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Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
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Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
#3
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bala de Fuzil
Versão atual: 1.1Data de Publicação: janeiro de 2012Classificação: PoesiasAutor: Cárlisson GaldinoSite: http://www.carlissongaldino.com.brContato: [email protected]
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Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
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Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Índice
Coelho Alado...........................................................11Guerra nos Ares......................................................12Caçadores...............................................................13Caçadores Amadores.............................................14Temporada de Caça...............................................15Caçadores de Asas.................................................16O Último Falcão......................................................17Luta Contra o Mar...................................................18O Anjo e o Falcão...................................................19Traição....................................................................20Queda.....................................................................21O Vôo do Pégaso....................................................22Asas Brancas..........................................................23Arrependimento.......................................................24Remorso..................................................................25A Nova Chance.......................................................26Proteção..................................................................27Rompendo Laços com o Passado..........................28Despencar...............................................................29
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Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Salto da Sala...........................................................30A Nova Ordem........................................................31O Golpe do Mar.......................................................32Águia ao Mar...........................................................33Águia Negra............................................................34Águia Negra Enlouquecida......................................35A Espera.................................................................36As Asas do Avião....................................................37Athenas...................................................................38Fim da Espera.........................................................39Atitude.....................................................................40Nova Temporada....................................................41Castigando Inocentes.............................................42Nunca Vi..................................................................43Asas de Paz............................................................45Águia Livre..............................................................46A Última Águia........................................................47Derrota pelo Ódio....................................................48Águia Branca...........................................................49Duas Águias............................................................50
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Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
O Dia da Caça
Um estrondo ecoou no céu anilA selva responde sem dar respostaNão afirma que é bom, nem que não gostaDo tiro que tão alto ouviu e viu
Mas depois o céu se torna sombrioAs nuvens adquirem negras coresOs ventos sopram contra os predadoresSó para dores sua arma serviu
Mas no fogo se esconde uma alma fracaUm que de sangue de outros se cobriuEsse homem agora saca uma faca
Em seu peito age um horrível vazioO tigre da moita, num salto o atacaEstraçalhando o senhor do fuzil
O Dia da Caça #8
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Novas Balas
Um tiro brutal o silêncio cerraUm tiro normal no meio da guerraSão irmãos que agem como inimigosSe enfrentando desde os tempos antigos
