63
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE SÁ PROPOSTA DE ANTEPROJETO PARA UM “CONDOMÍNIO CONSCIENTE” Campos dos Goytacazes/RJ 2018

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

  • Upload
    vancong

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

SUMAIA FAGUNDES DE SÁ

PROPOSTA DE ANTEPROJETO PARA UM

“CONDOMÍNIO CONSCIENTE”

Campos dos Goytacazes/RJ

2018

Page 2: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

SUMAIA FAGUNDES DE SÁ

PROPOSTA DE ANTEPROJETO PARA UM

“CONDOMÍNIO CONSCIENTE”

Monografia apresentada ao Instituto

Federal de Educação Ciência e Tecnologia

Fluminense – IF Fluminense, como

requisito para elaboração do trabalho final

de graduação.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Falcão da Silva

Campos dos Goytacazes/RJ

2018

Page 3: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

RESUMO

Sabe-se que o planeta terra passa por ciclos e fases de transformações em todos os âmbitos.

Esses ciclos naturais ou não, afetam de alguma maneira o espaço e a vida humana. O impacto

da grande população e seus maus hábitos acarretam nessas transformações que funcionam

como reação.

Estudiosos e acadêmicos estudam os efeitos e transformações das cidades depois da

Revolução Industrial, tanto na área econômica, social como tecnológica. Presume que o

homem é responsável pelo desgaste e sobrecarga da terra.

Diante dos impactos ocasionados pela degradação do meio ambiente, nasce a necessidade e a

chance de fazer algo que inova. A questão Ambiental passou ser pauta de assuntos globais de

grande relevância e se torna ainda mais importante a cada dia pelas novas gerações.

As empresas hoje buscam adotar processos mais eficientes, mais ecológicos. Novos meios de

vida, novos padrões de vida, de habitação e construção surgem com objetivo e ideias ligadas

ao estilo de vida. O setor da construção civil tem papel de grande relevância para o

desenvolvimento, como para a degradação do meio ambiente. Assim o presente trabalho, é

subdividido em dois. Na primeira parte da gleba, propõe um condomínio eficiente, que

engloba conceitos sustentáveis. A 2º parte, é destinado para a parte social, desenvolvida com

ajuda pública e esforço da comunidade e voluntários, para a construção de uma praça pública

com um Centro Cultural e ambiental para a comunidade.

Palavras-chave: Condomínio, Ecovilas, Sustentabilidade.

.

Page 4: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

ABSTRACT

It is known that planet earth goes through cycles and phases of transformations in all ranges.

These natural cycles or not, affect in some way the space and the human life. The impact of

large population and their bad habits lead to these transformations that work as a reaction.

Scholars and academics, study the effects and transformations of cities after the Industrial

Revolution, both in the economic area and in the social and technological areas. It assumes

that man is responsible for the wear and tear of the earth.

Faced with the impacts caused by the degradation of the environment, it develop the need and

the chance of something that is innovating. The environmental issue has become a global

subject of great relevance and becomes even more important every day for the new

generations.

Companies today are looking to adopt more efficient, greener processes. New livelihoods,

new standards of living, housing and construction arise with purpose and ideas linked to a

lifestyle. The construction sector has a great role of importance for the development, but also

for the degradation of the environment. Thus the present work is subdivided into two. The

first part of glebe, it proposes an efficient condominium, which encompasses sustainable

concepts. The second part is intended for the social part, developed with public help and

community effort and volunteers, for the construction of a public square with a Cultural and

Environmental Center for the community.

Key-words: Condominium, Ecovillages, Sustainability.

Page 5: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

LISTA DE SIGLAS

ONG’s – Organizações Não Governamentais

ONU – Organizações das Nações Unidas

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o meio Ambiente

IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano

IFF – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PMCG – Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes

ZEU – Zona de Expansão Urbana

CMMAD – Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

Page 6: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS

Gráfico 1: Crescimento da população e do PIB no mundo: 1950-2000. ..............................................13

Gráfico 2 - Projeções da População mundial: 2000 -2050. .................................................................14

Figura 1: Saneamento básico brasileiro. ............................................................................................14

Figura 2: Escola sustentável, Uruguai. ...............................................................................................23

Figura 3: Relação de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes, RJ. ....................................26

Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes, RJ. ........................................27

Figura 5: Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes, RJ. .....................................................28

Figura 6: Condomínio Bosque das Acácias. ......................................................................................28

Figura 7: Quadra do Condomínio Bosque das Acácias. ......................................................................29

Figura 8: Quadra do Condomínio Bosque das Acácias. ......................................................................29

Figura 9: Construção Orgânica, São Paulo. ........................................................................................30

Figura 10: Construção Orgânica, São Paulo. ......................................................................................31

Figura 11: Construção Orgânica, São Paulo. ......................................................................................31

Figura 12: Corredor da Escola, Uruguai. ...........................................................................................32

Figura 13: Horta, Escola Sustentável, Uruguai...................................................................................37

Figura 14: Muro de Contenção, escola, Uruguai. ...............................................................................33

Figura 15: Parede de Pneus, Escola Sustentável, Uruguai. .................................................................38

Figura 16: Horta, Escola Sustentável, Uruguai...................................................................................34

Figura 17: Vista geral da Eco vila Santa Branca. ...............................................................................35

Figura 18: Vista parcial do viveiro da Eco vila Santa Branca. ............................................................36

Figura 19: Placas de energia solar da Eco vila Santa Branca. .............................................................36

Figura 20: Panorama da Vila Tib,2007. .............................................................................................37

Figura 21: Espaço Comum. ...............................................................................................................38

Figura 22: Espaço Comum ................................................................................................................38

Figura 23: Horta Comunitária. ...........................................................................................................39

Page 7: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

Figura 24: Arquitetura. ......................................................................................................................39

Figura 25: Janela. ..............................................................................................................................40

Figura 26: Eco Serenbe. ....................................................................................................................41

Figura 27: Parte da vista do conceito. ................................................................................................42

Figura 28: Localização da proposta do Anteprojeto. ..........................................................................43

Figura 29: Localização da proposta do Anteprojeto. ..........................................................................43

Figura30: Imagem de um pedaço do local da proposta. ......................................................................44

Figura 31: Zoneamento da área de intervenção. .................................................................................44

Figura 32: Estudos de Implantação- Setorização. ...............................................................................46

Figura 33: Vista Implantação ............................................................................................................46

Figura 34: Proposta inicial- Espaço comum. ......................................................................................49

Figura 35: Vista 1 da implantação do espaço comum. ........................................................................49

Figura 36: Vista 2 da implantação do espaço comum. ........................................................................49

Figura37: Vista da Fachada Uni residencial- 1 Quarto. ......................................................................50

Figura 38: Vista unifamiliar. .............................................................................................................50

Figura 39: Vista da Fachada. .............................................................................................................51

Figura 40: Vista da Fachada. .............................................................................................................52

Figura 41: Vista da Fachada. .............................................................................................................52

Figura 42: Vista unifamiliar. .............................................................................................................52

Figura 43: Vista unifamiliar. .............................................................................................................53

Figura 44: Vista unifamiliar. .............................................................................................................53

Figura 45: Vista da Praça. .................................................................................................................54

Figura 46: Vista Do Espaço Social. ...................................................................................................55

Figura 47: Vista Do Espaço Social. ...................................................................................................56

Figura 48: Vista da Praça. .................................................................................................................56

Page 8: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 8

1 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES URBANAS ..........11

1.1 A Crise Urbana ..............................................................................................................12

1.2 O Crescimento Populacional ..........................................................................................13

2 REVOLUÇÃO AMBIENTAL: ...............................................................................................16

2.1 A Construção Civil e avanços tecnológico e emprego de novos materiais .......................21

2.2 Bioarquitetura ................................................................................................................22

3 CONDOMÍNIO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES:.........................................................25

4 REFERENCIAL DE PROJETO ............................................................................................30

4.1 Casa de pneus, São Paulo ...............................................................................................30

4.1.1 Contextualização ...........................................................................................................31

4.1.2 Aspectos Tipológicos .....................................................................................................31

4.2 Escola Sustentável em Jaureguiberry, Uruguai ...............................................................36

4.2.1 Contextualização ...........................................................................................................31

4.2.2 Aspectos Tipológicos .....................................................................................................32

4.2.3 Aspectos Tecnológico ....................................................................................................33

4.3 Eco Vila Santa Branca/ Go. ............................................................................................36

4.3.1 Contextualização ...........................................................................................................34

4.3.2 Aspectos Tipológicos .....................................................................................................35

4.3.3 Aspectos Tecnológico ....................................................................................................36

4.4 Eco vila Tibá, São Carlos/ SP.........................................................................................37

4.4.1 Contextualização ...........................................................................................................37

4.4.2 Aspectos Tipológicos .....................................................................................................37

4.4.3 Aspectos Plásticos .........................................................................................................39

4.5 Serenbe, Estados Unidos ................................................................................................40

Page 9: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

4.5.1 Contextualização ...........................................................................................................40

4.5.2 Aspectos Acessíveis .......................................................................................................41

5 A PROPOSTA ........................................................................................................................42

5.1 O conceito .....................................................................................................................42

5.2 A área da Proposta .........................................................................................................42

5.3 A implantação da proposta do anteprojeto ......................................................................45

5.4 Espaço comum - Condomínio ........................................................................................47

5.5 Unidade Residencial ....................................................................................................50

5.5.1 Unidade Residencial - 1 Quarto ......................................................................................51

5.5.2 Unidade Residencial - 2 Quarto ......................................................................................52

5.6 A área social – Centro Cultural e Praça ..........................................................................52

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................57

REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................58

Page 10: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

8

INTRODUÇÃO

Nada mais comum nos dias de hoje que a preocupação com o mundo e sua

preservação e qualidade de vida, que quer dizer modos de vida e novos conceitos emergentes.

Apesar do desenvolvimento e feitos vistos desde a Revolução Industrial, junto ao crescimento

da riqueza material do mundo e sua tecnologia inovadora e dominante, vemos também,

desiquilíbrio social, ambiental e a perda forte de sentidos comunitários, coletivistas e sociais,

essenciais e primordiais em qualquer sociedade. Parece que estamos, numa sociedade que se

encontra numa condição negativamente abstrata, em uma crise civilizatória. Uma crise

humana.

A cidade é o mundo que o homem criou. Ao fazer a cidade o homem refaz a si mesmo,

ao fazer a si mesmo, o homem refaz a cidade. Além do homem ter um grande poder de

adaptação, também tem outro poder, o de transformação. E cabe ao homem a mudança, essa

que vem de dentro. Mudanças de vida, de conceito, mudança de intelecto, mudança de

respeito.

Assim sendo, como mudar seu próprio meio, é uma outra maneira de modificar o

cenário urbano. Viver em um espaço, privado ou coletivo, com menor impacto, respeitando a

vizinhança em todos os âmbitos e condições.

Alguns temas como moradia, sustentabilidade, tecnologia se relacionam com o tema

condomínios e ecovilas presente no trabalho.

Uma forma de habitar mais decorrente hoje em dia são os condomínios. São áreas que

podem gerar mais qualidade de vida com alguma segurança e praticidade, mas que por outro

lado pode se tornar um transtorno, quando não implantado com devidas precauções, tornando

se um investimento mal aplicado.

