Upload
hugo-leonardo
View
103
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Características principais:• Religiosidade conflituosa:
– razão X emoção
– pecado X arrependimento
• confusão de sentidos:
– textos difíceis– (conflito/oposição)
• Abuso formal de figuras de linguagem: brinca com palavras
• Metáfora• Hipérbole• Sinestesia• Paradoxo
• Niilismo temático: conteúdo vazio• Pessimismo: o mundo era um vale de
lágrima. • Feismo: predileção por aspectos feios.• Transitoriedade da vida: tudo é
efêmero (“Carpe diem” “ Epicurismo”)
• No século XVI, o Renascimento representou o retorno à cultura clássica greco-latina.
• No século XVII, o barroco surge.
• Um movimento artístico que ainda apresenta algumas conecções com a cultura clássica.
• Simultaneamente busca caminhos próprios, que satisfariam as necessidades de expressão daquela época.
O êxtase de Santa Teresa, de Bernini
• O Barroco sempre busca transmitir estados de conflito espiritual.
• Por isso, faz uso de certas figuras de linguagem que traduzem o sentido trágico da vida.
• A antítese é a figura de linguagem que consiste no emprego de palavras que se opõem quanto o sentido.
• A vós correndo vou, braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos, Que, para receber-me, estais abertos, E, por não castigar-me, estais cravados.
• A vós, divinos olhos, eclipsados De tanto sangue e lagrimas abertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos, E, por não condenar-me, estais fechados,
• A vós, pregados pés, por não deixar-me, A vós, sangue vertido, para ungir-me, A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me.
• A vós, lado patente, quero unir-me, A vós, cravos preciosos, quero atar-me, Para ficar unido, atado e firme.
– Gregorio de Matos
• Um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz a intuição comum.
• Os enunciados, em versos nesta forma de linguagem, apresentam elementos que apesar de se excluírem, também se completam formando afirmações que parecem sem lógica.
• Amor é fogo que arde sem se ver,é ferida que dói, e não se sente;é um contentamento descontente,é dor que desatina sem doer.
• É um não querer mais que bem querer;é um andar solitário entre a gente;é nunca contentar-se de contente;é um cuidar que ganha em se perder.
• É querer estar preso por vontade;é servir a quem vence, o vencedor;é ter com quem nos mata, lealdade.
• Mas como causar pode seu favornos corações humanos amizade,se tão contrário a si é o mesmo Amor?
» Luis de Camoes
• É caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras.
• Visível influência do poeta espanhol Luís de Gôngora; daí o estilo ser também conhecido como Gongorismo.
• Arte sensorial
• O aspecto exterior imediatamente visível no Cultismo ou Gongorismo é o abuso no emprego de figuras de linguagem.
• Como as metáforas, antítese, hipérboles, hipérbatos, anáforas, paronomásias, sinestesias, etc...
• Dimensão visual (delírio cromático)
• "O todo sem a parte não é o todo;
• A parte sem o todo não é parte;
• Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
• Não se diga que é parte,
• sendo o todo.
• Em todo o Sacramento está Deus todo,
• E todo assiste inteiro em qualquer parte,
• E feito em partes todo em toda a parte,
• Em qualquer parte sempre fica todo."
• (Gregório de Matos)
O Barroco no Brasil
A mais importante igreja do barroco mineiro, projetada por Aleijadinho, situa-se em Ouro
Preto.
Gregório De Matos• advogado e poeta• nasceu
– na então capital do Brasil, Salvador, BA
– em 7 de abril de 1633• estudou
– no Colégio dos Jesuítas– e em Coimbra, Portugal
• voltou ao Brasil em 1681• dedicou-se a
– Sátiras e– Poemas erótico-irônicos
• exilado em Angola• faleceu
– em Recife, PE, – em 1696.
A Fundação da Poesia no Brasil
Gregório foi o primeiro poeta popular no Brasil.
• Consciente aproveitador de temas e de ritmos da poesia e da musica populares.
O Boca do Inferno
• Irreverente: – afrontou os valores e a falsa moral sociedade baiana do seu
tempo.
• Como poeta lírico:– Segue e ao mesmo tempo quebra os modelos barrocos europeus
• Como poeta satírico:– Denuncia as contradições da sociedade baiana do seculo XVII
– Usa a língua portuguesa com vocábulos indígenas e africanos, e palavras de baixo calão.
