Upload
phamkhue
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA CELULAR E
MOLECULAR
Avaliação da Ação Antiinflamatória e Antidislipidêmica de Capsicum
baccatum var. pendulum L. (Solanaceae) – pimenta dedo-de-moça
Márcia Keller Alves
Professor orientador
Dr. Jarbas Rodrigues de Oliveira
Dissertação de Mestrado
Porto Alegre – RS – Brasil
2006
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
DEDICATÓRIA
Dedico com carinho àqueles que
me ensinaram os valores da vida:
meus pais, Antônio e Izaura,
exemplos de superação
e fonte inesgotável
de inspiração e amor.
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Antônio Heliton Alves e Izaura Keller Alves, minhas irmãs
Sandra, Raquel e Flávia pelo apoio, incentivo, suportes financeiro e emocional e por
estarem sempre presentes. Amo vocês.
A Luciano Tedesco Matozo por seu companheirismo. Aos seus pais, avós e
demais familiares pelo carinho.
Ao meu orientador Dr. Jarbas Rodrigues de Oliveira pelo exemplo de vida,
pesquisa e orientação e pela confiança em mim depositada.
Aos colegas e amigos do Laboratório de Biofísica Celular e Inflamação, com
quem compartilhei estes dois anos de estudo e trabalho.
Às pesquisadoras Luciana Mello de Oliveira e Carolina Maria Alves Bastos pelo
auxílio recebido e pela amizade. Conhecê-las foi uma entre tantas coisas boas que
aconteceram neste mestrado.
Ao auxiliar de laboratório Eduardo Caberlon pelo excelente suporte técnico.
Ao colega e pesquisador Adroaldo Lunardelli e aos estagiários Vasyl Custódio
Saciura e Carlos Eduardo Leite pela dedicação e empenho que tiveram neste
trabalho desde seu início. Também a Henrique Bregolin Dias, Gabriela Baisch
Peres, Alessandra Bileski Magrisso, Robson Henrich Amaral e Guilherme Cardenaz
de Souza que se tornaram membros desta equipe maravilhosa de trabalho.
Aos professores e colegas Melissa Guerra Simões Pires, Denisar Melo e
Márcio Vinícius Fagundes Donadio pela ajuda nas análises estatísticas, pela
consideração e pela amizade.
Ao pesquisador e amigo Alexandre Pimenta Charcansky pelas noites e finais de
semana trabalhados na condução dos experimentos.
4
Aos pesquisadores da Universidade de São Paulo Sandra Fukada, Fernando
Spiller e Fernando de Queiroz Cunha pela orientação e suporte recebidos.
Aos bioteristas da Universidade Regional de Blumenau – em especial Leandro
Junkes – pela doação de animais de laboratório, sem os quais seria impossível a
realização deste trabalho.
A todos os técnicos e responsáveis que colocaram seus laboratórios a
disposição para execução deste trabalho: Maria Antonieta Lopes de Souza e Raquel
Mattos de Oliveira (Laboratório de Biologia Celular e Tecidual da PUCRS); Maria
Anadir Martins Rodrigues (Laboratório de Bioquímica do Hospital São Lucas da
PUCRS); Carlos Alexandre Sanches Ferreira e Ricardo Flores Cazanova
(Laboratório de Pesquisa em Microbiologia e Imunologia da PUCRS).
Aos demais colegas e aos professores do curso pelo companheirismo e apoio
recebidos.
A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão
desta dissertação.
INDICE
LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................................6
RESUMO.....................................................................................................................8
REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................9
1. Introdução ...............................................................................................................9
1.1.Importância Nutricional e Ações Fisiológicas ..................................................10
2. Inflamação.............................................................................................................11
2.1. Inflamação Aguda ..........................................................................................11
2.1.1. Modelos Experimentais de Inflamação Aguda ............................................12
2.2. Inflamação na Sepse .....................................................................................12
2.3. Inflamação e as Doenças Cardiovasculares ..................................................14
3. Estresse Oxidativo ................................................................................................14
3.1. Radicais Livres e Inflamação .........................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................16
OBJETIVOS ..............................................................................................................22
Objetivo Geral .......................................................................................................22
Objetivos Específicos............................................................................................22
ORIGINAL ARTICLE I (11-2006): Anti-inflammatory effects of red pepper Capsicum
baccatum on carrageenan-induced inflammation.........Erro! Indicador não definido.
ORIGINAL ARTICLE II (11-2006): Protective effects of Capsicum baccatum extract
on experimental sepsis in rat........................................Erro! Indicador não definido.
ORIGINAL ARTICLE III (11-2006): Capsicum baccatum var. pendulum modifies total
cholesterol, tc/hdl-c ratio and lipid peroxidation but not the vascular inflammation in
collared rats..................................................................Erro! Indicador não definido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................23
APÊNDICE I: Identificação da planta ........................................................................24
APÊNDICE II: Análise bromatológica de Capsicum baccatum var. pendulum ..........26
APÊNDICE III: Análise do pH do extrato de Capsicum baccatum var. pendulum .....29
ANEXO I: Comprovantes de submissão dos artigos .................................................30
6
LISTA DE ABREVIATURAS
ADP - adenosine diphosphate
AINEs – antiinflamatórios não esteróides
CETP – cholesteryl ester transfer protein
CIVD – coagulação intravascular disseminada
CLP – cecal ligation and puncture
Co – cobalt
CO2 – carbon dioxide
COX – cyclooxygenase
COX-2 – cyclooxygenase-2
DMO – disfunção múltipla de órgãos
DTT – dithiothreitol
EDTA – ethylenediaminetetraacetic acid
HDL-c – HDL-cholesterol
H.E – hematoxylin and eosin staining
IgE – imunoglobulin E
IMA – ischemic-modified albumin
iNOS – inducible nitric oxide synthase
i.p. – intraperitoneal
i.pl. – intrapleural
i.v. – intravenous (a)
LDH – lactate dehydrogenase
LDL – low-density lipoprotein
LPS – lipopolysaccharide
LTs – leukotriens
MCHC – mean corpuscular hemoglobin concentration
MDA – malondialdehyde
mRNA - messenger ribonucleic acid
NaCl – sodium chloride
NF-kappaB – nuclear transcription factor kappa B
NO – nitric oxide
NSAIDs – non-steroidal anti-inflammatory drugs
OFRs – oxygen-derived free radicals
7
Ox-LDL – oxidized low-density lipoprotein
PAF – platelet activating factor
PBS – phosphate buffer saline
PEP – platelet-equalized plasma
PGE2 – prostaglandins E2
PGs – prostaglandins
PMN – polymorphonuclear
PPARγ – peroxisome proliferator-activated receptor gamma
PPP – platelet-poor plasma
PRP – platelet-rich plasma
ROS – reactive oxygen species
s.c. – subcutaneous
SRIS – systemic inflammatory response syndrome
TBARS – thiobarbituric acid reactive substances
TC – total cholesterol
TNF-α – tumor necrosis factor α
VRs - vanilloid receptors
8
RESUMO
A pimenta Capsicum baccatum var. pendulum, conhecida popularmente como
pimenta dedo-de-moça, é bastante utilizada na gastronomia brasileira, desde a
época do Descobrimento. As pimentas têm grande importância na economia do país,
estando o Estado do Rio Grande do Sul entre os cinco maiores produtores. Estudos
mostram que as pimentas do gênero Capsicum apresentam uma série de efeitos
fisiológicos benéficos, mostrando-se excelente alimento nutracêutico. Assim, o
presente trabalho objetiva avaliar o potencial antiinflamatório da espécie C.
