Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
*
bem melhorque o filme
*
Lucas de Meira2014
*
A distribuição das cópias eletrônicas do livro é permitida. Mas, qualquer utilização do conteúdo, que fuja do formato aqui apresentado, precisará de autorização prévia do autor.
agradeço Nadilene Lima, que me emprestou a casa e o computador para fazer a primeira
versão do “As Vezes...”, em 1995&
Adelaide do JulinhoAlice BastosAna Peluso
Andrea Cristina LopesAna Maria Gazzaneo
Aquias ValascoBeth Candio
Bianca BazzoCynthia Pegorini
Edson PaulucciInalda Lima
Isabel RodriguesIvy Wyler
Jakeline BarrosJanaína Casarine
Kathleen LessaLeila Miccolis
Ligia TomarchioLila Wood
Li StoductoMiriam Monteiro
Miriã PinheiroPriscila Velluci
Rafael Esteves SodréRandace Rauscher Moore
Tania MenesesVera Motta
Wilson Rio Apa
em memória dePamela
Rafaela FigueiredoJoaquim Meira
Luiz GuerraNel Meirelles
Marcelo Almeida& Marcelo Beah Gimenes
aqui
só nos cabeentender
a nossa parte
pois de quando se partesó se sabeda partida
viver!
eiso segredoda vida
4/7/2005
persona prima
hojepoucos sãoos que ainda podem cantaralguma cançãode acordar
e raros rarosos que têm vozpara não dizer
quem sabevocê ainda conheça algumcaso tenha sorteou certa beleza
(a esperançatalvez sejaa mais fortede todas as nossasfraquezas)
10/10/2005
new age : old rhyme
heavenlucionáriosvendem destinospós-morte
& hellucinationsvelas & laserspostits & cliques &
n'alma um linkrumo ao últimonorte
11/11/2005
pacau
depois dos últimos tombosfui obrigado a viveruma vida de mímico
pois faltou giz no tacoe caí num buraco
ostracísmico
12/11/2005
o pólen e a pólis
O filhinho diz:tiamo papai.
& o mundo,cada vez pior
A cachorrinha deu cria:três feminhas & um pitoco.
& o mundo,cada vez pior
Lembramos de ti:viajamos de trem
& o mundo,cada vez pior
Aquele beijo vingou:saudade bateu fundo!
& o pior,cada vez mais mundo
(ser feliz é relativo: depende do que se entendee do que se vendepra estarvivo)
26/12/2005
céu em branco
aquele meninoque construía os próprios brinquedose que assim que os terminavasempre os doavapois não queria mais brincar
aquele meninoque não conseguia dormir cedoe que sempre cedopara a vidatinha que acordar
aquele meninoque cuidada das próprias feridasque contava as doresem soprose que até mandavauns socosna fuça de quema dor dos outrosquisessecutucar
aquele meninoque queria ir embora com o ventoque queria das horasapenas um momentoqueria dizerque gostaria de ter sido esquecidode ter realmente crescido
mas não seria maisaquele meninoe não teria aprendidoa voar
19/5/2006
xv
minha cidademinha sina
minha idade
(uma meninadesfilando
às vontades)
5/7/2006
dead end
acreditoem tudo que não
foi dito
21/7/2006
ecos & egos
é por causa de noites(como a de ontem)que a fontesempre aparentaser mais cheiado que é
noites sem ventonoites sem medodaquelas, mesmo,de, por um sorrisovoltarà pé
sob uma lua(e que lua)que nos tenta(: do paraíso,um esboço)...
