24

Bauer. Prates. Barroco (Int)

Embed Size (px)

Citation preview

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 1/24

 

A p in tu ra do seculo 17 em italla,rranca, Alemanha, sspanha e, .

=arses BalXOS

[tra di~ 6e s e c on trc ve rs ia s n um g ra u a pe na s ig ua la do p ela M ane iris mo ,

u ma e xp re ss ao q ue fo i, e la p ro pr ia , c un ha da n um a fa se b as ta nt e t ar dia d a

A epoca d o B ar ro co , e nt re 0 A bs olu tis mo e 0 I lumin ismo, e reco- investiqacao academics como proposito de classificar a transicao e nt re a

n he cid a c om o s en do 0 u ltim o e st ilo in te gr alm e nte e ur op eu . C on sid er ad a R en as cim e nto e 0 Barroco.

d ura nte m uito te mp o c om o um a m era excrescenc ia excenu ica do Renas- \ Na a ltura , questoes c om o a s r ela cio na da s c om pericdos e epocas

* . c( cimento, 0 B ar ro co p ro po rc io na uma c om ple xa e cinarnica c !i\ ie rs id ad e d e ie ram d es co nh ec id as , e 0 termo «banoco», ta l c om o 0 conhecemos, na o

+. f fo rm a s e d e e X[ lr es so es em p ro fu nd o c on tr as te c om a rnocoracao c ontro - c era u sa do . N a v erd ade , n em o s patronos, nom o s p in tD rc s, n em o s teori-

:: L la uG c oN eoc la ss ic is rn o. O s ~ ~_ r_e s m un da no s e a s en su alid ad e, ~ e spi- c os d a a rte , q u e e ra m e m n un-oro c ons ide ra ve l, u tiliz av am e ste te rm a p ara

,;; s r!tua lida ,~ r~ ,igi£ ,s a e 0 a sc etis mo s ey ~o , u ma v as ta d iv ers id ad e fo rm al d efinir p ro ce ss os e re aliz ac oo s d e n atu re za a rffs ka A o c on tra ric d o R o-

: ~ . , l e uma Cll iIem_8_:rrr it i l_Elj gp ro' 1. ? cam inhavam de maos dadas. A o m esm o rcoco, que adoptou para si a expressao goOI rococo, 0 e stilo q ue n os p ro -

~ . . '~S tem po , a te atr alid ad e e o s cena-ios d e s a bo r cenico fiz er am a s ua incursao pomos analisar a qu i fo i qu an do m uito de sc rito p elos s eu s contempora-

~ Lno mundo da arte com 0 advento do ilus ionism o. 0 ~sto, a pom pa eo, neos com o grand goal e m conform ida de com a visao absolutis ta do

~ ~m on ia l c or te s n ao e ram a pe na s uma 1 22mr eS ~? oe e x.r be ra nc ia b ar ro ca , m un co d o s ec ulo 1 7 e c om a a rn bic ao d e p re str gio e d e p om pa d os p at ro -

mas t ambern um art i f rc_!2. ! '_rtrst ico_a r ep rc se nt ac ao d e c en as d e rnult idao, _ fl os das a r te s . E a pe na s n as o fic in as e no s estudios qu e varnos encontrar

S,,: Em Roma ,Ca ravagg io consegui u r eal iza r urna dec isiva rup tu ra qracas a uti- r a p a la v ra « b ar ro w» p ar a d ef in ir as l inhas arqueadas do rnobiliario e a dis-

~o,"" li za ca o d rama ti ca d o chiaroscL1!2, e nq ua nto em B olo nh a f oi C a rr ac ci q ue . s otu ca o d os c on to rn os f ir me s n a p in tu ra . N a lite ra tu ra b ur le sc a e s atir ic a

~'liw . instituiu 0 e stilo d e p in tu ra b ar ro ca . A a rte fr an ce s a e ra d om in ad a p ela s R gi- d e It alia , e n co ntr am os a p ala vr a «barocco- e mp re ga da a p artir de c erc a de

n ;~ ~~ ':s l! ge ns h er oic as d e P ou ss in , a s flE lY as n oc tt er na s d e L a T ou r e p elo trata- IL1570 pa ra s ig n if ic a r uma id e ia b iz a rr a o u cspirituosa

-10", m ento Irric o da lu z rie C la ud e Lo rra in . E rn E sp an ha , v am os encon tr a r a s¥ ;1 . * Foram OS c ri ti co s d e a rt e r ac io na lis ta s d e rr e ad os d o seculo I S qu e

~~WV lQna l id ades guen tes de MuJ jl lo , a d ev o~ ao c on te nJ J,la tiv .iU Je R ib er a e Z ur - to me ca ram a em pr eg ar 0 t er mo p ar a d es cr ev er u m e st ilo q ue c on sid er a-

' l1 ,y~J" ; ;" "barane os re t r~ t9§_cJ_ '!_swte1 i9o ro§?men te E lxpres_~ ivosdf '~ \ I?_I?1 :Ql l fZ , 'la m um t ra ve sti, lim a imitacao burlesca, v is t osa , b iza rr a e compl e tamen te

1 . •" , :' C',cnquanto 0 c on tr ib ut e d a A lem an ha p ar a a p in tu ra b ar ro ca a tin gia 0 s eu d es tituid a d e g os to d e to do s o s pre ce ito s d a a rte , O s d efe ns ore s d a n ov a

3~~\(» ''''Z 'eniLecom as delicadas pa isagens de Adam Eisheim ~. doutnna classicista tinham perfe ita consciencia do pape l-chave desem pe-

: t ) j )~ , t tJ : 'b N ao h ouv e ne nh um o utro p erio do na h is t6 ria d a a te e uro pe ia q ue n ha do p or a lg uns m es tre s da e ra a nte rio r, e ntr e os qu ais G ia nlo re nz o B er-

:- " h. !'~ sO e 'v te nh ae ve la do d e ta o d iflc il f lie cis aa em t er m o s d e de lin .cao a ca de - n in i ( 15 98-1 68 0), q ue c ons id era va m re sp on sa ve l p or n ad a m en os do q ue

if ~~_ m ic a e e ru dila , d e id en tific ac ao d e fe nome no s c ar ac te rf stic os , d e d et er mi- u rn d ec lin io g en er aliL a~ o d os p ad ro es a rt is tic os - u m m a l c uja s r aiz es m e r-

01 n ac ao d a a mp litud e te mp ora l e d e e xplo ra ca o d os a nte ce de nte s e sp iri- gu lh av am e m M ig ue l A ng elo . P or v olta d e fin als d o s ec ulo 1 8 e prin cfp io s

pU c J ua is e in te le dua is . D es de q ue os e stu dio so s s e c orn ec ara m a inte re ss ar do s ec ulo 19, a e xp re ss ao ja h av ia e ntra do n o u so c orn urn n um s entid o

'.W ~~~~~o~~~~~~c~~~~~_s~~~~~~~~~s~~d~_t~:~~~~_a~c~~~~~~~~-_{ f_e~o~~:~!~I~~~~~~~~~~~e~~a~_d~~~~~O_~o:_~~o_~~~~~~o_~s~~s~

oeslqnacao de uma era

1590 - E concluida a cupula de S. Pedro em Roma por Giacomo del la Porta, segundo plano de Miguel Angelo 1595 - Inicio da colonizacao

holandesa nas lndlas Orienlais 1600 - 0 f llosofo Giordano Bruno e condenado a togueira e executado, como herege

6

«NaO s ei s e fo i

o d es en ho e a

d a fo rm a . EU P

que 0desenh

e que nada te

contornos prer

com o um a sirr

da quantidade:

tern existencia

Domen ic h in o p a ra F ra n c

1. DOMENICHINO

Assunc.'iod e M alia M ad :

c . 1 61 7-1 621 , O leo sob n

Sampetersburgo,Hermit

{tie o e on sa gra do s e

padrao d e i da d e respr

na s mais o ut ro e x em

{s agra do e n eutro . D e

{que a ca ba ra m par im

fora cons id e rado 0 «

(15 99 -1 660 ), R ub e

1 ri~ ~H als (1 59 1-16 56 ) p

1'-ccl~"rarr um err iusas fl co'c fll.,cAI';'

A p rin cipa l O

61C: culo, publicada em B

Just i ( 1832- 1912) ,

' ; -J A l v i '' '' '' j8 ' C ( g > y £ : 5 ' d < 7 < 7 , \ 7 < 1 ' ( d e

p res s io n is ta pe ran te

• .1 '0ss·lbil'ltar um a rea

I'J'" b t" 't his to ric a m ais p os i

• He inrich Wolfflin (1

. 1 { . 'j ~ Rieg l ( 1858- 190E

berc o e a ca pita l d

~ ~:normativa entre as

t w l - t ' nascimento.

[oJ d _ , ; , De um mod

¥ twvt,6 'C l : l' nsmosao os p recu

h av er a a d iz er em

a q ua l 0 perfodo q

Neoc1assi ci smo d

u nic a e c on tin ua .

