Monopólio de Equilíbrio
e ´
ocompetitiv Equilíbrio
Cournot, Concorrência Perfeita e Monopólio
65
Cournot, Concorrência Perfeita e Monopólio (cont.)
q1
q2qM
qM
qC
qC
q1M+q2M=qM
q1c+q2c=qc
66
Modelo de Cournot: Generalização para N firmas
Teoremas Limites
Para a solução simétrica qi=qN obtêm-se os seguintes resultados:
cn
na
np
b
ca
n
nq
nb
caq
N
N
iN
11
11
)1(
67
Modelo de Cournot: Teoremas Limites
À medida que o número de firmas aumenta, o preço de equilíbrio aproxima-se do preço de equilíbrio competitivo, isto é,
CNn
pnp
)(lim
Se definirmos “Perda de Eficiência” como sendo,
))((2
1NCCN qqppPE
68
Teoremas Limites
Demonstra-se que
2
12
1
n
ca
bPE
Verificando-se que:
0lim
PEn
69
Relação entre Estrutura e Resultados
.individual firma cada de
dos ponderada média à ecorrespond e Mercado
doLerner de índice o é onde com
0 C
L
:que se-Demonstra
1
i
i
n
i
i
L
LLq
qL
C
L
70
2.3.2. Modelo de Bertrand
A variável de decisão mais usual são os preços. Por essa razão, Bertrand propôs um modelo com as mesmas hipóteses das de Cournot mas tomando o preço como variável estratégica.
q
Procura residual da firma 1
Procura a que i faz face dado um preço p2 fixado
pela firma rival
Hipótese: não existe restrição de capacidade
-Se p1> p2 a procura dirigida a 1 é nula a firma 2 satisfaz toda a procura
- Se p1= p2 a procura é dividida entre as duas firmas
- Se p1< p2 toda a procura é dirigida à empresa 1.
Cmg
p
p2
71
Modelo de Bertrand (cont.)
Suponhamos que c < p2 < pM. Neste caso, qual a resposta óptima da empresa 1 ?
)().( Se2
)()( Se
0 Se
11121
11121
121
pDcppp
pDcppp
pp
Neste último caso, e admitindo que o lucro cresça com o preço, é de esperar que a empresa 1 fixe um preço o mais elevado possível:
21 pp onde é um infinitésimo.
72
Modelo de Bertrand (cont.)
Se p2 for superior ao preço de monopólio, então a solução óptima da empresa 1 consiste em fixar o preço de monopólio, assim recebendo o lucro de monopólio. Se p2 for inferior a c, então a melhor opção para a firma 1 é fixar p1 = c, sendo o lucro igual a zero.
Daqui se conclui que a função reacção da firma 1 é dada por:
cpc
ppcp
ppp
pp M
MM
2
22
2
21
se
se
se
)(
Se a firma 2 dispuser da mesma tecnologia, a sua função reacção será simétrica da firma 1.
73
Modelo de Bertrand (cont.)
p2
p1
pM
pM
Comentário
-A solução, dada pela intersecção das funções reacção é p1=p2=c.
- Ao contrário de Cournot (em que se verificam os teoremas limites), no caso da concorrência pelos preços basta que existam duas empresas para que se atinjam os resultados da concorrência perfeita.
cp B 1
cpB 2
)( 1*2 pp
)( 2*1 pp
45º
74
O Paradoxo do Modelo de Bertrand
A ideia de que a eficiência não aumenta com o número de firmas instaladas é um dos aspectos criticados em Bertrand. Há três formas de ultrapassar este resultado:
1. Admitir a hipótese de existir diferenciação do produto.
2. Fazer uma analise dinâmica da concorrência monopolística em Bertrand.
3. Admitir a hipótese de existirem restrições de capacidade.
75
2.3.3. O Modelo de Stackelberg
As decisões relativas às quantidades são sequenciais e não simultâneas. Considera-se a versão mais simples do modelo de Stackelberg: duas empresas, procura linear e custos lineares. A Empresa 1 é líder e a Empresa 2 é seguidora.
custos. e procura funções as mente,respectiva
,2,1 , e )( Sejam 21 icqCqqbap ii
)( Max
:2 firma da Decisão
1222 qqq
76
O Modelo de Stackelberg(cont.)