Outra maneira de habitação são as Ecovilas. Comunidades que são estruturadas com

conceito de não agredir o meio que a engloba. Uma forma de vida estruturada sobe um

critério de convivência que é integrada a natureza e bem-estar comum. As Ecovilas vêm

sendo umas das alternativas de construção de comunidades que diferentemente uma das

outras, têm como norte a sustentabilidade, porém possuem características específicas- desde

sua concepção ao gerenciamento e a prática. Esse estudo expõe métodos de organização do

espaço relacionados a exemplos de comunidades e condomínios já existentes, e método de

pesquisa para entender os desafios para se aplicar iniciativas sustentáveis. Além disso, esse

estudo pretende aproximar o condomínio à natureza, seus valores e cuidado, assim como o

zelo e a preocupação com a comunhão, a sociedade e o bem-estar.

Page 11: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

9

O objetivo geral é elaborar um anteprojeto de um condomínio, inserido no contexto

urbano, que atenda conceitos ecológico, de modo a minimizar seu impacto. Um lugar que

proporcione um novo padrão de vida, um novo conceito de comunidade, para quem acredita

que pode transformar uma realidade e viver em um mundo melhor. A ideia não é segregar,

como muitos condomínios e sim cuidar. É se unir, é praticidade, qualidade de vida.

Os objetivos específicos a serem realizados são:

• Criar um anteprojeto de um condomínio sustentável, que aposta em uma vida

consciente, capaz de produzir alguns de seus alimentos orgânicos, se

inspirando numa produção subsistente; separando seu próprio lixo e dejetos,

para que dessa forma se torne mais independente e consciente;

• Empregar na construção do condomínio, biodiversidade dos materiais aliada à

inteligência das novas tecnologias;

• Incentivar e criar esquemas sociais e familiares, ligados ao envolvimento dos

moradores, a educação ambiental e a novos valores estéticos e morais. Os

moradores, desde criança aprendem a cuidar do seu ambiente, usufruindo com

zelo e consciência do mesmo; promover programas de cultivo e cuidado, com

participação infantil na produção de seus alimentos orgânicos.

• Preservar e cultivar as áreas verdes, assim como as árvores existentes.

A proposta tem como justificativa a necessidade de se buscar meios que possam

reverter o atual quadro de desorganização social e espacial urbana. As cidades vivem hoje

numa civilização antiquária, em paradigmas e atitudes que sobrecarregam o mundo,

prejudicando a qualidade de vida e degradando o meio ambiente.

O grande consumo descontrolado e supérfluo da sociedade gera um amontoado de lixo

jogado por todo lado e em meio a lugares de aterros que acabam com a terra que o consome.

Os grandes valores na sociedade não estão sendo voltados a valores pessoais e comuns

ligados ao desenvolvimento humano pessoal, espiritual e ao bem comum. Passaram a serem

conceitos superficiais que estão mudando os hábitos e ate mesmo o caráter humano. A

sociedade não tem se cuidado enquanto um todo, tampouco cuidado do próximo e do seu

habitat.

A má distribuição de renda, ou seja, o acúmulo de riquezas sem uma distribuição

equilibrada, e a grande aglomeração populacional, têm transformado a cidade numa

contradição da sociedade e dos sistemas urbanísticos. As grandes moléstias das intenções

políticas duvidosas não garantem nem ao menos as necessidades básicas dos habitantes.

Page 12: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

10

Pode-se chamar de comunidade, um grupo, ou alguma parcela da sociedade que não

necessariamente precise estar afastada do meio urbano, pela necessidade de contato com meio

natural, mas que se constrói essa comunidade de maneira inteligente, independente de padrões

tradicionais de construção. As ecovilas, como inspiração, são outras comunidades alternativas

de requalificação do espaço, com inovação e diversidade de ideias construtivas.

O condomínio tem como finalidade viver como uma comunidade mesmo inserida no

meio urbano, que se consegue manter um padrão de controle social e ecológico. Um local que

coopera com o solo e seus benefícios sem sobrecarregá-lo.

A metodologia de pesquisa adotada resume-se em analisar por pesquisas bibliográficas

jornalísticas, acadêmicas e materiais instrucionais as características e as diferentes formas de

organização de algumas comunidades de qualquer natureza, como Ecovilas existentes

principalmente no Brasil, fundamentada em bibliografias que abordam outros assuntos

relacionados diretamente ao tema: a crise ambiental, a cidade-Campo, padrões e hábitos da

sociedade, tecnologia da construção entre outros.

A metodologia do trabalho além de adotar meios tecnológicos de informação que

tenham acesso às pesquisas, adotará softwares que possibilitem apresentar de forma clara e

objetiva a proposta do anteprojeto.

Também serão selecionados referenciais projetuais de edificações e projetos paralelos

como influência. Os referenciais são: referenciais tecnológicos, tipológicos e plásticos.

As boas referências e acervo que guardamos ao vivenciar a cidades, a arquitetura, e as

pesquisas é fundamental para o desenvolvimento de um bom trabalho. O mesmo está

subdividido da seguinte maneira: no Capítulo 1 – Revolução Industrial, analisando as

transformações urbanas desde a era Pré-Industrial, o aumento populacional exorbitante, os

pontos positivos e principalmente os impactos negativos, no âmbito social e urbanístico

especificamente; O Capítulo 2 – Revolução Ambiental, tratará de questões relacionadas à

sustentabilidade, técnicas construtivas. Já no Capítulo 3, discute sobre os condomínios da

cidade de Campos dos Goytacazes; Capítulo 4, referencias projetuais e no capítulo 5, a

proposta do anteprojeto.

Page 13: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

11

1 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES URBANAS

Para entender a cidade deve-se analisar sua gênese, sua história e suas transformações.

Nela acumulam-se capital, conhecimentos, pessoas, relacionamentos, riquezas diversas, na

cultura, história e estilos de vida. A mais valia que se formou no campo, transformou todo

contínuo desenvolvimento das cidades. Desde então a mais valia modificou os centros

urbanos se transformando na centralidade do poder baseada na produção capitalista

(HARVEY, 2001).

Na antiga cidade medieval, no ápice da boa forma, sem perder o carácter político, se

organizavam democraticamente, mas principalmente a cidade consistia nas atividades

artesanal, comercial e bancária. Devido à crescente produção agrícola, se acumulou riquezas

nos centros das cidades trocando a direção que devia seguir o excedente de produção em

baixa dos feudos.

A cidade se transformava numa sede de produção, do artesanato, e depois das

industrias. A mais valia que inicialmente se fez no campo, se deslocava para a cidade à

medida que esse se transformava na sede das negociações. Antes mesmo de se afirmar, se via

entre o urbano e o rural.

Toda movimentação de expansão das trocas e da produção mercantil desenvolveu as

relações externas e as cidades, resultando na cidade pré-industrial até chegar à revolução

industrial. O crescimento era contínuo, crescia a riqueza, o conhecimento de novas

informações e técnicas, as invenções, o acumulo de coisas e de capital. Lá se acumulava todo

tipo de glórias e feitos.

A cidade urbana rendeu-se à industrialização. Antes mesmo de se afirmar, o urbano se

viu dividido entre o campo e a cidade, o território que se submetia as requisições das grandes

empresas. Há mais de um século e meio a industrialização modifica a sociedade. Pelo

crescimento e desenvolvimento rápido, o momento industrial ocorrente transmitia perspectiva

positiva de prosperidade (LEFEBVRE, 2001).

A cidade passou a ser submetida às exigências das empresas, tratadas com a

racionalidade empresarial. O feito da industrialização submergiu os feitos urbanos, que se

reduz a ele. O que faz o capitalismo mais forte que qualquer outra proposta, mais forte até

mesmo que os próprios preceitos e necessidade humana.

Page 14: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

12

1.1 A Crise Urbana

A Revolução Industrial é a representatividade das atividades humanas que mais

influenciou as cidades urbanas e suas transformações no âmbito social, político e econômico.

A princípio só se via pontos positivos, mas gradativamente aumentam as desordens sociais.

As cidades e suas relações se tornaram mais amplas, mais complexas e cheias de conflitos.

Nas grandes cidades que se formavam, o aglomerado de pessoas e famílias se

encontravam em péssimas condições de vida. Ludibriados aos olhares satisfeitos pelos feitos

capitalistas e seus novos produtos revolucionários, a política pública não cumpria as

demandas de salubridade, saneamento e distribuição de água dilatada a eixos da cidade. Por

muito tempo não havia um real entendimento e preocupação com o meio ambiente. E com

isso as consequências de imediato apareceram ocasionando além de problemas sociais,

problemas ambientais de vários níveis e também de saúde pública. Dia a dia a cidade é

usurpada de maus hábitos, da grande massa populacional, cheias de costumes vaidosos que

atinge seu próprio mundo. A quantidade de dejetos, poluição de atividades industriais e de

toda população.

A formação do lixo é resultado da formação da sociedade em massa que

sobrecarregava o habitat natural impactando a cidade devido ao grande fluxo de pessoas e

seus consumes que transformava na direção do supérfluo. Os rios desde a cidade antiga eram

essenciais para a produção excedente agrícola e já eram explorados servindo de descarte de

dejetos. Na era industrial os rios já se encontravam em péssimas condições que ocasiona em

poluição das águas, perda de vida animal e desencadeia todo um equilíbrio natural; O

chamado aterro cresce em grande proporção prejudicando também o solo urbano.

O crescimento populacional e o despreparo de estruturas urbanas públicas, ocasionou a

problemas de moradia sendo até hoje um desafio a ser enfrentado. A organização espacial, a

condições de moradia, e as condições de vida humana.

O Texto “A questão ambiental urbana, estúpido” de Ermínia Maricato, 2013, fala da

herança das cidades brasileiras sobre a desigualdade social, uma das maiores da América

Latina, dos moradores em áreas invadidas ou adquiridas de loteamento ilegais. Uma força de

trabalho e sobrevivência que não se enquadra no mercado especulativo e capitalista. Maricato

afirma que a melhoria dos bairros é fonte de inesgotável de um sistema de política de troca.

Troca-se por votos a providencia por melhorias públicas.

Page 15: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

13

1.2 O Crescimento Populacional

Em 1804, a população mundial atingiu um milhão de pessoas. Por volta de 1850, a

população do mundo era cerca de 1,3 bilhões de habitantes. Depois da Revolução Industrial já

se constatava o impacto da população que chegara a dois bilhões de pessoas. Estima-se um

total de cinco milhões de habitantes imigrantes no Brasil entre 1887 e 1957 pela oferta de

trabalho que ocorria devido à abolição da escravatura e a precariedade de mão-de-obra. O

aumento ainda mais representativo se deu na última década do século XIX no qual mais de

um milhão de imigrantes se misturaram no país representando um quarto do crescimento

populacional no período (IBGE, 2001).

Em 1900 atingiu aproximadamente 1,7 bilhão chegando a 2,5 bilhões de pessoas no

mundo em 1950. Como a progressão é constante, as estatísticas para períodos atuais são ainda

mais impressionantes (dados do IBGE, 2001). Houve um crescimento ainda maior do PIB,

relativamente ao crescimento populacional por conta da Revolução Industrial.

Nas décadas seguintes, o volume da população cresceu em mais de quatro bilhões de

habitantes, atingindo seis bilhões de pessoas no ano 2000. Houve um crescimento

significativo de renda per capita nesse período levando a melhorias das condições econômicas

que acelerou e acelera o tempo (IBGE, 2001).