Um tiro normal anuncia o malMas em um confronto isso é bem normalPovos irmãos se ferindo ainda maisSão homens que fingem ser animais
Covardes empurram homens em bandoEm luta sem que haja necessidadeSão reis que só vêem seus homens lutando
E vem a já conhecida verdadeNovas balas e armas se inventam quandoQuer parecer forte cada covarde
Novas Balas #9
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
O Bravo
O bravo bradará da TerraUm heróico brado que aterraAbalando o planeta inteiroO bronze de cada guerreiro
O bravo bradará da TerraQuando do mar a água berraE num belo raio certeiroA branca nuvem cai ligeiro
O bravo bradará à TerraQue a branca luz da vida cerraEste bravo a quem ninguém mandeO que promete paz onde ande
O bravo bradará à TerraE banindo as balas da guerraDentre os heróis da causa grandeO bravo enorme espada brande
O Bravo #10
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Criação Explosiva
No centro da terra que fica ao norteUm homem idoso sedento seguiaUm homem ansioso por se mostrar forteE por isso em invenções se perdia
E trabalhava até de madrugadaBuscava a força e a luz do trovãoJá não bastava se lutar com espadaEle quis mais e não pesquisou em vão
Tal homem lançaria a nova linhaNuma louca busca que o iludiuE a testou, com a dedicação que tinha
E sua casa em segundos explodiuNesse dia a pólvora à Terra vinhaE nela nascia a bala de fuzil
Criação Explosiva #11
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Desigualdade
Um dia um bravo e honrado cavaleiroQue não perdera nunca uma lutaFoi desafiado por um pistoleiroPara um combate na frente da gruta
O cavaleiro com a espada de ouroFoi se encontrar com o desafianteDesconhecendo a arma de estouroNão receou sequer por um instante
Partiu e foi ter co'aquele rapazLá estava ele, fora da cidadeE contra o alvo em ataque voraz
E o invencível, alheio à verdadeContra o covarde se lançava, masVeio, ao som de um trovão, desigualdade
Desigualdade #12
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
A Bala que Trai
Muitos matou com uma arma tão podreE um desafio novo a cada diaPorém cada vez mais armas e coldresEntão o equilíbrio estabelecia
Mas num certo dia ele foi pra casaTinha uma arma nova, desconhecidaNo comércio todo segredo vasaSeria comum semana seguida
Mostrava à esposa a arma com graçaMostrava a relíquia recém-obtidaE ele a mirava como a uma caça
Mas uma explosão, de fora é ouvidaApenas um tiroteio na praçaNum susto, no entanto, tirou-lhe a vida
A Bala que Trai #13
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bala do Arrependimento
Do alto do céu, além do firmamentoPodem ser vistos fuzis invisíveisUm mira o covarde por um momentoO que torna os absurdos possíveis
Como consta em papiros ilegíveisDe onde fora lido em ritual lentoQue do mais alto dos mais altos níveisUm projétil denso vira ao vento
Um projétil carregado e vazioE tão suave e leve como o ventoTrazendo do céu um pouco do anil
Vem de um fuzil pelos ares sedentoE dentre as nuvens do espaço partiuA ele a bala do arrependimento
Bala do Arrependimento #14
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Correção
Pobre homem, que agora ao chão cai em pranto
Vendo o corpo inerte largado ao cantoO corpo de sua esposa tão queridaO de quem, sem querer, tirou a vida
E só depois de crime, arrependidoDe tal arma uma vez ter conseguidoÉ que percebe o quanto estava erradoAo por tanto tempo só ter matado
Ele se vê como um ser desgraçadoAjoelhado no chão ainda choraDestruira o que lhe era mais sagrado
Antes de ao céu mandar o corpo emboraDeve acertar as contas c'o passadoDo alto da ponte jogar a arma fora
Correção #15
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Duelo Recusado
E caminha em direção à ponteIniciando uma bela históriaQue talvez alguém um dia contePois abriu mão do poder e glória
Aparece a ponte à vistaMas havia dois vultos à esperaÀ espera também quem assistaÀ luta de homens como feras
São dois que queriam duelarC'o mor pistoleiro que existiuAvisam e mandam começar
Ele apenas pega o item frioComo nada o fará lutarSimplesmente joga a arma no rio
Duelo Recusado #16
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bala da Derrota
Os dois permanecem paradosDiante da bizarra cenaUm deles se sente humilhadoO outro vê: não valia a pena
O segundo baixa a cabeçaE se afasta em passos lentosE que nunca mais se esqueçaDe quando caiu o firmamento
Pois vinham sonhando os doisPor um desafio, longa rotaPara que em vão fosse depois