porém, quando diadesabado está o mundo&, a almanos parece vaziarefém de uma dor
lenta, lentaque invade atéos ossos,
pois aquele sonharaquela vida todapara o lado de lánão teria passadode reles momentos
(ou, apenasagosto)
então, vamos com elespara a lama mais friano fundo de um poçorepleto de sentimentosde tarja preta
(& faz partedo vícioreaprender a lidarcom tudoisso)
8/9/2006
a parede no relógio
o fim do world trade centerpaiê, meu denti tá móli
tsunamimas eu não brinco mais de boneca
sadam condenado à forcaele preferia o fuzilamento
6/11/2006
álibi
o universonós dois aquie este verso
6/3/2007
sei
é, eu seio quanto o frio te assusta& o quanto te custamanter a vida no lugar
eu seido vazio que há em vocêdo teu medo de se perdere não maisse encontrar
eu seique alguém já deve a tere que esse alguémpor mais que te faça bemé só um bom amigonão pode ter teu coração
(eu, sobretudo, seique você existe
& que só não é mais tristeporque está aqui comigotoda a tuasolidão)
19/5/2007
le jour de la révolution
Je n'ai pas besoin becêtre élégantesophistiqué
Je n'ai pas besoin demander si je vous ai rencontré à Paris
(Quand je trouveJe vais dire Je t'aime, même par le nez.)
3/7/2007
pintando o sete do sete
sim, coloco data em tudopois catalogo
os pensamentos:
faço o tempo ficar mudolonge o sopro
:ficam loucosos cataventos
7/7/2007
ele
ele veiotão pequeninocarregando tanta grandezaque exclamei: filho, filhoagora é quase certeza!
ele tem crescidotenho, finalmente, vividobem raro o momentoque me pego triste
e é mesmo quasequase certo
: deus poesiste
(cara esperto)
6/9/2007
ita(bira)
atrás dos óculose dos bigodeshá um homem
sozinho
não percebeuque no meio da pedrahavia um
caminho
19/1/2008
secondeath
uma suposta nova vítimados webandidosfoi socorrida ontempor volta da hora hnas imediaçõesdo próprio quarto
testemunhas afirmamque ela choravacopyosamentea perda de seus disfarces
lamentavaque, repentinamentecomo num passede informágicatodos os seus segredostornaram-se piadas
sob efeito de sedativostem externadode forma preocupantetodos os seus medosdos avataresagora vivose, sobretudodo namorado
é mais um triste casodo imundoe-mundo:dos que se perdemquando encontrados
16/4/2008
inacabado
não rimávamoso suficiente& quadrada eraaquela nossapoesia
você queria tudofeito soneto& eu o simplessó o momento
ficamos mudos& os poucos versosmal formavam um haicai
mas trago comigonossos indrisosoutros dispersoso teu sorriso
& o peito abertodizendovai!
27/7/2008
2036: uma odisséia, um abraço!
se eu conseguir envelhecerquero sentar no banco da praça: bengalasapatos lustradosjornal do dia
ver os casais aos prasempresa criançada no queromaisnão a pombarada de hojemas muitos, muitossabiás
quero lembrarcomo era bomlembrardo que era bom
quero sonhar ao sol nascera vida é boa, quem sabe,poder dizer
quero uns netospra deixá-los bem espertosestar perto dos filhosvê-los caminhar
o que eu não quisquero querer
mas eu já sei(e como eu sei)que sem você
não dá
23/10/2008
poemístico
não é querer falarmas o significadode querer escrever sobre algoque um verso pode arrastaraté
aqui
pode ter um tanto do mesmo quererde rever aquele filmelembrar do quanto foi demais aquela cenareouvir aquela músicaou aquela piadae lembrar do quanto riu
ou querer reler aquele livroe encontrar numa palavraum sentido daqueles que nunca
sentiu?