)()](,[),(max
:1 firma da Decisão
111211211 qqqqqq
b
caq
b
ca
dq
dS
qq 4
2q 0 2
)(1S
1
1
12
77
Stackelberg e Cournot
3
23
2
Cournot
cap
b
caq
N
N
4
34
3
gStackelber
cap
b
caq
S
S
NSSN ppqq
78
O Modelo de Stackelberg: Representação Gráfica
Stackelberg
Cournot
Função reacção da firma 1
F. Reacção de 2
q2
q1
Cournot
Stackelberg
q2
q1
Liderança da firma 1 Liderança da firma 2
79
2.3.4. Oligopólio com Colusão
Situação em que existe maximização conjunta dos lucros. No caso de duopólio ter-se-ia:
21max
Em que mercados é menos provável a colusão:
-Procura instável;
-Produtos heterogéneos;
-Barreiras à entrada baixas;
-Assimetrias dimensionais fortes;
-Assimetrias de custos fortes;
-Vigilância de práticas anticoncorrenciais;
-Dificuldade em observar comportamentos rivais.
80
Oligopólio com Colusão (cont.)
q2
q1
A
B
Comentário
- Hipótese: Duopólio colusivo com custos nulos a repartição de quotas não depende dos custos
- O segmento de recta AB representa o lugar geométrico dos pontos de tangência entre as curvas de iso-lucro dos dois duopolistas que maximizam conjuntamente o lucro.
[ver Varian (1999, pp. 483-6)]
81
B.3. Poder de Mercado
3.1. Concentração horizontal e poder de mercado
3.2. Barreiras à entrada e poder de mercado
82
3.1. Concentração horizontal e poder de mercado
Noções preliminares
a) Concentração
b) Poder de mercado
3.1.1. Determinantes da concentração
3.1.2. Medidas de concentração
3.1.3. Medida, testes empíricos e efeitos da concentração em termos de bem-estar e dos desempenhos
83
Noções preliminares
ãoconcentraç degrau -
Lerner de índice -
0 C
L
:que se-Demonstra
C
LC
L
Interesse desta análise:
Interpretar a relação entre Concentração, Rivalidade e Eficiência
Definição: C = f(N, D) onde:
N – número de firmas
D – Dispersão das quotas de
mercado0
0N
C
:que seDemonstra
D
C
84
Estrutura de Mercado- Grau de Concentração
- Barreiras à Entrada
- Grau de Diferenciação do Produto
Grau de Integração
Internacional
-Penetração das Importações
-Intensidade Exportadora
-Penetração do IDE
Determinantes do Poder de Mercado
85
3.1.1. Determinantes da concentração
C = C (EE, BE, OF)
EE – Economias de escala
BE – Barreiras à Entrada
OF – Outros factores (por exemplo, grau de integração internacional)
86
Economias de escala e Concentração
Situação 1 – Curvas de Custo Médio (de longo prazo) em U
p1
p2
DME1 DME2 q1 q2
Admitindo mercado equidimensional, tem-se:
N1= q1 / DME1
N2 = q2 / DME2
Tecnologia Custos DME Concentração
$
D
87
Situação 2 – Tecnologia com rendimentos constantes à escala
p CMLP
qDME
D
-Diferentes dimensões eficientes Estrutura de mercado indeterminada
-Se as empresas adoptarem a dimensão mínima eficiente muitas PME
88
Situação 3 – Tecnologia exibindo sempre rendimentos crescentes à escala
p
q
D
CMLP
Só existe lugar para uma empresa eficiente. O monopólio natural.
89
Situação 4 – Tecnologia exibindo rendimentos decrescentes à escala
D
CMLP
A pequena dimensão é sempre mais eficiente. No limite, os consumidores têm incentivos em produzir para auto-consumo.
90
3.1.2. Medidas da concentração
a) Problemas práticos da medida
Qual o objecto de estudo ?