A taxa de crescimento estimada pela ONU, para o último século atingiu em média o

nível de 1,63% anualmente (Gráfico 1) e projetando-se para 2020 uma estimativa de

crescimento populacional em torno de 0,71% (Gráfico 2).

Gráfico 1: Crescimento da população e do PIB no mundo: 1950-2000.

Fonte: José Eustáquio Diniz Alves (IBGE, 2001).

Page 16: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

14

Gráfico 2: Projeções da População mundial: 2000 -2050.

Fonte: José Eustáquio Diniz Alves (IBGE, 2001).

À medida que a população aumenta, aumenta também a necessidades de recursos

naturais, hídricos e de saneamento básico. Segundo a ONU em 2001, nos países em

desenvolvimento, quase 60% dos 4,4 bilhões de pessoas vivem sem saneamento básico e um

terço não tem acesso ao fornecimento de água. Já no Brasil, 90% em média das edificações

não tem acesso à água e o abastecimento é concludente de canalização interna de rede geral

pública. Metade dos domicílios brasileiros não necessariamente estão ligados a rede de

tratamento de esgotos sendo ligados indiretamente (Figura 1).

Figura 1: Saneamento básico brasileiro 1992 1999

Fonte: IBGE, 2001.

Segundo relatório da ONU os efeitos da pobreza são prejudiciais à vida humana e os

efeitos dela destroem o ambiente. Mas a riqueza consome muito mais energia e gera toneladas

Page 17: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

15

de resíduos em maiores amplitudes que a pobreza. A concentração de riqueza, de consumo, e

os maus hábitos modificam o ecossistema, pressionando o meio ambiente (IBGE, 2001).

Várias são as ações e consequências positivas e principalmente negativas da

industrialização. A consequência do grande número populacional resulta também em conflitos

que é outra questão marcante advinda das relações humanas que se vê por todos os âmbitos da

sociedade em graus que acompanham a evolução tecnológica e urbana. A desigualdade social

e a violência e as guerras são fatores de grande peso nas gestões políticas e toda a população.

Também desencadeiam toda uma vida equilibrada e saudável que a cidade deveria

proporcionar (MARICATO, 2013).

As transformações ocorridas na história das cidades foram conquistadas por meio de

lutas comuns. Atos e vanguarda que incidem e manifestações mudam o rumo de uma

sociedade. Os desenvolvimentos do processo de comunicação ampliaram-se depois da

industrialização e os atos de conflitos de grupos sociais e a segregação principalmente com

feitos da tecnologia.

Com toda essa evolução do Brasil e o desenvolvimento ligado à infraestrutura

econômica social e à globalização, os comuns problemas continuam a existir. A taxa de

desemprego que voltou em repressão nos dias atuais. A terra urbana permanece refém dos

interesses do capital imobiliário e as leis foram flexibilizadas. A classe de baixa renda

continua pagando o preço e saem prejudicados pela imobilidade e pela falta de outros recursos

e infraestrutura. Há mais subsídios para circulação de automóveis do que para o transporte

coletivo (MARICATO, 2013).

Com a globalização o território brasileiro passa por notável transformação,

demográfica, urbana, ambiental, além de social e econômica, além da conscientização e

mudanças na Legislação e Códigos Ambientais. Esse movimento criou um novo quadro

jurídico e institucional ligado às cidades, o Conselho das cidades e o Estatuto da Cidade, Lei

Federal, 2001 (MARICATO, 2013).

O processo de mobilização tornou-se cada vez mais acessível e as lutas pela cidadania

permeiam todo o sistema capitalista. O processo de mobilização está ligado à mudança, na

forma como as do processo de formação da consciência social. A cidadania precisa ser

concretamente exercida como uma prática sócio espacial, cotidiana.

Por toda problemática e mais algumas apresentadas do desenvolvimento capitalista e

crescimento populacional, entre lutas e conquistas, o quadro das cidades e sociedade continua

o mesmo. Os movimentos acontecem e as lutas aumentam, lutas de direitos, lutas de guerras,

lutas de interesses...modificando e construindo uma história.

Page 18: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

16

2 REVOLUÇÃO AMBIENTAL:

Antes mesmo desses protestos e movimentos marcantes do século XXI, houve um dos

movimentos sociais mais significativos da história ainda no século XIX, que ainda vem

transformando o comportamento de toda uma sociedade, no âmbito político e econômico

desde então: A revolução Ambiental.

Depois da Revolução Industrial as primeiras preocupações que levaram essa questão

em pauta no século XX emergiram depois do impacto ocasionado pelo desastre da 2ª Guerra

Mundial e o trágico ataque em Hiroshima e Nagasaki. A degradação das cidades e os efeitos

da revolução Industrial. Logo após a Guerra, as questões ambientais tomaram uma expansão

mundial. Hábitos e conceitos foram questionados conscientizando a importância de cuidar do

nosso habitat para se viver em melhores condições no presente e no futuro. A tecnologia e a

ciência também foram questionadas, uma vez que as evoluções cientificas e tecnológicas

deveriam ser voltadas ao real benefício à vida da sociedade.

Até o século XX, o meio natural era considerado como um obstáculo, como uma

barreira que condicionasse bloqueando o desenvolvimento mundial, apenas como elemento

levado em consideração. A ciência e a tecnologia sempre vinculadas se desenvolveram

rapidamente nesse século com o ápice da revolução industrial e desenvolvimento tecnológico.

A diversidade e a agilidade causadas pela pratica do “sem apego”- no qual produtos não são

bens duráveis gerando um fluxo de compra, e consumo muito grande entre os maus, está

destruindo o espaço.

Com tanta gana para tirar mais lucros das maquinarias, a pressão econômica muitas

vezes provoca impactos negativos irreversíveis ou de difícil recuperação. As ações dos

homens de péssima intenção, como o desmatamento, como as próprias atividades produtoras,

como (as corrupções e falcatruas), as atividades petrolíferas, a agricultura, as pastagens para a

criação de gado, a mineração, entre outros, também contribuem para a degradação do meio

ambiente. Sem esquecer-se dos lamentáveis acontecimentos catastróficos naturais. Hoje as

negativas pressões exercidas pelo impacto ambiental são sentidas de alguma forma em todas

as partes do mundo. O que se faz ver notavelmente, a rever o cotidiano, as atitudes e modo

que agimos sobre o meio e com as relações do meio social. A questionar hábitos, consumo e

uso de recursos naturais.

No final dos anos 60, um derramamento de óleo na Costa Oeste da Inglaterra atingiu

consideravelmente o ecossistema. Horríveis cenas de animais mortos e várias praias

Page 19: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

17

contaminadas repercutindo no resto do mundo. Mais tarde um acidente ainda mais grave de

derramamento de óleo de um navio de petróleo encalhou, atingiu o Alasca. Pelo acidente 40

milhões de litros de óleo petrolífero foram derramados em área com extensão de 250km².

Ainda assim, depois de anos cientistas tentam verificar, medindo o impacto ambiental

causado por esse derramamento. Porém o mal não se mede, pois se alastra prejudicando a

sobre pesca, o equilíbrio ambiental, com a cadeia alimentar, entre doenças e mudanças

climáticas e desastres climáticos e naturais (RICCIARDI, 2009).

Em 1984, um acidente na fábrica de pesticidas Union Carbide na Índia, na cidade de

Bhopal, cerca de 200 mil pessoas foram mortas ou cegas devido ao gás tóxico. Até hoje

muitos sobreviventes sentem sinais de deficiências respiratórias entre outros danos (O

GLOBO, 2010).

Logo em 1986 aconteceu o maior acidente nuclear na Usina de Chernobil, na Ucrânia.

Produziu nuvens de radioatividade que atingiu boa parte da Europa. Algumas áreas da

Ucrânia principalmente foram muito afetadas pela contaminação resultando na evacuação das

cidades. Os danos são irreparáveis e inúmeras vidas foram prejudicadas pelo desastre não

tendo ideia da quantidade de mortos devidos a doenças que vieram aparecer em longo prazo e

dificuldade de saber ao certo o motivo real dessas doenças, se estaria ou não ligados à

catástrofe. Naquela época o relatório da ONU constatou 56 mortes incluindo crianças e

estimulou a morte de mais de 3000 mil pessoas porvindouras de doenças relacionadas aos

danos do acidente (G1, 2016).

No Brasil, em setembro de 1987, um dos maiores casos de contaminação radioativa do

País aconteceu em Goiânia (GO). Dois catadores de lixo acharam um aparelho radiológico,

onde encontraram um pó branco que emitia luminosidade no escuro- florescência- nas ruínas

de um hospital. Esse material ao ser levado para um destino comum contaminou pessoas,

água, solo e ar, após 16 dias da exposição da radiação, que se descobriu o fato real e

começaram a combater a contaminação gerada. No mínimo cinco pessoas morreram, outros

sofreram as consequências em longo prazo originando doenças (G1, 2012).

Não deixando de citar outro dano mais recente no Brasil foi um vazamento

petroquímico na Bacia de Campos, na região norte fluminense do Estado do Rio de Janeiro

em 2011. Um vazamento de 15 mil barris de óleo correspondente a 2.384.809 litros numa área

de atividades petroleira, no campo Frade. São 2.379 quilômetros quadrados estimados pelo

satélite, de onde faz o cálculo médio de óleo derramado, se espalhando pela costa norte do

Rio de Janeiro. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

garantiu o controle de vazamento seguindo o cronograma estabelecido (G1, 2011).

Page 20: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

18

Essa considerada a maior tragédia ambiental do Brasil, ainda mais recente, o

rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) em 2015. O rompimento da

barragem provocou uma onda de lama com 10 metros de altura e 62 milhões de metros

cúbicos de despejos. Moradias e vidas, história dos habitantes que a lama levou e que tentam

se reerguer. São visíveis o estrago e os danos causados na flora, fauna e na economia, além de

pessoas desaparecida.

A diversidade do bioma brasileiro é riquíssima, própria dos climas tropicais, a

biodiversidade é algo valioso e se encontra vulnerável diante dos maliciosos interesses

políticos e econômicos que giram o mercado capital. As florestas estão sendo devastadas por

motivos individuais gananciosos e nem sempre ilegal. Seja pelo desmatamento, seja por

tráfego de recursos naturais e da fauna, seja por interesses de concessionárias movidos ao

capital. E o prejuízo recai sobre todo ecossistema. Segundo Vitor, (2002) a Mata Atlântica é a

mais ameaçada e a quinta no mundo, tendo sido devastados 97% e sua área. São 150 mil km²

de floresta tropical são devastadas por ano, e no Brasil são 20 mil km² de floresta Amazônica.

A fauna brasileira é uma das mais ricas do mundo, contendo a maior diversidade de

aves na América do Sul. Nessas terras encontram-se espécies raras (IBGE, 2015). Apesar de

todo desmatamento e práticas maliciosas- legais ou ilegais- o bioma brasileiro se encontra

diverso e sendo zelado por proteção e institutos ambientais para se controlar as espécies.

Segundo Wallaver, (2000), o Brasil continha 10% das espécies de répteis e mamíferos do

mundo, 17% das espécies de aves. Além de 100.000 espécies de invertebrados, sendo o maior

país em diversidade de primatas e anfíbios.

Toda essa diversidade na fauna brasileira, distorce a ideia de abundância, que não

procede. Vários fatores no país, tem provocado a diminuição drástica da diversidade da fauna,

de modo a comprometer algumas espécies em determinadas regiões. São 218 espécies de

animais, dentre 67 mamíferos, 109 aves, 01 repteis, e 32 invertebrados e outros (IBGE, 2018).