baccatum var. pendulum, através de diferentes modelos experimentais de
inflamação (pleurisia, peritonite, sepse e lesão vascular por posicionamento de
colar), além de avaliar a sua ação antidislipidêmica e antioxidante em animais. Os
resultados mostram que a pimenta apresenta intensa ação hipocolesterolêmica,
antiinflamatória e antioxidante, e que estes efeitos parecem estar relacionados com
a presença de capsaicinóides, vitaminas e polifenóis,
Palavras-chave: inflamação, Capsicum baccatum, colesterol, antioxidante.
9
REVISÃO DA LITERATURA
1. Introdução
Ao longo da história das civilizações, muitos alimentos foram incorporados ou
eliminados da dieta, com variação no cardápio de acordo com o ambiente e hábitos
da sociedade. Há muitos dados históricos referentes à descoberta das pimentas,
alguns datam do século XV, época das grandes navegações, que permitiram o
comércio das pimentas das Américas para o mundo [1].
Segundo relatos históricos os escravos trouxeram pimentas da África para
Brasil, porém, os nativos já as utilizavam como moedas, na troca por ferramentas.
Desse modo, sabe-se que já se fazia uso das pimentas antes mesmo da chegada
dos colonizadores [2]. As pimentas conquistaram o mundo e o comércio das
especiarias com o seu colorido, ardor e beleza. As variedades do gênero Capsicum
são presença obrigatória na culinária de quase todos os povos [1].
No Brasil, são produzidas algumas dezenas de variedades dessas pimentas.
Apesar do cultivo ainda ser feito de maneira rústica, é um mercado que movimenta
em torno de 80 milhões de reais por ano, incluindo o consumo interno e as
exportações. Apenas a comercialização de sementes é responsável por um mercado
de mais de 3 milhões de reais. As pimentas vermelhas respondem pelo terceiro lugar
em produção e consumo de hortaliças para tempero no Brasil, ficando atrás apenas
do alho e da cebola [2].
O cultivo da pimenta no Brasil é praticado por agricultores de base familiar, que
exploram pequenas áreas, até 2 hectares, com o uso intensivo de mão-de-obra. Este
sistema tem alcançado até 30 toneladas por hectare, com aceitável retorno
econômico. Estima-se que a produção mundial de pimenta Capsicum ultrapasse os
2 milhões de hectares no mundo [3].
O Rio Grande do Sul é um dos cinco Estados de maior produção, atrás de
Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Ceará. É no Rio Grande do Sul que se encontra a
Capital Nacional da Pimenta: o município de Turuçu. Nos últimos 10 anos, a oferta
da pimenta Capsicum baccatum var. pendulum produzida no município chegou a
atingir em torno de mil toneladas na forma in natura, advinda de 150 famílias que
tinham na pimenta a principal fonte de renda. Atualmente são apenas 50 produtores
10
e a oferta está ao redor de 500 mil quilos, direcionadas, principalmente para o
mercado fora do Estado [3].
1.1. Importância Nutricional e Ações Fisiológicas
Alguns temperos possuem efeitos fisiológicos benéficos, tais como estimular a
digestão, diminuir o colesterol, ser antidiabético, antilitogênico, antioxidante,
antiinflamatório e antimutagênico ou anticancerígeno, mostrando-se excelentes
nutracêuticos [4].
A pimenta está descrita como um alimento funcional [5,6] devido às
propriedades antioxidante, antiinflamatória, antimutagênica e quimiopreventivo do
vanilóide pungente (capsaicina) presente nas pimentas vermelhas [7]. Esta
substância mostrou ser potente como inibidora da peroxidação lipídica por radicais
livres [4,8,9]. Alimentos funcionais são definidos como qualquer substância ou
componente de um alimento que proporciona benefícios para a saúde, inclusive a
prevenção e o tratamento de doenças [6].
Sabe-se que as pimentas, juntamente com os pimentões, têm altos valores
vitamínicos [1]. São fontes de antioxidantes naturais: a vitamina C, os carotenóides
(que têm atividade pró-vitamina A), a vitamina E e as vitaminas do complexo B, bem
como os compostos fenólicos [2,10].
Alguns benefícios associados ao uso continuado de pimentas picantes foram
verificados em grupos étnicos, tais como tailandeses e africanos, que apresentam
menor nível de fibrina no sangue (componente que participa da formação do trombo)
e baixa incidência de tromboembolismo [2].
A ação digestiva dá-se através da capsaicina, que estimula as enzimas
responsáveis pela digestão ou de secreção de bile. Deste modo, a ingestão de
capsaicina diminui significativamente o tempo de trânsito gastrintestinal dos
alimentos [11,12]. Estudos apontam que essa exibe propriedade antiinflamatória e
pode ser útil na melhora de doenças inflamatórias e como agente preventivo [13].