. 1 9 ':Q ,, ~I {a lgUnS facto r e s C

,_J .v e. as te t ica s , aponta

~~~------------

1605 - 0 holande

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 2/24

 

I"

Manei r i smo,

n te ta rd ia d a

sicao entre 0

os e epocas

s ce mo s, n ao

'e m o s te or i-

e t cr rn o p ar a

rar.o do Ro-

lu e n os p ro -

.onternpora-

so lu t.sta d o

a do s p atr o-

~s encont ra r

aria e a dis -

: a e s atl ri ca

de ce rc a d e

;culo 18 qu e

, cons ide ra -

Ipletamente

re s d a n ov a

, d es em p e-

o r e n z o Ber-

m os d o q ue

r a iz e s me r -

e pr incipios

um s e nt id o

i te to es t i li s -

.c lonizacao

Jtico consagrado se torn ou pra ticam ente inevitave l, seguindo 0 mesmoc

padrao d e id ad e respeitavel que levou a que 0 Got.co, p ara m en cio na r a pe -

n as m ais o utr o e xe mp lo iderrico, tam bern se convertesse num term o con -

j's ag ra do e neutro, De facto, foram as artistas v an gu ard is ta s d o seculo 1 9c

{

que acabaram por im por uma atitude mais pos itiva face ao que ate entao

f o ra c o ns id e ra d o 0 -esti lo da decadencia-, As obras de D iego Velazquez

(1599-1660), Rubens (1577-1640), Rembrandt (1606-1669) e Frans

'1I i~~fyals (1591-1656) p os su ia rn v ir tu de s p ic to ric as e sp ec if ic as q ue d es pe rta -

1,,;:h -ra m u m ertusiastico in te re ss e n os irr.prcssiornstas.

- , I \ V C A < I A principa l obra monogra fica sobre D iego Velazquez e 0 se u se-

6 , C ' culo, publicada em Bona em 1888 pe lo his toriador de arte a le rnao, C arl

Just i (1832-1912), propos uma nova abo-oaqern dessa opoca, vista

:- jd ,yW {atraves do olhar de uma qeracao ja influenciada pe l a sensib ilidade im -

press ionis ta perante a luz, os matizes e os tons, que tinha comec;ado a

o os sib ilit ar um a rcavaliacao do Barroco. A cmerqcncin dessa aceitacao

W ~ U & . l · h is t. 6r ic a m a is p os iti va ir ia c ulm in ar na obra dO . historiador d e art.e suico,

"I i,-, He i nr ich W i il ff li n (1864-1945), e do his toriador de arte austrfaco, Alois

, "f' Rie,~1 (1858-1905), para nom ear apenas dO IS , Roma foi des ignada 0

berco B a capita l do Barraco e estabe lecida uma distincao s is tem atica e

-'1 l~:norm a'iva entre as caracteris ticas estilis ticas desse perio do e as do Re-

C w j i - nascirr ento. '

,e M & De um modo gera l, cons idera-se que 0 Renascim ento e 0 Manei -

~W \!"w rism o sao os precursores estilis ticos directos do Barroco, D e fa cto , m uito

h avc ra a d iz er e m re la ca o a vlsao em term os de his t6ria da ate , segundo

a q ua l 0 periodo que va i desde 0 P re -R en as cim en to d o s ecu lo 15 ate ao

N eoclassic ism o de fina is do secu.o 18 c on stitu iu u ma a vo lu ca o c ultu ra l

, ._ unica e continua, Em termos de conteudo e de ternas, depa ramos com

tv"ru.:[a lguns facto res constantes que, apesar das suas dferencas modais e

. ~ ( ) . o f. e sle tic as , a po nta rn in du bita ve lm en te p ara u ma in eq ave l h om oo en eid ad e.

~ --------------------------------------------------------------------------------------" V > 1601 - Henr ique IV funda a Real Manufactura de Tapecaria na oficina da famili a Gobelin em Paris

«NaO s ei s e fo i iomazzo q ue escrev eu qu e

o desenho e a essencia da pintura , e a cor,

da forma . EU p en se d e outre modo : c re io

que 0 desenho det erm in a a entid ad e,

e qu e nada tern form a fora do s seu s

contornosprecisos; en tendo 0desenho

como uma s imp le s delirnitacao e m ed id a

da quantidade . NO fim do d ia , a cor nao

tern exlstencla sem desenho.»

D om en ic hi no p ar a F ra nc es co A ng elo ni

1, DOMENICHINO

ASSlIIlcio d e M a r ia M a d al en a ao Ceu

c. 1617-1621, 61eo sobre tela, 12 9 x 10 0 em

S amp ct e rs b ur g o , I I e rm i ta g e

+

1605 - 0 holandes Willem Janszoon descobre a Australia

o princfp io do ilusionism o, par exemplo, ao cria r a sensacao de expansao :

espacia l em que a pintura monumenta l, m ura l e de tee tos, transcende os I

lim ites da arquitedura rea l para penetra r em ilus6rios reinos c ele stia is , \

constitu i apenas um exemplo de um le i tmoti f que surgiu pe la prim eira ivez no Pre-Renascim ento e atingiu depois 0 seu pie no t lo r es c tmer t o ,.. ., ~k~

a rt'slico e teonco na arte do Ba-roco, 0 tema das ordens de colunas, d ., . " "

exemplo, dom inou a sintaxe arquiter.tcnica formal da epoca

inovadores tao radica is como M igue l Ange lo no seculo 16, ou Bernin i e

F ra nc es co B or rom in i (1599-1667) n o s ec ulo 17,lim ita ra m-s e a a pr otu n-

dar as suas potencialidadcs e st ilis ti ca s s em q ue sti on ar em jarnais. 0

cip io sub jacento. 0 mesmo e vaiido para a representacao pict6rica

antiqos deuses e de herois rnitoloqicos qu e nao eram nem objeclo

um culto neo-paqao nem motivos puramcnte decora tivos, mas porta -

teci rncnto contc-nporaneo a um plano m ais e levado de rea lidade

rico-mitoloqica.

O utra s v ara ve is p icto ric as in clu em 0 uso do chiaroscuro e a

das cores cardina is , a jus taposicao d as cores prirna .ias - verm elho,

re lo e azul - m is turadas de modo a cria r todas as demais cores ,

contraponto a e ste crorra'isrro, varnos encont-ar 0 chiaroscuro

tieo com as seus extremos de pre to e branco, que modifica a palcta

artis ta perrn itindo inum eras poss ib ilidades, A conscienc.a de que 0 ch iaO! ~f;*

roscuro const i tui nao tanto uma forma de represer.tar condicoes espcd- j t

ficas de ih.nir acao, mas um meio de rcpresentacao da luz e das trevas 'r 'b '

enquanlD facto res e lem entares da estrutura globa l e da tex tura da pintura ,! T\l

e a inda re la tivam ente nova nesta fase . J t~'t

Um outro factor constante e 0 recurso a a legoria e , a par disso, Q 0 p

o gosto hum anis ta pe las assercoes codificadas, consideradas um a prova ' o J : Y 'LLf,l;

do s ignificado potcncia i inerente a todas as coisas enquanto portadoras

1607 - Monteverdi com poe a opera Orfeu

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 3/24

 

« Ne sta p in tu ra , p in to u-se a

s i m esm o com o H olo fernes;a m ulhe r m ais ve lha que

aparece p or tras de iudlte,

com um be la lenco de

cabeca b ra nc o, s era 0

re tra to d a m ae de M azza firra ,

p in ta do ao vivo,»

Rlippo Baldinuccisobre Allori, 1648

{de mensagens codificadas e decifrave is. Os enigmas do seculo 15, a he- trunta is e a cerimonias, trionfi e en tr e e s s o l enne ll e s, assim com o em estru-

raldica e a iconoloqia barroca encontram-se todos e les documentados turas c a s tr a d o l o r is construidas para se rvi ces tunebres.

Este aparente paradoxo do que podemos designar como «monu-]

m entes efe nercs» at inq.u 0 seu zenite corn a pa ixao barroca pel a s espec-j

ta cu lo s d e fo go s-d e-a rtif ic io . D iv er sa me nte d os a ctu ais f og os -d e-a rtific io ,

aqueles erarn claramente pictoricos, e os que os ccncebiam e planeavam

gozavam da mesma estima que os melhcres e mais respe itados artis tas,

A s pessoas da epoca barroca nunca fariam qua lquer dlstincao entre {(a rce 'ltll

e 0 sublime engenho de um espectacu.o de fogo-de-artificio, ja que a l

purista nocao de arte do scculo 19, que iria divid ir a G esa mtku nstw er~ )

nos seus com ponentes indiv iduais , es tava a inda m uito longe. i.

1

num extraordinario acervo de pub.icacocs qu e dao testemunho de uma

Iprofunda crenca na afin idade fundam enta l exis tente entre palavra e im a-

~ gem e que constitui a base de uma te inaba lave l na legib ilidade universa l

Ld e todos os s ina is criados pe la natureza e pe lo hom em.

Estes facto res constantes iriam desempenhar um pape l novo e

na arte barroca, essencialm ente devido a capacidade de sintese

e ra , a te entao in igualada, e que se m anifesta de form a tao pujante no

«grandioso esquem a» barroco, que procurou nao apenas urna fusao da

da escultura , da pintura e da ornarnc.itacao, co mo p ode mo s

encomrar em igre j3s e palacios mas tambem na orqanizacao de festivida-

Ides e de ce lebracoes destinadas a reunir as artes numa cerimonia espiri-

Ltual e m undana, enriquecendo-as corn musica, poes ia e danca H oje em dia ,

ludo 0 qu e lerderros a v er d o g ra rrdilo qu en le e sq ue ma banoco e a concha,

por m ais m agnifica que seja, que serviu de prodiqo e ge ne r os o cenario aos Oualquer tentativa no sentido de estabe lecer as dilerencas especi-

NOVOS temas pict6ricos

festejos trans it6rios que insufla ram vida e coesao it Gesamtkuns twerk OJ ficas - criterios estillsticos individuals it parte - entre a arte barroca e 'IS

a obra de arte total. Pode-se cons iderar esse dese jo de solenidade e de eras que a antecederam deve ter em considcracao 0 v a st o a la r game nt o

esplendor efemero um a caracterfstica especifica da era barroca . Podemos dos campos ternaticos que teve lugar nessa altura . Ao contrario do Manei-

encontrar 0 m ovim ento dinarn.co tao frequentem ente associado a arte rismo, a pintura barroca rea lizou a lgumas novacoes genuinas . 0 que os

barroca nas suas exuberantes fachadas e inte riores, nas figuras sublim es artistas barrocos consideravarn digno de representacao de ixou de fiear

que rodopiam em ferv ilhantes pinturas de tectos com o que irnpuls ionadas confinado a h is to ria re lig io sa e s ec ula r, it arte do re t r a ta e it alegoria-

por urna forca sobrenatura l, e na expressiv idade ernociona l dos seus rostos tudo assente nurn concerto classico de liberdade e qrardeza do ho-nen

e dos seus gestos; pre tende derrubar a con.radicao entre trans itorio e 0 universo visua l do Barroco explorou novas areas: a apoteose e 0 retrato

'¥~*f permanente de modo s6 possivel s imbolicamente no quadro do cerimonia l de estado, a pa isagem, a pintura de genera e as naturezas mortas , a cari-

Uaustoso. Ncnhuma outra era tevc um a conscicncia lao aguda da fragili- catura c a anamorfose (dislorcao o u a lo ng am en to in te ncio nal d as fig uras ),

{dade dos laGOS terrenos. Nao lo i por urna coincidencia que, repetdamente , Nenhuma destas ta re fas era inte iramente nova em si mesrna, e

Iorarn feitos enorm es investim entos inte ledua is e m ateriais em estruturas todas elas t iv e ram p re c ur so r es . 0 que era novo, porem, er a 0 facto de 0

transitorias, em programas visuais e em decoracoes destinadas a cortejos que antes representava uma forma extrema ou excessiva ser agora a

1611 - A economia monetaria suplan ta crescentemente a economia de troca

1615 - E publicado 0 D. Quixote, de Cervantes, em dois volumes 1616 - Os escri tos de Copernico sobre astronomia sao banidos pela Igreja

2. GUIDO RENI

o B ap ti sm o d e C ti st o

c. 1623, 61eo s ab re t el a, 2

Viena , Kuns th is to r isches 1

\I,

II,I

3. CRISTOFANO ALL

["dite coma Cabe91 deH

1613, 61eo s ob re te la , 1 39

Florenca, Galleria Palarina

4. BACICCIO

A A po teose de 5 to, Inacio

c . 1 68 5, 61eo s ob re t el a, 4

R oma , G a ll er ia N a zi on al e

form a consagrada de u

v am en te se b ase ie m tad

menlo co m o s se us p rin

de, nao obstante , apon

exemplo, A A po teo se d

ta nto a g lo rilic aC ;a o d o p

Jesultas; e quando C h a r

Sequir numa procssao Co

coes ( I I . p. 56), na o e a

retrato d e e sta do , e s im

u rn a a uto no mia q ue

cenario de um

qenero tarnbern

se culo 19 ret f~riBrl1-SIA-I I

A nocao re n

n av el c ia a rte .

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 4/24

 

I'

rra,

em e s tr u -

o -monu -.

e s espec-j

,-artificio,

aneavam

; a r ti s ta s .

[Ie «arte'l**'*

ja que a F

nstwer~ '1

iespeci-

oca e as

jamento

lManei-

I qu e os

d e ficar

,g on a -

homem.

) r e lr a to

)1 a c a ri -

iguras)

:to d e a

a go ra a

a I gr e ja

2. GUIDO RENI

9

o Bap t i. l l11o de C r i st o

c. 1623 , Oleo s ob re te la , 2 63 ,5 x 186,5 em

Vena , Kuns thi st o ri s ch es Museum

1II

1j

. . .

3. CRISTOFANOALLOR I

I nd ite c om a C a be ca d e H o lo fe rn es

1613 , 61eo sob re tela, 1 39 x 1 16 em

Florenca, G a l l e r i a Palatina

4. BACICCIO

A A p ot eo se d e S to . I na ci o.

c . 1 6 85 , 6leu s ob re t el a, 48 x 63,5 em

R om a, G a ll er ia N a zi on al e

1iI

. + .

forma consag rada de urna epoca, Um trace comum, embora re trospecti- F ina lmente , ha um fen6meno S ingular do Barroco Tardio ita liano e

v am en te s e b as eie m to da s n DS c on ce ito s v is ua is humanistas d o R e na sc i- alernao que rnerece ser rnencionado aqui: 0 bozzetto enquanto obra de

m en te c om o s se us p rin cip io s a ntro po ce ntric os , re la cio na -se c om 0 facto arte independente . 0 bozzetfo e, de um rnod o gera l, urna oequena pintura

de , nao o bs ta nt e, a po nt ar em i nv ar ia ve lm e nt e -nuito para la disso. Por execu tada a maneia de esboco com o esquema prepara t6rio de uma pin -

exernplo, A Apoteose de Santo lnecio, de Bacicc io (1639 -1709), nao e tura mura l ou de urn tecto e usada, corn frequencia , como base de um

tanto a glorifica~iio do proprio santo como a qlorificacao da Ordem dos contra lo entre 0 patrono e 0 p in to r. U rn e xe mp lo e o bozzetfo de Ba ci cc io

Jesuitas ; e quando Charles Le Brun (1619-1690 ) re tra ta 0 chance le r para A Apoteose de Santo lnecio (il. p . 9). Todavia , partinco de stas ori-

Seguir numa procissao cerim onia l corn todas as ins ignias das suas fun- gens bastante hurnildes e inte iramente funciona is , 0 bozzetto fo i g ra n-

coes (il, p . 5 6) , na o e a pessoa do chanee ler que e representada nesse jean do gradua lmente um valor a ut cn omo, to rn an do -s e p ec a de coleccio-

re tra to d e e sta do , e s im 0 co.iceito de estado absolutis ta com o ta l. T alvez nadores e objecto de g ale ria s p or d ire ito p r6 prio . Criou-se assirn urna

as pa isagens de Anniba le Carraeci (1560-1609) au de N icolas Poussin especie de zona poviscria - n er n f re sc o nom p in l ur a de pariel - se m

(c. '593/94-1665) nao se ja rn in te iram ente destitu idas de vida humana, usurpar os des ignios , os objectives ou as funcoes da pintura ern outras

m as sao inovadoras na rnedida em que apresentam um a paisagern na o a re as . N este a sp ec to , 0 bozzetto e um a criacao independenle em que

domada pe l a mao do hornern e que parece possuir urna independencia e confluem e se fundern as intencoes extre rnarnente divcrgentes do Bar-

u rn s a uto no mia q ue e xtr av as a 0 ambito do seu pape l p ic torico co rno mero roeo: 0 m onum enta l e o intim o, 0 desenho esbocaoo com os seus toques

ccnaro de um dete rm inado evento. De rnutiplas formas, a pintura de fugazes e a rica textura crornatica do fresco acabado, a p intura de paineis

genero tarn bern transcende os lirn ites do indiv idua l. O s crfticos de arte do em oldurados e transp ortave is e a visa o das vastid6es ce les tia is . C ornbina

seculo 19 re teriam -se-lhe , apropriadam ente , com o send o urn «re tra to so- 0 eferr e ro e 0 perrnanente , 0 flu ido e 0 firrne , a irnu tabilidade e a m eta -

c.al», e os resultados da historiogra fia da arte mais recente confirm am morfose . 0 bozzetto e uma pintura em qestacao, const i tuindo a se u pro-

eSS2 imerp-e .acac, revelar.do 0 significado mora l ou universa l que subjaz prio es tado de «obra e m cu rs e» , i.rn a fo rm a p or d ire ito p ro prio , imbuIda de

a s c en as d a vid a q uo tid ia na . 0 m esm o se diga das naturezas rnorta s, um potencia lidades intrinsecas que incarna urn aspecto extrem am ente espe-

qenero de pintura m uito popular que exclu i exp ressam ente toda e qua l- c ffico da visua lidade barroca,

quer participacao humana e cUJo sentido , muitas vezes de cunho edifi- Enquanto os artis las do Renascimenlo se concenlra ram na ques-

cante , es ta ocu lto por detras de um verdace iro cu lto da sensua lidade. tao da imaqet.ca ern te rmos da poblematica da representac;iio da criacao

A nocao renascentis ta do indiv iduo hu mane grandioso e be lo e decisiva- do homern por Deus a sua irnagern e serne lhan(a , os a rtis tas da epoca

rnente contra ria da pe la pa ixao barroca pe l a anam orfose e pe la carica tura , barroca ten tararn transcender 0 m undo natura l com 0 recurso a certos

cuja « invencao» e difusao tiveram origem na escola de Carracci. 0 cornico artiffcios: por um lado, 0 pathos dram atico e extrovertido e 0 i lusionisrno,

eo r id f cu lo te rn p erm are cid o d es de entao um aspecto le gitim o e inalie- e por outro, 0 prirneiro plano, a interiorizacao, a alienacao e a distorcao

nave l da arte . ex tre rnas da real idade. 0 ilu sio nis mo d o t rompe-l 'cei l , 0 artificio de soiisti-

1I

I

Ii

II

1618 - Inieio da Guerra dos Trinta Anos, com a Defenastracao de Praga

1620 - 0 consurno de tabaco expande-se rapidamente na Europa

1619 - 0 Habsburgo, Fernando I I, torna-se imperador do Sacro Imperio

1622 - Nascimento de Jean Baptiste Pocquelin, conhecido como Moliere

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 5/24

 

c a da s i no va c oe s t ec ni ca s e 0 u niv er se m ir ac ulo so d os c en ar io s d e p alc o

com os seus dispositivos m ec iln ic os fa zia m p arte d es se s re cu rs os d o

m esm o m odo que a ideia de tra nspor toda a v ida de um m ona rca com o

Luis XIV (1638-1715), 0 se u palacio, a sua corte e 0 e s ta d o i nt ei ro p a ra

o utr a r ea li da de a le go ric a - a d o E s ta d o- So l e d o R ei- So l. U rn e le rn en to

e ss en cia l e fu nd am e nta l d os c on ce it os v is ua is d o B ar ra co e a a l ego ri a.

A a le g or ia b a rr oc a c omp or ta mu it o mais d o q ue uma s imp le s p e rs on if ic a -

cao, n a m ed id a e m qu e v is ua liz a u m c on ce ito a bs tra cto o u um a deterrni-

nada s i tuacao c on fe rin do a uma fig ur a h um a na d ete rm in ad os a tr ib ut os .

De f acto, dir-se-a qu e 0 a la rgamen to das funcoes a lego ri cas ao s dominios

d a p in tu ra paisacista, de qenero, d e na tu re za s m or ta s e d a c aric atu ra

fa zem to da s e la s p ar te d o e stilo ic on olo cic o d o B ar ro co . A s fig ur as , c e ias

5. NICOLAS POUSSIN

T riu nf o d e N ep tu no e A nf it rit e

1634 , O leo sob re te la , 1 14 ,5 x 1 46,6 em

F ila de lf i; ( PA ), P hila de lp hia M u se um o f A rt

6. CLAUDE LORRAIN

M oise s R esg ata do d as A gu as

c. 1639/40, Oleo sob re te la, 209 x 1 38 em

Mad r i d , Museo d el P r ad o

7. SIMON VOUET

A T oile tte d e V en us

c. 1628-1639 , O leo sob re te la, 1 83 ,8 x 153 em

C in c in na ti ( OH ), C i nc in na ti Art Museum

o im en so p od er s in te tiz ad or d o c on ce ito v is ua l b arro co e sta p a-