- Indústria Transformadora ? Outros Sectores ?
- Nível de desagregação da CAE
- Geografia
Qual a fronteira da indústria / Mercado ?
Volatilidade das quotas de mercado
Controlo accionista
Grau de diversificação
91
a) Problemas práticos da medida (cont.)
Variável dimensional a eleger
- Volume de Vendas
- Emprego
- Activos
- Output
Informação sobre a totalidade das firmas ou apenas sobre algumas ?
Que tipos de indicadores de concentração ?
- Absolutos (médias)
- Relativos
- Estocásticos
92
b) Índices de Concentração
-Índice discreto de concentração
-Índice de Hirschman-Herfindahl
-Índice de Entropia
-Índice de Hannah e Kay
-Índice de Rosenbluth, Hall-Tideman
-Coeficiente de Variação
-Variância do logaritmo da dimensão
93
Índice discreto de concentração
r
ii
r
i
ir s
x
xC
11
onde, xi é o output da firma i; x é o output total; r é o número de firmas.
Na situação de equidimensionalidade tem-se Cr = r/n.
Vantagens: exige pouca informação, cálculo fácil.
Problema: que valor fixar para r ?
94
Índice H de Herfindahl
n
ii
n
i
i sx
xH
1
2
1
2
Teoricamente: informação sobre todas as firmas.
Na prática: podem-se excluir as mais pequenas.
Ao contrário do índice anterior que atribui a mesma ponderação a todas as firmas, este pondera as firmas pela sua quota de mercado atribui maior ponderação às firmas de maior dimensão.
95
Índice H de Herfindahl (cont.)
n
CvH
21 :que seProva
onde, Cv é o coeficiente de variação .
Interpretação:
-Equidimensionalidade: Cv = 0 H = 1/n
-Uma só empresa: Cv = 0 e n = 1 H = 1
- 11
Hn
Cv
96
Índice de Entropia
n
iii ssE
1
)/1log(
Interpretação:
-Exige informação sobre todas as empresas;
-Ao ponderar cada empresa por log (1/si), atribui menor importância às mais pequenas (dá mais peso às maiores);
-Equidimensionalidade: E = log n
-Uma só empresa: log 1 = 0 E = 0
-E é uma medida inversa de concentração: nE log0
97
Índice de Hannah e Kay
0 ,1
n
iisR
Trata-se de uma generalização de H. Se = 2 vem R = H.
De acordo com o peso que se queira dar às maiores empresas, utilizam-se diferentes valores para .
98
Índice de Rosenbluth, Hall-Tideman
n
iisi
TRH
1
1) (2
1&
1&/1 TRHn
Equidimensinalidade: RH&T = 1/n
Uma só empresa: RH&T = 1
99
Índice Discreto de Concentração em Economia Aberta
Cr ajustado = (Qr – Expr) / [Q – (Exp – Imp)]
Qr e Expr são, respectivamente, a produção e as exportações das r maiores firmas. Q, Exp e Imp são, respectivamente, a produção, as exportações e as importações totais da indústria.
Pressupõe-se que:
- As r maiores firmas exportam proporcionalmente ao seu peso na indústria;
- Os importadores não são os maiores produtores;
- As importações são competitivas.
100
Coeficiente de Variação
XCv
Trata-se de uma medida de dispersão. Quanto maior for Cv, tanto menor, ceteris paribus, será a concentração.
101
Síntese
Foi apenas apresentado um subconjunto dos índices existentes.
Qual o mais apropriado ?
-Divergências Marginais
-Possível demonstrar elevadas correlações
No entanto, a escolha deverá respeitar:
-Utilização do índice;
-Disponibilidade de informação.
Na prática são mais usados os índices H e Cr:
-O primeiro nos estudos teóricos;
-Ambos nos estudos empíricos.
102
3.1.3. Medida, testes empíricos e efeitos da concentração em termos de bem estar e nos desempenhos
a) Medida
Portugal: Empresas não Financeiras
1992 1997
C1000 VAB 0,1363 0,2130
C1000 Emprego 0,1004 0,1066
103
a) Medida (Cont.)
