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Parque ambiental é tema de pesquisa O livro “Parque Martírios-Andorinhas: conhecimento, história e preservação”, lançado pela Editora da UFPA, reúne 17 artigos, resultado das pesquisas realizadas na Serra das Andorinhas. Pág. 10 Paixão de Ler Estudo traça perfil de idosos Pág. 3 Recursos chegam a Soure e Abaeté Pág. 11 Envelhecimento REUNI 35 anos pesquisando a Amazônia Núcleo de Altos Estudos Amazôni- cos mantém olhar interdisciplinar sobre o desenvolvimento da região. Págs. 6 e 7 Mudanças potencializam serviço público UFPA é pioneira na implementação de programa de redimensionamento de servidores, elaborado por orien- tação do MEC. Pág. 8 Espaço de pesquisa e extensão Universidade da Terceira Idade ofe- rece cursos e orientação para idosos da comunidade. Pág. 4 NAEA Redimensionamento UNITERCI ISSN 1982-5994 Roberto Dall’Agnol avalia a produção científica na UFPA Pág.12 Jane Beltrão explica a interdisciplinaridade na pesquisa antropológica Pág. 2 Opinião Entrevista Alex Fiúza de Mello escreve sobre as eleições para reitor na UFPA Pág. 2 Coluna do Reitor JORNAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ • ANO VII • N O 67 • DEzEmbRO, 2008 Amazônicas e o curso de Ciência Animal, que conseguiu aprovar o primeiro curso de doutorado. São cursos importantes para criar uma base de pesquisa em agricultura e pecuária na região. E isso a Uni- versidade faz associada à Embrapa, ao Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), à Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e a outras instituições, utilizando os recursos humanos qualificados existentes nes- sas instituições. BR – O que é preciso fazer para que a ciência na Amazônia se de- senvolva mais? RD – O importante é ter competência para formar mestres e doutores na re- gião, porque o desenvolvimento cien- tífico e tecnológico está muito ligado à formação de massa crítica. Ao formar doutores, estamos formando pessoas com maturidade para desenvolver projetos e criar grupos de pesquisa, agregar novos pesquisadores, montar laboratórios, atrair recursos através de projetos. Eu não quero ser simplista e dizer que a presença de doutores, por si só, vai mudar a realidade, mas é evidente que sem Ciência e Tecno- logia não há nenhuma alternativa econômica, a não ser a dependên- cia. Na prática, para a região romper com esse ciclo tradicional de ocupação e devas- tação e criar novas al- ternativas, ela precisa ter muito mais gen- te pensando a região, buscando alternativas, valorizando os produ- tos regionais. Tem que ter, também, medidas políticas. Se você criar Ciência e Tecnologia sem a preocupação de transformar isso em riqueza social, irá re- produzir internamente modelos externos, de dependência e desi- gualdade social. BR – A CAPES tem dois projetos para o desenvolvimento da ciência: o Programa Nacional de Pós-Gra- duação (PNPG) e o Acelera Amazô- nia. O que eles já proporcionaram para a nossa região? RD – O PNPG contribuiu por colocar em destaque as desigualdades regio- nais da pós-graduação brasileira e se propor a superá-las. O Programa Acelera Amazônia, atualmente englo- bado no Novas Fronteiras, estimulou a realização de cursos de mestrado e doutorado interinstitucionais (Minter e Dinter) e criou uma versão regional do Programa de Cooperação Acadê- mica (PROCAD), que são maneiras de acelerar a formação de recursos humanos na região e, em médio prazo, contribuir para a criação de novos cursos de pós-graduação. A idéia é formar, no menor prazo, um maior número de profissionais. O Conse- lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) tem colaborado ampliando de modo muito expressivo o número de bolsas de mestrado e doutorado para os progra- mas de pós-graduação da Amazônia. BR – Como a Universidade vem trabalhando a interdisciplinari- dade? RD – A UFPA tem ampliado sua atu- ação em áreas interdisciplinares. Um indicador claro disso é a expansão, nos últimos anos, dos programas de pós-graduação da grande área Multi- disciplinar da CAPES. O programa de mestrado e doutorado em Desen- volvimento Sustentá- vel do Trópico Úmido, oferecido pelo NAEA, é um dos programas interdisciplinares mais antigos e tradicionais de nossa Instituição. O programa de Educação em Ciências e Mate- máticas, vinculado ao NPADC, criado em nível de mestrado em 2002, teve sua proposta de doutorado aprovada neste ano. Nas áreas de Exatas e da Terra, assim como nas Engenharias e nas áreas de Saúde e Bio- lógicas, também são desenvolvidas pesqui- sas interdisciplinares, associando pesquisa- dores de diferentes formações na busca de objetivos comuns. A UFPA segue a tendência dominante na pes- quisa moderna e procura, ao lado da pesquisa básica, mais direcionada para atingir os objetivos específicos de cada área, estimular a pesquisa interdisciplinar, com enfoques mais abertos e diversificados, capazes de permitir a melhor compreensão de realidades complexas. Beira do Rio – Como está o pano- rama da produção científica na Amazônia? Roberto Dall’Agnol – Se fizermos uma revisão histórica, há 30 anos, a Universidade Federal do Pará tinha dois cursos de pós-graduação que fun- cionavam precariamente, não possuía nenhuma tradição de pesquisa, tam- pouco uma ação diferenciada nessa área. Contavam-se nos dedos os dou- tores da Universidade, que eram tão raros como hoje ter um prêmio Nobel no país. Nesses últimos trinta anos, houve um esforço enorme de transfor- mar essa situação e hoje a realidade da Universidade é completamente diferente. Nós temos, atualmente, 42 programas de pós-graduação, pois tivemos mais três aprovados, recentemente, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), os mestrados em Artes – o primeiro na Amazônia; em Medicina Veterinária, em Castanhal, e em Recursos Naturais da Amazônia, em Santarém; estes constituindo os primeiros cursos stricto sensu nestes dois campi, consolidando a política da UFPA de expandir a pós-graduação para o interior do Estado. Além disso, tivemos a aprovação de dois novos doutorados: em “Ensino Superior em Ciências e Matemá- ticas” e em “Ciência Animal”. Este, de cará- ter multi-institucional, em colaboração com a UFRA e a Embrapa. Completamos, assim, 19 programas de dou- torado. Hoje, nós temos um universo de 2.250 alunos na pós-graduação. Imagina o que isso significa, em termos de opor- tunidade, para os jovens da região? E muitos deles vêm do interior, de esta- dos vizinhos e até de outras regiões. A Universidade se afirmou como um pólo de conhecimento científico vol- tado para a região, porque os nossos desafios são regionais. É evidente que nós não conseguimos responder a todos os questionamentos científicos que são colocados, nós continuamos fragilizados em termos do volume de demandas que a Amazônia ofere- ce. Há um paradoxo: de um lado, o esforço enorme de crescer e buscar respostas, e, de outro, uma demanda infinita. BR – Em que áreas do conhecimen- to a UFPA já desenvolve estudos de ponta e é referência? RD – Nosso Instituto de Geociências tem um nível de produção científica semelhante ao dos melhores centros de pesquisa nacionais, tornando-se referência na mídia nacional e sen- do respeitado como tal. Estamos nos fir- mando, cada vez mais, na área de Ciências Biológicas, que conta com seis programas de pós-graduação. Cabe destacar, também, a área da Tecnologia, em que foram criados vários programas de pós-graduação: dois doutorados e vários mestrados. Na área de Ciências Agrárias há vários programas sen- do desenvolvidos: Ci- ência e Tecnologia de Alimentos, Agricultura Familiar, Agriculturas Entrevista Suzana Lopes A Amazônia precisa de mais doutores. Foi o que constataram pesquisa- dores da Academia Brasileira de Ciência (ABC). A região abriga atualmente 2.800 doutores, um número inferior ao mínimo proposto pela AbC, que é de 4.200, para um efetivo desenvolvimento científico. Em entrevista ao bEIRA DO RIO, o Prof. Dr. Roberto Dall’Agnol, atual Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará, reflete sobre os esforços da UFPA para mudar esse cenário, intensificando e consolidando, cada vez mais, a produção científica na região. Atualmente, a Universidade conta com mais de 40 programas de pós- graduação, laboratórios, grupos de pesquisas, redes de cooperação interinstitu- cional, mas ainda não consegue responder a todas as demandas que a Amazônia oferece. “Há um paradoxo: de um lado, o esforço enorme de crescer e buscar respostas e, de outro, uma demanda infinita”, afirma Dall’Agnol. UFPA é pólo de conhecimento científico na Amazônia Hoje, o desafio é formar pesquisadores capazes de transformar Ciência e Tecnologia em riqueza social. 12 – bEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 Hoje, nós temos um universo de 2.250 alunos na pós-graduação Sem Ciência e Tecnologia não há nenhuma alternativa econômica Dall’Agnol: UFPA é centro de oportunidades para jovens da região FOTOS ALEXANDRE MORAES ALEXANDRE MORAES ALEXANDRE MORAES SILVIO FIGUEIREDO MÁCIO FERREIRA A Universidade Federal do Pará se prepara para escolher o seu 12º dirigente. O(a) reitor(a) eleito(a) irá comandar a Universidade pelos próximos quatro anos (2009-2013). Como em toda eleição, o clima é de intensa campanha, discussões e apresentação de propostas. Dia 03 de dezembro, professores, técnico-administrativos e alunos es- colherão entre as chapas: “Compromisso de fazer ainda mais” - Regina Feio/Licurgo Brito; “Para fazer melhor” - Carlos Maneschy/Horácio Schneider; “Gestão Democrática e Participativa na UFPA” - Ana Tan- credi/Petrônio Lima e “Ricardo/Habib Fraiha”- Ricardo Ishak/Habib Fraiha Neto Pág. 9 4 chapas disputam reitoria Objetivo é chegar à Pan-Amazônia NPADC ampliou quadro de servidores e melhorou atendimento aos alunos Localizado no Sudeste do Estado, Parque Ambiental é pouco conhecido pelos paraenses

Beira 67

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Beira do Rio edição 67

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Page 1: Beira 67

Parque ambiental é tema de pesquisaO livro “Parque Martírios-Andorinhas: conhecimento, história e preservação”, lançado pela Editora da UFPA, reúne 17 artigos, resultado das pesquisas realizadas na Serra das Andorinhas. Pág. 10

Paixão de Ler

Estudotraça perfil de idosos

Pág. 3

Recursos chegam a Soure e Abaeté

Pág. 11

Envelhecimento

REUNI

35 anos pesquisando aAmazôniaNúcleo de Altos Estudos Amazôni-cos mantém olhar interdisciplinar sobre o desenvolvimento da região. Págs. 6 e 7

Mudanças potencializam serviço públicoUFPA é pioneira na implementação de programa de redimensionamento de servidores, elaborado por orien-tação do MEC. Pág. 8

Espaço de pesquisa e extensãoUniversidade da Terceira Idade ofe-rece cursos e orientação para idosos da comunidade.Pág. 4

NAEA

Redimensionamento

UNITERCI

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94

Roberto Dall’Agnol avalia a produção científica na UFPA Pág.12

Jane Beltrão explica a interdisciplinaridade na pesquisa antropológica Pág. 2

Opinião EntrevistaAlex Fiúza de Mello escreve sobre as eleições para reitor na UFPA Pág. 2

Coluna do Reitor

JORNAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ • ANO VII • NO 67 • DEzEmbRO, 2008

Amazônicas e o curso de Ciência Animal, que conseguiu aprovar o primeiro curso de doutorado. São cursos importantes para criar uma base de pesquisa em agricultura e pecuária na região. E isso a Uni-versidade faz associada à Embrapa, ao Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), à Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e a outras instituições, utilizando os recursos humanos qualificados existentes nes-sas instituições.