tente na o a pe n as n a i co no gr af ia d e ss e s «casa rnentos» a leqori cos, como e

tamnern im e dia ta e s en su alm e nt e p alpavel na r ela (3 0 e xis te nte e ntr e a s

varias d is cip lin as . A a rq uite ctu ra e a p in tu ra fo ram u nid as n um n ov o c on -

eeito visual g lo b al . N o Re na sc ir ne nt o, a s p in tu ra s a u s e in te gr av ar n n ur n

enquadramento arquitectonico q ue r es pe ita va e st rita m en te o s s eu s lim i-

te s, o u e ram c on ce bid as em t er mo s d e p er sp ec tiv a c om o q ue v is ta s alia-

v es d e uma ja nc la H a via ja c om c er te za a lg um a s s im ila rid ad es in er en te s:

a p in tu ra a d op ta ra e lement os a rq ut ec to nic o s, e s cu lt or ic os e d e co ra ti vo s.

o Barroco, porern, tr ou xe c on sig o u ma interaccao r ed pr oc a e n tr e pintura

e arqu itec lu ra , ern qu e 0 tra ta me nto d a lu z c ria va u ma traoslcao subtil-

m e nte c on tin ua d o p la no d as e dif ic ac oe s p ar a 0 e s pa c o il us io ns ti co . I ~a

e mc ta fo r as conceb ida s a le go ric am e nte fo ram u sa da s c om o c om po ne n- e ra b ar ro ca , a p ro pr ia a rq uite ct ur a t or no u- se e xt re m am e n:e pictorica, pelo

te s d e p ro gra ma s p ic t6 ric os d e g ra nd e c om ple xid ad e, v aria n do d e p ais qu e s o code, d e fa cto , s er d ev id am e nte a pr ec ia da s e tiv er mo s IS tO p re -

p am p ais de acordo COrTI as respectivas n ec e ss id a de s e projeccoes das sente . E sta e, r ec on he c id ament e, a p en a s uma d a s p os si bil id a de s a b er ta s

diversas nacoes, qu e c ome ca va rn a emer gi r d e mane ir a mais n lt ica d o qu e pe la p in tu ra b arro ca , p orq ua nto a o m es mo te mp o 0 p ro ce s so d e autono-

a lg uma ve z antes, no seculo 17.Um exemplo pa rt icu la rmente i'ustrativo mia p ic t 6r ica , uma das inovacoes d e ma io r a lc a nc e d o Rena s cimen to , c o n-

d es te aspec to e 0 f re s co d e P ie tr o da Coriona (1596-1669) para 0 te cto tinua va a se r p ro ss eg uid o c om r na io r r ad ic ali sm o . F oi 56 t ie e po c e b a rr oc a

d o g ra nd e v es t: bu lo d o P ala zz o B ar be rin i, e m R om a (1633-1639), q ue q ue a s u bra s a pro pria da me nte d es ig na da s cab in e t p a in ti n gs se d if u nd i-

v eio a s er c on sid era do c om o a o bra q ue a briu u m n ov o c ap itu lo n a d ec o- ra m. E ste tip o de p in tu ra n ao tin ha q ua lqu er fu nc ao e sp ec ific a de c ulto o u

ra ca o b ar ro ca . A re pre se nta ca o d a fa ma do s B arb erini c om o d ad iv a d a d e p rop aq an da , s en do e xc lus iv am ente p ro cu ra da s c om o o bra s d e a rte d e

Div ina Prov idenc ia cons ti tu i 0 p on to c en tra l e fo ca l d es sa c orn po sic ao e m c ole cc ao , N a re alid ad e - e e e ste 0 aspecto 1l0VO - e ss e e ra 0 u nic o p ro -

g ra nd e e sc ala . T od a a p ir rlu a e u rn a a le qo ria d e q lo rltlc ac ao d o p on tifi- p os it o d a s ua p ro du ca o. A s g ra nd es c ole cc oe s r om a na s d o s ec ulo 17,do s

c ad o do P ap a B arb erin i, U rb ano VIII, O s e lem en to s a rq uit ec to nic os , o s G iu st in ia ni e d os B a rb er in i, m os tr am q ue o s q ua dr os n ao e-arn comprados

o rn a.m en to s e a s e sc ultura s, to dos e le s p in ta do s, form am u ma e stru tu ra e r eu nid os e m tu nc ao d os m otiv os e d o c on tc ud o, m as pro cura do s p elo

o rg a ~i za ti va d e nt ro d a q ua l 58 d is tr ib uem a s e lem en to s s cc un da rio s d o s eu v alo r a rlfs lic o, r ar id ad e e lam a d os r es pe ctiv os a uto re s.

p ro qr ar na c on ce bid o p elo p oe ta d a c or te d os B ar be rin i, F ra nc es co B ra c-

ciolini (1566-1645). 0 f re s co c on te rn t od a s a s f ormas p ic to ri ca s : a le p o-

r ia e h is to ria , m it o, p a is a gem e a te n a tu re z as r io rt as .

1622 - Diego Velazquez e nomeado pintor da corte da fami lia real de Espanha 1624 - 0 cardeal Richelieu torna-se primeiro-ministro de

Luis XIII e promove 0 absolut ismo como forma de governo 1626 - Consaqracao da Catedral de S. Pedro em Roma, a rnaior igreja da cr is tandade

10

< C A S co res na ~

que se destin e

01 has, com o n

de urn verso epara as ouvidc

Nicolas Poussin

aoma como cal

Essa possibil i

me nt e c om o arte pel,

c ia lidades p redominar

venda referencias co r

p rime ir as l as e s d o Ba l

«Re na s cimen to d o Re

cia do B arraco em R

evolucao est il istica, T

g un do lin ha s m a is Ol

t or ia a rq uit ec lo ni ca c

b ar ro ca p er co rr eu um

vis lo . Ann iba le Carrar

tarnll ia e p or a rt is ta s 8

se na o como r iv als , ~

a n tl te s e a rt is tir :a De

M a r ia d e l P a p a lo e v i s

su a A Con ve rs ao d e ~

b a le Ca rr ac ci , c omp rE

empo lg a nt es q ue s e c

a t en ta tiv a d e u ru fi ca c

co m 0 encan to neocl a

A decoracao ds

d e s em in al im po rt an t

o r eg re ss o it m a num

m e sm o. P or o utr o la d

d a de p or Ca ra v ag gio f l

o bra s e m g ra nde e sc ,

1630 - Gustav

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 6/24

 

DCO e sl a p a-

n c o s , como ee n \ e e n tr e a s

m no vo c o n -

gr : ;vam rum

' e decorat ivos ,

ent re p in tu ra

nsicao subt i l -

isionistico. Na

pictor ica pelo

m o s is to p re -

dadesabe r tas

50 de autor-o-

sc 'mento.con-

epocabarroca

gs se d i fund i -

c a d e c u lt o o u

r as d e a rt e d e

'a 0 un icopro-

secu lo 17,dos

amcomprados

o c u ra d os p e l o

etro-mlnlstro de

I da cristandade

«AS c ore s n a p in tu ra s ao lis on ja s

q ue se d estin am a s ed uzir OS

o lh os, c om o n a p oe sia a be le za

d e u rn v ers o e uma seducaopara os ouvidos.»

Nicolas Pouss in

Roma c omo c ap ita l do Barroco lis m a p os to n a e xp lo ra ca o d o t riv ia l, d o q ua tid ia no e d o c om um. P or r na is

d if e re n te s que sejam e ste s d ois p on to s d e p ar tid a, a m bo s a ss en ta m em .n -

E ss a p os sib ilid ad e r ec em -d es co oe rt a d e o ln ar a a rte e ss en cia l- v en ~o es d e c ar iz c om p os ic io na l d o A lto R en as cim e nto . G io rg io ne , T ic ia no ,

m en te c o mo a rte p ela a rte v eio c on fe rir u ma n ov a o im en sa o a n ov as p ote n- R afa el, M ig ue l A ng elo e C orre gg io s ao o s n om es q ue d eve mo s m en cio -

c ia lid a de s p re d om i na n teme nt e e s te ti ca s n o s e nt id o d e uma s fn te s e e n vo l- n a r a q ui c omo < an te p as s ad o s» d o B a rr oc o. F o i, p o re rn , R u be n s, p o rv e rt ur a

v e nd a r ef er en ci as c o ns c ie n te s a o u tr os a rt is ta s e r es p ec tiv o s e s til os . N a s 0 ma is u n iv e rs a l p e ns a do r v is u al d a e p oc a b a r ro c a , 0 p r ime ir o a consegu ir

p rim e ir as l as es d o B ar ro co , " oi e rr , R oma q ue a s e str utu ra s d ec is iv as d e um a glu tin ar to da s e st as f on te s n um a v er da de ir a s fn te sp . e a im p 6- la s n as c or -

< lR e na s cime n tod o P e na s cir ne n to » c or ne ca ra rn a t oma r f orma A eme rg e n - t es e u ro p eia s .

c ia do Ba rroco e m R om a co ntin ua a s er um do gm a valid o n a h is t6 ria da E a ss in ala do c om a lg um a fre qu en cla e ju stif'ca oa me nte q ue u m

e vo lu ca o e st ilis tic a T ud av ia , e nq ua nto a a rq uite ct ur a s e d es en vo lv eu s e- c er to c an sa co e in sa tis ia ca o g en er aliz ad os fa ce a s c on ve nc oe s fo rm a is

g un do lin ha s m ais o u m en os c on tin ua s e u nifo rm es - o co rre -n os a h is - d o M an eiris mo T ard io p od era o to r c on trib uid o p ara c erta s re fo rm as . 0 P re -

to ia arq uite cto nica de S ao P edro ou de II G os u -, a p rim eira pintura -Ba rroco em R om a po de s er ap rop ria dam ente de linid o co mo an ti-M an ei-

ba-roca p erc or re u um c am in ho c on sid er av elm e nte m a is d ra m at ic o e ir np re - r is ta . E ra ja p os sfv el d et ec ta r u m c on ce ito -c ha ve - a r ed es co be rta d e um a

v is t o, A nn iba le Ca r ra c ci , c om 0 s eu e stu dio fre qu en ta do p or m em bro s d a representacao n at ur al id ea lis ta c om b as e n a a rte d o A lto R en as cim e nto -

fa m ilia e p ar a rtis ta s a ca de rn ic os , e C ar av ag gio te nd em a s er c or is .d er ad os n a o br a d e F ra nc es co B aro cc i ( c. 1535-1612) d e U rb in o, a in da a nt es d e

s e n ao c om o riv als , p elo rr.e no s c om o a dv ers arie s e m te rm os d e te se e 0 e stu dio d e C ar ra cc i 0 a do pta r c om o e ste io d o s eu p ro gr am a a rtfs tic o.

a ntfte se a rtls tic a D e fa cto , q ue m tiv er v is ita do a c ap ela C era si e m S an ta P or D utro la do , 0 r ea li smo r ig o ro s o d e C a ra v ag g io e p ro q ra rn a tic o n o s e n-

Ma ri a d e l P o po la e v is to A C ru ciiice ceo de Sa o Pedro , d e C arava gg io , e a tido e m q ue va i rom pe r co m o s id ea is c las sicos q ue 0 Maneir ismo d e s p o-

su a A Conve rsao de Sao Pau lo , a o la do d a A s su nr ;; ao d a V ir gem , d e A n nl- ja ra d e s en ti d o; o s id ea ls d e h uo n c os tu m e, de invenz ione, de diseqno, de

bale Carracci c orn pre en de ra im ed ia ta me nte q ue u m d os d es afio s rn ais decoro e de sc ienza ( in ve nc ao e c on ce pc ao , d ec or ac ao a qr ad av el e e ru -

empol ga n te s q u e s o c o lo e ou a g era "a o d e p in to re s s eg uin te fo i s em cu vid a d ica o) c om o a firm av a 0 c rftic o m a is v ee m en te d e C ar av ag gio G io va nn i

a te nta tiv a d e u nific ac ao d o « te ne br os o» d ra .n atic o d o a rtis ta d a L om b ar dia P ie tro B ello ri ( e. 1615-1696}

F oi, c on tu do , e m R om a q ue s e c ru za ra m 05 c am in h os d o s a rt is ta s

i ta li anos , f ra neese s , a le r na e s e nee rl ande se s . A s ca ra c te ns ti ca s na c iona is

a rticu lara m-s e de m od o m ais n itid o n a era ba rroca d o q ue a lg um a ve z

a nte s. S 6 a c id ad e C lu e ca tw ou ta nto s a rtis ta s c om a s ua re ce ptiv id ad e

c osmooo li ia e g e ne ro s o p a tr on a to e q ue n ao c on se qu tu e ria r 0 s eu p ro -

p rio e stilo d e p in tu ra lo ca l; o s ta le nto s .nternac'onais q ue vlv era m e m

Ra rn a e impu ls io n ar am 0 s eu p ap el e nqu an to m ito, to po s e ide ia e ram

com 0 e n ca n to n e oc la s si co d o s a rt is ta s d e B o lo n ha

A d e co ra ca o d a Ga ll er ia F a rn e se (i ls. pp. 4 e 33) p o r A n nib a le s e ria

d e s e m i n a l im po r\a nc ia p ara a p in \u ra m on um en ta l ro ma na e b arro ca

o regl '8sso a m on um en blid ad e d es em pe nh ou u rn p ap el d ec ls iv Q e m S l

mesmo . PO I ' ou t ro l ado , 0 tra ta me nta d e g ra nd es te ma s le ila c om h um il-

d a de p a r C a ra va g gi o f oi ig u almen te imp o rt an te . 0 a ce n tu a do r ea li smo d a s

o bra s e m g ra nde e scala cam inh ava a p ar e p as so co m 0 c re s ce n te r ea - -------------------------------------------------------------1-6;~::--~~~:v~~IAd~l~o-;a-Su~~i~d~;e_;;,b~:c~ na costa da Pomerania e e derrotado em l.utzen (Saxonia), em 1632

1633 - MartinOpitz publica Trostgedicht in Widerwartigkeit des Krieges---------------------------------- - - - - - - - - - - - ---------------------------------------------

-----------------------11

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 7/24

 

-r------

demasiado dife ren te s e independente s para que ta l fosse poss ive l. Esses dom inantes nao se poe em absolu :o, 0 mesmo se podera dizer em re la-

artis tas estudaram metieulosanente as mais reeentes tendencias con- cao a P ie tro da Cortona, 0 mestre do fresco romano e que foi tambem um

ternporaneas, cuja civers idade reque ria um a s intese , person ificada pe lo a rquitecto notave l e um escultor experiente, Foi um pinto r decora tivo da

con ce ito dida ctico do e stud io de C arracci e pe l a abo rdaqe rn in co nform is ta m aio r e nvergad ura : n ao 56 utilizo u e lem en to s arquitectonicos e escullori-

e in de pe nd en te d e Caravaqqio, Roma na o era uma cidade de sonhos his- cos com o e lem entos pict6rico s, com o com bin ou com pone ntes pictoricas

loricam enle trans flqu rada onde ecoavam os lam entos m ela rc61icos das e escultoricas .

suas ruinas , m as um a rne tropole vioran te em que os patronos tempora is e

espirituais de um a libera lidade qua se deca dente im punha m 0 tom e cuja

indiv idua lidade inviab ilizava toda e qua lquer tenta liva de criacao de um

Embora se possa afirma r como sendo indub itave lm en'e vcrdade

q ue ate a o B arroco na o s urg ira m e sc ola s e sp ecific am en te n ac io na is , ta m-

bern se pod era dizer, com a lgum a jus tifiea~a o, que 0 intercamb.o d e i de ia s

e stilo barroco un ico e s in gula r, S eria ce mas iado s im plis ta e ahso luta rr ente e a flutuacao d e artis tas a nive l in te rn aciona l nun ca ha viam sido tao inte n-

e rroneo div id ir os artis tes da cpoca entre os disc.puos de Caravaggio , por 50S, Fo i um a ep oca de abertura de ho rizontes , pa ra 0 q ue c on trib uiu a d ifu -

um lado , e o s disc ipulos cos Carraee i, por ou t-c . sao de reproducces impressas, 0 que to rnou um ce rto numero de inven-

Muito em bora ha]a uma certa tendencia pa ra contrapor os pupilos coes p ict6 ricas - como e sab ido, sem cor - m ais rapicarne nte acess ive is

de C arracci, F rancesco A lbani (1578-1660) e D om en ic hin o (1581- e disponfve is pa ra um publico m ais vasto, Rubens recorreu a estudios de

-1641), a os a rtis ta s in flu en cia do s p or C ar av ag gio , C ar lo S ar ac en i (c . 15801 g ravura , que torna rarr a s sua s cornp os icoes Iarnosas em toda a Europa,

185-1620) e G ue rc in o (1591-1666), ta is compa racoes lim itam-se a Muitos p in lore s co-necaram tambern a exp lorar a s poss ib ilidades da es-

esbocar uma tende-ic ia gera l. Ao fim e ao cabo, nao so ex is lia uma estim a tampagem e irr pressao para c.ia re rn as suas cornposicoes pic loricas

e respe ito m utuos entre E sses artis tas , com o o s seus sucessores tam bern in depe ndentes , 0 que se traduziu em novas invencoes, corno a grava (ao

de sco briram um a d uradou ra e fertil fonte d e inspiracao para 0 desenvolvi- a mcia-t.nta c a aquatinta , que nao tardaram a encontra r 0 seu lugar a par

mento da forma pictorca barroca na combinacao das suas rea lzacoes de tecnicas mais correntes de gravura e de agua-forte ,

ex traordinariam en le n ovadora s, D e fa cto, a pro pria ide ia de q ue e im poss i-

ve l concilia r ide alis tas e na tura lis tas e um a d outrina q ue surg iu re la tiva-

mente tarde e se te n mantido para a lem dos lim ites da pra tica a rtfs tica

M esm o na obra d e um cla ssic is ta a rquetipo , co mo e 0 caso de Guido Ren i

(1575-1642), e xis te u rn v olu me c on sid era ve l d e p ro va s q ue te ste mu nh am

a intens id ade com qu e estu dou a o bra dos seus « opone nte s» ,

So no caso de m ulto poucos ta len tos ex .re rnam ente independen-

tes , com o A dam E ish eim er (1578-1610) ou Velazquez, e que a questao

da associa cao com uma determ inada escola ou com certas in lluencias

D ir-se-ia que esta inte rnaciona lzacao da pin tura eu rope ia no Bar-

raco, desencadeada po r todos estes factores , levou ta rnbern a um a nova

a rticu lacao d e esca las nacia na is , p ais S O agora a s artis la s tinha rn a poss i-

b ilidade de esea lhe r en tre u rna vasta gama de a rle antiga e moderna

E poss lve l que a escolha de u m rnoce lo inspira tivo tenh a side 0 fa cto r d ec i-

S iV D q u e m a nt ev e 0 m icroeosm o e 0 m aerocosm o da arte ba rro ca e m rn ovi-

m en to p er pe tu o. E 0 t6pieo co n s tante de todas as re flex6es acadernicas

e pedag6g icas - desde a Accadem ia degli Ineam inati de Carracci a te it

Acade rnie Roya le de Paris, onde teve lcqar um vee men te deba te en tre

1634 - Albrecht von Wal lenstein, general issimo da t ropas imper iais , e assassinado par oficiais em Cheb (Hungria)

1635 - 0 cardeal Richel ieu funda a Academia Francaise

12

8, LOUIS LE NAIN

La Chan'ette (A Carrom)

1 64 1, 6 le o sobre tela, 56

Paris, Musee National du

9, EUSTACHE LE SUI

Melpomene . Erato e P ow

c. 1652-1655 , 6 le o s ob n

P aris, M usee N atio nal d u

« Ru be nis ta s» e « Po us

Para 0 a r ti st a i nd iv id u

comuna au para 0 pr

do seu patronato e q

da sorte de artistas C2

cultura artlstica espec

tacao de influencias e

a Franca E no en tan t

sagens intem pora is d

e xis te nte e ntre h om er

tista d e P h ili pp ed e C

d as n atu re za s m orta s

gens na obra de Dam

s er c orn pro va da s, rn a

tra ns fo rrn ac ao q ue in s

do B arro co france s,

perplexos os seus

(1616-1671), u rn a rt

experiente com as SU

ou de um pintor ita li:

im po rta nc ia n ao a pe n,

a rt is ta in d iv id u al, m a s'

face as fontes da pin

s ob re e ste a sp ec to d E

d o s ec ulo 19 c rio u e n

c om o m ere e cle dism

p ro ce ss os q ue in fo rm

De entre toda ;

d a h isto ria d o B arro ce

1645 - Final da «Peq

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 8/24

 

e r e m re la -

amberr um

c or ativ o d a

e escultor i-

, p ictoricas

Ie verdade

o n a i s , tam-

a de i de ia s

D tao i n ten -

2 lu i ua d i fu -

~ d e in ve n-

a c e s s f v e i s

ist lJdios de

,I a E ur op a

ies d a es -

picloncas

1gravacao

lugal a pa r

,ia n o B a r-

um a n ov a

m a pos si -

modema.

ac tc r dec i-

ie rn mcv i-

:ademicas

a cc i a te a

Date ent re

8 . LO UIS LE N AIN

L a C h ar re tt e ( A C a iT O ca )

1 64 1, O le o s ob re te la , 5 6 x 72 em

P a ris , M u se e N a ti on al d u L ou v re

9. E US TA CH E LE S UE UR

Melpomene, Erato e Polimnia

c. 1 65 2-1 65 5, O leo so bre tela, 1 30 x 1 30 em

P a r is , Mus c e Na t ion al d u Louv re

"R ub en is ta s" e -Poussin.stas» sobre a predorninanca da cor ou da l inha.

Para 0 ar t is ta inciv idual , essa escolha era tao vita l e decisiva como para a

com una ou para 0 p rin cip e q ue d et er min av a 0 go st o p r ev a le c en te rnerce

d o s eu patronato e que, frequentemente , de u m dia para 0 ou tr o, d e ci di a

da sorte de artistas ca idos em desqraca Poucas nacoes famosas pe la sua

cultura artistica especffica sao tao inequivocam ente devedoras da im por-

tacao de intluencias estrange iras - neste caso, 'taliana e flam enga - com o

a Franca E no entanto, que pod era haver de rna is frances do que as pai-

sa gen s in tem po rais d e C la ud e l.orrain (1600-1682), a h er oic a h ar mo nia

