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O estudo da estrutura do bambu (morfologia) nos dá conhecimento para desenvolver conscientemente e melhor o plantio do mesmo. Segundo o livro "Bamboos", de Christine Recht e Max F. Wetterwald (Timber Press - Portland, Oregon), o bambu é uma planta que não perde as folhas no outono e desenvolve novas folhas na primavera. Elas são substituídas imediatamente por novas folhas no começo da primavera. A forma de reprodução desta planta através de sementes é geralmente um evento muito demorado e o homem costuma usar métodos de propagação vegetativa.O bambu é uma planta muito resistente, podendo se recuperar de um ano ou uma estação ruim. Após a destruição de Hiroshima pelas armas atômicas os bambus resistiram, e foram as primeiras plantas a aparecer no árido cenário pós-guerra.Continuando a citar o livro de Recht e Wetterwald: "a estrutura do bambu consiste no sistema subterrâneo de rizomas, os colmos e os galhos. Todas estas partes são formadas do mesmo princípio; uma série alternada de nós e entrenós. Com o crescimento do bambu, cada novo internó é envolvido por uma folha caulinar protetora, fixada ao nó anterior no anel caulinar. Os nós são massivos pedaços de tecido, compreendendo o anel nodular, o anel da bainha e geralmente uma gema dormente. Estas gemas são o local de emergência do novo crescimento segmentado (rizoma,colmo ou galho).
Citation preview
O estudo da estrutura do bambu (morfologia) nos d conhecimento para desenvolver
conscientemente e melhor o plantio do mesmo. Segundo o livro "Bamboos", de Christine
Recht e Max F. Wetterwald (Timber Press - Portland, Oregon), o bambu uma planta que
no perde as folhas no outono e desenvolve novas folhas na primavera. Elas so substitudas
imediatamente por novas folhas no comeo da primavera. A forma de reproduo desta
planta atravs de sementes geralmente um evento muito demorado e o homem costuma usar mtodos de propagao vegetativa.
O bambu uma planta muito resistente, podendo se recuperar de um ano ou uma estao
ruim. Aps a destruio de Hiroshima pelas armas atmicas os bambus resistiram, e foram
as primeiras plantas a aparecer no rido cenrio ps-guerra.
Continuando a citar o livro de Recht e Wetterwald:
"a estrutura do bambu consiste no sistema subterrneo de rizomas, os colmos e os galhos.
Todas estas partes so formadas do mesmo princpio; uma srie alternada de ns e
entrens. Com o crescimento do bambu, cada novo intern envolvido por uma folha
caulinar protetora, fixada ao n anterior no anel caulinar. Os ns so massivos pedaos de
tecido, compreendendo o anel nodular, o anel da bainha e geralmente uma gema dormente.
Estas gemas so o local de emergncia do novo crescimento segmentado (rizoma,colmo ou galho).
RIZOMAS
Os rizomas so caules subterrneos que crescem, reproduzem-se e afastam-se do bambu,
permitindo a colonizao de novo territrio. A cada ano novos colmos (brotos) crescem dos
rizomas para formar as partes areas da planta. Rizomas de 3 anos ou mais no do mais
brotos. Esses rizomas esto geralmente to compactados que o solo abaixo do bambu
aparenta estar cheio deles. Eles formam um tufo similar s gramas ordinrias, e podem
variar em profundidade, dependendo da espcie e condies de crescimento, contudo muitas
vezes abaixo de um metro."
Os rizomas reproduzem-se dos rizomas e permanecem conectados entre si. Nesta
interconexo, todos os indivduos de um mesmo grupo so descendentes (clones) do rizoma
primordial, e so, at um certo ponto, interdependentes e solidrios. Os brotos utilizam as
reservas de um grupo para crescerem e brotarem. Os bambus do centro do grupo so os
mais velhos, e os da orla os mais jovens. Uma forma generalizada de identificar o bambu
maduro observar a ocorrncia de manchas e sujeiras, alm de sua rigidez. Os bambus
jovens sero mais brilhantes, podendo ainda estar envoltos pelas folhas caulinares, e mais
flexveis e hmidos internamente. Os bambus velhos esto podres ou secos.