BR – O que é preciso fazer para que a ciência na Amazônia se de-senvolva mais?RD – O importante é ter competência para formar mestres e doutores na re-gião, porque o desenvolvimento cien-tífico e tecnológico está muito ligado à formação de massa crítica. Ao formar doutores, estamos formando pessoas com maturidade para desenvolver projetos e criar grupos de pesquisa, agregar novos pesquisadores, montar laboratórios, atrair recursos através de projetos. Eu não quero ser simplista e dizer que a presença de doutores, por si só, vai mudar a realidade, mas é evidente que sem Ciência e Tecno-logia não há nenhuma alternativa econômica, a não ser a dependên-cia. Na prática, para a região romper com esse ciclo tradicional de ocupação e devas-tação e criar novas al-ternativas, ela precisa ter muito mais gen-te pensando a região, buscando alternativas, valorizando os produ-tos regionais. Tem que ter, também, medidas políticas. Se você criar Ciência e Tecnologia sem a preocupação de transformar isso em riqueza social, irá re-produzir internamente modelos externos, de dependência e desi-gualdade social.

BR – A CAPES tem dois projetos para o desenvolvimento da ciência: o Programa Nacional de Pós-Gra-duação (PNPG) e o Acelera Amazô-nia. O que eles já proporcionaram para a nossa região?RD – O PNPG contribuiu por colocar em destaque as desigualdades regio-nais da pós-graduação brasileira e

se propor a superá-las. O Programa Acelera Amazônia, atualmente englo-bado no Novas Fronteiras, estimulou a realização de cursos de mestrado e doutorado interinstitucionais (Minter e Dinter) e criou uma versão regional do Programa de Cooperação Acadê-mica (PROCAD), que são maneiras de acelerar a formação de recursos humanos na região e, em médio prazo, contribuir para a criação de novos cursos de pós-graduação. A idéia é formar, no menor prazo, um maior número de profissionais. O Conse-lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) tem colaborado ampliando de modo muito expressivo o número de bolsas de mestrado e doutorado para os progra-mas de pós-graduação da Amazônia.

BR – Como a Universidade vem trabalhando a interdisciplinari-dade?RD – A UFPA tem ampliado sua atu-ação em áreas interdisciplinares. Um indicador claro disso é a expansão, nos últimos anos, dos programas de pós-graduação da grande área Multi-disciplinar da CAPES. O programa de mestrado e doutorado em Desen-

volvimento Sustentá-vel do Trópico Úmido, oferecido pelo NAEA, é um dos programas interdisciplinares mais antigos e tradicionais de nossa Instituição. O programa de Educação em Ciências e Mate-máticas, vinculado ao NPADC, criado em nível de mestrado em 2002, teve sua proposta de doutorado aprovada neste ano. Nas áreas de Exatas e da Terra, assim como nas Engenharias e nas áreas de Saúde e Bio-lógicas, também são desenvolvidas pesqui-sas interdisciplinares, associando pesquisa-

dores de diferentes formações na busca de objetivos comuns. A UFPA segue a tendência dominante na pes-quisa moderna e procura, ao lado da pesquisa básica, mais direcionada para atingir os objetivos específicos de cada área, estimular a pesquisa interdisciplinar, com enfoques mais abertos e diversificados, capazes de permitir a melhor compreensão de realidades complexas.

Beira do Rio – Como está o pano-rama da produção científica na Amazônia?Roberto Dall’Agnol – Se fizermos uma revisão histórica, há 30 anos, a Universidade Federal do Pará tinha dois cursos de pós-graduação que fun-cionavam precariamente, não possuía nenhuma tradição de pesquisa, tam-pouco uma ação diferenciada nessa área. Contavam-se nos dedos os dou-tores da Universidade, que eram tão raros como hoje ter um prêmio Nobel no país. Nesses últimos trinta anos, houve um esforço enorme de transfor-mar essa situação e hoje a realidade da Universidade é completamente diferente. Nós temos, atualmente, 42 programas de pós-graduação, pois tivemos mais três aprovados, recentemente, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), os mestrados em Artes – o primeiro na Amazônia; em Medicina Veterinária, em Castanhal, e em Recursos Naturais da Amazônia, em Santarém; estes constituindo os primeiros cursos stricto sensu nestes dois campi, consolidando a política da UFPA de expandir a pós-graduação para o interior do Estado. Além disso, tivemos a aprovação de dois novos doutorados: em “Ensino Superior em Ciências e Matemá-ticas” e em “Ciência Animal”. Este, de cará-ter multi-institucional, em colaboração com a UFRA e a Embrapa. Completamos, assim, 19 programas de dou-torado. Hoje, nós temos um universo de 2.250

alunos na pós-graduação. Imagina o que isso significa, em termos de opor-tunidade, para os jovens da região? E muitos deles vêm do interior, de esta-dos vizinhos e até de outras regiões. A Universidade se afirmou como um pólo de conhecimento científico vol-tado para a região, porque os nossos desafios são regionais. É evidente que nós não conseguimos responder a todos os questionamentos científicos que são colocados, nós continuamos fragilizados em termos do volume de demandas que a Amazônia ofere-ce. Há um paradoxo: de um lado, o esforço enorme de crescer e buscar respostas, e, de outro, uma demanda infinita.

BR – Em que áreas do conhecimen-to a UFPA já desenvolve estudos de ponta e é referência?RD – Nosso Instituto de Geociências tem um nível de produção científica semelhante ao dos melhores centros de pesquisa nacionais, tornando-se referência na mídia nacional e sen-

do respeitado como tal. Estamos nos fir-mando, cada vez mais, na área de Ciências Biológicas, que conta com seis programas de pós-graduação. Cabe destacar, também, a área da Tecnologia, em que foram criados vários programas de pós-graduação: dois doutorados e vários mestrados. Na área de Ciências Agrárias há vários programas sen-do desenvolvidos: Ci-ência e Tecnologia de Alimentos, Agricultura Familiar, Agriculturas

Entrevista

suzana Lopes

A Amazônia precisa de mais doutores. Foi o que constataram pesquisa-dores da Academia Brasileira de Ciência (ABC). A região abriga atualmente 2.800 doutores, um número inferior ao mínimo proposto pela AbC, que é de 4.200, para um efetivo desenvolvimento científico. Em entrevista ao bEIRA DO RIO, o Prof. Dr. Roberto Dall’Agnol, atual Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará, reflete sobre os esforços da UFPA para mudar esse cenário, intensificando e consolidando, cada vez mais, a produção científica na região.

Atualmente, a Universidade conta com mais de 40 programas de pós-graduação, laboratórios, grupos de pesquisas, redes de cooperação interinstitu-cional, mas ainda não consegue responder a todas as demandas que a Amazônia oferece. “Há um paradoxo: de um lado, o esforço enorme de crescer e buscar respostas e, de outro, uma demanda infinita”, afirma Dall’Agnol.

UFPA é pólo de conhecimento científico na AmazôniaHoje, o desafio é formar pesquisadores capazes de transformar Ciência e Tecnologia em riqueza social.

12 – bEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008

Hoje, nós temos um universo de 2.250 alunos na pós-graduação

Sem Ciência e Tecnologia não

há nenhuma alternativa econômica

Dall’Agnol: UFPA é centro de oportunidades para jovens da região

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A Universidade Federal do Pará se prepara para escolher o seu 12º dirigente. O(a) reitor(a) eleito(a) irá comandar a Universidade pelos próximos quatro anos (2009-2013). Como em toda eleição,

o clima é de intensa campanha, discussões e apresentação de propostas. Dia 03 de dezembro, professores, técnico-administrativos e alunos es-

colherão entre as chapas: “Compromisso de fazer ainda mais” - Regina Feio/Licurgo Brito; “Para fazer melhor” - Carlos Maneschy/Horácio Schneider; “Gestão Democrática e Participativa na UFPA” - Ana Tan-credi/Petrônio Lima e “Ricardo/Habib Fraiha”- Ricardo Ishak/Habib Fraiha Neto Pág. 9

4 chapas disputam reitoria

Objetivo é chegar à Pan-Amazônia

NPADC ampliou quadro de servidores e melhorou atendimento aos alunos

Localizado no Sudeste do Estado, Parque Ambiental é pouco conhecido pelos paraenses

Page 2: Beira 67

Pela sétima vez consecutiva em sua história, a contar do período da redemocratização do país, a

Universidade Federal do Pará realiza eleição direta, junto à comunidade acadêmica, para a escolha do seu dirigente máximo. Trata-se, na pers-pectiva do contexto político e cultural do Brasil, de uma tradição que, aos poucos, se sedimenta, consolidando mecanismos institucionais aceitáveis e singulares para as finalidades a que se propõem.

No caso da UFPA, o início de um reitorado, com mandato de quatro anos, coincide com o aniversário da instituição: dia 2 de julho. Aquele (ou aquela) que tomar posse nessa data, ano próximo, será o 12º. Reitor, na ordem cronológica, após Mário Henriques, José da Silveira Netto, Aloysio Chaves, Clóvis Malcher, Aracy Barreto, Daniel Coelho de Souza, José Seixas Lourenço, Nilson Pinto de Oliveira, Marcos Ximenes Ponte, Cristóvam Picanço Diniz e Alex Fiúza de Mello (este com dois mandatos).

O(a) novo(a) eleito(a) será o (a) responsável pela coordenação dos avanços institucionais que fertilizarão os caminhos de nossa academia na

virada da segunda década do novo século e herdará uma instituição cin-qüentenária mais sólida, qualificada, reconhecida nacional e internacional-mente e em condições materiais mais condizentes com os desafios que lhe serão exigidos na continuidade do devir.

É importante, na cultura uni-versitária, que a escolha de um di-rigente máximo seja um momento democrático de exposição de idéias e projetos pelos vários candidatos ao cargo, de debate público desses ideários, sempre num clima de civi-lidade e respeito mútuo, em coerência às finalidades educativas da própria academia, do bom senso, da razão e do pluralismo ideológico. Outrossim, passada a eleição, devem se desfazer os palanques e os partidarismos, para que o novo reitor – inclusive para que mereça a denominação de “magnífico” –, reconhecido inclusive pelos demais oponentes, seja aquele de todos, do conjunto de toda a co-munidade, a fim de que se cumpram as reais metas institucionais: ensino, pesquisa e extensão de qualidade – e socialmente relevantes.

Numa instituição de educação, sempre vence aquele que demonstrou

coerência de atitudes e serviu, assim, de modelo pedagógico perante a ins-tituição e a sociedade. É o exemplo que contribui, a longo prazo, para a construção de uma instituição: seus valores, seus costumes, suas mentali-dades. Este é o verdadeiro desafio po-lítico de uma academia. Sim, porque a universidade não é partido político, nem sindicato, nem clube de amigos. É uma instituição de educação supe-rior e, portanto, precisa ser educativa, em todos os seus procedimentos e atos, e superior, em seu espírito e padrão ético.