ex is tente entre hom em e natureza na obra de Pouss in, a incis iva arte re tra -

tis ta d e P hilip pe d e C ha mp aig ne (1602-1674) ou a cla reza ma.ematica

das naturezas mortas de Lubin Baugin (c. 161OJ'~2-1663)7 As suas ori-

gens na obra de Domenichino e na arte da Flandres e da Holanda podem

ser com provadas, m as nao e esse 0 factor decis ivo. Fe i a capacidade de

tra-isformacao q ue in suflo u v id a a propria esscncia d a a rte e m oldou a face

do Barroco frances . A inerive l capacidade de m etamorfose, que de ixou

perplexos os seus contcrnporancos, da obra de Sebastien Bourdon

(1616-1671) um artista que conseguia iludir m esm o 0 co nhe ce do r m ais

e xpe rre nte co m a s s uas p in tu ra s a m aneira de Pouss in, dos irm aos Le Nain

ou de um pintor ita liano ou holandes, constitu i um feno neno d e c ru cia l

importancia nao apenas em termos de escolha pessoa l de um modele pe lo

artis ta ind iv id ua l, m as tarn bern e m term os d a p osic ao a ssu mid a pe la F ra nca

face as fontes da pintura barroca. E inqucstionave l que lanca a lgum a luz

sobre este aspecto desse periodo. 0 culto puris ta do qenio que herdarnos

d o s ec ulo 19 criou em nos a tendencia para m enosprezar ta is fenornenos

com o m ero ecleclism a, dificultando a nossa cornpreensao dos com plexos

processos que inform aram a criacao estihstica do Barroco.

De entre todas as explicacoes propostas para uma interpre tacao

da historia do Barroco, duas ha que se afirm aram , e ambas par razcos va li-

das, A prim eira cons icea 0 Bauoco 0 es lilo da Conlra-Relorrna Es la

interpreta~ao e acetave l, desde que as formas do Barroco Protes tante

nao se jam ignoradas e desde que a Contra-Reform a nao seJa encarada

como 0 principio sem ina l a partir do qua l em ergiu um certo cstilo, m as que

adoptou voluntariam ente esse estilo enquanto ins trum ento conveniente

de propaganda re lig iosa . Ao fim e ao cabo, e de a s si na la r 0 facto de figu-

ras tao influentes como os papas reform is tas Pio V (1504-1572), Grego-

rio X III (1502-1585) e S is to V (1521-1590), ass im como os grandes

fundadores de ordens re liq iosas, Tom as C ajetano (1469-1534), lnacio

d e L oio la (1491-1556), F ilip po N eri (1515-1595) e C arlos B orro meu

(1538-1584), nao terem qua lquer politica artfstica que apontasse espe-

cificarnente para 0 Barroco.

/\ s eg un da te oria p olitic a esta ig ua lm en te v icia da . C on side ra a a rte

barroca como a expressao p er fe ita d as pretensoes a bso lu tis ta s de p od er

do estado. Esta equacao funcional tambcrn e a ceitE iv el d csd e q ue tcnha-

mos presente que os primeiros estados absolutis tas - caso de Horenca

com Cosme I d e Medici (1519-1574) na segunda metade do seculo 16 -

nao foram efectivamente centros de arte barroca in icia l, e que as origens

d es te e stilo deverao ser procuradas antes em Bolonha e em Roma, longe

dos idea is do soberano absolutista e do estado absolutista do seculo 17.

=ranca

Podem os oncontra r IJm exem plo classico da arte barroca 210 servi~oJ

do absolutismo em Franca, no re inado de Luis XlV. Relativamente ao pri- 1:;'/1

meiro periodo barroco da prime ira metace do scculo }? o s d es en vo l-

v imentos ocorrdos em Franca foram ir-elevantes, 0 sol frances s6 des- n IJ ..

pontou na seq.inda metade do seculo e , quando 0 fez, brilhou com um

1644 - Descartes, ao escrever sobre os princfpios da Filosofia, formula 0 conceito: Cogi/o, ergo sum (Penso, logo, existo)

1645 - Final da =Pequena Idade do Gelo», perfodo climirtico que dura ate 1715

13

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 9/24

 

10 11

e sple ndor e um pode r exe mpla re s que de ixou de slum bra da a aristoc rac ia A a rte barroca e sta ineluta ve lm ente a ssociada a ide ia de a cade miaId a Eu ro pa . E t en ta d or ima gi na r q ue f oi e x cl us iv ament e atraves do exem- e, p or c on se qu en cia , a te oria e a o de ba te acadernicos, a p on to d e c he ga r

fplo de Franca qu e 0 Barroco se c on ve rt eu n o e s ti lo absolut ists - se e qu e a c ultiv ar a te oria e nq ua nto d is cip lina autonoma s em e x ig ir n e ce s sa ri a- rL ro de s er c on sid er ad o um estilo, d es de l og o. Embo ra nao fosse de modo m ente que a mesma tenha qua lquer e fe ito sobre a politica s eg uid a n Oj

¥ , I - ~ {a lg um um a n ov id ad e a a rte , ou m elh or, to da s a s a rte s, s ere m u sa da s c om o do rn in io d a a rte . U m e xe mplo d is to e o ta mo so d eb ate , a tra s re fe rido , e ntre

v e lc ulo d e ideals p olit ic os , ja m ais a nte s e ss e p ro p6 sito fo ra c on cr etiz ad o o s R ub en is ta s e o s P ou ss in is ta s ( re m et en do p ar a o s r es pe ctiv os .epre-

c om t amanh a p e rf el Ga o at-aves de instituicoss e de d ire clore s d ete ndo s enta nte s s im b6 lic os , R ub en s e P ous sin ) s ob re a s up erio rida de da c or o u

tamanhos podees, au atraves d e p ro je ct os e rn t ao g ra nd e escala da linha na p in tu r a. Nes ta questao, 0 fa cto r-c ha ve - um tra Go caractens-

~

Ou an do LU IS tomou a s redeas do poder em 1661, ap6s a m orte do tico do Barroco ern gera l, por assim dizer - e, efecl ivamente, 0 principio]

p r ime i ro -m i ni st ro f ran ces , ca rd ea l Ju le s Maza ri n ( 1602 -1661 ), reuninrio capolaridade, n um p ar al eli smo mu it o s eme lh an te il s i tl J8<; iiode r iva l idadeS

assim numa pessoa 0 mona rc a e 0 e sta do , e sc olh eu J ea n-B ap tis te C olb er t q ue a nte s e clo dir a, e m R ama , e ntr e o s a de pt os «eclecticos- do s Car-acci

-+;¥t' 1 61 9-1 683 ) c om o s eu corscrhciro para questoes d e a rt e. C olb er t in ic io u e o s s eg uid or es « na tu ra lis ta s> d e C ar av ag gio , s e b er n q ue em c ir cu ns ta n-

e m 1 663 a re orqa niz ac ao d a ~ an ufc .c tu re R oy ale d es M eu ble s. d e la C ou - c ia s a lg o dife re nte s. A q ue stiio de s ab er s e um c olo ris ta c om o J ea n-A n-

r o nne , i ncumbi da da producao de todo 0 g e ne ro d e mobiliario e de adornos to ine W atle au (1684-17'21) pode ser se ria me nte a va lia do e m te rm os

d e lu xo , in cluin do ta pe ca ria s. A o m es mo te mp o, C olbe rt fu nc ion av a c om o de ste d eb ate te 6ric o e d o triu nfo d a c or s ob re a lin ha te ra d e p erm an ec el

c he fe p olit ic o d a A c ad em ic R oy ale d e P ein lu re e t d e S cu lp tu re , f un da da em em a be rto . M ulto emb or a te nh a s id o e le , p or ve nt ur a, 0 u ni co p in to r f ra n -

1 64 8, c ujo dire cto r a rtls tic o e re . Le B ru n, e ne ss a q ua lid ad e fe z d a a ca de - c es a d es co brir n as o bra s d e R ub en s u ma a finid ade c ro rn alc a in trln se ca ,

m ia u m in st ru me nt o d a p olific a a rt ls tic a r ea l. N om e ad o s u ri nt en da n t d es e nq ua nto u rn rub en is ta c om o P ie rre M ig na rd (1 612 -1 69 5) na o fo i a le m

batiments a p artir d e 1 66 4, C olb ert fun do u a A ca de rr~ R oy ale ~ ~rc hi!e c;- de um a a da pta ca o s up erfic ia l, a s ua o bra in ov ad ora c orne ca ra ja a a orlr

ture em 1671, te ndo a partir de e nta o a se u ca rgo a supe.visao de todos ca minho a um a nova e ra ca nsa da do g ra nd g oO t.

o s p ro ie ct os a rq ut ec to nic os e a fo rnacao de novos arquitec tos. Em 1666, N o que se re fe re ao equacionam ento do Barroco e do absol utism o

e ste p ro ce ss o de c en +a liz ac ao c ulm in ou c om a c ria ca o d a A ca de mic c !.e

F ra nc ~ e lll R om a, um p as so qu e re fre ou c la ra me nte a libe rd ad e d a v id a

~

a rt ls tic a n a c id ad e e te rn a a o e xe rc er u rn m a io r c on tr olo s ob re o s e st ud an -

t es f ra nc e se s a l r es id e nt es . S imu lt an eament e, p or er n, e s sa me sma in st it ui-

c ao p ro po rc lo no u a P ar is u ma b as e fir me n a t er ra p ro me tid a d a a rt e, 0 qu e

s e rv iu ma is t ar de d e f un da rn en ta c ao a s ua p re te ns ao d e « se gu nd a R om a »

Le m q uestoes de a rte, 0 insuc ess o de B ernini em P aris te ra de se r v isto

t amb em a lu z d e st a s it ua c ao mu it o p a rt ic u. ar .

a tra s m en cio na do - q ue , a pe sa r d e n ao s er in te ira me nte in cor re cto , n ao

de ix a d e s er q ue stio ra ve l -, n ao s e p od e n eg ar, e m pa rtic ula r n o c as o d el

L UIS X III , C olb er t e L e B ru n, q ue uma p er ce nt ag em s ig niflc ativ a d e p in to -r

r e s f ran ceses segu ir am 0 s e u p ro pr io c ami nh o, i9 no ra nd o a s p ol lt ic a s c e n- ,

t ra liz a da s n o c amp o d a a rt e. l ro ni ca rn en te , 0 a r li sl a s e rn in a lr n en te i rn por -

ta nte p ar a a d ou tr in a n eo cla ss ic a, 0 p ro pr io E 'o us si n, e p it ome d a p in tu rG '~

f ra n ce s a d ur an te 0 seculo 17 - 0 s ec ulo q ue o s fr an ce se s c on sid er ar rJ

c om fre qu en cia a s ua ~ id ade d e o uro » d a p in tura -, s cn tiu -s e ta o pro fun -

1648 - E assinada a Paz de Vestefalia pela Franca, Suecia e Sacra Imperio Romano, encerrando uma epcca de guerras de

rellqlao, Nasce 0 moderno conceito de nacao supra-confessional

14

10. DIEGO VELAZQUI

A R en di,ao d e B re da

1634/35. O l eo s ob r e te la ,

Madrid, Museo d e l P r a d o

11. JUSEPPE DE RIBI

A S ag ra da F am ilia

1 63 9, O leo sab re tela , 25

To ledo , Museo de S an ta (

12. BARTOLOME EST

Os C om ed ore s d e E mp ad

c . 1 6 6 2- 1 67 2 , Oleo sab r e

Munique , B a ye ri sc he S ta at

Al t e P inakot h ek

d ament e d es a po nt ad e

p in tor da c orte por L

m e se s, r eg re ss ou a R c

Ih id a p or C la ud e l.orra

J a rt is ta s i ri am e x er cec

~ e re ve la ria m ais curs

s e us c ole g as r es id e nt

{

~ Independentes,

maos L e Na in , A n t oin

1 60 7 -1 67 7), G eo rg e

menos irrportante, 0 g

tUj O cicio O s Horton

n*- omo e s pe lh o estilhac

ndicacao soberana d

ti aS nao-acadern icas

o seu rea li s rno , inspi ra

b urq ce s, c om o ta m be

X IV m a nd ou r etir ar to

po r urna un ica ob ra : 0

n o s eu q ua rto c in co o

impo r tan te a i nda , 0 re

Napoles

Quando ana li sa

barroca - Roma e Pa

c ip al, N ap ole s. A c id a

seculo 17, a sua pint

1648 - 0 cardeal Jule

em Veneza a manufact

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 10/24

 

1 0. D IEGO VE LA ZQUE Z

A R en dic io d e B r ed a

1634/35 , O le o s ob re t el a, 307 ,5 x 370 ,5 em

Mad ri d, M u se u d el Prado

1 1. J US EP PE D E R IB ER A

A S a g, ~ da F a m il ia

1 6 3 9, O l eo s o br e tela, 253 x 196 an

To le d o) M IIseD d e S anta C ru z

1 2. B AR TO LO ME E ST EB AN M UR IL LO

O s C o me do re s d e E m pa da s

c . 1GG2-1672, Oleo sobre teia,.124 x 102 ern

Munique , 1 3aye r is che S ta a t sgema l d c sammlungen ,

A l re P inakothek

12

damente desapontado com Paris (para onde tinha s ido chamado como a cidade nao possuia uma tradicao artlstica independente cap3z de de-

pintor da corte por Luis XIII) que, no espaco de uns escassos dezoito sencadear um movimento novo do mesrno modo que 08 A lt o Re nas c im e n to

meses, regressou a Roma, a cidade que se t or na r a t ar nbem a pa tr ia e sco - emergira em Roma. E por essa razao qu e a p in tu ra b ar ro ca n ap oli:a na

«Napobreza e andrajos

destes rapazes, ha urn tao

profundo sentido de saude

e amor a vida, nada maisque alegria interior e exterior,

e tal liberdade, que urn

derviche nao conseguiria

melhor. os garotos deMurillo nao se interessam

por mais nada que nao seja

estarem sentados no chao,

descuidados, felizes e

abencoados como os

deuses do ollrnpo.»

Hegel sobre Os Comedores de Empadas

ademiaIchegar I.ssaria- rr id a n oj

D , entre

repre-

c or o u

.cterls-

" i lcfpiOl

al idadej

a rraccr

mstan-

nAn-

:ermos

arecer

r f ra n -

n s e c a ,

,i a l e r n

3. alrr

Ih ida por C laude Lorra in. Nao obstante , e apesar da distancia, esses dois

fart istas iriam exercer um a inlluencia 11 0 espfrito da pintura frances a q.ie

~e reve la ria mais duradoura e rnais profunda do que a de qua lquer dos

s eu s c ole ga s re sid en te s e m P aris , in clu in do 0 proprio Le Brun.

tIndependentes, mas nem por isso men os conce ituados, eram os

rrnaos L e N a in , A n to in e (c . 1588-1648), Louis (c . 1593-1648) e M a th ie u

1607-1677), Georges de La Tour (1593-1652) e por ultim o, mas na o

meno s impo r ta n te , 0 g ra nd e g ra va do r, Ja cq ue s C allo t (c 1592/93-1635),

~

Uj O cicio Os Horrores da Guerra, produzido em 1632/33, funcionou

n : \ ( . om o espe lho estilhacado de contra-im agem negativa ern opos icao a rei-

indicacao soberana ce qlorificacao da politica a traves da arte , A s tenden-

Icias nao-acadernicas d a p in tu ra f ra nc es a e ra m, e fe ctiv am en ie , ooderosas,

'10 s e u r ea li smo , i nsp ir ado po r C ara va gg io , n ao s6 d es fru to u d o a co lh im en to

risrno

01 nso

ISO d e lp i n l o - ]

s c en -,

mpor-

l intura~

Jeram]

rofun-

O uando ana lisam os estes do is centros m uito dife rentes da pintura

barroca - Roma e Paris -, nao devemos esquecer 0 te rc eiro ce ntro p rin -

c ipa l, Napoles . A cidade so recentemente assum ira esse papel Antes do

seculo 17, a sua pintura dificilmente atingira uma dimensao europe ia ;

falta 0 toque classico harm onizante susceptive l de m oderar a sua tendon-

cia para um inconform ismo audacioso. Um aspecto im portante e 0 facto

de Caravaggio te r passado a lgum tempo nesta cidade, orde criou as

obras-primas da sua ultima fase . 0 se ll chiaoscuro e 0 s ell re alis mo vu l-

gar iriam abrir cam inho a todo 0 seculo, E in te ressante observar que,

em bora D om enichino e G iovanni Lanfranco (1582-1647) t am b er n tives-

sem passado a lgum tempo em Napoles, ta l facto parece nao ter tido qua l-

quer influencia especial .

U ma caracteris iica singular da arte napo lita ra cesse perfodo e a

dissolucao da estrutura p ic t6 ric a n um padrao de m anchas de cares desiq-

nado macchia, pe lo que os seus expoentes sao conhecidos par mac-

chiettistas. E s te € stilo p id 6r ic o osbocado, por vezes incorredam onto qua-

lificado de «irnpressionista», const i tui 0 ins trumento estilistico de uma

emVeneza a manufactura de candelabros e espelhos

1648 - 0 cardeal Jules Mazarin, primeiro-ministro de Franr;a,funda aAcademie Royalede Peinture et de Sculpture. em Paris 1649 - Inicia-se

'9urgues, como tambern granjeou, ocas iona lm ente , a aceitacao rea l. Luis pintura improvisadora e virtuosa que nao esta ir te ressada no conteudo

X IV m an do u retirar todas as pinturas dos seus aposentos subst ituindo-as iconopraf ico, mas antes se concentra na reoresentacao de cava le iros em

p or u ma unica obra : 0 Sao Sebestieo. de Georges La Tour (il. p . 49). Tinha luta , em bambocciata im pudica e em cenas de qenero insoiradas na s

n o s eu quartc cinco obras de valentln d e B ou lo gn e (1594-1632) e, m ais vidas de soldados e de vagabundos. 0 re pre se nta nte m axim o d este e stilo

im p or ta nte a in da , 0 r e i adqu ir ir a tambe.n quadros de Caravaggio. eo pintor e poeta Sa lva tor Rosa (1615-1673), m es tre b rilh an te em to do s

o s dom in io s te.natcos e cuja especia lidade eram as ceras de bata lha . De

todos as pin lores desse periodo, pode-se a firm ar se m d uv id a que e le p os -

Napoles suia a irnaqinacao m ais extravagante . De ixou-nos como legado aque la

cente lha de imaqinacao, nesperada, caprichosa e im previsive l, que ve io a

ser conhecida par capriccio. A partir de Sa lva tor Rosa, e im poss ive l pen-

sar na pintura barroca sem 0 capriccio.

Os representantes mais 'populares da pintura do Barraco napoli-

tano sem pre foram M attia Pre ti (1613-1699) e Luca G iordano (1634-

r as d e

1650 - A persequicao as bruxas naEuropa central atinge 0 auge

15

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 11/24

 

¥t~ J

(

J

13 14

13. FRANCISCO DE

E x po ,ie ao d o C om o de

1 629 , 61 eo sab re tela, 2'

P ar is, M use e N atio na l d i

14. ALONSO CANO

Santo Isidoro e a Milagr,

c. 1646-1648, O le o s ob ,

M ad rid , M useo d el P rad .

15. JUAN SANCHEZ

N atm eza M arta (M alJl. I

c. 1 6 0 2 ( ? ) , O le o s ob re t,

S an D ie go ( C A), T he F ir :

forma romana. As 1m

dade iconografica dMenino Jesus de B,

re tratos de santos, a

pontes extremos da :

o advento de

importante para a art

nica local de chieros.

fase da pintura man

princ ipa l escola de p

variante exlremarnsn

que a estrutura crorr

ciais, conf inada por \

parece assumir a fur

subslancia do tinta E

kothek), de Zurbarar

luz projectada por ur

excitac;ao sobrenatur

tar, do mesmo modo

usado pelos discfpulr

artif iciais. 0 chiarose

superficies dos seus

imaterial de todas as

de todos os materiais

tos retratos, naturez

espanhola possui un

un ica na arte europe

Velazquez, na

original desse tenebr.

1653 - lnicio do florescimento das -academias de cavaleiros», que proporcionam equitacao, esgrima e danca 1655 - Com a lnquis

1653 - Primeiro service postal com utilizacao de calxas de correio, em Paris 1658 _

-1705), conhecido pelos seus conlemporaneos por "fa presto», numa escassa no resto da Europa ate ao seculo 19. Tal fica a dever-se a cir-

relerencia

aprodigiosa rapidez com que tera pintado. Giordano e reco- cunstancias que tambern moldaram a fisionomia espedfica do Barroco

nhecido como um grande pintor de frescos napolitano, que transcendeu 0 espanhol . A sua «ldade de OUIO» coincidiu com a progressiva perda de

estilo local, explorando as inf lucncias roman as, em particular de Pietro da poder e de prestrgio do governo espanhol. Acontecimentos como a

Cortona. p ., i rnportancia de Napoles no campo da p in tu r a barroca e ainda derro ta da Invencfvel Armada pelos ing leses, que ve io desferir um golpe

sublinhada par uma ci rc.mstancia curiosa: a si tuacao da crdade enquanto fatal no poder maritimo espanhol, 0 cessar-fogo negociado com a Ho-

dominio espanhol. Napoles viria a desempenhar um importante papel no landa Protestante em 1609 apos uma lonqa e arrasadora luta, e 0 reco-

desenvolvimento da pintura barroca espanhola e seria uma importante nhecimento f inal da indcpendcncia deste pequeno pais em 1648 sao

fonte de inspiracao dos seus pintores. Neste aspecto, urna figura-chave e apenas os sinais exteriores mais espectaculares do declinio e do cansaco

o artista espanhol, estabelecido em I \lapoles, Jusepe de Ribera (1591- que se apoderaram do pais em consequencia de decacas de urna politica

-1652), o principal expoente do caravaggismo napolitano.

