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tuição, fazendo um julgamento sem a interferência de políticos ou de parti- dos. O respeito pelos juízes também foi verificado em uma pesquisa que realizei com jovens alemães. Mesmo aqueles com menor educação formal acreditam que os conflitos podem ser resolvidos por meio do Direito. BR – A crise que vivemos atualmen- te (política e econômica) também pode ser considerada uma crise de valores? Estamos vivendo uma crise ética? W.H. – Sim, depois da globalização, da abertura dos campos políticos, desaparece, também, esse sistema de partidos políticos de valores ideoló- gicos, não temos mais a separação entre classe trabalhadora e burguesia. O que temos é uma classe média de informática, de serviços, a automa- tização da indústria... não há mais diferença entre os grandes partidos. Hoje, o mais importante na política são as personalidades que representam o bem-estar comum e não a ideologia que propõe a mudança de toda a sociedade em uma única direção. Os valores mudam nesse sentido político, não como ideologia, mas como prática. BR – Na sua opinião, o que significa para o processo democrático a eleição do Barack Obama como pre- sidente dos Estados Unidos? W.H. – O sistema nor- te-americano tem fun- cionado. Agora, com Obama, é uma repetição dessa rápida mudança e perspectiva de tem- pos tranquilos, como foi pensado na época de Clinton. Mas não sabemos o que pode acontecer, pois os americanos têm essa atitude radi- cal de querer controlar tudo, querer soluções. BR – A América Latina viveu um período de muitas ditaduras. Nos úl- timos anos, governos populares têm sido eleitos, mas muitos deles vêm flertando com o totalitarismo... W.H. – Cada país tem uma tradição cultural, uma mentalidade. Entre os países latino-americanos, a tradição é paternalista. Na Bolívia, há uma união entre o líder e o povo, o que também acontece na Venezuela. Hugo Chávez uniu a população contra a corrupção, mas, agora, faz uma tentativa de transformar-se num coronel e governar para sempre. O importante é manter a divisão de poderes para impedir aspirações ditatoriais e abrir espaço político para apagar as ilusões, pensar, discutir e deliberar soluções que aten- dam ao consenso. No Brasil, a atitude é muito pragmática, sem tantas ações radicais ou populistas e esse é um bom caminho. BR – A cada semana, nós temos novos escândalos políticos no Brasil. Como podemos julgar os sujeitos, neste caso, os políticos, sem julgar o sistema democrático? W.H. – Os corruptos arruínam o siste- ma democrático e a apreciação das ins- tituições. Ao mesmo tempo, encontro, aqui, movimentos interessantes contra a corrupção. O Instituto Ethos, em São Paulo, propõe que as empresas não comprem de fornecedores que utilizem trabalho escra- vo, que os bancos não liberem crédito para os que estão na “lista suja”. Essa é uma iniciativa corajosa e um sistema muito bem pensado, em que a economia faz uma reforma por si mesma. BR – Esse exercício da responsabilidade social seria o caminho para garantirmos os direitos e propagar- mos o comportamento ético? W.H. – Sim, ético no sentido de bem comum, quando não se pensa so- mente nos lucros, mas também nos stakeholders (qualquer pessoa ou entidade que afeta ou é afe- tada pela atividade de uma empresa): consumidores, trabalhadores, todos os envolvidos na cadeia produtiva. Nessa perspectiva, empregadores são cidadãos com responsabilidade social e política. É importante que a atividade econômica respeite o bem comum e não se limite ao interesse individual. Beira do Rio – Como é possível conciliar as chamadas ‘medidas protetivas’ – utilizadas para prote- ger o cidadão e muito comum após o atentado de 11 de setembro – com os direitos constitucionais? Wolfgang Heuer – O cidadão tem dois interesses: a liberdade e a segurança. Mesmo na Alemanha, onde a violência não é como no Brasil, as pessoas estão cada vez mais inseguras e o Estado precisa atender a população naquilo que é possível. Por exemplo, depois de 2001, a Alemanha tentou criar uma lei antiterrorista que previa, em caso de atentado, atirar contra um avião, mesmo correndo o risco de atingir civis. Quando essa lei chegou à Supre- ma Corte, verificou-se que não seria possível aplicá-la, pois pessoas seriam mortas em favor de outro objetivo, ou seja, seriam utilizadas como meio para combater o terrorismo e isso não é possível. BR – Passados 60 anos da Constitui- ção alemã e 20 anos da Constituição brasileira, na sua ava- liação, é preciso fazer uma revisão para que esses textos atendam às mudanças sociais? W.H. – A Constituição alemã já fez grandes mu- danças para atender aos direitos fundamentais e aos direitos humanos, como a igualdade en- tre mulheres e homens. Outras mudanças ocor- reram após a unificação da Alemanha, visando atender às demandas que surgiram a partir de então. As leis sobre in- formação, por exemplo, não existiam, mas, com o avanço da informática, o parlamento precisou fazer alguma coisa para que os juízes pudessem agir e proteger a população contra o uso abusivo das informações. Outro caso é a bioética, que deveria regular o uso das informações pelas Agências de Vigilância. O que deve fazer o cidadão ao saber que é um candidato potencial a uma enfermidade que não tem cura? Ele tem o direito de não saber. Até agora, não há nada que re- gule o comportamento das Agências quanto a isso. BR – Como é possível fazer esses ajustes ao texto constitucional sem atender aos interesses particula- res? W.H. – Depende da relação entre os legisladores e a Suprema Corte, que deverá respeitar o que está na Consti- tuição, verificando até que ponto as no- vas leis não estão em desacordo com os direitos fundamentais. Na Alemanha, até agora, as decisões foram favoráveis para as mudanças sugeridas. BR – O senhor diz que os gru- pos políticos alemães estão em descrédito, enquanto a Supre- ma Corte tem grande credibilidade com a população. No Brasil, os grupos políticos estão desacreditados e o Supremo Tribunal Federal tem tomado decisões discutíveis... W.H. – A diferença é que, no Brasil, o Supre- mo não é um sistema independente. Na Ale- manha, os juízes são eleitos pelo parlamento e pelo conselho federal. E trabalhando de forma independente, eles po- dem zelar pela Consti- Fruto que cura e alimenta a população paraense Há 36 anos, o professor Romero Ximenes faz pesquisas sobre o açaí. Segundo o antropólogo, mais do que um hábito alimentar, o fruto é artesa- nato, música, remédio, poesia e 'cor de gente'. Pág. 5 Cuidados ao escolher os alimentos Pág. 9 Tomar açaí faz bem para o coração Pág. 4 Laboratório analisa frutas regionais Pág. 8 Restaurante atende Campus Profissional Pág. 11 Bactérias Antioxidante Química Serviço Novo espaço para grandes eventos Com 2.162,82 m², Centro de Conven- ções da UFPA tem capacidade para receber público de até mil pessoas. Pág. 3 Auditório ISSN 1982-5994 Entrevista Rosyane Rodrigues O professor da Universidade Livre de Berlim, Wolfgang Heuer, esteve no Brasil participando de eventos que homenagearam a teórica política alemã Hannah Arendt. Sua passagem pela Universidade Federal do Pará marcou a instalação da Cátedra Germano-Amazônica Curt Nimuendaju, promovida pela Casa de Estudos Germânicos e pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Em entrevista ao JORNAL BEIRA DO RIO, o professor falou sobre mudanças constitucionais, sociedade e democracia após os atentados terroris- tas de 11 de setembro de 2001, quando os países passaram a adotar medidas protetivas que, algumas vezes, violam os direitos individuais. Ao analisar a crise política e econômica mundial, Wolfgang Heuer afirma que, com a globalização e a abertura dos campos políticos, desapareceram as divisões de classe, diminuíram os espaços para os apelos ideológicos e ganha- ram força as personalidades que representam o bem comum. “A América Latina tem uma tradição paternalista" O professor Wolfgang Heuer discute direito, democracia e sociedade em tempos de terrorismo e globalização 12 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009 “Entre os países latino- americanos, a tradição é paternalista” “Hoje, não temos mais a separação entre trabalhadores e burguesia” Identidade UFPA tem novos gestores A pós ser eleito pela comunidade acadêmica e nomeado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o professor Carlos Edil- son Maneschy assume o comando da Universidade Federal do Pará. O reitor e sua equipe chegam com o compromisso de fortalecer as ações institucionais, propondo um modelo de gestão em que todos partici- pem da construção da Universidade. De acordo com o reitor, neste primeiro ano de trabalho, a prioridade será a excelência no ensino da graduação. Págs. 6 e 7 Carlos Maneschy e sua equipe de pró-reitores irão colocar suas experiências e competências em prol do fortalecimento da UFPA Alimento de origem vegetal é prato principal na culinária da região Substâncias podem contaminar JORNAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ • ANO VII • N. 74 • AgOStO, 2009 A professora Luzia Miranda Álvares escreve sobre o percurso do Gepem nos seus 15 anos de existência. Pág. 2 Carlos Edilson Maneschy KKKKKKKKKKKKKKKKKK. Pág. 2 Opinião Entrevista O professor Wolfgang Heuer fala sobre direito, democracia e globalização. Pág. 12 ALEXANDRE MORAES Coluna do Reitor MÁCIO FERREIRA MÁCIO FERREIRA Heuer: "Os corruptos arruínam o sistema democrático" FOTOS ALEXANDRE MORAES MÁCIO FERREIRA

Beira 74

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Beira do Rio edição 74

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tuição, fazendo um julgamento sem a interferência de políticos ou de parti-dos. O respeito pelos juízes também foi verificado em uma pesquisa que realizei com jovens alemães. Mesmo aqueles com menor educação formal acreditam que os conflitos podem ser resolvidos por meio do Direito. BR – A crise que vivemos atualmen-te (política e econômica) também pode ser considerada uma crise de valores? Estamos vivendo uma crise ética?W.H. – Sim, depois da globalização, da abertura dos campos políticos, desaparece, também, esse sistema de partidos políticos de valores ideoló-gicos, não temos mais a separação entre classe trabalhadora e burguesia. O que temos é uma classe média de informática, de serviços, a automa-tização da indústria... não há mais diferença entre os grandes partidos. Hoje, o mais importante na política são as personalidades que representam o bem-estar comum e não a ideologia que propõe a mudança de toda a sociedade em uma única direção. Os valores mudam nesse sentido político, não como ideologia, mas como prática.BR – Na sua opinião, o que significa para o processo democrático a eleição do Barack Obama como pre-sidente dos Estados Unidos?W.H. – O sistema nor-te-americano tem fun-cionado. Agora, com Obama, é uma repetição dessa rápida mudança e perspectiva de tem-pos tranquilos, como foi pensado na época de Clinton. Mas não sabemos o que pode acontecer, pois os americanos têm essa atitude radi-cal de querer controlar tudo, querer soluções. BR – A América Latina viveu um período de muitas ditaduras. Nos úl-timos anos, governos populares têm sido eleitos, mas muitos deles vêm flertando com o totalitarismo...W.H. – Cada país tem uma tradição cultural, uma mentalidade. Entre os

países latino-americanos, a tradição é paternalista. Na Bolívia, há uma união entre o líder e o povo, o que também acontece na Venezuela. Hugo Chávez uniu a população contra a corrupção, mas, agora, faz uma tentativa de transformar-se num coronel e governar para sempre. O importante é manter a divisão de poderes para impedir aspirações ditatoriais e abrir espaço político para apagar as ilusões, pensar, discutir e deliberar soluções que aten-dam ao consenso. No Brasil, a atitude é muito pragmática, sem tantas ações radicais ou populistas e esse é um bom caminho.BR – A cada semana, nós temos novos escândalos políticos no Brasil. Como podemos julgar os sujeitos, neste caso, os políticos, sem julgar o sistema democrático? W.H. – Os corruptos arruínam o siste-ma democrático e a apreciação das ins-tituições. Ao mesmo tempo, encontro, aqui, movimentos interessantes contra a corrupção. O Instituto Ethos, em São

Paulo, propõe que as empresas não comprem de fornecedores que utilizem trabalho escra-vo, que os bancos não liberem crédito para os que estão na “lista suja”. Essa é uma iniciativa corajosa e um sistema muito bem pensado, em que a economia faz uma reforma por si mesma. BR – Esse exercício da responsabilidade social seria o caminho para garantirmos os direitos e propagar-mos o comportamento ético?W.H. – Sim, ético no sentido de bem comum, quando não se pensa so-mente nos lucros, mas

também nos stakeholders (qualquer pessoa ou entidade que afeta ou é afe-tada pela atividade de uma empresa): consumidores, trabalhadores, todos os envolvidos na cadeia produtiva. Nessa perspectiva, empregadores são cidadãos com responsabilidade social e política. É importante que a atividade econômica respeite o bem comum e não se limite ao interesse individual.

Beira do Rio – Como é possível conciliar as chamadas ‘medidas protetivas’ – utilizadas para prote-ger o cidadão e muito comum após o atentado de 11 de setembro – com os direitos constitucionais?Wolfgang Heuer – O cidadão tem dois interesses: a liberdade e a segurança. Mesmo na Alemanha, onde a violência não é como no Brasil, as pessoas estão cada vez mais inseguras e o Estado precisa atender a população naquilo que é possível. Por exemplo, depois de 2001, a Alemanha tentou criar uma lei antiterrorista que previa, em caso de atentado, atirar contra um avião, mesmo correndo o risco de atingir civis. Quando essa lei chegou à Supre-ma Corte, verificou-se que não seria possível aplicá-la, pois pessoas seriam mortas em favor de outro objetivo, ou seja, seriam utilizadas como meio para combater o terrorismo e isso não é possível. BR – Passados 60 anos da Constitui-ção alemã e 20 anos da Constituição brasileira, na sua ava-liação, é preciso fazer uma revisão para que esses textos atendam às mudanças sociais?W.H. – A Constituição alemã já fez grandes mu-danças para atender aos direitos fundamentais e aos direitos humanos, como a igualdade en-tre mulheres e homens. Outras mudanças ocor-reram após a unificação da Alemanha, visando atender às demandas que surgiram a partir de então. As leis sobre in-formação, por exemplo, não existiam, mas, com o avanço da informática,

o parlamento precisou fazer alguma coisa para que os juízes pudessem agir e proteger a população contra o uso abusivo das informações. Outro caso é a bioética, que deveria regular o uso das informações pelas Agências de Vigilância. O que deve fazer o cidadão ao saber que é um candidato potencial a uma enfermidade que não tem cura? Ele tem o direito de não saber. Até agora, não há nada que re-gule o comportamento das Agências quanto a isso.BR – Como é possível fazer esses ajustes ao texto constitucional sem atender aos interesses particula-res?W.H. – Depende da relação entre os legisladores e a Suprema Corte, que deverá respeitar o que está na Consti-tuição, verificando até que ponto as no-vas leis não estão em desacordo com os direitos fundamentais. Na Alemanha, até agora, as decisões foram favoráveis para as mudanças sugeridas.BR – O senhor diz que os gru-

pos políticos alemães estão em descrédito, enquanto a Supre-ma Corte tem grande credibilidade com a população. No Brasil, os grupos políticos estão desacreditados e o Supremo Tribunal Federal tem tomado decisões discutíveis... W.H. – A diferença é que, no Brasil, o Supre-mo não é um sistema independente. Na Ale-manha, os juízes são eleitos pelo parlamento e pelo conselho federal. E trabalhando de forma independente, eles po-dem zelar pela Consti-

Fruto que cura e alimenta a população paraense

Há 36 anos, o professor Romero Ximenes faz pesquisas sobre o açaí. Segundo o antropólogo, mais do que

um hábito alimentar, o fruto é artesa-nato, música, remédio, poesia e 'cor de gente'. Pág. 5

Cuidados ao escolher os alimentos

Pág. 9

Tomar açaí faz bem para o coração

Pág. 4

Laboratório analisa frutas regionais

Pág. 8

Restaurante atende Campus Profissional

Pág. 11

Bactérias

Antioxidante

Química

Serviço

Novo espaço para grandes eventosCom 2.162,82 m², Centro de Conven-ções da UFPA tem capacidade para receber público de até mil pessoas. Pág. 3

Auditório

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Entrevista

Rosyane Rodrigues

O professor da Universidade Livre de Berlim, Wolfgang Heuer, esteve no Brasil participando de eventos que homenagearam a teórica política alemã Hannah Arendt. Sua passagem pela Universidade Federal do Pará marcou a instalação da Cátedra Germano-Amazônica Curt Nimuendaju, promovida pela Casa de Estudos Germânicos e pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política.

Em entrevista ao JORNAL BEIRA DO RIO, o professor falou sobre mudanças constitucionais, sociedade e democracia após os atentados terroris-tas de 11 de setembro de 2001, quando os países passaram a adotar medidas protetivas que, algumas vezes, violam os direitos individuais.

Ao analisar a crise política e econômica mundial, Wolfgang Heuer afirma que, com a globalização e a abertura dos campos políticos, desapareceram as divisões de classe, diminuíram os espaços para os apelos ideológicos e ganha-ram força as personalidades que representam o bem comum.

“A América Latina tem uma tradição paternalista"O professor Wolfgang Heuer discute direito, democracia e sociedade em tempos de terrorismo e globalização

12 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009

“Entre os países latino-americanos, a tradição é

paternalista”

“Hoje, não temos mais a

separação entre trabalhadores e

burguesia”

Identidade

UFPA tem novos gestores

Após ser eleito pela comunidade acadêmica e nomeado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o professor Carlos Edil-

son Maneschy assume o comando da Universidade Federal do Pará. O reitor e sua equipe chegam com

o compromisso de fortalecer as ações institucionais, propondo um modelo de gestão em que todos partici-pem da construção da Universidade. De acordo com o reitor, neste primeiro ano de trabalho, a prioridade será a excelência no ensino da graduação. Págs. 6 e 7

Carlos Maneschy e sua equipe de pró-reitores irão colocar suas experiências e competências em prol do fortalecimento da UFPA

Alimento de origem vegetal é prato principal na culinária da região

Substâncias podem contaminar

JORNAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ • ANO VII • N. 74 • AgOStO, 2009

A professora Luzia Miranda Álvares escreve sobre o percurso do Gepem nos seus 15 anos de existência. Pág. 2

Carlos Edilson Maneschy KKKKKKKKKKKKKKKKKK. Pág. 2

Opinião

Entrevista

O professor Wolfgang Heuer fala sobre direito, democracia e globalização. Pág. 12

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Heuer: "Os corruptos arruínam o sistema democrático"

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O momento de mudança de gestão é sempre associado ao desejo de alterações qualita-

tivas nos rumos institucionais. É um clima naturalmente propício à recepção de novas ideias, tanto quanto à cons-ciência dos desafios colocados pelas demandas sociais e das dificuldades a enfrentar na busca de atendê-las.

Esses desafios se agigantam numa instituição que ocupa posição de liderança como a Universidade Federal do Pará, a maior instituição de ensino superior na Amazônia, responsável por grande parte da produção científica e tecnológica da região e também por um ousado programa de interiorização que, implantado há mais de 20 anos, tornou-se referência nacional.

É, entretanto, na tarefa da for-mação inovadora de jovens quadros que identificamos nosso compromisso prioritário com o Pará e a Amazônia. Isso significa que, sem diminuir a im-portância das atividades de pesquisa e extensão, consideramos a busca da excelência no ensino de graduação como missão central da UFPA nos pró-ximos quatro anos. Para tal, é preciso

ir mais além de cumprir as exigências mínimas como oferta de professores qualificados e laboratórios, por exem-plo. É preciso investir na formação que seja capaz de entregar à sociedade um cidadão em condições de analisar criticamente a realidade e nela intervir para superar o atraso e melhorar a vida das pessoas.

Alterar a realidade é uma das funções sociais da universidade. Por isso, também, ela precisa ser o lugar da discussão pautada pelo interesse públi-co, mostrando capacidade de dialogar de forma politicamente autônoma e honestamente interessada com a socie-dade. É indispensável para esse diálogo que a Universidade melhore sua capa-cidade de comunicação, reconhecendo a informação como um bem social a ser amplamente compartilhado.

O diálogo precisa, obviamente, começar no interior da instituição, por sua natureza um espaço de circulação de ideias, onde não se pode admitir restrição a nenhuma manifestação de pensamento. A tolerância com o que é diverso e o respeito às diferenças são da essência do espírito universitário. Com

esses princípios, acreditamos na convi-vência respeitosa e cooperativa com as entidades representativas de docentes, técnicos e estudantes, acreditando que, na defesa de interesses legítimos, será sempre possível encontrar convergên-cias entre posições em confronto.

Fundamentalmente, a uni-versidade é, também, o espaço da esperança, entendida aqui não como um conceito vazio, mas como expec-tativa que se materializa nos atos e consequências provindas da razão e do conhecimento.

Nossa Universidade jamais será depositária dessa esperança se não garantir que sua atuação institucional seja percebida como instrumento de intervenção na vida das pessoas, de todas as formas e em todas as áreas possíveis.

Não será espaço para alimentar utopias se não acelerar o movimento para ganhar maior legitimidade so-cial, garantindo que seus programas e projetos possam propor e, no limite, pôr em prática soluções para proble-mas reais.

Para tanto, precisamos da com-

petência e do compromisso de pro-fessores e técnico-administrativos, mas também do entusiasmo típico da juventude que, ao agir, muitas vezes, com irreverência e rebeldia, ajuda a desmontar o conservadorismo dos que se acomodam com o passar dos tempos.

Essa primeira manifestação neste jornal pode parecer reflexo do otimismo natural de quem chega. Na verdade, sabe o reitor e sabe toda sua equipe dos desafios e dificuldades. O que pode parecer apenas otimismo é, tão somente, confiança num projeto pensado coletivamente com a contri-buição dos diversos setores da UFPA. Um projeto que não está fechado, no sentido de que admite correção de rumos e rotas, ditada pela experiência do dia a dia.

Este artigo é uma forma de con-versar com a comunidade da UFPA. Estes canais de comunicação serão ampliados em breve para permitir um diálogo o mais fluente possível entre a administração superior e os professo-res, técnico-administrativos e estudan-tes que fazem esta Universidade.

Os primeiros diálogos a respei-to da criação de um grupo de estudos sobre a questão da

mulher ocorreram no início dos anos oitenta entre as professoras Edna Maria Ramos de Castro, Rosa Ace-vedo Marin (Naea/UFPA) e sua então orientanda Maria Luzia Álvares.

Com o I Encontro de Pes-quisadoras/es sobre a Mulher e Relações de Gênero do Norte e Nordeste, promovido pelo NEIM/UFBA, em 1992 – e a criação da Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisas sobre Mu-lher e Gênero (Redor N/NE), houve uma nova articulação, com uma am-pla chamada a outros/as docentes da Universidade.

O processo constitutivo do grupo fortaleceu-se num marco de efeitos colaterais sobre o enfoque da história das mulheres, ao congregar tanto pesquisadoras da UFPA quanto de universidades particulares e es-taduais do Pará. Entre os anos 1992 e 1994, vislumbram-se indícios de que, no ambiente amazônico, a te-

mática da questão da mulher numa perspectiva de gênero estava se tor-nando um ponto de convergência, um centro de debates, na rede teórica das Ciências Sociais.

Na manhã do dia 28 de agosto de 1994, numa reunião histórica, primeiramente, no auditório do en-tão Centro de Filosofia e Ciências Humanas/UFPA, e para registrar for-malmente a relação com a patrona, na Praça “Eneida de Moraes” (ainda em projeto), oficializou-se a criação do grupo de Estudos e Pesquisas “Eneida de Moraes” sobre Mulher e Relações de gênero - gepem.

No I Encontro Amazônico sobre Mulher e Relações de Gê-nero, em novembro/1994, o gepem reuniu estudiosos/as da Região Nor-te. Destarte, as atividades sobre a temática foram estimuladas nos cur-sos de graduação, pós-graduação, projetos de pesquisas e trabalhos de classe, presença das associadas nos eventos dos movimentos de mulheres paraenses, apresentação de trabalhos nos encontros locais,

regionais e nacionais.De 1998 a 2008, o momento

das associadas foi de pensar na sua qualificação acadêmica, uma neces-sidade que se impôs pela nova dinâ-mica do avanço da pós-graduação nas universidades. A maioria das “meninas do gepem” se doutorou em diversos centros nacionais e locais.

O processo de construção de saberes num espaço onde o conhe-cimento científico tem um padrão tradicional apresenta dificuldades para a inserção de novos enredos. Para as rupturas ao status quo, nesses 15 anos, houve a presença constante das pesquisadoras da área de gênero em atividades múltiplas e a evidência do formato da transversalidade entre as grandes teorias e os enfoques con-temporâneos que expunham diferen-ciais nos marcadores sociais quando se processavam com a perspectiva de gênero.

Os estudos de gênero nos ajudaram a problematizar a noção de sujeito universal e a mostrar o caráter hierárquico e assimétrico subjacen-

te à construção de feminilidades e masculinidades. As marcas sociais introduzidas nos estudos evidencia-ram a multiplicidade de práticas e re-presentações, de mulheres e homens, pautados em diferenças: étnicas, raciais, status, geração, sexualidade e orientação religiosa, alguns dos principais marcadores.

Nesses quinze anos de presen-ça no âmbito acadêmico e na socie-dade civil, o Gepem construiu uma rede de estudos de gênero na Amazô-nia, contribuindo para o crescimento da produção de saberes, práticas e linguagens. Nesse período, manteve um fluxo permanente de ações que tendem a cooperar com a agenda po-lítica dos movimentos sociais. Desse compromisso acadêmico, mantemos a luta pelos direitos humanos.

Maria Luzia Miranda Álvares é doutora em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro e coordenadora do Gepem.

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009 – 11

Coluna do REITOR

OPINIÃO

Nosso compromisso com o Pará e a Amazônia

Um percurso entre chegadas e (novas) caminhadas

Carlos Maneschy

Maria Luzia Miranda Álvares

[email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

2 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009

Refeições nutritivas a baixo custoApós as obras de ampliação, três mil pessoas poderão ser atendidas

Restaurante Universitário

Rua Augusto Corrêa n.1 - Belém/[email protected] - www.ufpa.br

Tel. (91) 3201-7577

Reitor: Carlos Edilson Maneschy; Vice-Reitor: Horácio Schneider; Pró-Reitor de Administração: Edson Ortiz de Matos; Pró-Reitor de Planejamento: Erick Nelo Pedreira; Pró-Reitora de Ensino de Graduação: Marlene Rodrigues Medeiros Freitas; Pró-Reitor de Extensão: Fernando Arthur de Freitas Neves; Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação: Emmanuel Zagury Tourinho; Pró-Reitor de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal: João Cauby de Almeida Júnior; Pró-Reitor de Relações Internacionais: Flávio Augusto Sidrim Nassar; Prefeito do Campus: Alemar Dias Rodrigues Júnior. Assessoria de Comunicação Institucional JORNAL BEIRA DO RIO Coordenação: Ana Carolina Pimenta Edição: Rosyane Rodrigues; Reportagem: Glauce Monteiro (1.869-DRt/PA)/ Jéssica Souza (1.807-DRt/PA)/ Rosyane Rodrigues (2.386-DRt/PE)/Raphael Freire/ Suzana Lopes/ Tatiara Ferranti/ Walter Pinto (561-DRt/PA); Fotografia: Alexandre Moraes/Mácio Ferreira; Secretaria: Isalu Mauler/Elvislley Chaves/Gustavo Vieira; Beira on-line: Leandro Machado/Leandro Gomes; Revisão: Júlia Lopes; Arte e Diagramação: Rafaela André/Omar Fonseca; Impressão: Gráfica UFPA.

[email protected]

O projeto para ampliar o nú-mero de refeições servidas pelos RUs teve início com a inauguração do RU do Profissional. também já estão iniciadas as obras da construção do anexo, ao lado do Restaurante Principal. O espaço será destinado ao armazenamento dos produtos e a um complexo de câmeras frigoríficas com capacidade para cinco tonela-das de alimento. Logo depois, serão iniciadas as obras de ampliação da cozinha para aumentar a capacidade de produção de alimento e, por fim, a área de atendimento externo do Restaurante Universitário do Campus Básico, que deverá ser reformada e climatizada. "Somente após essas ampliações, teremos a possibilidade de aumentar, também, o número de refeições servidas", explica Mary Barros, que espera, ao final das obras, pensar em um terceiro RU, “com mais espaço para atender a comunidade universitária com a qualidade e a se-gurança alimentar que esta já conhece e merece”.

Glauce Monteiro

Comer fora de casa, geralmen-te, acaba nos custando muito caro. A pressa nos torna pouco

seletivos quanto ao tipo de comida que ingerimos. Não observamos nem mesmo se o alimento foi preparado adequadamente e, quase sempre, se o mesmo prato fosse consumido em casa, ele sairia bem mais em conta. O resultado são problemas de saú-de e um orçamento cada vez mais apertado. Há 15 anos, o Restaurante Universitário da UFPA busca ofere-cer opções balanceadas, saborosas e baratas para quem precisa almoçar na Instituição.

Os RUs, como são conheci-dos, ofertam um cardápio variado e primam pela segurança alimentar dos seus usuários. "Fazemos parte do seleto grupo de restaurantes que combinam mais de vinte opções de um cardápio saboroso, com uma alta qualidade", assegura a nutricionista Mary Barros, que esteve à frente da direção dos RUs nos últimos quatro anos.

RU do Profissional, inaugrado em junho, serve 500 a 700 refeições diariamente

n Compromisso com a segurança alimentarMary Barros conta que todo

estabelecimento que comercializa ali-mentos precisa cumprir, rigorosamen-te, a legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que inclui a necessidade de uma equi-pe de nutricionista que supervisiona os produtos desde o momento em que eles chegam até a entrega da refeição para o cliente. As normas variam também quanto ao tipo de estabele-cimento. Os Restaurantes Universitá-rios do Campus Básico e do Campus

Profissional da UFPA, por exemplo, são diferentes entre si. O primeiro é um restaurante completo, com uma cozinha e uma área em que as refei-ções são servidas e consumidas. Já o RU do Profissional, que começou a funcionar no início de junho, é uma copa de distribuição, que serve cerca de 700 refeições diariamente.

"todo alimento servido nas duas unidades é preparado na cozi-nha do RU do Básico. Criamos uma estrutura de transporte para poder

transferir parte das refeições para o Campus Profissional. O princi-pal objetivo do novo RU é atender melhor os alunos que estudam do outro lado da Cidade Universitária José da Silveira Netto e diminuir as filas na unidade principal”, revela a nutricionista.

Além disso, produzir refeições em grande escala não é fácil e requer habilidade para conciliar eficiência no preparo com a qualidade que se reflete no sabor do alimento. "temos

integrantes da equipe que estão co-nosco há 15 anos. São profissionais experientes e que se doam para cumprir as suas tarefas da melhor forma possível", garante Mary Bar-ros. todos os servidores participam, regularmente, de cursos de capaci-tação e atualização, ofertados pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal (Progep), por meio do Centro de Capacitação da UFPA (Capacit) para garantir a me-lhoria contínua do serviço.

n RUs também cumprem importante papel socialArroz, feijão, farofa, salada,

carne e sobremesa. 1.500 refeições completas e nutritivas como essa são servidas diariamente nos Restauran-tes Universitários da UFPA, pelo preço de R$1,00. Um valor acessível para um almoço completo se consi-derarmos a pesquisa da Associação das Empresas de Refeição e Alimen-tação Convênio para o trabalhador (Assert), divulgada em 2008, a qual calcula que o almoço em bufês, bares e restaurantes custa, em média, R$

16,48 na Região Norte. Assim, os "bandejões" da UFPA custam 93,94% mais barato.

A oferta de refeições nos res-taurantes faz parte da política de assis-tência estudantil da UFPA. "Sabemos que muitas pessoas têm dificuldade de se alimentar e os RUs cumprem o importante papel de ajudar a garantir a permanência e o bom desempenho dos alunos mais carentes na Universi-dade", lembra Mary Barros. A UFPA, por meio da Diretoria de Assistência

Estudantil da Pró-Reitoria de Exten-são (Proex), implantou o Programa "taxa Zero", uma política elaborada a partir do levantamento socioeco-nômico dos discentes da Instituição. "Por meio do "taxa Zero", cerca de 80 alunos cadastrados podem comer, gratuitamente, nos restaurantes. Ao menos, 20 deles já almoçam aqui, diariamente, e esse número ainda deve aumentar pelo projeto de Bolsas de Permanência Estudantil", conta a nutricionista.

n Comunidade aprova a variedade do cardápioO RU oferece, diariamente,

1.200 refeições a estudantes e ser-vidores da UFPA. O cardápio une variedade, sabor e valor nutricional dos alimentos. O "Bandejão" é sem-pre composto por carnes (de boi , de porco, de frango ou de peixe), arroz, feijão, farofa, legumes e sobremesa. Cada refeição oferece, em média, 40% do Valor Energético total (VEt) que um adulto precisa ingerir diariamente, o que corresponde a

cerca de 900 a 1.100 calorias.As mais de vinte opções de

cardápio agradam ao público. "Perio-dicamente, fazemos uma avaliação para checar a aceitabilidade dos nos-sos pratos. Consideramos "aceitável" o cardápio avaliado como bom ou ótimo e "inaceitável" o cardápio ava-liado como regular ou ruim. todos os menus receberam mais de 70% de aprovação e alguns quase chegam a 100%", explica a nutricionista.

No endereço www.ufpa.br/ru estão disponíveis, além do cardápio mensal, receitas regionais e infor-mações sobre o funcionamento das unidades. “Ele também é um canal de interação entre os frequentadores do restaurante e os funcionários”, conta a diretora. A seção 'fale co-nosco’ é uma das mais importantes, “desejamos receber sugestões e opiniões e responderemos a todas as mensagens".

n Obras de ampliação

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10 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009 BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009 – 3

Um novo espaço para grandes eventosCentro de Convenção será locus privilegiado para o debate intelectual

Auditório

Obra analisa mitos da formação docente Artigos problematizam o discurso matemático e a relação pedagógica

Paixão de LER

CICLO DO EXTREMO NORTE DA LITERATURAEm junho, a Edufpa realizou o I Ciclo do Extremo Norte da Literatura: a Prosa de Dalcídio Jurandir – a Poesia de Paulo Plínio Abreu. Na programação, a conferência proferida pelo professor Benedito Nunes e o lançamento dos livros Marajó, de Dalcídio Jurandir – em coedição com a Fundação Casa de Rui Barbosa; Poesia, de Paulo Plínio Abreu, obras que, há muito, estavam inacessíveis, fora de catálogo; e Três Sentidos Fundamentais na Obra de Paulo Plínio Abreu, trabalho crítico de Célia Bassalo, sobre a obra do poeta. Além de palestras, mesas-redondas, comunicações e minicursos com professores de várias áreas, os participantes puderam assistir às performances da Escola de Teatro e Dança da UFPA. O Ciclo teve entrada franca e planeja a segunda edição para 2010.

Durante a execução do projeto, os arquitetos da DPJ, todos professo-res da UFPA, estudaram duas locações para o Centro de Convenção. Uma das hipóteses foi ao lado da Biblioteca Central, de frente para o rio Guamá, onde possibilitaria maior visibilidade à obra. A outra foi ao lado da Reitoria, onde foi construído. Em favor dessa localização, pesou a disponibilidade de um estacionamento de veículos na área entre o Centro de Convenção e o Ginásio de Esportes.

O projeto também promoveu a revisão na organização espacial da área compreendida entre o Auditório, a Reitoria e a Biblioteca Central. Os arquitetos projetaram a Praça Magna do Campus, um espaço de grandes dimensões, que funcionaria para promoção de atividades de lazer e reuniões. “Fizemos um projeto e o submetemos à Reitoria. A ideia é criar esse espaço aberto, sem passagem de veículos. Pensamos numa Praça Magna semelhante às que existem em universidades da Europa e dos Esta-dos Unidos”, planeja José Freire.

Sistema de divisórias móveis permite que o Auditório Benedito Nunes receba eventos de médio e grande porte

Walter Pinto

Um prédio moderno, em for-ma de cunha, projetado e construído fora do padrão

das linhas tradicionais da arquitetura do Campus da Cidade Universitária professor José da Silveira Netto. Ar-rojo nas formas para atender a novas funcionalidades que o crescimento institucional impôs ao longo de mais de meio século de vida. O Centro de Convenções da UFPA inaugurado em junho passado, terá múltiplas desti-nações, mas a mais importante será atrair grandes eventos acadêmicos, nacionais e internacionais, dando ao Pará um locus privilegiado de debate intelectual sobre a Amazônia e o mun-do, e aos estudantes, oportunidade de maior participação nesses eventos.

Há muito que a comunidade

universitária aguardava pela cons-trução de um local apropriado para a realização de grandes eventos dentro do campus universitário. O crescimento da Instituição, a sua importância no cenário nacional e internacional e seu papel na produção do saber tornaram a UFPA a principal promotora de eventos, debates e dis-cussões acadêmicas na Amazônia. Os antigos auditórios setoriais, nos campi Básico e Profissional, desde cedo se revelaram inadequados para eventos de grande porte. Diante da imperio-sa necessidade de promovê-los, os gestores e as unidades promotoras tinham que os realizar fora do cam-pus, sobretudo em hotéis da cidade, separando-os, assim, de seu público preferencial, o universitário. Além disso, há que se considerar o custo financeiro empregado na utilização

desses espaços externos.Por outro lado, a atividade

artística também se ressentia de um espaço adequado, no meio universi-tário, para apresentação de grandes espetáculos. Por alguns anos, o antigo Núcleo de Arte, na Praça da Repúbli-ca, serviu de palco para alguns espe-táculos, mas como um teatro de bolso improvisado. Quando se tratava de um espetáculo de maior dimensão, porém, havia necessidade de agendar casas ,como o theatro da Paz, o Margarida Schiwazzappa ou o Maria Sílvia Nu-nes, também com o pesado ônus que o aluguel dessas salas acarreta.

Em tempos mais remotos, a ausência de um teatro no Campus fez com que artistas do quilate de Chico Buarque de Holanda, Egberto gismonti, gilberto gil, Edu Lobo, entre outros, vindos pela primeira vez

a Belém, trazidos pelo projeto Pixin-guinha, promovido pela Fundação Nacional de Arte, se apresentassem no Ginásio de Esportes do Campus do Guamá, local absolutamente inade-quado para apresentações artísticas.

Nas últimas duas décadas, a introdução do sistema eleitoral no processo de nomeação do reitor tem levado à realização de debates entre candidatos no Ginásio de Esportes. No entanto, o calor interno e a acústica sofrível tornam o local um tormento, tanto para o público como para os próprios candidatos.

Assim, a inauguração do Cen-tro de Convenções da UFPA é uma notícia alvissareira para a comunidade universitária, tão importante quan-to foi a inauguração da Biblioteca Central, em 1969, ou do Restaurante Universitário, em 1993.

n UFPA agora possui o maior teatro de BelémInicialmente, a administração

superior da UFPA pensou num gran-de auditório com capacidade para mil lugares. No desenvolvimento do projeto, os arquitetos da DPJ Arqui-tetos Associados sugeriram a ideia de construir um grande auditório, que também servisse, de forma ade-quada, para as artes cênicas. Não foi possível inaugurá-lo para o Fórum Social Mundial. O Centro de Con-venções da UFPA, construído ao lado da Reitoria, possui um auditório para grandes eventos, reversível em dois auditórios com capacidade para 500 lugares cada, salas adequadas para realização de reuniões de grupos, um teatro que já é o maior, em capacida-de de público, entre todos os teatros de Belém e um espaço multiuso, no hall de entrada, para realização de diferentes tipos de eventos.

Conforme explica o arquiteto Jorge Derenji, a forma em cunha do auditório foi definida pela função que se pretende dar a ele: o de abrigar, de maneira adequada, mil espectadores, organizados de uma maneira que fiquem o mais próximo possível do palco, evitando-se grandes distâncias

impróprias à boa visualização. O piso, em forma de rampa, possui uma incli-nação que facilita a visibilidade.

As linhas do Centro podem ser definidas pela arquitetura funcionalis-ta, aquela que parte do princípio de que a forma deve resultar da perfeita adequação à função. Segundo José Freire, que foi prefeito do Campus e pró-reitor de Planejamento da UFPA, “as formas do Centro de Convenções são ousadas, diferentes de tudo que há no Campus, o que é compreensível se levarmos em conta que os auditórios existentes no Básico e no Profissional são espaços reduzidos, com capacida-de para apenas 100 lugares”.

Benedito Nunes – Uma das exigên-cias da administração da UFPA foi a de que esse grande auditório para mil lugares, que leva o nome do professor Benedito Nunes, em homenagem ao grande intelectual da Amazônia, fosse transformado em dois auditórios para atividades de menor porte. Assim, os arquitetos projetaram um sistema de divisórias móveis que dividem a grande sala ao meio.

Mais que um auditório, o Cen-

tro de Convenções também possui um teatro moderno, dotado de um grande palco, detentor de uma caixa de grandes dimensões (espaço onde se localiza o sistema de travejamento do teto e dos sótãos e se sustentam os equipamentos de efeitos cênicos). Para realizar os projetos de acústica, iluminação e urdimento do palco, a DPJ contratou os arquitetos cariocas Lígia Niemayer e Jerônimo Moraes, ambos especializados em projetos para teatros.

Dentro do palco, há uma tela de grande proporção onde podem ser projetados filmes e audiovisuais como suporte a conferências. Do lado de fora do auditório/teatro, o hall de entrada pode também ser utilizado como espaço multiuso para realização de exposições, reuniões, lançamentos de livros, entre outros eventos. O hall é dotado de um sistema que aproveita a luz solar para iluminar o ambiente in-terno, sem que haja necessidade de luz elétrica. Uma parte do hall é coberta por um vidro especial reflexivo, capaz de absorver pouca radiação. Sobre essa faixa, há um espaço de 70x2m para colocação de painéis artísticos.

n Próximo projeto é a Praça Magna

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Grande parte da comunidade universitária, por passar o dia no campus, precisa

a l imen ta r- s e fo ra de ca sa . restaurantes, lanchonetes, cantinas, padarias, carrinhos de lanche e outros estabelecimentos são os endereços certeiros de alunos, professores, servidores e pessoas que circulam em qualquer um dos campi da universidade Federal do Pará.

Mas será que esses estabelecimentos estão preparando os alimentos adequadamente? será que o ambiente e os funcionários mantêm a higiene exigida por lei? A resolução n. 216/04, da Agência nacional de vigilância sanitária (Anvisa), estabelece regras de boas práticas para serviços de alimentação. leia,a seguir, alguns cuidados necessários:

Local de preparação – deve ser sempre limpo, organizado e abastecido com água corrente

tratada, para que não haja a multiplicação de micro-organismos. A limpeza deve ser feita sempre ao término das atividades para prevenir a presença de ratos e baratas. Além disso, o ambiente deve ser bem iluminado e ventilado, pois os micróbios patogênicos, principais causadores das doenças transmitidas por Alimentos (dtA), multiplicam-se rapidamente em locais quentes e abafados. As janelas devem ser protegidas por telas, para impedir a entrada de insetos, entre outros animais.

Bancadas, mesas e tábuas de corte – devem ser mantidas limpas e em bom estado de conservação, sem rachaduras ou trincas, pois esses defeitos favorecem o acúmulo de líquidos e sujeiras, possibilitando a multiplicação de bactérias.

Na hora de servir – A Anvisa recomenda que equipamentos, como estufa, balcões, bufê, geladeiras e freezers estejam limpos e em perfeito

funcionamento. A temperatura deve estar regulada de forma que os alimentos quentes permaneçam acima de 60ºc e os alimentos frios abaixo de 5ºc. os balcões e bufês devem ser protegidos para que os consumidores não contaminem os alimentos enquanto se servem. Quem serve e manipula os alimentos deve manter as mãos limpas, utilizar acessórios de higiene, como luvas e toucas, e não pode pegar em dinheiro.

Banheiros e vestiários – devem ficar afastados da área de preparo e armazenamento dos alimentos. É fundamental que os banheiros estejam sempre limpos e que haja sabonete, antisséptico, papel toalha e lixeiras com tampas e pedais, pois esses locais apresentam micro-organismos espalhados por todo o ambiente.

Lixo – A atenção precisa ser redobrada. As lixeiras devem ser de fácil limpeza, com tampa e

pedal. o lixo deve ser retirado com frequência da área de preparo de alimentos e mantido em sacos plásticos bem fechados. lembre: pedir para visitar a cozinha ou a área dos estabelecimentos onde os alimentos são preparados é um direito do consumidor.

Al imentos r ecomendados – Para quem opta por trazer sua comida de casa, o aconselhado são frutas ou vegetais. o alimento preparado no dia anterior ou no início do mesmo dia não é uma boa escolha, pois existe risco de contaminação microbiológica. sanduíches e salgados fritos contêm gorduras de diversos tipos, por isso são prejudiciais à saúde e devem ser evitados. Mesmo respeitando as características individuais, os nutricionistas recomendam que sejam ingeridos carboidratos (leguminosas, frutas e alimentos que contêm açúcar comum), seguidos de proteínas e vegetais. A alimentação saudável requer consciência e paciência.

Alimentação saudável e saborosa fora de casa

Livro está à venda nas livrarias da Praça e do Campus

Laïs Zumero e Giselda Fagundes

Nos últimos anos, cresceram as pes-quisas que analisam os processos de ensino em diversos espaços

sociais, principalmente, na perspectiva de estudos que aprimorem a compreensão di-dática, em qualquer área do conhecimento escolar, em termos considerados efetivos como resultados da ação educativa.

É neste contexto que a Editora da UFPA lança o livro “Formação de Professores: mitos do processo”, do professor Francisco Hermes Santos da Silva. Esse trabalho é uma investigação criativa do autor, cujo intuito é valorizar os conhecimentos e saberes que, usados restritamente, se apresentam, por vezes, na feição de mitos da formação. A obra traz a experiência social e cultural, gera-da em espaços educativos diferenciados, que não deixa, contudo, de incidir sobre o espaço da escola, principalmente, da sala de aula.

O estudo organizado pelo professor Hermes, em parceria com pesquisadores e educadores matemáticos do Programa de Pós Graduação em Educação Matemática da UFPA, tem o propósito de influenciar a produção do discurso matemático ex-positivo e acrítico que, frequentemente, afeta a compreensão lógico-matemática em suas relações pedagógicas, nos espaços educativos formais.

“Não se pode acreditar que a apren-dizagem escolar seja natural, espontânea e prazerosa, se a escola não pode atender às peculiaridades de cada indivíduo em termos de conhecimentos prévios, campo conceitual, motivação para aprender, nível cognitivo adequado, só para citar algumas das variáveis que permeiam o processo de ensinar/aprender”, avalia o professor Hermes e acrescenta, “se não tomarmos consciência disso, continuaremos a crer em algo que, não sendo verdade, pode contribuir para a discriminação em quais-quer matizes.”

n Novas tecnologias e inclusãoSeguindo esse princípio, são apon-

tados temas e questões presentes nos dis-cursos pedagógicos usuais, que precisam ser considerados a partir de práticas sociais e analisados de diferentes maneiras ao relacionarem-se ao ensino de matemática, buscando corrigir distorções dadas por defi-nições e imposições de sentidos únicos.

De acordo com o autor, os mitos de formação atuais são quatro: o professor deve saber ensinar os conteúdos de forma contextualizada; o professor deve ser inter-disciplinar; o professor deve estar na van-guarda das novas tecnologias da informação e o professor deve estar preparado para o processo de inclusão escolar.

A obra aborda esses mitos em sete

artigos intitulados: Os mitos da formação; Interdisciplinaridade: uma concepção epistemiológica?; A contextualização: uma questão de contexto; Contextualização do ensino da matemática; Afetividade, cogni-ção e formação de professores que ensinam matemática; A avaliação como processo de comunicação na escola inclusiva e Os de-safios da educação matemática no terceiro milênio.

O livro do professor Francisco Her-mes pode ser encontrado à venda na Livraria do Campus, ao lado da Edufpa, próximo ao Restaurante Universitário do Básico, e na Livraria da Praça, no prédio do Instituto de Ciências das Artes, ao lado do teatro Waldemar Henrique.

4 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará –Agosto, 2009

Tomar açaí faz bem para o coraçãoAntioxidante

Substância impede acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009 – 9

Cuidados começam na hora da compra É preciso saber escolher, preparar e conservar os alimentos

Bactérias

Esta não é a primeira análise clí-nica que o cardiologista realiza tomando como parâmetro a base alimentar da po-pulação. Desde 1989, Eduardo Augusto Costa se propõe a estudar em que medida alimentos tipicamente amazônicos con-tribuem ou não para a saúde.

Um dos estudos comparou as populações que se alimentavam de peixe (rico em Ômega 3) com aquelas que consumiam outros tipos de carnes. O professor realizou exames em Abae-tetuba, Cotijuba, Inhangapi, Castanhal,

Soure, Vigia, entre outros municípios paraenses. Foram feitos mais de 50 mil exames com a ajuda de estudantes e o apoio do Laboratório Paulo Azevedo, que promoveu as análises laboratoriais gratuitamente. Entre a população de Cotijuba, por exemplo, que tem o peixe como principal alimento, o risco de in-fartar ou sofrer derrame não é alto (68% possui baixo risco e 32%, risco médio).

Ao participar da pesquisa, a população recebe exames, consultas e tratamentos gratuitos.

suzana Lopes

Alimento abundante na natu-reza e nas mesas paraenses. O açaí é o prato principal

de muitas famílias em alguns mu-nicípios do Pará, como em Igarapé-Miri. tomando açaí diariamente, essa população não sabia que estava se prevenindo contra aterosclerose (entupimento de veias e artérias), principal causa de morte no mundo (46%). É o que pesquisa, há dez anos, o cardiologista Eduardo Augusto Costa, professor da Faculdade de Medicina da UFPA.

Em 1999, uma pesquisa de doutorado da área de Engenharia Química, realizada pelo professor Hervé Rogez, mostrou que o açaí possuía, em maior quantidade, o mesmo corante presente nas uvas, a antocianina. “Para se ter uma ideia, um litro de açaí médio (entre a con-sistência fina e grossa) contém 33 vezes mais antocianina que um litro de vinho tinto francês”, compara o professor. A antocianina é uma substância antioxidante que impede a oxidação do colesterol na parede das artérias e, consequentemente, a não formação da placa responsável pelo entupimento dos vasos.

Quer dizer, então, que quem toma açaí corre menos risco de infar-to e derrame? Exatamente. É o caso da população de Igarapé-Miri, que está sendo estudada pelo professor

Eduardo Augusto Costa, desde 1999. Ele realiza vários exames clínicos, gratuitamente, no município, como exame de sangue, medição da pres-são, verificação de peso e altura, histórico clínico, eletrocardiograma, entre outros. A partir dos resultados,

ele pode perceber, por exemplo, o nível de frações de colesterol (ver box).

Até agora, avaliando mais de 800 pessoas que tomam açaí e mais de 200 que não tomam, o cardiologista observa que o HDL (bom colesterol)

é elevado e o LDL (mau colesterol) está em níveis normais nas pessoas que tomam açaí. Esse dado mostra que esse grupo possui menos riscos de sofrer com doenças ateroscleróti-cas do que a amostra da população que não consome o alimento.

Consumidores de açaí mantêm elevado o nível do HDL (bom colesterol) graças à antocianina

Costa: cuidado com a generalização

n Tabagismo, estresse e obesidade São vários os fatores que cola-

boram para que um indivíduo tenha problemas de entupimento de vasos sanguíneos: cigarro, estresse, diabe-tes, hipertensão arterial, obesidade, sedentarismo e colesterol alto, sem contar com fatores não alteráveis, como a idade e a herança genética. todos eles são responsáveis pela le-são da parede de veias e artérias.

E quando o sangue passa por essas vias feridas levando muito LDL (colesterol maléfico), a gordura entra

na parede dos vasos, e, em contato com o oxigênio, oxida iniciando a formação das placas chamadas atero-mas, que entopem as vias sanguíneas. O acúmulo dessas placas impede, progressivamente, a circulação do sangue. Se esse entupimento for em vias cardíacas, o indivíduo sofre um infarto, se for em vias cerebrais, um acidente vascular cerebral (AVC ou derrame).

O açaí, como é rico em uma substância antioxidante, a antociani-na, age abastecendo o organismo con-tra a formação de placas de gordura. Mas vale ressaltar que o açaí sozinho não impede que uma pessoa tenha doenças ateroscleróticas. O alimento combate apenas um dos fatores que contribuem para a lesão dos vasos sanguíneos. Entre outras ações, não fumar, não se estressar, não engordar devem ser levadas em consideração para a prevenção desse tipo de do-ença. Essas variáveis, inclusive, são analisadas pelo professor Eduardo Costa, para impedir os erros de uma generalização.

E o cardiologista ainda destaca o fato de o açaí ser altamente calórico. "Açaí engorda, possui 30% de gor-dura. Um prato de açaí tem a mesma quantidade de calorias que um prato de arroz, feijão, farinha e carne. En-tão, quando a gente almoça tomando açaí, almoçamos duas vezes. Essa é a contrapartida”.

Nem todo colesterol é mau

Engenharia de Alimentos

de acordo com o professor eduardo Augusto costa, existem três tipos de colesterol, nem to-dos fazem mal à saúde, como é comum se pensar.

* HDL (lipoproteína de Alta densidade): é o chamado bom colesterol e precisa estar em altas taxas no sangue.* VLDL (lipoproteína de Muito Baixa densidade): é o mau colesterol e tem relação com a alimentação. Acima de 500 mi-ligramas de triglicerídeos (gor-dura) por decilitro de sangue, o risco de doença cardiovascular

é muito elevado. um prato de feijoada, por exemplo, sobe a taxa de gordura para 1000 e uma dose de maniçoba, para 1500.* LDL (lipoproteína de Baixa densidade): também é conhe-cido como mau colesterol, mas a presença dele no sangue tem relação com fatores genéticos. Pessoas que possuem parentes com alto ldl e, consequente-mente, problemas de ateroscle-rose, têm mais risco de sofrer com os mesmos problemas. Por isso, precisam utilizar medica-mentos desde cedo.

n Exames e tratamento gratuitos

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desde 2004, o Programa de Pós-Graduação em ciência e tecnologia de Alimentos (PPGctA) contribui para a formação de profissionais que atuam na área de alimentos, em indústrias e em órgãos governamentais de fiscalização de alimentos. Esses profissionais contam com uma infraestrutura de laboratórios consolidada, entre os quais, destacam-se os de tecnologia de carnes e Pescados; de tecnologia de Fermentação e Produtos lácteos; de Processamento de Frutas e Hortaliças, de Processamento de Massas e Panificação e os de Processos e operações de separação. o Programa ainda possui um curso lato sensu de Qualidade e segurança de Al imentos que v i sa formar profissionais que colaborem para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. desde 1988, a Faculdade de engenharia de Alimentos disponibiliza cursos lato sensu, inicialmente, na área de ciência e tecnologia de Alimentos, e, recentemente, na área de Qualidade e segurança. Atualmente, o curso é coordenado pela professora lúcia de Fátima Henriques lourenço.

Raphael Freire

Milhares de bactérias podem estar em um alimento que não esteja bem lavado, bem cozido

ou bem armazenado. Muitas pessoas não sabem, mas essas bactérias são as maiores responsáveis por diarreias, infecções estomacais, vômitos e outras doenças que podem levar à morte. A me-

lhor forma de combater essas doenças, transmitidas por meio da contaminação dos alimentos, é a higiene.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a higiene dos alimentos abrange todas as medidas necessárias para garan-tir a qualidade e o valor nutricional dos alimentos. De acordo com a professora Luiza Helena Meller da Silva, “a higie-ne e o cuidado com os alimentos são

fundamentais para que se mantenham a saúde física e o consumo de alimentos com qualidade”. Luiza Meller da Silva é a coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciência e tecnologia de Alimentos (PPgCtA), o primeiro progra-ma da Região Norte na área de Ciência e tecnologia de Alimentos.

Para ter uma alimentação saudá-vel, não basta apenas conhecer os nu-

trientes e o valor nutritivo dos alimentos. É importante, também, saber a melhor maneira de escolher, preparar, conservar e rotular todos os alimentos que serão consumidos. Os cuidados com a higiene pessoal, com o ambiente e com os pró-prios alimentos também são essenciais. todas essas informações são importantes para a saúde e precisam ser usadas no nosso dia a dia.

n Atenção para os cheiros, as cores e as texturasO cheiro, a cor e a textura dos

alimentos devem ser observados na hora da escolha e da compra. Nas feiras e varejões, frutas, legumes e verduras ficam expostos ao ar livre durante várias horas e sofrem com a ação do tempo e do clima, com a manipulação do fei-rante e dos fregueses, além de ficarem expostos à saliva, a insetos, ao toque das mãos que, ao mesmo tempo, con-tam o dinheiro. Ao chegarem em casa, esses alimentos precisam ser muito bem lavados com sabão, gotas de água sanitária ou de vinagre e água corrente, se possível, filtrada ou fervida.

Carnes de frango e de peixe devem receber atenção redobrada, pois se deterioram com maior facilidade. O primeiro cuidado deve se concen-trar no estado geral do alimento e, ao menor sinal de deterioração, não deve ser consumido. Se forem cozidos em temperatura superior a 70oC, carnes, aves e peixes eliminam a maior parte das contaminações.

Quando frescas, a carne bovina e a de porco são compactas, apresentam gordura branca e firme, cor vermelho-brilhante e cheiro agradável. Não deve-mos comprar carne que esteja escura ou

esverdeada, com cheiro desagradável e que não tenha origem determinada e carimbo de inspeção do Ministério da Agricultura, denominado Serviço de Inspeção Federal (SIF).

As aves estão boas quando a cor da pele variar do branco ao amarelo, a superfície for brilhante e firme ao tato. Os peixes estão frescos quando os olhos são arredondados, a guelra é vermelha, o cheiro é suave, a pele está brilhante e as escamas firmes. O camarão precisa estar com a cabeça presa ao corpo, a carapaça firme, o olho brilhante e o cheiro agradável.

n Geladeira é local propício para contaminaçãoOs alimentos não perecíveis não

precisam de refrigeração e podem ser armazenados à temperatura ambiente. O local de armazenagem deve ser arejado, limpo e livre de umidade. Os produtos que precisam de refrigeração são aqueles que podem ficar armazenados por mais tempo. É importante não sobrecarregar a geladeira com produtos, pois isso pode afetar sua capacidade de resfriamento, prejudicando a conservação dos alimen-tos e causando perdas.

todo alimento na geladeira deve estar embalado ou acondicionado em potes fechados. As sobras devem ser guardadas em temperatura igual ou inferior a 10 graus. Sobras de refeições de criança não devem ser guardadas,

assim como não é aconselhável misturar alimentos crus com cozidos. Quando se corta um frango cru, por exemplo, deve-se lavar muito bem a faca e a tábua antes de cortar a ave cozida ou assada.

As prateleiras mais altas da gela-deira são as mais frias. Nelas devem ser guardados alimentos, como carnes, leite e derivados. Não é aconselhável mistu-rar alimentos crus e cozidos na mesma prateleira, pois os crus podem contami-nar os já preparados. As prateleiras da geladeira não devem ser forradas com plásticos ou toalhas, pois isso dificulta a circulação do ar frio, prejudicando o bom funcionamento do aparelho. Os produtos congelados precisam ser con-servados em temperatura de 18ºC para

evitar o desenvolvimento de micro-or-ganismos e o processo de deterioração. Carnes, aves, pescados e hortaliças não devem ser congelados novamente se já tiverem sido descongelados.

Os alimentos contaminados são muito mais perigosos que os estragados, já que não é possível perceber, pela aparência, que eles estão ruins. Um alimento contaminado é aquele que con-tém bactérias prejudiciais à saúde, mas continua com cheiro, gosto e aparência normais. Um alimento estragado é aque-le que já tem cheiro, sabor e aparência modificados. Isso acontece porque esse alimento já estava contaminado e, com o passar do tempo, as bactérias se multiplicaram.

Frutas, verduras e legumes devem ser muito bem lavados, pois são os que mais sofrem com a exposição e a manipulação excessiva

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Química

8 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009 BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009 – 5

Laboratório analisa frutas regionais

O fruto que alimenta, cura e inspiraAntropólogo analisa papel do açaí na culinária e na cultura paraense

Identidade

Faculdade de Química quer orientar consumo e evitar intoxicação

EM DIAPaleontologiaAcontece, de 13 a 18 de setembro, no Hangar, o XXI Congresso Brasileiro de Paleontologia. O congresso é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP) e objetiva congregar profissionais e estudantes brasileiros. Durante uma semana, serão promovidos debates, apresen-tadas novas metodologias para coleta e interpretação de dados e discutida a viabilidade de colaboração em pro-jetos de pesquisa. Mais informações no site do evento http://www.xxicbp.com/index.htm

Honoris CausaA Universidade Federal do Pará concedeu o título de Doutor Hono-ris Causa a Miguel Clüsener-Godt, pesquisador da Unesco, por sua contribuição ao desenvolvimento institucional da Universidade e do Núcleo de Altos Estudos Amazôni-cos, por mais de 16 anos.

Direitos HumanosAssociação Nacional de Direitos Hu-manos – Pesquisa e Pós-graduação (Andhep) promove, em Belém, no período de 17 a 19 de setembro, o seu 5º Encontro Anual. Esta edição traz a temática “Direitos Humanos – democracia e diversidade”. Mais informações no site do evento http://www.andhep2009.sinteseeventos.com.br

ReconhecimentoA UFPA receberá, em novembro, o Prêmio Sapientiae, concedido pela Organização das Américas para a Excelência Educativa (ODAEE). A premiação é concedida anualmente aos 100 profissionais e instituições educativas de maior destaque na América e na União Europeia, com o objetivo de difundir e promover princípios e valores em busca de um mundo justo, culto, equitativo e pacífico.

Jovem CientistaForam prorrogadas, até 30 de junho de 2010, as inscrições para a 24ª edição do Prêmio Jovem Cientista. tendo como tema “A Energia e o Meio Ambiente: Soluções para o Futuro”, esta edição discute as ener-gias alternativas. O Prêmio Jovem Cientista foi criado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien-tífico e tecnológico (CNPq) e tem como objetivos promover a reflexão e a pesquisa, revelar talentos e inves-tir em estudantes e pesquisadores. O regulamento e a ficha de inscrição estão disponíveis no site http://www.jovemcientista.cnpq.br

Dependendo de cada região, os habitantes atribuem novos signi-ficados ao açaí. Segundo o estudo do professor Romero Ximenes, o açaí tem um sentido de comida sagrada na cultura paraense. Não o sagrado que se relaciona simplesmente a Deus, mas àquilo que é cercado de regras, de interditos, de perigos. “Nas comunidades tradicionais, nin-guém toma açaí com cupuaçu, com laranja, com limão ou com qualquer fruta azeda. Ele é um alimento cerca-do de rituais e de cerimoniais. É um

alimento que se toma para, posterior-mente, “jibuiar’, ou seja, descansar e dormir”, esclarece. De acordo com ele, esse termo é fundamentado no comportamento da jiboia, que, após se alimentar, fica quieta e acomodada para digerir o alimento.

Porém, quando a comida mi-gra para outras regiões, acaba assu-mindo novos significados. Romero Ximenes diz que, em Ipanema, no Rio de Janeiro; no Guarujá, em São Paulo ou em San Diego, na Califór-nia, as pessoas tomam o açaí como

um energético. Nesses locais, o açaí é misturado com frutas vermelhas, com chocolate ou com iogurte.

Segundo o pesquisador, o açaí assume posição central na cultura do povo paraense já que nos identifica, “o açaí é o produto de maior valor na região amazônica. Ele é a via de acesso mais ampla para o imaginário e a cultura paraenses, para os pro-cessos de classificação e de visão do mundo e, certamente, de identidade. Portanto o açaí é o rizoma da cultura local”.

Tatiara Ferranti

Renan Rodrigues da Silva é um jovem abaetetubense de 18 anos que não vive sem

o açaí. todos os dias, no almoço e no jantar, o fruto é o alimento indispensável em sua mesa. "Eu não consigo comer sem o açaí", diz ele. Mas, como explicar hábitos alimentares como esse, tão presen-tes na cultura de grande parte do povo paraense? O antropólogo e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Romero Xime-nes, que estuda o assunto há mais de 36 anos, tem a resposta.

Segundo o antropólogo, o açaí é mais do que um hábito ali-mentar, ele é identidade, comida, música clássica e popular, roman-ce, aterro de rua, remédio, quadri-nha popular, mito, cor de gente, cobertura na agricultura, vassoura, corante, pintura de quadro e outras novas significações que vêm sur-gindo. Daí a importância atribuída ao fruto sagrado do Pará. "trato o açaí como um rizoma, metáfora filosófica de origem botânica que Deleuze e Guattari usaram para definir uma raiz que cresce em to-das as direções. É com essa lógica que procuro explicar as realidades que cercam o açaí".

A pesquisa mostra, ainda, que o açaí é o único alimento de origem vegetal que é prato princi-pal na comida tradicional do Pará. “Esse fruto tem, no imaginário, uma posição de alimento especial e sagrado. Em decorrência disso, não apodrece, apenas “azeda” e nós comemos e apreciamos o açaí azedo. É uma comida imperecível porque é revestida de uma aura sagrada”, defende o antropólogo.

Mas, como o açaí se tornou

tão importante para a construção da identidade paraense? De acordo com o pesquisador, quem domesti-cou o açaí foram os índios amazô-nicos, “eu diria que, na Amazônia, os índios são os mestres do saber, porque domesticaram o açaí, a se-ringueira, o tabaco, a mandioca, a batata, a baunilha e outros vegetais de importância mundial”.

A pesquisa revela que há uma grande incidência botânica nativa dos açaizais nas regiões dos estuários dos Rios Amazonas e tocantins. São nessas áreas que o fruto cria novos significados culturais, sociais, alimentares, artísticos e econômicos. Porém, essas significações não se esten-dem a todo o Pará.

O açaí não é sagrado desde sempre. Romero Ximenes mostra que, no século XIX, ele era con-siderado uma praga, as pessoas atribuíam à bebida o surgimento de doenças, como a febre amarela, a tuberculose e a lepra. “Hoje, o

açaí é a ‘solução’ para todas as doenças. Isso é uma construção do imaginário, pois, dos pontos de vista físico, químico e sanitá-rio, a cura não ocorre”, afirma o antropólogo.

O estudo também aponta a pluralidade do uso do açaí. As pes-soas utilizam-no, da raiz ao fruto, para fazer contraste radiológico, curar doenças circulatórias e tirar placas bacterianas da gengiva. “tanto a medicina acadêmica como a popular estão criando uma série de medicamentos a partir do açaí. É a farmacologização do fru-to”, informa Romero Ximenes.

“Há cerca de um ano, detec-tei o uso do açaí como cor de gente ao ouvir as pessoas dizerem: ‘você é uma morena açaí’. Então, as pes-soas não seriam mais brancas, ne-gras, mulatas, amarelas. teríamos um tipo paraense definido como “morena açaí”, diz o professor. Para ele, isso é um desdobramento do rizoma.

n “Chegou ao Pará, parou; tomou açaí, ficou"Romero Ximenes afirma que

a identidade paraense é construída a partir do padrão alimentar regional, simbolizado, principalmente, pelo açaí. Porém, durante muito tempo, os pesquisadores pensavam que não havia uma identidade paraen-se, porque procuravam identidade na etnia e na raça, “a identidade é,

portanto, construída pela comida e não pela etnia”.

De acordo com o antropólo-go, a comida do Pará seria nacional por excelência, porque é “autêntica” e de origem indígena, segundo o imaginário regional. “Há uma rei-vindicação de autenticidade e do ca-ráter único da cozinha paraense, que

seria a única brasileira”, explica.E o provérbio paraense “Che-

gou ao Pará, parou; tomou açaí ficou”, quer dizer o quê? Segundo o pesquisador, significa afirmar que o Pará tem uma comida tão fascinante que, ao prová-la, o visitante fica fascinado e assume a identidade paraense.

n Alimento é cercado de regras, perigos e rituais

Açaí é fonte de renda e prato principal de muitas famílias

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Segundo o conhecimento po-pular, o açaí contém ferro. A questão é: esse ferro está disponível para ser absorvido pelo organismo de forma imediata, tão logo o alimento seja consumido ou ele está associado a alguma substância orgânica? “A pró-pria coloração do açaí revela que ele contém substâncias orgânicas, como antocianinas e taninos, que se ligam ao ferro. Então, não adianta tomar um litro de açaí por dia achando que, com isso, se estará combatendo a anemia, pois é um dado que ainda está sob investigação científica", responde a pesquisadora.

Isso também acontece com a castanha do pará. A recomendação para ingestão da fruta é de uma por dia, mas é comum o paraense com-prar nas esquinas da capital aqueles saquinhos com uma quantidade con-

siderável da fruta, que acaba sendo consumida em poucos minutos. Se por um lado a castanha é rica em selênio, mineral que ajuda a prevenir o câncer, ela também contém bário (1800 mg/fruto), mineral de alta densidade, que, em quantidades ele-vadas, é considerado contaminante ao organismo humano.

"Daí a importância de haver a preocupação em apontar os elementos presentes nos alimentos que trazem benefícios e os que podem causar danos", continua Kelly Fernandes. No caso da castanha, conforme apontou a pesquisa realizada pelo grupo de Análise Instrumental Aplicada (Gaia), coordenado pelo professor Joaquim de Araújo Nóbrega, da Universidade Federal de São Carlos, em colabora-ção com a professora, a contaminação por bário já está descartada, pois este

se encontra na fruta em formato in-solúvel (sulfato de bário), ou seja, na forma não absorvida pelo organismo. Mas ainda é preciso investigar, na cas-tanha, a presença de elementos, como o cálcio, o magnésio, o manganês, o zinco e o ferro.

Outro alimento que tem sido investigado é a pupunha, rica em manganês e zinco. Muitas pessoas tomam, diariamente, medicamentos efervescentes à base de vitamina C e zinco. Essas substâncias podem ser absorvidas com o consumo diário de uma única pupunha. tucumã, umari, carambola e abil também estão sob análise no laboratório. Por isso, fre-quentar a feira do Ver-o-Peso é um requisito essencial para os pesquisa-dores do projeto. "Muitas dessas fru-tas são desconhecidas pelos próprios paraenses”, observa a pesquisadora.

Especialistas alertam: pupunha, açaí e castanha do pará, utilizados para prevenir e combater doenças, devem ser consumidos com moderação

Jéssica souza

Açaí, castanha do pará, pu-punha, tucumã... Mais do que exóticas e saborosas,

as frutas da Amazônia também possuem propriedades químicas e nutritivas diferenciadas, que impressionam até mesmo pesqui-sadores e os próprios paraenses. Segundo o conhecimento popular, algumas frutas e outros alimentos regionais servem, inclusive, para combater e prevenir doenças. A ciência já comprovou alguns desses casos, a exemplo da castanha do pará, que, por ser rica em selênio, ajuda na prevenção do câncer. No entanto, o conhecimento científico alerta: o consumo exagerado de

determinados alimentos também pode ser prejudicial.

Dependendo de como se dá a concentração de certos minerais ou outros elementos contidos nos ali-mentos, a ingestão deles, em exces-so, traz riscos de contaminação para o organismo, principalmente, se não forem seguidas as recomendações previstas em lei, sobre a quantidade de ingestão diária de algumas subs-tâncias. E, monitorar a contaminação de alimentos por materiais inorgâ-nicos e caracterizar os elementos essenciais presentes nos alimentos regionais é, justamente, o objetivo do projeto da professora Kelly das graças Fernandes, pesquisadora da Faculdade de Química do Instituto de Ciências Exatas e Naturais, da

Universidade Federal do Pará.Existem elementos, como ar-

sênio, mercúrio, chumbo e cádmio, que são considerados contaminantes inorgânicos, tóxicos em determina-das concentrações e que podem ser encontrados circunstancialmente nos alimentos. Há outros que podem trazer benefícios, mas somente se ingeridos em quantidades adequa-das, como no caso do selênio, con-tido na castanha, cuja recomendação de consumo é de uma amêndoa por dia. “Ou seja, as frutas da Amazônia têm, sim, potenciais nutritivos incrí-veis e podem, até mesmo, ser usadas como suplemento na alimentação humana, mas devem ser consumidas com cuidado”, explica a professora Kelly Fernandes.

n Dieta ajuda a equilibrar minerais no organismoAlém das frutas, o Grupo de

Espectrometria Analítica Aplicada, coordenado pela professora Kelly Fernandes, pesquisa, também, o leite de búfala, as ervas medicinais e os peixes dos rios da região. O objetivo é demonstrar à comunidade que, em vez de recorrer às farmácias quando há carência de minerais no organis-mo, basta modificar os hábitos ali-mentares. “A maior parte das reações de nosso organismo, para o malefício ou para o benefício, advém do que ingerimos na alimentação”, sintetiza

a pesquisadora. Assim, o projeto de “Monitora-

mento de contaminantes inorgânicos e elementos essenciais em alimentos regionais” especifica a determinação desses elementos nos alimentos a partir da técnica de absorção atômica e cromatografia líquida, que consiste na separação de substâncias orgânicas, tais como proteínas, peptídeos, entre outros que, nos alimentos, podem estar associados aos elementos quí-micos. “Pela determinação da técnica de absorção atômica, por exemplo,

descobrimos que o leite de búfala, da Ilha do Marajó, é rico em cálcio, magnésio, manganês e zinco", diz Kelly Fernandes.

O projeto é desenvolvido com as professoras Regina Müller (Facul-dade de Química/UFPA) e Dulcidéia Palheta (Instituto de Saúde Animal/UFRA). O plano é elaborar uma car-tilha de orientação sobre os alimentos, com suas qualidades nutricionais, con-taminantes inorgânicos e elementos essenciais, o que poderá evitar a con-taminação por excesso de ingestão.

Ao comparar os valores de ferro, manganês e zinco, obtidos na castanha do pará e na pupunha analisadas no Laboratório da Facul-dade de Química da UFPA, com os valores apresentados na tabela Bra-sileira de Composição de Alimentos da Universidade de Campinas em 2004, a pesquisadora Kelly Fernan-des constatou que a concentração dos referidos elementos químicos nos alimentos da Amazônia é muito mais elevada do que nas frutas mais comuns e nacionalmente mais con-sumidas, como carambola, goiaba vermelha, jaca, acerola, tangerina, laranja e jambo.

"Constatações como essa reve-lam, portanto, que as potencialidades das frutas e dos alimentos típicos da região precisam ser divulgadas para que haja o maior aproveitamento possível do elemento essencial que contêm e a forma adequada de inges-tão, sem que ocorram contaminações por outros elementos", afirma a pro-fessora. A alta concentração de mi-nerais e/ou metais contaminantes no organismo pode ocasionar doenças, como problemas na pele e queda de cabelo. Nesse momento, até mesmo a idade e o gênero influenciam na quantidade de determinada subs-tância que pode ser absorvida pelo organismo, porque crianças e idosos, homens e mulheres, por exemplo, têm metabolismos diferentes.

Outro fator que precisa ser investigado é em que parte do alimento a substância está concen-trada. No caso da castanha, ainda é preciso determinar se o selênio está contido na polpa ou na película que a envolve. Assim, não adiantaria co-mer a polpa em excesso e descartar a película.

Projetos futuros do Grupo de Espectrometria Analítica Aplicada buscarão investigar a presença de cádmio, chumbo, mercúrio, arsênio e cromo em peixes regionais. A meta é observar, além do filé do peixe, o fígado e as brânquias (guelras), pois se as substâncias contaminantes estiverem concentradas nas partes não comestíveis, não haverá risco de contaminação. A presença desses elementos nos peixes da Amazônia ocorre devido à prática do garimpo na região.

n Potencialidades regionais

n Elementos podem causar benefícios e danos

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6 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009 BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Agosto, 2009 – 7

UFPA inicia novo capítulo de sua históriaNova gestão quer projetar Amazônia para além dos seus próprios limites

Reitoria

Edson Ortiz de Matos - pró-reitor de Administração (Pro-ad). Professor da Faculdade de engenharia elétrica. Mestre em engenharia elétrica pela uFrJ. Foi prefeito do campus, coordenador do curso de en-genharia elétrica e diretor da Faculdade de engenharia elé-trica da uFPA.Proadexecuta obras e serviços da instituição, gerencia os seus re-cursos financeiros e os relacio-nados a materiais necessários para o desenvolvimento das atividades da universidade.Principais Propostas- divulgar os serviços realiza-dos pela Proad para que a comunidade universitária sai-ba onde buscar as informações necessárias sobre o trabalho desta pró-reitoria;- Buscar a transparência mos-trando em que têm sido inves-tidos os recursos disponíveis e como são realizados os servi-ços; Diferencial do Plano de TrabalhoAmpliar os projetos que têm demonstrado resultado, mas precisam ser melhorados, como o sistema da Agenda de com-pras, que precisa ser assimila-do como rotina administrativa, dando ao atendimento maior agilidade e credibilidade.

Flávio Sidrin Nassar - pró-rei-tor de relações internacionais (Prointer). Professor da Facul-dade de Arquitetura e urbanis-mo. especialista em engenharia de sistemas urbanos pelo ins-tituto Brasileiro de Administra-ção Municipal. Atualmente, é coordenador do projeto Fórum landi.Prointertem como missão promover as relações da uFPA com suas congêneres internacionais, com-partilhando conhecimentos, téc-nicas de pesquisa e integração sociocultural.Principais Propostas- conciliar o interesse de inves-timento das universidades par-ceiras com as necessidades da uFPA, visando ao crescimento institucional;- Possibilitar aos discentes e docentes da uFPA acesso aos programas de intercâmbio em instituições parceiras.Diferencial do Plano de Trabalhotransformar a cooperação internacional em uma ativi-dade acadêmica, buscando parceria nos institutos que te-nham interesse em elaborar, conjuntamente, um plano para alavancar as práticas de de-senvolvimento de conhecimento com base na experiência de outros países.

João Cauby de Almeida Junior - pró-reitor de desenvolvimento e Gestão de Pessoal (Progep). técnico-administrativo. Forma-do em direito e Administração, mestrando em ciência Política pela uFPA. Foi diretor adminis-trativo do centro de ciências da saúde e Assessor Jurídico da Proad. ProgepÉ responsável por selecionar, admitir, desenvolver e capaci-tar servidores da instituição. Principais Propostas- Aprimorar a competência téc-nica e o desenvolvimento fun-cional dos servidores, levando em conta a necessidade de hu-manização nas relações de tra-balho e de atingir as metas ins-titucionais, além da satisfação das expectativas dos usuários dos serviços da Progep.- Promover a participação dos servidores em atividades de educação formal, objetivando a qualificação do pessoal e o desenvolvimento institucional. Diferencial do Plano de TrabalhoAcreditar nos projetos coleti-vamente construidos, nos quais todos, independentemente de seus interesses, preferências ou ideologia, devem ser cha-mados a participar, pois cada pessoa é única e fundamental nesse processo de construção.

Alemar Dias Rodrigues Ju-nior – prefeito da cidade uni-versitária. engenheiro civil. Foi o coordenador de obras por administração direta. Presidiu, por duas vezes, a comissão de licitação da uFPA. Atuou na Agência de desenvolvimento da Amazônia (AdA) e no Hospi-tal universitário João de Barros Barreto.Prefeitura Administra o espaço físico da cidade universitária e coor-dena as ações de manuten-ção da infraestrutura e do patrimônio. É responsável por supervisionar e acompanhar obras, serviços urbanos e de limpeza.Principais propostas- Melhorar o sistema de ilu-minação e a regulamentação do abastecimento de energia elétrica na cidade universitá-ria;- Gerenciar a implantação de um novo sistema de abaste-cimento de água que atenda às dimensões do território da cidade universitária;Diferencial do plano de trabalhoA palavra de ordem que nor-teará as ações da Prefeitura é agilidade, principalmente no que se refere aos proces-sos de licitação e execução de obras.

João Guerreiro - diretor da Fun-dação de Amparo e desenvol-vimento da Pesquisa (Fadesp). Professor do instituto de ciências Biológicas. Pós-doutorado em Ge-nética Humana pela universidade de oxford. Foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular da uFPA e pró-reitor da Propesp. FadespApoia, promove e incentiva o de-senvolvimento científico, artístico e cultural no Pará, a partir de inicia-tivas implementadas por meio de projetos e programas de pesqui-sa, ensino, extensão, infraestrutura e desenvolvimento institucional.Principais Propostas- regulamentar as relações entre a Fadesp e a uFPA de acordo com as recomenda-ções do tribunal de contas da união e as exigências do Ministério da educação, sem que haja prejuízo à dinâmica de investimentos em pesqui-sas e à produção científica; - readequar os investimentos conforme ocorrer a ampliação dos recursos disponibilizados para a universidade; Diferencial do Plano de Trabalhodinamizar a atuação da Fa-desp enquanto apoiadora da uFPA, viabilizando a execução dos projetos de extensão, ensi-no e pesquisa.

Horacio Schneider – vice-reitor.Professor do instituto de estudos costeiros do campus de Bra-gança, onde atuou como diretor. doutor em Genética e Biologia Molecular pela uFrs, com pós-doutorado na universidade de stanford. Vice-Reitoriaresponsável pelo programa de interiorização da uFPA e pela coordenação das ações e pro-jetos da reitoria nos campi e nú-cleos universitários dos diversos municípios do Pará.Principais propostas- implementar programas de pós-graduação que contemplem os campi do interior;- verticalizar os programas de pós-graduação que já atuam com mestrado, criando cursos de doutorado e pós-doutorado. Diferencial do plano de trabalhoProver os campi do interior com a infraestrutura, acompanhar a aplicação dos recursos do Pro-grama de Apoio a Planos de reestruturação e expansão das universidades Federais (reuni), bem como investir na criação de novos cursos e contratação de docentes, criando polos de ensi-no e pesquisa de qualidade mes-mo nos lugares mais distantes da Amazônia.

Emmanuel Zagury Tourinho - pró-reitor de Pesquisa e Pós-Gradua-ção (Propesp). Professor do núcleo de teoria e Pesquisa do comportamento. doutor em Psicologia pela usP. coor-denador da área de Psicologia na cAPes. Foi coordenador do Progra-ma de Pós-Graduação em teoria e Pesquisa do comportamento.Propespcoordena a formulação e execução de políticas institucionais voltadas para o desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica e para a ofer-ta de programas de pós-graduação. Principais propostas- Fortalecer os grupos de pesquisa emergentes.- expandir o acesso de alunos de gra-duação à iniciação científica.- expandir a pós-graduação stricto sensu, principalmente com a criação de cursos de doutorado.- Articular a oferta de cursos de pós-graduação stricto sensu para o corpo técnico-administrativo;Diferencial do plano de trabalhoApoiar ações dos grupos de pesquisa e dos programas de pós-graduação que visem à maior inserção no sistema nacional de financiamento da pesqui-sa científica. coordenar a formaula-ção e execução de uma política insti-tucional de capaciatção de servidores docentes e técnico-administrativos na pós-graduação stricto sensu.

Marlene Rodrigues Medei-ros Freitas - pró-reitora de ensino de Graduação (Pro-eg). Professora da Faculdade de direito. Mestre em direito Processual, foi coordenadora do curso de direito da uFPA, diretora do centro de ciên-cias Jurídicas, pró-reitora da Proeg e vice-reitora.Proegcoordena, supervisiona e elabora planos e projetos de graduação, abriga ações vol-tadas para a educação bási-ca e profissionalizante. Cuida dos cursos ofertados pelas escolas básica e profissiona-lizantes.Principais Propostas- Atualizar e capacitar os su-jeitos envolvidos em ativida-des de graduação, docentes, dirigentes de institutos e técni-co-administrativos;- criar e adequar os progra-mas de graduação em conso-nância com o regulamento da graduação e com o estatuto da universidade.Diferencial do plano de trabalhoInvestir na qualificação dos projetos pedagógicos e pre-parar profissionais que atuem como sujeitos de transforma-ção da realidade social.

Fernando Arthur de Freitas Neves – pró-reitor de extensão (Proex). Professor Adjunto da Fa-culdade de História. doutorando em História pela Puc-sP. Foi co-ordenador dos cursos de Gradu-ação em História e de especiali-zação em História da Amazônia. ProexBusca gerar pontos de impacto capazes de alterar trajetórias e/ou realidades sociais, por meio do saber transformador e de ações ligadas à extensão, com atividades que visem à integra-ção da instituição com a comuni-dade externa.Principais propostas - regularizar 10% de atividades de extensão como obrigação cur-ricular de todos os cursos de gra-duação;- criar uma incubadora de tec-nologias sociais para transformar as tecnologias desenvolvidas na uFPA em geração de emprego e renda para as comunidades aten-didas pelos projetos de extensão;Diferencial do Plano de TrabalhoBuscar a cooperação entre a uFPA e os representantes do setor produtivo, dos movimentos sociais e dos organismos de governo, elegendo, conjuntamente, para onde a universidade deverá diri-gir seu esforço institucional.

Erick Nelo Pedreira - pró-reitor de Planejamento (Proplan). Pro-fessor da Faculdade de odonto-logia. doutor em Patologia Bucal pela usP. Atua no Programa de Pós-Graduação em odontolo-gia. É membro do conselho da Faculdade de odontologia. ProplanDefine a matriz orçamentária para a aplicação de recursos no âmbito da uFPA e aloca docentes e técnico-administrativos quando da concepção de novos campi no interior do estado. Juntamen-te com as demais pró-reitorias e com o reitor, delibera sobre o planejamento acadêmico e orça-mentário institucional.Principais Propostas- Gerir corretamente as informa-ções para que possam se transfor-mar em recursos orçamentários;- redesenhar os indicadores aca-dêmicos e financeiros para que haja cumprimento de limites orça-mentários por parte das unidades acadêmicas, tornando a matriz or-çamentária mais justa e exequível;Diferencial do Plano de Trabalho criar uma política de descentra-lização do planejamento e ações de transparência sobre a aplica-ção de recursos, tendo como re-ferência o espírito de construção coletiva.

Jéssica souza

Formar profissionais não ape-nas com alta qualidade técnica, mas também capazes de compreender a realidade social de forma crítica e transformadora. Com essa prioridade de ação, começou um novo capítulo da história da Universidade Federal do Pará. A excelência no ensino de graduação é a principal proposta da gestão de Carlos Edílson Maneschy, o novo reitor empossado. Maneschy iniciou o desafio no dia 2 de julho, quando assinou o termo de posse em Brasília. Após a transmissão do cargo, em Belém, pelo então reitor da Instituição, Alex Fiúza de Mello, no dia 3 de julho, a nova equipe entrou em ação.

“tomo posse, na Reitoria des-sa Instituição, certo de não saber de honra maior! O reitor é a voz oficial da Universidade, o guardião dos processos de construção acadêmica, o coordenador de todas as atividades e iniciativas institucionais”, observou Maneschy durante a solenidade de transmissão de cargo. De acordo com o novo reitor, são muitas as conquis-tas alcançadas pela UFPA nos últimos anos. A Universidade é responsável pela maior parte da produção cientí-fica e tecnológica do Norte do país, além de ter os melhores índices de qualificação docente da Amazônia, o maior número de alunos matricu-lados em cursos de graduação e de pós-graduação em todas as áreas do conhecimento, mas ainda há neces-sidades de melhorias.

“Nas funções sociais que in-corporam produção de conhecimento e arte, a Universidade precisa ter, como pano de fundo de suas rea-lizações, a alteração da realidade presente. Precisa apresentar-se como palco privilegiado das discussões que envolvam o interesse público, apon-tando, por meio de sua vanguarda in-telectual, as diferentes possibilidades para se alcançar um mundo melhor”, disse o reitor. É nesse sentido que surge o empenho na tarefa de buscar

a formação inovadora de jovens uni-versitários, direcionando ao ensino de graduação o compromisso prioritário com a qualidade do conhecimento produzido na Universidade.

Conforme dados apresentados pelo próprio reitor, estatísticas mos-tram que, de cada 100 dos jovens bra-sileiros, apenas 30 têm ensino médio completo e oito concluíram um curso universitário, contra 60 na Europa e mais de 20 na Argentina. A meta, portanto, é fazer com que a UFPA responda ao desafio pedagógico de preparar cidadãos aptos a analisar e a transformar a realidade onde vivem. Assim, o objetivo da Universidade, agora, é promover o aumento do número de vagas; ampliar os pro-gramas de formação e qualificação de professores para o ensino básico; ofertar cursos gratuitos que preparem estudantes de baixa renda ao vestibu-lar; estender os programas de apoio pedagógico e financeiro a discentes com maiores fragilidades acadêmicas e socioeconômicas.

A nova Reitoria tem, ainda, como prioridade dar prosseguimento ao Projeto Multicampi e à interiori-

zação da UFPA, de modo a projetar a Amazônia para muito além de seus próprios limites. “Precisamos garantir que a UFPA funcione, ver-dadeiramente, como uma universi-dade multicampi, de maneira que as ações desenvolvidas pelo interior não sejam consideradas de classe menor em relação às atividades da capital”, afirma Carlos Maneschy. Segundo as necessidades apontadas, é preciso criar condições de pesquisa para os docentes em atuação no interior e verticalizar a oferta de cursos de pós-graduação nos diversos campi, tarefa que será acompanhada de perto pela Coordenação Multicampi, assumida pelo vice-reitor, Horácio Schneider.

Outra proposta diz respeito à valorização do servidor como ele-mento humano essencial para a efe-tivação das relações de trabalho. “O patrimônio maior da Universidade são as pessoas que aqui trabalham. Laboratórios e prédios dão condições melhores para que as atividades se-jam desenvolvidas, mas o patrimônio que mais deve ser valorizado são as pessoas. A relação interpessoal precisa ser qualificada internamente

Prioridades: graduação, capacitação de pessoal e diálogo com sociedade

Prioridades de Ação

- Buscar padrões de excelência no ensino de graduação e garantir que todos os cursos tenham professores suficientes e capacitados para desempenhar suas atividades;

- Buscar implementar um padrão de qualidade na infraestrutura de prédios e laboratórios de pesquisa dos diversos campi;

- Investir na capacitação de técnicos e docentes, fazendo uso de práticas de gestão de pessoas que valorizem o elemento humano nas relações de trabalho;

e esse é um ponto para o qual nós vamos olhar com atenção neste pri-meiro ano de gestão”. Assim, haverá uma política de incentivo à capaci-tação de técnicos e docentes, além de investimentos em ações voltadas para a saúde, a segurança, o lazer e o fortalecimento da autoestima dos funcionários.

A ideia é impor um novo ritmo institucional, que dê sequenciamento aos resultados positivos alcançados em gestões anteriores e busque di-ferencial no respeito à participação de toda a comunidade acadêmica a partir da concepção de construção coletiva. “A nossa gestão vai va-lorizar o que foi feito ao longo do tempo e vai tentar corrigir o que for necessário”, afirmou o reitor Manes-chy. A nova equipe chega, portanto, com o compromisso de fortalecer as ações institucionais, de colocar suas experiências, competências e habi-lidades em prol do fortalecimento da Universidade. “São pessoas com experiências consolidadas e que trazem um legado importante, que poderá contribuir para a melhoria das atividades e das iniciativas que estão sendo desenvolvidas na Instituição”, complementou.

Na sequência, a comunida-de acadêmica conhece os demais membros da nova equipe. São eles: o vice-reitor, Horácio Schneider; a pró-reitora de Ensino e de Gradua-ção, Marlene Freitas (Proeg), o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Emmanuel tourinho (Propesp); o pró-reitor de Extensão, Fernando Neves (Proex); o pró-reitor de Pla-nejamento, Erick Pedreira (Proplan); o pró-reitor de Administração, Edson Ortiz (Proad); o pró-reitor de De-senvolvimento e Gestão de Pessoal, João Cauby Júnior (Progep); e o pró-reitor de Relações Internacionais, Flávio Nassar (Prointer), além do diretor da Fundação de Amparo e Desenvolvimento de Pesquisa (Fa-desp), João Guerreiro, e do prefeito da Cidade Universitária, Alemar Rodrigues Júnior.

- descentralizar as ações administrativas e ampliar as dotações orçamentárias a partir do aprimoramento no gerenciamento de recursos;

- expandir e verticalizar as atividades de pesquisa e pós-graduação por todos os lugares da Amazônia;

- Desenvolver a capacidade de dialogar de forma politicamente autônoma e honestamente interessada com a sociedade, sendo indispensável para esse diálogo melhorar sua capacidade de comunicação, reconhecendo que a informação é um bem social a ser amplamente compartilhado.

Confira, abaixo, a essência das propostas e a centralidade da missão institucional que Carlos Maneschy traz para a gestão 2009-2012 na reitoria da universidade Federal do Pará:

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