5/11/2008
a menina que ouvia bauhaus
eu pensavaque ela poderia mesmo ter feitoaquele curso técnicode técnico em técnicasde tecnologiastecnológicasou algo assim
mas o painão quis financiare ela optoupela deseducação química
e foi um fim
viveu em becosruelas e ruínaszumbificadaapedrejada
até ser esfaqueadanuma briga por um trapomolhado com solvente
a mãe a buscoua tratou por seis mesese disse que até a fariavirar gente
o paique se dizia crentenão quis estender a mãoacabou atropeladonão se sabe se pela cachaçaou se pelo caminhão
ela teve uma recaídae o espírito foi mergulhadoem um oceano de desgraças
e lá quase morreu mais duas vezesaté entender o que era a vida
grávidanão se sentia mais sozinhavoltou para casachorou trancadapor duas semanasdepois foi morar no matocom a avó e uma tia
hoje, caindo a noite, eu vi a guria
estava tão mãetão mudadaque comentei que pareciaque ela havia mesmo renascido
não, não renascisó não tinha ainda vivido
e se foi, shopping adentrode mão dadas com o menininho
ela nem queriater feito aquele cursinhosó precisava mesmoera se encontrare se reencontrarem algumcaminho
5/1/2009
disadventures of moonboy & sungirl
agora agorahá uma novíssima novidadefungando no teu cangote:
(hahaha,já passou,foi um trote!)
você e essa maniade olhar só pra gente...e que lugar mais comumesse de tanto quererser diferente...
olha,no duro,sem ironia,aceite o presentedo presente
poissó no futurodos futuros
é que então viveremoscomo se vivia
antigamente6/2/2009
marca
a amoou sejanão posso dizer besteira
por issosempre penso duas vezesantes de pensarna terceira
26/2/2009
penumbra
daquele tempode vagar pelos becosouvindo & contandohistorietas, medulas& bravatas
sobrou a saudadede nobres amizadesà metade de um pão francêsdividida com doisou três
&, por mais que o álcoolfosse quase puroàs luas ingratas
&, por mais que algunsse agulhassem tantoaté as almasse esconderem do pranto
ainda havia esperançade encontraro tal futuro
(muda,a vida muda)
&, se não nascesse meu filhoacho que, agora, até juroque eu já estaria numa valaou numa cela
(que eu não me iluda: ainda estouà espera Dela)
8/3/2009
assinale a alternativa correta:
Quando você elaborae começa a decorartudo o que vai dizerpara alguém(e não está em uma peça,ou em um filme, é claro)significa que...
I - vai falar com a chefepedir uma folgaou um aumentode salário
II - reconheceua péssima memóriaou que é um completo tapado
III - lamento,meu velho:tu tá é perdidamenteapaixonado
9/3/2009
dois
- Se você se perderaí dentro,não me procureno ventolá fora.
(foi tanto adeusque ela me deuque tive mesmoque irembora)
3/6/2009
da saudade pessoana
está geandolá fora
e eu me lembrodo que é um abraçono meio da madrugada
está um silênciolá fora
e eu me lembrodela chorando de rir da piada- seu palhaço!
está tudo tão nadalá fora
e eu me lembrodos futurosde outrora
está tudomesmolá fora
levanto derrubando a cadeira quase também o café e erro de chave ôrra a porta emperrou uma pedra ai caramba tô descalço uma nuvem estrelas um gato um jato um grilo o branco cobrindo a grama a tristeza de quem ama amanhece o frio enfim o fim
então, eu me lembroque é só dessas coisasque eu entendo
12/6/2009
praça ruy barbosa
desde sempreaquela praçasem graça
nadalém me eraque o ponto finalde meus inícios& afins
a sagrada caminhadade todo diade toda noite
quase quase um fardo.
até que- e só poderia ter sidocom ela ao meu lado -avisteium coração de pedrasna calçadacravado
e em toda aquela extensãodaquela calçadaera só o coraçãoe mais nada
é um coração solitário, eu disse,
e fui emendandotudo tem uma explicação,e ela completou comigopor mais imbecil que seja
naquele segundoaconteceu de tudosatori, samadhi, nirvanacerteza
então flutuamosaté a outra praça
ela entrou no ônibuseu fiquei, noite adentro,às calçadascravado.