As pontas dos rizomas so o ponto de crescimento, e elas so envoltas por folhas caulinares
muito apertadas, que morrem rapidamente para dar lugar ao entren crescido, e assim por
diante. As verdadeiras razes do bambu crescem dos anis dos rizomas, senda mais finas que estes e captando gua e nutrientes do solo ao redor.
Segundo o americano Tydyn Rain St. Clair, citando McClure, os bambus podem ser divididos
basicamente em seis tipos diferentes de rizomas, sendo os dois primeiros seguintes os principais:
PAQUIMORFOS (clumper / cespiteux)
so os rizomas com formas de bulbo, tendo os entrens muito curtos e compactos. A ponta
est geralmente orientada para cima, e dela sai o colmo do bambu, mais fino que o bulbo. As
gemas encontradas nos ns do rizoma so de onde saem novos rizomas. A cada ano pode
ser produzido um novo rizoma do original. O crescimento deste tipo de bambu em
touceiras ou 'tufos', onde no se consegue caminhar normalmente por dentro deles. Eles
crescem lateral e radialmente, afastando-se muito pouco uns dos outros. Podem ter
pescoos curtos, mdios ou longos.
So encontrados, em geral , nas espcies tropicais, como as do gnero Bambusa e Guadua,
porm podem ser encontrados tambm em espcies temperadas.
estrutura subterrnea do bambu de rizoma paquimorfo de pescoo curto
distribuio radial e genealgica
touceira / moita de bambus paquimorfos
Na sia temos os exemplos vivos mais antigos da arquitetura com bambu, em templos
japoneses, chineses e indianos. O Taj Mahal teve sua abboda estruturada por metal
recentemente, quando substituram a estrutura milenar de bambu. A construo de pontes
de bambu na China algo espetacular, com vos enormes e tensionadas com cordas de
bambu. Na frica tambm encontram-se muitas habitaes populares construdas com
bambu.
LEPTOMORFOS (runner / traant)
so os rizomas elongados e finos, tendo os entrens longos e espaados. A ponta est
geralmente orientada horizontalmente, e ela muito dura e conquista espao. As gemas
encontradas nos ns do rizoma so de onde saem novos rizomas e colmos (brotos). Os
colmos so mais grossos que o rizoma. Algumas vezes a ponta do rizoma pode seguir para
cima e se tornar um colmo novo, mas mais comum o aparecimento de colmos nos lados do
rizoma, alternados entre esquerdo e direito. O crescimento deste tipo de bambu em
florestas, onde se consegue caminhar normalmente por dentro deles. Eles crescem lateral e radialmente, afastando-se linearmente uns dos outros. So bambus de hbitos invasivos.
So encontrados, em geral, nas espcies de clima temperado, como as do gnero
Phyllostachys.
estrutura subterrnea do bambu de rizoma leptomorfo
distribuio radial e genealgica
bosque / floresta de bambus leptomorfos
ANFIMORFOS
possuem rizomas paquimorfos e leptomorfos no mesmo sistema (esta verso de McClure, diferente da verso de Keng). Ex: Chusquea fendleri
LEPTOMORFOS com colmos agrupados
possuem rizomas leptomorfos, porm alguns deles congestionam-se, formando grupos que
superficialmente lembram os originrios de rizomas paquimorfos. Contudo este bambu no
anfimorfo pois no possue verdadeiros rizomas paquimorfos, todos sendo ocos e da mesma
grossura dos colmos. McClure chamou este fenmeno de eixo de metamorfose 1. Existem
espcies com rizomas deste tipo nos gneros Pleioblastus, Pseudosasa, Indocalamus e Sasa,
entre outros.
PAQUIMORFOS de pescoo longo com colmos agrupados
possuem rizomas paquimorfos de pescoo longo, e so anlogos ao sistema anterior.
Superficialmente aparentam ser anfimorfos, porm no possuem rizomas leptomorfos. Este tipo de rizoma caracterstico do gnero Yushania.
PAQUIMORFOS de pescoo muito longos com rizomas ao longo do pescoo
possuem rizomas paquimorfos normais com pescoos muito longos, e destes originam-se
novos rizomas paquimorfos em grupos. McClure chamou este fenmeno de eixo de metamorfose 2. Caracterstico do gnero Vietnamosasa.