Ensaios com ratos alimentados com dieta hiperlipídica e, posteriormente,
adicionadas pequenas quantidades de pimenta Capsicum annuum ou capsaicina,
mostraram efeito hipocolesterolêmico e hipotrigliceridêmico [4]. Outros estudos
demonstram não causar alterações de peso total ou peso de órgãos isolados,
alterações histológicas ou efeitos tóxicos específicos [14-16].
11
A pimenta Capsicum annuum sp. é largamente usada como um tempero e
exibe uma extensa gama de propriedades fisiológicas e farmacológicas. Em coelhos,
mostrou atenuar a atividade da CETP (cholesteryl ester transfer protein), modificar o
perfil de lipídios no plasma, diminuir o índice de aterosclerose e ainda aumentar a
excreção fecal de triglicerídios [14].
2. Inflamação
Inflamação é uma reposta localizada e protetora à invasão do organismo por
material estranho, particularmente microbial, a fim de destruir ou eliminar o agente
agressor, e recuperar o tecido lesado. Resposta a trauma mecânico, toxinas e
neoplasia também pode causar reações inflamatórias. O acúmulo e subseqüente
ativação de leucócitos são eventos centrais na patogênese de muitas formas de
inflamação [17].
O aumento do ácido araquidônico geralmente acompanha a inflamação e o
dano tecidual, e é convertido a prostaglandinas pela enzima ciclooxigenase (COX)
[18]. As drogas utilizadas como fármacos antiinflamatórios são os glicocorticóides e
os antiinflamatórios não esteróides (AINEs). Os glicocorticóides agem sobre os
vasos sanguíneos, as células inflamatórias e mediadores inflamatórios [19],
enquanto os AINEs possuem a capacidade de diminuir a formação de
prostaglandinas pela inibição das enzimas COX-1 e COX-2 [20].
A histamina é liberada em praticamente todos os tecidos do corpo quando eles
são lesados ou sofrem inflamação, sendo o aumento da permeabilidade vascular um
dos efeitos clássicos da histamina nos vasos de menor calibre e resulta na
passagem de líquido e proteínas do plasma para o espaço extracelular e
conseqüente formação de edema [21,22].
2.1. Inflamação Aguda
A inflamação é caracterizada numa forma aguda por um clássico sinal de dor,
calor, rubor, inchaço e perda de função, envolvendo uma série de eventos incluindo
vasodilatação, alterações no fluxo sanguíneo e permeabilidade vascular, exsudação
de fluídos e migração de leucócitos para o foco inflamatório. Uma série de
12
mediadores está envolvida no acúmulo de fluído e células na cavidade pleural em
várias doenças pulmonares inflamatórias, como citocinas e prostaglandinas [23,24].
2.1.1. Modelos Experimentais de Inflamação Aguda
Os modelos de inflamação aguda induzida por carragenina têm mostrado que
ocorre uma reação inflamatória aguda, caracterizada por acúmulo de exsudato
pleural, exsudação plasmática medida pela concentração de proteína e pela intensa
migração de leucócitos polimorfonucleares (PMN) para a cavidade pleural [25]. Estes
modelos permitem avaliar qualitativa e quantitativamente a migração celular e
exsudação [24], permitindo assim testar, explorar e validar propriedades
antiinflamatórias de plantas e extratos, que podem levar ao desenvolvimento de
novas drogas e terapias.
2.2. Inflamação na Sepse
A sepse é definida como uma resposta sistêmica à inflamação, uma vez que a
inflamação é a resposta orgânica normal a uma infecção. Na reunião de Consenso
Sobre Sepse realizada pelo American College of Chest Physicians/Society of Crtical
Care Medicine (ACCP/SCCM) em 1991, foram definidos os seguintes termos [26]:
Infecção: fenômeno caracterizado por uma resposta inflamatória reacional à
presença de microorganismos ou à invasão de tecidos normalmente estéreis
àqueles organismos;
Bacteremia: presença de bactérias viáveis no sangue, evidenciada por
hemoculturas positivas;
Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) (do inglês “systemic
inflammatory response syndrome”) – Resposta do organismo a um insulto variado
(trauma, pancreatite, grande queimado, infecção sistêmica), com a presença de pelo
menos duas das seguintes condições: temperatura corporal maior que 38ºC ou
menor que 36ºC; freqüência cardíaca superior a 90 batimentos/min; freqüência
respiratória superior a 20movimentos/min ou PaCO2 inferior a 32 mmHg; leucocitose
(número de leucócitos superior a 12000 cels/mm3) ou leucopenia (inferior a 4000
cels/mm3);
Sepse – Quando a SIRS é decorrente de um processo infeccioso;
13
Sepse grave – Quando a sepse está associada a manifestações de
hipoperfusão tecidual e disfunção orgânica, caracterizada por acidose lática, oligúria
ou alteração do nível de consciência, ou hipotensão arterial com pressão sistólica
menor do que 90 mmHg. Porém, sem a necessidade de agentes vasopressores
Choque séptico – Quando a hipotensão ou hipoperfusão tecidual induzida pela
sepse é refratária à ressuscitação volêmica adequada, e com subseqüente
necessidade de administração de agentes vasopressores.
DMO – Alteração na função orgânica de forma que a homeostasia não possa
ser mantida sem intervenção terapêutica; é um processo continuo e dinâmico que
pode variar desde disfunção leve até falência total do órgão.
A resposta inicial é a liberação de mediadores pró-inflamatórios como o Fator
de Necrose Tumoral-alfa (TNF-α), as Interleucinas 1 e 6 (IL-1, IL-6) e o Fator
Ativador Plaquetário (PAF). Esses mediadores apresentam múltiplos efeitos a fim de
reparar danos existentes e prevenir novas lesões teciduais. Para assegurar que os
efeitos dos mediadores pró-inflamatórios não se tornem destrutivos, o organismo
libera mediadores antiinflamatórios, como as Interleucinas 4 e 10 (IL-4, IL-10), que
normalmente promovem um processo de “downregulation” sobre a resposta pró-
inflamatória inicial. Na sepse, esse controle da resposta inicial à infecção é perdido,
ocorrendo então uma reação sistêmica exacerbada e extremamente danosa. O
excesso dos mediadores inflamatórios, TNF-α e IL-1, provoca uma resposta
fisiológica inadequada e interfere na função normal tecidual, levando ao dano,
ocasionando a Disfunção Múltipla de Órgãos (DMO) [27,28,29,30].