A eleição de um reitor não pode ser aquela de um vereador ou de um governador. As faixas, cartazes, cami-sas, adesivos, banners e toda sorte de material que se distribui pelos campi em um momento de campanha elei-toral têm sentido unicamente como mecanismos de fazer conhecer, à co-munidade, os candidatos em disputa. Mas a postura dos pleiteantes ao cargo deve ser condizente com a natureza do mesmo, ou seja: as armas devem ser as idéias e não os chavões; os programas e não as fofocas; os fatos e não a dissimulação; o debate públi-co e não os conchavos de bastidores; os projetos e não as promessas de

cargos; a defesa da autonomia uni-versitária e não a partilha partidária do orçamento.

No jogo político da socieda-de civil, no qual todos são iguais perante a lei e o voto é universal, um operário pode ser Presidente da República, com toda a legitimidade. No jogo político dentro da academia, onde, pelas finalidades institucionais, deve prevalecer uma hierarquia de desiguais (professor ensina e aluno aprende), um Reitor deve ser um professor doutor, de biografia e expe-riência testadas. Não há como trans-por, mecanicamente, uma situação à outra, sob pena do desvirtuamento das finalidades da universidade pelo populismo e pela demagogia.

O importante é que as eleições se realizem num clima de confiança e de abertura, lastreadas pelo estado de direito e pelo imperativo do re-gimento eleitoral em vigor. Caberá ao Conselho Universitário honrar, pela homologação, o resultado da consulta direta, independentemente de seu resultado, selando com êxito e exemplarmente essa festa demo-crática. Afinal, nesse jogo político, apenas a Instituição não pode sair perdedora.

O estudo das diversas dimen-sões e variabilidades da expe-riência humana na Amazônia,

compreendendo mudanças proces-sadas temporal e espacialmente, é proposta de antropólogos que, vin-culados à UFPA e associados a ge-neticistas, historiadores e lingüistas, entendem a Antropologia voltada aos quatro tradicionais campos da disci-plina: Antropologia Social, Arqueo-logia, Bioantropologia e Lingüística, como significativa ao aprimoramento teórico-metodológico para refletir a região.

Quando e por que a agricultura começou na Amazônia? Quais eram as populações humanas em termos de número, densidade e complexidade político-social, na época, anterior à chegada dos europeus? E, sobretudo, quais tecnologias e artes usadas pelos povos desaparecidos podemos empre-gar, hoje em dia, para pensar a diver-sidade humana, cultural e biológica da Amazônia, diante do avanço das ameaças atuais a tal diversidade, com

a globalização e a crescente demanda externa de recursos e bens naturais? São alguns dos desafios à pesquisa antropológica no momento.

A nova visão vinculada às áreas tradicionais da Antropologia, ao redor de temas e problemas específicos da região, provocou profissionais das diferentes subdisciplinas a trabalhar juntos em projetos multidisciplinares.Mas, para além dos projetos, é urgente falar a mesma língua, compartilhar pressupostos teóricos e utilizar fer-ramentas metodológicas afins para produzir conhecimentos que con-templem o pluralismo da região para cruzar fronteiras.

A Antropologia forense precisa das técnicas e teorias interpretativas arqueológicas para realizar a escava-ção de restos humanos, assim como do conhecimento da Bioantropologia para estudar esses achados. A aproxi-mação Bioantropologia e Arqueologia é, também, desejável para o estudo da evolução dos problemas relativos à saúde e doença de seres humanos dia-

crônica e sincronicamente. Questões lingüísticas e etnológicas relativas à construção de significados simbólicos que resultam em determinados com-portamentos sociais e relações com o meio ambiente, claramente, dizem respeito a estudos sobre a saúde de populações humanas. Logo, como po-demos estudar a trajetória humana na Amazônia prescindindo de abordagem integrada de todos esses campos?

A abordagem global, sinteti-zada nos exemplos, requer que uma ou outra abordagem pertencente a este(s) ou àquele(s) campo(s) da Antropologia, que, fragmentado(s) e isolado(s) disciplinarmente, se revela(m) incompleto(s). Trabalhar, holísticamente, as dimensões do comportamento humano em relação ao meio ambiente, no presente, pode ter o benefício de ser informado pelo passado e vice-versa, mas requer vi-são, ao mesmo tempo, arqueológica, etnológica, lingüística e biológica.

Respostas às perguntas sobre a Amazônia e as interrelações paisagís-

ticas da “natureza”, ou desta com os humanos diversos que aqui se fazem presentes podem ser concebidas, satisfatoriamente, a partir de aborda-gens que requerem a unificação das subdisciplinas da Antropologia. A validade dos argumentos e a premente formação de pessoal para atuar nos quatro campos foi proposição dos profissionais reunidos, em setem-bro próximo passado, no simpósio internacional Antropologia em foco, os quais pensam a constituição de Programa de Pós-Graduação em Antropologia na UFPA com áreas de concentração interdisciplinares para compreensão do outro, no qual os ou-tros somos todos nós que, aprendendo e re-aprendendo, construímos o proje-to da Amazônia plural compreendida por parâmetros que envolvem criação e comunicação pertinentes.

Jane Felipe Beltrão é antropóloga e historiadora, professora associada da Universidade Federal do Pará e pesquisadora do CNPq.

bEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 – 11

Coluna do REITOR

OPINIÃO

Eleições para Reitor na UFPA

Por uma Antropologia feita na Amazônia

Alex Fiúza de Mello

Jane Felipe Beltrão

[email protected]

Rua Augusto Corrêa n.1 - Belém/[email protected] - www.ufpa.br

Tel. (91) 3201-7577

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Reitor: Alex Bolonha Fiúza de Mello; Vice-Reitora: Regina Fátima Feio Barroso; Pró-Reitora de Administração: Simone Baía; Pró-Reitor de Planejamento: Sinfrônio Brito Moraes; Pró-Reitor de Ensino de Graduação: Licurgo Peixoto de Brito; Pró-Reitora de Extensão: Ney Cristina Monteiro de Oliveira; Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação: Roberto Dall´Agnol; Pró-Reitora de Desen-volvimento e Gestão de Pessoal: Sibele Bitar Caetano; Prefeito do Campus: Luiz Otávio Mota Pereira. Assessoria de Comunicação Institucional JORNAL BEIRA DO RIO Coordenação: Luciana Miranda Costa; Edição: Rosyane Rodrigues; Reportagem: Ana Carolina Pimenta/Glauce Monteiro/Jéssica Souza/Walter Pinto/Andréa Mota/ Dandara Almeida/ Suzana Lopes/Tamiles Costa; Fotografia: Alexandre Moraes/Mácio Ferreira; Secretaria: Isalu Mauler/Elvislley Chaves/Gleison Furtado; Beira on-line: Leandro Machado/Camilo Rodrigues; Revisão: Júlia Lopes; Arte e Diagramação: Rafaela André/Omar Fonseca; Impressão: Gráfica UFPA.

2 – bEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008

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Histórico

Recursos do REUNI chegam aos Campi de Abaetetuba e Soure

Infra-estrutura, ampliação de vagas e recursos humanos terão prioridade

Investimento

Laboratório de Linguagem e biblioteca são algumas das obras previstas para os próximos dois anos

suzana Lopes

No ano em que completa vinte e um anos de implantação, o Campus da Universidade

Federal do Pará (UFPA), em Aba-etetuba, prepara-se para receber os investimentos do REUNI, o Progra-ma de Apoio ao Plano de Reestrutu-ração e Expansão das Universidades Federais. Dentre a construção de laboratórios, contratação de recursos humanos e abertura de novas vagas, o objetivo é avançar a formação e qualificação de professores no mu-nicípio.

Atualmente, o Campus oferta os cursos de Pedagogia, Letras – Ha-bilitação em Língua Portuguesa – e Matemática, nos módulos extensivo (regular) e intensivo (intervalar). Também oferece, com flexibilidade, as graduações em Física e Ciências Contábeis. A partir de recursos do REUNI, serão abertas 40 vagas para Letras – Habilitação em Espanhol (intensivo) – e 30 para Engenharia Industrial (extensivo), já no Processo Seletivo 2009.

Além de Abaetetuba, o Cam-pus ainda abrange três Núcleos, nos municípios de Tomé-Açu, Concórdia do Pará e Igarapé-Miri, onde funcio-nam cursos intensivos e extensivos.

A prioridade de se ofertar as licenciaturas no interior é justificada pela ampla necessidade de formação de professores para trabalhar na rede básica de ensino. No caso de Abaete-tuba, as licenciaturas contribuíram, sobretudo, para formar professores que já atuavam no ensino público, mas ainda não eram licenciados. “A interiorização da UFPA foi muito importante para a região do Baixo Tocantins pelo número considerável de professores leigos que receberam graduação desde 1987, ano da funda-ção dos campi no interior”, considera a Profa. Ms. Francisca Maria Carva-lho, coordenadora do Campus.

o campus de Abaetetuba foi fundado no mesmo ano em que a uFPA iniciou seu programa de expansão para o interior, em 1987. devido a sua locali-zação, também é chamado de campus do Baixo tocantins. inicialmente, a uni-dade funcionava em escolas municipais e com a ajuda de funcionários cedidos pela prefeitura. Até que, em 1991, foi inaugurado o campus, com secretaria, biblioteca, cantina e sala da coorde-nação. no ano seguinte, começaram as primeiras turmas dos cursos extensivos de letras e Matemática. Atualmente, mais de mil estudantes cursam as cinco graduações (letras, Matemática, Pe-dagogia, Física e ciências contábeis) ofertadas em Abaetetuba e nos três núcleos ligados ao campus.

n Soure: coordenação planeja aplicação de recursos

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Mácio FerreirA

Soure: políticas acadêmicas precisam ser direcionadas para a questão vocacional da região

Dandara de Almeida

O Campus Universitário do Marajó, com sede em Soure, só recebeu esse nome em

1990, quando o seu prédio definitivo foi construído. Foram necessários três anos para que essa pequena e importante mudança ocorresse. Antes disso, era apenas um pólo regional de atuação da UFPA. Em parceria com a prefeitura do município, o Campus de Soure vem ampliando a oferta de cursos e sua atuação na região. Agora, com o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Uni-versidades Federais (REUNI), novas conquistas estão sendo planejadas.

Com os recursos do REUNI, será possível ampliar o prédio admi-nistrativo, melhorar as instalações do Campus, contratar docentes e técnico-administrativos. Esses são alguns exemplos do impacto que os investimentos irão causar.

Atualmente, o Campus de Sou-re tem uma estrutura física composta por Laboratórios de Informática e Biologia, Centro de Teleconferência para 16 lugares, biblioteca totalmente reformada e climatizada, auditório,

sala de música, cinco salas de aula e uma cantina, que necessita de refor-mas para atender melhor a comunida-de acadêmica.

A coordenadora do Campus, professora Ciléia Alves Menezes, ainda não tem uma previsão para o

início das obras, mas defende que as propostas do REUNI significam um ganho para a Universidade, sobretu-do no que se refere às unidades do interior. “Porém, é necessário atentar para a necessidade de se desenvolver políticas acadêmicas mais direcio-

nadas para a questão vocacional da região. Em se tratando do Campus de Soure, que se localiza em uma zona costeira, poderia ser a intensificação do curso de Biologia, por exemplo, ou dos cursos tecnológicos na área de turismo”, avalia a coordenadora.