Mr. Tydyn sugere que leiamos o trabalho de McClure, "Bamboos - a fresh perspective", para
obter maiores explicaes do autor.
ilustrao baseada em desenho do livro de F.A.McClure "Bamboos - A fresh perspective"
Tipos de rizoma
Paquimorfo
1 - pescoo curto
2 - pescoo mdio 3 - pescoo longo
4 - Leptomorfo
5 - Anfimorfo
6 - Paquimorfo c/ colmos reptantes
7 - Leptomorfo c/ colmos reptantes
8 - Paquimorfo de pesc. longo com rizomas no pescoo
COLMOS
Os colmos so a parte que mais facilmente distingue uma espcie de outra, por terem
tamanhos, dimetros, cores e texturas diferenciadas. So na maioria ocos, mas existem
excees. Os entrens do gnero Chusquea, das Amricas Central e do Sul, so slidos,
assim como a espcie Dendrocalamus Strictus. Algumas espcies possuem gua no interior
dos entrens. Existe uma espcie cujos colmos tem forma naturalmente quadrangular, com
cantos arredondados, o Chimonobambusa quadrangularis. Pode-se induzir uma forma ao
colmo, construindo uma estrutura contenedora ao redor do broto at uma altura de cerca de
um metro e meio. O broto mole se adapta ao formato da caixa e seus colmos telescpicos
tambm. A partir da o bambu cresce com o formato induzido, triangular, quadrado, etc...
Os colmos de bambu consistem em fibras que chegam a centmetros, feitas de lignina e
silcio. Segundo Mr. Stanford Lynx "a parede das clulas do bambu um composto feito de
um rgido polmero de celulose em uma matriz de lignina e as hemiceluloses." O silcio agrega resistncia mecnica ao bambu. A matriz de lignina d flexibilidade.
O broto que cresce de um rizoma um colmo ainda "recolhido" e totalmente protegido pelas
folhas caulinares. O colmo como broto lembra um telescpio recolhido, e, conforme cresce,
suas partes internas se afastam umas das outras, como um telescpio aberto. Na sua fase
inicial de crescimento observam-se as maiores velocidades de crescimento do reino vegetal,
com algumas espcies gigantes crescendo at 40 cm em 24 horas. No final do primeiro ano o
bambu j completou seu crescimento. As folhas caulinares protegem os entrens at a parte essencial do crescimento ter se completado, ento secam e caem.
As folhas caulinares consistem principalmente na bainha e na lmina (ou limbo), e tambm
na lgula com suas franjas, e duas aurculas com suas cerdas. Estas especificidades ajudam
na identificao de uma espcie. As folhas caulinares dos ns mais superiores possuem lminas mais longas que as inferiores.
foto microscpica
de corte transversal / fibras de bambu Dr. Grosser / Munique - 1000 Things of Bamboo
composio da folha caulinar: note que a lmina,
a lgula e a franja podem ser curtos ou longos, ajudando na identificao das espcies
GALHOS
Os galhos se desenvolvem a partir das gemas existentes nos ns dos colmos. No gnero
Phyllostachys os galhos se desenvolvem ainda na fase de broto, provocando uma ranhura
alternada no colmo, por crescerem forando espao. Nos gneros Phyllostachys e
Semiarundinaria os galhos se formam ainda nos brotos, e aparecem conforme o colmo se
alonga, porm nos outros gneros os galhos s aparecem aps o colmo ter completado seu
ciclo de elongamento. Os galhos podem comear a se desenvolver do tpo para baixo, ou
vice-versa, dependendo da espcie. Quando h falta de luz, os galhos inferiores podem no se desenvolver propriamente.
Existe um nmero habitual de galhos em uma dada espcie, o que contribui para facilitar a identificao.
colmo e galhos
FOLHAS
As folhas no crescem diretamente de uma gema dos galhos. Elas so, na verdade, lminas
de folhas caulinares que crescem em galhos. Estas lminas tornam-se bem mais elongadas
que nas folhas caulinares dos colmos, tomando a forma e a funo, fotossinttica, de uma
folha. Nos galhos estas folhas-lmina esto conectadas bainha por uma projeo de sua
veia principal, em forma de uma curta haste. Quando a folha seca, comeando pela ponta,
esta haste quebra, e a bainha permanece conectada por mais tempo ao galho. Uma folha de bambu sobrevive at cerca de dois anos.