Ele abandona a vida tortaNão há mais o que fazer poisO atinge a bala da derrota
Bala da Derrota #17
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bala da Fúria
O outro não pode aceitarUma derrota sem combateO que queria era lutarAgora essa dor o abate
Seu aliado se afastandoComo ele, desiludidoO presente só lhe lembrandoMas não aceita o ocorrido
O povo começa a vaiarA cena que viram passarDesesperando-o pela injúria
Do infinito espacialPercorrendo a via astralO toma a bala da fúria
Bala da Fúria #18
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
O Bote do Tigre
Correndo num terreno arborizadoUm tigre então alcança seu caçadorSegundos pelo tempo ampliadosSobre ele salta com fúria e vigor
Um bote desse tipo certamenteDaria fim fosse qual fosse o serQuer fosse um animal ou fosse genteDecerto esse tal tigre iria vencer
Pedaços viraria a ousada vítimaIgual no mar se morre um voadorPor tão enorme e má força marítima
Mas seu futuro lhe foi traidorNum ato de uma injustiça legítimaÉ morto por fuzil o vencedor
O Bote do Tigre #19
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bala da Solidão
A Fúria grita à DerrotaSaca sua arma e miraO povo então pára e notaContra o pobre ele atira
É a explosão de uma balaLevando um homem ao chãoMais uma vida que calaE alegra a multidão
O povo, agora contentePor mais uma morte em vãoFesteja euforicamente
Mas quem lançara o trovãoNesse momento só senteA bala da solidão
Bala da Solidão #20
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
O Soldado
Voltou o soldadoAo campo minadoNa nova batalhaDe novo metralha
Pela catarataDo topo da mataMata quem tentouLutar e fracassou
As bombas explodemAcertá-lo podemMas ele não páraNa tropa dispara
Metia a caraDe coragem raraMas a morte lhe riuPor seu próprio fuzil
O Soldado #21
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bala Achada
Abandona o fuzilUma bala velozEnquanto escuta a vozDe um guarda do Brasil
E passa de raspãoPor um pobre rapazUm que não robou, masChamaram de ladrão
Atravessa a vidraçaDa loja do culpadoQue acusou o coitadoMas pela loja passa
Por pouco, muito poucoNão fica em um drogadoE num aposentadoE em um velho louco
Terminou enterradaEm um trabalhadorQue hoje não trabalhouPor causa do horóscopo
Bala Achada #22
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Tristeza na Festa
O povo agora berraAo grande vencedorQue matou sem temorSeu parceiro de guerra
Seu único aliadoMorto por suas mãosEram como irmãosHoje está acabado
Torcedores radicaisComemoram pelas ruasA morte de alguém por trás
Só restam tristezas suasE sua arma não quer maisE o rio agora tem duas
Tristeza na Festa #23
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
O Andarilho
Seguiu a andar sozinho desde entãoTanto que até pensou em se matarMas isso só iria piorarA sua já infeliz situação
Andando só sentia a maldiçãoSentindo-se também o próprio malQue chegou a matar qual um animalSem conseguir conter a frustração
O Sol já não era mais alegriaE toda aquela dor o perseguiaFôra tomado por tanto tormento
E a partir daquele dado momentoDurante o dia, da luz se escondiaE ao cair a noite, as trevas temia
O Andarilho #24
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bala da Maldição
Como se amaldiçoadoPelo seu próprio passadoVê-se alvo, e com razãoDa bala da maldição
Vítima de tal liçãoFez sua própria prisãoJá não traz o seu passadoQuão errante tem andado
No bar, um gole de vinhoSem mais grana pra pagarSeguindo um torto caminho
Nada lhe fará mudarE assim prossegue sozinhoA uma bala buscar
Bala da Maldição #25
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Face a Face
Mais uma vez no horizonte o sol nasceQuando ele chega a uma nova cidadeCidade a qual um exército invadeMas a dor fez com que ele não notasse
É uma nova manhã e o sol nasceMas a maldição que há tanto o invadeO faz andar sem saber a verdadePor mais que do lugar se aproximasse
E chega à cidade enquanto o sol nasceGritos lhe chegam, chegando do norteMas pelo norte ele espera que passe
Assustados fogem à toda sorteQuando o inimigo lhe mostra a faceE lhe ameaça de instantânea morte
Face a Face #26
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bala da Piedade
A face do mal se ergue no fuzilO inimigo segue em ato insanoEis que o pouco do que tinha de humanoPor um momento essa luz reluziu
Enquanto mirava o sujo andarilhoPor um momento seus olhos fitouViu que ele nem ao menos hesitouViu que seus olhos perderam o brilho