RECURSOS HUMANOS – Para que os cursos avancem e se conso-lidem, também serão contratados recursos humanos. Hoje, o Campus conta com 22 docentes efetivos e três substitutos, além de oito técnico-administrativos e 14 servidores mu-nicipais. Está prevista a realização de concurso público para aumentar o quadro de servidores. Serão con-tratados mais 34 professores e 10 técnicos.

Também serão disponibili-zados recursos para a melhoria da infra-estrutura do Campus. Labora-tório de linguagem, sala de estudo para professores, biblioteca, guarita e laboratório para formação em técnico de informática são as obras

previstas para acontecerem nos pró-ximos dois anos.

Os investimentos, sejam em recursos humanos, em novas vagas ou na estrutura física do Campus, conver-gem para o melhor desenvolvimento do tripé da universidade pública: o ensino, a pesquisa e a extensão. Na pós-graduação, por exemplo, um novo curso de Letras se somará, em 2009, à especialização em Coordenação e Organização do Trabalho Pedagógico, já ofertada em Abaetetuba.

Quanto à extensão, a coordena-dora do Campus adianta as novidades: “Há a previsão de, em 2009, realizar-mos projetos de extensão em parceria com a prefeitura do município, a Diocese e a ALBRAS”.

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10 – bEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 – 3

Pesquisa traça perfil da população idosa Em Belém, a população da 3ª Idade está em torno de 120 mil pessoas

Envelhecimento

Parque Martírios–AndorinhasConjunto de pesquisas revela beleza do parque ambiental paraense

Paixão de LER

PRÓXIMOS LANÇAMENTOS SERvIÇOn 1 - “URGÊNCIAS EM ENDOCRINOLOGIA E METABOLISMO: diagnóstico e tratamento na criança, no adulto e na gestante”, de João Felício;

n 2 - “AS AMAZÔNIAS DO SÉCULO XXI”, organizado por sérgio rivero;

n 3 - “POESIA”, de Paulo Plínio Abreu;

n 4 - “TRÊS SENTIDOS FUNDAMENTAIS NA OBRA DE PAULO PLÍNIO ABREU”, de célia Bassalo;

n 5 - “DESMISTIFICANDO A PESQUISA CIENTÍFICA”, de valéria rodrigues de oliveira.

o lançamento do livro “Parque Martírios–Andorinhas: conhecimento, história e preservação”, será no dia 02 de dezembro, às 19h, no espaço são José liberto (Pólo Joalheiro).

LIvRARIA DO CAMPUSRua Augusto Corrêa, n.1, Campus Universitário do Guamá. Fone: (91) 3201-7911. Livraria da Praça: Instituto de Ciências da Arte da UFPA. Praça da República s/n Fone: (91) 3241-8369

Jéssica souza

Cabelos brancos, pele enruga-da, perda da vitalidade física. Esses são os sintomas do en-

velhecimento. Porém, ao contrário do que muitos pensam, a idade avançada, por si só, não caracteriza ou determina obrigatoriamente o estado de doença. Mais do que nunca, estudos sobre o tema comprovam que a qualidade de vida, na terceira idade, depende muito mais da cultura e força de vontade do ser humano em manter hábitos de vida saudáveis e auto-estima elevada em todas as fases de sua existência do que de qualquer outro motivo.

Tais dados estão fundamentados nas pesquisas do geriatra e professor do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará, Yúji Magalhães Ikuta que, no momento, em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), desenvol-ve investigações sobre a “Fragilidade dos Idosos Brasileiros”. A iniciativa, denominada Rede FIBRA, envolve pesquisadores de diversas cidades. O objetivo é coletar o máximo de infor-mações para que seja possível traçar um perfil geral sobre a situação de saúde da pessoa idosa no País. Atual-mente, em Belém, a pesquisa está em fase de diagnóstico. A intenção é en-trevistar cerca de 600 idosos em vários bairros da capital, de diferentes idades e de diversas classes sociais.

De acordo com a pirâmide po-pulacional brasileira, existem no País cerca de 17,5 milhões de idosos, o que corresponde a mais de 10% do total da população nacional. A estimativa é de que esse número possa dobrar em até 30 anos. Segundo o professor Ikuta, esses indicadores revelam uma

n Auto-confiança garante independência na velhice Com base na geriatria e na

gerontologia, o principal critério para uma velhice saudável é manter a capacidade funcional pelo maior tempo possível de vida. Capacidade funcional, nesse sentido, quer dizer independência e autonomia. A inde-pendência está ligada à capacidade física de se locomover, a aspectos que se relacionam com fatores genéticos e a bons hábitos. Já a autonomia se associa à capacidade de ter controle próprio, de ter poder de decisão, é determinada por condições de bem-estar emocional, ou seja, por fatores psicológicos.

“Do ponto de vista da psicolo-gia, a manutenção da capacidade fun-cional na velhice depende não apenas de fatores biológicos, mas também de fatores psicológicos como os das crenças de controle e de auto-eficácia. Pessoas que acreditam possuir o co-mando sobre suas próprias vidas e se esforçam para atingir suas metas ou que confiam na excelência de seu próprio desempenho conseguem se manter mais independentes”. A cons-tatação é da psicóloga e professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFPA, Hilma Khoury.

Dentre as inúmeras pesquisas coordenadas pela especialista, está a intitulada “Percepção de controle e envelhecimento bem-sucedido”, de-senvolvida em 2005/07, que analisou a vida de 471 idosos paraenses, entre 60 e 101 anos de idade. “Observamos que o controle primário, a crença que o idoso tem de que é capaz de exercer esforços para modificar o ambiente e atingir suas metas, em média, é mais comum do que a crença no controle secundário, observado quando a pes-soa tende a se adaptar às novas con-dições ofertadas diante do insucesso”, explica. Isso demonstra que, apesar da idade avançada, o idoso paraense ainda se sente estimulado a sonhar e a realizar seus próprios sonhos.

Tais conclusões são reiteradas pelo projeto de extensão “Velhice bem-sucedida: intervenções psico-lógicas para adaptação ao envelhe-cimento, a promoção da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida”, que tem como principal ação a Ofici-na de Desenvolvimento Psicossocial para Idosos, técnica que os estimula a desenvolver crenças e comporta-mentos de controle e de auto-eficácia, dando novo significado à terceira ida-

Hilma Khoury: capacidade funcional

tendência natural vivida não só no Brasil, mas também na maioria das nações, diante do processo de transi-ção demográfica pelo qual passam as populações mundiais.

“A transição demográfica se dá em decorrência da diminuição das taxas de mortalidade e natalidade que, por sua vez, favorece o crescimento da população idosa”, explica o pesquisa-dor. Conseqüentemente, também se

observa o aumento da expectativa de vida da população brasileira. A média nacional, atualmente, está estabele-cida em 72 anos. Essa idade varia de acordo com cada região, sendo que as regiões Sul e Sudeste são as que oferecem melhor expectativa, segui-das das regiões Norte, Centro-Oeste e, finalmente, Nordeste.

Em Belém, a população da terceira idade está em torno de 120

mil pessoas, o que corresponde a 8% do total da população. Segundo Yúji Ikuta, a expectativa de vida no Estado só não é maior devido a alguns há-bitos desenvolvidos pelos paraenses por influências culturais, como, por exemplo, o de comer alimentos com muito condimento, açúcar, gorduras e sal, que suscetibilizam doenças como as cardiovasculares, as neoplasias, o diabetes e a hipertensão arterial.

Oficina de Desenvolvimento Psicossocial para Idosos: atividade melhora a auto-estima dos participantes

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Fotos AlexAndre MorAes

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Imagine um lugar de beleza cênica peculiar, com destaque no relevo, repleto de cachoeiras, trilhas eco-

lógicas, cavernas e rios subterrâneos em plena transição Cerrado-Floresta Amazônica, tendo o rio Araguaia, com suas águas verdes e cristalinas, à margem. Esse paraíso natural, que es-conde vestígios da presença de povos primitivos e detém uma biodiversida-de rara, é o cenário do livro “Parque Martírios–Andorinhas: conhecimen-to, história e preservação”, publicado pela Editora da UFPA. A obra, fruto de diversas pesquisas interdisciplina-res sobre o Parque Estadual da Serra dos Martírios-Andorinhas, foi editada pelo Prof. Dr. Paulo Gorayeb do Insti-tuto de Geociências que, desde 2005, vem trabalhando na publicação junta-mente com outros pesquisadores.

O Parque Martírios–Andori-nhas é uma unidade de conservação da natureza, localizado na Mesorre-gião Sudeste Paraense, no município de São Geraldo do Araguaia, divisa com o Estado do Tocantins e é ge-renciado pela Secretaria de Meio Ambiente do Governo do Pará. A área recebeu o nome “Martírios” em fun-ção da presença de figuras rupestres grafadas em rochedos no leito do rio Araguaia, as quais se assemelhavam aos instrumentos do martírio de Jesus Cristo. A denominação “Andorinhas” é graças à grande quantidade de aves dessa espécie que transita na região. Este fato chamou a atenção dos militares por lá instalados durante a Guerrilha do Araguaia, na década de 70, que passaram a chamá-la “Serra das Andorinhas”.

Com um potencial turístico destacável, são poucos os paraenses e brasileiros que ouviram falar ou conhecem o Parque. “O turismo é praticamente inexplorado. A maioria das pessoas que visita o local é com o apoio da Fundação Serra das Ando-rinhas, porém são situações isoladas. Grande parte dos turistas é composta por praticantes do ecoturismo, por estrangeiros e aventureiros”, conta o professor Gorayeb.

MULTIDISCIPLINAR - Assim como o Turismo, outras vertentes do conhecimento foram exploradas durante as pesquisas que deram origem ao livro, tais como estudos sobre História, Geologia, Recursos Hídricos, Arqueologia, zoologia, Ciências Florestais e Populações Tradicionais. Paulo Gorayeb explica que a produção, ampla em função do caráter multidisciplinar, foi feita principalmente por pesquisadores da Universidade Federal do Pará e do Museu Paraense Emílio Goeldi, porém houve outras contribuições. “No final de 2003, lancei o convite a todas as pessoas e grupos de pesqui-sadores que tinham estudado a Serra para participar do livro e tentei induzir algumas temáticas que achávamos importantes como elo entre as pesqui-sas que já estavam consolidadas. Por

outro lado, alguns autores desistiram no meio do caminho ou não deram crédito à obra, e isso é normal”.

O pesquisador ressalta que a novidade da publicação é justamen-te a interface entre as disciplinas, “tentamos agregar todas as pessoas que queriam estudar o parque ou que necessitavam complementar seus es-tudos, fizemos dois projetos e muitas campanhas de campo. Foi uma meto-dologia diferente que agregou grupos que nunca tinham trabalhado juntos, e precisaram rediscutir seus métodos numa perspectiva de estudos multi-disciplinares integrados, cuja diretriz foi a questão ambiental”, afirma.

O objetivo foi identificar, a fundo, as condições de preservação do Parque e levantar todo o potencial desconhecido, o que resultou, inclusi-ve, na descoberta de novos espécimes. “Foi necessário fazer um diagnóstico do Parque a fim de se obter um do-cumento base para disponibilizar aos gestores, seja da região, seja do go-verno do Estado, com o propósito de incentivar investimentos para a edu-cação ambiental, para a preservação ou mesmo para o manejo ecológico do local”, revela Gorayeb.