Por terem um padro de veias que se espalham em ngulos retos e paralelos (em ingls
"tesselation"), as folhas ganham resistncia ao frio.
FLORAO
O bambu no possue um ciclo anual de florao. Na verdade, a florao do bambu ainda
um mistrio para os botnicos. Podem ocorrer em longos perodos de 10, 50 ou at 100
anos. A identificao das espcies feita atravs da coleta de flores, o plantio de sementes e
a observao dos resultados. por essa razo que a identificao exata das espcies de
bambu to complicada. Uma gerao inteira pode passar sem que um determinado bambu tenha florescido.
A florao de um bambu um evento no apenas misterioso, mas muitas vezes fatal para o
prprio bambu. Este fato decorre do desvio de toda a ateno e esforo da planta para o
florescimento, retirando as reservas contidas nos rizomas. A planta pra de produzir folhas,
e pode vir a desgastar-se at a morte. Existem casos de um grupo inteiro perecer ao mesmo
tempo. Sementes podem ser recolhidas, mas atualmente ainda no h um procedimento
seguro para plantio de sementes de bambu. A diferenciao entre as espcies, as variedades
cultivadas, no so garantidas atravs das sementes. A semente de uma espcie variegada
(com estrias) no garante a continuao da variegao nos seus brotos. O bambu pode
chegar a ter uma reproduo anemfila (causada pelo vento), e naturalmente reaparecer no mesmo local de sua morte.
Porm nem todo bambu que floresce morre. Ximena Londoo afirma que o gnero Guadua
costuma ter sempre um indivduo florescendo em um dado grupo. Existem relatos de
florao contnua durante meses ou anos. Atitudes podem ser tomadas para interromper a
florao de um grupo ou indivduo, porm os relatos e os resultados ainda so inconclusivos. Alguns cortam os culmos florescentes, outros retiram o rizoma inteiro.
A ocorrncia simultnea de floraes de uma mesma espcie em diferentes locais do mundo
um evento ainda estudado. A teoria mais aceita que as plantas de um mesmo clone
(reproduzidas atravs de pedaos de uma mesma planta) podem florescer simultaneamente
em locais diferentes. Especialistas discutem hoje em dia o equilbrio entre as influncias
gentica e climtica na causa do florescimento. Afirmam que um stress ambiental ou
induzido artificialmente podem causar uma florao em bambu.
florescncia de Bambusa tuldoides Rio nov. 2000
semente de bambu - Pseudosasa japonica Chester Hill
ESTAES
O comportamento do bambu obedece as estaes, como todas as plantas. Seu ciclo lgico,
e deve ser utilizado para o planejamento de plantaes e colheitas, de acordo com a
finalidade que se quer atingir. No vero e no outono os colmos adultos esto recolhendo
energia do sol e armazenando nos rizomas. Quando chega o inverno a planta chega a um
estado de baixo metabolismo, como uma "hibernao". Chegando a primavera o alimento
armazenado utilizado na produo dos novos brotos e rizomas. E no fim do vero pode-se
recolher os novos brotos para alimentao. De uma forma geral podemos dizer que a energia
(seiva) est armazenada nas razes no inverno. E no vero est espalhada pelos colmos. O
vero a pior poca para colher colmos, eles sero certamente menos resistentes ao ataque
de fungos e bactrias. No inverno os colmos esto mais secos, portanto menos aptos a
serem atacados por pestes. No fim do vero os bambus procuram estender seus rizomas e comear a guardar seus nutrientes.
FERTILIZANTES
O bambu uma planta faminta e sedenta. Ele costuma exaurir os solos de seus nutrientes
preferidos. Consome basicamente muito nitrognio na primavera e no vero, enquanto no
outono consome mais Fsforo e Potssio. Podem-se utilizar fertilizantes que se adequem a
esta dieta, tanto qumicos quanto orgnicos. A grama uma tima fonte de nitrognio e
silcio. Lascas de rvores tambm. O esterco, apesar de ser um timo nutriente, pode trazer
ervas competitivas. Em uma plantao nova deve-se tomar cuidado com as ervas competitivas que roubaro os nutrientes do bambu.