A Lírica• Gregório de Matos cultivou três
vertentes da poesia lírica:•A amorosa
•A filosófica
•E a religiosa
Lírica AmorosaA Lírica amorosa é um tipo de poema que é fortemente marcada pelo dualismo amoroso. Como a carne e o espírito.
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,Ser Angélica flor, e Anjo florente,Em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortaraDe verde pé, de rama florescente?E quem um Anjo vira tão luzente,Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,Fôreis o meu custódio, e minha guardaLivrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,Posto que os Anjos nunca dão pesares,Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
A Lírica Filosófica
Na Lírica filosófica, ele explica:– o desconcerto do mundo.
–a consciência do transitoriedade ou efemeridade.
Carpe diem
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância.
A Lírica Religiosa
Na Lírica religiosa ele:– obedece aos princípios fundamentais do barroco europeu.–Usa temas como Deus e amor.
Ex: A Culpa, o arrependimento, o pecado e o perdão.
A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado
Da vossa alta clemência me despido,
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a, e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória
A SátiraQue falta nesta cidade?................Verdade
Que mais por sua desonra?...........Honra
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.
(...)
E que justiça a resguarda?.............Bastarda
É grátis distribuída?......................Vendida
Que tem, que a todos assusta?.......Injusta.
Valha-nos Deus, o que custa,
o que El-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.
Que vai pela clerezia?..................Simonia
E pelos membros da Igreja?..........Inveja
Cuidei, que mais se lhe punha?.....Unha.
O Combate as Línguas Africanas
A presença de termos africanos na poesia de Gregório de Matos comprova a ousadia do poeta baiano, pois tal procedimeno cotrariava os interesses dos colonizadores.
Ele foi o primeiro poeta nativista.
Sermão do Padre Vieira
Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três cousas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que cousa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para essa vista são necessários olhos, é necessário luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?
Os ouvintes ou são maus ou são bons; se são bons, faz neles fruto a palavra de Deus; se são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito. No Evangelho o temos. O trigo que caiu nos espinhos, nasceu, mas afogaram-no: Simul exortae spinae suffocaverunt illud. O trigo que caiu nas pedras, nasceu também, mas secou-se: Et natum aruit. O trigo que caiu na terra boa, nasceu e frutificou com grande multiplicação: Et natum fecit fructum centuplum. De maneira que o trigo que caiu na boa terra, nasceu e frutificou; o trigo que caiu na má terra, não frutificou, mas nasceu; porque a palavra de Deus é tão funda, que nos bons faz muito fruto e é tão eficaz que nos maus ainda que não faça fruto, faz efeito; lançada nos espinhos, não frutificou, mas nasceu até nos espinhos; lançada nas pedras, não frutificou, mas nasceu até nas pedras. Os piores ouvintes que há na Igreja de Deus, são as pedras e os espinhos. E por quê? -- Os espinhos por agudos, as pedras por duras. Ouvintes de entendimentos agudos e ouvintes de vontades endurecidas são os piores que há.
E tanta a força da divina palavra, que, sem cortar nem despontar espinhos, nasce entre espinhos. É tanta a força da divina palavra, que, sem arrancar nem abrandar pedras, nasce nas pedras. Corações embaraçados como espinhos corações secos e duros como pedras, ouvi a palavra de Deus e tende confiança! Tomai exemplo nessas mesmas pedras e nesses espinhos! Esses espinhos e essas pedras agora resistem ao semeador do Céu; mas virá tempo em que essas mesmas pedras o aclamem e esses mesmos espinhos o coroem.
...
Supostas estas duas demonstrações; suposto que o fruto e efeitos da palavra de Deus, não fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes, segue-se por consequência clara, que fica por parte do pregador. E assim é. Sabeis, cristãos, porque não faz fruto a palavra de Deus? Por culpa dos pregadores. Sabeis, pregadores, porque não faz fruto a palavra de Deus? -- Por culpa nossa.
Igreja e Convento de São Francisco, Salvador, Bahia:
considerada uma das mais ricas e espetaculares igrejas do país, tem todo o interior coberto em ouro.
O Passo da Subida ao Calvário, de Aleijadinho. Simboliza a subida de Jesus ao Calvário, para depois ser crucificado.