Infelizmente os acidentes ambientais são inúmeros, maiores do que os citados, o que

abala todo ecossistema. A consciência já existe. Nos anos 60 surgiram as ONGs-

Organizações Não Governamentais de ação que trata do movimento ambientalista e das ideias

de autogestão. O objetivo principal das ONGs é pressionar as inciativas privadas e

principalmente os Estados, que muitas vezes, por sua vez, estão ligadas aos interesses

econômicos e financeiros das indústrias e do capital. A grande influência desse movimento se

posiciona no mundo atual, com expressão de políticas públicas e alertando o resto do mundo.

Page 21: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

19

Antes da ocupação do território brasileiro pelos portugueses, os milhões de indígenas

que aqui habitavam sobreviviam basicamente da exploração de recursos naturais, por isso,

usufruíam de forma consciente (WALLAVER, 2000).

A primeira grande conferência internacional sobre a importância do meio ambiente foi

a Conferência das Nações Unidas em Toronto entre os dias 5 e 16 junho de 1972. Foi o

desastre no Japão, na baia de Minamata que despertou a urgência dessa pauta. O evento foi

um marco que conta com princípios que representam um manifesto ambiental global. A

iniciativa estabeleceu bases para a agenda ambiental da ONU. Segundo o trecho da declaração

da conferência de Estocolmo 1972, o meio ambiente tornou-se uma meta fundamental para a

humanidade e diz defender e melhorar o mesmo, para as futuras gerações (ONU, 2017).

A conferência de Estocolmo criou programas e comissões importantes como o

Programa das Nações Unidas para o meio Ambiente (PNUMA), também a (CMMAD),

Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Tais pautas estavam na

agenda dos assuntos nas discussões da ONU. A proposta desse conceito sustentável é

prioritária para países ricos que contribuem excessivamente para esse quadro crítico ambiental

(ONU, 2017).

Em 1981 foi criado um Órgão consultivo, o CONAMA, o Conselho Nacional do Meio

Ambiente que dispõe da política nacional pelo Decreto nº 88.351 de 1º de junho de 1983, art.

48 para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo art.18:

Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,

químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de

matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou

indiretamente, afetam:

I - A saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - As atividades sociais e econômicas;

II - A biota;

IV - As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V- A qualidade dos recursos ambientais.

A importante conferência aconteceu no Rio de Janeiro em 1992. A Conferência do

Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92) foi um grande feito resultando na Agenda 21 e

em Fundo Global. Uma das preocupações da reunião ECO 92 foi sobre a alteração Climática,

que procurou implementar regras de contenção de emissão de gases poluentes. Além de

abordar os padrões de desenvolvimento que causam danos ao meio ambiente, a Agenda 21

Page 22: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

20

inclui a pobreza e dívida externa dos países em desenvolvimento; padrões insustentáveis de

produção e consumo entre outras chamadas e programas (ONU, 2017)

Castells (1999) define ambientalismo como formas de vida que visam à

conscientização e a boa relação do homem para com o ambiente natural. Ele enfatiza que a

melhor forma de ambientalismo é a mobilização de comunidades, é a mobilização de acordo

com os sonhos e as vontades de idealização de um espaço em defesa do mesmo contra a

devastação do meio local.

Devido a esses movimentos ocorridos ao longo do tempo, graças às influencias dessas

correntes a questão ambiental tomou seriedade e faz parte de pautas políticas e tema de jornais

e mídia. Um processo lento mais não menos significativo no sentido de desenvolvimento e

evolução.

No livro “O direito a Cidade”, Lefebre (2004), aponta os filósofos Lewis Mumford, G.

Bardet, que imaginam o modelo de cidade ideal, feita por cidadãos livres, libertados da

divisão de trabalho de sexo, divisão de classes, formando uma comunidade como associados

para gestão social comum.

A cidade descrita pelo sociólogo urbano Robert Park (1967) é:

[...] a mais consistente e, no geral, a mais bem-sucedida tentativa do

homem de refazer a o mundo onde vive de acordo com o desejo de seu

coração. Porém, se a cidade é o mundo que o homem criou, então é

nesse mundo que de agora em diante ele está condenado a viver.

Assim, indiretamente, e sem nenhuma ideia clara da natureza de sua

tarefa, ao fazer a cidade, o homem refaz a si mesmo (p.3).

O filósofo britânico Jonh Gray em uma entrevista à Revista Época (29/05/2006)

expõe sua negativa suposição para o futuro:

A espécie humana expandiu-se a tal ponto que ameaça a existência

dos outros seres. Tornou-se uma praga que destrói e ameaça o

equilíbrio do planeta. E a Terra reagiu. O processo de eliminação da

humanidade já está em curso e, a meu ver, é inevitável. Vai se dar pela

combinação do agravamento do efeito estufa com desastres climáticos

e a escassez de recursos. A boa notícia é que, livre do homem, o

planeta poderá se recuperar e seguir seu curso.

Page 23: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

21

O censo de 2000, realizado pelo IBGE, aponta um crescimento de 22,5% de novas

favelas em 9 anos. Há 3.905 favelas no país, sendo 1.548 em São Paulo e 811 no Rio de

Janeiro.

Segundo Cozetti, 2001, cada brasileiro produz 1 Kg de lixo doméstico por dia, que se

equivaleria a toneladas no fim da vida. Se multiplicarmos pela população brasileira, não

conseguiria imaginar e ter a noção em média do tamanho do problema que é quantidade lixo

descartado.

O lixo é uma das problemáticas de todo mundo e o fato ainda se agrava quando o

mesmo é encontrado a céu aberto, podendo ocasionar em problemas diretamente na saúde da

população, como pode infectar todo ambiente. Muito material reciclável descartado na

natureza e muito material orgânico. O que poderia ser aproveitado, é descartado. O que

poderia se tornar um bem, não faz bem algum, gerando poluição ambiental.

Segundo a ONU, em um seminário em novembro de 2017, o Brasil desperdiça mais de

1 bilhão de toneladas de comida por ano, ou se perde antes mesmo de chegar a mesa dos

brasileiros. O que corresponde a 30% de toda comida do mundo. Não se entende como não

tem explicação, haver tanta gente passando fome. Essa tonelada desperdiçada seria o

suficiente para matar a fome dessa população carente.

Dados recentes fornecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD) mostraram que o mundo está consumindo 40% além da capacidade de reposição da

biosfera (energia, alimentos, recursos naturais) e o déficit é aumentado 2,5% ao ano

(COZETTI, 2001).

Relatórios da ONU apontam que 85% de produção e do consumo no mundo estão

localizados nos países industrializados que tem apenas 19% da população (VITOR, 2002).

De acordo com Bisso (2001), é estimado que sejam gastos no planeta 435 bilhões de

dólares/ano em publicidade. 15 bilhões de dólares seriam suficientes para acabar com a fome

do mundo, que mata 10 milhões de crianças por ano. Nós também somos culpados por essas

mortes uma vez que atendemos aos apelos da mídia e da sociedade de consumo (compre,

compre!).

2.1 A construção civil e os avanços tecnológico e emprego de novos materiais.

Como ressaltado os grandes impactos causados pelo homem, não deixando de citar, o

setor bem relevante pela importância das atividades humanas, o setor da construção civil.

Page 24: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

22

A construção é uma das maiores atividades humanas e mais antiga. Sempre vai haver a

necessidade de moradia, suas problemáticas, mas também, descobertas e possibilidades. Ser

sustentável em construção é entender que cada proposta se vê diferente, em determinado

lugar. O espaço é o ponto principal para se pensar num projeto como todo. Cada lugar tem

uma necessidade, já tem uma história e carrega suas características boas e ruins.

Principalmente uma obra com conceito sustentável, antes de construir, antes mesmo do

desenvolvimento do projeto, deve-se pensar nas condicionantes do local e suas influencias

sobre o meio.

Além dessas etapas de um projeto, a tecnologia na construção civil vem evoluindo e se

tornando crucial para o desenvolvimento dessa atividade, assim como vem evoluindo na

busca de opções entre a eficiência e produtividade do setor e do mercado. A tecnologia bem

aproveitada, deve estar relacionada a eficiência dos materiais à mão de obra. Permite curto

prazo de construção, racionalizando o tempo, sendo eficiente. Como está também presente em

todas as fases do projeto. Desde o princípio com softwares de desenhos, à cálculos estruturais.

Na relação do tempo com a gestão e organização de materiais que permitem um controle mais

eficaz das etapas da construção. Dessa forma otimiza o trabalho, tornando mais produtivo,

evitando desperdícios e perda.

A tecnologia na construção civil, como o próprio mercado de materiais ecológicos e

considerados sustentáveis, faz parte de uma mudança lenta de cultura, em que buscar algo

eficiente, não requer só a tecnologia de nova geração e sim uma tecnologia de inovação. O

que implica, na maioria das vezes em custos, mas também é um investimento viável no

mínimo ao longo do tempo, uma vez que a tecnologia se comprometa a trazer benefícios de

conforto junto a diminuição de uso dos principais elementos naturais no decorrer da vida, do

uso.

Nada mais eficiente que opções inteligentes junto com respeito a matéria prima.

2.2 Bioarquitetura

Apesar da falsa ideia de que uma construção verde é mais cara, tornar uma edificação

sustentável é no mínimo economizar algumas fontes como economia de energia e água, e por

isso o custo maior inicial é compensando com o tempo pela redução das tarifas de

consumo. O tratamento de resíduos e outras práticas sustentáveis, como a reciclagem, têm por

Page 25: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

23

objetivo construir obras e espaços com custo zero para o meio ambiente e junto, proteger o

entorno.

Um nome importante que irradiou a esfera da arquitetura ligando-a com lixo reciclado

é Michael Reynolds. Ele visa alcançar a habitação que se sustente, mas também se adapta as

mudanças climáticas e ações do tempo. Sua ideia de “lar” é única. Uma chance de dar uso a

materiais descartados como pneus de borracha, garrafas de vidro, latas de alumínio entre

outros resíduos. Essas são ajustadas e empilhadas com bastante terra batida. As aberturas, a

ventilação, são devidamente ajustadas de acordo com a orientação geográfica e climática para

melhor ganho em conforto (ARCH20).

As técnicas de construção de Reynolds são eficazes, não exige mão de obra

qualificada. Ele uniu os materiais renováveis, com a tecnologia (Figura 2). Michael Reynolds

e sua empresa Earthip Biotecture, entregam suas obras acessíveis, sustentáveis em curto prazo

(ARCH20).

Figura 2: Escola sustentável, Uruguai.

Fonte: ArchDaily, 2016

Page 26: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

24

3 CONDOMÍNIO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES:

Cada cidade tem sua caraterística e tem uma forma de realizar a gestão pública. E essa

forma faz diferença.

A cidade é força de trabalho, e também de juros e rendas. É uma disputa entre aqueles

que querem uma cidade bem estruturada com melhores condições de vida e aqueles que visam

ganhar lucros (MARICATO, 2013).

Ao observar as cidades, as configurações territoriais e suas transformações, que

marcam o processo de urbanização brasileira, observa-se também as formações chamadas de

condomínio. Seu surgimento é recente, década de 70, e ainda cresce esse tipo de formação de

habitat.