A poca depois do aparecimento de brotos uma boa poca para se fertilizar, assim como no
final do vero. Porm melhores resultados so obtidos fertilizando em pequenas
quantidades continuamente durante o ano, excetuando o inverno. No inverno pode-se cobrir
a terra em volta dos bambus com uma camada de composto orgnico para isolar os rizomas
de um frio excessivo. As prprias folhas cadas do bambu servem como estabilizador da humidade e da temperatura no solo, assim como ajuda a reciclar o silcio.
Uma plantao nova de bambu deve receber bastante gua, pois corre o risco de secar
rapidamente e morrer. Porm deve ter-se tambm o cuidado de no regar demais, o que
pode ser to danoso quanto a seca. Plantar os bambus perto de uma fonte de gua corrente uma boa estratgia, j que o solo estar continuamente mido.
SOLO
O bambu pode crescer em solos de diferentes graus de arenosidade, acidez, humidade e
temperatura. Porm ele se d melhor em solos levemente cidos e argilosos, com 5.5 a 6.5 de pH.
SOL
Dependendo da espcie o bambu precisa de mais ou menos sol. Porm, mesmo as espcies
que mais gostam de sol podem receber uma proteo durante a parte mais quente do dia, para evitar ressecamento.
PLANTIO
Para se estabelecer um plantio com sucesso devemos primeiro escolher a espcie adequada,
a hora adequada e o local adequado (e certas vezes a finalidade adequada). sempre bom
lembrar que os bambus temperados so mais aptos ao frio (no Rio Grande do Sul costuma
at nevar), enquanto os tropicais se adaptam muito bem ao clima geral do resto do pas,
alm de existirem excees para os dois casos. Ter um local aberto e prximo a uma fonte
de gua ajuda o bambu a espalhar-se mais rapidamente. Os bambus previnem o solo de
tornar-se seco, plantados numa encosta inclinada ou nas margens de rio agregam
resistncia ao solo contra eroses e terremotos. A melhor poca para se plantar o bambu
depois do inverno, no momento de aparecimento de novos brotos, pois eles tero tempo at
o prximo inverno de reservar energia e nutrientes. Uma touceira ou floresta demora de dez
a quinze anos para atingir a maturidade, ou seja, ter colmos grandes e resistentes.
Para se obter um efeito esttico numa interveno paisagstica devemos escolher a espcie
com a altura desejada e uma cor agradvel. Um jardim de bambu produz sombra, d alguma
proteo ao vento e chuva, e produz sons agradveis durante a brisa. O livro "Bamboos", anteriormente citado, direcionado para o uso do bambu na jardinagem.
Para se obter bom material de construo escolhemos os bambus resistentes e de mdio a
grande porte. As espcies do gnero Phyllostachys so as mais comumente utilizadas em
construo no mundo. O mais comum o Phyllostachys aurea, conhecido como bambu-
mirim, forte e resistente a pragas, que no Brasil ocorre em grande nmero, portanto uma
grande fonte de mudas. Os especialistas garantem que o P. aurea no cresce grande no
Brasil por ser de um gnero temperado, porm isto polmico. O Phyllostachys pubescens ,
conhecido como Moso, o preferido para fazer laminados de bambu (Plyboo), alm de
construes gerais. Com este bambu, contudo, deve-se tomar cuidado com rachaduras, por
ser muito rgido. Ele de mdio a grande porte. O Phyllostachys bambusoides outro
bastante utilizado no exterior. Aqui no Brasil existem muitas plantaes de Dendrocalamus
asper, um bambu tropical e de porte bem grande. Este gnero, Dendrocalamus, possue os
maiores bambus. O da espcie asper resistente e absorve muito bem a compresso, sendo
muito til para construo em geral, porm sendo afetado por insetos. O gnero Guadua
afirmam ser o melhor bambu para construo do mundo. Ele tem paredes espessas e tima
resistncia, sendo o material de casas centenrias na colmbia. Existem espcies de Guadua
nativas do Brasil como o tagoara, mas o angustifolia adapta-se bem ao nosso clima, e no
deve ser menosprezado.
Para se obter colheitas de brotos de bambu podem se utilizar o bambu comum, Bambusa
Vulgaris, porm dizem ser um pouco amargo. O Bambusa Arundinacea tem seus brotos
comestveis, alm de produzir muitas sementes tambm comestveis. O Dendrocalamus
Asper um dos favoritos na Tailndia.