Indústria Transformadora – VAB – C4
CAE (rev. 1) 1992 1997
31 0,095 0,108
32 0,045 0,044
33 0,042 0,124
34 0,273 0,238
35 n.d. 0,201
36 0,157 0,202
37+38 0,071 0,096
104
b) Testes empíricos
b.1) Determinantes da Concentração
Economias de escala (+)
Barreiras à entrada (+)
Diferenciação do produto (+)
Quota de mercado das importações
(-)
Peso relativo das exportações
(-)
Fonte: Santos (1989)
105
Comentários:
-As economias de escala, as barreiras à entrada e a diferenciação do produto (que também pode ser uma barreira à entrada) têm o efeito esperado no grau de concentração;
-A pressão competitiva das importações exerce efeitos negativos sobre a concentração porque reduz o grau de colusão ou uniformiza os processos produtivos utilizados ( reduz a variância das quotas de mercado);
-O aumento do peso relativo da exportações afecta negativamente a concentração, por duas razões: Portugal especializou-se nos bens tradicionais em que não existem economias de escala; o sector exportador teve um crescimento acentuado.
106
b.2.) Impactos da concentração no bem estar
Um estudo de 1954 de Arnold C. Harberger permitiu concluir que o valor da perda de bem estar devido a práticas monopolistas correspondia a pouco menos de 0,1 % do PNB dos EUA.
Robert E. Hall (1988) concluíu que os preços estariam, nos sectores mais concentrados, entre 50% e 300% acima do custo marginal.
Recentemente, alguns autores têm chamado a atenção para a necessidade de considerar o trade-off entre eficiência estática e eficiência dinâmica.
107
3.2. Barreiras à entrada e poder de mercado
3.2.1. Conceitos relevantes na análise de barreiras à entrada
3.2.2. Fontes e tipos de barreiras à entrada
3.2.3. Estratégias de preço-limite
3.2.4. Comportamentos estratégicos no estabelecimento de barreiras à entrada
3.2.5. Indicadores de barreiras à entrada
108
Com a excepção do modelo competitivo e da concorrência monopolística, as estruturas de mercado estudadas até ao momento são exógenas (modelos fechados), isto é, os decisores apenas se preocupam com a sua interdependência com os concorrentes efectivos, negligenciando, deste modo, a concorrência potencial das novas firmas que possam entrar no mercado (firmas entrantes).
A ameaça da entrada de novas empresas, como determinante dos preços em oligopólio, foi invocada ao longo do tempo por diferentes autores; no entanto, os primeiros estudos sistemáticos devem-se a Bain (1949, 1956), Sylos-Labini (1957) e Modigliani (1958).
109
3.2.1. Conceito de barreiras à entrada
Questões relevantes no estudo das barreiras à entrada:
-Quais as causas dos desvios de longo prazo entre o preço de mercado e o preço competitivo ? Qual o papel das Barreiras à Entrada (BE) ?
-Quais as BE empiricamente mais relevantes ?
-Quais as relações entre BE, eficiência e bem-estar ?
-Sob que condições a rivalidade numa indústria (efectiva e potencial) pode levar a que a mesma actue de forma competitiva ?
-Rivalidade numa indústria ? Duas vertentes:
Efectiva (“locatários”)
Potencial (potenciais entrantes)
110
Que se entende por “Entrada de um novo concorrente” ?
(1) Criação de nova entidade jurídica
+
(2) Capacidade adicional
Exclui-se:
(1) Aquisições de capacidades pré-existentes por firma: criada para o efeito; estabelecida na indústria (crescimento horizontal); estabelecida noutra indústria (crescimento vertical ou diversificação)
(2) Criação/aumento de capacidade por firma: estabelecida na indústria; estabelecida noutra indústria.
111
Condição de Entrada e Preço Limite
De acordo com Bain, condições de entrada podem ser definidas de acordo com :
E = (PL-Pc)/Pc PL = Pc (1+E)
PL = Preço Limite; Pc = Preço Competitivo; E = Condições de Entrada ou Margem máxima (“prémio”) que firmas estabelecidas podem fixar acima de Pc sem atrair novos entrantes no Longo Prazo.