Existe discussões e falta de compromisso por parte dos interesses públicos em relação

à Legislação do parcelamento do solo da cidade de Campos dos Goytacazes, Rio de janeiro.

Segundo a Lei nº 7.975/2008, o parcelamento do solo urbano deve ser feito pelo

desmembramento e loteamento, tendo a obrigatoriedade de oferecer ruas, circulação,

equipamentos comunitários e espaços livres para uso público. Na Legislação do parcelamento

do solo não respalda especificamente pautas sobre condomínios, deixando uma brecha para

cada fórmulas-normas- internas com respectiva independência. Dessa forma, da oportunidade

de surgimento de condomínios de variados enclaves (Manhães; Arruda).

A Legislação urbanística da cidade se encontra completamente atrasada se tratando da

regulamentação, de controle de novos projetos de condomínios e organização da cidade como

todo. Afinal, a cidade não para ela só cresce. As Leis deveriam seguir esse desenvolvimento

inevitável (Manhães; Arruda).

Foi feita uma tese, sobre os condomínios fechados de Campos, que contém um

levantamento de espacialidade dos condomínios de médio e alto existentes na malha urbana

do território, para se ter a relação e paralelo entre eles e notar como esses condomínios estão

sendo responsáveis pela transformação do solo.

Condomínio horizontal fechado, é um conjunto de unidades residenciais, que é

privilegiado pela praticidade, cercada e protegida por muros, guaritas e responsáveis. Contém

toda uma estrutura urbanística podendo haver espaços comuns e verdes, onde os moradores

socializam e compartilham esses espaços. As áreas comuns pertencem a todos os condôminos,

não sendo permitida a divisão ou alienação dessas áreas, nem a utilização exclusiva por

qualquer morador, segundo a Lei Federal nº 4.591/1964, art. 3º.

Page 27: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

25

De acordo com a constituição Federal de 1988, inciso I e VIII, artigo 30, compete aos

municípios, legislar sobe assuntos de interesse social, também promover ordenamento

territorial, planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.

Como não existe legislação municipal, alinhada, coerente que atue perfeitamente em seus

ofícios, a terra fica à mercê da especulação atendendo somente aos interesses individuais e

imobiliários.

Em muitos empreendimentos, nota-se um claro descuido da implantação da proposta

de determinados condomínios. Sabe-se que cada pessoa já é o próprio impacto, imagina um

condomínio ou um empreendimento multe-residencial, um edifício, que aglomera e modifica

o espaço? Alguns projetos fazem aumentar a aglomeração de pessoas por todo âmbito do

empreendimento, agitando e modificando todo cenário. Muitos dos condomínios fecham ruas,

mexendo todo traçado urbano e sobrecarregando outras ruas, até mesmo bairros, como por

exemplo os condomínios ao lado do shopping Boulevard, entre outros, nos quais nota-se uma

diária aglomeração em determinados horários do dia (Manhães, Arruda).

Importante apresentar a Legislação municipal do parcelamento do solo urbano, para

fins urbanos, o art. 4º, inciso III: Condomínios. Lei 7.975/2008, de Campos dos Goytacazes. E

no art. 2º, inciso XIV, trata de condomínio urbanístico integrado: a edificação: “[...]

modalidade de condomínio em que a construção das edificações nos lotes é feita pelo

empreendedor, concomitante à implantação das obras de urbanização; [...]”. Geralmente são

muitos condomínios aprovados em várias condições.

Os condomínios horizontais fechados surgiram na década de 80, e Lei vigente é de

2008. Logo, nota-se que até então nada mudou, não houve revisão da lei e a mesma não

resguardou esse tipo de habitação. A aprovação do Plano Diretor não contemplou as leis de

condomínios.

O Plano Diretor é a principal lei que trata da organização territorial da cidade. Na qual

se intervém de opinião pública e moradores. Portanto, é o Plano Diretor, do estatuto da cidade

que informa e destina cada área no âmbito territorial da cidade.

Campos dos Goytacazes, é uma cidade em desenvolvimento e uma expansão territorial

razoavelmente grande, com grande oferta de terras. Terras que outrora era ocupado por

plantação canaviais por toda parte.

A cidade se expande ainda mais, pelo valor mais alto estimado nas áreas centrais. Com

a grande exploração petrolífera e toda as descobertas, Campos dos Goytacazes teve um

crescimento apreciável e com as oportunidades, consequentemente, houve também um

crescimento significativo no mercado imobiliário (Manhães, Arruda).

Page 28: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

26

Um levantamento realizado em Campos dos Goytacazes, constatou 32 condomínios

fechados, de médio e alto padrão no período de 1991 a 2014 (Figura 3). Com mapa de

localização dos mesmos (Figura 4).

Figura 3: Relação de condomínios fechados em Campos dos Goytacazes, Rj.

Fonte: Elaborado pela autora (2016), com dados fornecidos por Campos dos Goytacazes, Rj.

Page 29: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

27

Figura 4: Mapa de condomínios fechados em Campos dos Goytacazes, Rj.

Fonte: Campos dos Goytacazes (Município).

Em 1980 formava os primeiros condomínios da Av. Alberto Lamego, local que na

época não havia muito habitação, de pouco uso. O cenário muda drasticamente, depois da

sede da Universidade Estadual do Norte-Fluminense-UENF, em 91. A avenida passou a ter

mais estrutura e equipamentos comerciais.

Observa-se, contudo, que nos últimos anos a cidade desenvolveu, e com isso se

instalaram as corretoras, as empreendedoras de imóveis e as muitas construtoras brasileiras de

empreendimentos, como a MRV, TENDA e ARCO.

Na figura 5, a localização desses condomínios, se expande nas extremidades, para

incentivar o crescimento naquele meio urbano e a valorização da especulação imobiliária.

Page 30: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

28

Figura 5: Condomínios fechados em Campos, Rj.

Fonte: Autora (2016), com dados obtidos no Google, Earth (2016).

A organização da cidade e da malha urbana vão sofrendo transformações ao longo do

tempo, e essa transformação é decorrente de diversos fatores.

Para se ter base sobre o domínio e controle sobe o uso do solo, foi feito um

levantamento de condomínios na própria cidade de Campos dos Goytacazes, além dos estudos

acima realizado, para ter além de referência, um paralelo de condomínios.

O condomínio Bosque das Acácias, localizado na Av. Alberto Lamego, tem 45.534,00

m² de área, implantado com 89 lotes. São 29.548,60m² de lotes de 12x36, m². Um condomínio

de casas de 300m² em média (Figura 6), com uma pequena e desconfortável salão (sala) de

encontros, quadra de esporte pequena (Figura 7), pouco aproveitada segundo morador, e não

provê nenhuma área verde (Figura 8).

Figura 6: Condomínios Bosque das Acácias.

Fonte: Própria.

Page 31: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

29

Figura 7: Quadra do Condomínios Bosque das Acácias.

Fonte: Própria.

Figura 8: Condomínios Bosque das Acácias.

Fonte: Própria.

Com todos os contra partidos sobre implantações de condomínio fechado, citados

acima, entre outras preocupações sobre a organização espacial e uso do solo, como tipologia

habitacionais, da cidade Norte Fluminense, o desafio é grande e de interessante

contextualização e conceituação. Passando pelo pressuposto que os condomínios existem e

vão continuar a existir, cabe aos profissionais civil apresentarem proposta de menor agressão

e impacto em todo seu entorno. Cabe aos profissionais não se conformar diante das mazelas

dos grandes senhores, agindo pelos interesses de alguns, beneficiando somente os interesses

dos empresários e imobiliários.

Page 32: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

30

4 REFERENCIA DE PROJETO:

4.1 Casa de Pneus, São Paulo.

4.1.1 Contextualização

Em São Paulo foi construída uma casa ecológica, uma das pioneiras no Brasil. A dona

da casa disse que a casa de pneus é resultado dos anos vividos pelo mundo que pode

acrescentar e enriquecer suas ideias. Segundo eles, são as paredes que sustentam a casa, não

as colunas. (Ciclo vivo, 2013).

4.1.2 Aspectos Tipológicos

Toda a casa é feita de pneus, contando com muros, escada, e até na estrutura da

piscina, contando com uso de mais de 4 mil pneus ao todo (Figura 9).

As paredes grossas mantêm o ambiente fresco a 25° C, independente do clima e

estação do ano (Figura10).

Figura 9: Construção casa Orgânica, São Paulo.

Fonte: Ciclo Vivo, 2013.

Page 33: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

31

Figura 10: Casa Orgânica, São Paulo.

Fonte: Ciclo Vivo, 2013.

4.2 Escola Sustentável em Jaureguiberry, Uruguai.

4.2.1 Contextualização

A primeira escola pública sustentável da América Latina foi projetada pelo método

construtivo alternativo, desenvolvido pelo arquiteto norte americano Michael Reynolds já

mencionado (Arch Daily, 2016).

A edificação de 270m² em Jaureguiberry, é composta de 60% de materiais reciclados

em média e foi levantado em apensas sete semanas (Figura 11).

Figura 11: Casa Orgânica, São Paulo.

Fonte: Ciclo Vivo, 2013.

Page 34: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

32

4.2.2 Aspectos Tipológicos

O grupo Reynolds, a equipe Earthship, procuram o máximo aproveitamento dos

elementos naturais. Na escola foi implantada de acordo com a orientação do Norte, para

aproveitamento máximo da luz e energia solar. Ainda usa vidro em todo corredor das 3 salas

de aula e das duas áreas de serviço. (Figura 12). O que contribui para uma fachada simples de

vidro e madeira.

Esse corredor, por sua vez, caminha para produção de alimentos, por uma horta no

exterior (Figura 13).

Figura 12: Corredor da Escola Sustentável, Uruguai.

Fonte: Arch Daily, 2016.

Figura 13: Horta, Escola Sustentável, Uruguai.

Fonte: Arch Daily, 2016.

Page 35: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

33

4.2.3 Aspectos Tecnológicos

Além de autossuficiente, a escola sustentável, utiliza cisterna e água capitada da chuva

para usos diários domésticos. Além de conter fossa séptica também criada com materiais

reciclados. É usado painéis fotovoltaicos para geração de energia além de um armazenamento

central.

Foi feito um muro de contenção a base de pneus preenchidas com pedregulhos

compactado, onde contém o talude na parte de traz da edificação (Figura 14). A parede de

pneus e a técnica usada, permitiu a climatização das salas (Figura 15).

Figura 14: Muro de contenção, escola, Uruguai.

Fonte: Arch Daily, 2016.

Figura 15: Parede de pneus, Escola Sustentável, Uruguai.

Fonte: Arch Daily, 2016.

Page 36: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

34

A proposta de Reynolds, envolve a participação social de mais de 150 pessoas, que

além de viabilizar a construção da escola em prazos mais curtos, transfere o conhecimento do

próprio sistema utilizado para a comunidade (Figura 16).

Figura 16: Horta, Escola Sustentável, Uruguai.

Fonte: Arch Daily, 2016

4.3 Eco Vila Santa Branca/ GO

4.3.1 Contextualização

O projeto Ecovila Santa Branca é um condomínio no município de Teresópolis de

Goiás que funciona desde 2003, moderno segue diretrizes de uma unidade sustentável e

ecologicamente correta. É um condomínio horizontal com florestas temáticas, viveiro, trilhas

e ciclovias, ruas em nível, jardins produtivos, praças, centro de convivência e quadras de

esporte, além de todos os outros benefícios que um condomínio horizontal comum pode

oferecer como energia, água, segurança etc.