tl

de poder agresslva.

A corte espanhola no reinado de Filipe II (1527-1598) teve pou'

cas encomendas atraentes para os artistas es'rangeiros. Embora Rubens

aspanha realizasse algumas obras em Madrid, convern nao esquecer que este

artista f larnengo se encontrava ao service da coroa enquanto subdito

Ouando nos d e br uc amo s s ob rs a pintura barraca espanhola, ha espanhol e diplomata.

que ter em atoncao certos factores ext rinsecos. Em prunei.c lugar, (on- A parte alguns retratos representatives, prestigiosos e diplomati-

vern nao esquecer a sstatuto social extremamente baixo dos pintores, cos, as unicas obras encomendadas pela corte cspanhola foram os cielos

situacao essa cont ra a qual a gera~ao de artistas espanh6is posterior a de quadros oe batalhas para 0 Salon de Reinos, 0 cic io de Hercules de

EI Greco continuou a lutar. Grande parte da intormacao de que dispomos Francisco de Zorbaran (1598-1664), e cenas rr.tolcqicas para 0 pavilhan

sobre a sua sorte provem dos escritos sobre arqui'ectura, escultura e pin- de caca real da Torre de la Parada, executadas pela oficina de Rubens,

tura do pr6prio EI Greco, os quais jll. nao chegaram ate nos na integra, para Essa falta de encomendas reais e a baixo estatuto social dos art istas em

aiern dos modestos contributos dados, 11 0 seculo 17, por Francisco Pa- Espanha sao dois factores importantes ainda mais exacerbados pela

checo (1564-1654), Vincente Carducho (c. 15'76-1638) e Juan Bautista ausencia de urn patronato aristocralico e burques. 0 estilo de vida da

Martinez del Mazo (1612-1667) cujos textos visavam tam bern realcar a nobreza espanhola era claramente quixotesco e 0 reper tono r ie temas

estatura social dos arlistas - prop6sito que ja dera frutos em ltalia uns barrocos nao exercia sobre ela 0 minirno fascinio, enquanto lutavam con-

bons dois seculos antes. Dada a dependencia dos pintores espanhois de Ira moinhos de vento para fugirem a realidade da sua propria insignifi '

contactos externos a fim de 5e manterem a pa: dos desenvolvimentos cancia Apenas a Igreja sentia uma necessidade crescente de pintura, pelo

artisucos em ltalia enos Paises Baixos, tiveram uma influencia muito que acolheu as artiffcios estilisticos que haviam surgido na Cont ra-Reo

o

e

F

16

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 12/24

 

:1 a de ve r -s e a cir-

e cff ic a d o B ar ro co

g re ss iva p erd a d e

"c imentos como a

d es fe rir u m g olp e

o cia do c om a Ho-

d ora lu ta , e 0 reco-

cais em 1648 sao

c li ni c e do cansaco

na s d e um a p olitic a

J-159S) te ve p ou -

DS , Em bo ra R ub en s

esqueccr qu e e ste

enquanto subdito

g io so s e diplomati-

ola f or am o s c ic lo s

do de Hercules de

i ea s p a ra 0 pavi lhao

o fic in a d e R u be ns ,

, cia l d os a rti sta s e m

; e xac erb ad os p cia

estilo de vida da

'e pe rt 6r io d e te m as

H u an to lu ta va m c on -

r a p ro p ri a i ns ig n if i-

e nte d e p in tu ra , p elo

g id o n o C o nlr a- Re -

d e c o rr ei o, em P a ri s

1 3 , F RANC ISCO DE ZURBARAN

E xp osi cii o d o C or po d e S . B oa ve ntm a

1629, Oleo s ab re t el a, 24 5 x 220 em

Paris,Musee National d u Louv r e

1 4, A LO NS O C AN O

Santo (sido ro e 0Mi la gr e d o P o ,o

e . 1646-1648, O le o sa br e tel a, 21 6 x 149 em

Madr id , Musco de l P rado

1 5, JU AN S AN CH EZ C OT AN

N a tu re za MO lt " ( M a, a, COllve , Mel"o c P c pi no )

c. 16 02 ( ') , 61eo sob re tela, 65 x 81 em

S an D iego (C A), The F ine A rts C allery of S an D iego

15

fo rm a rom an a. A s Im acu la da s in su po rtav elm ente d oce s - u ma e spe cia li-

dade iconogra fica desde EI G reco -, as delicadas representacoes do

M enino Jesus de Barto lom e Esteban M urillo (c . 1617/18-1682) e os

re tra tos de santos, austoros e eniqrnaticos , de Zurbaran representam os

p onto s ex tre mo s d a p in tu ra re lig io sa e sp anh ola d a epoca

dedor de Agua de Sev i lha (c. 1620; Londres, W ellington M useum ), con-

segue lrans form ar um simples co po de aqua, d ig nific ad o p ela i rrupcao fria

e pra teada da luz, num objecto enigm :itico e precioso, transpondo isto para

a esfera de oxperiencia dos personagens, Ve lazquez dedicou-se durante

u m b re ve espaco de tempo as pecas de qenero, c oz in has e a de ga s desiq-

o advento do caravaggism o funcionou tarnbern como estirnulo nadas por bodegones, mas jamais se especia lizou numa determ inada

rnportante p ara a a rte e sp an ho la , o nd e e nc on tro u 0 solo tertil de uma te~- direccao e co ntin uou a e xpa nd ir 0 se u repertorio para la d as e nc om e nd as

n ie a lo ca l d e ch iaroscuro tendo por base a pintura ncerlandesa e a ultima de rotina da corte , da arte re tratista, dos re tratos de criancas, dos re tra tos

fase da pintura maue irlsta Em Sevilha , pa tria da que tera sido talvez a equestres, a tal ponto que, a parte a pintura mural e de tectos , que de qua l-

p rin cipa l es co la de pintura e sp an ho la d o seculo 1 7, vamos encontra r uma quer modo teve um pape l irre levante na Espanha b anoc a. a s ua o br a a br an ge

variante extrem am ente singula r de pintura em tors ocres e castanhos, em todos os principa is cam pos ternaticos da epoca. Inclui 0 nu fem inino sob a

q ue a e str utu ra crornat.ca d a te la e reduzida aos seus elementos essen- forma de A Venus de Rokeby (c . 1 644-1 648; L on dre s, N ation al G alle ry),

c ia is, confinada por vezes a pouca ou nenhuma cor, pe lo que cada matiz 0 unico exemplo sobrevivente de quatro representacocs de Venus - tema

parece assum ir a funcao de uma luz intimamente fundida com a propria multo raro na pintura espanhola - ass im como pinturas m itoloqicas e de

s.ibs ta ncia da tin ta. E m 0 Extase de Sao Francisco (Munique, Aile P ina- his t6ria sacra , e as grandes a legorias da pintura que incorporou nas suas

kothek), de Zurbaran, ja nao e uma si.b ita e resplandecente explosao de Tecelas (c. 1644-1648; M adrid, Museo de l Prado) e no famoso re tra to da

luz prcjectada por uma qua lquer fonte exterior que avoluma a sensacao de fam ilia de Filipe , IV conhecido com o A s M en in as (il p. 71).

excitacao so bre na tu ra l e e mo cio na l e nq uan to g esto retorico complemen- Na sua epoca, Velazquez fo i um pintor contem plativo, um hornem

t ar , d o rnesrno m odo que na o ex iste nenhuma fonte natura l de luz do tipo de ide ias e um pensador que defendeu 0 valor da dignidade hum ana com o

usado pelos discfpulos de Caravaggio para cria rem os seus efe itos de luz ninquerr antes havia feito . A sua enorme te la de A Rendicso de Breda

a r ti fi ci ai s. 0 chiaroscuro de Zurbaran e inerente as proprias cores , e as (iI, p . 14) nao e uma imagem de subm issao, mas de conciliacao. M esmo

superficies dos seus objectos mergulham nele , Nesta tusao da luz, a mais nos seus retra tos , tao populares na corte , de anoes, loucos e id iotas con-

im aterial de todas as coisas, com os tons de terra argilosa do m ais hurnilde s iderados na a ltura carica turas vivas, V elazquez confere-lhes um a ineqa-

de toaos os materia is - que encontramos nas tona lidades terrosas de tan- ve l d iqrucace que nao tole ra a m inim a zcmoaria Apesar destas realiza-

tos re tra tos, na turezas mortas e cenas de qenero -, a pintura barroca coes, ou ta lvez precisamente devido as qualidades pessoa is que estao na

espanhola possui uma qua lidade espiritua l que Ihe confere uma posicao sua origem , Ve lazquez fo i uma das persona lidades artls iicas cujo percurso

unica na a rte europe ia . m anteve a sua propria especitic.dade leqando-a aos seus seguidores.

Ve lazquez, na sua prim eira fase , e tam bem um representante m ulto

o rig in al d ess e te neb ro so e sp anh ol. N um a d as su as prim eira s o bras , 0 Ven-

1655 - Com a lnquisicao, em particular em Espanha, Franca e l talia, quem se desv ia dos dogmas da Igreja e perseguido1658 - Leopoldo I torna-se imperador do Sacro Imperio 1661 - Luis XIV, 0 «Rei-Sol. ., torna-se governanle absoluto em Franca

17

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 13/24

 

16. ADAM ELSHEIMER

A Fu~aPara0 ElliPto

1609, 61eo sobre cobre, 31 x 41 em

Mun iq u e , B a ye r is c h e S t a a ts g e l1 1 : :i l~ e s ammlL i ng e n ,

Alte Pinakothek

17. JOHANN LlSS

A Molte de Cleopatra

c. 1622-1624, 61eo sobre tela, 97,5 x 85 ,5 ern

.vluuique, Bayerische Staatsgemaldcsarnmlungen,

A l te P i na ko tl ic k

18. JOACHIM VON SANDRART

Novembro

1643, Oleo sobretela,149x 123,5 C 1 1 1

Muni qu e, B a ye ns ch e S t aa ts ge m al de sa mml un g en ,

A l te P i na ko rh e k

16

Alemanha a viagem toi a T eu ts ch e A ca de mie d er ed len B au -, B ild - u nd M a hle re y

-Kunsie (<<A cadem ia Alerna da N obre A rte da A rquitectura , Escultura I

Embora nao fosse usua l os pintores espanh6is v ia ja rem por Roma P intura»), publicada em Nuremberga em 1675-1679. Tra ta-se de um,

e italia (R ibera fo i a excepcao, e nunca mais regressou de Napoles), e ra fonte ines tirnave l de docum entos te6ricos e his t6ricos cornparevcl a i

uma pra tica comum dos pintores do Barroco a le rnao passarem alguns V id a s d e A r ti st as , de Vasari, podendo ser cons iderada uma obra funda

an o s no estrange iro, nos Pafses B aixos , em ltalia ou ate em ambos os pai- menta l da h is to rio gr afia d a arte alerna

ses . De ixando de lade a inte rvenc;ao mais marcante e decisiva no desen- Sandrart, um artis ta muitiss imo conce ituado e uma autoridade res

volvimento artlstico do infcio c o B a rr oc o -iaAlemanha, a Guerra dos Tnnta pe itada, fundara uma academ ia em 1662. P or in ic ia tiv a s ua , l oc aliz ou -s

Anos, consta tamos que a r az a o ma rs i rr -p or ta n tc para a f lutuacao de artis - em Nuremberga, mas na o co ns eg uiu c onc re tiz ar a s ua p ro je cta da fu n,a !

tas reside na ausencia de U 1 1 1 centro te rritoria l pr6priono S acra Im perio de centro artis tico influente . capaz de estabe lecer padroes. A Iuz dos de '

R om ano-G erm Em ico que, com o um a capita l, fosse capaz de estabelecer senvolvim entos gera is verificados na Europa, e atendendo ao pape l dese~'

certos padroes estilfs ticos, criando um a certa uniform idade na pintura penhado pe las academ ias noutros paises durante esse mesmo periodo

barroca a lerna ve io um pouco tarde de mais .

l:

tl

A re lacao a norosa entre a A lemanha e Veneza in ic ia -se com Hans

Rot lenhammer (1564-1625), que se estabe leceu nessa cidade err

1589. 0 a rtis ta d e F ra nk fu rt, A da m E is heim er, ju nto u-se -Ih e ai e, em

1600, as dois v iriam a escolher Rom a com o sua cidade de e le icao, Veneza

f oi i gu a lme n te 0 destine do artis ta de Hols te in, Johann Liss (c . 1595-

-rC. 1629/30 ) , e do de Munique, Johann Carl Loth (1632-1698). En -

q ua nto L oth c om bin ou 0 te ne br os o ro ma no de C aravaggio com um tra ta-

mento da cor ver-eziano, L iss trouxe cons ico de Amesterdao e de Harlem

e leme nt os n e er la n de s es , inteqrando-os n a p in tu ra v en ez ia na , d e q ue e ste s

dais a rt is ta s a le m ae s e ra m c on sid er ad os a s r ep re se nta nte s m axim os, no

seculo 17. A su a in flu en cia na p in tura aierna, pe lo menos no caso de Liss ,

f oi e s ca s sa .

O utros artis tas , com o Johann H einrich Schonfe ld (1609-1682),

que prosseguiram a sua experienria rom ana e napolitana quando reg res-

saram, tive ra m um maier im pacto com o m ediadores de escolas de pintura

estrange iras . U m dos resultados m ais s ignifica tivos dessa propensao para

o

e

F

And re as P ts t«

(C A paisagern e

bela, 0 reflexo

na agua tao na

os viajantes e

tao bern desen

que nunca se t

visto tao reaIfsj

estilo, e por is!

se fa lava de Olcoisa em Rom

nao fosse a no

de pintar inven

por alshelmer»

Joachim von Sandrart so

A Fuga Para 0 Egipto

a Barraco nos p

N o s ec ulo 17,

B aix os flo re sc eu da n

de Ouro. Rubens no,

representam os coni

apogeu. Enquanto R

da s a nobreza e a Ig

os re inos dos Ceus 0

lava os abism os ocul

arte do re tra to -,A p:

e xce le nte arte re tra i

R uisd ae l, va n G oy en

mortas de Heda e K

de Hooch. A pinture

o bra s-p rim as n o tra t

Q uando R em l

d e O ra ng e (1584-

maior parte das qUe

r es po nd eu -s e e ntre

t ij n H u yge ns (1596·

Rembrandt escreve ,

preocupacao em d E

( < < 0 maier e mais na

p or q ue d em or ara tE

ra l rnovirnento» de q

sentacao subtil e re

suas ernocoes inter'

Um artis ta m .

"1662 - Char les Ie Brun torna-se director art ist ico da Real Fabr ica de Manufactura de Tapeies Gobelin, em Franca 1669 - 0 Mall eus n

1666 - E fundada em Paris a Academia das Clencias e publicado a primeira jarnal cient if ica em France 1670-

18

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 14/24

 

1669 - 0 Mal/eus maleficarum ( ,,0 Martele da Bruxa»), um dos l iv ros mais divulgados na epoca, esta na sua 30.' edicao

iro jornal cientifico em Franca 1670 - Manufactura dos primeiros relopios cem ponteiro dos minutos 1673 - Luis XIV introduz a peruca Allonge

ammlungeu,

x 85,5 em

sanunluugen,

em

sammlungen,

3 a u·, B i/ d· u nd M a h/ er ey -

I Arqu it e ct ur a , Es cul tu r a e

5 -1 67 9. T ra la -s e d e uma

hisloricos compars .ve l as

i s ide rada urna obra tunca-

t ado e urna au to ridade res -

- in ic ia ti va sua, loca li zou-se

ta r a sua p roj e ct ada tun cao

seer padroes A lu z d os d e-

a tende1doao pape ldesem-

a n te e s se mesrno periodo,

A n dr ea s P ra te r

«A p ais ag em e ra ta o

bela, 0 re fle xo d o c eu

n a agu a ta o n atu ra l,

o s v ia jan tes e an ima is

tao bem desenhados ,

q ue n un ca s e tin ha

v is to tao rea lfs ti co

e stilo , e p er is so n ao

s e f ala va d e outr a

c oisa em a oma que

na o foss e a no va a rte

de p in ta r in ven tada

per elshelmer,»

J oa ch im v on S an dr ar t s ob re

A F ug a P ar a 0 Egipto

17 1S

o aarroco nos parses saixos s ua o bra e m te rm os m uito d ife re nte s. T eria s ub lin ha do a p eric ia , 0 en -

q en ho e a in ve ntiv id ad e d a p in tu ra . 0 c om en ta rio d e R em Jra nd t re me tia

No secu lo 17 ,n a sequencia da d iv is ao do pa is, a pintura nos P ais es pa ra a lgo m ais . E voca va um a q ua lida de que se iria tra nsform ar nu ma

B aix os flo re sc eu d an do o rig em a q ue v iria a s er d es ig na da p ela s ua Id ad e c ara cte ris tic a fu nd am en ta l d a p in tu ra ba .roc a, e rn e sp ec ia l n os P ar se s

d e O ur o. Ru be ns n o s u i c a t6 1ic o d o p ais e R em bra nd t n o n orte p ro te sta nte tla ix os . R em bra nd t fa la va d e re alis rn o e d e u ma a bo rd ag em n ov a e mars

re pr es en ta m os c on tra ste s e a s a fin id ad es d a p in tu ra d o B ar ra co n o s eu in tim a d a v is ao d o m un do . F ala va ta mb em d e u ma n ov a d im en siio d o p ate -

a p og e u. E n qu a nt o Ru be n s, c om a s s u as criacoos rronumentais destina- tico e da expressao - «nalureelste bowcechqclickhcijt».

da s a nobrezae a Igre ja , f orjava um elo entre a mundo mortal e le rreno e 0 c ic io da Paixao de Cristo de R em bra ndt e a obra in icia l de urn

as re.nos do s C eus ou d o O limp o, a s ub ti l ch iaroscuro d e Rembr an d t reve- artista holandes, Co in c id e com a o br a t ar dia d o p in to r ; Ia m en go P et er P a ul

la va a s a b is m os o cu lto s d a a lm a h um a na , c ria nd o uma n ov a d im e ns iio n a R ub en s. E ntr e 1 6C l6 e 1 63 8, R ub en s I ra ba lh ou n ur na serie de p roj e ct o s

a rte do re tra to. A pa r de ste s a rtis ta s de ge nio, e ncontra mos ta mbe m a pa ra um im porta nte cicio m ito loqico, pa rte do qua l e xe cutou pe ssoa l-

e xc ele nte a rte re tra tis ta d e F ra ns H als e d e v an D yc k, a s p ais ag en s d e m en te , e q ue fo ra e nc om en da do p elo re i d e E sp an ha p ar a d ec ora r a p av i-

R uis ca el, va n G oy en e H ob be ma , a s a le go ria s d e J ord ae ns , a s n atu re za s lha o d e c aca r ea l d a T or re d e la P ar ad a, p erlo d e M ad rid . P or m ulto irre le -

m orta s de H ed a e K alf, a s c en as d e g en era d e B ro uw er , S te en , T e rb oc h e v an te s q ue s eja m m uita s v ez es a s te nta tiv as d em as ia do fr eq ue nte s d e

d e H oo ch . A p in tu ra d es ta e ra c ulm in a c orn a s in te rio re s d e V erm ee r -

obras-prirnas n o t ra tam en to d a lu z e n a h ar mo nia c ro rn at ic a

O ua nd o R emb ra nd t f oi e nc ar re ga do p elo principe F rede r ic k Hen ry

de O range (1584-1647) de pinta r c inc o c ena s da P eixso de Cristo , a

ma io r p a r te d a s q ua is actuel nerr:e n a A ile P in ak olh ek de Mun ique , co r-

respondeu-se en t re 1636 e 1639 com 0 sec re t a r. o do p r in c ip e , Constan-

tijn H uy ge ns (15 96 -1 68 7). N um a d as s ete c arta s q ue c he ga ra m a te n 6s ,

Pembrar .dtescreve sob re 0 Sepu / tamento , d iz e nd o q ue t iv e ra uma en orme

p re oc up ac ao em d ar « die m e es te e n de n atu re els te b ew e ec hq elic kh ejt»

( << am a ie r e m a is n at ur al m ov im e rto -) e e xp lic an da q ue fo ra e ss a a r az ao

estabelecer comparacoes e n tr e Rembr a nd t e Rubens , o fe r ecem nao obs-

t an te a lg uma s a na li se s in te re s sa n te s : 0 q ue p ar a R emb ra nd t c on stit ufa

u ma e nc om e nd a, e ra p ar a R ub en s 0 e n ri qu e ce d or c u lm i na r d o t ra b al ho d e

t od a uma v ic a, N a s u ltim a s o br as d e R ub en s e nc on tr am os um a in te ns if i-

c ac ao d o p ate tic o e d a e xp re ss ao d ram atic a

N as princ ipa is obra s de pintura de R ube ns da de ca da de 1630,

d es de o s s eu s ta bo r-ia cu lo s a te a os p ro je c\o s d e e nc en ac ;6 es d vic as

com o a p o mp a i ntr oitu s c on ce bid a p ar a a r ec ep ca o a o in fa nte F er na nd o

c om o r eg en te d e F la nd re s, d es de a s c en as r nit olo qic as c om o a s d a d ec o-

ra ca o da T orre de la P ara da nos a rre dore s de M adrid a te a s pa is age ns,

p Oi qu e d em or ar a t an to t em po a p in ta r 0 q ua dro . E ste « ma ie r e m ais n atu - v am os e nc on tr ar u rn a c re sc en te d en sid ad e e c en tra lid ad e, e m q ue c ad a

r al m o v.m en to » d e q ue fa la n a s ua c arta re rn ete n ao a pe na s p ara a l"e pre - p in tu ra g an ha s en lid o a p ar tir d a a trib uc ao a o s eu c on te ud o d e c ar ac te -

s en ta ca o s ub til e r ea lis ta d as lig ur as m as ta rrb e-n p ara a e xo re ss ao d as ris tic as e ss en cia is e d e p ro p6 sito s - u ma d en sic ad e e m q ue a lu z e a c or