apesarde solitárioe de pedrasaquele coraçãonão me engana
: achar que tudoé por acasoé coisa de quem não
ama21/8/2009
ela, disse, não
ela disseque jamais conheceualguém como eu
e eu já pensando que me amava
ela disseque comigo ia descobrindoas coisas de que gostava
e eu pensando que era lindo
ela disseque eu era muito especialque não sabia mais o que fazer
então, fui perdendo a paz
ela disseque estava com muito medode não nos vermos mais
e eu a ponto de nem virar segredo
e, sem nunca nos tocarmossequer um beijo, jamaisela não disse mais nada
(se posso salvar um poemacom um final assim?mas nem contandoa piada das piadas!)
fim.
31/9/2009
guadalúpedes
caminhopelo ponto finalde muitas almas
de histórias interrompidaspelo desesperopelo dinheiropela cachaça
pela vida
vem aqui, Leão!e o homem dividemeio pastelque pegou do chãocom o cachorrinho
outro, de rosto ferido de brigafala que ainda dá pra ser felizpois ganhou um copo de vinhode garrafãode uns guris
enquanto,uma senhoravai de lixo em lixocomo se fosseum colibri
e passa a mão na barrigaque avisajá passou da hora
está caindo a tardee, pelos cantoseles vãoem vãose agrupandobuscando no sonoalgum sonhoque os afastedo abandono
um delesque me observavadesde o primeiro versoe que não consegui definirse era homemou mulher
quis saberpor que eu estava alientão, parado
e antesque eu pudesse responder,perguntouem que ano estamos?
respondi 2010e ele, ou elaé,meu filho ia fazer novejesus o levoutinha de ser eutinha de ser eutinha de ser eu, diabo!
e vi um mapade picadasem seus braços
meu ônibus chegoue eu só pensei em agradeceràlguma divindadepelo que não sou
pois vi em todos aqueles olhosuma tela de sentimentosoutrora dominantes nos meus passos
mas, em nenhum vi a forçaque me fez levantar a cabeçae fugir de teraté a sombramutilada
o motorista deu a partidae, pela janela,ainda vi dois meninose uma moçaabordando uns fiéisque chegavam na igrejacuja santatambém nomeia o terminal
a indiferença foi tantaque me pareceuque os três já eram vistoscomo peças do cenário localcomo se fossem outros pombosou viralatas
o ônibus fez uma longa voltapara então seguir seu cursoo que me fez reverquase todos os figurantesdaquele filmequase mudo, cegoabsurdo
então, lhe perguntopoema amigo:o que estamos fazendo aquineste plano?
estamos vivendoem recorrente castigose não me enganodecorrente de alheioserros de gravatas
(no entanto,por nossas escolhas: eis a errata)
quando pensava no verso seguinteouvi a cobradora dizer para alguémnão tenho troco pra vintee o motorista berrarmeu deus!antes de quase afundar nos freios
deixei cair meu lápisvoaram minhas folhas& as palavras ficaramcaladas:uma mulher descalçacom um pequeno entre os seiosatravessava o sinal vermelho
quase quena estrofe errada
23/01/2010
calos, ralos & valhalas
se és assimentão
aos horizonteusvais
!
poemeusnenhuma lua
pingarãonos ais
12/2/2010
lei
è così grandela sua assenzache adombraqualsiasi
presenza
9/3/2010
luas & bocas
eu que nuncajamaisolhaveja bemnão sei nemse bem quequandoondeo porquêtalvezquem sabecomo eu ia dizendo...
- Você me ama ou não?
olha, é um disco voador!
eu olheie ela saiu correndo
12/5/2010
última sessão
(pensandoem todos os filmesque ela não verácomigo
: é como se o cinemajamais tivesse
existido)
19/5/2010
nenêologismo
- Menino, menino,já não está bem crescidopra andar nas costas do teu pai?Você não pode ser tão folgado assim!
- Não, não sou folgado.Ele é que épapaixonadopor mim.