O livro é fruto de uma inicia-tiva anterior realizada pelo Instituto de Geociências da UFPA, o “Projeto Parque Estadual da Serra dos Martí-rios/Andorinhas: estudos integrados para conhecimento e preservação”. A proposta, desenvolvida em duas etapas, foi coordenada, preliminar-mente, pelo Prof. Dr. Francisco de

Assis matos de Abreu, em 1998, e teve continuidade com o Prof. Paulo Gorayeb, em 2000. “Grande parte das pesquisas foram custea-das por meio desses dois projetos financiados pelo Fundo de Ciência e Tecnologia (FUNTEC) da Secre-taria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (SEDECT), na época SECTAM. Após terminarmos essas pesquisas e começarmos o livro, muitos outros estudos continuaram e continuam no local, particularmente na área da zoologia, Geografia e

Turismo”, explica o professor. Os dados de 2006 reportam à

existência oito ecossistemas vegetais identificados, espécies animais ame-açadas de extinção, 82 espécies de plantas medicinais, 207 espécies de aves, 90 espécies de peixes, sítios ar-queológicos e cachoeiras, entre outros atrativos naturais. O livro “Parque Martírios–Andorinhas: conhecimen-to, história e preservação” remonta esse cenário natural, com uma lite-ratura científica, permeada por um acervo fotográfico riquíssimo.

Pesquisadores da UFPA e do MPEG participam da obra

de. Atualmente, o projeto atende dois grupos específicos: o da UNITERCI, que funciona às segundas-feiras, na UFPA, e o da Casa do Idoso, que se reúne às quartas-feiras. Os resulta-dos da ação são medidos mediante a aplicação de questionários, antes e após a realização das oficinas, que comprovam as mudanças de menta-lidade e a melhora na auto-estima dos participantes.

O conflito emocional vivencia-do pelo idoso envolve, ainda, a sensa-ção de inutilidade e a cultura de que a velhice é sinônimo de improdutivida-de. Sentimento que se intensifica no

momento da aposentadoria, em que os idosos são obrigados a deixar seus postos de trabalho. Dados do Instituto brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), porém, demonstram que mais de 30% dos aposentados, no brasil, voltam a trabalhar após conquistarem o benefício. A idéia mais comum so-bre o que motiva essa atitude é a de que o aposentado ganha pouco. Mas os estudos de Hilma Khoury apon-tam outras razões: “o trabalho é uma variável importante na construção da identidade do sujeito”.

A pesquisa “Motivos psicos-sociais para o retorno de aposentados ao trabalho”, também coordenada pela psicóloga, entrevistou 217 apo-sentados paraenses. Destes, metade possuía renda elevada (mais de R$ 3 mil) e a outra metade era de baixa ren-da (menos de R$ 3 mil). Em nenhum dos grupos, o aumento da renda foi a motivação principal para voltarem ao “batente”. “Resultados que corro-boram que o trabalho é muito mais que ganha-pão, é atividade norteada, principalmente, por fatores psicos-sociais de quem quer conviver com outras pessoas e manter-se econômica e intelectualmente ativo”.

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4 – bEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008

Projetos estão abertos à comunidadeUNITERCI

Para participar, é preciso ter, no mínimo, 55 anos e vontade de aprender

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 – 9

A UNITERCI também conta com a parceria da Faculdade de Psicologia. A finalidade é trabalhar o desenvolvimento psicossocial na Terceira Idade. Dentre as atividades desenvolvidas, estão oficina de auto-estima e discussões sobre sexualidade na velhice. “Trabalhamos para a melhoria da qualidade de vida desse idoso, a valorização dele enquanto sujeito de direitos e também para sua autonomia”, afirma maria Leonice. O projeto incentiva-os a se verem como protagonistas da sua realidade, em parceria com a juventude. “Aprendi a lidar com os mais jovens. Parecia até que vivíamos em mundos diferentes, mas isso não pode acontecer. Assim como o jovem pode aprender com o idoso, nós podemos aprender com eles”, comenta Dona Nair.

Depois do curso de Atualiza-ção Cultural, o idoso está “preparado” para participar dos demais projetos. A “Educação Permanente na Área da Graduação” proporciona aos usuários assistir a aulas em cursos de gradua-ção. “Os idosos participam das aulas como ouvintes, mas acabam desen-volvendo as mesmas atividades que os alunos”, reforça a coordenadora. Segundo Maria Leonice, o projeto

possibilita a troca de conhecimentos, facilita a relação entre as gerações e promove uma mudança de percepção do idoso sobre seu processo de en-velhecimento. Dentre as faculdades que participam do projeto, estão as de Comunicação, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social.

HABILIDADES – O projeto “Ter-ceira Idade: Arte e Cultura” quer despertar, no idoso, suas habilidades artísticas. Ele é desenvolvido em parceria com os cursos de Artes e Comunicação Social. São realizadas atividades de canto, dança, teatro, oficinas de artes manuais e artesanais no Atelier de Artes da UFPA. Dona Nadir Farias entrou na UNITERCI aos 69 anos. Hoje, aos 83, já produziu cinco livros: três de poesias e duas an-tologias. Além disso, ela participa de atividades teatrais e de aulas de língua estrangeira. A UNITERCI também contribui para a produção científica sobre a velhice. O projeto “Ações Investigativas, Produção, Intercâmbio e Sistematização de Conhecimentos da Área da Gerontologia” é vincula-do ao Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia (SENECTUS).

Andréa Mota

O envelhecer na sociedade bra-sileira já faz parte do presente. A priori, sempre foi o destino

de cada um. Hoje, faz-se a reflexão: quantos serão os homens e as mulhe-res que chegarão à velhice ao mesmo tempo, num mesmo espaço e exigindo o amparo, do qual, nesta fase, tanto se precisa? Como contemplar tantas mudanças, projetos de vida e sonhos? Quem serão esses homens e mulheres? Criada em 1991, na Universidade Federal do Pará , a Universidade da Terceira Idade (UNITERCI) nasceu com o objetivo de pensar o enve-lhecimento, visando à produção de conhecimento científico. Logo em seguida, o programa propôs ampliar essas discussões aos próprios idosos, para que reflitam sobre sua condição na sociedade.

“Inicialmente, ele se chamava ‘Curso de Atualização Cultural na Terceira Idade’ e passou por várias formatações. O programa propõe um novo saber sobre os idosos, por meio de uma perspectiva inter e multidisci-plinar. Assim, contribui para a ressig-nificação de valores culturais, vivência e saber, formando sujeitos ativos no processo político e cultural desta fase da vida”, afirma a socióloga maria Leonice de Alencar, Coordenadora da UNITERCI e Mestre em Serviço Social pela UFPA.

ATUALIZAÇÃO – Para ingressar no programa, o interessado precisa ter, no mínimo, 55 anos. A faixa etária dos participantes varia de 60 a 80 anos, sendo que a maioria é de classe bai-

xa. Dentre os mais de 900 idosos que passaram pela UNITERCI, mais de 80% eram mulheres. “O número de mulheres é maior que o de homens. Ainda há muita re-sistência do homem em participar desse tipo de atividade”, destaca a coordenadora do Programa. Todo ano é formada uma turma de 40 alunos para o curso de Atualiza-ção Cultural.

Hoje, o Curso de Atuali-zação é a porta de entrada para

os demais projetos. Além dele, existem “Educação Permanente na Área de Graduação”, “Ter-ceira Idade na Amazônia: Arte e Cultura”, “Corpo, Movimento e Qualidade de Vida na Terceira Idade” e o “Projeto de Inclusão Digital”. Todos esses projetos têm parceria com as faculdades da Universidade, entre as quais, as de Letras, Comunicação, Turismo, Pedagogia, Psicologia, Engenha-ria Elétrica e Engenharia Civil.

Inclusão digital é um dos cursos oferecidos pela Universidade

n Atualização CulturalO projeto “Atualização Cul-

tural na Terceira Idade” realiza ativi-dades duas vezes na semana e conta com uma equipe interdisciplinar. Dentre as atividades, estão palestras interativas, oficinas, exposições dialogadas e visitas exploratórias. “O objetivo do curso é possibilitar a atualização cultural de homens e mulheres, a partir de 60 anos, sobre assuntos relacionados à Geriatria, ao Direito do Idoso, às políticas sociais e às relações interpessoais”, afirma a Profª. Maria Leonice.

São quatro módulos: acolhi-mento, fisiologia do envelhecimen-to, alimentação e direitos do idoso. O acolhimento propõe ao idoso conhecer o espaço no qual ele irá desenvolver o projeto. É o reco-nhecimento do espaço da UFPA. O segundo módulo é o aspecto bioló-gico da velhice. “Contamos com a ajuda dos Hospitais Universitários Bettina Ferro e Barros Barreto na indicação de profissionais da saúde, para ministrar palestras e oficinas sobre saúde do idoso”. A parceira entre UNITERCI e Faculdade de Nutrição auxilia na escolha de uma alimentação mais saudável.

O módulo seguinte discute as leis voltadas para o idoso. Os alunos conhecem seus direitos e deveres por intermédio do Esta-tuto do Idoso e das demais leis que tratam dessa questão. Eles aprendem onde procurar orienta-ção sobre o Estatuto, quais leis que lhe asseguram seguridade social e quais os avanços no cumprimento dessas leis. Além disso, os alunos vivenciam a prática dessas discus-sões com as visitas exploratórias. “Buscamos sempre fazer a relação entre teoria e prática. Quando discutimos o Estatuto, fazemos vi-sitas nas entidades que trabalham com os idosos para observar se o direito do usuário é garantido”, ressalta.

Dona Nair Moura, de 61 anos, lembra que, quando entrou no curso de Atualização Cultural, não conhecia seus direitos. Ela já havia participado de um grupo da Terceira Idade. Lá, amigos lhe indicaram o programa. “Ele ajudou a aumentar meus conhecimentos. Aprendi sobre direitos e obrigações. As leis muda-ram, então precisamos evoluir, não podemos ficar pra trás”.

n Parceria com a juventude Fo

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Maria Leonice: um novo saber sobre os idosos

Reitoria: quatro chapas estão na disputaSaiba mais sobre o processo eleitoral e as propostas dos candidatos

Eleições

P = [(vD/UD) + (vT/UT) + (vA/UA)] x 33%, onde:

P = Pontos obtidos por determinada chapa;

vD = votos atribuídos à chapa pelos docentes;

vT = votos atribuídos à chapa pelos técnico-administrativos;

vA = votos atribuídos à chapa pelos alunos;

UD = universo dos docentes aptos a votar;

UT = universo dos técnico-administrativos aptos a votar;

UA = universo dos alunos aptos a votar.

Ana Carolina Pimenta

As eleições para os cargos de Reitor e de Vice-Reitor da Universidade Federal do Pará

(UFPA), para o quadriênio 2009-2013, se aproximam, configurando não só um momento de intensa dis-cussão e reflexão, mas também de dú-vidas. Incertezas acerca do processo eleitoral ainda permeiam o universo dos eleitores, composto por docen-tes, técnico-administativos e alunos. Quem pode votar? Qual o peso de cada voto? O candidato mais votado na consulta à comunidade acadêmica está automaticamente eleito? São al-gumas das perguntas freqüentes.