suas emocoes inte riores. desempenham um pape l de re levo.

Um a rt is ta man ei ri st a d o s e cu lo 16 te ria e xp re ss ad o a d es cric ao d a D ete rm in ad os c rite rio s d a p in tu ra n ee rla nd es a e nc on tra va m-s e c ia -

19

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 15/24

 

es

d a

[pl(

\ . . p C

f + ' * [al!

[v e

l~;~r i

l a s- K ¥ - ' k ' ! l 1

en

rOI

de

ch

H

mi

b fJ

tU I

os

rei

19. JOHANN CARL LO

M e rc llr io a T oc ar F la u ta Janterior OJ 1660, 6 1e o s ob

L o nr lr es , N a ti on al G a ll ef )j

20. JOHANN HEINRI

I I T empo (Cronol

c. 1645, 61 eo so br e tela,

Augsburgo , D eu ts ch e B ar

«o seu lesto p ince l e ra

acom panhado por um aextraordinaria g r ac ;a q u e,

co nstitu in do g ra nd e p arte

d a p in tu ra n obre, e noe nta nto p ou co vista ; mas

e la quase se apa ixonou

p elo n oss o schonteld.»

21. JOHANN MICHAEU

S . Beno

1702, 61 eo sab re te la , 11 8

M un iq ue , B ay er is ch e S ta at .oachimvonSandrart,1675

19 20

ramente estabe lecidos ainda antes de Rubens e de Rembranct: 0 rea- medida, a circunstancia de inicialrnente te r lido de olhar pam alern G exibindo de forma sen,

lismo e a representacao fiel dos o bjc cto s, 0 seu contributo traduz-se, confins de Antuep.a, para ltalia, patria das artes, para firm ar uma rep'! entrada no m undo da €

porern, na apresentacao do patetico e do movimento; a intensificacao da ~ao. Sob pressoas pollticas, a obra de Rubens foi-se tornando progra C ; ; a o ou a Ascensso co

expressividade pictorica o btid a g ra r;a s it centraqem e ao profu ndo trata- vamente extrovertida, enquanto a cidade de Arncsterdao, cuja r i q u e s criando im agens de se

mento da cor e da luz. orgulho eram igua lmente recentes, se vangloriava por Rem brandt nu~esfera do sensualm enl

E xis te m lim ite s a u tilid ade de toda e qu alque r cornparacao entre 0 ter estado em llalia, e a arte deste foi-se tornan do ca da ve z m ais inl C ontra-R eform a e para

Rubens da ultima fase e 0 Rembrandt da primeira , e tais confrontos len- vertida e 0 seu raio de accao reduzido dentro de Amesterdao. O ua nd o R em br<

dem invariavelmente a ser usados para realcar certas polaridades, De urn Ern 1566, a Gueux amplamente calvinista , que se revoltara c o ten trion ais dos Pa ises

la do, tem os um pinto r aristocrata e um cosm opo lita sofistica do requ estad o 0 regime espanhol, saqueou as iqrejas e os m osteiro s cat6 1icos de A nm N assau , principe de Q

pe las casas reinantes da Europa e pela lqeja Do outre, temos 0 filho de pia (n a altura uma cidade com uma populacao de cerca de 1 20 00 0 Ii ment e i nd e pe nde n te s

urn moleiro de Leida , cujas tentativas de dirig ir um a casa nobre em Ames- soas) nurna violenla «destruicao de irnaccns», O s go vernan tes espa ni um as trequas que-iram

terdao estao conderadas ao fracasso e que acaba por se retirar para as reagiram convocando a lnquis.cao: Margc.rida de Austria , duquess a ss in alo u t am bem 0 fi

margens do gueto, evitando os c on ta ct os n u rn a no s e dedi cando- se intei- Parma (1522-1586) renunciou ao seu cargo de governador-gera l Baixos do Norte e, a o n

ramenle a pintura, Amb os tiv er am urn enorme impado no universe da arte, as tropas comandadas pelo duque de Alba (1507-1582) avanca das provlncias do sui,

tornando-se os mestres do seu seculo e formando escolas de arte - lite- Rubens voltou a 11a lia um ana depois, regressando finalmente para d ornlnio austnaco em

ral e metaforicamenle - que moldaram a evolucao da pintura. A lern disso, estabelecer em Antuerpia em 1608. A p rovin cia d a fl

foram as unicos artistas nos Palses Baixos que praticaram todos as gene- No sui dos Paises Baixos, que se mantivera espanhol e ca l61icGormada por Zee land, a

ros de pintura, desde a pintura hist6rica a pintura retratista; ao m esm o vida quotidia~a comecava a readquirir urn certo grau de norrna idado,u gen, Ao encerrar 0 Sc~

tem po, de fen deram 0 retorn o a especializacao na pin.ura R ub en s fo rm ou a reconstrucao e restauro de Igre jas e rnosteiros. Gracas ao patrona lo quilou a cidade que fd

e empregou especialistas em flores, figuras de genero e ate em pintura infanta Isabel Clara Eugenia (1566-1633), um a am ante da arte, e Ir ma n or te , e nq ua nto Am es ~

« a m aneira de R ub ens» . Prat icarnente to do s o s e sp ec ia lis la s holand=ses rei Filipe III d e E sp anha (1 57 8-1 6~ 1 ), Rubens recebeu um vasto num !A Holanda riva lizava ~

ficaram devedores ce Rembrandt desde a pintura «eleqante» ate ao ilu- de encomendas da corte, do municIpIo e da lqre ja, quistando um verdadef

sionismo t rom p e l 'c ei l e a propria arte do retra to. A grande realizacao his torica de Rubens consistiu na sfrrlescr cornercio de cereais

A ascensao da pintura nos Palses Baixos coincid iu com urn periodo trad.coes da pintura class ica de urn modo antes inimaqinavel, cna indias Orientals e Ocid

de turbulencia politica em que a pais se viu dividido para sernpe, quer pela perspectivas dinarnicas em lugar de eslruturas retrospectivas estal.iotudo, Amesterdao era ~

reliqiao quer pelo regime politico. Foi um perlodo ern que Anluerpia pel'- Iria converter-se no pintar da nova era barroca, a expoente de umaa s eu «banco cambial» e l

deu grande parte da sua riqueza e do seu poder, justamenle quando a que transcendia as fronteiras entre realidade e meta-realidade, trans! algumas sociedades Iestre la de Am esterdao cornecava a brilhar. 0 facto de Rubens receber mando as aderecos esta ticos do Renascimento em exuberantes cen~ Companhia Holandesa

~ 1~ c~ :~ :~ a_ :'_ ~a _~ ~e ~~ ~_ d~ _~ o~ ~e ~~ ~~ ~e ~~ s~ ~~ ~~ _~ e~ ~~ ~~ _S l'~ ~~ e _ _ t ~~ t~ a~ s_ ~i~ ~~ ~v ~~ t~ :~ e_ ~o _~ i~ ~~ ~~ ~:~ ~~ ~t~ ~s ~_ e~ ~i~ ~~ ~~ ~e ~~ ~ ~~ ~t~ ~0 _~ ~~ :~ ~~ 1

1678 - Sao trazidos crisantemos do Japao para a Holanda

1685 - Fugados protestantes huguenotes

20

1680- Arcangelo Corelli e 0 primeiro compositor a compor um C on certo gro '

1688 - Conclusao daconstrucao do palacio de Versalhes e aAustria entramna

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 16/24

 

n ee l e ra

por umaraca que,

ande pa rt e

:675

olh ar p ara e lern d os

ra furnar uma r epu ta -

9 tornando progressi-

erdao, cuja rqueza e

J ar R em br an dt n un ca

, c a da ' 1 e z ma is in tr o-

nestercao,

ue se rsvoltara contra

's c a t6 1 ic o s d e An tu e r-

srca de 120 000 pes-

IOVerna:1tes espanh6is

A ustria , d uqu esa d e

e g av er na do r-g era l, e

)7 -1582) avancaram.

;1 0 fmalmenle para se

e spanho l e cat ol ic o, a

u d e n ar ma lid ad e, c om

3 ra <;a s a o p atro na to d a

lante da arte, e irm a do

e be u u m v as to n urn ero

o ns is tiu n a s in te se cas

s inimaginavel, criando

I; t raspect ivas estaiicas.

e xp oe nte d e urna arte

e t a- rea li dade , t rans fe r -

exuberantes cenarios

o se e sp ir it ua l e t er rc na ,

po r um Concerto grosso

-saihes

21

1 9. J OH AN N C AR L L OT H

Mer cu r io a To ea r F1auta P a ra A r go

anterior a 1660, O leo sob rc tela, 1 17 x 100 em

L ou d rc s, N a ti on al G a ll er y

2 0. J OHANN HEINR IC H SCHONFELD

n Tempo (Crona)

c. 1645 , O leo sab re tela, 102 x 77 em

A l I gs bmgo , D eu ts c he B a r oc k g al e ri e im Schaezlerpalais

21

2 1. J OH AN N M IC HA EL R OT TM AY R

S.Beno

1 702, O leo sob re tela, 1 18 x 1 00 em

Mun ique , Baye r is ch e St aa ts g emii ldesammlungen

exibndo de forma sensua l a deificacao dos grandes e des bons e a sua A estrutura politica des Estados Gera is era federa l, com os princi-

entrada no m undo da etern idade e da c on ce pt ua lid ad e. A do ptm : 8 Assun- pes da Casa de Orange funcionando como govern adores ou poder exe-

,ao ou a Ascensao como terna privilegiado, em todas as suas variacoes, cutivo de republicas aut6nomas em que emergira uma nobreza endi-

criando imagens de seres ascendendo as a lturas ce lestia is e descendo a nhe irada de ricos burgueses que tomou conta da adrnin is tracao, cuja

es fera do sensua lmente pa lpavel para os seus patronos ecles iasticos da leqitimacao decorria da luta pe la lioertacao e do sucesso finance iro.

Contra-Reform a e para a « sociedade cortes '. 0 ?rocesso de independencia politica nos Palses Baixos fo i em

Ouando Re rn b ra r ld l nasceu em Leida em 1606, as provincias se- gl·ande medida uma luta re lig iosa em que diversas formas de Frotestan-

t en tr io n ai s d o s Paises Baixos, governadas pe lo governador Mauricio de tismo, e muito especia lmente 0 C alv inism o, ganharam um a forte proJec-

N as sa u. p rinc ip e de O ra ng e (1567-1625) , so se haviam tornado tota l- < ; 8 . 0 . U m sinodo naciona l rea lizado em D ordrecht em I 61 8 p roib iu o s ser-

rrerre in dep end entes d o dominic c sp an hol d es de 1596, nos termos de vices re lig iosos cat6 licos, sendo os ca lvin is tas os unicos autorizados a

umas trequas que iram durar a te 1621. A Paz de Veste.al ta, em 1648, que exercer cargos publicos, A maioria dos membros de. Casa de O range eram

assinalou tambem 0 fim da Guerra dos Trinta Anos, reconheceu os Parses c alv in ista s orto dox os , e a pen as a lg um as bo ls as d isp ers as da s p ro vlnc ias a

Baixos do Norte e , ao mesmo tempo, separou-os de Lima vez para sempre

das provlnc ias do sui, que permaneceram espanholas, passando para 0

dominic austnaco em 1714.

A provincia da H ola nd a a ss um iu0

pape l princ ipal no se io d a u nia o

no r te pe rmclOe r. e ra r r cato.icas,

A his t6 ria da s no va s p ro vin cias se te ntrio nais cornecou com os ico-

noclastas, N o seu Decelcqo, .Joao Calvino assum ira uma posicao soore a

questao das imagens e exigira a inte rdcao de qua lquer 'epresentac;ao dofarm ada par Zee land, Gelderland, O verijsse l, Drenthe, Friesland e Gronin- d ivino. A dignidade por assim dizer sacram enta l que a fe cat61ica conferira

g en . A o e nc er ra r 0 Scheidt, 0 acesso de Antuerpia ao mar a Holanda ani- a representacao dos santos transformara-se agora num sacrileqio, Esta

qui lou a cidade que fora , no seculo 16 , 0 mais rico centro mercantil do viragem nos acontecimentos ve io estreitar 0 c am po d as e nc o.r ne nd as ao s

norte, enquanto Amesterdao adquiria uma prosperidade sem precedentes . a rtistas , na medida em que punha termo a decoracao das igrejas e aos

A H alan da riv aliz ava co m a lnqlaterra enquanto potencia rr aritim a, c on - rctaoulos,

q uis ta nd o um v er da de rr o rnonopolio no tra nsp orte d e c arg a, d om in an do 0 O uando R em brandt criou una serle de pinturas sobre a Paixi 'i o de

cornercio de cerea is do Baltico e estabe lecendo bases colonials na s Cristo para 0 principe d e O ra ng e, tratava-se de pinturas devotas para usa

indias O rienta is e Ocidenta is e na America do Norte e do SuI. Mas sobre- p ar tic ula r. A n ob re za fi.ndiaria com os se lls pa lacios fazia poueas enr:o-

ludo, Amesterdao er a urr: florescente cerrro finance iro, e a irnportancia do merdas de frescos ou de decoracoes siqnificativas, 0 palacio de Huis ten

s eu « ba nc o c am bia l» e ra c om pa ra ve l a da Wall Stree t de hoje . Em 1602, Bosch dos Orange constitu i uma das poucas excepcoes, se bem que

a lgumas sociedades comerciais conjuqaram eslorcos para criarem a numa esca la modesta, tendo s ido decorado por pintores flamengos. Saber

Cornpanhia Holandesa das indias Orientais , desencadeando urn fluxo em que medida e. q uestao das imagens era antes de mais e essencial-

monetar:o ate entao impensave l, cana lizado para Amesterdao. mente uma questao de irnaqens rel igiosas ref'ec te-se no facto de a pm-

1697 - Depois de se converter ao catolicismo, Augusto \I 0 Forte e eleito rei da Pol6nia 1701 - A Inglaterra, a Holanda

e a Aust ria ent ram na Guerra de Sucessao de Espanha contra a Franca, a Baviera e Col6nia pela hegemonia na Europa

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 17/24

 

22 23

ducao de pinturas nos Paises Ba ixos ter aum en tado extrao rd inariamen te ocupa r 0 lu qa r c a p in tu ra re lig io sa e provave lrnen te a natureza m orta ou,

a partir de fina is do seculo 16, e 0 equilibrio entre oferta e procura tornou- para ser mais pre ciso, a natureza morta venites. A propria desiqnacao

-se extrem am ente cornp lcxo. Os generos entao predom inantes m ostram «vanitas» diz-nos que os objectos be los e aqradave is representados indi-

q.ie a iconogra fia crista nao tinha desaparecido por com ple to da pintura cam a trans itoriedade de toda a vida terrena 0 se ntido figura tivo de um a

Dado que Calv ino, na sua doutrina da oredesttnacao, concedera a cada caveira ou de Lim a ve la que se extingue e por dem ais 6bvio, assim com o

indiv iduo a lgo sene lhante a um sace rdocio pessoa l, e ra inevitave l que 0 pode mo s infe rir fac ilm ente qu e um a bola d e sabao s irnbo .iza a triv ia lidade

re tra to, enquan to representacao do indiv idua l, v ie sse a assum ir um novo da vida , A le rn de que ex is te um vasto repertorio de s ignificados s im b6li-

s ignificado, Tornou-se , ass im , um instrurnento re levante tambern na cos, mu itos dos qua is ja nao nos sao fam .lia res hoje em dia , a traves dos

Hola nd a, A imagem de um indiv iduo ou de um grupo indicava tamberr a qua is os objectos que figuram nessas pinturas sao dotado s de um sign ifi-

sua pos icao entre Deus e 0 mundo , Sempre que a imagem de Deus era cado especffico de forma idontica it im agem de venites. A r e pr e se n ta c ao

in te rd ita da , a a le go ria to rn ava -se ta nto rn ais iruporlanle. E nc on Lr ar no s c or n

freq.ier.cia na p intu ra ho landesa 0 chamado por t ra i t h i sto r ie (r etr ato h is -

toriado), um tipo de re tra to especifico, em gera l de varias p es so as , m as

Irequente do pao e do vinho nas na turezas rno rtas holandesas, por exem -

p lo , e indicadora do crescente usa de substitutes se cu la res pa ra evocar os

r i tua ls l iturqicos da Eucaristia. Co m 0 d ec 'in io d a imaqetica r elig io sa , a p in -

desempcnhanco um pape l bfb lico ou .n ito loqico. Por cxemplo, se do i s tura aleqorica floresceu. T o da via , e ste p ar tic ula r d e se nv olv im e nt o nao S8

irm aos se reconciliavam depois de .im a quere la fam ilia r, pod iam enco- lim rtou apenas aos Pafses Ba ixos P rotes tante s, Ia rnoem 0 v am os e nc on -

rnendar um retrato qu e os rep re se nta sse nos papeis de Jacob e Esau para trar nas p rovinc ias do sui, se bem que com um a afin idade cons iderave l-

ce leb rarem a sua reconciliacao. mente mais marcada com a arte ita liana e com as lemas lrad ic iona is da

N a pintura neerlancesa, a qu e, a p rim eira vis ta , pod era pare ce r i.rn a pintu ra catolica

cena de gene ro - assim c on sid er ad a d ur an te rr.urto tempo -, cor sntu Ta l c omo , no decurso do seculo 16, a pintura se tornara cada vez

qua se invaria ve lm enle um a aleg oria ou um a suqestao no serr' ico de uma menos uma parte in teg rante do conjun to arquitectonico, em especia l nos

«verdade» aceite, A s cena s d e cortes ia e de entre ten im ento, em cenarios P a rs es B a ix os , tarnbern a p r6 pr ia p in tu ra S8 tra nsfo rm ou n um a m erc ac o-

de borde l, te rn as suas ra izes na parabo la do filho prodqo, Jan S teen ria e num objecto transpo r.ave l, Um indic ia de ta l e volucao e a em er qe n -

(c. 1 625 126 - 1 6 79 ) p in to u c en as jocosas, representando a sabedo ria c ia do cornerc.o de arte e de cxposicoes. Sabem os que, po r essa a ltu ra ,

p op ula r, a le go ria s o u p ro va rb io s. Ovhurnor supe rfic ia l tambem pod ia ser as pinturas em te la se tinham convertido em obje ctos de especulacao e

tomado pe lo seu va lor nom ina l. A tendencia m an eiris ta d e ocultacao do eram cons ideradas bens de cap ita l, aceites como paqamcn'o c como

S gnificado de um quad ro envolvendo-o num logogrifo ou num puzzle titu lo de qarantia Com a crescen te emancipacao das classes media s, a

intrincado foi adoptada e rep roduzida , no seculo 17 , de i.rna form a m enos cfrcu lo de com prado res de quad ros a la rcou-se de um a form a im pensave l

equ fvoca, m ais s im ple s e m ais obvia ,

o exemp lo ma is irnp re ssionante do modo como a a lego ria ve io queno cfrculo de pensadores humanis ta s faz ia encomenda de obas.

nos prime iros anos do seculo 16, quando a Igre ja , a nob reza e Lin pe-

1705 - Nas novasareas de industria, sem gui ldas , a «rnanutactura» torna-se uma cada vez mais comum forma de empresa, empregando par vezes mais

de 1000 trabalhadores 1713 - A Paz de Utreque marca 0 l im da Guerra da Sucessao de Espanha

22

22. PETER PAUL RU

Violafao da, P ilhas de L ,

c. 1618 , 61eo sobre tela,

M uniq ue , B ay eris ch e S ta

A l t e P i n ak o rb e k

23. REMBRANDT HA

H e nd Ji ck je D a nh a-s e n o

1 65 4, O leo sob re c arv alh

Londres, Nationa l Galler-

24. FRANS HALS

D ois M enino s C an to re s

1626 , 61eo sab re tela, 62

C as se l, S ta at lic h e K un st "

As prim e iras e

no decu rso do secuh

landa. Por vo lta de 16

sicao p erm anente de:

corporacao com fins

norrna lizacao dos fo r

pr6prias m olduras ho

A conceccao das mo l

tante arfstica, mas ac

E nq ua nto a nte

to cr atic o o u e cle sia sti

de neqociante de ari

converteu-se no cerr

porem a venda nao c

outros a rtis tas ou obi

vendeu trabalhos do s

cronis ta de a rte do S E

p ulo A dria en B ro uw er

A causa e 0 ef

cente e spe ci al iz acao (

cos, A de leqacao de

E sabido que Ruben,

p in tu ra ; J an B ru eg he l

flores de a lgum as das

figuras secundarias r

-1 682), P or o u l ro la d:

homem e de uma mull

res de ig re jas de Pie i

m ento co m figuras se-

1715 - Morte de Luis

e depo is nas cortes d,

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 18/24

 

te a natureza morta ou,

A pr6pria designa<;&oeis representados indi-

intido figurativo de uma

ais 6bvio, assim como

) simboliza a trivialicade

J8 signifieados simb6li-

,ojeem dia, atraves dos

o dotados de um si~nifi-

!milas. A representac;ao

, holandesas, por exem-

eculares para evocar os

naqetica religiosa, a pin-

~esenvolvimento nao se

rnbem 0 vamos encon-

afinidade consideravel-

is tsmas tradicionais da

ura se tornara cada vez

.t6nico, em especial nos

formou numa rr,ereado-

evcl .cao e a emergen-

lOS que, por essa altura,

eetos de sspeculacao e

o pagamento e como

das classes medias, 0

_ uma forma impsnsavel