Além da preocupação com a biodiversidade da fauna e flora preocupa-se também com

o solo. Em todo condomínio há canais de infiltração e apenas as ruas principais são asfaltadas.

Como a proposta da Ecovila Santa Branca, outra exigência será implantada no projeto

do condomínio, na qual cada casa possuirá sua própria fossa ecológica para destinação da

água negra.

Page 37: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

35

4.3.2 Aspectos Tipológicos

A Santa Branca foi planejada totalmente dentro dos conceitos da permacultura. No

condomínio são aplicadas algumas normas de melhoria como a proibição de muros e cercas

de arames por questões estéticas e principalmente por não impor limite aos animais de

algumas espécies facilitando a mobilidade; não são aconselháveis gatos cachorros e outros

animais da região para evitar a prática de caça aos animais da área, mais de acordo com os

conceitos de “liberdade” das Ecovilas.

De acordo com os registros feitos, mostra condomínio horizontal com florestas

temáticas, viveiro com mais de 5.000 mudas, trilhas, ciclovias, ruas em nível, jardins

produtivos, praças, centros e convivência e quadras esportivas (Figura 17).

Figura 17: Vista geral da Eco vila Santa Branca.

Fonte: Mayara Cruvinel.

Essas características de preservação e incentivo às espécies de biomas brasileiros

principalmente nativos serão sugeridas como atividades corporativistas ligadas a adultos e

principalmente empregada como atividades educativas para as crianças, na proposta da Vila.

É de suma importância a sagacidade de cada indivíduo de produzir e preparar seu próprio

alimento. Replantando e adubando o solo, como se aproveita da terra, retribui da mesma

forma, dando-a condições de continuar semeando.

Pela questão do controle das plantações praticadas pelas atividades da comunidade

Santa Branca, implantou-se um viveiro com mais de 5 mil mudas na qual utilizam para

plantio e replantio (Figura 18).

Page 38: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

36

Figura 18: Vista parcial do viveiro da Eco vila Santa Branca.

Fonte: Mayara Cruvinel.

4.3.3 Aspectos Tecnológicos

O uso de energia solar é usado em mais de 90% das residências (Figura 19).

Figura 19: Placas de energia solar da Eco vila Santa Branca.

Fonte: Mayara Cruvinel.

É de extrema importância que se consiga suprir maior parte da enérgica elétrica da

Ecovila, seguindo a referência da comunidade Santa Branca, seja como energia elétrica ou

para aquecimento de água. A sustentabilidade e a tecnologia, juntas são indispensáveis para a

excelência e execução de um projeto.

Page 39: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

37

4.4 Ecovila Tiba, São Carlos/ SP

4.4.1 Contextualização

A Ecovila Tiba funciona sem fins lucrativos, de cunho associativo, um pouco parecida

com a o modelo jurídico de um clube recreativo. A comunidade busca proteger a harmonia do

grupo de moradores, evitar que haja especulação quanto ao valor da propriedade e permitir

que um associado contribua com o meio natural e com as tarefas (Figura 20).

O objetivo é a criação de sistemas ecologicamente corretos e economicamente viáveis,

com um mínimo de trabalho humano e o máximo de benefício.

A proposta da Ecovila seria concebida basicamente:

• Área de convivência social

• Área de moradias

• Área destinada à agricultura, reflorestamento e preservação.

Figura 20: Panorama da Vila Tib,2007.

Fonte: TIBÁ, 2012.

4.4.2 Aspectos Tipológicos

A entrada única de acesso a Ecovila se daria por uma estrada principal entre um

bosque (nativo ou reflorestado) levando diretamente ao Centro da comunidade, área de

convivência social bem como a maior parte dos equipamentos comunitários distribuídos da

área. A área central é uma área comum recreativa de todo gênero (Figura 21 e 22). Existe uma

área de recepção da Vila para qualquer dúvida e informação.

Ao redor ficam distribuídos os demais setores de atividades profissionais, cursos,

oficinas, ateliês e as moradias. Existem três propostas de implantação das moradias visando

atender melhor às necessidades de cada um:

Page 40: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

38

• Uma proposta de implantação em Vilas, com implantação isoladas nos lotes de

forma singular, com traçado orgânico acompanhando a topografia, com

relativa à proximidade com outros moradores, usando cerca viva para a

separação e privacidade.

• A segunda proposta, as casas se concentrariam nas muito próximas umas das

outras, criando-se uma área central comum de convivência- uma varanda

comum, por ex.- possibilitando a convivência.

• A terceira proposta é dissipar a distribuição das casas localizadas no bosque,

mantendo uma relativa distância entre elas.

Figura 21: Espaço Comum.

Fonte: Rede Social- Facebook- Ecovila Tibá

Figura 22: Espaço Comum.

Fonte: Rede Social- Facebook- Ecovila Tibá

Page 41: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

39

A comunhão é um dos conceitos da Ecovila a ser empregado e incentivado. Áreas de

convívio e socialização são fundamentais para que funcione um sistema cooperativo. Será

proposto diversas áreas para diversas atividades comuns de modo que se consiga um conforto

e que dê aos usuários a mesma tranquilidade de estar em casa.

A prática de plantio de diversos alimentos orgânicos é outro fator comum entre as

ecovilas existentes como a Ecovila Tibá (Figura 23). Parte dos alimentos consumidos pela

comunidade são alimentos próprios que garantem a qualidade dos alimentos e a saúde de

quem consome- maior parte, moradores.

Figura 23: Horta Comunitária.

Fonte: Rede Social- Facebook- Ecovila Tibá.

4.4.3 Aspectos Plásticos

Figura 24: Arquitetura.

Fonte: TIBÁ, 2012.

Page 42: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

40

O projeto da Ecovila, é baseado em sistema de construção Permacultura que é um

sistema de design de ambientes humanos sustentáveis. Ela lida com animais, plantas,

edificações e infraestruturas estabelecendo relacionamentos entre eles através da forma de

implantação no terreno (Figura 24).

Algumas janelas de alguns sanitários são circulares se destacando com a

parceria da cor escolhida para as edificações. Um tom avermelhado complementa a paisagem,

se juntando com verde, tornou a vila ainda mais agradável aos olhos (Figura 25).

Figura 25: Janela.

Fonte: http: TIBÁ, 2012.

4.5 Serenbe, Estados Unidos

4.5.1 Contextualização

A comunidade de Serenbe foi projetada com objetivo de ser uma sociedade

autossustentável. É uma área rural, porém com padrões urbanos.

A Vila de Serenbe, se destaca pela quantidade de flores além do verde. Existe jardins e

vasos com flores na porta das casas. Em todas as ruas, há verde e cores alegres suas ruas

(Figura 26).

Page 43: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

41

Figura 26: Eco Serenbe.

Fonte: Instituto de Arquitetos, 2015.

Ótima referência para se adaptar no anteprojeto Ecovila, de muito bom gosto a

organização das casas, a distância entre elas e principalmente as cores das casas e das flores.

Além da harmonia do meio diante da disposição das residências e pelas cores, se vê também

harmonia no ambiente, no clima entre alguns perfumes.

4.5.2 Aspectos Acessíveis

Suas lojas e restaurantes ficam em ruas feitas para priorizar a circulação de pedestres,

estimulando a caminhada e diminuindo consideravelmente o tráfego de carros no lugar.

O piso da comunidade hora é saibro hora é chão batido facilita o percurso e prioriza o

pedestre.

Page 44: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

42

5 PROPOSTA:

5.1 O conceito

Este trabalho tem como conceito o respeito à vida. O orgânico é o conceito da

proposta do condomínio e a praça de todos. A valorização da vida e a terra que se vive a vida.

O orgânico da implantação ao estilo de vida. Com preceitos humanos e sociais de uma

comunidade que busca se unir e trazer mais qualidade de vida, respeitando os limites da terra

e seus limites. A consolidação do projeto da Vila emprega o conceito social agregando todo

entorno e toda a cidade uma vez que se torna referência de proposta inovadora no âmbito

social e na construção civil (Figura 27).

Figura 27: Parte da vista do conceito.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

5.2 A área da proposta

A proposta do projeto foi desenvolvida na área posterior pertencente anteriormente ao

anexo que hoje é as instalações do Asilo do Carmo no Bairro Alphaville, entre a avenida

Arthur Bernardes e a rua José Ildefonso Evangelista na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ

(Figura 28, 29). Este local conta com 7 unidades de habitação social, na Avenida Arthur

Bernardes e conta com arborização e árvores mantidas (Figura 30).

Page 45: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

43

Localizada na zona residencial 4, de perímetro urbano da cidade de fácil acesso e fluxo

(Figura 31).

Figura 28: Localização da proposta do Anteprojeto.

Fonte: Google, 2017.

Figura 29: Localização da proposta do Anteprojeto.

Fonte: Google, 2017.

Page 46: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

44

Figura 30: Imagem de um pedaço do local da proposta.

Fonte: Própria, 2017.

Figura 31 – Zoneamento da área de intervenção.

Fonte: Campos dos Goytacazes, 2008.

No perímetro, contém todos os comércios e serviços necessários, entre padarias,

supermercados e farmácia para todo lado.

Nota-se no bairro Alphaville e nos bairros vizinhos, uma carência de praças e lugares

públicos. Os arredores permanecem escuro, sem iluminação, sem movimento, sem segurança.

Contém hoje iluminação apenas em alguns pontos em volta da gleba inteira.

Partindo dessa carência de equipamentos para comunidade, foi notado essa

necessidade, e além de propor o condomínio consciente, foi pensado em uma praça pública

que atenderá a parte necessária que conta com praça, um centro social cultural ambiental e

horta pública.

Page 47: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

45

Na gleba da proposta contém unidades residenciais já existentes no local, no lado da

Arthur Bernardes. Um local já transformado uma vez e que ainda precisa de cuidados. Esses

são os vizinhos do condomínio e que contemplará com a praça ao lado e com as vantagens

que a área social proporciona.

5.3 A implantação

A disposição dos locais do condomínio foi elaborada levando em conta a insolação, e

a direção predominante do vento. Também foram respeitadas como parte do conceito as

árvores do local, que não são poucas. Essa área continua, demarcou limitando a disposição

dos anexos do condomínio, servindo de área verde e contemplação.

O acesso ao condomínio se faz pela Rua Antônio Manoel. Todo acesso e toda

setorização foi simplesmente pensada tendo em vista as prioridades. Ao acessar o condomínio

percebe-se o caminho da rua que o leva para qualquer setor diretamente, com linhas simples e

continuas que se seguidas levam ao portão de saída do condomínio. O fluxo segue rápido e

simples. Causando pouco impacto quanto dentro quanto fora do condomínio.

O Anteprojeto elaborado para as instalações do condomínio, tem 24.728,86m². Consta

na implantação (Figura 32):

O projeto da Gleba conta com o seguinte programa:

- Unidades pré-existentes

- 38 Unidades residenciais

- Área saúde-exercício físico

- Horta Vila

- Espaço comum (Espaço criança, área de reciclados, área de apoio, área comum)

- Áreas verdes

- Centro cultural ambiental - Externo

- Horta comum- Externo

Page 48: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

46

Figura 32: Estudos de Implantação- Setorização

Fonte: Arquivo pessoal, 2017

Perspectiva da Implantação (Figura 33).