Era um viajante errante e sem classeE não era essa a primeira cidadeSaqueando tudo por onde passe
Agora cheio de serenidadeDistanciou o fuzil de sua faceO atingira a bala da piedade
Bala da Piedade #27
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Sangue nas Nuvens
E as nuvens em sangue manchadasPor facas, fuzis e espadasEscondem o céu estreladoPara nos lembrar o passado
Os leves tons avermelhadosTrazem a dança dos machadosNuma guerra desenfreadaOnde todos lutam por nada
Tanto sangue jogado ao chãoO presente pra elas se curvaComo se pedisse perdão
Vermelha nuvem tira a luvaE da cicatriz de sua mãoCaem rubros pingos de chuva
Sangue nas Nuvens #28
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Interpretação
Ele prefere deixá-lo sozinhoViu em seus olhos brilhos apagadosEntão se vira e retoma o caminhoPra trás, um homem ainda em pedaços
Quando pensou em matar o andarilhoNaquela hora em que seus olhos viaQuando já tinha o dedo no gatilhoViu: era aquilo que o homem queria
Por isso o deixou vivo na cidadeSe disparasse um tiro de fuzilSeria o homem feliz de verdade
Como castigo o deixou e partiuAtingiu-no a bala da piedadeMas não foi piedade que sentiu
Interpretação #29
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Condução
Às vezes as balas tomam alguémE esse alguém segue o que elas queriamChegando ao final previsto, porémSem transformar os que as conduziam
Quando essas balas de fuzil o feremHá que fazer o que elas 'tão querendoPorém não basta chegar ao que queremHá que se ver as forças o movendo
Condução #30
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bala do Isolamento
Segue com os homens com o ouro do povoDeixou o suicida sozinho na cidadeEstaria pronto para fazer de novoPor necessidade, prazer ou maldade
Pela manhã seguem sem nenhum esforçoPelo meio-dia o Sol neles ardeEntão páram para o descanso e o almoçoDepois continuam, até o fim da tarde
Chegam à floresta co'a noite já caindoAcendem fogueiras. E um acampamentoA Lua deseja boa noite, sorrindo
Mas ele se acorda por obra ventoNo meio da noite, aliados dormindoVem dos céus a bala do isolamento
Bala do Isolamento #31
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Traição sob o Manto da Noite
No frio da noite, sob o firmamentoEle segura a espada firmementeE se levanta dentre a sua genteE segue para seu ouro nojento
E com o ouro passa a andar lentoE vê nesse seu ato algo excelenteE já bem perto da saída ele senteQue conseguirá escapar ao vento
Logo após demorado momentoDe querer tentar, ele finalmenteConsegue abandonar o acampamento
Quem hoje trai quem o segue fielmenteEle os trouxe para esse movimentoHoje ele planta uma podre semente
Traição sob o Manto da Noite #32
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Intercepção
E segue andando à próxima cidadeLevando nas costas suja riquezaMas nessa cidade entra, não invadeVai à taverna e procura uma mesa
O sol já saiu de seu áureo berçoEle se senta e pede uma bebidaE bebe enquanto resta só um terçoPara chegar sua tropa enfurecida
Bebe somente pra comemorarUma, duas, e outras a tomarQuando resolve ir pra outro estado
Se levanta e então paga a bebidaPega a grana e caminha para a portaE por três homens é interceptado
Intercepção #33
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Segunda Bala
Os três homens já com armas em mãoA bala que o fez fazer o que fezA que o conduziu a essa solidãoA bala o atinge a segunda vez
Vindo dessa vez ainda mais claraA bala lhe exige que o ouro entregueSem pensar em nada assim ele páraE joga o tesouro pra que alguém pegue
Da bolsa eles veem o ouro com alegriaArmados desatam a gargalharA mangar de tão grande covardia
Prestes a partir, trio a se virarQuando logo o bar o trio deixariaA tropa enfim acaba de chegar
Segunda Bala #34
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Lance de Magia
Ele vê sua tropa chegarE mostra uma falsa alegriaE a tropa pode interpretarDa forma que ele queria
"Os três que roubaram o dinheiroMas por quê sozinho partiu?Não, é melhor que primeiroTiremos a grana do trio"
O trio sente o que viriaJá se junta a multidãoAo coldre cada mão seguia
Com todos de armas em mãoMas em um lance de magiaVirou areia a munição
Lance de Magia #35
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
A Terceira Bala
Todos tentam disparar e nadaNada sai e resolvem lutarPelas armas deixaram espadasTerá que ser ao modo vulgar