Junto à ativação do sistema inflamatório, o sistema de coagulação é recrutado.
Durante a sepse há um desequilíbrio entre a via pró-coagulante e os mecanismos
anticoagulantes e, isso faz parte dos principais fatores da disfunção orgânica na
sepse [29]. O sistema de coagulação e as plaquetas são ativados nos estágios
iniciais da sepse, podendo ocasionar coagulopatia e trombocitopenia [32,33,34].
Esse processo pode progredir, levando a coagulação intravascular disseminada
(CIVD), que pode apresentar-se como trombose na microcirculação e sangramentos.
Apesar das manifestações hemorrágicas receberem bastante atenção, a trombose
microvascular é considerada patologicamente mais importante e está fortemente
ligada ao desenvolvimento da DMO [35].
14
2.3. Inflamação e as Doenças Cardiovasculares
Nos últimos anos têm-se acumulado evidências de que a inflamação exerce o
maior papel na patogênese das doenças cardiovasculares [36]. A inflamação exerce
uma função central em todas as fases do processo aterosclerótico, desde a lesão
inicial e progressão, até a ruptura da placa [37]. Estudos epidemiológicos e clínicos
têm mostrado relações fortes e consistentes entre marcadores de inflamação e risco
de eventos cardiovasculares [38-48]. Entre os fatores de risco que desencadeiam a
resposta inflamatória estão as lipoproteínas oxidadas, hipertensão, diabetes e
obesidade [49].
Após a ativação de células endoteliais pela inflamação, os monócitos exercem
um papel importante na aterosclerose, incluindo adesão ao endotélio vascular,
migração para a camada íntima, maturação para macrófago (diferenciação),
formação de células espumosas (marcadores autênticos de lesão arterial
aterosclerótica) e elaboração de mediadores inflamatórios [50,51]. Uma série de
biomarcadores que parecem estar ligados à inflamação e aterosclerose têm sido
identificados (ex. Proteína C reativa e Albumina Modificada pela Isquemia - IMA), e
outros estão sendo avaliados. Com estes estudos aumenta o interesse em usar os
marcadores inflamatórios para auxiliar no diagnóstico ou ainda a possibilidade de
usá-los como alvo da terapia.
A aterosclerose é uma doença vascular caracterizada por um processo
inflamatório [37,52]. Juntamente com a inflamação, o aumento do colesterol
plasmático é um fator de risco relacionado com doenças coronarianas [53]. A
redução no colesterol total tem como conseqüência a redução da relação colesterol
total/HDL, conhecido como índice aterogênico, considerado um importante marcador
prognóstico de doenças cardiovasculares [54] e que mostra uma correlação direta
entre relação colesterol total/HDL e risco cardiovascular.
3. Estresse Oxidativo
O termo “espécies reativas de oxigênio” (ROS) se refere a uma variedade de
metabólitos derivados de moléculas de oxigênio (O2). Na última década houve um
aumento no interesse das implicações médicas desses radicais livres, uma vez que
estas espécies reativas de oxigênio – como superoxido (O•), peróxido de hidrogênio
15
(H2O2), radical hidroxila (OH•) e peróxidos de lipídios (LOOH), parecem estar
implicadas em doenças humanas.
A importância do estresse oxidativo vem sendo estudada por diversos autores
em diferentes processos patológicos [55-58]. O dano causado pelos Radicais Livres
(RL) ocorre quando a formação de espécies reativas do oxigênio (EROs) supera a
capacidade antioxidante do organismo [57].
Para provar esta hipótese, Halliwell et al [59] afirmam que três critérios
precisam ser encontrados: 1) a produção de radicais livres precisa ser mostrada
durante o processo patológico; 2) precisa ser documentada uma ação de proteção
por antioxidantes, removendo ou anulando estes radicais; 3) o processo de doença
precisa ser reproduzível pela aplicação de radicais livres no órgão de interesse. A
extrapolação de modelos animais para humanos é difícil e são necessários estudos
para elucidar o papel do estresse oxidativo na indução de doenças.
3.1. Radicais Livres e Inflamação
O óxido nítrico (NO) desenvolve um importante papel na inflamação [60]. O NO
é produzido pela óxido nítrico sintase (NOS), uma enzima existente em três
isoformas: a neuronal (nNOS ou tipo I), a induzível (iNOS ou tipo II) e a endotelial
(eNOS ou tipo III). A nNOS e a eNOS são constitutivas (dependentes de íons cálcio)
enquanto a iNOS é expressa em muitos tipos de células em resposta à estímulos de
mediadores inflamatórios, não sendo expressa em condições normais [60,61].
Embora a produção de RL seja essencial para auxiliar o combate ao processo
infeccioso, como na sepse, uma produção exacerbada pode contribuir diretamente
para a lesão tecidual, tanto pelo processo de lipoperoxidação, como também por
danos diretos ás células e ao DNA, causando DMO e, finalmente a morte do
organismo [62].
O dano oxidativo também contribui para o desenvolvimento de patologias
cardiovasculares [63]. A produção de ROS juntamente com fatores inflamatórios tem
mostrado estar aumentado em lesões ateroscleróticas [37,64]. De acordo com a
hipótese oxidativa, a lipoproteína de baixa densidade (LDL) acumula no espaço
endotelial das artérias e é oxidada para LDL-oxidada [65], a qual é altamente
aterogênica [66,67] e tóxica para as células [68]. A IMA, um biomarcador de
isquemia cardíaca, também está associada a produção de radicais livres [69,70,71].
16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Linguanotto Neto N. Dicionário gastronômico: pimentas com suas
receitas. São Paulo: Boccato editores, 2004.
2. Reifschneider FJB. (organizador). Capsicum: pimentas e pimentões no
Brasil. Brasília: Embrapa comunicação para transferência de tecnologia/Embrapa
hortaliças, 2000.
3. Madail JCM; Schneid LF; Sima LF; Wendt AN. Economia da produção
de pimenta vermelha no município de Turuçu-RS. Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento, número 19. EMBRAPA, nov. 2005. Disponível em:
http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/catalogo/titulo/Alfabeto_online/e_online.ph
p.
4. Srinivasan K. Spices as influencers of body metabolism: an overview of
three decades of research. Food Res Intern, 38: 77-86, 2005.