Figura 33: Vista Implantação.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Page 49: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

47

5.4 Espaço comum- Condomínio

Na estrada da Vila, do lado esquerdo, conta com a horta do condomínio, onde a feira é

toda deles. Mas sem desperdício é claro. Além de ser livre para os moradores, os alimentos

poderão ser utilizados também na área comum ou destinado ao Asilo do Carmo quando

exceder o cultivo.

O objetivo da edificação comum é tornar o condomínio unido. Um local de encontro,

socialização, aulas e muito aprendizagem em conjunto. A proposta dos setores levou a área

implantação do espaço comum para a área central, certificando-se melhor localização estando

no centro, no coração do condomínio. De fácil acesso e fluxo.

O Anteprojeto elaborado para as instalações da área comum, tem 743,00m² de área

ocupada. Consta na implantação:

- Salas de aula criança (sanitários)

- Salas de depositar o lixo

- Salas de apoio e DML

- Área Comum (cozinha, salão, sanitários)

- Área verde

Nessa edificação comum, central, foi erguida paredes de pneus, em toda parede

externa. O processo é mais demorado, mas como não é uma unidade unifamiliar, vale a pena

a opção. A medida que for construindo o condomínio, vai se erguendo a edificação comum. A

cinta feita de pneu e as paredes externas, ajuda na estrutura da cobertura, protege a edificação

das intempéries e contribui para o conforto, principalmente o conforto sonoro. Dessa forma,

os pneus protegem o salão de encontros e festas, contribuindo para não propagar o som para

fora do mesmo, abafando-o, protegendo o condomínio e para o bem comum. Ainda contribui

para a economia e gastos do empreendimento e vantagens já citadas.

Os pneus serão preenchidos com terra compactada, amontoando-os verticalmente com

a mesma técnica, uns nos outros, deixando-a bruta, firme.

As salas destinadas às aulas, é uma iniciativa para que as crianças possam passar seus

dias ou suas tardes em salas, brincando e aprendendo, sendo coordenado pelos próprios

moradores, organizados por eles, seja com o que for de útil e bom grado. Seja mulher,

homem, criança ou jovem.

Os pais poderão sair para as suas atividades enquanto seu filho está seguro, tendo

atividades construtivas de responsabilidade recreativa ou educativa.

Page 50: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

48

Aos poucos, com muita responsabilidade e organização, com a ajuda de muitos, a

pequena área comum, pode agregar tamanho desenvolvimento que poderá até substituir

escolas infantis, antes de irem para a escola, para o ensino fundamental. Ao invés de pagar

uma creche abusivamente cara, longe e muita das vezes não tão preparada, os pais e o

condomínio, podem contribuir para construção desse desafio.

Juntos, uns com os outros, as crianças além de aprenderem coisas básicas essenciais

para a vida, frequentemente se deparar com temas também sobre: terra, horta, plantio,

educação alimentar, lixo- reciclar. Muito lazer e muitas atividades que incentivara o

desenvolvimento criativo da criança. Até mesmo o lixo da Vila que é separado pode servir

paras várias atividades criativas, como serve também de exemplos que as crianças vão

crescendo tendo racionalidade e um nível de consciência mais coesa.

Vivenciando na vila, além de entenderem sobre o problema do lixo por toda parte,

sobre a separação do lixo em seu condomínio, vão entender o caminho que as embalagens

fazem depois que sai de casa virando lixo.

Muito bom seria deixar seus filhos nas salas de atividades de seu próprio condomínio.

Seguro, no quintal de casa, que os próprios pais, com união de moradores educadores decidam

junto com as aprendizagens básicas, os caminhos das demais aprendizagens.

Quanto mais a sociedade se unir com cooperativismo, cuidado, empatia, envolvimento

um do outro, mas ela se tornará independente. É cuidar da sua volta, é fazer o que pode, é ter

o poder de transformação. É não aceitar os problemas sociais e urbanos, é não se acomodar.

A área de recolhimento do lixo fica próximo à área das crianças. Esse local é onde

separa o lixo todo o condomínio. Todas as unidades residenciais têm que cooperar e enviar os

resíduos secos para esse local, que é separado e descartado a seus devidos destinos. Também

pode ser utilizado para alguma atividade tanto com as crianças, quanto na Escola Educativa.

Qualquer utilidade do lixo transformado, é menos resíduo acumulado e mais ganho para o

ambiente.

As salas de apoio servem para guardar qualquer tipo de maquinário do condomínio.

Objetos de trabalho de jardinagem, hortas, terra, ect.

A edificação comum conta também com o salão comum de festas e reuniões, os

sanitários e uma cozinha comum, para qualquer eventualidade. Atrás da edificação comum,

conta com uma área verde. Veja a foto da proposta inicial (Figura 34). Outras perspectivas da

edificação comum do condomínio (Figura 35, 36).

Page 51: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

49

Figura 34: Proposta inicial- Espaço comum.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Figura 35: Vista 1 da implantação do espaço comum.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Figura 36: Vista 2 da implantação do espaço comum.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Page 52: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

50

5.5 Unidade Residencial

Para construção das unidades no condomínio, o pré-requisito de acordo com o

conceito, é apenas seguir algumas exigências sustentáveis ou ecológica de próprio interesse,

não podendo apenas, ser construídas edificações com paredes de alvenaria tradicional, de

tijolo de barro. Além de seguir as normas sobre o lixo que será recolhido. As demais técnicas

de construção e tecnologia que sustente o discurso de construção sustentável, será aceita.

Foi proposto, duas unidades residenciais, apenas como protótipo de projeto unifamiliar

para se implantar na área do condomínio. Com dois e três quartos (Figura 37,38).

Figura 37: Vista da Fachada Unifamiliar- 1 Quarto.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Figura 38: Vista Unifamiliar

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Page 53: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

51

As unidades estão projetadas de acordo com a posição geográfica e insolação. As

aberturas estão devidamente atendendo a ventilação cruzada e assim o conforto interno.

Contribuindo com o conceito e contribuindo para retenção de gastos.

Um dos materiais utilizados, foi o tijolo ecológico que é uma outra alternativa de

emprego sustentável na construção civil, com ótimo desempenho. Pela sua composição,

cimento, terra e água e pelo seu processo de fabricação simples, por prensagem, o tijolo

coopera com o conceito sustentável, não havendo queima e poluente (Mapa da Obra, 2018).

Há vários tipos desses tijolos no mercado. Tijolos de encaixe sem argamassa, com

argamassa de PVA, com argamassa e de encaixe e outros. Além desses vários tipos, os tijolos

poderão conter resíduos, como a fibra natural de coco ou cana (Mapa da Obra, 2018).

É importante conhecer o produto, consultar as informações técnicas e ambientais para

saber se o produto respeita as normas técnicas. O tijolo de solo-cimento atinge, como está

normalizada na ABNT. O cuidado para não haver desperdício, faz parte do conceito

sustentável.

5.5.1 Unidade Residencial - 1 Quarto

Abaixo algumas vistas da unidade residencial de um quarto (Figura 39, 40, 41).

Figura 39: Vista da Fachada

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Page 54: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

52

Figura 40: Vista da Fachada

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Figura 41: Vista da Fachada

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

5.5.2 Unidade Residencial - 2 Quarto

Abaixo algumas vistas da unidade residencial de um quarto (Figura 42, 43, 44).

Figura 42: Vista unifamiliar

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Page 55: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

53

Figura 43: Vista Unifamiliar

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Figura 44: Vista Unifamiliar

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

5.6 A área social - Centro Cultural e Praça

Objetivo: Centro Cultural Ambiental, com estrutura curricular diferenciada, que

proporciona oportunidade de conhecimento e habilidades entre prática e teoria sobre assuntos

que estão ligados a conscientização ambiental e a socialização. O desenvolvimento dessas

atividades promove além de aprimoramento de técnicas construtivas, gera conscientização,

educação e assim multiplicação dessa ação nessas pessoas, crianças, jovens, pais e

educadores. Dando suporte e prioridade às pessoas de pouca renda. Melhorando suas vidas e o

futuro em geral.

Curso: Aulas, vivências, entre projetos alternativos e interdisciplinares, com os tais

temas: horta, solo, lixo, desmatamento, reciclagem, produção agrícola, entre outros.

O objetivo é resumido na necessidade da sociedade de cunho social, que seja voltado

ao conhecimento, envolvimento, ao fazer, ao saber fazer. Pode ser usado para atender a

comunidade (sociedade Campista) para quaisquer atividades como, aulas, palestras, bazares,

Page 56: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

54

eventos especiais gourmets como jantar sociais, entre outros. Dessa forma agrega as relações

sociais, agrega valores culturais e retoma os elos urbanos.

A área social é de responsabilidade pública e a intenção para viabilizar e materializar o

sonho, é contar com a comunidade e voluntários, entre estudantes e profissionais. Com ajuda

de muitos envolvidos, o local cria uma identidade, cria vínculos, tornando possível sua

implantação. Não esquecendo da importância de usar materiais renováveis, como foi usado, as

paredes de pneus também nessa edificação. Vista (Figura 45).

Outra maneira eficiente da utilização de pneus, é confecção os pisos de borracha. Os

Pisos ecológicos, estão se consagrando cada vez mais no ramo civil também para pisos e

revestimentos. Podem ser usados em qualquer área, sendo útil para todos os ambientes. É

ótimo para higienização e limpeza, e também é permeável, servindo e cooperando para

drenagem e escoamento de áreas externas (Pensamento Verde, 2014).

Se destaca pela grande resistência e durabilidade. Antiderrapante, a peça não quebra,

não lasca e não desenvolve fungos. Os pneus são coletados pelas empresas. Os fabricantes

fazem uma parceria com cooperativas de reciclagem, que contém hoje, mais de 700 postos

espalhados pelo Brasil. Os pneus são triturados e misturado com resina, com espessura de

15mm. A cada metro quadrado de placa corresponde equivalente a 3 pneus (Pensamento

Verde, 2014). Devido ao custo, pode-se variar entre o piso intertravado, mesmo propondo o

piso de borracha.

Figura 45: Vista da Praça.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Anteprojeto elaborado para as instalações do Centro Cultural Ambietal, com área de

1.356,10m² de área construída, podendo ser ampliada de acordo com a aceitação da proposta e

demanda de projetos. Consta na implantação:

Page 57: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

55

- Salas de aula com capacidade

- Laboratórios com capacidade

- Espaço multiuso com capacidade

- Salas administrativas

- Sala de Apoio e DML

- Sanitários

- Refeitório

- Cozinha

Todos os dias ativos da escola contará com lanches preparados na cozinha, com

dedicação e cuidado, aproveitando a horta urbana em frente a mesma. Dessa forma estimula a

alimentação saudável tornando divertido o lanche, mudando o habito de todos envolvidos e

reforça o conceito social da escola. Reforça também o estímulo, sempre pensando no bem-

estar dos que mais precisam, tornando mais acessível a agregação social.

A ideia é criar novos meios de crescimento alcançar uma nova proposta e

desenvolvimento de pessoas. Como tudo e principalmente tudo que é novo, precisa de ideias e

exemplos de quem sabe e das experiências do que já é seguido na mesma linha de objetivos,

para sempre seguindo evoluindo entre objetivo e objetivos, erros e acertos. Existem algumas

escolas de ensino diferenciado no Brasil. São escolas com estrutura curricular próprio. Zelam

pela união e entre teoria e prática básico sobre a terra, a produção de alimentos. Colher,

manejando as hortas e lavouras. Preparam alunos para o mundo e para o mundo que vivem.