Segundo a Resolução n. 653, de 03/10/08, que institui o Regimento Eleitoral para fins de consulta direta à comunidade universitária sobre a escolha de candidatos, poderão vo-tar: professores efetivos, substitutos e visitantes, assim como os alunos matriculados e os técnico-admi-nistrativos no exercício do cargo. Servidores legalmente afastados da Instituição, por motivo de Licença para Tratamento de Saúde, Licença-

Maternidade, Licença-Prêmio e para qualificação profissional, também são eleitores. Já os servidores cedidos para órgãos externos, os terceiriza-dos, os pensionistas e os aposentados não poderão votar, bem como os licenciados para tratar de interesses particulares.

Por meio da reunião do Con-selho Universitário da Universidade Federal do Pará (CONSUN), no dia 22 de setembro deste ano, optou-se

por manter o voto proporcional-paritário às três categorias. Para resolver a questão relacionada à su-perioridade do número de estudantes em relação ao número de professores e de técnicos, o CONSUN elaborou uma fórmula que permite a equiva-lência numérica entre as categorias. Em caso de empate, será considera-do eleito, em primeira instância, o candidato mais antigo no magistério superior. Caso persista o empate, é

Perfil dos candidatos e as principais propostas de cada chapa

Os candidatos estão dispostos por ordem de inscrição e homologação das chapas junto à Comissão Eleitoral

Carlos Edilson Maneschy (reitor) - professor titular da Faculdade de engenharia Mecânica/uFPA, pes-quisador do cnPq e consultor da cAPes. Foi professor associado da Puc-rio e da universidade de Pitts-burgh, diretor da FAdesP.

Horácio Schneider (vice-reitor) - pro-fessor da uFPA no campus de Bra-gança. Pós-doutor pela universidade de stanford. Participou da gestão administrativa do reitor José seixas lourenço, foi vice-coordenador do nuMA. Atualmente exerce o cargo de diretor geral do instituto de estudos costeiros do campus de Bragança.

PROPOSTAS DE TRABALHO

Atenção especial para a graduação, com melhorias nas atividades de pes-quisa e extensão. consolidar ações de pesquisa e pós-graduação em todos os campi. Ampliar a assistência estudantil;

investir na construção e reforma de prédios para atender necessidades básicas como laboratórios de ensino, bibliotecas setoriais, sala de profes-sores e espaço para atendimento a alunos;

Humanização e valorização das rela-ções e ambiente de trabalho. Ampliar o nível de qualificação dos servidores, incentivando a pós-graduação para docentes e técnicos.

Site http://www.maneschyreitor.net/

“COMPROMISSO DE FAZER AINDA MAIS” “PRA FAZER MELHOR” “RICARDO / HABIB FRAIHA”“GESTãO DEMOCRáTICA E PARTICIPATIvA NA UFPA”

Regina Fátima Feio Barroso (reitora) - professora associada do curso de odontologia, do instituto de ciências da saúde/uFPA. Mestre e doutora em odontologia social pela uFF. Atualmente, ocupa o cargo de vice-reitora.

Licurgo Peixoto de Brito (vice-reitor) - professor adjunto do instituto de ciências exatas e naturais/uFPA. doutor em geofísica pela uFPA e Pós-doutor em geociências pela uni-versidade estadual do norte Flumi-nense darcy ribeiro. Atualmente, está à frente da Pró-reitoria de ensino de graduação (Proeg).

PROPOSTAS DE TRABALHO

Melhoria de infra-estrutura para os cursos de graduação e pós-gradua-ção, atualizando seus equipamentos e ferramentas de laboratórios, suas secretarias, bibliotecas setoriais e seus acervos bibliográficos;

implantação de uma política de assistência estudantil, discutida com o corpo discente, tendo em vista a permanência e o êxito acadêmico de estudantes em situação de vulnerabili-dade socioeconômica;

Aperfeiçoamento da política de saúde, segurança e meio ambiente, visando à melhoria das condições de trabalho e de assistência social ao corpo funcional.

Site: http://www.reginareitora.net/

Ana Maria Tancredi Carvalho (reito-ra) - professora associada da Facul-dade de educação/uFPA. doutora em educação pela unicamp. coordena o grupo de estudos e Pesquisas em educação infantil. Já foi Pró-reitora de ensino de graduação.

Petrônio Medeiros Lima (vice-reitor) - professor associado da Faculdade de engenharia Mecânica do instituto de tecnologia da uFPA. doutor em engenharia Mecânica pela unicamp. tem experiência na área de enge-nharia de Materiais e Metalúrgica e Processos de Fabricação.

PROPOSTAS DE TRABALHO

desenvolver uma política de fortale-cimento dos programas de pós-gra-duação stricto sensu não consolidados e estimular a criação de novos cursos, em especial, nos campi do interior. Ampliar bolsas de Iniciação Científica;

implantar um modelo de gestão que envolva toda a comunidade nos processos de discussão e decisão das políticas universitárias. dinamizar e democratizar os fóruns existentes;

Fortalecer uma política de bolsas em todos os campi, envolvendo bolsa de extensão, bolsa de monitoria e de ini-ciação cientifica. Viabilizar a melhoria de moradias estudantis.

Site http://www.anatancredireitora.com.br/

Ricardo Ishak (reitor) - professor titu-lar do instituto de ciências Biológicas/ uFPA. Phd pela escola de Higiene e Medicina tropical de londres. exerceu cargos de presidente da sociedade Brasileira de virologia, diretor do icB e coordenador do Programa de Pós-graduação.

Habib Fraiha Neto (vice-reitor) - pesquisador aposentado do instituto evandro chagas e professor adjunto do núcleo de Medicina tropical/ uFPA. doutor em ciências Biológicas por mérito de produção científica pela uFPA. É membro da sociedade Brasileira de Medicina tropical.

PROPOSTAS DE TRABALHO

Melhoria da qualidade do ensino, pesquisa e extensão (ampliação das atividades acadêmicas, incluindo mudança no papel das Pró-reitorias, para que atuem como promotoras do desenvolvimento);

Modernização da gestão com desburocratização dos serviços e a descentralização dos recursos para as unidades executoras em 30% no primeiro ano (incluindo-se a mudança da matriz orçamentária);

Promoção do bem-estar da comuni-dade universitária, incluindo ações compromissadas com as necessidades sociais e a promoção da cidadania.

Site: blog em construção

eleito o mais idoso.De acordo com Francisco Frei-

tas, membro da Comissão Eleitoral, o Regimento estende-se para os campi e Núcleos do interior do Estado. “É muito importante que os candidatos não se esqueçam de que, no interior, está concentrada boa parte do elei-torado, com uma enorme demanda e muitas expectativas com relação aos novos dirigentes”, ressalta o professor.

Um detalhe fundamental é que o pleito não termina com a apuração dos resultados finais da consulta à comunidade universitária. É neces-sária a elaboração, pelo CONSUN, de uma lista tríplice, indicando os nomes dos três candidatos mais vo-tados, em ordem decrescente, para os cargos de Reitor e Vice-Reitor. A lista é, então, encaminhada ao MEC para que o Presidente da República e o Ministro da Educação decidam por uma das três chapas. Apesar da exigência legal, Francisco Freitas diz que tem sido uma tendência a escolha pelo candidato que obteve mais votos nas eleições, corroborando o caráter democrático do processo.

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Redimensionamento

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Programa é referência nacional Especialistas em divulgar a AmazôniaLivros, revistas e papers compõem as linhas editoriais do NAEA

Divulgação Científica

Elaborado por orientação do MEC, o objetivo é melhorar o serviço público

EM DIAAmbientalidadeNo período de 02 a 05 de de-zembro, o Instituto de Artes da UFPA realiza o IV Fórum Bienal de Pesquisa em Arte, com o tema Arte e Ambientalidade. Mais in-formações pelo e-mail [email protected] e pelo site www.forumpesquisaemarte.ufpa.br

Seminário NAEAEm comemoração aos seus 35 anos, o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) realiza, nos dias 9, 10 e 11 de dezembro, em Belém, o Seminário Interna-cional “Amazônia e Fronteiras do Conhecimento”. O seminário visa fortalecer o diálogo entre as instituições de ensino superior da Amazônia e atualizar o debate sobre a sustentabilidade social e ambiental.

Fórum Social De 27 de janeiro a 1º de fevereiro de 2009, belém abrigará o Fórum Social Mundial (FSM). O evento ,não-governamental e não-parti-dário, estimula o debate, a troca de experiências e a formulação de propostas para a construção de um mundo mais solidário e democrá-tico. Sediado pela primeira vez na Pan-Amazônia, o Fórum terá suas atividades abrigadas nas univer-sidades Federal do Pará (UFPA) e Federal Rural da Amazônia (UFRA).Mais pelo site www.fsm2009amazonia.org.br

AvaliaçãoA Pró-Reitoria de Ensino de Gra-duação da UFPA realiza, nos dias 10, 11 e 12 de dezembro, o III Seminário de Avaliação “Avaliar competências e a competência para avaliar”. O objetivo do evento é refletir sobre projetos e progra-mas de auto-avaliação do ensino da graduação da UFPA, além de promover a troca de experiências nas áreas de planejamento e ava-liação da aprendizagem no ensino da graduação.

PSS 2009Este ano, 57.609 mil pessoas disputarão as 5.362 vagas do Processo Seletivo Seriado da Uni-versidade Federal do Pará (PSS 2009) na capital e no interior. As provas acontecerão nos dias 07/12 (1ª Fase), 11/01 (2ª Fase) e 1º/02 (3ª Fase). Todas as informações referentes às inscrições, ao edital e ao Manual do Candidato já estão disponíveis no site do Centro de Processos Seletivos - CEPS (anti-go DAVES), www.ceps.ufpa.br

Glauce Monteiro e Tamiles Costa

A Universidade Federal do Pará é pioneira na implementação do “Programa de Dimensio-

namento e Redimensionamento de servidores” entre as instituições fe-derais de ensino superior. “Por meio dessas ações, hoje, a UFPA tem um diagnóstico preciso de sua força de trabalho. O que nos coloca à frente no que diz respeito ao gerenciamento de pessoas. Sabemos quem são os nossos profissionais, o que eles fazem, onde estão e também temos planos e expec-tativas sobre como eles podem crescer e contribuir, ainda mais, para que a UFPA desempenhe seu papel junto à sociedade”, garante Sibele Bitar Caetano, à frente da Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal (PROGEP).

O diagnóstico da UFPA foi elaborado entre março de 2006 e de-zembro de 2007, por meio do Progra-ma de Dimensionamento, “naquele primeiro momento, nós precisávamos saber quem efetivamente fazia esta Universidade. Por isso, investigamos os dados quantitativos como, por exemplo, número de servidores. No entanto, era fundamental perceber a realidade desses profissionais a partir de um ponto de vista também qualitativo”.

RADIOGRAFIA – Com a “radio-grafia” da Universidade em mãos, era hora de usar essas informações em prol da melhoria das atividades desenvolvidas na UFPA. “Observa-mos cada Campus, Instituto, Núcleo e Órgão da Administração Superior. Entrevistamos os servidores e conver-samos também com os dirigentes para elaborar coletivamente princípios

Sibele Bitar: "radiografia" da UFPA

O Programa de Dimensio-namento e Redimensionamento da UFPA foi apresentado a 54 univer-sidades no II Seminário Nacional de Capacitação de Instituições Federais de Ensino, realizado no Rio de Janei-ro, em setembro deste ano. O pionei-rismo da Instituição surpreendeu a todos e despertou o interesse de outras universidades.