20/5/2010
de via defessus: suspirium
Ando cansadode todo esse tudoque só me leva,
& só,
ao nada.
Ando cansadodo quanto me iludo,fazendo, do rastro deste pó,a minha verdade,minha vontade de ceder às vontades
& minha morada.
(Agradeço a todos que perderam seu tempo comigo.Peço perdão.Por não ter sidoum bom amigo,ou inimigo.)
Ando cansado,e não adiantaseguir o coração,
pois anda rastejante,escravo, daquele querer antigo.
Ando cansadode pensar em como eu seriaum bom amante,ou um grandessíssimo filho da mãerasgando o tempocom falas lentas& vãs.
Ando cansado.
E o pior,é que eu não sabiaque, se, amanhã,eu for mesmo com o vento,ou for alvo de um baleado
defeito,
ainda haverá a poesia.
(Mas não nas letras,tingindo a noitecom a luzdo dia.)
3/8/2010
o super banguelinha
Paiê, você viu?Viu que incrível?
Seu dente!Caiu!
Não,só ficouinvisível.
5/8/2010
attesa per la nebbia
escuras & escurascada vez mais
escuras
têm sidominhas noites
circunflexassem estrelassem guia
refém dos ecos de outrasque nem vivi&, às orelhas de burrode um livro que não li
e reescrevi
(fossem os sonhospublicadosquem sabe então eu veriameus olhos beijando a cegueirade um pretéritosem passado,guria)
18/10/2010
meu reino por um porquê!
ela queria
ah,mas como ela queria
que eu a traduzisse em versosque eu a transformasse em algocomo a luz do dia
que espalhasse suas pétalaspelo branco das folhasque falasse da luae, é claro, do céu azuldas estrelas,do mare mais um tanto de, desculpeblablablablá
porém,jamais quis saberqual, na verdadeerao seu lugarquem ou quêrealmentepoderia me, ou nos,inspirar
esem o inssó me fez
pirar
6/11/2010
confissura
quando me deixoue deixou, de verdadeàs flores & dores de la noche
& à vontade que me trouxe da loucurapara manchar a brancuracom o sangue negrod'outro poemaassassinado
: ela me deu um soulníferoe o pesadelo acordoudo meu lado
3/5/2011
cá, enter, nós
vulgo vulgarvagante in errânciasnuma prosapró-rosasem ramalhenters& escsbarras & arrobasemoticonspirando...
não!
não sirvo pra isso:
ela, na redomade seu e-cárcere privadoe-eu, a soma de todos os futurosdos futurosdo passado
(o poemanão está mais respondendoe seráfechado.)
2/6/2011
numa curva da vida
descobri,há muito
mas inda não seise seiexplicardireito:a imperfeiçãoé o que nos faze desfaz
perfeitos.
16/2/2012
dois mil e dose
o caos está tãono lugar
& no lugar comum
tão perdido
que, se Ele voltarvai ser para ressuscitar
quem já estávivo
11/8/2012
cá, mim, ó
não se definapois sempre mudamos&, muitas vezes,não à esmo
e, sim,para nunca perdermosvelhas rimas& sempre alcançarmosnós mesmos
12/9/2013
curare
mas que dor do lado é essaque até me deixa com pressade desaparecer?
que dor é essaque nem pisca no eletroe que nem analisandomeus pedaços de pertoos doutores conseguem ver?
é ruim até de escreverpois o braço dói pra carambaà cabeça na corda bamba...
tonto& farto de codeína& ibuprofenosarrisquei respirar no sereno
lá fora estava bem friomas o corpo, fervendo, dizia:- meu, tu tá morrendo...
então, um ventaço, num assovioà lua de vigiae só,revirou as samambaias penduradase um gato branco, que apareceu do nadaque dó
quase morreu de sustoengoliu o miado, depois de um pulocaiu de mal jeitoe saiu correndo de lado
ah, essa dor do ladoesse negóciochamado peito...