~ja,a nobreza e um pe-

.cornenda de obras.

pregando par vezes mais

22. PETERPAUL RUBENS «0 meu talento e tal quenenhum empreendimento,

por mais vasto e diversifi-

cado que seja0

motivo,a!guma vez superou

a minha coragem.»

V io la ci o c ia s F i l ha s d e L eu c ip o

c. lolS, O le o sa bre te la , 224 x 210 ,5 em

Muni qu e, B a y er is c he Staatsgemaldesammlungen,

A l t e Pinakothek

23. REMBRANDT HARMENSZ. VAN RUN

H cn dr ic kj e B an ha -s e n o R io

1 654 , O leo sab re carvalho, 61 ,8 x 47 em

L o nd re s, N a ti on al G a ll er y

PeterPaulRubens

24. FRANS HALS

D oi s M er un os C an to re s

1626, Oleo sab re tela, 62 x 54 ,5 em

Cas s el , S t aa tl i ch e Kuns ts ammlungen

As pri neiras expcs icoes para venda tiveram lugar em Antuerpia, e A medida que a pintura ia sendo progressivamente assimilada a

no decurso do seculo 17 tornaram-se um lugar comum em toea a Ho- producao de uma mercadoria, 0 esta tu to do ar tista arneacava vol tar a ser

landa.Por volta de 1640, a Guilda de Piniores de Utreque t inha uma expo- 0 de mero artesao, precisamente 0 estatuto de que os artis tas se hav iam

s.caopermanente destinada a venda. Em Haia, os pintores formaram uma emancipado no Renascimento. Rubens e Anlhony van Dyck (1599-1641)

corporacao com f ins de venda em 1656, e cheqou a haver tentat ivas de consequrarn af irmar-se como uma nova forma de art ista-aristocrata, em-

norrnalizacao dos formatos para rac ionalizar as vendas e os precos, As bora Rubens t ivesse sido urna vez rispidamente pos to no seu devido lugar

pr6pr ias molduras ho'andesas tornaram-se uni formes e estandardizadas. par um verdadeiro aristocra ta . A tentat iva deste t ipo de ascensi io fei ta por

A concepcao das molduras ornadas de madeira escura ou preta era bas- Rembrandt const ituiu uma expressao bastante traqicomica de urn estilo

tan le ar tisl ica, mas ao mesmo tempo neutra e adequada a pintura. de vida tipicamerte boernio.

Enquanto antes ravia agentes mediadores entre urn patrono aris- Os pintores que aceitavarn oulros tipos de trabalho, ou pinlores a

tocratico ou eclcsiastico e 0 art is ta , agora cornecava a emergi r a pro f.ssao meio- tempo, tornaram-se urn lugar comum. Jan van Goyen (1596-1656)

de negoc iante de arte, a par de avaliadores e leiloeiros , e Amestercao neqoc .ava em !ulipas e em imove.s. Muitos art istes da opoca, inc luindo Jan

converteu-se no centro do rnercado de arte. Em frequente os pintores Steen e Adriaen van de Velde (1636-1672), erarn tabernciros que po-

porem a venda nao apenas os seus t rabalhos, mas tarnbern quadros de d.arn exibir pinturas nas respect ivas tabernas e que, ocasionalmente, as

outros artis tas au obras ant igas. Sabemos, por exemplo, que Rembrandt ace'tavam como pagamento. Jacob van Ruisdael era cirurqiao, Philips

vendeulrabalhos dos seus alunos, e Arnold Houbraken (1660-1719), um Koninck (1619-1688) possuia uma linha de naveqacao, Meindert Hob-

cronista de arte do seculo 17,refere que Frans Hals exp lorou 0 seu disci- bema (1638-1709) era coorador de impas tos. Erarn poucos os que con-

puloAdriaen Brouwer (c. 1605/06-1638)_ sideravam a pintura uma ocupacao lucra tiva .

A causa e 0 efe ito da recente mobil idade da pintura reside na cres- Uma das muitas t rans forrnacocs que varreram os Parses Baixos

cente especializacao de pintores indiv iduals em qeneros e temas espec fi- nos anos turbulentos de finais do seculo 16, a parte a ernanc ipacao da

cos ,A delegac ;iio de tarefas cons tiluia rnais a regra do que a excepcao,

E sab ido que Rubens t inha especia lstas para determinados aspectos da

pmtura; Jan Brueghel (1568-1625) colabarou com ele, tenco pintado as

flores de algumas das suas obras Nicolap-s Berchem (1620-1683) pintou

figuras sccundarias nos quadros de Jacob van Ruisdael (c. 1628129-

-1682). Par outro lado, uma paisagem de Berchem inclui um retra to de urn

homem e de uma rnulher pintados pelo retratista Gerard Wons. Nos interio-

res de igrejas de Pie ter Saenredam (1597-1665) depararnos frequcnte-

mente com figuras secundarias pintadas par Pieler Post (1608-1669).

pintura, foi 0 lac to de essa -mercadona» deixar de ser urn veiculo de urn

determinado «conteudo» no sentido tradicional , antes contendo deter rni -

nados objec'os reunidos como generos. Tornou-se muito menos comum a

encomenda de temas espedf icos. Em vez disso, cerlos ternas tendiam a

ser pre feridos ou reje itados pelos compradores. 0 concei to de «terna», que

viria a ser tao inpor tante no seculo 16, e aqui empregado pam designar

aquilo que os especialistas individuais produziam entao,

Como e cornpreens ivel, continuava a ser frequente a encomenda

de retra tos ind iv.dua is e de grupo, dest inando-se estes sobretudo a insti -

1715- Mor te de Luis XIV, a «Rei-So l»e depois nas cortes da Europa

1719 - A caca com caes torna-se urn popular desporto palac iano, primeiro em Franca1721 - Johann Sebastian Bach com pieta os seus Concertos Brandeburgueses

24

23

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 19/24

 

25

25. PIETER DE HOOCH

F am i li a I 1 0 la n d es a

c . 1 66 2, Oleo sob re tela, 114 x 97 em

Viena, Kunsthistoriscl ies Museum

26. JAN VERMEERA Cozinheira

c. 1 65 8-1 660 , O leo so bre tela,

45 ,4 x 41 em

Am e st er d ao , R i jk sm u se um

27. JAN BRUEGHEL, 0 VELHO

o G rand e M erc ad o d o P eix e

1603 , O leo sob re painel, 58 ,5 x 91 ,5 em

M uni qu e , B a y er is ch e S r aa ts g er na ld e -

s ammlung en , A l r e P inako thek

26

tuicoes e salas de reuniao, como as instalacoes da Guarda Cfvica, onde a sob uma forma dramatica Todav ia, na pintura his t6riea holandesa, 0 pro-

pintura ocupava um lugar permanente. p6sito ambicioso que se traduz na projeccao da vida contcrnporanca num

cenario de acontecimenlos hist6ricos ou bfblicos e, por outro lado, na

actuauzacao de parad igmas ant igos ou bfb licos, e frequentemente inge-

nuo, a inda que invariavel rnente humano na sua frontal idade. P intores f la -

mengos como Rubens ou Jacob Jordaens (1593-1678) Io ram, num sen-

lema e conteudo - especialistas e mestres

Uma das principais real'zacoes da pintura barroca neerlandesa foi tido ident ico, prntores da hrstoria: a diferenca entre eles e os pintorcs

a criacao de esquemas espec fficos dentro dos diversos generas, em que holandeses res ide na diferente sensualidade e corporalidade das apa-en-

uma enorme diversidade de ob.ectos individuals adquiriu uma indiv iduali- cias terrenas obt idas at raves de urna intensificacao da cor e da to-rna

dade propria e sem precedentes. A pintura historica ocupava um lugar sugerindo e, par vezes , revelando um sentimento de meta-realidade.

cimeiro nas hierarquias artfsticas da epoca, Tratava-se de quadros que 0 retrato tornara-se um qencro independente desde 0 seculo 15.

representavam uma «imaqern de eventos historicos: em que a represen- 0 mesmo se passou, a partir de Durer e do Alto Renascimento, com os

tacao efecliva de acontec imentos co-itempcrancos unportantes se limi- auto-ret ratos de art istas. Nos Pafses Baixos do seculo 17, 0 retrato con-

tava a protagonizar um papel secundario, A pintura de Gerard Terboch verteu-se no principal vefculo da representacao do es tatuto e da pos icao

(1617-1681) que representa o Juramento de Fidel idade da Ratif icar;i 'io social de um indivfduo, func'onanco ao mesmo tempo como exercfcio de

do Tratado de MOnster (Londres, Nat ional Gallery) e ,de facto, um retra to exp loacao da psique atraves da expressao ind iv idual . Alern disso, 0 retrato

de grupo que most ra os representantes das partes siqnatarias. As bata- reproduzia agora a relacao existente ent re 0 indivfduo e a comrmidade,

Ihas e out ros evenlos helices const itufam temas bas tante menos popula- quer sob a forma de ret ratos de familia (de que Rubens realizou alguns

res, com a eventual exciusao dos com bates equest res . Simultaneamente, que ilus travam laces de profunda afeicao), quer de retratos de grupo dos

pore n, as pinturas h.s toricas podiam t ratar tarnbern temas aleqoricos da artis tas holandeses, em que Hals , Thomas de Keyser (c. 1596/97-1667)

Antiguidade, em particular quando envolv iam temas republicanos. Por e Rembrandt procuraram, com exito, transmitir a individualidade no seio de

ultimo, as pinturas hist6ricas podiam ser tarnbern descricoes de temas um qrupo hornoceneo. Os desenvolvimentos ocorridos nesse perfodo tor-

bfblicos, em especial do Antigo Testamento. nam-se ainda mais evidentes a luz de um confronto com os retratos de

Rembrandt tratou com maior profundidade do que algurna ve z grupo realizados antes de meados do seculo 16, por exemplo, por Jan van

antes dele 0 t ipo de pintura religiosa protestante - a parabola -, explo- Score I (1495-1562). lnicialmerrle, envolviam, de um modo geral, umajus -

rando tan'o 0 factor humano como 0 divino. Na obra dos seus discfpulos tapos icao cumulat iva de relratos (de peregrinos a Jerusalem, por exem-

Flinck, Bol e Nicolaes Maes (1632-1693), essa contemporaneidade do plo), Na obra de Hals, os facto res determinantes da cornposicao sao

biblico e da relacao do homem com Deus torna-se mars imediatamente a rnotivacao, 0 principio e a essencia de um grupo .. 6..0 fim e ao cabo,

evidente , mais di recta, e no portrait histone. e apresentada muitas vezes A Ronda da Noite, de Rembrandt ( il .p . 85), e tarnbern urn retra to de grupo,

1723 - J.Lukas von Hildebrandt completa 0 Palacio do Belvedere em Viena 1725 - Nascimento do aventurei ro i ta liano, Giacomo Giro lamo Casanova

«Everdade que pc

encontrar toda a E

tica nas poucas p

realizou. Mas a su

de amarelo-limao,e cinzento-claro, E

dele, da mesma fl

harrnonizacao do

cinzento e cor-de-

velazquez.»

Vincent vanGogh sobreVerrru

se bem que af 0 pintor trar

qenero especffico, criandcCom a crescente i

Baixos e a perda de i rnaq:

os interiores de igrejas, au

cipal a igreja, tornararn-ss

cao» do sagrado pode ser

do mesmo modo que OS el

naturezas mortas. As pir

dizem-nos mui to sobre a

olhadas. Nas obras de En

Houckgeest (c. 1600-16

qenero, vemos pregadore:

comum ver c riancas a brir

au, ate, dies que levanla

requer grandes interprets

interior da igreja em si me

espaco que e entendido (

despo jamento e ausencia

quilidade de uma naturez

num dado espaco, em eSf

espaco ou sala tornaram-

cbjecto - pessoa, animal,

breve pausa de ref lexao, t

pintura de naturezas mor t,

inter io res de Vermeer ass

uma natureza mor ta .

A par da arte retra

pintura neerlandesa. I amb

1726 - Libertado da prisao da Basti lha, Voltaire, 0 principal filosofo do Iiuminismo, vai para Inglaterra 1730 - Franc;ois Suet1729 - 0 prim

24

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 20/24

 

WOCH

. tela, 11 4 x 97 em

. ch e s Mus eum

,R

) s ab r e t el a)

useurn

HEL,0 VELHO

~ do Pe ixe

,.inel , 5 8,5 x 9 1,5 em

~e St aa ts g emalde -

rinakothek

rica holandesa, 0 pro-

;1 c on te mp ora ne a n ume , por outro lado, na

ireqoentemente inge-

t alid ad e. P in to re s f la -

1678) fD ra m, n um s en -

Ire e les e os p in to r es

a o r a h d a o e d as a pa re n-

-0 da cor e da forma ,

e me ta -r ea li dade .

le desde 0 seculo 15.

e na scim ento , com os

iculo 17,0 r etr ato c on -

I estatuto e da pos'cao

npo co mo e xe rcfcio de

I. A lem d is s o , 0 retrato

v id uo e a comun idade,

u be ns r ea liz ou a lg un s

~ re tra tos de grupo d os

e r ( c. 1596/97-1667)

d iv id ua lid ad e n o s eio d e

lid os n es se p er fo do to r-

nto com os re tratos de

D r e xe mp lo, por Ja n va n

r1 m od o ge ml, um a jus-

a J eru sa le m, p ar e xe rn -

es da corr posicao sao

,po. Ao lim e ao cabo,

e m u m re tra to d e grup o,

omoGirolamo Casanova

« E v erd ad e q ue p od emo s

encon tr ar t od a a esc ala crorna-

tic a n as p ou ca s p in tu ra s q ue

re a lizou .Mas a sua combinacao

de arnarelo-limao, azul-palidoe cinzento-claro, e caracterfsticodele, d a m esm a form a que a

harrnonlzacao d o p re to , bra nco ,

c in zen to e cor-d e-r os a em

velazquez,»

VincentvanGoghsobreVermeer

se bem que a i 0 p intor transcenda em larga medida as corvencoes desse cia llzacao com diferencas m arcadas entre as dife ren tcs escolas. H arlem

g en era e sp ec ff.c o, c ria nd o u ma mise en scene extremamente teatra l. concentrou-se na representacao de mesas de banquete ca rregadas de

Com a crescente secula-izacao dos lugares de cu lto nos Pafses pratos opulen tos. l.e ida m ostrou prefe rencia pelas naturezas m ortas veni-

B aixos e a pe re a d e im age ns sa cra s e votiva s n a e ste ira do s ico noc la sta s, las che ias de livros, ja rros, cachimbos e utonsflios de esc rita . Em Haia,

os mteriores de igre jas, ou m elhor, a a rqu itectu ra te ndo com o m otivo prin- predom inavam os pe ixes ou fru tos do mar. Por outro lado, hav ia tan-bern

cipal a ig re ja , t or na ram -s e t em a s populates d a p in tu ra . E sta « eo nc re tiz a- diferencas ccnsideraveis entre as natu rezas m ortas flamengas e ho lan-

cao»co sagrado pode ser encarada como uma especie de cornpensacao, desa s. Em Antuerpia, a obra de Frans Snyders (1579-1657) apresenta

do m esrno m odo que os e le me ntos da Eucaristia cornecara rn a figura r nas sum ptuosas naturezas rnortas que sao, invariave lm ente, uma encenacao

naturezas mortas. As pin turas de interiores de iqrejas, em particula r, tea tra l de objectos cxtrem am ente d iversos e de elem entos preciosos. Se

dizern-nos muito sobre a evolucao que so lreram e 0 modo como eram a natureza morta flamenga pode se r defin ida como «extensive», a nolan-

o lhadas. N as obra s de Em anue l de W itte (c. 1617-1692) ou de Gerard desa pode ser designada por « intensiva - no sentido de que 5e con c entra

H o uc kg e es t ( c. 1600-1661), para citar apenas dois especia lis tas neste num nurne ro restr ito de ob jectos . Mesmo quando os «ba -iquetes» de I-Iar-

genera, vernos pregadores e congrega c;:oe s, se bem que seJ3 multo mais lem te rn por base 0 mod elo f la m en go , 0 tra tam ento do espaco e da luz e,

cornurn ve r criancas a brinea r nos enorm es espacos, pessoa s passeando na re alidade, m uito dife ren te.

o u , a te , des que levan tam a pa ta Junto de um pilar - motive qu e nao A pa isagem dos Paises Ba ixos e 0 m ar, a rnernoria id ea liz ad a d e c 1i-

r e qu e r g ra n de s i nt e ro re ta c oe s . 0 verdacclro tema da p intu ra ja nao e 0 m as meridionais, os campos arcad ianos , a paisagem enquanto retra to de

interior da igre ja em si mesmo, mas a reprcducao da luz no inte rior de um um determ inado iugar ou req iao e enquanto pro jeccao da irnaqinacao s6

e s pa c o q u e e entendido como espaco, antes de mais, pe la sua vastidao , se to rnou um qenero aut6nomo na epoca barroca e , quando isso aconte-

despojamer-to e ausencia da presenca humana , reflectindo a mesma tran- ceu, fo ram os Paises Baixos os pioneiros. As pa isagens aguare ladas de

quilidade de uma natureza rnorta arquitec t6nica . Os objectos ex is tentes Durer ja tinham contribuido de a lgum m odo para emancipa r esse genero

nun dado espac;o, em especia l os ob jectos banhados de luz , e 0 proprio an tes de 1500. C om P ie te r B ru egh el 0 V e /h o ( c. 1525/30-1569), ele-

espaco au sala torna rarn-se assim um tema da pintu ra holandesa. Cada mentos com o a cisposicao de esp frltc a atmosfera e a individualidade assu-

ob .e cte - pe sso a, a nirna l, s ala - e apresentado como que captado numa miram urna rnaior inde pe nde ncia , H a a lgo d e ste re o na sua re pre se nta ca o

breve pausa de reilexao, Existem muitas va rian tes em que elementos da dos meses e das estacoes, Nas paisaqens ba rrocas entre van Goyen,

pintu ra de natu rezas m ortas surgem com binadas com outros ob jectos . Os Jacob van Ruisdae l e Hobbema , e dada prcjeccao a um novo elemento

in terio res de Verm eer asseme lham -se a um espaco a largado que rodeia que antes fora um modo de ilustra~ao. As vistas aereas ja e ram conheci-

uma n a tu re z a mo rt a .

A par da a rte retratis ta , a natureza morta e um qe nero-cnave na pe rfe ita consciencia da tra nsforrnacao dos objectos it d ista ncia , na o s6 e m

p in iu ra n e e rl an d es a . T a rn b e r: neste campo, se deu uma assinalave ' espe- termos de perspectiva linear mas ta -nbern em te rmos de luz e de cor.

das desde os tempos de Leonardo da Vinci, e os arhstas tarnbem ja tinha rn

1729- 0 pr imei ro a ltas celest ia l cataloga 2866 estre las com base nas observacoes com telescopic fei tas por John Flamsteed1730 - Francois Bucher regressa a Paris, ido de Roma 1736 - Corneca a const rucao da Fonte de Trevi, em Roma

25

27

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 21/24

 

«A s ub tile za d e um M ets u,

o rnisterio d e um p iete r

d e H oo ch d eriv a d o fa cto

de haver m uito m ais ar

q ue ro de ia o s o bje cto s,

m u ita s so m bra s e m to rn o

d as fo nte s d e luz, muitos

po ntos d e calm a n as

fug it ivas co res . .. »

EugeneFromentin

28

A pintura pa isagis ta dos Pafses Ba ixos pegou na dis tanc 'a , no espaco e na ders junto ao mar Van Goyen comecou par piota r em Harlem , Jan Perce-

a tmo sf er a - 8 ZO n8 intermerfia e ntre os objectos e11 que a luz desenvolve Ilis (c . 1584-1632), Hercules Seghers (1589/90-c. 1633 ) e Sa lomon

os seus efe tos - e fe z disso 0 tema d a s ua . p in tu ra . 0 vazio e a distancia va n R uisdae l (c . 1600/1603-1670) eram m em bros da Guilda de Harlem

tornaram -se obje ctcs - um tema tao ca lmo como qua lquer e lemento de As pa isagens mannhas inclufa rn a , cenas ca lrnas e tranquilas com uma

uma natureza morta . A concrstizacao do espaco e da luz sao a marca lige ira onculacao sob a luz do entardecer (Jan van de Cape lle , c . 1624/

d a p in tu ra p ais ag is ta n ee rla nd es a. E in te ressante observar que a linha de 125-1679), a lern de rnares encape lados com barcos em perigo ou pres '

horizonte da terra ou do m ar e , muitas vezes, m uito ba ixa , ao ccntra rio do tes a nau fragar, genera pre fe rido om Antucrpia , e tambe rn p inturas de fro '

que acontecia com a s prim eiras p intu ras pa isaq is . as com as suas vast 1- tas (W illem van de Velde, 1633-1707), ao passo que a p intura his t6 rica

does e d is tanc ias p or a ss im d iz er u niv er sa is . Visto do ar , ou pe lo menos de da frota de guerra holandesa teve um pape l irreievante no seculo 17 ,

28. WILLEM CLAESZ.

N aw re za M or ta

1 63 1, O leo so bre p aine] , 5