5. Pennington JAT. Food composition databases for bioactive food
components. J Food Compost Anal, 15: 419-434, 2002.
6. Surh YJ. Molecular mechanisms of chemopreventive effects of selected
dietary and medicinal phenolic substances. Mutat Res, 428: 305–327, 1999.
7. Anjo DF. Alimentos funcionais em angiologia e cirurgia vascular. Jornal
Vascular Brasileiro, 3(2):145-54, 2004.
8. Naidu KA, Thippeswamy NB. Inhibition of human low density lipoprotein
oxidation by active principles from spices. Mol Cell Biochem, 229: 19-23, 2002.
9. Kogure K, Goto S, Nishimura M, Yasumoto M, Abe K, Ohima C, et al.
Mechanism of potent antiperoxidative effect of capsaicin. Biochim Biophys Acta,
1573: 84-92, 2002.
10. Zúñiga OC, Jiménes FG, Gordillo RM. Comparative study of carotenoid
composition in three mexican varieties of Capsicum annuum L. Food Chem, 90: 109-
114, 2005.
11. Platel K, Srinivasan K. Studies on the influence of dietary spices on
food transit time in experimental rats. Nutr Res, 21: 1309- 1314, 2001.
12. Platel K, Srinivasan K. Digestive stimulant action of spices: a myth or
reality? Indian J Med Res, 119: 167-179, 2004.
17
13. Kim CS, Kawada T, Kim BS, Han IS, Choe SY, Kurata T, Yu R.
Capsaicin exhibits anti-infammatory property by inhibiting IkB-a degradation in LPS-
stimulated peritoneal macrophages. Cell Sig, 15: 299-306, 2003.
14. Kwon MJ, Song YS, Choi MS, Song YO. Red pepper attenuates
cholesteryl ester transfer protein activity and atherosclerosis in cholesterol-fed
rabbits. Clin Chim Acta, 332: 37–44, 2003.
15. Kuda T, Iwai A, Yano T. Effect of red pepper Capsicum annuum var.
canoides and garlic Allium sativum on plasma lipid levels and cecal microflora in mice
fed beef tallow. Food Chem Toxicol, 42: 1695-1700, 2004.
16. Jang JJ, Devor DE, Logsdon DL, Ward JM. A 4-week feeding study of
ground red chilli (Capsicum annuum) in male B6C3F mice. Food Chem, 30(9): 783-
787, 1992.
17. Matsumori A. Anti-inflammatory therapy for heart failure. Curr Opin
Pharmacol, 4(2):171-6, 2004.
18. Rossi A, Cuzzocrea S, Mazzon E, Serraino I, Dugo L, et al. Regulation
of prostaglandin generation in carrageenan-induced pleurisy by inducible nitric oxide
synthase in knockout mice. Life Sci, 72:1199-1208, 2003.
19. Rang HP, Dale MM, Ritter JM. Farmacologia 3ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1997.
20. Cuzzocrea S, Mazzon E, Sautebin L, Dugo L, Serraino I, de Sarro A,
Caputi AP. Protective effects of celecoxib on lung and red blood cells modification
induced by carrageenan in the rat. Biochem Pharmacol, 63:785-795, 2002.
21. Guyton AC, Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 10ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
22. Silva P. Farmacologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1998.
23. Gualillo O, Eiras S, Lago F, Diéguez C, Casanueva FF. Elevated serum
leptin concentrations induced by experimental acute inflammation. Life Sci, 67: 2433-
2441, 2000.
24. Shivkar YM, Kumar VL. Effect of anti-inflammatory drugs on pleurisy
induced by latex of Calotropis procera in rats Pharmacol Res, 50(3):335-40, 2004.
25. Alves Filho JC, Santos RCV, Castaman TA, de Oliveira, JR. Anti-
inflammatory effects of fructose-1,6-bisphosphate on carrageenan-induced pleurisy in
rat. Pharmacol Res, 49: 245-248, 2004.
18
26. Bone RC, Balk RA, Cerra FB, Dellinger RP, Fein AM, Knaus WA,
Schein RM, Sibbald WJ. Definitions for sepsis and organ failure and guidelines for
the use of innovative therapies in sepsis. The ACCP/SCCM Consensus Conference
Committee. American College of Chest Physicians/Society of Critical Care Medicine.
Chest, 101(6): 1644-1655, 1992
27. MM, Natanson C. Septic shock in humans. Advances in understanding
of pathogenesis, cardiovascular disfunction and therapy. Ann Intern Med, 113: 227-
242, 1990.
28. Bone RC, Grodzin CJ, Balk R. Sepsis: a new hypothesis for
pathogenesis of the disease process. Chest, 112(1): 235-243, 1997.
29. Pinsky MR, Vincent JL, Deviere J, Alegre M, Kahn RJ, Dupont E.
Serum cytokine levels in human septic shock. Relation to multiple- system organ
failure and mortality. Chest, 103(2): 565 – 575, 1993.
30. Aird WC. The role of the endothelium in severe sepsis and multiple
organ dysfunction syndrome. Blood, 101(10): 3765 – 3777, 2003.
31. Aird WC. Vascular bed-specific hemostasis: role of endothelium in
sepsis pathogenesis. Crit Care Med, 29(7 Suppl): S28-35, 2001.
32. Ten Cate H. Pathophysiology of disseminated intravascular coagulation
in sepsis. Crit Care Med, (9 Suppl l): S9-S11, 2000.
33. Mavrommatis AC, Theodoridis T, Orfanidou A, Roussos C,
Christopoulou-Kokkinou V, Zakynthinos S. Coagulation system and platelets are fully
activated in uncomplicated sepsis. Crit Care Med, 28 (2): 451-457, 2000.
34. Gando S, Nanzaki S, Sasaki S, Aoi K, Kemmotsu O. Activation of the
extrinsic coagulation pathway in patients with severe sepsis and septic shock. Crit
Care Med, 26(12): 2005-2009, 1998.
35. Fourrier F, Chopin C, Goudemand J, Hendrycx S, Caron C, Rime A,
Marey A, Lestavel P. Septic shock, multiple organ failure, and disseminated
intravascular coagulation: compared patterns of antithrombin III, protein C, and
protein S deficiencies. Chest, 101(3): 816-823, 1992.