(!)se revelao inimigo
então tiro do bolso uma navalha(a usei para apontar os lápis)ele gargalhaenquanto vejo de novo o gato (maluco,com mis em miados à capela)
"tudo bem, aceito o veneno", digo,e platão se cala
mas quase tropeçono versoe no bichano na minha perna
recupero a fala e solto"beberei como se fosse sucod'alguma uva nobre!", na verdade, berrei,e, enfim, os vizinhos e suas luzesforam acendendo
(seria pobre rimar com pobre, não irei,ainda bem não precisar)
finalmente agora que seido que já sabiado impossível, é claroe que estou de novo morrendo
bem, depois que encontrar o dono do felino(seria platão?)
eu voltarei para a cavernavoltarei para o meu eu invisívele vou buscar nos meus sonhos de meninoalgum raro sorriso pra me apegar
não, não dá!apenas o delaé o que háé o que háé o que há
mas que raio de dor é essa?pois já acho mesmo que vou morrere ela não vaipassar
30/4/2014
hasta
Para meio entendedor:
nenhuma palavra.
E basta.
29/7/2014
cena x, tomada y
ela se trancava no quartoe sonhava em serescritorade livros infantis
quando me contoudeixou felizesos pingos nos is
instante daqueles, raros: quando tive certezade que ela também tinhao ascendente em aquário
nem vou me esforçarnos versos seguintes
pois por menos que se rimeo livro sempre será, mesmobem melhor
que o filme
30/7/2014
outoninverno
o músculo errantepelas trevas andavasem saber nem ao certocomo era a faceque lá procurava
batia, forteseguindo por versosque pareciam ser de Dante
e quando, enfim, a sentiu por pertoa luz o assustouo próximo passo lhe faltou& foi tragado por um precipícioque o condenou ao princício de tudo
sentiuque era como se já pagasse pelos pecados futurose foi refazendo os caminhosabandonando cada umdos tantos & tantosorgulhos
se arrastou por abrilmaio, junho, que quase o levounoite vai e dia cainoite vai e dia caide repente, estava em julho
e ele se viu de novona própria vidasem o estorvo da feridasem a sombraque sempre o trai
só entãosonhar mereceue mereceu se encontrar
já em agostojá conhecendocada linha do rosto dela
quase a fez chorar de rircom uma de suas tantas tontashistórias velhas
logo, olhos nos olhosele viu além do alémdo que há
era o fim das andanças
e, quando ela assentiupôde ler, ali mesmono sorriso
uma cartada própria almamandando lembranças
do paraíso
3/8/2014
sobre os anjos
teve umna verdade, umauma anja(e, que gatasempre ajeitando a franja)
que me surgiude repentequando eu estavaquase deixandoque me levasseme, trancada a portada frente
ela cumpriu a missãode me manter no mandoaí, deu uma última pisadameio tortadaquelas de quem não queraprender a aterrissare se foi daqui
ficou só uma pena(não das asas)de souvenir
16/9/2014
del ocho
meu filho está chorandohá mais de horase não parou
pois seu ator prediletofoi emborada vida, hoje, passou
e não adianta dizerque a obra ficouque isso, ou aquilo, é certonão quer, mesmosaber de qualquer posenão quer saberde blablablá
afinal, é tão fãque parece atéque estava lános anos enta(e mal passou dos onze)
se foi um alguémque ele queria seralguém em quem botava féou seja,é uma tristeza que não se inventanem quase
e, soluçante,foi deitar, se esconderainda repetindo uma fraseque acho que ouviuem algum lugargênio não deveria morrer
gênio?sim, não se pode negarque a letra "o"é a única diferençaentre chapline chapolin
e gênio que é gêniodo fim, já nasce meioque sabendo
mas no caso de El Chavofoi, mas sem querer
querendo
28/11/2014
O autor, Lucas de Meira, em 2013.