E com fúria fazem a pelejaCom seus punhos, braços e suas pernasAs de mesa, frascos de cervejaDestruindo assim toda a taverna
Mas o líder de novo atingidoPelo além pra ir sem despedidaUma chance de mudar a vida
Mas o líder sequer dá ouvidosA bala tenta na terceira vezÉ dessa vez uma bala perdida
A Terceira Bala #36
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Trégua
Apossa-se mais uma vezDa grana que não lhe pertenceE foge assim sem se importarSe o seu time perde ou se vence
O dinheiro veio por rouboE agora será diferenteEle paga caro um eqüinoE se vai dali velozmente
Montanhas, florestas e pontesPercorre sobre sua éguaSó pára pra deixar uns contos
Após uns milhares de léguasVê a cidade de seus sonhosE as nuvens armadas dão trégua
Trégua #37
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Balas de Prata
Numa mansão abandonadaJá sabe o que vai encontrarMas como já não teme nadaAinda assim ousa enfrentar
A besta de seus pesadelosQue destruira a sua vidaNada mais poderá detê-loVingança quer ser conseguida
Já transpôs os portões com todaPrecaução e cruzou a mataNo castelo a fera se esconde
Na arma seis balas de prataAo vê-la dispara seis balasSe some pelas balas ratas
Balas de Prata #38
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Ansiedade
Há algo erradoNuma viagem comumNão foi nada naturalO tempo ficou parado
Há algo erradoTudo que nunca se viaA paisagem verde e anilEra uma fotografia
Há algo erradoÉ sua ansiedadePor deixar o seu passado
Por rixa ou necessidadeMesmo sentindo algo erradoEle alcança a cidade
Ansiedade #39
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
O Giro da Roleta
Ele segue com seu cavaloAtravés das ruas noturnasSe dirige logo ao cassinoNinguém mais podia ajudá-lo
E aposta algumas moedasE mais outras logo depoisMas por mais que ele tentassePerdia o que era apostado
Porém o que era apostadoEra quase nada até queApostou tudo o que restava
Via-se a roleta girarE por amparo ou traiçãoUm golpe de sorte ou azar
O Giro da Roleta #40
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Fim de Jogo
Cego por sua ganânciaPor ter ganho àquela vezContinuou a jogarA própria vida no chão
Não foi simplesmente sorteÀ noite, à mesa de apostasGanhou por vezes seguidasMas outras tantas, perdidas
É a vida, é a vida deleNo meio da noite entãoJá co'uma grana na mão
O chama uma meretrizEle deixa o jogo paraTalvez tentar ser feliz
Fim de Jogo #41
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Rasteira
Há algo erradoOs fuzis o deixaram aquiE agora ele já não vê queNão é algo, está tudo errado
Álcool e perfume baratoEle já fora de siJá era esperado seImprudência lhe é um Dom nato
Os dois seguem para o quartoEla só fica uns instantesE o deixa lá inconsciente
Ele não vê que ela habilmenteLevou a fortuna restanteMas a má sorte o seguia de antes
Rasteira #42
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
O Soldado II
Caminhou o quanto podiaPodia ser perigoso masSabia que escolha não teriaTeria que atravessar a selva
Precisa prender a quadrilhaTrilha o caminho com uma facaSaca de tão singular armaE arma ali uma armadilha
À grade escuridão, ao frioViu que na selva estava sóSó entre aquela selva e rio
Enfim o soldado sorriuViu a tensão em cada nóSó, pôde vencer o fuzil
O Soldado II #43
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
A Visita
Uma semana depoisDepois daquele cassinoEla vai bater às portasDo castelo da montanha
Atendida por criadosTrajando brilhantes fardasHoje será diferenteHoje parece decente
Gastou o que conseguiraEm nome do seu amorTalvez só um sonho egoísta
Eles a levam pra dentroE ela não crê no que vêO nobre joga c'os criados
A Visita #44
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
A Última Cartada
Um tanto desapontadaNão importaTenta mesmo assimConquistá-lo como sempre tentou
Mas embora ela fosse bonitaPor arrogância ou intuiçãoPor mais que ela tentasseEle não lhe dava atenção
Ela deixa o casteloAcabouEla deixa seu sonho
Volta pra casa arrasadaDe esperanças mais nadaEra a última cartada
A Última Cartada #45
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
O Abrigo do Nobre
Com os criados até entardecerComeu, bebeu, como estando entre amigosDias em que não há o que fazerO fazem jogar até com mendigos
Mas quando é chegada a noite ele os deixaPassa pelo jardim cheio de plantasMesmo com a distância, não se queixaPra chegar à sala, as salas são tantas...