Pouco tempo depois, no dia 17 de outubro, o superintendente de Recursos Humanos da Universidade Federal Fluminense (UFF), José An-tônio Athayde Ribeiro, e a Assessora de Recursos Humanos da UFF, Ana Tércia Rodrigues Bastos, visitaram a UFPA para conhecer de perto os Programas.

José Athayde acha que a re-alocação de pessoal é uma fonte de respostas para todas as dificuldades inerentes à área de Recursos Huma-nos, “é um trabalho de alto nível que vai render muitos frutos”. O Supe-rintendente enxerga o Redimensio-namento como um meio de agregar valor à instituição a partir do melhor aproveitamento do corpo funcional. “O servidor não é movimentado porque é ruim, mas porque existe um

n UFPA é pioneira na execução de Redimensionamento

n Servidores e dirigentes satisfeitos

Para a coordenadora do Nú-cleo de Pesquisa e Desenvolvi-mento da Educação Matemática e Científica da UFPA (NPADC), Terezinha Valim, o Programa de Redimensionamento foi um marco para a gestão na Universidade. “Como administradores, sabemos da importância de trabalharmos com servidores capacitados, parti-cipativos e felizes. Isso representa mais qualidade e respeito no ensino e no atendimento aos estudantes”, revela. “O Redimensionamento nos traz a possibilidade de melhorar nosso trabalho e o NPADC é um exemplo de que a Universidade mudou para melhor. Antes, man-tínhamos nosso Programa de Pós-Graduação atendendo mais de 900 pessoas com um quadro reduzido de pessoal. Hoje, temos servidores que estão mais satisfeitos e atendem melhor as necessidades dos nossos alunos”.

O coordenador do Progra-ma de Pós-Graduação do Núcleo, Tadeu Oliver, diz que outra vanta-gem do Redimensionamento foi o diálogo aberto durante sua imple-mentação. “Não foi algo imposto ou arbitrário. Nós participamos ativamente de cada etapa, de cada decisão ao longo desses dois anos. O Redimensionamento foi apresen-tado e discutido pela comunidade acadêmica e está fundamentado em princípios e matrizes que nor-tearam cada passo do Programa. A grande maioria dos técnico-administrativos está contente com os resultados”.

AVALIAÇÃO – De acordo com 75,38% dos servidores que res-ponderam a primeira pesquisa de avaliação do Programa de Redimensionamento da UFPA, a nova lotação irá contribuir para o seu desenvolvimento profissional; para 55,38% deles, a Universidade levou em conta suas habilidades e competências ao promover a rea-locação e 80% se dizem satisfeitos com seu atual local de trabalho. Os gestores das unidades acadêmicas e administrativas envolvidas no Programa também avaliam posi-tivamente o Redimensionamento. Para 80,95% deles, houve uma potencialização do desempenho institucional na UFPA e 76,19% contam que o Programa atendeu as demandas administrativas de sua unidade.

“Eu estou muito feliz”. É como Wilson Machado, servidor da UFPA há 35 anos, explica as vantagens de participar do Progra-ma, “mudar às vezes assusta um pouco, mas, na verdade, essa é uma mudança para melhor. É uma opor-tunidade para novos desafios, novos aprendizados e para conhecer novas pessoas também. Fico feliz em fazer parte disso e poder contribuir mais com a Universidade”.De acordo com José Athayde, UFF pretende adotar modelo da UFPA

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Glauce Monteiro

Ao longo de seus 35 anos, o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universi-

dade Federal do Pará (NAEA) tem se destacado na produção e divul-gação de conhecimento científico sobre a região. O núcleo começou a publicar seus primeiros trabalhos logo após sua fundação, em 1973.

“O NAEA é a única unidade da UFPA que possui o ‘direito de editoria’ para publicar suas obras de forma autônoma e a Editora do NAEA é a responsável por geren-ciar essas publicações. Nós possu-ímos cadastro na Biblioteca Nacio-nal e temos o ISBN, uma espécie de selo que certifica a qualidade do que publicamos e torna cada publicação única. Para mantermos esse direito, é necessário cumprir uma série de exigências como a manutenção de um conselho edi-torial e de um referee conceituado - corpo de cientistas que dão os pareceres sobre as publicações”, explica a coordenadora do Núcleo, Edna Castro.

Atualmente, o Núcleo man-tém cinco linhas editoriais: a revis-ta Novos Cadernos do NAEA, os papers do NAEA, o boletim Folha

do NAEA, o Prêmio NAEA e a pu-blicação de livros. Em média, 10 obras são lançadas anualmente.

A revista Cadernos do NAEA é a mais antiga publicação do Núcleo. O primeiro volume foi lançado em 1977 e apresen-tava pesquisas sobre coloniza-ção, migrações e rede urbana na Amazônia. Em 1997, o projeto foi retomado, e, desde então, mais 18 volumes chegaram às prateleiras.

“Toda revista científica é o car-tão de visitas de uma instituição.As instituições de pesquisa mais conceituadas mantêm revistas científicas de qualidade como um sinal de maturidade”, conta Edna Castro. Semestralmente, o corpo editorial da revista seleciona os artigos. Os textos também são divulgados no site do NAEA, seguindo o princípio de dissemi-nação da ciência.

n Folha do NAEA vai ganhar versão impressaOs papers do NAEA são pu-

blicações mais ágeis e simples, produzidas a partir de pesquisas de-senvolvidas por docentes e discentes do Núcleo, por pesquisadores de insti-tuições parceiras da UFPA e de outras instituições de ensino superior, por professores visitantes e pesquisadores associados ao Núcleo. “Até agora, publicamos 222 papers”, comemora a coordenadora do Núcleo.

Outra produção importante é a Folha do NAEA, já na sua 14ª edição. “A Folha é o nosso boletim on line. É

a tradução da produção científica de nossos pesquisadores em linguagem jornalística, cujo objetivo maior é difundir esse conhecimento a toda sociedade”, garante Edna Castro. A partir do Seminário Internacional Amazônia e Fronteiras do Conheci-mento, que comemora os 35 anos do Núcleo, a Folha do NAEA também ganhará uma versão impressa e um novo layout.

A publicação de livros também ganha destaque. “O principal tema dessas obras é o desenvolvimento

regional, que se desdobra em várias linhas de pesquisa, como: estado e políticas públicas, agricultura, indus-trialização, história social, trabalho e território, mudanças e dinâmicas am-bientais, populações tradicionais, uni-dades de conservação e migrações”, explica a coordenadora, membro do Conselho Editorial. Nos últimos anos, com uma média de seis a oito lançamentos por ano, o NAEA man-tém um estande permanente na Feira Pan-Amazônica do Livro, realizada em Belém.

O Prêmio NAEA tornou-se outra oportunidade de publicação para os alunos do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Desenvolvimento do Trópico Úmido (PDTU) do NAEA. A cada dois anos, são premiadas duas teses de doutora-do e duas dissertações de mestrado. Segundo Edna Castro, o Prêmio compõe um importante acervo da Instituição. “Para a Universidade, o Prêmio é uma forma fundamental de divulgação científica. Para os alunos, esse é um título com dois horizontes que garante, de um lado, a credibi-lidade no mundo do trabalho e, de outro, incentiva a continuidade da pesquisa sobre a Amazônia”.

Para o Prof. Dr. Sérgio Bacury, docente da Faculdade de Ciências Econômicas da UFPA e um dos ven-cedores da última edição do Prêmio, esta é uma oportunidade única para os cientistas difundirem seus estu-

dos sobre a realidade amazônica, “o NAEA tem se evidenciado como uma das mais importantes unidades de produção do conhecimento científico sobre a/na Amazônia, capacitando e formando profissionais e pesquisado-res, servindo como um instrumento de divulgação das pesquisas acerca da realidade amazônica. Eu mesmo sou fruto dessa realidade, pois minha formação em nível de pós-graduação foi adquirida no NAEA. Ao ser pre-miado pela Instituição, será possível divulgar a minha tese de doutorado na forma de livro, e isso fará com que a minha produção científica sobre o desenvolvimento da Amazônia seja amplamente divulgada e conhecida por todos aqueles que se preocupam e lutam pela região. Este é o meu maior presente e agradeço ao NAEA por isto”.

Apesar da relevância dos trabalhos publicados, a coordena-

n Os melhores ganham publicação como prêmio

ServiçoAs publicações do nAeA estão disponíveis para a venda na sua editora ou pelo telefone (91) 3201.7696. Parte da produção está disponível no endereço ele-trônico www.ufpa.br/naea. As obras também podem ser con-sultadas na Biblioteca Prof. José Marcelino Monteiro da costa, que funciona no núcleo.

dora esclarece: o objetivo não é publicar, por meio do NAEA, toda produção do Instituto. “A nossa meta real é que nossos pesquisadores publiquem fora do Núcleo. Tentar centralizar tudo aqui seria um movimento con-trário ao nosso maior objetivo, que é tornar visível a produção de pesquisas desenvolvidas na Amazônia”.

Prêmio NAEA: oportunidade de publicação para alunos da pós-graduação

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NPADC: mudança representou mais qualidade no atendimento aos estudantes

local mais apropriado para ele de-sempenhar suas atividades. Isso é de uma significância muito grande para a instituição, porque fazer o funcionário entender que precisa ser remanejado exige um trabalho de ‘catequese’ para se obter resultado”, analisa.

Segundo José Athayde, o pro-cesso de redimensionamento, adotado pela UFPA, foi desenvolvido de modo

criterioso. “A PRO-GEP fez um trabalho

didático, integral. Cada detalhe foi pensado. A equi-

pe da Pró-Reitoria não é grande, mas é de alto nível condicional”, avalia. De acordo com o superintendente, existe a intenção de levar para a UFF o modelo utilizado pela UFPA. “Te-mos o desejo de adotar a proposta, mas antes, precisamos apresentá-la à direção superior. Este é um traba-lho que, sem o apoio do Reitor, fica impossível de ser realizado. Aqui, na UFPA, a Reitoria acolheu a iniciativa. Essa é uma tarefa que, sem a concor-dância da comunidade, das direções das unidades e das chefias de cada setor, não vai adiante”.

norteadores para todo esse processo. Depois de tudo, percebemos que era preciso ir além e usar essas infor-mações para potencializar o serviço público”, relembra a Pró-Reitora.

Como segunda etapa dessa reavaliação institucional, o Redi-mensionamento busca a realocação de servidores para potencializar e aproveitar melhor suas habilidades e competências, além de adequar o quadro de pessoal às necessidades institucionais da UFPA. Participam do Programa 190 profissionais. Deste universo, 16 pessoas foram realoca-das anteriormente ao processo, 55 receberam novas atribuições e per-maneceram no mesmo setor, 32 ainda estão sendo avaliadas pela PROGEP e 87 já estão em um novo ambiente de trabalho.

Segundo Sibele, “o Dimen-sionamento e o Redimensionamento atendem a orientações da Lei nº 11.091/95, elaborada pelo mEC, e

ao Plano Institucional de Desenvolvi-mento da UFPA, criado em 2001. De acordo com a legislação, as univer-sidades devem manter um Programa de Dimensionamento de sua força de trabalho. Até agora, apenas a UFPA conseguiu concluir este Dimensio-namento e aplicá-lo por meio do Redimensionamento”.