TCNICAS
Existem algumas tcnicas para plantar bambu. A utilizao de uma ou outra depende da
quantidade de recursos, transporte e tecnologia de que se dispe. A forma mais utilizada a
propagao vegetativa. Pode ser realizada por separao de colmos, rizomas ou galhos.
Nestes trs tipos de propagao muito importante observar se existem gemas intactas, ainda no usadas pelo bambu. Elas so encontradas em bambus jovens, de at um ano.
separao de rizomas:
devem-se escolher rizomas de um ano de idade no mximo.
Para rizomas paquimorfos deve-se cortar no pescoo, onde se liga ao rizoma antigo, e acima
do primeiro n do seu jovem colmo. Depois planta-se vertical, com o colmo para fora, ou
horizontalmente, com o rizoma a poucos centmetros abaixo da terra (30-50 cm).
Para rizomas leptomorfos sem colmos deve-se cortar um segmento com pelo menos trs ns
com gemas no usadas. Planta-se horizontalmente, a cerca de 30 cm abaixo da terra.
No caso de rizomas leptomorfos com colmos deve-se cortar um segmento com algumas
gemas e acima do primeiro n do colmo. Depois planta-se o rizoma horizontalmente a cerca de 30 cm abaixo da terra, com o colmo para fora.
SEPARAO DE COLMOS
Esta tcnica consiste em usar as gemas ainda dormentes (que no se transformaram em
galhos) nos colmos para transform-las em novos rizomas. Funciona muito bem com
gneros tropicais como Bambusa e Dendrocalamus. O colmo deve ter at um ano de idade.
Deve-se deixar os galhos principais que saem das gemas dos ns do colmo, mas cortados
acima dos seus primeiros ns, como nas ilustraes abaixo.
Pode-se usar um n simples, ou seja, cortar antes e depois de um n, enterrando
horizontalmente, com o galho apontando para cima.
Pode-se usar um n duplo, ou seja, cortando antes de um n e depois do n seguinte. Ainda
pode-se fazer um furo, encher parcialmente a parte interna do entren de gua, e tapar com
alguma bucha (algodo, pano). Depois enterra-se com algum galho orientado para cima.
Este mtodo mais seguro de funcionar do que o simples.
Pode-se enterrar o colmo inteiro, esperando brotar, horizontalmente ou ligeiramente
inclinado. Aps dar brotos, cortam-se os entrens e transferem-se os brotos para o novo local de plantao.
SEPARAO DE GALHOS
Em algumas espcies esta tcnica funciona, e outras no. uma tcnica ainda pouco
estudada. Deve-se cortar os galhos principais dos colmos e enterr-los a cerca de 20 cms na terra.
CLONAGEM
Atualmente a empresa West Wind Technologies, dos Estados Unidos da Amrica, e a Oprins
Plants, da Blgica, oferecem um servio de venda de mudas em milhares. Utilizam um
processo de clonagem que otimiza a produo de mudas. O link para a pgina da WWT est
na rea de links.
COLHEITA E PODA
O bambu deve ser cortado sempre aps o primeiro n para evitar que o rizoma apodrea. E
no deve exceder muito 30 cms do cho. Pode-se usar machado (no caso dos gigantes),
faco ou serras para colher o colmo. importante fazer um corte sco e preciso, pois um bambu rasgado tem mais entradas para fungos e insetos.
Um grupo de bambus tem indivduos de vrias idades. Aqueles com mais de 7 anos de idade
devem ser removidos para que a energia do grupo se direcione para os novos brotos e
colmos. Eles podem ser TODOS removidos sem problemas. Os bambus podres e secos devem
ser removidos. No se deve nunca retirar mais que 80 por cento de um grupo de bambus,
pois isto abala muito a planta. Deve-se sempre deixar alguns bambus maduros em reas espalhadas do grupo, pois so eles que fornecem nutrientes para os mais jovens.
A melhor poca para coletar brotos pouco tempo aps o seu aparecimento. A poca para
obter colmos resistentes no inverno.
Existem tcnicas que sugerem o corte de parte do culmo, para no ano seguinte utilizar o rizoma deste culmo para transplante.
CONTROLE DE BAMBU INVASIVO
Os bambus de rizomas leptomorfos so invasivos. Estendem seus rizomas por muitos metros
linearmente. Ento acabam tomando conta de terrenos abandonados, ou aparecendo por
debaixo de um muro. A mesma razo que leva o bambu a ser usado para conteno de
encosta, o endurecimento do solo, frustra muitas tentativas de controle. O bambu no pode
apenas ser cortado. Deve-se cortar os culmos invasores, podendo regar para forar um
apodrecimento dos rizomas. E torna-se a cortar os novos colmos insistentes. Pode-se cortar os rizomas, cavando e usando uma p como ferramenta de corte.
Uma forma de controle preventivo o estabelecimento de barreiras fsicas enterradas, que
impedem a passagem do rizoma. Placas de plstico, alumnio podem servir, mas importante lembrar que o rizoma de um bambu pode ser BEM agressivo e furar barreiras.
O PLANTIO DE BAMBUS NA ECONOMIA MUNDIAL E BRASILEIRA
O bambu uma planta que oferece muitas vantagens econmicas:
1. RPIDO CRESCIMENTO
A velocidade de propagao de uma plantao de bambu, aps estabelecida, muito grande.
O tempo de estabelecimento de uma plantao varia de cinco a sete anos, e o
amadurecimento de um bambu acontece em trs a quatro anos, mais rpido que a mais
rpida rvore. A partir do terceiro ou quarto ano j se pode coletar colmos e brotos. A mdia
de produo de biomassa num bambual de 10 toneladas por hectare por ano. O bambu
pode substituir a madeira em diversas aplicaes, e com isso diminuir o impacto ambiental
atravs da deflorestao.
2. FACILIDADE DE ESTABELECIMENTO, MANUTENO E COLHEITA
O bambu no exige tcnicas complexas para o seu estabelecimento como plantao. A
manuteno feita atravs de irrigao, e no necessria a aplicao de produtos
agrotxicos. A colheita fortalece o bambual e feita com instrumentos manuais. O
transporte facilitado pelo seu peso leve em comparao s madeiras.
3. UTILIDADES ADAPTVEIS
O bambu pode ser utilizado como substituto agronmico em reas marginais, para otimizar
produes que recebem mais ateno do mercado externo, como o caf. Seus variados
potenciais industriais tornam o bambu um produto dinmico, que pode ser alocado para um
uso adequado ao momento. Pode ser usado como combustvel, papel, material de construo, alimento, etc...
4. FINS ECOLGICOS
O bambu um material responsvel ecologicamente (ecologizante), pois sozinho ajuda na
renovao do ar e substitui a madeira em diversos aspectos.
5. INSERO CULTURAL
O bambu j um material muito explorado na sia, movimentando uma economia de sete
bilhes de dlares americanos por ano. Cerca de um bilho de pessoas moram em casas de
bambu no mundo. Culturas utilizam o bambu em muitos aspectos da vida, msica,
cerimnias, alimentao, etc...
O bambu encarado como uma forma de desenvolvimento econmico por muitos pases. No
Nepal e nas Filipinas existem grandes projetos de florestamento de bambu, para estimular a
economia local e produzir papel, comida e habitaes. A China e a ndia tm grandes
plantaes h muitos sculos e continuam a florestar. O Hava est tentando desenvolver um
projeto de florestamento de bambu para empregar uma populao desempregada com a
decadncia da economia do acar. A Colmbia, O Equador e a Costa Rica desenvolvem
projetos nacionais de bambu, com florestamento e desenvolvimento de uma cultura de habitaes populares de bambu, para substituir o uso da madeira.
HORTOS E NURSERYS
Espalhados pelo mundo encontram-se muitos hortos especializados em bambu, onde podem-
se encontrar vrias espcies. Geralmente os espcimes so vendidos para fins de coleo,
jardinagem e paisagismo. Neste caso so procuradas as espcies mais belas, exticas ou
adaptadas ao clima. No Brasil existem poucos hortos especializados, mas muitos que lidam
com o bambu. Principalmente em So Paulo, onde muitos cultivadores descendentes de
japoneses passam a tradio do bambu adiante. Existem atualmente diversos estudos sobre
a propagao do bambu in vitro, sendo produzidos propgulos aos milhares. Tais estudos
so essenciais para o estabelecimento de empreendimentos industriais que utilizem o
bambu como matria prima. Procure na rea de links na seo hortos e nurserys para ter acesso aos sites de diversos cultivadores.