O preço limite é fixado de forma colusiva pelas firmas estabelecidas de forma a excluir eventuais entradas no longo prazo.
E pode ser visto como a “altura” das BE.
112
Barreiras: uma tipologia
Para além das barreiras à entrada, existem outros dois conceitos relevantes: barreiras à saída e barreiras à mobilidade.
Diz-se que se verificam barreiras à saída quando uma empresa instalada tem de incorrer, directa ou indirectamente, num custo para saír do mercado. Exemplos: a cessação de uma exploração mineira envolve custos com o fecho.
A entrada num determinado mercado dá-se não somente por empresas completamente novas mas também por empresas já instaladas noutros segmentos. Segundo Caves e Porter, o que impede as empresas de livremente escolherem um segmento ou outro é o facto de possuírem activos cuja utilidade é específica do segmento em que se encontram. É justamente a existência destes activos específicos que constitui as chamadas barreiras à mobilidade.
113
Barreiras à Entrada: uma breve incursão ao caso Português
Até bem recentemente (adesão à CEE em 1986), foi possível observar a seguinte filosofia de actuação: o Estado controlava a configuração da estrutura de mercado de modo a assegurar às firmas domésticas um nível de rendibilidade mínimo que lhes permitisse salvaguardar a sua manutenção no mercado.
Que instrumentos foram utilizados para prosseguir esta estratégia ?
i) A economia portuguesa estava parcialmente protegida da concorrência internacional: protecção comercial; desvalorização competitiva.
ii) Até ao princípio dos anos 1960, a configuração da estrutura de mercado era determinada exogenamente pelo Estado que fixava barreiras legais à entrada consagradas pela Lei do Condicionamento Industrial.
114
Barreiras à Entrada: uma breve incursão ao caso Português (cont.)
iii) Durante a segunda metade dos anos 1970, os instrumentos centrais da política industrial alteraram-se, mantendo o Estado um papel central na determinação das estruturas de mercado: as empresas públicas e o enquadramento legal que lhes está associado (nomeadamente, a Lei de Delimitação dos Sectores e a Lei de Bases das Empresas Públicas) constituíram, a partir daí, um dos instrumentos centrais na gestão do sistema industrial.
iv) Nos sectores dominados por empresas privadas, a eficácia das barreiras à entrada era assegurada pela relevância dos custos não recuperáveis que geravam assimetrias entre as firmas entrantes e as já instaladas. Principais factores: legislação laboral, distorções nos mercados de capitais e as condições de acesso ao crédito, etc. Para além disso, a política da concorrência não era eficaz.
v) A internacionalização progressiva da Economia Portuguesa e o processo da construção europeia têm vindo a alterar progressivamente este quadro.
115
Definições de Barreiras à Entrada
Definição 1 (Demsetz)
Na ausência de restrições públicas, os mecanismos competitivos eliminam os lucros de monopólio no longo prazo. Assim, no longo prazo, a inexistência de concorrência apenas pode ser devida à intervenção do Estado.
Portanto, BE é toda e qualquer restrição governamental que aumente custos de produção ou bloqueie a entrada.
Definição 2 (Stigler)
O fundamento das BE é a assimetria entre firmas estabelecidas e potenciais entrantes quanto a condições de custos e/ou procura.
Portanto, BE é o custo de produção para dados níveis de output que um potencial entrante tem que suportar, mas que não existe para firma estabelecida.
116
Definições de Barreiras à Entrada (cont.)
Definição 3 (Bain)
As Barreiras à Entrada reflectem a forma como as firmas estabelecidas podem no longo prazo elevar o preço acima dos seus custos mínimos de produção e distribuição sem atrair potenciais entrantes.
A polémica em torno dos mercados contestáveis
Se é verdade que a entrada de novas firmas gera efeitos competitivos que conduzem à redução dos preços, também pode acontecer que a redução da dimensão média das firmas conduza ao aumento dos custos médios A redução no excedente do produtor pode mais do que compensar o aumento do excedente do consumidor (“trade-off” de Williamson).