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6 – bEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 – 7

NAEA comemora 35 anos dedicados ao desenvolvimento da Pan-AmazôniaCom uma proposta interdisciplinar, o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos se consolida como espaço de cooperação científica internacional

Pesquisa

Nos últimos anos, a UFPA am-pliou muito a sua pós-graduação na área das ciências humanas. Em certa medida, essa ampliação está vincu-lada também ao NAEA, por onde passaram muitos pesquisadores dos novos grupos dessa área. Há registro de toda uma unidade nascer dentro do NAEA, como aconteceu com o Núcleo de Meio Ambiente (NUMA). Mas a participação no crescimento da pós-graduação e da pesquisa não se limita à UFPA. O Núcleo tem contribuído muito com o avanço científico das universidades da Ama-

zônia, sobretudo com as Federais do Amapá, de Rondônia e do Acre, onde se deseja implantar um curso de doutorado, em Rio Branco, para for-mação de vinte doutores brasileiros, bolivianos e peruanos. A coordenação do Núcleo pensa na instalação futura de um programa de pós-graduação binacional, em que esse doutorado funcione como embrião.

Atingir a Pan-Amazônia é um objetivo que está presente desde os primórdios do NAEA. Alcançar essa meta consolidaria uma perspectiva de análise sobre a Amazônia. Muitos

passos foram dados, neste sentido, durante os 35 anos da unidade, pioneira no desenvolvimento da cooperação científica internacional na Pan-Amazônia. “Uma boa parte dos trabalhos realizados pela Asso-ciação de Universidades Amazônicas foi articulada no NAEA. A própria história da Unamaz está vinculada ao Núcleo”, afirma Rosa Acevedo, coordenadora da sede institucional da Associação.

Para Aragón, a dimensão in-ternacional, presente no NAEA des-de a sua criação, possibilitou incluir

os demais países da Pan-Amazônia nas suas pesquisas, mas hoje essa dimensão se ampliou consideravel-mente, porque a Amazônia passou a ser vista no contexto global. “Hoje, discute-se a Amazônia na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos, no mundo inteiro. O NAEA não pode estar ausente desta dimensão glo-bal”, ressalta. A excelência científica do Núcleo permite que seu quadro docente seja convidado a participar de diversos eventos internacionais e a publicar em diversos lugares do mundo.

Walter Pinto

Criado em 1973, o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos está completando 35 anos de

pesquisas científicas interdisciplina-res sobre o processo de desenvolvi-mento da Pan-Amazônia, a imensa região do continente sul-americano que abrange nove países. A idéia de criá-lo, porém, surgiu um pouco antes, em meio aos agitados dias do ano de 1968, durante os debates de professores e alunos da antiga fa-culdade de Ciências Econômicas da UFPA, àquela altura, paralisada por uma das primeiras greves da história das universidades brasileiras.

Rica em dinâmicas sociais, a década de 1960 clamou por mudanças e transformações das estruturas sociais e de poder em todo o mundo. Na América Latina, o processo de luta da sociedade por liberdade democrática e autonomia tornou-se insuportável para os segmentos conservadores da socie-dade. Uma sucessão de golpes mili-tares ocorreu, colocando, em campos opostos, governos e sociedade civil or-ganizada. O ano de 1968 tornou-se um marco na década, sobretudo devido à explosão dos movimentos estudantis em todo o mundo. É neste contexto de luta por mudanças que surgiu a idéia da criação do NAEA.

Professores e alunos de Econo-mia, entre os quais, Armando Men-des, Nelson Ribeiro, José Marcelino Monteiro da Costa, José das Neves Capela, Sebastião Ramalho e Ale-xei Turenko, pensavam num núcleo que funcionasse com metodologia interdisciplinar por absoluta falta de professores com titulação suficiente para implantar uma pós-graduação específica em Economia. Para que a experiência original se efetivasse, era necessária, porém, a definição de um conceito-chave em torno do qual as outras disciplinas se unissem. Esse conceito seria o planejamento do

desenvolvimento regional. Segundo José Marcelino, um dos fundadores e primeiro coordenador do NAEA, “só é possível trabalhar o planeja-mento do desenvolvimento em equi-pe interdisciplinar, pois o exercício requer participação de várias áreas do conhecimento”.

ESPECIALIZAÇÃO – O NAEA inaugurou suas atividades em fe-vereiro de 1973, com a execução do I Programa Internacional de Treinamento em Projetos de Desen-volvimento de Áreas Amazônicas (FIPAM), curso de pós-graduação em nível de especialização, funcionando em tempo integral e com atividades diárias (aulas pela manhã e produção de monografia à tarde). Inicialmente, o Núcleo funcionou na Faculdade de

Ciências Econômicas, na Avenida Nazaré. Posteriormente, foi para o campus do Guamá, ocupando parte do andar superior do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, lá permanecen-do até a construção do prédio atual, realizada com apoio do Ministério das Relações Exteriores e da Fundação Ford. De acordo com José Marcelino, esse apoio foi decisivo ao possibilitar também a contratação de professores brasileiros e estrangeiros qualifica-dos, e ao garantir uma quota de cinco alunos da Pan-Amazônia em cada seleção para o FIPAM.

Quatro anos depois da implan-tação da especialização, o NAEA criou o seu curso de Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento (Plades). A socióloga Edna Castro, aluna do I FIPAM e atual coordenado-

ra do NAEA, lembra que, na década de 1970, o Plades surgiu como parte de uma onda de criação de programas de pós-graduação stricto sensu ocorri-da no Brasil. “Foi uma época em que surgiram alguns institutos de pesquisa independentes, reunindo professores perseguidos pela ditadura militar ou demitidos de universidades. O nosso mestrado trouxe o perfil ousado, pró-prio desses institutos de pesquisa mais autônomos”, ressalta.

Hoje, o FIPAM está abrigado dentro de uma unidade acadêmica, o Programa de Pós-Graduação Lato Sensu, enquanto o mestrado e o doutorado compõem o Programa de Desenvolvimento do Trópico Úmido (PDTU). Até o momento, foram de-fendidas 285 dissertações de mestra-do e 84 teses de doutorado.

n Proposta pioneira ainda encontra resistência Para o geógrafo colombia-

no Luis Aragón Vacca, coordena-dor do NAEA, de 2000 a 2004, o Núcleo, ao longo da sua história, rompeu barreiras e desempenhou um papel de vanguarda, tanto em termo de conceito-chave (o desen-volvimento da Amazônia), quanto na forma pioneira de conciliar ciências da natureza com ciências humanas.

“O desenvolvimento da Amazônia não pode ser analisado apenas por um único viés do conhe-cimento”, afirma Aragón. “Trata-se de um conceito que, forçosamente, obriga à interdisciplinaridade. O NAEA enfrentou, desde a criação, todas as dificuldades decorrentes dessa proposta pioneira. Foi graças ao conceito de desenvolvimento que o Núcleo não se desintegrou, como ocorreu com outras experi-ências interdisciplinares, nas quais os grupos de pesquisas de áreas

distintas não conseguiram conciliar interesses específicos”.

Segundo Aragon, a inter-disciplinaridade resultou no esta-belecimento de uma nova atitude perante o conhecimento do outro. “A partir do conceito de desenvol-vimento, todos tivemos que in-ventar uma espécie de linguagem própria do NAEA, que facilitasse o diálogo entre cientistas de áreas e abordagens diferentes. Isso é a interdisciplinaridade e dela re-sultam diversas experiências de pesquisar e ensinar”.

AVALIAÇÃO – O pioneirismo, porém, rendeu ao NAEA uma certa incompreensão por parte da Coordenação de Aperfeiçoamen-to de Pessoal de Nível Superior (CAPES) quanto à avaliação da proposta interdisciplinar. Segundo Edna Castro, a agência de fomento tinha um caráter muito disciplinar

e era refratária à idéia de multidis-ciplinaridade. Somente no final da década de 1990, quando outras experiências mais recentes se con-solidaram, a CAPES reviu seus conceitos e criou uma área espe-cífica para avaliar os programas que seguem essa metodologia. “Hoje, a multidisciplinaridade se divide em quatro subáreas da CAPES. O NAEA está na subá-rea das humanidades, juntamente com cerca de oito programas que tratam de desenvolvimento e meio ambiente”.

As dificuldades não foram totalmente eliminadas, como re-vela Edna Castro: “o problema é que, algumas vezes, a avaliação é realizada por avaliadores de ou-tras áreas que pouco entendem do que fazemos. Entre os da subárea das humanidades, o NAEA está no topo (conceito 5), considerando o padrão nacional”.

Núcleo tem contribuído para formação e qualificação de pesquisadores e profissionais da região

Aragón: NAEA tem papel de vanguarda

n Estudo sobre colonização da Belém-Brasília iniciou pesquisasAlém da pós-graduação, o

NAEA produz pesquisa e realiza extensão. Atualmente, existem em torno de 12 grupos de pesquisa ca-dastrados no CNPq. Um grupo pode reunir uma série de pesquisadores nacionais e internacionais e atuar como catalisador da intervenção do NAEA num espaço mais amplo. Um desses grupos, o projeto MEGAM (Estudos dos Processos de Mu-dança do Estuário Amazônico pela Ação Antrópica e Gerenciamento Ambiental), coordenado por Edna Castro, chegou a ter 63 integran-tes, entre alunos e pesquisadores, a maioria de outras instituições. Os professores Luis Aragón, Rosa Acevedo, Francisco de Assis Costa, entre outros, coordenam projetos de grande envergadura.

A pesquisa começou em 1974 por meio do convite feito por Samuel Sá, primeiro diretor de pesquisa do NAEA, a Jean Hébette e a Rosa

n A dimensão internacional da pesquisa

Acevedo, recém-saídos da especia-lização do I FIPAM, para realizarem um estudo sobre a colonização da Belém-Brasília.

Nascido na Bélgica, Jean Hébette vinha de uma formação filosófica-teológica em seminário religioso, tendo realizado pós-gradu-ação em Teologia em Paris. No final de 1967, chegou ao Brasil, onde to-mou contato com uma realidade bem diferente da européia. Em Belém, prestou vestibular para Economia e, em 1973, entrou para a primeira turma do FIPAM, permanecendo no NAEA até sua aposentadoria. Duran-te esse período, coordenou trabalhos de pesquisas no meio rural, sobretudo na região de Marabá, onde fundou o Centro Agroambiental do Tocantins (CAT).

O estudo que serviu de gênese à pesquisa no NAEA foi publicado, em 1977, no livro “Colonização para quê?” e republicado em “Cruzando

a Fronteira: 30 anos de estudos do campesinato na Amazônia”, uma coletânea com quatro volumes, con-tendo o percurso científico de Jean Hébette no meio rural amazônico.

A socióloga e doutora em História e Civilização pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (França), Rosa Elizabeth Acevedo Marin, co-autora da pesquisa pionei-ra, destaca a diversidade de campos e o aspecto inovador das pesquisas do NAEA. Juntamente com Edna Cas-tro, ela publicou “Negros do Trom-betas. Guardiões de Matas e Rios”, o primeiro livro sobre quilombolas na Amazônia, obra que se tornou referência e inaugurou uma linha de pesquisa que continua ativa, tendo gerado nove estudos.As pesquisas sobre meio ambiente na Amazônia também assinalam o pioneirismo do Núcleo, tendo começado antes mesmo da ECO-92, quando o mundo lançou os olhos sobre a região. Edna Castro: pioneirismo

A Biblioteca Prof. José Marcelino Monteiro da Costa possui acervo com mais de 10 mil livros e periódicos e 600 títulos de teses e dissertações

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