D r es d en , C e rn al d eg a le ri e P

29. GABRIEL METSU

o R ei B eb e (A F esta d os F

c . 1 650 -1 655 , O leo sob re

M uniq ue , B ay er is ch e S ta at:

Al r e P in ako r hek

ria ser de fin ida , se be r

pintura ho landesa, a b

passo que na pintura fl

que um vefculo da met

A pintura de ge l

Ih or d es iq na ca o), a bra r

de todos os d ias , cena

vis itas de medico ou C

sera d izer, havia espe c

u ma p er sp ec tiv a e le va da , 0 sentido de dis tancia e criado mediante a loca- tendo perdido a sua irnpo rtancia de modo a lgo identico ao da p.ntura d e tura de genero. S teen

lzacao do cen tro da perspectiva e do horizonte muito en ba ixo. Em Vista bata lhas , p lena de espirito de ur

. . j ; ; ¥ + de H arlem co m Cam po s de Branqueam ento ( Zu ri qu e, K u ns th a us ), 0 No sui dos Pa ises Ba ixos , sobre tudo por mfluencia de Rubens, ceo mora lizanles ou exuber

e sp ec ta do r s en te a luz pelos seus efe itos sobre os ob jectos , pe lo modo - senvolveu-se um estilo de pintura pa isag is ta que, apesar de todas as dife - cen trou as seus esforc

tao triv ia l quanto solene - com o 0 sol incide nos panos. Fen6m eno iden- rencas, apresentava m uitas sem elhanc;as com a da escola ho landesa. Is la

fico pode ser observado na obra de Vermeer, em que uma mulher jun to a e evidente , por exemplo, na obra de Jan S iberechts (1627-c. 1708 /

um a janela contempla 0 seu cola r de pero.as sob a luz. A simples luz e 11703), de Antuerpla, que integrou e lem entos holandeses n a pintura Ila '

transform ada num evento cerim onioso, na sua penetracao na sa la e no menga. Certos componentes que permaneceram como caracte rfs ticas

modo com o incide nos objectos. Todavia , apesar da mu tabilidade e da tran- pr6prias de determ inados especia lis tas da p intu ra holandesa podern ser

s ito rie da de d a IUl, nao sao os breves momentos que sao re tra tados nos encontradas reunidas num un lco quadro na obra dos artis tas flamengos

inte riores e nas pa isagens, e s im m omentos « rea icados» em que ocorren- planuras ca lrras e ondu lantes a pa r de m ontanhas oizarras e vibrantes JU

cias de lodos os dias 5 e ean vertem em m om entos ce lebra t6rios .

Jama is a espccia lzacao da pintura neerlandesa fo i tao eviderrle

como na p intu ra pa isagis ta . Houve uma forma ita lian izante que adoptou

do se rpentear id ilico de um rio a traves de uma flo re sta sombria com uma

vis ta ampla pam um horizonle lonq inqi.o, A obra fina l de Rubens inclu i

a lgum as das m ais be las pa isaqens na his t6ria da arte eu rope ia . A prodi'

e lem entos da pintura ita liana , a le rn de motives oriundos do sui B da anti- ga lidade da natureza re flecte -se no espectro crorna fico, em que a vda

guidade. Muilos desses pin lores pa isagistas ita lianizan les tinham estu- rura l flamenga surge como uma Arcadia perdida , e os rapazes e as rapa '

dado em lta lia , inc l.rindo Herman van Swaneve lt (c .1600-1655), Ber- riga s que labutam na ce ifa parecem ter origem numa estranha rnetamor'

chem e Jan Asse lijn (1610-1652 ), profundarnente influenciados por Rosa fose de div indades diss im uladas. De facto , as pa isagens de Rubens s a o

d e in le ri or es lr an q uilo s.

ra m das pinluras de g r

neses, a sua

cspecaliinfinitum, se 0 fizessen

equfvoco a volta da p ir

desde a seculo 19. Es

tu ra s s ao c on sid era da

especfficas au como il

deve ser tra tad a CO I1 1 I

Brouwer ou de Ostade

b re ve a div id ad e, ta rn be

m en to s d e n atu re za s rr

vertida do tempo. Is to (

de Ve rmeer, em que d

e Lorra in. Houve tam bern os pintores pa isagis las de Harlem que priv ile - m uitas vezes cenas m fticas , persona lizadas com freouencia pa r pequenas inte rior, ta lvez a beber

gia ram os horizontes ba ixos e as vastid6es irnensas dos diques e dos po / - figuras . A dife renca entre a pintura holandesa e a pin tura flamenga pode- que nao estamos perar

1738 - Bula papal de Clemente XII que profbe a rnaconarla 1742 - E publicado err

1740- Freder ico II , conhec ido como Frederico, 0 Grande , torna-se rei da Prussia

26

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 22/24

 

m Metsu ,

I p ie te r

do fa ct o

n ais ar

jectos,

em to rn o

, mu itos

I nas

»

l ar lem , J a n P o rc e -

1633) e S alo mo nGu il da d e H a rlem .

n qu ila s c om u ma

C ape ll e, c . 16241

m p erig o a u p re s-

~ m p in tu ra s d e f ro -

a pnura hist6rica

nte no seculo 17,

J a o da pintua de

ria d e R ub ens, de -

n de toda s a s diie -

' al a h o la n de s a. l st o

. (1627-c. 1700/

is es n a p in tu ra tla -

mo ca r ac le r is t ic as

ndesa pode m se r

r ti st as f lamengos :

u ra s e vib ra nte s ou

t som bria com u rn a

II de R ube ns inclui

e ur op eia . A p ro di-

ico, em que a vida

ra pa ze s e a s ra pa -

estranha metamcr

ens de R ubens sao

~ . 1c ia pn r peo ,uenas

ra fla me ng a p od e-

sia

2 8. W IL LEM C LAES Z. HEDA

Na tu r ez a MOl ta

1631 , 6leo so br e p ainel , 5 4 x 82 em

D r es de n, C e rn al d eg al er ie A l te M e is te r

2 9. G AB RIE L M ET SU

o R ei B eb e I A F esta d as F av as)

c. 1650-1655 , 61eo sab re painel, 80 ,9 x 97,9 em

Mun ique , Baye r is ch e St aa ts g emaldes ammlungen,

AltePinakothek

29

ria ser delinida se bem que com a lgum exaqero , do seguinte modo: na entre os protagon is tas, e sim de concentracao no mundo materia l com os

pin tura holandesa , a beleza e dada num a cor centra cao do figurativo , ao

p as so q ue n a p in tu ra f la m en ga a representacao do mundo funciona como

q ue u rn v elc ulo d a r ne ta to ra p oe tic a

A pin lu ra de qenero, como vera a ficar conhecida (na fa lta de me-

ho r desiqnacao), a bra ng e todo 0 cfrcu lo de te ma s soc ia l s: co r-as da vid a

seus co pos d e vin ho, instrumentos musicals, etc.

Do mesmo modo que encontramos com Irequencia os sirnb olos d a

va idade por detras de uma na tureza m oria , tambe-n podemos deparar com

a iconogra fia dos "cinco se ntidos» sublim inar a pin tura de gene ra uu

m oal. In icia lm ente, os cinco sentidos - 0 tacto, 0 ouvido, 0 p ala da r, a v is ta

de todos as dias, cenas de rnusica, de arnor, de devassidao, de dentistas, e 0 olfacto - e ram representados sob a fo rma de pe rscn iticacoes, Um

visitasde medico DU 0 a uto-re tra lo do artista no seu estudio, E scusa do co njun to qrafico it m an eira d e H end rick G oltzius (1558-1617), cria do e m

se ra d izer, havia especia lis tas para cada tipo particu lar no cam po da pin- finais do seculo 16 ou irIcios do seculo 17, contern inscricoes q ue a dv er-

tura de genero . S tee n e ra cons iderado um e specia lis ta da representacao lerr pa ra os pe rigos de ceder aos sentidos. N um quadro de Ludovicus F in-

p le na d e e sp ir ito d e UI1I «rnundo de pernas pa ra 0 ar», envo lvendo cenas son (c. 1580-1617), as personifica coe s esta o re unidas nurna unica im a-

m ora liz an te s o u e xu be ra nte s, e nq ua nto G ab rie l M ets u (1629-1667) con- gem. A volta de uma mesa , ha mulhe res com ins trumentos musicais,

cen trou os seus esfo rcos nas represcn tacoes extremam ente m inuciosas homens a acaric ia r as mulheres, a saborear vinho ou a cheira r um a rosa .

d e i.lt erio re s tr an qu ilo s. B ro uw er e A dria en v an O sta de (161 0-1685) fize - Se e possivel fazer remontar a pintu ra de genero neerlandesa a Esses

ram d as p intu ras de genero , em pequena escala e com motivos campo- tipos espec if icos, como e 0 caso do pe riodo in icia l e das obras da escola

nese s, a sua espe cia 'idade, Em bora esta lis ta pude sse ser alarqada ad de U treque com a sua adopcao das f6rmu las dos ca ravaggistas, [a nao se

i n f i n i t u m , se 0 f iz e ss e rn o s c o rr iamo s 0 risco de confe rir maio r peso a um

equvoco a volta da pintura de genera neerlandesa que tem preva lecido

desde 0 seci.lo 19. Esse equivoco tende a manifes tar-se quando as pin-

tura s sa o considera das e pis6d icas, com o re presen iacoe s de situacoes

e spe cffica s ou com o ilu stra coe s de c erta s a divida de s. T al inte rp re ta ca o

deve s er tratada corn caute la , atendendo a que, apesar de uma obra de

Brouwer ou de O stade pode r ilustra r um a situacao m ornentanea ou uma

b reve ac1 iv id ade , t a rnbem e possvel e ncontra r com freouenc ia certos ele -

m entos d e n aiure za s m orta s o u um a e xte ns ao conte rn pla tiv arr e nte intro-

vertida do tem po. Isto e particularm enle e viden te nas p intu ras de qe nero

de Verm ee r, em que d iversas pessoas se encontram reunidas num be lo

pode conside rar como urn mero re tra to da vida real nos Paises Baixos ,

o que vamos encontra r aqui nao repousa na descricao de urn momenta

fuga z, e sim em f6rm ulas visuais m ais sofis ticada s de enorm e vita lidade,

desenvolvidas ao longo de um a trad icao duradoura, em particu lar na es-

c ola d e U tre que , iorte me nte in flue ncia da por C ara va ggio .

U tre que de se mp enh ou um pa pe l e spe cia lrne nte re lp va nte e nqua nto

mediadora entre a lta lia e 0 no rte . T end o pcrm an ecido e mine nte me nte

cat6lica , a cida de continuou a encom enda r obras re ligiosa s e, m ais irnpor-

tante ainda, man leve os seus contaclos com Roma. Os expoentes pos-

teriores da escola de U treque, Hendrick Terbrugghen (c. 1588-1629),

G err it v an H on th ors t (1590-1656) e D irck 'Ian Babure n (c . 1590/95-

in terior, t alvez a beoer ou a tocar rnusica , em bora tam bem resulte claro -1624), lodos e le s pa ssaram varlos a nos em lta lia , onde tiveram tanbern

que na o e stam os perantc a representaca o de um a de term ina da actividaoe e ncom endas . H on lhorst esteve ao se rvice do qrao-duque da Toscana, lo r-

1742 E publicado em Leipzig 0 GroBes vollstiindiges Universallexikon aller Wissenschaften und Kiinste, 0 maior lexico em lingua alerna do seculo 18

1745 - Madame de Pompadour torna-se amante de Luis XV e adqui re inf luencia pol lt ica

27

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 23/24

 

30

nando-se conhecido como «Gherardo delle Notti)} - Gerard, 0 pin tor de

cenas nocturnas. Esta alcunha indica uma caracter fst 'ca extremamente

importante dos pintores de Utreque. Estes tinham adoptado 0 chiaroscuro

de Caravaggio, que apl icavam de maneira mais f igurat iva.

Enquanto 0 proprio Caravaggio procurava criar um contraste entre 0

seu tratamento da luz e da superficie escura, Honthors t B Terbrugghe (que

talvez 0 tenham conhecido pessoalmente) recorrem a essa tecnica para

cr iar uma cena nocturna em que fontes de luz art if iciais, como sepm tochas

ou velas, iluminam uma parte do quadro de modo a destaca-la da zona de

sscuridao. As possibilidades dos efeitos drarnat icos, os contrastes e as sur-

presas cenicas, ass im como a rnodelacao carreqada de patetico dos objec-

tos em ch ia roscuro , estiveram em yoga em simultaneo com a pintura ita-

l iana, espanhola e f rancesa. Os caravaggistas de Utreque e os Tenebros i

(do i ta liano «tenebroso», que significa escuro ou sombr io) sao, por conse-

guinte, um fen6meno internacional . Sem eles, ser iam lnimaqmaveis os for-

tes contrastes de chiaroscuro das primeiras obras de Rembrandt.

Nas obras de Rembrandt da decada de 30 do seculo 17, a tensao

entre 0 espa<;:opict6rico obsci.recido e as zonas iluminadas corresponde

ao realismo express ivo e a representacao de objectos. Ouanto mais «rea-

listas- se tornavam oS objeclos, tanto maior era a tensao dramatica entre

s.ibitos e involuntarios focos de luz no espaco plctorico sombrio. lsto

aplica-se, em rna.or ou menor grau, a toda a pintura neerlandesa: nas

fases finais do Maneirismo Tardio, passou por uma fase de chiaroscuro

caravaggiano, em que a intensidade concentrada da pintura barroca emer-

giu como rcsposta aos amplos alongamentos do Maneirismo. Do mesmo

modo que a luz acentua e del ineia as caracterfs ticas-chave do quadro qra-

cas ao contraste que estabe lece com a obscur idade da cena envolvente,

I n t e ri o r' d e Igreja e m U tr ec

1642,61eo sobrepainel, 5

vlunique, BayerischeStaa t

Alte Pinakothek

como «concava», querendo com isso dizer que os objectos essencia'as vezes a verde - q L

encontram juntos, tal como na cavidade c6ncava de um prato. seculo 19 tanto adrnh

. Um outro fen6meno parece estar tambern reacioiado com aSlmente de Rembrandt,

nicas do chiaroscuro ao est ilo de Caravaggio: a propr ia luz tornou-,t ruque de prestidigi tac

tema da pintura. Enquanto obras anteriores representavam fontes d,tanha apl icada sobre (

artiiiciais, como velas OJ lanternas, os art istas nao tardaram a interesde instrumento tonal c

-se pela representacao da luz do Sol, em alniosferas nebulosas e emi.tura paisagista, vamos

riores iluminados pela luz solar que entra atraves de uma jane la OSlde Rembrandt no per

prios trabalhos de Vermeer, que mostra a luz inc idindo sobre os ObJ8lexemplo,reduzem ted.

ou inc lusivamente modelando-os, devem muito it irrfuencia da pinluritanhos, vorde-azeitonr

genero caravaggiana. verde-acastanhado rn-

A primeira Iase da pintura caravaggiana foi cedendo gradualmromo «tonais» na med

luqa ao cromatismo na pintura holandesa. Isto e espantosamente paledos,embora plenamer

se compararmos, por exemplo, as paisagens de Pieter Brueghel coa A nova pintura

de Van Ruisdae l au de Van Goyen. Encuanto as paisagens ce Brue~maneirista na rnedida (

sao realizadas atraves da justaposicao de cores cuja enfase e mailiando um nlt ido elo ent

menos ident ica, os art is tas holandeses da epoca barroca usam tona,eda dis tancia element

des serne'hantes aglut inadas enlre s i par nao-cores. Como se fossel ldos pict6r icos surpreei

trinsecas as qradacoes de cinzentos e castanhos, cuja potellcialidadelinf initude, mas tam ben

rnatica so pode ser despertada atraves da luz. tarnbern a dissolver 0,

Na obra de Rembrandt, duran te a decada de 40 do seculo 11plano,ao espectador, 8

contrastes que conferiam forma e substancia aos ob jectos cOr1e~lrei/. A im.tacao transe

diluir-se, os focos de luz e respectivas sombras desaparecem, e aespectador. 0 reposte

deixa de ser um factor determinante. 0 espaco por ele representadide Rembrandt - tem is

nao e um espaco escuro de que os objectos se destacam qracas am ,plano da imagem e, a

pulacao da luz, transfo rmando-se num tundo incolor em que a luz ea lse coloca 0 espectad.

estao potencial mente imanentes. E assim que os castanhos assumemltranslc;ao do espaco r

tarnbern a pintura parece ter soltado 0 last ro damprobabil idade rnanei- novo papel enquanto valor subjacente. Af igurando-se a primeira vistau

rista, Neste contexto, a lguns estudiosos tern definido a pin tura holandesa nao-cor, pareee no entanto conter em si cores - 0 vermelho e 0 ama

-ertiticio

1745 - Maria Teresa de Aust ria torna-se imperat riz do Sacro Imperio Romano 1749 - Georg Friedrich Handel cornpoe Musica Para F o g o _ 1 1750 - Infcio da voga

1750 - No seu Discurso sabre a ciencie e as Aries, Jean-Jacques Rousseau descreve a filosof ia francesa de «regresso a nature _

28

5/10/2018 Bauer. Prates. Barroco (Int) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/bauer-prates-barroco-int 24/24

 

os ob'eclos esse nciais se

re la cio na do c om a s te e-

a p ro pr ia l uz t or no u- se 0

resentavam fon tes de luz

t ar da ram a i nt er es sa r-

nebulosas e em inte -

de urna jan ela. O s pr6-

n do s ob re o s o bje cto s

I it irrfu encia da pintura d e

l oi c ed endo g ra d ua lme nt e

e sp an to s ame nt e p at en te

Ie Pieter Brueghel com as

paisaqens d e B ru eg he l

cuja enfase e mais ou

barroca usarn tonalida-

aos objectos cornecarn a

BS desaparecem, e a cor

, por ele representado ja

d es ta eam q ra ca s a mani-

3 0. P IE TER J ANSZ . S AENREDAM

I nt er io r d e I gr ej a em U t re qu e

1642, Oleosobre pa ine1,55,2 x 43,4 em

Munqu e, B a y er is c he S r a at sg ema l de s amm lun g en ,

A l t e Pinakothek

31. J AN V AN G OV EN

Paisagemd e R io

1636, 61eosobre p ainel, 39 ,5 x 60 em

Munigue , Baye r i s che S ta a t sge rna l d esammlungen ,

A l t e P i n ak o rh e k

3 2. J ACOB VAN RU IS DAEL

D a i s M O l lJ l O S de Agoa .

c . 1 6 50 -1 65 2, O le o s ob re tela, 87,3 x 111 ,5 em

L ond r es , Na ti on a l Ga l le r y

31

a s v ez es 0 verde - que podem ser convocadas it vontade. Aquilo que 0

secclo 1 9 tanto adm irou na obra dos artistas holandeses, e designada-

m ente d e R em brand t, com o um a «tonalidade de qaleria», e considerou um

lruque de p restidiqitacao m isterio so e artistico, nao e uma camada cas-

tanha a pl ic ad a s ob re 0 c roma tis mo o rig in al da pin tura, mas uma especie

de instrumento tonal que contern cores potencial mente vibrantes. Na pin-

tu ra p ais ag is ta , v am os e nc on tr ar 0 contraponto it « to na lid ad e d e qaleria»

d e Rembrandt no perfodo «tonal" em que artistas como Van Goycn, por

exemplo, reduzem toda a 9ama crornatica numa paisagem costeira a cas-

ta nh os , v er de -a ze ito na e azuis, Levadas ao extremo, pod em ser de urn

verde-acastanhado monocromatico. Essas pinturas podem ser definidas

como «tonais- na medida em que os seus "tons" sao reprimidos e reduzi-

do s, em b ora plenam ente evidentes enquan to tons.

A n ov a p in tu ra h ola nd es a tambern d iv er ge d e. s ua p re de ce ss ora

rnaneirista na m edida em que nao combina a proximidade e a distancia, for-

jando um nftido elo entre am bas, m as tornando os extremos da proxirriidade

e da distancia elementos aut6nom os por direito proprio. Sao usados meto-

d a , p ic to r .c o s s ur pr ee nd en te s n o tr ata me nto na o apenas da distancia e da

i nf in i tude, mas tam oe n da extrem a proxim id ade. A pintu ra holande sa teode

tamoem a dissolver os Ii mte s visuals da pintura em direccao a o p ri me ir o

p lano, ao espec tador , it m an eira da pintura ilusionista de sig nada por t r ompe

I ' C B i l . A im.tacao transcende as fronteiras do plano pictorico em direccao ao

especlador. 0 reposteiro - urn artifcio frequente nas obras de Vermeer e

de Rel'lbrandt - tem igualm ente um ele ito ilusionstico. Parece situar-se no

plano da imagem e, ao mesmo tempo, fazer parte do espaco real em que

s o c ol oc a 0 espedador. Opera-se, assim, como que uma camuflagem na

transi~ao do espaco real para 0 e sp ac o p ic t6 ri co .

32

H e rm a nn B au er

1750- lnicio davoga de tudo 0 que e chines, e em particular porcelana, seda, laca, pefxes ornamentais, etc.

29