36. Ross R. The pathogenesis of atherosclerosis: a perspective for the
1990s. Nature, 362:801, 1993.
37. Ross R. Atherosclerosis: an inflammatory disease. N Engl J Med,
340(2):115-26, 1999.
19
38. Ridker PM, Glynn RJ, Hennekens CH. C-reactive protein adds the
predictive value of total and HDL cholesterol in determining risk of first myocardial
infarction. Circulation, 97:2007–11, 1998.
39. Thompson SG, et al., European Concerted Action on Thrombosis and
Disabilities Angina Pectoris Study Group. Hemostatic factors and the risk of
myocardial infarction or sudden death in patients with angina pectoris. N Engl J Med,
332:635–41, 1995.
40. European Concerted Action on Thrombosis, and Disabilities Angina
Pectoris Study Group. Production of C-reactive protein a risk of coronary events in
stable and unstable angina. Lancet, 349:462–6, 1997.
41. Ridker PM, Rifai N, Pfeffer MA, et al. Inflammation, pravastatin and the
risk of coronary events after myocardial infarction in patients with average cholesterol
levels. Circulation, 98:839–44, 1998.
42. Ridker PM, Rifai N, Rose MA, Buring JE, Cook NR. Comparison of C-
reactive protein and low-density lipoprotein cholesterol levels in the prediction of first
cardiovascular events. N Engl J M, 347:1557–65, 2002.
43. Pischon T, Girman CJ, Hotamisligil GS, et al. Plasma adiponectin levels
and risk of myocardial infarction in men. JAM, 291:1730–7, 2004.
44. Hotta K, Funahashi T, Arita Y, et al. Plasma concentrations of a novel,
adipose-specific protein, adiponectin, in type 2 diabetic patients. Arterioscler Thromb
Vasc Biol, 20:1595–9, 2000.
45. Kumada M, Kihara S, Sumitsuji S, et al. Association of
hypoadiponectinemia with coronary artery disease in men. Arterioscl Thromb Vasc
Biol, 23:85–9, 2003.
46. Kojima S, Funahashi T, Sakamoto T, et al. The variation of plasma
concentrations of a novel, adipocyte derived protein, adiponectin, patients with acute
myocardial infarction. Heart, 89:667, 2003.
47. Kowalski J, Okopien B, Madej A, et al. Levels of sICAM-1, sVCAM-1
and MCP-1 in patients with hyperlipoproteinemia IIa and -IIb. Int J Clin Pharmacol
Ther, 39:48–52, 2001.
48. Matsumori A, Furukawa Y, Hashimoto T, et al. Plasma levels of the
monocyte chemotactic and activating factor/monocyte chemoattractant protein-1 are
elevated in patients with acute myocardial infarction. J Mol Cell Cardiol, 29:419–23,
1997.
20
49. Peter Libby, Paul M Ridker. Inflammation and Atherosclerosis: Role of
C - reactive protein in Risk Assessment. Am J Med, 116(6A): 9S-16S, 2004.
50. Libby P, Ridker PM, Maseri A. Inflammation and atherosclerosis.
Circulation, 105:1135–1143, 2002.
51. Libby P. Inflammation in atherosclerosis. Nature, 420:868–874, 2002.
52. Calder PC. n-3 polyunsaturated fatty acids, inflammation, and
inflammatory diseases. Am J Clin Nutr, 83(6 Suppl):1505S-1519S, 2006.
53. Wald NJ, Law MR. Serum cholesterol and ischemic heart disease.
Atherosclerosis, 118:1S–5S, 1995.
54. Boers M, Nurmohamed MT, Doelman CJ, Lard LR, Verhoeven AC,
Voskuyl AE, Huizinga TW, van de Stadt RJ, Dijkmans BA, van der Linden S.
Influence of glucocorticoid and disease activity on total and high density lipoprotein
cholesterol in patients with rheumatoid arthritis. Ann Rheum Dis, 62:842–845, 2003.
55. Galley HF, Davies MJ, Webster NR. Xanthine oxidase activity and free
radical generation in patients with sepsis syndrome. Crit Care Med, 24(10): 1649–
1653, 1996.
56. Groeneveld A, Sipkema P. Interaction of oxyradicals, antioxidants, and
nitric oxide during sepsis. Crit Care Med, 28(6): 2161-2162, 2000.
57. Thomas S, Balasubramanian KA. Role of intestine in postsurgical
complications: involvment of free radicals. Free Radic Biol Med, 36(6): 745-756,
2004.
58. Rojkind M, Dominguez-Rosales JA, Nieto N, Greenwel P. Role of
hydrogen peroxide and oxidative stress in healing responses. Cell Mol Life Sci,
59(11): 1872–1891, 2002.
59. Halliwell B, Cross CE, Gutteridge MC. Free radicals antioxidants and
human diseases. Wher are we now? J Lab Clin Med, 119:598-620, 1992.
60. Habashy RR, Abdel-Naim AB, Khalifa AE, Al-Azizi MM. Anti-
inflammatory effects of jojoba liquid wax in experimental models. Pharmacol Res,
51(2): 95-105, 2005.
61. Fujisawa H, Nakagawa S, Ohkubo Y, Matsui M, Yamaguchi S,
Kawamura M, Hatanaka K, Kawakubo V, Hiramoto Y, Kobayashi H, Harada Y. Local
and systemic expression of inducible nitric oxide synthase in comparison with that of
cyclooxygenase-2 in rat carrageenin-induced pleurisy. Nitric oxide, 12(2): 80-88,
2005.
21
62. Salvemini D, Cuzzocrea S. Oxidative stress in septic shock and
disseminated intravascular coagulation. Free Radic Biol Med, 33(9): 1173-1185,
2002.
63. Chisolm GM, Steinberg D. The oxidative modification hypothesis of
atherogenesis: an overview. Free Radic Biol Med, 28: 1815–1826, 2000.
64. Liao F, Andalibi A, Qiao JH, Allayee H, Fogelman AM, Lusis AJ:
Genetic evidence for a common pathway mediating oxidative stress, inflammatory
gene induction, and aortic fatty streak formation in mice. J Clin Invest, 94: 877–884,
1994.