Os teóricos da teoria dos mercados contestáveis (Baumol e outros), propõem uma estratégia que visa eliminar este “trade-off”.
117
A polémica em torno dos mercados contestáveis (cont.)
Estes autores propõem-se criar um quadro competitivo que evite a excessiva proliferação de firmas de forma a garantir que a produção se processa à DME e que, simultaneamente, as firmas sejam impedidas de usufruir de poder de monopólio.
Medidas propostas: retirar eficácia às barreiras à entrada, redução dos custos não recuperáveis (ou custos afundados, traduzindo literalmente do inglês - “Sunk costs”) e abolição das barreiras legais.
Os custos não recuperáveis estão relacionados com o facto de haver componentes nos custos que têm uma característica muito específica e, por isso mesmo, não são recuperáveis. Um exemplo clássico são os carris ferroviários: depois de colocados no chão, o custo da extracção é superior ao valor da sucata têm um valor nulo para qualquer outra utilização.
118
3.2.2. Fontes de barreiras à entrada
Principais fontes de Barreiras à Entrada
De acordo com Bain:
•Economias de Escala;
•Diferenciação do produto;
•Vantagens absolutas de custos;
•Exigências de capital;
•Barreiras legais.
Actualmente, existem outros factores: I&D, liderança tecnológica, propriedade intelectual, definição de standards, etc.
119
3.2.3. Estratégia do preço-limite
Até agora apenas considerámos modelos de oligopólio simétricos, isto é, situações em que as empresas decidem simultaneamente a entrada no mercado. No entanto, são mais comuns as situações em que há empresas que já se encontram instaladas, enquanto outras contemplam a possibilidade de entrar. Esta assimetria, nos casos em que o número de intervenientes é pequeno, permite ilustrar o comportamento estratégico como barreira à entrada.
Assumamos que existe uma empresa instalada (empresa 1) que escolhe a capacidade de produção. Esta empresa, inicialmente um monopolista, toma a decisão de capacidade tendo em vista a possibilidade da entrada de uma segunda empresa (empresa 2).
Nesta análise, assume-se o Postulado de Sylos-Labini: qualquer que seja a capacidade fixada pela empresa instalada, a empresa entrante tem como expectativa que, verificando-se a entrada, a empresa utilizará toda a sua capacidade.
120
Caso 1: Modelo de Stackelberg de capacidades com custos de entrada nulos
q2(q1)
q2
q1
Sq1
*1 **
1
Se os custos de entrada forem nulos, a decisão de quantidades conduz a um equilíbrio de Stackelberg típico.
Tenha-se presente que **
1*1
121
Caso 2: Modelo de Stackelberg de capacidades com custos de entrada positivos (cont.)
A curva de isolucro da empresa instalada que intersecta a função de reacção da empresa entrante (empresa 2) mais a Sul é agora Tal significa que se a empresa instalada (empresa 1) decidir por uma capacidade , a estratégia óptima da empresa 2 é não entrar. Estamos, portanto, numa situação em que a entrada é bloqueada.
**1
q2(q1)
Bq1
q2(q1)
*1
Bq1
Bq1
**1
122
Caso 2: Modelo de Stackelberg de capacidades com custos de entrada positivos (cont.)
Esta estratégia é designada por estratégia do preço limite. Tal significa que a empresa instalada fixa, ou ameaça fixar, um preço tão baixo que a segunda empresa não consegue cobrir os custos de entrada.
p
qBq1
2C
)( 12Bqd
Partindo da curva da procura e conhecendo a capacidade fixada pela empresa instalada, obtém-se a procura residual da empresa entrante, d2(q1). A empresa 1 escolhe a capacidade produtiva de tal forma que a curva de procura residual seja tangente à curva de custo médio da empresa entrante, .O valor do preço resultante desta estratégia é designado por preço limite.