Os alimentos são aproveitados para a própria merenda da escola.

Figura 46: Vista do espaço social.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Page 58: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

56

O efeito dessa inovação e conhecimento, desse tipo de iniciativa, voltada para

qualquer área específica, favorece toda a comunidade. Desde cada um que adquire e se

transforma com o conhecimento e com sua capacidade de fazer algo produtivo, até o reflexo

que isso traz para a sociedade uma vez eu ela se replica.

Imagem da praça e centro cultural ambiental (Figura 46).

A horta pública é suspensa, e dispersada no caminho para o centro cultural ambiental,

de forma que não atrapalha o fluxo de pedestres. Funciona também como algo convidativo da

praça. Plante! (Figura 47, 48).

Figura 47: Vista do espaço social.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Figura 48: Vista da Praça.

Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

Page 59: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A arquitetura faz parte da relação do homem com o espaço. A arquitetura permite

reunir um amontoado de fatores para se definir e redefinir o espaço em si e (ou) o habitat.

Mas o que fazer como arquitetos? Como se faz essa relação? Quais opções temos? De

que forma contribuir para essa relação?

Diante dos impactos social e espacial e diante dos interesses da cidade como todo,

sempre e, cada vez, se torna mais importante a participação da população para opinar e assim

ajudar para melhoria de um bem comum, para implementação do Plano Diretor da cidade,

uma vez que as melhorias e bem feitos só são apresentadas se houver quem apresente, quem

se envolve e acredita.

O Plano Diretor é um processo político de envolvimento de todos os interessados,

participativo, para definir e estabelecer ideias e projetos de desenvolvimento urbano. Dessa

forma se constitui a cidadania. Mas falta ainda essa participação, essa informação e interesse

da população.

É importante entender, nos dias de hoje assim como sempre, que o habitat (a

construção), deve ser uma ferramenta que deve sempre evoluir, inovar, tendo em vista que a

vida humana está em questão e que é necessária o pensar diferente, que é necessário pensar.

Page 60: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

58

REFERÊNCIAS

ARCH20, Earthship Homes, Michael Reynolds. Disponível em:

<https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-

BR&sl=en&tl=pt&u=https%3A%2F%2Fwww.arch2o.com%2Fearthships-michael-

reynolds%2F>

ARCH DAILY. A escola sustentável, Julho, 2016. Por equipe Editorial. Disponível em:<

https://www.archdaily.com.br/br/791524/conheca-a-escola-sustentavel-de-michael-reynolds-

em-jaureguiberry-uruguai>

BISSIO, B., (2000) As soluções não se situam mais dentro da economia, Revista Ecologia e

Desenvolvimento, 76, 2000.

BONDUKI, Nabil. Crise de habitação e a luta por moradia no pós-guerra, Editora Paz e Terra,

São Paulo, 1988.

BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei do

inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo, FAPESP, 1998.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:

Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Estatuto da Cidade. Lei nº 10.257/2001. Disponível em:

http://www.saovicente.sp.gov.br/ambiental/pdf_12/04/10257.pdf >. Acesso em 06 set. 2014.

BRAUN, Ricardo. Desenvolvimento ao ponto sustentável: novos paradigmas ambientais.

Petrópolis: Vozes, 2001. 183p.

CAMPOS DOS GOYTACAZES (Município). Lei nº 7.974, de 31 de março de 2008. Lei de

Uso e Ocupação do Solo Urbano do Município de Campos dos Goytacazes.

CAMPOS DOS GOYTACAZES (Município). Lei nº 7.975, de 31 de março de 2008. Lei de

Parcelamento do Solo do Município de Campos dos Goytacazes.

CARLOS, A.F. A. O espaço urbano. São Paulo: Contexto, 2004.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999

CAVALCANTE, G. M. M. Análise dos Fundamentos da Política de Habitação na Sociedade

Capitalista: uma expressão da questão social. Disponível em: <

http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/. Acesso em 06 set. 2014.

CICLO VIVO, Mayra Rosa, outubro, 2013. <Http://ciclovivo.com.br/arq-

urb/arquitetura/casa_ecologica_feita_com_4_mil_pneus_e_construida_em_sao_paulo_/>

Acesso em 23 abril 2017

Page 61: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

59

CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano, São Paulo, Ática. 2004.

COZETTI, N., Lixo- marca incomoda de modernidade, Revista Ecologia e Desenvolvimento,

96: 2001.

CRUVINEL, D. Mayara. Ecovila Santa Branca: Alternativa Sustentável de Moradia.

Universidade Católica de Goiás –– Engenharia Ambiental– Goiânia – GO, 2010. Disponível

em:

<http://www.ucg.br/ucg/prope/cpgss/ArquivosUpload/36/file/Continua/ECOVILA%20SANT

A%20BRANCA%20-

%20ALTERNATIVA%20SUSTENT%C3%81VEL%20DE%20MORADIA.pdf/>. Acesso

em: 10 març. 2016

DE BRASIL, A. L.C. Desenvolvimento Sustentável, Dimensões e Desafios. São Paulo.

Ecovila Tibá, São Carlos, SP. O Projeto. Disponível em: <

http://www.ecovilatiba.org.br/site/index.php/oprojeto-orglid/25-sobre-tiba/tiba-projeto>.

Acesso em: 01 març. 2016.

EUTÁQUIO, D. A. Considerações sobre projeções populacionais e econômicas para 2050 e

seus impactos sobre a pobreza e o meio ambiente. UFRJ, Rio de Janeiro, 2007.

Disponível < http://www.ie.ufrj.br/aparte/pdfs/popdesenvsustentavell_01mai07.pdf >. Acesso

em: 24 abril, 2016.

G1, Versanna Carvalho. Maior acidente radiológico do mundo completa 25 anos. Publicado

em set de 2012, G1, globo.com., em Goiás. Disponível em: <

http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/09/maior-acidente-radiologico-do-mundo-completa-

25-anos-nesta-semana.html>. Acesso em: abril, 2017.

G1, Mundo. Chernobyl: O desastre nuclear na Ucrânia completa 40 anos. Publicado em junho

de 2016, G1, globo.com., em São Paulo. Disponível em:

<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/04/chernobyl-desastre-nuclear-na-ucrania-

completa-30-anos.html>. Acesso em: abril, 2017.

G1. Vazamento na Bacia de Campos não cessou em alguns pontos, diz ANP. Publicado em

nov de 2011, G1, globo.com., em Rio de Janeiro. Disponível em: < http://g1.globo.com/rio-

de-janeiro/noticia/2011/11/vazamento-na-bacia-de-campos-nao-cessou-em-alguns-pontos-diz-

anp.html>. Acesso em: março, 2017.

IBGE, Censo demográfico 2000: fecundidade e mortalidade infantil. Rio de Janeiro,IBGE,

2002.

IBGE, Biblioteca, 2018: A fauna em extinção. Disponível em:

<https://teen.ibge.gov.br/biblioteca/274-teen/mao-na-roda/2908-a-fauna-em-extincao. Acesso

em: fev.2018.

IBGE, Biblioteca IBGE: Estatística Populacionais Sociais, Políticas e Culturais. Rio de

Janeiro,IBGE, 2006. Disponível <

Page 62: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

60

http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/seculoxx.pdf >.

Acesso em: 20 abril. 2016.

IBGE, Biblioteca IBGE. Disponível

<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/11122001onu.shtm>. Acesso em: 20

abril, 2016.

IPEC. Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado. Disponível em: <

http://www.ecoeficientes.com.br/ecovila-ecocentro-ipec/>. Acesso em: 20 març. 2016.

JACKSON, Hildsur & SVESSON, Karen. Ecovillage Living: Restoring the Earth and Her

People. Devon: Green Book and Gaia Trust. United Kingdon. 2002. 181p.

John Gray. Contagem regressiva, disponível em:

<http://www.ie.ufrj.br/aparte/pdfs/popdesenvsustentavell_01mai07.pdf > Acesso em 13 abril

2016

LEFEBVRE, Henri. O Direito à Cidade. São Paulo: Contexto, Centauro Editora, 2004.

Lei Federal 1988- Constituição da República Federativa. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

MANHÃES Viviane; ARRUDA, Ana Paula. Tese: Os condomínios horizontais fechados sob

a ótica da legislação Federal e municipal. Disponível em:

<https://seminariodeintegracao.ucam-campos.br/wp-content/uploads/2018/02/Os-

condom%C3%ADnios-horizontais-fechados-sob-a-%C3%B3tica-da-

legisla%C3%A7%C3%A3o-Federal-e-Municipal..pdf

Mapa da Obra, publicado em 04/01/2018. Tijolo ecológico, uma solução sustentável.

Disponível em: < http://www.mapadaobra.com.br/inovacao/tijolo-ecologico-uma-solucao-

sustentavel/. Acesso em jan 2018.

MARICATO, Erminia. É a questão urbana, estúpido! In: MARICATO, Erminia... [et al].

Cidades Rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo:

Boitempo; Carta Maior, 2013. P. 19-26

MONROY, Quinta. Antes e depois das ampliações feitas pelos moradores. Disponível em:

<http://au.pini.com.br/au/solucoes/galeria.aspx?gid=1933>. Acesso em: 20 fev. 2016.

O GLOBO. Relembre o acidente em uma fábrica da Union Carbide que matou milhares na

Índia em 1984. Publicado em junho de 2010, O Globo. Disponível em: <http://

https://oglobo.globo.com/mundo/relembre-acidente-em-uma-fabrica-da-union-carbide-que-

matou-milhares-na-india-em-1984-2998271/>. Acesso em: abril 2017.

OLIVEIRA, Francisco. Parede Pneu. Dissertação de Mestrado. Apresentado em Julho, 2015.

disponível em:

<https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/29924/1/Francisco%20Oliveira_Disserta%C3

%A7%C3%A3o_Parede-Pneu_072015.pdf > Acesso em 23 abril 2017

Page 63: BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SUMAIA FAGUNDES DE ...bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2049/1/Texto.pdf · Figura 4: Mapa de Condomínio Fechado em Campos dos Goytacazes,

61

ONU. Desenvolvimento Sustentável, publicado em 14/11/2017. Disponível em:

<https://nacoesunidas.org/fao-30-de-toda-a-comida-produzida-no-mundo-vai-parar-no-lixo/

Acesso em: dezembro, 2017.

ONUbr, Meio ambiente, 2017: A ONU e o meio ambiente. Disponível em:

<https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/ Acesso em: 20 novembro, 2017.

RICCIARDI, M. The Exxon Valdez Oil Spill – 20 years after: The analysis. Published on

May 1st, 2009, In The Americas Posted. Disponível em:

<http://ecolocalizer.com/2009/05/01/the-exxon-valdez-oil-spill-20-years-after-the-

analysis/>. Acesso em: dez 2016.

VITOR, C. A questão ambiental deve estar no centro de tudo. Revista Ecologia e

Desenvolvimento, 100: 2002.

Considerações sobre projeções populacionais e econômicas para 2050 e

seus impactos sobre a pobreza e o meio ambiente, José Eustáquio Diniz Alves (ENCE/IBGE).

Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/aparte/pdfs/popdesenvsustentavell_01mai07.pdf >

Acesso em 23 abril 2016

WALLAVER, J. P. ABC do meio ambiente, fauna brasileira, Editora IBAMA, Brasília, DF

(2000).