65. Navab M, Berliner JA, Watson AD, Hama SY, Territo MC, Lusis AJ,
Shih DM, Van Lenten BJ, Frank JS, Demer LL, Edwards PA, Fogelman AM. The yin
and yang of oxidation in the development of the fatty streak: a review based on the
1994 George Lyman Du? Memorial Lecture. Arterioscler Thromb Vasc Biol, 16, 831–
842, 1996.
66. OKeefe Jr. JH, Lavie Jr. CJ, McCallister BD. Insights into the
pathogenesis and prevention of coronary artery disease. Mayo Clin Proc, 70, 69–79,
1995.
67. Rota S, McWilliam NA, Baglin TP, Byrne CD. Atherogenic lipoproteins
support assembly of the prothrombinase complex and thrombin generation:
modulation by oxidation and vitamin E. Blood, 91: 508–515, 1998.
68. Morel DW, Hessler JR, Chisolm GM. Low density lipoprotein cytotoxicity
induced by free radical peroxidation of lipid. J Lipid Res, 24: 1070–1076, 1983.
69. Chawla R, Goyal N, Calton R, Goyal S. Ischemia modified albumin: a
novel marker for acute coronary syndrome. Indian J Clin Biochem, 21(1): 77-82, 2006
70. Marx G, Chevion M. Site-specific modification of albumin by free
radicals. Biochem J, 236: 397–400, 1985.
71. Troxler M, Thompson D, Homer-Vanniasinkam S. Ischaemic skeletal
muscle increases serum ischaemia modified albumin. Eur J Vasc Endovasc Surg,
31(2):164-9, 2006.
22
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Avaliar a ação antiinflamatória e antidislipidêmica de Capsicum baccatum var.
pendulum L. (Solanaceae) – pimenta dedo-de-moça
Objetivos Específicos
1. Avaliar os efeitos antiinflamatórios do extrato da pimenta vermelha
Capsicum baccatum em modelos de pleurisia e peritonite induzidos por carragenina
em ratos e camundongos.
2. Avaliar os efeitos protetores do extrato de Capsicum baccatum em
modelo experimental de sepse em ratos.
3. Avaliar o efeito antidislipidêmico e antiinflamatório do extrato de
Capsicum baccatum var. pendulum em modelo de inflamação vascular em ratos.
23
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo examinou o efeito de Capsicum baccatum var. pendulum em
diferentes modelos experimentais de inflamação, além de avaliar sua ação
antidislipidêmica e antioxidante. De acordo com os objetivos propostos e resultados
obtidos neste trabalho, podemos concluir que:
O extrato de Capsicum baccatum var. pendulum apresentou ação
antiinflamatória nos modelos experimentais de inflamação aguda (pleurisia e
peritonite), reduzindo de forma significativa os parâmetros inflamatórios tais como
exsudação, migração de leucócitos e linfócitos, proteínas e LDH no líquido pleural e
permeabilidade vascular;
O extrato de Capsicum baccatum var. pendulum apresentou ação
antiinflamatória no modelo experimental de sepse, alterando a resposta do
hospedeiro de maneira a melhorar parâmetros hematológicos (hemoglobina,
contagem de plaquetas), consumo de bicarbonato e agregação plaquetária. Além
disso, apresentou ação antioxidante, verificada através da manutenção da IMA;
O extrato de Capsicum baccatum var. pendulum apresentou ação
antidislipidêmica em ratos, reduzindo o colesterol total e conseqüentemente a
relação colesterol total/HDL – também conhecida como Índice Aterogênico.
Verificou-se que o extrato também foi capaz de reduzir os níveis de LDL-oxidada,
confirmando sua ação antioxidante. Não foi verificada ação antiinflamatória no
modelo de lesão vascular utilizado neste estudo.
Estes resultados sugerem que a ingestão de pimenta pode prevenir doenças
relacionadas com inflamação e estresse oxidativo (a exemplo da aterosclerose), bem
como ser usada como tratamento (como por exemplo, na redução do colesterol e
peroxidação lipídica).
24
APÊNDICE I
IDENTIFICAÇÃO DA PLANTA
Neste estudo foram utilizados frutos da pimenta Capsicum baccatum vr.
pendulum, cujas plantas foram cultivadas na Casa de Vegetação da PUCRS. As
sementes foram fornecidas pela EMBRAPA e foram plantadas conforme orientação.
O gênero Capsicum pertence à família Solanaceae; divisão: Spermatophyta;
filo: Angiospermae; classe: Dicotiledônea; ramo: Malvales-Tubliflorae; ordem:
Solanales [1].
São plantas herbáceas, arbustivas ou arbóreas, com desenvolvimento de
floema intraxilemático no caule, de folhas alternas, inteiras ou partidas, sem
estípulas. Flores em geral pequenas, pentâmeras, diclamídeas, hermafroditas, de
simetria radial ou fracamente zigomorfa. Androceu formado por cinco estames,
alternos com lobos da corola, às vezes se abrindo por poros (Solanum). Ovário
bicarpelar, bilocular, súpero, com o septo inclinado em ralação ao eixo da flor.
Lóculos do ovário às vezes numerosos por divisão da placenta. Óvulos numerosos.
Fruto seco, capsular, loculicida ou baciforme [2].
As características morfológicas principais da C. baccatum vr. pendulum são:
flores em número de uma a duas; na antese, os pedicelos são geralmente eretos;
corola branca e sempre apresenta um par de manchas amareladas ou esverdeadas
na base de cada lobo das pétalas; anteras amarelas; os cálices dos frutos maduros
são evidentemente dentados e não possuem constrição anelar na junção do
pedicelo; os frutos são de várias cores e formas, geralmente pendentes,
persistentes, com polpa firme; as sementes são cor de palha [3].
Na natureza, seus frutos, alongados e intensamente vermelhos, medem entre
6,8 e 8 cm e têm de 1 a 1,5 cm de largura. Devido ao seu formato e coloração esta
pimenta é conhecida também pelos nomes chifre-de-veado e pimenta vermelha.
Quando seca e picada é conhecida como pimenta calabresa [4].
Com base no processo de domesticação, a espécie Capsicum baccatum é
classificada como domesticada. Isso quer dizer que o homem selecionou
determinadas características de tal modo que não são mais capazes de sobreviver
em condições naturais. São absolutamente dependentes do homem para sobreviver
[5].