Bq1
2C
123
3.2.4. Comportamentos estratégicos no estabelecimento de barreiras à entrada
a) Diferenciação do produto
Propicia situações de monopólio “local”. Clientes “fidelizados” por:
- Produtos exclusivos
- Produtos protegidos por patentes
- Efeitos cumulativos da publicidade
Nesta situação, um eventual entrante tem que fixar, temporariamente, um preço abaixo da empresa diferenciadora e/ou investir em publicidade e promoção com mais intensidade que a firma estabelecida.
A consequência poderá ser uma desvantagem absoluta de custos para qualquer nível de output, implicando perdas irreparáveis.
124
b) Vantagens absolutas de custos
Trata-se de fazer investimentos em “activos específicos” obtendo condições de acesso preferenciais. Exemplos:
-Aptidões de gestão: entrantes procuram atrair gestores e técnicos residentes, pagando-lhes salários mais elevados;
-Patentes e domínio de processos: firma instalada pode ter desenvolvido tecnologia mais eficiente; o entrante, para atingir um nível de eficiência idêntico, vai investir em I&D ou paga royalties por licenciamento da tecnologia;
-Acesso a matérias-primas - se a firma instalada controla matérias-primas chave, entrante poderá defrontar-se com: recusa de venda; pagamento a preço superior aos custos; tem de recorrer a substitutos inferiores;
125
-Fornecedores privilegiam firmas instaladas: existência de acordos de longo prazo garantindo exclusividade; existência de descontos por quantidade;
-Custos de capital: maior capacidade de auto-financiamento de firmas estabelecidas; tratamento privilegiado pela banca (credibilidade); exigência de “prémio de risco” aos entrantes (reputação).
c) Outros comportamentos estratégicos relevantes
-Criação de excesso de capacidade (Bhagwati)
-Proliferação de produtos ou marcas
-Uso da publicidade
-Prática de preços predatórios
b) Vantagens absolutas de custos (cont.)
126
Literatura recente
Vantagem do “first-mover”: estratégia de ocupação do terreno, reconhecimento por fornecedores e clientes (qualidade, patentes, marcas), localização nos melhores pontos de distribuição.
“Commitment”: firmas pré-estabelecidas podem adoptar políticas que obriguem entantes a aceitar certo tipo de regras.
“Sunk-cost” (custos não recuperáveis): uma estratégia credível poderá ser a necessidade de realizar investimentos não recuperáveis.
127
3.2.5. Indicadores de Barreiras à Entrada
Bain (1956) foi o primeiro a enumerar os principais factores que constituem barreiras à entrada: economias de escala, desvantagens relativas de custos, exigências iniciais de capital e diferenciação do produto.
Mas, enquanto Bain propôs uma avaliação qualitativa da intensidade das barreiras, Comanor e Wilson (1967) foram os primeiros a propor e a fundamentar os primeiros indicadores quantitativos das barreiras à entrada. Apresentam-se alguns exemplos seguidamente.
-Dimensão do mercado – DM = VBP – Exp + Imp
-Dimensão Mínima Eficiente (DME) – indicador aproximado pela produção média das firmas de maior dimensão que produzem 50% do output total.
128
Desvantagem Relativa dos Custos – obtém-se a partir do rácio entre os VABs por trabalhador dos subconjuntos das firmas de menor e maior dimensão. Interpretação: o incentivo para uma firma se instalar com uma tecnologia de pequena dimensão (isto é, abaixo da dimensão mínima eficiente) é tanto menor, quanto mais inclinada for a curva de custo médio à esquerda da DME. Quanto maior for a inclinação da função de custo médio, tanto menor será a proliferação de pequenas firmas nesse mercado.
Indicadores de Diferenciação do Produto: proporção das despesas de publicidade nas vendas, número de marcas registadas a dividir pelo stock de capital, peso relativo dos bens de consumo no output de cada ramo (por ser neste tipo de bens que existe maior diferenciação).
Bain introduziu indicadores qualitativos: qualificar a tipologia de BE (baixas, médias, elevadas) em função das características de cada indústria.
3.2.5. Indicadores de Barreiras à Entrada (cont.)