Mas finalmente ele chega aonde querÀ sua sala de observaçãoDe onde vê sempre uma estrela qualquer
De onde em paz grita a imensidãoShow que não perde uma noite sequerDe onde contempla a própria solidão
O Abrigo do Nobre #46
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Imune
Há anos ele fita o céu escuroHá tantos que nem os tem em contaHá anos, por trás do imaterial muroAlgum fuzil celeste pr'ele aponta
Sempre ele fita os astros de seu quartoPor muitas horas antes de ir dormirE jamas, até hoje, esteve fartoDe a tão bela paisagem assistir
E quem que poderia julgá-lo erradoPor contemplar o tão belo vazio?Seria acaso inocente ou culpado?
Dessa vida jamais ele saiuSe por tantos anos se tem mostradoSer ele o homem imune ao fuzil
Imune #47
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
União
Os céus olha, pasmo com a belezaDo céu, dos astros que a ele dão vidaÀ guerra que não será vencidaAssiste ele de sua fortaleza
Não crê às vezes ser filho da TerraTanto o fascinam astros que giramMal sabe que também o admiramE só por ele seguem co'a guerra
Mas em 'nexplicável sinfoniaOs astros se unem, numa explosão quaseDe novos tons-formas se vestia
E à Terra mandaram um raio queAo chão apontado e, nesse diaO espaço o levou pra junto a si
União #48
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Na Ponte
Leve brisa sobre a TerraSilêncio, vida, vazioEla perdeu tudo o que tinhaE o que ela não tinhaDesistiu de procurar
Ela ruma à mesma ponteÀ ponte que tem duas armasVem trazendo uma terceiraNão há razão pra viverSe sua vida a desprezou
Ela chora já sem lágrimasErgue a arma e a põe no ouvidoEstá decidida e nãoDesistirá do que querEla não quer mais a vida
Mas o nobre assiste à cenaO nobre ergue seu fuzilE antes que ela dispareChega primeiro ao gatilhoDo infinito emerge um brilho
Na Ponte #49
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
O Senhor do Fuzil
A bala se instalou naqueleQue foi o maior pistoleiroVagava pelos arredoresQuando viu a moça na ponte
- Não! Não faça essa besteira!E correu e lhe tomou a armaE a arma atirou no rioE a moça depois em seus braços
Num abraço se conheceramCasaram-se dias depoisDistantes das armas, os dois
Mas ainda haverá alguém que brinqueCom armas, mas sendo brinquedoDo etéreo Senhor do Fuzil
O Senhor do Fuzil #50
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bomba Atômica
É num estrondo que enegrece o céuA branca luz no centro da explosãoPena de morte sem provas ao réuPena de morte a toda uma nação
Quando o Célcios fundiu até os carrosKelvinianos, guerreiros do infernoReduziram o corpo humano a barrosE seus palpites do que era eterno
Partículas com seus gritos afonosLinhas da matéria viva rasgaramComo se fossem as chamas sem dono
Concretizou-se o que profetizaramQuando daqueles montes de CarbonoAquele último elétron retiraram
Bomba Atômica #51
Bala de Fuzil - Cárlisson Galdino
Bomba Atômica #52