25
As plantas utilizadas neste estudo foram identificadas pelo Laboratório de
Botânica, no Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, e a exsicata foi
incorporada à coleção do herbário sob o número MPUCRS 11363.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Wagner CM. Variabilidade e base genética da pungência e de
caracteres do fruto: implicações no melhoramento de uma população de Capsicum
[tese]. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiros; 2003.
2. Ogorzaly MC, Simpson BB. Exconomic botany: plants in our world. 2ª
edição. New York, 1995.
3. EMBRAPA Hortaliças. Sistemas de Produção, 4. ISSN 1678-____
Versão Eletrônica. Dezembro/2004:
http://www.cnph.embrapa.br/sistprod/pimenta/index.htm.
4. Linguanotto Neto N. Dicionário gastronômico: pimentas com suas
receitas. São Paulo: Boccato editores, 2004.
5. Reifschneider FJB. (organizador). Capsicum: pimentas e pimentões no
Brasil. Brasília: Embrapa comunicação para transferência de tecnologia/Embrapa
hortaliças, 2000.
26
APÊNDICE II
ANÁLISE BROMATOLÓGICA DE Capsicum baccatum VAR. pendulum
Introdução
O objetivo da análise de alimentos é a determinação de um componente
específico do alimento ou de vários componentes, como na determinação da
composição centesimal dos alimentos. A análise bromatológica é importante para
que se tenha conhecimento da composição química dos alimentos, e vem ganhando
merecido reconhecimento pela indústria e laboratórios prestadores de serviço, pelas
universidades (pesquisa, novas metodologias, novos produtos, controle de
qualidade), pelos institutos de pesquisa e órgãos governamentais.
Os alimentos podem ser analisados através de três métodos distintos: 1.
Métodos químicos: através de reações químicas (quantitativas ou qualitativas); 2.
Métodos físicos: através da medida de alguma propriedade física da matéria
(microscopia, massa especifica, poder ótico de rotação, índice de refração, etc.); 3.
Através de métodos físico-químicos;
As amostras a serem analisadas podem ser heterogêneas ou homogêneas e
devem ser adequadamente processadas antes de analisadas, através de
tratamentos como moagem, filtração, eliminação de gases, etc. Na maioria das
determinações em alimentos, as amostras são complexas, necessitando de uma
extração ou separação prévia do componente a ser analisado.
Alguns fatores são importantes na determinação da amostragem como
inspeção, natureza da amostra (quantidade, embalagem, etc.) e do material a ser
analisado (homogeneidade, etc.), procedimentos (tempo, etc.). Para o preparo da
amostra é importante observar alguns parâmetros, como reduzir e homogeneizar a
amostra bruta para adequá-la a análise.
Neste trabalho, realizou-se a análise bromatológica da pimenta Capsicum
baccatum var. pendulum, popularmente conhecida como pimenta dedo-de-moça.
Por ser uma amostra sólida foi necessário fazer o quartejamento, picar, moer ou
liquidificar, de acordo com a análise a ser realizada.
27
Local de execução
Laboratório de Análise Bromatológica da Faculdade de Química da PUCRS.
Materiais e Métodos
Neste trabalho, foi usada a pimenta Capsicum baccatum var. pendulum. O
preparo da amostra deu-se por retirada do talo e das sementes, e por quarteamento
da mesma, alcançando pedaços pequenos. As variáveis analisadas foram:
umidade (UM), cinzas (CZ), proteína total (PTN), lipídio total (LIP), carboidrato (HC),
de acordo com os protocolos próprios do Laboratório.
Resultados
Os resultados obtidos na análise bromatológica de Capsicum baccatum var.
pendulum apresentam-se na tabela a seguir (em 100g de alimento):
Pimenta Kcal UM CZ PTN LIP HC
Dedo-de-moça 107,6 83,43 1,35 2,52 0,51 12,19
Malagueta* 38 - - 1,30 0,70 6,50
Pitanga* 31,10 - - 1,20 0,30 4,30
* Alimentos comparativos;
Conclusão
Verificando os resultados obtidos na análise bromatológica da pimenta dedo-
de-moça, verifica-se que este alimento pode ser uma boa fonte de energia,
alcançando 107,6 kcal/100g. Porém, é um alimento de consumo moderado devido à
sua picância – no Brasil, uma média em torno de 0,5g per capita/dia. Por este
motivo, esse valor não representaria mais que 0,02% da dieta diária (para uma dieta
de 2000kcal).
O presente estudo alcançou o seu objetivo que era conhecer a composição de
macronutrientes (proteína, lipídios e carboidrato), cinzas e umidade da pimenta
Capsicum baccatum var. pendulum.
28
Referências Bibliográficas
Cecchi HM. Fundamentos Teóricos e práticos em análises de alimentos.
Campinas: Unicamp, 2001
de Salinas R. Alimentos e nutrição: introdução à bromatologia. 3ª ed. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
Franco G. Tabela de Composição Química dos Alimentos. 9ª ed. São Paulo,
Atheneu, 1999.
James CS. Analytical Chemistry of Foods. Glasgow: Chapman e Hall, 1995.
Linguanotto Neto N. Dicionário gastronômico: pimentas com suas receitas. São
Paulo: Boccato editores, 2004.
Pomeranz Y, Meloan C. Food analysis: theory and practice. 2ª ed. Westport: VI
Publishing Company, 1982.
29
APÊNDICE III
ANÁLISE DO pH DO EXTRATO DE Capsicum baccatum var. pendulum
Foi determinado o potencial hidrogeniônico (pH) do extrato de Capsicum
baccatum var. pendulum, através do “peagâmetro” (Orion, 410A) a fim de determinar
sua acidez (pH abaixo de 7) ou alcalinidade (pH acima de 7).
O extrato foi preparado conforme previamente descrito anteriormente. Os frutos
foram limpos e as sementes retiradas. O peso da pimenta foi padronizado em 2g,
usando os frutos sem sementes. Após a maceração, o extrato obtido foi colocado no
peagâmetro e seu pH mensurado. O teste foi repetido durante 12 dias para se obter
uma média do pH. O valor encontrado foi de pH = 4,92 ± 0,20.
30
ANEXO I
COMPROVANTES DE SUBMISSÃO DOS ARTIGOS
Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo