Upload
others
View
5
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Benefícios da aplicação de um programa de exercício físico na
população idosa em dois contextos distintos - Relatório de
Estágio
Orientadora: Professora Doutora Joana Carvalho Diogo Fernandes Pais da Silva Porto, 2015
Relatório de estágio apresentado com
vista à obtenção do 2ºciclo em Atividade
Física para a Terceira Idade ao abrigo do
Decreto-Lei nº74/2006 de 24 de Março
II
Silva, D. F.P.,(2015). Benefícios da aplicação de um programa de exercício
físico na população idosa em dois contextos distintos. Relatório de Estágio para
obtenção do de Mestre em Atividade Física para a Terceira Idade, apresentado
à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Palavras-Chave: IDOSO, ENVELHECIMENTO, INSTITUCIONALIZAÇÃO,
EXERCÍCIO FÍSICO, TREINO MULTICOMPONENTE.
III
Este trabalho foi realizado no âmbito do trabalho do CIAFEL suportado
pelo FCT: UID/DTP/00617/2013
IV
V
Agradecimentos
Quero agradecer a todas as pessoas que ao longo da minha vida me
ajudaram a crescer como pessoa e como profissional, todos, cada um à sua
maneira, ajudaram a que tivesse chegado até aqui. No entanto, quero
agradecer de uma forma especial aos meus pais e a minha irmã, que sempre
me apoiaram, ajudaram e sempre me deram tudo o que precisei, sem eles não
tinha chegado aqui.
À minha namorada Beatriz, que desde o primeiro dia mostrou todo o
seu apoio, que me ajudou quando mais precisei e que esteve sempre ao meu
lado. À sua mãe Isabel que sempre mostrou o seu entusiasmo e que esteve
sempre disponível para me ajudar em tudo o que precisasse.
À Professora Doutora Joana Carvalho cujos conselhos me ajudaram
a crescer enquanto profissional e na realização deste relatório.
Às Professora Tânia e Arnaldina que me apoiaram em todo o
processo e me ajudaram na concretização do meu planeamento.
Aos idosos que fizeram parte das minhas turmas, pela sua motivação
e boa disposição. Foi um prazer trabalhar em ambas as turmas.
À directora e aos funcionários do Centro de Social da Areosa que
sempre me apoiaram e ajudaram na realização das aulas e a torna-las mais
divertidas e motivadoras para os idosos.
Muito obrigado a todos.
VI
VII
Índice Geral
Resumo ............................................................................................................ 15 Abstract ............................................................................................................ 16 Lista de Abreviaturas ........................................................................................ 17 1 - Introdução ................................................................................................... 19 2 - Revisão da Literatura .................................................................................. 22
2.1O Idoso e o envelhecimento em Portugal ................................................ 23 2.2Envelhecimento ....................................................................................... 28 2.3O envelhecimento, análise biológica. ...................................................... 29 2.4Envelhecimento, análise psicológica e social. ......................................... 31 2.5O idoso institucionalizado ........................................................................ 32 2.6Funcionalidade e doenças mais comuns no Idoso .................................. 33
2.6.1Doença de Parkinson ........................................................................ 34 2.6.2Doença de Alzheimer ........................................................................ 37 2.6.3Acidente Vascular Cerebral ............................................................... 40 2.6.3Hipertensão Arterial ........................................................................... 41 2.6.4Diabetes Mellitus ............................................................................... 42 2.6.5Artrite ................................................................................................. 44 2.6.6Osteoporose ...................................................................................... 46
2.7Envelhecimento saudável, atividade física e nutrição .............................. 48 2.8A alimentação no idoso ............................................................................ 49 2.9Atividade física e exercício físico no idoso ............................................... 51 2.10Prescrição de exercício .......................................................................... 54
2.10.1Avaliação Inicial............................................................................... 54 2.10.2Fases de uma sessão de exercício físico (EF) ................................ 55 2.10.3Desenvolvimento da Resistência Aeróbia ....................................... 57 2.10.4Desenvolvimento da Força Muscular .............................................. 58 2.10.5Desenvolvimento do Equilíbrio ........................................................ 59 2.10.6Desenvolvimento da Flexibilidade ................................................... 61 2.10.7Desenvolvimento da Coordenação ................................................. 62 2.10.8Princípios do Treino ........................................................................ 62
3 - Estágio ........................................................................................................ 64 3.1Caracterização do espaço e do material do centro de dia da Areosa. ..... 66
3.1.1Género e Idade ................................................................................. 67 3.1.2Habilitações Literárias ....................................................................... 68 3.1.3Agregado Familiar ............................................................................. 69 3.1.4Estado de saúde ............................................................................... 70 3.1.5Bateria de testes Rikli&Jones(1999) ................................................. 72 3.1.5.1IMC ................................................................................................. 76 3.1.5.2Levantar e sentar ........................................................................... 77 3.1.5.3Flexão do antebraço ....................................................................... 78 3.1.5.4Sentado e alcançar ........................................................................ 78 3.1.5.5Sentado caminhar e voltar a sentar ................................................ 79 3.1.5.6Atrás das costas ............................................................................. 80 3.1.5.7Step 2 minutos ............................................................................... 80
VIII
3.2 Plano Anual e sua justificação ............................................................... 82 3.3Plano anual - Centro de Dia da Areosa ................................................ 85
3.4Reflexão Centro de Dia da Areosa - Setembro a Dezembro 2014 ....... 87 3.5Resultados finais e discussão .................................................................. 89
3.5.1Peso .................................................................................................. 90 3.5.2IMC .................................................................................................... 91 3.5.3Levantar e sentar .............................................................................. 91 3.5.4Flexão de braços ............................................................................... 91 3.5.5Sentado e alcançar ........................................................................... 92 3.5.6Sentado caminhar 2,44m e sentar .................................................... 92 3.5.7Atrás das costas ................................................................................ 92 3.5.82 minutos de step .............................................................................. 93
3.6Reflexão geral sobre o estágio e os resultados finais. ............................ 93 3.7Caracterização do espaço e material – FADEUP .................................... 95 3.8 Caracterização da Turma de Manutenção A - FADEUP. ....................... 96
3.8.1Género e Idade ................................................................................. 96 3.8.2Habilitações Literárias ....................................................................... 97 3.8.3Agregado Familiar ............................................................................. 98 3.8.4Estado de Saúde ............................................................................... 99 3.8.5Atividade Física ............................................................................... 100 3.8.6Bateria de Testes Rikli&Jones(1999) .............................................. 101 3.8.6.1IMC ............................................................................................... 104 3.8.6.2Levantar e sentar ......................................................................... 105 3.8.6.3Flexão do antebraço ..................................................................... 105 3.8.6.4Sentado e alcançar ...................................................................... 106 3.8.6.5Sentado caminhar 2,44m e voltar a sentar ................................... 107 3.8.6.6Atrás das costas ........................................................................... 107 3.8.6.7Andar 6 minutos ........................................................................... 108
3.9 Justificação do Plano Anual .................................................................. 108 3.10 Reflexão turma A de manutenção - Setembro a Dezembro de 2014 115 3.11Resultados finais e discussão .............................................................. 117
3.11.1Peso .............................................................................................. 118 3.11.2IMC ................................................................................................ 119 3.11.3Levantar e Sentar .......................................................................... 119 3.11.4Flexão do antebraço ...................................................................... 119 3.11.5Sentado e Alcançar ....................................................................... 120 3.11.6Sentado caminhar 2,44m e sentar ................................................ 120 3.11.7Atrás das costas ............................................................................ 120 3.11.86 minutos a andar.......................................................................... 121
3.12Reflexão geral do estágio com a turma de manutenção da FADEUP . 122 3.13Conclusões e prespetivas de futuro ..................................................... 123
4Bibliografia .................................................................................................... 125 5. Anexos ....................................................................................................... 133
IX
Índice de Figuras
Figura 1 - Análise e projeção da população residente em Portugal entre o
período de 1960 a 2060.
Figura 2 – População residente dividida por grupo Sexo e Grupo Etário
Figura 3 – Estimativa (2013) e projeção (2035;2060) da pirâmide etária
portuguesa
X
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Quantidade média diária recomendada de calorias por género e
nível de atividade
Tabela 2- Estatística descritiva da avaliação inicial dos alunos do Centro de dia
da Areosa.
Tabela 3 – Resultados obtidos para avaliação inicial utilizando a bateria de
testes Rikli&Jones(2001)
Tabela 4 – Valores de referência do Índice de Massa Corporal ( WHO, 2004).
Tabela 5 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste
“Levantar e sentar”.
Tabela 6– Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste
“Flexão do antebraço
Tabela 7 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste
“Sentado e alcançar”.
Tabela 8 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste
“Sentado, caminhar 2,44m e voltar a sentar”.
Tabela 9 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste
“Atrás das costas
Tabela 10 - resultados para homens, no teste “step 2 minutos”, para a
população americana.
Tabela 11– resultados para mulheres, no teste “step 2 minutos”, para a
população americana.
Tabela 12 – Planeamento anual da turma do centro de dia da Areosa
Tabela 13: Comparação de resultados entre a Avaliação inicial (A1) e a
Avaliação final (A2).
Tabela 14– Estatísticas dos resultados da aptidão física e funcional dos idosos
da Turma A de Manutenção.
Tabela 15 – Resultados individuais da bateria de testes Rikli&Jones
Tabela 16 – Valores de referência para o Índice de Massa Corporal
Tabela 17 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no
teste “Levantar e sentar”
XI
Tabela 18– Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste
“Flexão do antebraço”
Tabela 19 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no
teste “Sentado e alcançar”
Tabela 20– Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste
“Sentado, caminhar 2,44m e voltar a sentar”.
Tabela 21 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no
teste “Atrás das costas”
Tabela 22 - Valores de referência válidos para a população portuguesa no
teste “Andar 6 minutos”.
Tabela 23 – Plano anual para a turma de manutenção A - FADEUP.
Tabela 24 -Comparação de resultados da Avaliação Inicial (A1) com a
Avaliação Final (A2)
XII
Índice de gráficos
Gráfico 1 - Distribuição (%) por Género dos alunos da turma do Centro de dia
Da Areosa
Gráfico 2 – Habilitações Literárias dos alunos do Centro de dia da Areosa
Gráfico 3- Com quem vivem os idosos do Centro de Dia da Areosa
Gráfico 4 – Número de Individuos com Patologias Neurológicas
Gráfico 5 – Percentagem de Idosos que sentem dificuldade a dormir sem o uso
da medicação.
Gráfico 6 – Percentagem de idosos que sofreu alguma queda no último ano.
Gráfico 7 – Quantidade de água ingerida por dia
Gráfico 8 – Distribuição por género da turma A de Manutenção
Gráfico 9 – Habilitações Literárias da turma A de manutenção
Gráfico 10– Com quem vivem os idosos da turma A de manutenção
Gráfico 11 – Patologias mais frequentes na turma A de manutenção.
Gráfico 12 - Quedas no último ano dos alunos da turma de manutenção
Gráfico 13- Atividade física preferida pelos alunos da turma A de manutenção
XIII
Índice de Anexos
Anexo 1 - Ficha individual do Idoso Turma de Manutenção
Anexo 2 - Ficha individual do Idoso Centro Social da Areosa
Anexo 3 - Descrição dos testes da bateria senior fitness teste (SFT)
14
15
Resumo
O aumento da esperança média de vida trás consigo muitos desafios,
entre os quais a necessidade de aplicar programas de exercício físico de forma
a prevenir e controlar algumas das patologias e incapacidades que podem
surgir com a idade.
O objetivo deste estágio foi aplicar um programa de exercício físico
em dois contextos diferentes, nomeadamente, idosos instituicionalizados, os
quais necessitavam muitas vezes de ajuda na realização das suas tarefas
diárias; e idosos não institucionalizados que mantinham a sua autonomia e
independência.
Em ambos os contextos o tipo de treino utilizado foi o treino
multicomponente, durante 9 meses (Outubro 2014 – Junho 2015), com duas
sessões semanais com duração de 60 minutos. O primeiro passo foi analisar,
através da aplicação, da bateria de testes de Rikli&Jones(2001), a aptidão
física de cada um dos alunos, as suas limitações e patologias de forma a
planear um programa adaptado para cada um. No final dos programas de
treino foi realizada novamente esta avaliação por forma a observar a evolução
dos idosos de ambos os contextos.
Após a verificação da normalidade das populações utilizando o teste
de Shapiro-Wilk, foram analisadas e comparadas as diferenças entre as duas
avaliações pelo Teste T para amostra emparelhadas para as variáveis normais
e o teste não paramétrico para variáveis que não apresentavam valores
normais.
Os resultados demonstram melhorias significativas em alguns dos
parâmetros avaliados, nomeadamente nos testes “Levantar e sentar; Flexão do
antebraço”. Estes resultados demonstram que os programas de exercício físico
que foram aplicados foram eficazes e contribuiram para uma melhoria das
capacidades físicas dos idosos e para um envelhecimento bem-sucedido.
Palavras-Chave: IDOSO; EXERCÍCIO FÍSICO; TREINO
MULTICOMPONENTE; CAPACIDADE FUNCIONAL;
INSTITUCIONALIZADOS.
16
Abstract
The increase in life expectancy trends brings with it many challenges, in
which the need of application of exercise programs that help to prevent and
control some diseases and disabilities that normally appear with age.
The purpose of this internship was to apply exercise programs in two
different contexts: institutionalized elderly adults, who often needed help in
carrying out their daily tasks; and non-institutionalized seniors who maintained
their daily autonomy and independence.
In both contexts the type of training used was multi-component training
during nine months (October 2014 - June 2015), with two training sessions per
week lasting 60 minutes. A baseline analyzes of the physical fitness of each
senior, their limitations and clinical conditions was conducted initially by means
of Rikli & Jones (2001) battery of test in order to plan a adapted program
specific to each context. In order to observe the progression, this evaluation
was also applied at the end of exercise programs.
After checking the normality of the population using the Shapiro-Wilk test,
the differences were analyzed and compared between the two assessments by
paired T test for normal sample and the nonparametric test for samples that
hadn’t normal values.
The results showed significant improvements in chair stand and arm curl
tests. These results demonstrate that exercise programs that were applied were
effective and can improve physical abilities of the elderly and therefore
contribute to a successful aging.
Key-words: ELDERLY; PHYSICAL EXERCISE; MULTICOMPONENT TRAINING; PHYSICAL FITNESS; INSTITUTIONALIZED
17
Lista de Abreviaturas
‹ - Sinal de menor
‹P25- Abaixo do percentile 25
= - Sinal de Igual
› - Sinal de Maior
›P75 – Acima de P75
A1 – Avaliação Inicial
A2 – Avaliação Final
ACSM- American College of Sports and Medicine
AF – Atividade Física
AHA – American Heart Association
AVC – Acidente Vascular Cerebral
Cit- Citado por
cm – Unidade de medida Centímetros
EF – Exercício Físico
ESSE – Escala Subjetiva de esforço
Et al. - e outros
FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
IDP – Instituto do Desporto
IMC – índice de Massa Corporal
INE – Instituto Nacional de Estatística
Kg – Unidade de medida Quilogramas
m – Unidade de medida Metros
MI – Membros Inferiores
mmHg - Unidade de medida Milímetro de mercúrio
MS – Membros Superiores
N – Número de indivíduos
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
P25 – Percentil 25
18
P25-P50 – Entre o percentil 25 e o percentil 50
P50 – Percentil 50
P50-P75- Entre o percentil 50 e o percentil 75
P75 – Percentil 75
pág – Página
PNS – Plano Nacional de Saúde
VO2máx – Consumo Máximo de Oxigénio
WHO – World Health Organization
19
1. Introdução
20
A população mundial tem vindo a sofrer inúmeras alterações provocadas
por diversos fatores como a diminuição da natalidade, a diminuição da taxa de
mortalidade e o aumento da esperança média de vida (OMS, 2010). No caso
específico de Portugal podemos comprovar através da análise dos últimos
census (INE,2011) que a população portuguesa está a envelhecer a um ritmo
alarmante, isto porque a taxa de natalidade diminui drasticamente e neste
momento 19% da população portuguesa são idosos (INE, 2011). Este aumento
é justificado pela diminuição da natalidade, da fecundidade, da mortalidade, e
pelo aumento da esperança média de vida (Carvalho, 2009). No entanto, o
aumento da esperança média de vida não significa que a qualidade de vida se
mantenha; com a idade e com o processo de envelhecimento o organismo vai
sofrendo alterações (ACSM,2014). Estas alterações muitas vezes traduzem-se
em patologias que podem implicar limitações à atividade diária, à autonomia e
até mesmo à indepedência dos idosos. Segundo Duca e colaboradores (Duca
et al., 2012) as limitações apresentadas pelos idosos que estão associadas a
baixos níveis de atividade física têm sido identificadas como os fatores mais
importantes que levam à institucionalização.
É por isso imperativo dar a conhecer à população idosa programas de
atividade física específicos para a Terceira Idade de forma a podermos ajudar o
maior número possível de pessoas a ter um envelhecimento mais saudável.
Estes programas podem contribuir para uma qualidade de vida superior dos
idosos, para a manutenção das suas funções e aptidões, bem como da
autonomia e independência (ACSM, 2014).
É com estes pressupostos que vou encarar o trabalho que daqui em
diante será apresentado. Neste relatório estão descritos os diferentes temas
necessários à realização de um programa de treino competente e eficaz, como
por exemplo as patologias mais comuns na terceira idade; as componentes
físicas que devem ser trabalhadas e como e com que frequência devem ser
trabalhadas; o tipo de treino que irá ser realizado; os diferentes momentos do
treino; e os benefícios do exercício físico.
Todo o trabalho realizado com a turma de manutenção e com os alunos
do Centro de Social da Areosa vai ser aqui apresentado e os resultados
21
referentes a esse trabalho vão ser expostos e analisados. Procurarei sempre
melhorar todas as capacidades físicas dos meus alunos bem como manter a
boa disposição e motivação, de forma a mostrar que este tipo de trabalho tem
resultados significativos e importantes para a vida das pessoas na Terceira
Idade.
22
2. Revisão da Literatura
23
2.1. O Idoso e o envelhecimento em Portugal
À data do último Censos, realizado em 2011 pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE), é possível perceber que a população total em Portugal tem
vindo a envelhecer. A baixa natalidade e baixa mortalidade são razões
apontadas para este envelhecimento demográfico. A figura seguinte (figura 1)
foi publicada pelo Eurostat em 2009, e projeta a evolução do número de idosos
(65 ou + anos) em Portugal até ao ano de 2060:
População residente -1960-2060 Portugal.
Fonte: Eurostat [População em 1 de Janeiro, 2009 Portugal)
Figura 1 – Análise e projeção da população residente em Portugal entre o período de 1960 a
2060 (INE, 2004)
Como podemos perceber pela análise do gráfico anterior, a tendência da
população idosa aumentar é evidente, sendo igualmente visível o decréscimo
do total da população, o que significa que o nosso país vai ficar cada vez mais
velho no que à população diz respeito. Segundo o INE (2014), no nosso país
existem cada vez menos jovens e cada vez mais pessoas idosas, sendo isto
patente na análise da figura 2.
24
Fonte: INE, Estimativas Anuais da População Residente [População residente (N.º) por Sexo e Grupo etário;
Anual]
Figura 2 – População portuguesa residente dividida por grupo Sexo e Grupo Etário
Analisando o gráfico podemos desde logo retirar duas conclusões, a
primeira é que a percentagem de idosos (65 ou mais anos) que residem em
Portugal é maior do que a percentagem de jovens (0-14), sendo que a
diferença é de quase 3%, o que a torna expressiva. A segunda conclusão é
que as mulheres portuguesas têm, como se sabe, tendência para viver mais
tempo do que os homens sendo que a esperança média de vida dos homens é
de 77,3 anos e das mulheres 83,6 anos (Eurostat, 2012). Analisando o gráfico
podemos perceber que a diferença entre homens e mulheres até aos 79 anos
não é significativa, sendo que quando analisamos a diferença a partir dos 80
anos percebemos que temos quase o dobro de mulheres do que de homens.
Em 2013, o índice de envelhecimento da população era de 136 (INE,
2014), isto significa que por cada 100 jovens existiam 136 idosos. O mesmo
índice analisado em 2011 mostrava que na altura o valor era de 128, e em
2001 de 102. Podemos assim perceber, mais uma vez, que o país está a
envelhecer e a base da população, os jovens, está cada vez a ficar mais
pequena. O INE publicou em 2014 no seu relatório sobre a população
25
portuguesa, lançado no dia da população mundial, um gráfico que demonstra o
estado da Pirâmide etária em Portugal e projeta aquilo que acontecerá em
2035 e em 2060 (figura 3).
Figura 3 – Estimativa (2013) e projeção (2035;2060) da pirâmide etária portuguesa
O mesmo instituto (INE, 2014) estima que o valor do índice de
envelhecimento possa chegar aos 307 por cada 100 jovens em 2060 sendo
que, no pior dos casos, pode mesmo atingir os 464 por 100 jovens.
Com o país a ficar mais velho torna-se importante perceber qual será a
sustentabilidade financeira do país e dos próprios idosos, já que para o estado
ter rendimento para pagar a reforma aos idosos o número de trabalhadores
ativos terá de se manter a um certo nível. O que tem acontecido é que o
número de trabalhadores ativos por cada 100 idosos tem vindo a baixar, em
2011, 66% da população portuguesa encontrava-se ativa (INE, 2014) contra os
68% de 2001. O índice de renovação da população ativa é utilizado para
perceber qual o número de pessoas que entram no mercado de trabalho por
cada 100 que saem. Segundo o INE (2014), em 2011 este índice indicava que
por cada 100 que saíam entravam 94 novas pessoas para o mercado de
trabalho, no entanto, em 2001 este valor era de 143, o que indica um
26
decréscimo acentuado em cerca de 10 anos. Em 2013, o INE estimou que este
valor poderia descer até 86, o que volta a agravar e a pôr em causa a
sustentabilidade do atual sistema da segurança social e poderá futuramente
pôr em risco a fórmula de cálculo das reformas, ou até mesmo a capacidade de
as pagar.
Apesar destes valores poderem indicar uma descida das pensões e
reformas, e um futuro de certo modo indefinido, no que diz respeito à
capacidade de sobrevivência, já que cada vez mais vêem os seus rendimentos
diminuídos, os índices de felicidade e satisfação de vida entre a população não
são tão baixos quanto o que seria de esperar, nem no que diz respeito à
esperança num futuro melhor e de melhores condições de vida. Este índices
são retratados num inquérito realizado pelo ESS (European Social Survey,
2010) aplicado aos idosos residentes na Europa com intervalo de 0
(extremamente infeliz) a 10 (extremamente feliz), onde o índice de satisfação
geral com a vida foi de 6,0 nos homens e 5,5 mulheres.
Segundo o Ministério da Saúde (1998, citado por Cruz, 2010) há que
realçar que não é igual envelhecer no feminino ou no masculino, sozinho ou no
seio da família, casado ou solteiro, com filhos ou sem filhos, no meio urbano ou
no meio rural, na intelectualidade das profissões culturais, no seu país de
origem ou no estrangeiro, ativo ou inativo. Todos estes fatores vão efetuar
alterações no que é a nossa perceção do processo de envelhecimento, e são
eles que ajudam a definir a nossa satisfação com a vida. Na opinião de
Resende et al, (2006), a satisfação com a vida é uma das medidas de bem-
estar subjetivo (BES), refletindo a avaliação pessoal sobre determinados
domínios e a forma como as pessoas vivem as suas experiências de vida de
modo positivo. Segundo estes autores, falar em satisfação com a vida implica
também falar de qualidade de vida, isto porque também a qualidade de vida
pode implicar uma maior ou menor satisfação com a mesma.
Em 1997, a OMS definiu qualidade de vida como: “uma perceção
individual da posição na vida, no contexto do sistema cultural e dos valores em
que as pessoas vivem, e relacionada com os seus objetivos, expectativas,
normas e preocupações (…)”. O que podemos perceber pelos resultados deste
27
inquérito é que, apesar de tudo, as pessoas continuam com esperança, em
parte também porque esperam o melhor para a sua família e para os seus. No
entanto, se olharmos para o panorama nacional atual é normal que se observe
um aumento da preocupação por parte dos idosos já que com o país a
envelhecer, com custo de vida a subir e com as dificuldades que o país
atravessa, os idosos/reformados são aqueles que mais sofrem, não só por eles
mas também pelas suas famílias. De acordo com o INE (1999;2002a) podemos
dizer que:
- Os idosos portugueses tornaram-se no segundo grande grupo de população
portuguesa a seguir à população ativa;
- O envelhecimento da pessoa idosa é cada vez mais é notório, existindo um
aumento percentual de pessoas com mais de 75 e 85 anos.
- O envelhecimento é predominantemente da população feminina (59%),
existindo uma maior esperança média de vida das mulheres.
- A taxa de Viuvez é cada vez mais elevada, sobretudo nas mulheres, como
resultado da sobremortalidade masculina e pelo facto de ser mais frequente a
constituição de uma nova família nos homens.
- Cerca de um terço dos idosos pode ser considerado pobre.
- As doenças mais frequentes segundo o Inquérito Nacional de Saúde (1999)
são a hipertensão e a diabetes.
- São pouco frequentes os contactos com outros idosos e com instituições que
promovam a cultura e a socialização.
- Mais de metade da população idosa portuguesa (55,1%) não teve acesso à
educação ou então só esteve até ao primeiro nível escolar.
- Só 2,4% da população idosa portuguesa teve acesso ao ensino superior e o
terminou.
Nesta publicação do INE (1999,2002) é possível perceber o que
acontece na maioria dos casos de pessoas idosas, sendo que alguns valores
ilustram as dificuldades que diariamente estas pessoas ultrapassam.
28
2.2. Envelhecimento
“Aging is an experience that every human being shares but no one fully
understands. Human aging is associated with a wide range of physical, and social
changes that impact our everyday functioning, leave us more vulnerable to a number of
diseases and conditions, and make us more susceptible to death” ACMS (2014).
Segundo o American College of Sports and Medicine (ACSM, 2014), o
processo de envelhecimento não depende só de o passar do tempo, dos
meses, dos anos, depende de muitos outros fatores, como ambientais,
familiares, sociais e físicos. Isto porque para muitos de nós, o envelhecimento
representa a passagem do tempo, os dias, as semanas, os meses, os anos…
Naturalmente por isso a medida de tempo mais comum é a passagem do
tempo a nível de calendário. No entanto, é fácil de perceber que nem todos nós
maturamos ou envelhecemos ao mesmo ritmo. Novas definições de idade e de
envelhecimento são necessárias para perceber as diferenças de maturação e
envelhecimento entre os humanos. Além de falarmos da idade cronológica
devemos também falar de três outras a biológica, a psicológica e a social
(ACSM, 2014).
No que diz respeito à idade biológica, a forma de medida depende
apenas das alterações biológicas que ocorrem no nosso corpo com a idade,
isto significa que dois indivíduos com a mesma idade cronológica podem ter
diferentes idades biológicas. No entanto, não existe ainda uma fórmula
universalmente aceite de a calcular.
A idade psicológica refere-se às capacidades e também a um número de
funções mentais e cognitivas, incluindo auto-estima, memória, perceção e
aprendizagem (ACSM, 2014). Birren (1963) sugere que alguns idosos
demonstram ajustes psicológicos que são típicos da sua idade cronológica
enquanto outros comportam-se como se fossem psicologicamente mais novos
ou mais velhos do que os seus pares.
29
A idade social depende do que cada sociedade espera em termos
comportamentais de cada indivíduo relativamente a sua idade cronológica. São
normalmente chamados de comportamentos apropriados. O que acontece por
vezes, é que as normas que a sociedade cria não são sempre respeitadas e
sentimo-nos incomodados quando estamos na presença de alguém que exibe
um comportamento que não corresponde, segundo as normas da sociedade, à
sua idade cronológica. Daí, por vezes, o afastamento e o isolamento de alguns
grupos, que exibem comportamentos e atitudes que não correspondem aquilo
que é esperado. Ao longo do tempo a Humanidade desvendou muitos desses
casos, como por exemplo a crença que a mulher não devia trabalhar fora da
sua casa e devia estar em casa a criar os filhos, a crença que algumas
mulheres a partir de uma certa idade já não deveriam fazer atividade física em
público porque isso não era digno. Muitos são os exemplos que podemos
encontrar, mas todos têm uma coisa em comum: ao longo do tempo foram
sendo ultrapassados pelo conhecimento, pela sabedoria, a sensatez e a
coragem de algumas pessoas. Isto não significa que a sociedade não deva de
ter regras- As regras são a base daquilo que compõe uma sociedade justa,
equilibrada, forte, respeitadora e duradora, no entanto devemos sempre ter em
atenção aos excessos, devendo deixar, dentro dos limites da liberdade de cada
pessoa, que cada um se expresse como melhor se vê, pois também um bom
estado emocional e psicológico ajuda a um envelhecimento saudável (ACSM,
2014).
2.3. O envelhecimento, análise biológica.
A Humanidade tenta entender os mecanismos biológicos que causam o
envelhecimento há muitos anos e até ao momento sem sucesso. Muitas são as
teorias que procuram esta resposta, entre elas podemos referir algumas, a
teoria do envelhecimento celular, a teoria genética e a teoria de controlo
30
(ACSM, 2014). A teoria genética defendida por Leonard Hayflick (1965) explica
que a morte das células do corpo humano se deve a uma programação
genética, sendo que existe um controlo genético da senescência. Apesar de
ser uma teoria, e de não ter sido encontrado nenhum mecanismo que realize
aquilo que se tenta demonstrar, faz todo o sentido que no nosso DNA esteja
definido o tempo de vida de cada célula somática, já que é no DNA que se
encontra toda a nossa informação, e é nele que se encontram as “instruções”
que cada célula recebe para realizar o seu perfeito funcionamento. Mais
recentemente, Olovnikov (2009) mostrou que o envelhecimento está associado
a um sistemático encurtamento dos telómeros, que são uma região no final do
cromossoma constituídos por DNA repetitivo. Isto acontece porque a
telomerase, enzima que previne o encurtamento dos telómeros vai perdendo a
sua atividade ou está ausente em algumas células somáticas, o que dá origem
ao encurtamento dos telómeros ao longo da divisão celular até ao limite de
Hayflick (1965), limite mínimo atingido pelos telómeros, o que resulta na
senescência e morte celular.
Falando agora da teoria do envelhecimento celular, esta defende que
existem mudanças degenerativas a nível celular sendo que o mecanismo
proposto para esta degeneração é a oxidação do radical-livre (Mota, 2004). Um
radical livre é uma molécula de oxigénio que tem um eletrão desemparelhado,
o que torna esta mesma molécula muito instável, a mesma na tentativa de se
estabilizar procura ligar-se a outra molécula mas ao fazer isso cria outro radial
livre, este processo pode iniciar uma reação oxidativa destrutiva em cadeia que
poderá ter milhares de eventos. Normalmente existe um estado de equilíbrio no
corpo humano conseguido através de uma série de funções oxidativas que
neutralizam o poder destrutivo dos radicais livres. No envelhecimento e na
doença este equilíbrio é desfeito, o que resulta em alterações biológicas como
uma progressiva destruição do sistema imunitário (Mota, 2004).
No que diz respeito à teoria de controlo, esta tenta explicar o
envelhecimento em termos da função específica de alguns sistemas
psicológicos que se sabe serem vitais para o controlo do nosso corpo e para a
nossa capacidade de resposta a fatores de stress (ACSM, 2014). Um desses
31
exemplos é o sistema imunitário que com o avançar da idade diminui a sua
capacidade de resposta para com fatores de stress (ACSM, 2014). Está
comprovado que os idosos são o grupo etário mais propício a doenças auto-
imunes.
Como conseguimos perceber, são muitas as teorias que tentam explicar
o envelhecimento em termos biológicos, sendo que, até ao momento, não há
uma explicação que seja aceite por todos. Apenas é universalmente aceite que
o envelhecimento é inevitável e de certa forma inexplicável, mas que apesar de
tudo podemos contribuir em grande parte para que o mesmo se faça de uma
forma moderada e equilibrada.
2.4. Envelhecimento, análise psicológica e social.
A análise psicológica dos idosos incluí quatro componentes
(ACSM,2014): bem-estar emocional; percepção própria; bem-estar corporal; e
por último percepções globais. Num estudo realizado por Netz et al (2005) foi
demonstrado o efeito que a AF/EF realiza sobre o bem-estar psicológico dos
idosos. Neste estudo os resultados apontam para uma melhoria da percepção
própria, do bem-estar emocional e do bem-estar em geral, sendo que o
exercício aeróbio é aquele que melhores resultados consegue, estando logo
atrás o trabalho de força e resistência muscular. Os resultados também
demonstram a diferença entre aqueles que já eram ativos e aqueles que
sempre foram sedentários, neste último caso os resultados foram muito mais
significativos. Segundo o ACSM(2014) a participação dos idosos em programas
de treino moderados e/ou intensos afeta positivamente o bem-estar psicológico
dos idosos sendo que os resultados são ainda mais significativos naqueles que
anteriormente eram sedentários.
Este tipo de programa de treino ajuda também a melhorar o
comportamento dos idosos no que diz respeito a problemas como depressão e
alterações de humor (ACSM,2014). Em 2006, Djernes estudou a prevalência
de depressões clinícas entre os idosos e descobriu que entre 1% a 42% sofre
32
deste problema. No entanto, o mesmo autor afirmou que apenas entre 1-9%
dos que vivem nas suas casas privadas sofrem deste problema, sendo que a
percentagem dos que vivem em instituições sobe para entre 14-42%. Segundo
o ACSM (2014) a relação entre a depressão e a atividade física varia
inversamente, isto é, se uma aumenta a propenção para a outra diminui. Vários
estudos já provaram a valiade desta relação, entre eles o de Conn(2010) e o de
Lawlor (2001) que demonstraram que a atividade física diminui tanto a
depressão clínica como a depressão pontual relacionada com o alterações de
humor. Neste último estudo de Lawlor ficou provado que a atividade física é
tão benéfica para estes casos depressivos como os tratamentos com
medicamentos ou psicológicos.
2.5. O idoso institucionalizado
O idoso institucionalizado é aquele que necessita diariamente de apoio
de uma instituição, sendo que, de outra forma, não conseguiria sobreviver ou
viveria com extremas dificuldades. Para Oliveira (2006), o idoso
institucionalizado é aquele que vive numa instituição e está entregue aos
cuidados da mesma. Segundo Levenson (2001), existem alguns fatores
predominantes para a institucionalização como, o uso de auxílios para andar,
deficiências cognitivas, perda de apoios sociais, pobreza, dependência de
cuidados pessoais, estado de saúde precário, etc.
No caso de haver uma institucionização, o idoso pode passar por uma
fase complicada, onde há um corte com o que era a sua realidade
anteriormente, e a sua nova realidade. Estas novas situações podem provocar
reações de angústia, medo, raiva e insegurança (Lenvenson, 2001). Mas nem
tudo são pontos negativos, a institucionalização é uma vantagem no sentido da
socialização entre idosos, já que o convívio entre os mesmos é incrementado
fazendo com que os mesmos não se sintam tão sozinhos, e possam sentir o
conforto dado por um local onde as pessoas com quem eles convivem
compreendem melhor do que ninguém os seus problemas. Também, o facto de
33
estarem permanentemente vigiados, permite uma maior atenção às suas
condições de saúde e aos seus problemas (Chaimowicz e Greco, 1999).
Gonçalves (2003) concluiu que 33% das pessoas idosas estavam
ligadas a instituições da segurança social, sendo que 12% estavam ligados a
lares, 11% em apoio domiciliário, e 10% ligados a centros de dia. Nos Censos
de 2011 publicados pelo INE (2011) é possível constatar que 400 mil idosos
vivem atualmente sozinhos e cerca de 804 mil vivem em companhia
exclusivamente de outros idosos.
Segundo Garcia (1999) é necessário dar mais autonomia aos idosos
institucionalizados e permitir que aqueles que chegam com mais independência
e autonomia continuem a realizar as suas atividades diárias normalmente.Isto
só se consegue através da estimulação dos idosos, fazendo com que cada vez
mais eles participem nas suas ações diárias, e tenham um papel mais ativo
durante o seu dia-a-dia (Ferreira et al, 2013).
Uma boa forma de manter a mobilidade e contrariar este declínio físico e
funcional que leva a perda de autonomia e independência, é mantendo uma
atividade física regular (ACSM, 2014). É por isso urgente a criação de
programas de exercício para idosos nos lares e centros de dia de modo a
tentar contrariar aquilo que atualmente acontece, o decréscimo da mobilidade
dos idosos a partir do momento que são institucionalizados.
Vejamos agora quais os problemas mais comummente observados na
população idosa em geral e nos idosos institucionalizados em particular.
2.6. Funcionalidade e doenças mais comuns no Idoso
Com envelhecimento demográfico acentua-se a maior prevalência as
doenças crónicas degenerativas tais como a Doença de Parkinson, a Doença
de Alzheimer a Artrite, Acidente vascular Cerebral (AVC’s), a Hipertensão
Arterial, Insuficiência Cardíaca, Diabetes, Osteoporose e a Depressão. Entre
outros, a AF/EF pode ajudar a controlar e a regular estes problemas (OMS,
1996; ACMS 2004). Segundo o Plano Nacional de Saúde (2011) as alterações
34
que ocorrem no decorrer do processo de envelhecimento estão mais
relacionadas com o estilo de vida e com os hábitos diários do que com a idade
cronológica per si.
Passamos a descrever de forma breve alguns destes problemas mais
comuns observados na população idosa.
2.6.1. Doença de Parkinson
A Doença de Parkinson caracteriza-se por ser uma doença
neurodegenerativa de progressão lenta. Isto significa, segundo o National
Parkinson Foundation (NPF, 2014), que um indivíduo pode viver com a doença
durante cerca de 20 anos sem esta ter sido diagnosticada. Embora não se trate
de uma doença fatal, o Center for Disease Control (CDC) avaliou as
complicações provenientes desta doença como a décima quarta maior causa
de morte nos Estados Unidos.
Normalmente há células nervosas no cérebro que produzem um
neurotransmissor chamado dopamina, estas células nervosas estão localizadas
numa parte do cérebro chamada substância negra e é nesse local do cérebro
que os movimentos que realizamos são controlados. É a dopamina que nos
ajuda a ter movimentos mais suaves e coordenados. Quando cerca de 60 a
80% das células que produzem esta substância estão danificadas ou então
deixam de produzir, os primeiros sintomas da doença de Parkinson aparecem
(NPF, 2014). A este processo chama-se neurodegeneração. Alguns dos
principais sintomas da doença são (Ministério da Saúde, 2010):
Sensação de movimentos presos.
Lentidão dos movimentos.
Tremor, que começa, geralmente, numa mão, quando o doente está em
repouso.
Quedas, por dificuldade em manter a posição.
35
Dificuldade em realizar movimentos mais “finos”, como apertar botões ou
atar os atacadores dos sapatos.
Dificuldade em iniciar o movimento (por exemplo, dificuldade a começar
a andar).
Até agora a razão do aparecimento da doença ainda não foi determinada, a
nível mundial a doença atinge cerca de 1 a 2 pessoas em cada 1000, sendo
mais frequente nos europeus e norte-americanos do que nos asiáticos ou
africanos (Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, 2014). É uma
doença que normalmente surge por volta dos 60 anos sendo que em cerca de
5% dos casos a doença tem um início precoce, surgindo antes dos 40 anos.
Segundo a National Parkinson Fundation (NPF, 2014), os doentes de
Parkinson após tomarem conhecimento do diagnóstico experienciam vários
tipos de reações emocionais, que podem ser divididas em 5 níveis seguindo
normalmente a seguinte ordem: Negação, Desencorajamento, Conflito de
Mudança, Alteração de Identidade e Adaptação. Apesar de nem todos
passarem por estes níveis, quase todos os pacientes experienciam maior parte
deles. A fase de Negação caracteriza-se pela incapacidade do doente em
aceitar o diagnóstico, já que em alguns casos os sintomas ainda são poucos e
os doentes pensam que o diagnóstico pode estar errado. Esta fase, segundo o
NPF (2014), até pode ser benéfica em alguns casos no sentido de lidar com a
doença, já que as pessoas ignoram os sintomas e tentam viver a sua vida
como anteriormente. No entanto, é preciso ter em atenção que apesar da
negação e do facto de querem levar uma vida como no passado, é muito
importante que o doente comece logo a cumprir o tratamento e a tomar a
medicação. Caso a negação seja extrema como por exemplo, quando o
indivíduo se recusa a tomar a medicação é aconselhado que o paciente receba
apoio psicológico. Na fase seguinte, o Desencorajamento, as pessoas tendem
a procurar a razão para esta doença ter surgido na sua vida, começam à
procura de respostas ao que levou ao aparecimento ou o que causou o
aparecimento da doença. A terceira fase, Conflito de Mudança, representa
aquilo que as pessoas receiam mais, a alteração do papel da pessoa na família
36
e aquilo que passará a representar. Nestes casos e devido as alterações
diárias dos sintomas torna-se, por vezes, confuso o papel que aquela pessoa
pode ou não desempenhar, as mudanças das suas capacidades e o fato de
terem de assumir novas responsabilidades dentro da família podem causar
frustração e um mal-estar emocional. Para lidar melhor com estas mudanças é
aconselhado que a família toda receba aconselhamento para resolver
abertamente alguns conflitos que possam surgir. A quarta fase, Mudança de
Identidade, caracteriza-se pela procura por parte do doente por outros
indivíduos que sejam portadores da doença, já que este percebe que a vida
mudou e começa a pensar na melhor forma de viver com a doença com o
máximo de independência e autonomia. A quinta e última fase pela qual um
paciente passa, Adaptação, representa a aceitação total por parte do doente,
procurando ativamente juntamente com o seu médico, o tratamento que melhor
se adapta ao seu caso.
Tal como foi dito anteriormente nem todos os indivíduos passam por
todas estas fases emocionais, tudo depende de cada um, da sua experiência
de vida, da sua personalidade, do ambiente que o rodeia e das pessoas mais
próximas (NPF, 2014).
Apesar de não existir uma cura para a doença, os sintomas podem ser
controlados através da medicação. Um dos medicamentos mais utilizados
atualmente na primeira fase da doença é a amantadina (Parkadina®). A
amantadina atua promovendo a libertação da dopamina, pelo que este fármaco
só é utilizando quando ainda existirem alguns neurónios a produzirem aquele
neurotransmissor, deixando depois de atuar. Quando o paciente se encontra
numa fase mais avançada da doença utiliza-se outro tipo de medicação, a
levodopa um percursor que é convertido em dopamina a nível cerebral.
Existem outros fármacos que imitam quimicamente a ação da dopamina como
a bromocriptina (Parlodel®), o pergolide (Permax®) ou o ropinirol (Requip®)
que também são administrados quando a doença se encontra numa fase mais
avançada. Por fim há um fármaco que pode ser utilizado na fase inicial da
doença mas não para ajudar a produzir dopamina mas sim para proteger as
37
células que ainda a produzem, este fármaco chama-se selegilina (Jumex®)
(APDP). Apesar de ser uma doença não reversível que se prolonga com a vida,
pode-se melhorar a qualidade de vida dos doentes através da medicação
existindo uma redução dos sintomas em cerca de 75% dos pacientes (APDP,
2014).
Para além da medicação, o exercício parece ser um coadjuvante
importante para o tratamento destes doentes. As recomendações dadas pelo
ACSM (2014) para indivíduos com a doença de Parkinson são as seguintes: 3
dias por semana de exercício aeróbio com intensidade leve a moderada (40%-
60% VO2Reserva), 30 minutos de trabalho continuo ou acumulado (ACSM,
2014). Algumas das atividades mais recomendadas são caminhadas, ciclismo,
natação ou dança (Hackney, 2009). Em 2002, Bergen et al efectuaram um
estudo avaliando a capacidade aeróbia e o tempo de reação dos idosos com
Parkinson e verificaram após 16 semanas de treino aeróbio uma melhoria de
24% da capacidade aeróbia e uma melhoria de 8% no tempo que demoravam
a iniciar o movimento comparativamente ao grupo controlo. No entanto os
mesmos autores referem ser dificíl de perceber o exato benefício do EF nestes
doentes já que existem muitas variáveis constantemente a sofrer alterações
como o tipo de medicamentos e as suas dosagens.
2.6.2. Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de Demência,
constituindo cerca de 60 a 80% de todos os casos (International Alzheimer’s
Association, 2014).
A Demência não é uma doença específica, é um termo utilizado para
descrever um variado número de sintomas como a perda de memória e
capacidade mental que limitam a habilidade de uma pessoa realizar as suas
atividades diárias (IAA, 2014). Caracteriza-se por causar problemas a nível de
comportamento, memória e pensamento (IAA, 2014). A doença provoca a
38
morte de células nervosas e perda de tecido nervoso o que leva a uma
diminuição do cérebro afetando quase todas as suas funções. Este
encolhimento é mais severo no Hipocampo, área do córtex cerebral
responsável pela formação de novas memórias (IAA, 2014). Segundo a
Alzheimer Portugal existem 10 sinais de alerta para um diagnóstico precoce da
doença sendo eles:
- Perda de Memória.
- Dificuldade em planear ou resolver problemas.
- Dificuldade em executar tarefas familiares.
- Perda de noção de tempo e desorientação.
- Dificuldade em perceber imagens visuais e relações especiais.
- Problemas de linguagem.
- Trocar o lugar das coisas.
- Discernimento fraco ou diminuído.
- Afastamento do trabalho e da vida social.
- Alterações de humor e personalidade.
Como se trata de uma doença neurodegenerativa os sintomas vão-se
agravando com o tempo, sendo que aos poucos os doentes vão perdendo a
sua autonomia e independência (AP, 2014).
Segundo a Alzheimer Portugal (AP, 2014) podemos dividir a doença de
Alzheimer em dois tipos, a doença de Alzheimer esporádica e a familiar. A
primeira pode afetar adultos de qualquer idade e é a forma mais comum da
doença, a segunda trata-se de uma transmissão de uma geração para a outra,
39
se um dos progenitores tem o gene mutado cada filho terá 50% de hipóteses
de desenvolver a doença normalmente entre os 40 e os 60 anos.
Os sintomas da doença de Alzheimer vão-se agravando com o tempo à
medida que as células cerebrais vão morrendo e a comunicação entre as
mesmas vai sofrendo alterações. São frequentes numa fase inicial pequenos
lapsos de memória e dificuldades em encontrar as palavras para os objetos do
quotidiano. Com o desenvolvimento da doença o indivíduo passa a ter
dificuldades de memória persistentes e frequentes, especialmente em eventos
recentes; apresenta um discurso vago durante as conversas; perde o
entusiasmo por atividades anteriormente apreciadas; demora mais tempo na
realização de atividades de rotina; é incapaz de compreender questões ou
instruções; sofre uma deterioração das competências sociais e torna-se
imprevisível emocionalmente (AP, 2014). Estes sintomas variam conforme o
doente e as áreas do cérebro afetadas, sendo que os sintomas também
progridem a um ritmo diferente.
Apesar de não existir cura para esta doença, existem tratamentos que
permitem estabilizar a função cognitiva do doente nas fases ligeira e moderada.
Uma pessoa com Alzheimer pode viver entre 3 a 20 anos, sendo que a média
estabelecida é de 7 a 10 anos (AP, 2014). Existem dois tipos de tratamento
farmacológico, o tratamento com colergénicos, e o tratamento com Memantina.
O primeiro tratamento é recomendado a pacientes em que a fase da doença
seja ligeira ou moderada, o segundo tratamento é recomendado para pacientes
em que a fase da doença seja moderadamente grave e grave (AP, 2014).
Para além da medicação o exercício parece ter um papel importante no
retardar a evolução desta doença (ACSM; 2009). Segundo as recomendações
do ACSM (2009) os exercícios propostos a estes indivíduos devem ser de
alguma forma familiares, trabalhando grandes grupos musculares ao mesmo
tempo, sendo que cada sessão deve durar entre 40 a 60 minutos. O principal
objetivo deste tipo de exercícios é o bem-estar do paciente, para que o mesmo
40
fique sempre uma sensação de felicidade e prazer na realização de exercício
físico (ACSM, 2009).
2.6.3. Acidente Vascular Cerebral
É um síndrome que se caracteriza pelo aparecimento rápido de sintomas
ou pela perda localizada de função cerebral, parcial ou global. A prevenção é o
principal fator atuante sobre a doença. O controlo da hipertensão arterial e dos
diabetes, bem como do colesterol e do peso aumentado, a eliminação do
tabagismo e da vida sedentária e o combate contínuo ao stress são alguns dos
fatores de permitem que o nível de risco deste acontecimento baixe
radicalmente (Camargo, 2010).
O tratamento a seguir a um AVC implica uma mudança radical de alguns
dos hábitos diários, como por exemplo, a mudança nos hábitos alimentares e
estilo de vida ativo (Camargo, 2010).
O exercício físico pode ser de grande importância na prevenção desta
doença já que ajuda a controlar a hipertensão arterial, diabetes e o aumento de
peso, entre outros (Camargo,2010). Nesta situação, as recomendações do
ACSM (2007) são exercícios de natureza aeróbia com intensidade moderada
(40 – 60% do VO2max), durante 30-60 minutos por dia. O treino de força
também pode contribuir, sendo que as recomendações indicam que o treino
deve ser feito entre 1 a 3 vezes por semana com 8-10 exercícios, realizando
entre 8-15 repetições, trabalhando os grandes grupos musculares (ACSM,
2004).
Um estudo realizado em 2011 por Brazzelli et al com o intuito de
perceber qual o resultado de um treino, utilizando passadeira, de alta e
moderada intensidade em pacientes que tinham sofrido um AVC, demonstrou
uma melhoria significativa da capacidade física sendo que no parêmetro “
andar confortavél” os pacientes melhoraram de 0,16m/s para 0,28m/s, e no
parâmetro “andar rápido” os resultados foram ainda mais positivos subindo de
0,16m/s para 0,48m/s.
41
2.6.4. Hipertensão Arterial
A Hipertensão Arterial define-se como o aumento da pressão sanguínea
nos vasos onde é transportado o sangue, isto acontece devido à dificuldade
que o organismo apresenta em eliminar o sódio, que provoca um aumento da
pressão arterial (AHA, 2011). A hereditariedade, o estado emocional da pessoa
e o stress a que a mesma está sujeita também têm uma influência direta neste
problema. Um dos problemas da Hipertensão Arterial é que esta implica que o
coração tenha que trabalhar com mais esforço para bombear o sangue,
registando-se assim uma hipertrofia da parede ventricular esquerda, principal
causa de morte súbita, enfartes do miocárdio e insuficiência cardíaca (AHA,
2011).
Um dos efeitos descritos do exercício em pessoas hipertensas prende-
se com a diminuição da pressão arterial logo após a realização do mesmo
(ACSM, 2004).
O treino aeróbio é o tipo de treino mais eficaz para a diminuição da
pressão arterial ( Mancia et al, 2003). Todavia, apesar do treino de reforço
muscular não ter resultados tão positivos como o primeiro deve ser utilizado
com complemento ( Wallace, 2003).
Para além do exercício é importante a alteração de alguns fatores de
risco, como a diminuição da ingestão de sódio, perda de peso, restrição de
álcool e fumo, e redução do stress, para ajudar no controlo dos valores da
pressão arterial.
Em termo de fármacos, os anti-hipertensivos são frequentemente
usados quando a pressão arterial diastólica é superior a 95 mmHg e não baixa
após o uso de dieta sem sal e/ou a pressão sistólica se encontra em níveis
superiores a 140 mmHg (AHA, 2011).
No caso da Hipertensão, as recomendações em termos de exercício são
as seguintes, trabalho aeróbio moderado preferencialmente todos os dias entre
30-60 minutos de exercício continuo ou intermitente e exercícios de resistência
de força 2 a 3 vezes por semana, entre as 60%-80% de 1-RM, este trabalho
42
deve ser realizado com pelo menos um série de 8-12 repetições por cada
grande grupo muscular. Alguns das atividades recomendadas são a
caminhada, ciclismo e natação (ACSM,2014). Um dos mais evidentes efeitos
colaterais dos anti-hipertensivos que é importante reter durante a prática de
exercício físico é a tontura e consequente queda com possível fratura.
Pacientes com hipertensão não controlada e severa só devem realizar
qualquer tipo de atividade física após serem devidamente analisadas pelo seu
médico e devidamente medicadas (ACSM, 2014). Durante o exercício é
recomendado que as tensões médias sejam sempre inferiores a 220 mmHg da
pressão sistólica e inferior a 105mmHg no que diz respeito a pressão diastólica
(ACSM,2014).
2.6.5. Diabetes Mellitus
Esta doença é caracterizada pela elevada concentração de glucose no
sangue resultado de problemas na segregação de insulina ou incapacidade de
utilização de insulina (ACSM, 2014). Altos níveis de glucose no sangue podem
causar doenças microvasculares ou macrovasculares, bem como neuropatias
(ACSM, 2014). Existem quatro tipo de diabetes que são reconhecidos pela sua
origem etiológica, Tipo 1, Tipo 2, gestacional e outras origens específicas como
defeitos genéticos ou causado por medicamentos. No entanto, a maior parte
dos idosos com diabetes tem diabetes do tipo 2 (90%) seguido por pacientes
com diabetes do tipo 1(5%-10%) (ACSM,2014). De acordo com a American
Diabetes Association (ADA), em 2007, 23,1% da população com 60 ou mais
anos tinha diabetes.
A Diabetes do tipo 1 é normalmente causada pela destruição autoimune
das células do pâncreas produtoras de insulina. As principais características
destes indivíduos são a absoluta deficiência em insulina e uma alta propensão
para a cetoacidose, que pode levar a coma e consequentemente à morte (ADA,
2007).
43
A Diabetes do tipo 2 é caracterizada pela fraca capacidade de controlo
dos níveis de glucose no sangue. Ao contrário das pessoas com diabetes do
tipo 1, as pessoas com diabetes tipo 2 produzem insulina, mas o organismo
não responde eficiente à ação da insulina, a denominada resistência à insulina
(ADA, 2007). Pode também acontecer é que o organismo não está a produzir a
quantidade necessária de insulina relativamente à quantidade de glucose no
sangue (ADA,2007). Os sintomas relativamente a este tipo de Diabetes são os
seguintes: infeções frequentes; feridas que demoram para cicatrizar; alteração
visual; vontade de urinar diversas vezes; fome frequente e sede constante
(ADA,2007). Para o diagnóstico deste tipo de Diabetes são precisos fazer dois
testes de glicémia em jejum, se em ambos os testes os resultados forem
superiores a 126mg/dL então o paciente é diagnosticado com Diabetes do tipo
2.
Os principais fatores de risco para diabetes do tipo 2 são (ACSM,2014):
Idade (+45), obesidade, Histórico familiar de Diabetes tipo 2, Pré-diabetes,
sedentarismo, baixos níveis de Colesterol HDL, Hipertensão e consumo
elevado de álcool. A diabetes conduz a um aumento de risco de hipertensão
arterial ou acidente vascular cerebral entre 2 a 4 vezes (Dishman et al, 2004).
Segundo o INE(2014) a diabetes é responsável por 4,5% das mortes
em Portugal, sendo que na maioria são mulheres.
No que à atividade física diz respeito, os doentes com diabetes estão
aconselhados a deixarem uma vida de sedentarismo e começarem a praticar
algum tipo de exercício. Segundo o ACSM (2014), a frequência com que estas
pessoas devem de participar em programas de EF é idealmente de 5 vezes por
semana, envolvendo treino aeróbio e de resistência muscular. Este último é
recomendado pelo menos duas vezes por semana em dias não consecutivos
(Sigal, 2004). A duração desta atividade deve ser de 150 minutos por semana
de exercício aeróbio moderado com intensidade moderada (60% VO2Max ou
seja 5-6 numa escala de esforço de 0-10) (ACSM,2014).
Em 1990 Kahn et al mostraram através de um estudo sobre o efeito do
exercício em doentes com diabetes, que o exercício aeróbio prolongado
melhora a sensibilidade à insulina no que aos idosos diz respeito. Em 2001
44
Boulé et al, conseguram demonstrar de forma significativa os efeitos benéficos
do exercício aeróbio no controlo da glicemia independentemente da perda de
peso.
No entanto é necessário ter atenção alguns cuidados antes e após a
realização de um treino. As seguintes recomendações foram descritas pelo
ACSM(2014): deve ser feita a monotorização da glucose no sangue antes e
horas depois do treino; o tempo e a duração do treino deve de ter em conta a
necessidade de insulina, os horários de toma e a dosagem; a atividade física
em combinação com agentes hipoglicémicos orais ainda não foi bem estudada
e pouco se sabe sobre as suas interações; os idosos devem de ajustar a
ingestão de carbohidratos e medicamentos antes e depois do exercício tendo
como base os níveis de glucose no sangue e a intensidade do treino, para
prevenir a hipoglicemia associada ao exercício.
2.6.6. Artrite
A artrite é um tipo de doença reumática. Trata-se de um processo de
inflamação das articulações e frequentemente ocorre após um traumatismo. Há
dores durante o movimento com limitações na movimentação e inchaço da
articulação (Instituto Português de Reumatologia, 2014). Ocorre com
frequência nas mãos, nos joelhos, nos quadris e na coluna. A artrite
reumatóide é o tipo mais comum na 3ª. Idade. Atinge preferencialmente
mulheres com mais de 50 anos de idade e tem preferência pelas articulações
das mãos, mas pode atingir o punho, joelho ou ombro. A artrite reumatóide
deformante é uma forma de artrite reumatóide também muito comum, em que
há deformidade das articulações levando à dificuldade da movimentação. Os
principais sintomas da artrite costumam seguir um padrão, apesar dos vários
tipos diferentes que existem da doença, sendo eles (IPR, 2014):
Dor em articulações.
45
Inchaço nas articulações.
Redução na capacidade de mover as articulações.
Vermelhidão da pele ao redor da articulação.
Rigidez, especialmente pela manhã.
Aquecimento ao redor da articulação.
O principal objetivo do tratamento de artrite é diminuir a dor do paciente e evitar
maiores danos no futuro melhorando as funções das articulações.
O tratamento específico vai depender da causa da artrite. Em geral, é
feito por medicamentos, como analgésicos, drogas antirreumáticas, corticoides
e imunossupressores; por fisioterapia, em que são prescritos exercícios que
ajudam a recuperar a função das articulações; e eventualmente por cirurgia
como um último recurso, para reconstruir as articulações afetadas ou substituí-
la por outra (IPR, 2014).
O tipo de exercício que se pode prescrever a idosos com este problema
depende do desenvolvimento da dor, da estabilidade da doença e das
limitações funcionais (IPR, 2014). De um modo geral é recomendado exercício
aeróbio 3 a 5 vezes por semana, complementado com 2-3 vezes por semana
trabalho de resistência muscular, e exercícios de flexibilidade feitos diariamente
já que são os mais importantes no combate à perda de mobilidade e alcance
(IPR, 2014). Apesar de ainda não ter sido encontrada a intensidade ótima, é
recomendado um trabalho de leve a moderada intensidade, isto porque este
tipo de intensidade está associado a um menor risco de lesão ou de aumento
da dor comparando com o trabalho de intensidade mais elevada (ACSM, 2014).
No que diz respeito ao trabalho de reforço muscular e apesar de também ainda
não ter sido determinada a intensidade certa para este trabalho, o processo é o
oposto, isto significa, que o trabalho de intensidade alta tem mostrado mais
melhorias em termos de ganhos funcionais, diminuição da dor e aumento da
força (ACSM, 2014). Não esquecendo que este tipo de trabalho depende da
condição do idoso, para idosos com mais dificuldade a intensidade utilizada
46
deve ser mais reduzida sendo que o número de repetições deve variar entre as
10-15, para uma percentagem de 40%-60% da 1-RM (ACSM, 2014).
Em termos de duração são recomendados 150 minutos por semana de
exercício aeróbio, e para o trabalho de resistência de força o número de séries
e repetições deve ter em consideração os níveis de dor. Algumas da atividades
mais recomendadas são as caminhadas, andar de bicicleta, e nadar. Correr, ou
qualquer outro tipo de exercício que implique uma maior aplicação de força nas
articulações é desaconselhado (ACSM, 2014).
2.6.7. Osteoporose
A osteoporose é uma doença caracterizada pela baixa densidade óssea
e pelas alterações na microarquitetura do osso que o tornam mais sensível a
fraturas (IPR, 2007). O esqueleto está preparado para suportar cargas em
diversas situações e de diversas formas, no entanto um osso osteoporótico
torna-se frágil, quebradiço, incapaz de suportar cargas, mesmo que mínimas.
Algumas medidas recomendadas pelo Instituto de Português de Reumatologia
(IPR, 2007) para a prevenção da osteoporose são a prática de exercício físico,
uma alimentação equilibrada rica em cálcio, passar regularmente algum tempo
ao sol, já que os raios solares asseguram a síntese da Vitamina D, consumo de
álcool moderado e deixar de fumar. O mesmo instituto (IPR, 2007) indica que a
partir dos 40-45 anos a massa óssea vai começando a diminuir de forma
contínua sendo que no caso das mulheres esta queda acontece de forma mais
abrupta e rápida logo após a menopausa.
A osteoporose tem uma maior tendência para surgir em pessoas idosas,
isto porque também a idade é um fator de risco (IPR, 2007). História de fratura,
menopausa precoce (-40anos), Hipogonadismo, Hiperparatiroidismo primário,
propensão para quedas aumentada são outros fatores de risco (IPR, 2007).
47
Assim, a prática de exercício físico é importante para a preservação do
osso e retardar a progressão da doença (ACSM, 2014). Existem dois tipos de
recomendações de exercício físico para pessoas com Osteoporose. A primeira
é dirigida a pessoas que estão em risco de contrair o problema, neste caso é
recomendado pelo ACSM(2014) atividades aeróbias 3 a 5 vezes por semana
com intensidade moderado a vigorosa e 2 ou 3 dias de trabalho de reforço
muscular com intensidade moderada, 60%-80% 1-RM, realizando 8-12
repetições envolvendo grandes grupos musculares. A duração do treino deve
situar-se entre os 30 e os 60 minutos por dia combinando exercícios de força e
aeróbios.
A segunda recomendação dada pelo ACSM (2014) é dirigida a pessoas
que tem Osteoporose, onde o trabalho realizado pretende ajudar a prevenir a
progressão da doença. Neste caso a frequência de exercícios aeróbios e de
resistência são iguais aqueles propostos para pessoas em risco de contrair
este problema, no entanto a intensidade é desde logo alterada, sendo
recomendado um trabalho moderado entre os 40%-60% VO2max para
exercícios aeróbios, para o trabalho de resistência a intensidade também deve
de ser moderada entre 60%-80% 1RM com 8-12 repetições em exercícios
envolvendo grandes grupos musculares. A duração deve ser de 30 a 60
minutos combinando todos os tipos de exercícios. Algumas atividades
propostas são, a caminhada, subir e descer escadas e levantamento de pesos,
sendo que estas atividades devem ser adaptadas a cada idoso dependendo do
desenvolvimento da doença.
48
2.7. Envelhecimento saudável, atividade física e
nutrição
Antes de falarmos em envelhecimento saudável, devemos primeiro
perceber aquilo que consideramos por ter saúde ou ser saudável. A OMS em
1946 definiu saúde da seguinte forma: “ Saúde é um estado completo de bem-
estar físico, mental e social e não só a ausência de doença ou enfermidade”,
esta definição trouxe logo à partida alguns problemas levando à sua
reformulação. Um desses problemas é a ilusão de saúde que esta definição
transmite como se no processo de envelhecimento não fosse normal o
acontecimento ou o aparecimento de doenças. Um segundo problema prende-
se com a expressão “um estado” já que este remete para uma noção de um
exato momento, sendo que quando se fala de envelhecimento e saúde
devemos considerar o avançar do tempo como um fator importante. Para
Leonardo Boff (2001), Saúde não é uma ausência de doenças ou de danos,
mas a força de viver com esses danos que o tempo, invariavelmente, traz; o
mesmo autor explica que Saúde não é um estado nem um ato existencial, mas
uma atitude face a várias situações que podem ser doentias ou sãs.
Podemos então afirmar que um envelhecimento saudável é aquele que
apesar de todas as dificuldades, de todos os obstáculos que o tempo e a vida
invariavelmente colocam a cada um de nós, nos permite ultrapassar os
mesmos e continuar a lutar pelo nosso direito mais fundamental de todos, o
direito à vida. No entanto, a capacidade com que cada um de nós ultrapassa
esses obstáculos depende das decisões que fomos tomando ao longo da
nossa vida, até porque o envelhecimento é um processo continuo, impossível
de parar no tempo, e as nossas decisões diárias vão sempre, moldar a forma
como o processo se desenvolve.
49
2.8. A alimentação no idoso
A nutrição tem um papel fundamental não só nos jovens, nos adultos,
nas crianças, mas também nos idosos.
A obesidade é um problema transversal a todas as idades, sendo que os
idosos são um dos grupos em que este problema se torna mais perigoso, já
que a perda de peso na terceira idade é mais difícil de alcançar podendo por
em risco a densidade mineral óssea e a quantidade de massa magra, daí ser
sempre necessário o acompanhamento médico. Para manter uma composição
corporal saudável, os idosos têm de se adaptar ao seu corpo e ao seu
metabolismo. Com a idade a necessidade de ingerir calorias vai diminuindo, já
que o gasto diário de energia vai diminuindo. Mesmo com a atividade física e
com a necessidade de ingerir mais calorias para compensar aquelas que são
gastas com a atividade, nunca as calorias ingeridas devem ser muito
superiores às gastas, pois caso isso aconteça existe aumento de peso. A
seguinte tabela (tabela 1) tem por base informação recolhida no ACSM (2014)
e refere a quantidade de calorias necessárias por dia para um adulto de
referência com mais de 51 anos, dependendo da atividade que o mesmo tem
diariamente. O ACSM(2014) considera uma pessoa ativa aquela que caminha
diariamente mais de 4,8km a uma velocidade superior a 6km/h.
Tabela 1 – Quantidade média diária recomendada de calorias por género e nível de atividade
No entanto, esta tabela só indica o máximo de calorias por dia não se
referindo aos nutrientes a ingerir, sendo fundamental debruçar-nos sobre três
macronutrientes, hidratos de carbono, lípidos e proteínas, e alguns
micronutrientes mais importantes.
Nível de Atividade Mulher Homem
Sedentário 1,600 2,000
Moderadamente ativo 1,800 2,200-2,400
Ativo 2,000-2,200 2,400-2,800
50
Os Hidratos de carbono, tais como são a massa, o arroz, o pão, a fruta e
alguns vegetais, são importantes porque fornecem energia às células (ACSM,
2014). Um dos subgrupos de hidratos de carbono mais importantes é a fibra na
medida em que é essencial para manter um funcionamento saudável dos
intestinos. A ingestão de grandes quantidades de fibra tem vindo a ser
associada a menor quantidade de incidentes de cancro do colon e níveis mais
baixos de colesterol (Gallaher, 2001). Para além disso, a fibra provoca um
efeito de satisfação em termos de ingestão de alimentos (Gallaher, 2001).
Os Lípidos são também muito importantes quando ingeridos na
quantidade certa, isto porque os lípidos não só dão sabor e textura mas
também transportam vitaminas solúveis em gordura, e atuam como “blocos de
construção” para muitas hormonas. Mesmo com o avançar da idade, onde o
corpo deixa de ser capaz de absorver as gorduras tão eficazmente, uma dieta
saudável e equilibrada envolvendo as gorduras necessárias para o normal
funcionamento do corpo é importante, sendo as mesmas absorvidas (ACSM,
2014). Todavia, devido ao facto de os idosos precisarem de menos calorias, o
consumo de lípidos deve de ser reduzido (Russell, 1999).
As Proteínas são os macronutrientes chave para a construção de massa
muscular e manutenção da mesma (Halpern et al, 2008). Tal como acontece
com os outros macronutrientes com a idade existe uma menor capacidade de
absorção (Halpern et al, 2008). No entanto, a quantidade de proteínas a ingerir
não parece ter de sofrer nenhum aumento ou redução daquilo que são as
normas para o resto da população. Todavia, no caso dos idosos, o que se
recomenda é que as proteínas ingeridas sejam preferencialmente obtidas pela
ingestão de peixe, carne branca, leite e soja (Russell, 1999).
Falando agora em micronutrientes, a vitamina B e os folatos são
micronutrientes extremamente importantes para o normal funcionamento
metabólico e atividade enzimática (McCormick, 2001). Devido a sua
importância pessoas com mais de 50 anos são aconselhadas a aumentar o seu
consumo, através de uma dieta equilibrada ou de suplementação (Institute of
Medicine, 1998).
51
A falta de um tipo de vitamina é também prejudicial em termos de saúde
do idoso. Por exemplo, a falta de vitamina B, a vitamina B12, pode levar a que
as pessoas adquiram uma anemia e assim grandes índices de fadiga. É
recomendado que adultos acima dos 50 anos ingiram muitos alimentos
fortificados com vitamina B12, ou então que tomem suplementos adequados
(ACSM, 2014). Na Terceira Idade, o Cálcio e a Vitamina D são mais dois
nutrientes importantíssimos para a manutenção da densidade mineral óssea e
para o normal funcionamento hormonal. Apesar de benéfico, o consumo de
cálcio e Vitamina D deve se equilibrado já que o excesso de cálcio no
organismo pode provocar a pedras nos rins (Institute of Medicine, 2011). O
recomendado pelo Institute of Medicine (2011) é que uma mulher acima de 50
anos e um homem acima dos 70 devem de ingerir cerca de 1,200 mg de cálcio
diariamente. Em relação à vitamina D, o mesmo instituto indica que entre os 50
e os 70 anos os indivíduos devem ingerir no mínimo 600 IU (Unidade
Internacional), dos 70 anos em diante deve ser aumentado o seu consumo
para 800 IU.
2.9. Atividade física e exercício físico no idoso
A atividade física regular e o exercício físico têm sido descritos como
fatores que ajudam a que o processo degenerativo associado ao
envelhecimento possa ser atenuado, prevenindo e controlando igualmente
algumas doenças, tal como anteriormente exposto (ACMS, 2014).
Já em 1996, a Organização Mundial de Saúde propôs um esquema que
pode ser utilizado para categorizar os benefícios da atividade física em geral e
do exercício em particular em idosos, em benefícios pessoais e os benefícios
de promoção de estilos de vida fisicamente ativos entre os idosos. A primeira
categoria divide-se em três áreas, benefícios fisiológicos, benefícios
psicológicos e benefícios socias. No que diz respeito aos benefícios
fisiológicos, a OMS (1996) defende como benefícios imediatos: a regulação dos
níveis de glucose no sangue; a estimulação dos níveis de adrenalina e
52
noradrenalina; melhoria da qualidade e a quantidade do sono e como
benefícios a longo prazo: a melhoria substancial de quase todos os aspetos
funcionais (nível cardiovascular, força, flexibilidade, equilíbrio e coordenação)
permitindo aos idosos manter a sua independência; e diminuir a probabilidade
de quedas. Mas estes não são os únicos benefícios físicos que o exercício
físico produz, segundo Farinatti (2008), alguns outros benefícios são: melhor
manutenção da massa óssea e prevenção de osteoporose; controlo da
obesidade e composição corporal; menor risco de doenças cardiovasculares,
respiratórias e metabólicas; melhor controlo da pressão sanguínea e
manutenção das habilidades motoras. Em relação aos benefícios psicológicos,
a OMS afirma que os benefícios imediatos são: a promoção de um
relaxamento; redução do stress e ansiedade; alterações positivas de humor.
Como benefícios a longo prazo a OMS aponta: um aumento do sentimento de
bem-estar geral; uma melhoria da saúde mental e dos processos cognitivos;
melhoria do controlo motor e da sua performance; aprendizagem de novas
capacidades, e aperfeiçoamento das existentes. A última área refere-se aos
benefícios socias, que no imediato são: aumento da atividade do idoso no que
diz respeito ao seu papel na sociedade; desenvolvimento de interações sociais
e interculturais. A longo prazo os benefícios são a formação de novas
amizades; contacto com outras gerações; manutenção do seu papel na
sociedade e aquisição de novos papéis positivos na sociedade (OMS, 1996).
Assim sendo e face aos inúmeros benefícios, o ACSM recomenda nas
suas “guidelines” que todos os idosos devam participar em programas de
exercício físico regularmente, acrescentando que a sociedade tem a
responsabilidade de apoiar e divulgar essas práticas sempre que possível
(ACMS, 2014).
No entanto é preciso diferenciar atividade física de exercício físico sendo
que, apesar de parecer terem o mesmo significado, são duas coisas
completamente diferentes. Quando se fala em atividade física estamos a
referir-nos ao movimento produzido pelos músculos esqueléticos que requer e
resulta em dispêndio energético (ACSM, 2014). Quando falamos em exercício
físico estamos a referir-nos a uma subcategoria da atividade física, que se
53
apresenta como sendo de uma forma organizada, planeada, estruturada e
repetitiva tendo como objetivo a melhoria ou manutenção de uma ou mais
componentes físicas (ACSM, 2009).
No caso dos idosos os níveis de atividade física podem ser aumentados
pelo aumento da atividade física não formal mas igualmente através de um
programa de exercício físico, sendo os programas realizados por profissionais
aptos a ajudar e a desenvolver as capacidades físicas dos idosos, realizados
num ambiente controlado onde a segurança é sempre colocada em primeiro
lugar (ACSM, 2009). Estes programas ajudam também à socialização dos
idosos já que muitas vezes a sua atividade quotidiana é realizada dentro de
casa (ACSM, 2009). O exercício físico tem como objetivo desenvolver todos os
componentes físicos por forma a aumentar os níveis das capacidades como a
coordenação, a força, o equilíbrio e a resistência aeróbia essenciais para o dia-
a-dia do idoso. Regra geral, no quotidiano a população idosa tem tendência
para o sedentarismo e para repetir sempre os mesmos movimentos nas suas
atividades diárias, o que faz com que numa situação que não é habitual no seu
quotidiano os idosos sintam dificuldade em ultrapassar a mesma (ACSM,
2014). Num programa de exercício físico pretende-se não apenas aumentar as
suas capacidades mas igualmente melhorar a noção dos seus limites motores
e das suas capacidades para enfrentar obstáculos que podem surgir no seu
dia-a-dia.
No entanto e apesar dos inúmeros benefícios, o exercício físico
apresenta riscos. Neste sentido, importa conhecer bem as características dos
idosos e prescrever o exercício por forma a potenciar benefícios diminuindo os
seus riscos. Para tal um conjunto de recomendações têm sido descritos para
as boas práticas de exercício com a população idosa (ACSM, 2014).
54
2.10. Prescrição de exercício
A otimização do programa de EF, em particular no que respeita à
população idosa, deve fazer com que o mesmo inclua diferentes capacidades
físicas implicadas no seu dia-a-dia, tais como, a Força, a Resistência Aeróbia,
Flexibilidade e Equilíbrio/ Coordenação (ACSM, 2014). Para além de aumentar
o tempo de prática é importantíssimo reduzir o tempo que um idoso passa à
frente da televisão ou a realizar qualquer outra atividade sedentária no sentido
de melhorar a sua capacidade física e a sua saúde. Longos períodos de
atividades sedentárias estão associados com elevados riscos de doenças
cardíacas e depressão (Owen, 2010). O desuso é também um dos maiores
problemas associados ao sedentarismo, já que a falta de exercício provoca por
exemplo uma perda de massa muscular, resultando na perda de força e
resistência (ACSM, 2014). Em qualquer escalão etário, mas em particular
nestes escalões etários mais velhos onde a curva de involução das
capacidades é mais notória, é importantíssimo quebrar ciclos de sedentarismo
e otimizar todos os movimentos corporais, nomeadamente através de um
programa de exercício físico específico e ajustado para as pessoas idosas.
2.10.1. Avaliação Inicial
Para a realização de um programa de EF adequado a cada um, deve ser
realizada uma avaliação da condição física e clinica da pessoa idosa.. Tal
como referido anteriormente, os idosos não envelhecem todas da mesma
forma e como tal cada qual reage diferentemente a um exercício. Aqui é
importante considerar todos os aspetos degenerativos associados ao
envelhecimento e/ou desuso e patologias associadas (ACSM, 2014). Estes
fazem com que seja importantíssimo a realização de avaliações e de
aconselhamento médico antes da realização de qualquer tipo de exercício
físico para pessoas com mais de 65 anos.
55
Assim e após avaliação, segundo Skinner (2005), alguns cuidados
devem ser tomados em consideração:
- A carga de trabalho inicial deve ser reduzida, e deverão ser
contemplados pequenos aumentos de carga particularmente naqueles com
menos capacidade de trabalho.
- A segurança deve ser sempre a principal preocupação. Por exemplo, o
cicloergómetro é preferível do que a passadeira para aqueles idosos que têm
pouco equilíbrio, pouca coordenação, problemas de visão ou problemas nos
pés. Cuidado com as arritmias provocadas pelo exercício pois são mais
frequentes em idosos do que em qualquer outra faixa etária. Evitar corridas e
desequilíbrios inesperados, já que o perigo de queda é real.
- A toma de medicação prescrita pelo médico é comum e pode
influenciar a resposta hemodinâmica ao exercício. Medicamentos como
antidepressivos e betabloqueadores podem ter efeitos de hipotensão durante a
realização de exercício físico, o que conduz a tonturas, dores musculares,
visão escurecida e náuseas.
- O professor deve, a todo momento, conseguir observar todos os seus
idosos, nunca estando de costas para os mesmos.
- Explicar corretamente e com calma todos os movimentos/ exercícios a
serem realizados.
- Manter todos os idosos hidratados, criando momentos de pausa para
beber água.
- É importante respeitar todas as partes de uma sessão de Exercício
físico, iniciando com aquecimento e terminando com retorno à calma.
2.10.2. Fases de uma sessão de exercício físico (EF)
Nas sessões de EF, é muito importante englobar, o aquecimento e o
retorno-à-calma, por forma a aumentar/diminuir gradualmente o volume e
intensidade do exercício (ACSM,2014). Segundo o ACSM(2014) uma sessão
56
de treino deve ser dividida em três fases: aquecimento, condicionamento ou
parte fundamental, e retorno à calma.
O aquecimento é a fase inicial que deve demorar cerca de 10 minutos
com intensidade progressiva e eficaz para ajudar a diminuir o risco de lesão e a
preparar o organismo para fase seguinte. Serrabona (2004) define o
aquecimento como um conjunto de atividades físicas e psicológicas realizadas
antes da prática principal com o objetivo de caracter preparatório e que tem por
finalidade adaptar o organismo para a atividade posterior. Para o ACSM (2013),
o aquecimento deve estar dividido em três momentos, mobilização articular,
flexibilidade e aumento da temperatura corporal. Para além disso , segundo
ACSM (2013), a fase de aquecimento é um bom momento para aumentar e
trabalhar na socialização entre os indivíduos.
A fase de condicionamento trata-se da fase mais longa e importante do
treino e deve trabalhar exercícios aeróbios, de força, flexibilidade, coordenação
e equilíbrio. Especificações sobre cada um destes exercícios irão ser
apresentadas mais à frente. O objetivo do treino representa aquilo que vai ser
exercitado neste período (Alves, 2012). No caso da população idosa e
atendendo às suas características e fragilidades, o treino multicomponente, isto
é, o treino onde trabalhamos mais do que uma das componentes anteriormente
referidas, têm vindo a ser especialmente recomendado (ACSM, 2014;
Carvalho,2008) já que além de trabalhar mais do que um componente,
proporciona uma aula variada e dinâmica, transmitindo uma maior motivação e
adesão por parte dos idosos. Segundo um estudo realizado por Nouchi (2012),
o treino multicomponente apresenta benefícios na capacidade cognitiva, sendo
mais eficiente e desafiador do que um programa simples. Muitos estudos têm
demonstrado o efeito benéfico do treino multicomponente, um deles foi
realizado por Carvalho (2008). Neste estudo aplicado a mulheres, os resultados
demonstraram que ao fim de 8 meses houve um aumento de força dos
membros superiores na ordem dos 17%, e de 23% nos membros inferiores.
Mas não foi só na força que se observaram melhorias nos resultados, a
flexibilidade tanto superior como inferior também foi incrementada em cerca de
57
14% e 17% respetivamente. A agilidade e equilíbrio dinâmico também
demonstraram melhorias na ordem dos 11%.
No entanto, para sermos capazes de atingir todos os benefícios é
necessário que sejam cumpridas todas as recomendações no que diz respeito
à intensidade, volume, frequência e duração tanto de cada componente como
do treino, como mais à frente apresentamos em cada tipo de trabalho
especifico de cada componente.
O retorno à calma é a última fase do treino, deve durar entre 5 a 10
minutos com exercícios básicos e de baixa intensidade. Deve ser utilizado para
recuperarão do ritmo cardíaco e da pressão arterial, dos índices metabólicos, e
da temperatura corporal até aos seus valores normais. Os alongamentos
permitem diminuir o risco de lesão e ajudam também a recuperação (ACSM,
2014). Segundo Dantas (2003), esta fase deve ser dividida em três momentos:
i) fase de recuperação metabólica, ii) fase de alongamentos e iii) fase de
relaxamento.
Vamos agora então desenvolver cada uma das capacidades
anteriormente referidas e mostrar quais são as recomendações para uma
realização segura mas promotora de evoluções.
2.10.3. Desenvolvimento da Resistência Aeróbia
O treino de resistência aeróbia é segundo Cress et al. (2006) um tipo de
treino que envolve grandes grupos musculares e que deve ser realizado por um
período mínimo de 10 minutos. A resistência aeróbia é a capacidade da função
cardiorrespiratória de fornecer ao sangue oxigénio de forma a que o mesmo o
possa transportar até ás células e ativar os músculos, estes músculos usam o
oxigénio e substratos energéticos durante o esforço físico máximo (Astrand
&Rodahl, 1986). É uma capacidade que é habitualmente medida pelo consumo
máximo de oxigénio, o VO2max (Spirduso et al. 2005).
Segundo Rikli &Jones (2001) a resistência aeróbia é a capacidade mais
importante para o idoso, já que é a que lhe permite maior autonomia. Segundo
58
os mesmos autores o trabalho desta capacidade provoca melhorias no sistema
cardiovascular, cardiorespiratório, músculo-esquelético e diminui o risco de
doenças como a hipertensão e outras cardiovasculares (Rikli&Jones, 2001).
Os principais benefícios do treino aeróbio são a diminuição da
frequência cardíaca de repouso, um aumento do volume cardíaco, aumento do
débito sistólico, aumento do volume sanguíneo e um aumento do total de
hemoglobina presente no sangue (ACSM, 2014).
Para além dos benefícios funcionais , tal como anteriormente abordado,
este tipo de exercícios são recomendados no controlo de alguns tipos de
doenças como a Diabetes tipo II e alguns cancros (Paterson, 2007).
Segundo o ACSM(2014) este tipo de treino deve ser realizado 5 vezes
por semana em caso de exercícios de intensidade moderada, no caso de
exercícios de intensidade vigorosa então a sua frequência já deve baixar para 3
dias. Numa escala subjetiva de esforço (ESE) de intensidade entre 0-10, a
intensidade moderada encontra-se entre o 5-6 e a vigorosa entre o 7-8. Esta
escala mede a perceção dos idosos em relação ao seu esforço, isto é, no final
de cada exercício o idoso caracteriza com um valor de 0-10 o seu nível de
esforço para a realização do mesmo (Nelson, 2007). Em termos de duração, se
o treino for de intensidade moderada deve durar entre 30 a 60 minutos
podendo ser acumulada por períodos de 10 minutos, sendo que no total da
semana deve perfazer 150-300 minutos de atividade física. No caso de ser
uma atividade vigorosa, o treino deve variar entre os 20 e os 30 minutos num
total de 75-100 minutos por semana (ACSM,2014).
Os tipos de exercícios mais recomendados são a caminhada, exercícios
aquáticos e utilização das bicicletas estacionárias.
2.10.4. Desenvolvimento da Força Muscular
A função muscular de um músculo é determinada pela força que este
consegue produzir, quer isométrica quer dinamicamente (Spirduso et al., 2005).
Ao longo do seu processo de envelhecimento os idosos vão perdendo força,
59
estas alterações ocorrem devido a alterações no sistema neuromuscular,
redução das cargas de trabalho, degeneração das células, perda e atrofia de
massa muscular, diminuição do número de fibras e desuso. Para Spirduso el al.
(2005) a força é uma das principais componentes da condição física neste
escalão etário, já que se um idoso possuir níveis aceitáveis de força consegue
realizar grande parte das atividades da sua vida diária. Deste modo, o
ACSM(2014) defende que um programa específico de reforço muscular deve
ser parte integrante nos programas de exercício físico para população idosa. A
manutenção ou aumento dos níveis de força muscular pode contribuir para a
estabilidade articular, diminuição do risco de quedas, melhorar a eficiência da
marcha, melhorar a auto-estima e a imagem corporal (Farinatti,2008).
O treino deve ser progressivo e específico, sendo importante ter
cuidados, por questões de segurança, não apenas com a técnica utilizada na
realização do exercício, mas igualmente com a respiração adequada durante e
depois do exercício (ACSM,2014).
Segundo o ACMS(2014) a frequência do trabalho de força deve de ser
no mínimo de duas vezes por semana. Cada exercício deve ser realizado entre
1-3 séries, a uma intensidade entre 60%-80% da 1RM. A intensidade do
trabalho poderá também ser medida com a escala de perceção de esforço de
Borg sendo que o objetivo é realizar 12 repetições seguidas com uma
intensidade entre o 6 e o 7 ( Moderado a Vigoroso) (ACMS, 2014). Na
variabilidade de treinos de força possíveis, os recomendados são o treino de
resistência muscular, de potência muscular e de hipertrofia muscular
(ACSM,2014). No trabalho com idosos devemos ter em atenção trabalhar
grandes grupos musculares, já que são estes que maioritariamente são
colocados em ação durante o dia-a-dia.
2.10.5. Desenvolvimento do Equilíbrio
O equilíbrio é definido como a capacidade de manter o controlo dos
movimentos do corpo quer seja na tentativa de o manter na mesma posição ou
60
na execução de movimentos controlados (ACSM,2014). Dentro do equilíbrio
temos dois tipos, o equilíbrio dinâmico e o estático, o primeiro é a capacidade
de se mover sem perder o equilíbrio, o segundo é a capacidade de se manter
em equilíbrio sem se mover (Cress et al, 2006). O equilíbrio requer uma boa
capacidade de antecipação e reação de controlo do movimento do corpo
(Rose, 2010).
O equilíbrio e a coordenação devem de ser trabalhados 2 a 3 vezes por
semana como é descrito pelo ACSM (2014). Para esta capacidade a
intensidade não é o fator mais importante, a dificuldade colocada é que implica
uma alteração no comportamento do individuo.
O tipo de trabalho para o desenvolvimento destas capacidade implica
quatro vertentes (ACSM, 2014), i) progressivamente dificultar a postura
reduzindo a base de suporte, ii) movimentos dinâmicos que perturbem o centro
de gravidade, iii) colocar os grupos musculares responsáveis pela postura
sobre stress, iv) reduzir o input sensorial como por exemplo realizar exercícios
com os olhos fechados. Promover exercícios de equilíbrio em pé, reduzindo
gradualmente a base de apoio, parece ser uma boa forma de ir melhorando o
equilíbrio estático (Powers, 2008). O equilíbrio dinâmico pode ser melhorado
através de uma caminhada variando a base de apoio ou caminhando através
de uma linha reta (Powers, 2008)
É importante ter o cuidado de realizar exercícios seguros onde o
participante se possa monitorizar, sendo que em todos os momentos o
participante deve ter noção dos seus limites (ACSM, 2014).
Apesar do trabalho de força e de resistência muscular trazer alguns
benefícios para o equilíbrio, o trabalho específico de equilíbrio é fundamental
para a melhoria substancial desta capacidade nos idosos (ACSM, 2014), já que
o trabalho destas capacidades em conjunto diminui o risco de queda (ACSM,
2014).
61
2.10.6. Desenvolvimento da Flexibilidade
A flexibilidade é a amplitude máxima de uma articulação, ou grupo de
articulações, com que é possível realizar um movimento num dado plano em
função de um determinado eixo (Spirduso et al, 2005). Com o envelhecimento
esta capacidade vai-se deteriorando sendo importante que os idosos realizem
exercícios de forma a que não haja uma perda tão acentuada, e que em alguns
casos até possam recuperar alguma amplitude de movimento. A diminuição da
flexibilidade está associada a diminuição do risco de quedas e do risco de
lesões (ACSM,2014). Esta diminuição faz com que as articulações de tornem
mais rijas e percam a sua plasticidade, o que faz com que atividades básicas
diárias se tornem mais complicadas como o vestir ou calçar.
A flexibilidade é uma das capacidades que mais depressa se vai
perdendo com o tempo (Farinatti, 2008). Segundo Farinatti (2008), este declínio
acontece porque os ligamentos, os tendões e os tecidos que envolvem as
articulações vão ficando mais rijos e perdem a sua plasticidade. A
consequência é uma diminuição da amplitude dos movimentos, um
encurtamento dos músculos, e o aumento da probabilidade de ocorrência de
lesão nessas articulações, nos músculos ou nos tendões envolventes
(Machado, 2008).
Em termos de trabalho de flexibilidade, a forma de trabalho mais
recomendada para a terceira idade é o alongamento estático. O trabalho de
flexibilidade deve durar cerca de 10 minutos num mínimo de duas vezes por
semana (ACMS 2014). A intensidade deste tipo de trabalho deve situar-se
entre o 5 e o 6 (Moderado) na escala de intensidade de Borg (0-10) e a
duração do movimento entre 10 a 60 segundos sendo que devemos repetir o
movimento pelo menos quatro vezes (ACMS 2014). A amplitude do movimento
articular realizado deve ser confortável, sendo que a progressão deve ser lenta
para assim diminuir o risco de lesões (Jones&Rose, 2004).
O trabalho de flexibilidade visa facilitar a realização das atividades
diárias de um idoso, como tomar banho ou vestir e despir a roupa.
62
2.10.7. Desenvolvimento da Coordenação
A coordenação motora é a capacidade de conjugar pequenos e grandes
grupos musculares, com o objetivo de realizar determinada tarefa, procurando
sempre realizar a mesma o mais acertadamente possível e com o mínimo
dispêndio energético (Spirduso, 1995).
A coordenação deve ser trabalhada com vista aos padrões de
movimentos diários. Dos vários tipos de coordenação, a óculo-manual é a mais
importante no dia-a-dia dos idosos, pois as suas funções são as mais afetadas
pelo processo de envelhecimento, a visão deteriora, e a firmeza das mãos e
das pernas diminui (ACSM, 2014). Desta forma, tarefas diárias básicas como
apertar os cordões, escrever, cortar com uma faca, marcar um número de
telefone tornam-se cada vez mais difíceis sendo necessário um trabalho
específico de coordenação para ajudar a ultrapassar estes obstáculos.
Devendo-se optar por exercícios que coordenem braços e pernas,
muitas vezes em separado, mão com mão, mas também mão com pés para
ajudar nos movimentos realizados nas ações do dia-a-dia (ACSM, 2014). Este
tipo de trabalho deve ser realizado com uma intensidade reduzida já que se
trata de uma capacidade que requer concentração e calma para ser
corretamente trabalhada (Okuma, 2003). Para Okuma (2003) é fundamental
que os exercícios propostos obriguem a um deslocamento dos indivíduos em
detrimento de exercícios em que o único deslocamento é do material, para o
mesmo os exercícios devem de ser pouco complexos já que o importante é
fazer bem.
2.10.8. Princípios do Treino
Sobrecarga, Regularidade, Específicidade, Progressão e Reversibilidade
são, segundo o ACSM (2014) os principais príncipios de treino que devemos
seguir de forma a termos uma maior eficácia na realização do nosso
planeamento.
63
O primeiro príncípio, Sobrecarga, explica que para obtermos melhorias a
carga do exercício deve ser superior aquela que os nossos músculos estão
habituados (ACSM,2014), só desta forma conseguimos alterar a resposta
muscular fazendo com que os mesmos se adaptem. Devemos por isso variar
não só a carga mas também o número de séries e repetições (ACSM,2014).
O segundo princípio a Regularidade, tal como o nome indica defende
que o exercício deve ser realizado regularmente de forma a serem alcançadas
as melhorias que se procuram, no entanto, no caso do treino de força é
necessário um descanso de 48h entre os treinos que envolvam os mesmos
grupos musculares (ACSM,2014).
O terceiro princípio diz respeito à Específicidade, defendendo que a
especificidade é relativa às alterações musculares provocadas por um treino
que visa um grupo muscular específico e um tipo de treino específico
dependendo dos objetivos traçados (ACSM, 2014).
O quarto princípio é o da Progressão, este é relativo ao planeamento
que deve ser realizado antes do ínicio de um programa de treino. Este princípio
pressupõe uma evolução ao longo do tempo, de forma a criar as adptações
necessárias ao aumento da carga, séries e repetições, e assim evitar lesões
(ACSM,2014).
O quinto e último princípio é o da Reversibilidade, este indica que uma
paragem na prática de exercício físico faz com que o organismo volte ao seu
estado inicial, isto é, ao estado que anteriormente à prática de exercício físico
apresentava (ACSM,2014). Desta forma é imperativo que os sujeitos nunca
abandonem o seu programa de treino.
64
3. Estágio
65
O estágio curricular do qual fiz parte está inserido no âmbito do 2º Ciclo
de Estudos em Atividade Física para a Terceira Idade da Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto. A revisão literária feita anteriormente
produziu as bases do estágio a nível teórico, sendo que ao longo do ano foram
as suas fundamentações teóricas encontradas que me apoiaram na tomada de
decisões. O meu estágio foi desenvolvido na Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto (FADEUP) e no Centro Social da Areosa.
Em seguida encontra-se a descrição do trabalho realizado ao longo do
ano em cada uma das turmas e os resultados obtidos. Começo em cada uma
por dar a conhecer a localização das aulas e os materiais utilizados. De
seguida faço a caracterização das turmas, analiso os resultados iniciais, e
apresento os planeamentos anuais com as respetivas justificações. No final
está a apresentação dos resultados finais e as conlusões/reflexões finais.
66
3.1. Caracterização do espaço e do material do centro
de dia da Areosa.
O Centro Social da Paróquia da Areosa surgiu em 1982, tendo sido
fundado pelo pároco José Maia. O objetivo deste centro era e é dar apoio
social a todas as pessoas carenciadas. O centro tem vindo a crescer ao longo
do tempo não só a nível de utentes mas também de funcionários. Neste
momento tem diariamente quase uma centena de pessoas a utilizar as suas
instalações, tanto por questões sociais, como por questões económicas. Dá
apoio a uma casa comunitária que se situa muito perto do mesmo e onde
muitos idosos vivem, sendo que desse modo não vivem sozinhos. Devo ainda
acrescentar o serviço domiciliário que o mesmo dispõem, onde os seus
funcionários se deslocam a casa dos idosos levando refeições e ajudando os
mesmos com as suas tarefas diárias de vestir, tomar banho, etc.
É um centro muito ativo com festas, animação e muitas atividades, neste
momento está a preparar uma expanção para ocupar um antigo e abandonado
infantário. Após a conclusão das obras, o mesmo ficará com muito mais espaço
ao ar livre e com dois edificíos de apoio que vão permitir uma maior facilidade
de acesso no transporte e na deslocação dos idosos. Serão nestes edíficios de
apoio que os mesmos irão conviver, e onde as atividades e festas se irão
realizar. Atualmente existe um edifício com dois pisos, sendo que o piso
superior não é utilizado pelos idosos, já que os mesmos não têm uma forma
simples e segura de o aceder. O piso inferior é onde se encontra a cozinha, a
lavandaria, a sala de refeições/ convívio, o gabinete de enfermagem, o
gabinete da diretora e também as casas de banho. As nossas aulas serão
lecionadas no piso inferior na sala de convívio/refeição, sendo que apesar de
não ser um espaço muito amplo, é o suficiente para uma realização segura e
cuidadosa das aulas. Após a conclusão das obras, as aulas passarão a ser
lecionadas num dos edifícios renovados, onde iremos ter mais espaço, melhor
iluminação e uma oportunidade de haver uma maior interação ao ar livre
durante as aulas.
67
Centro de dia Areosa - 21 alunos
5%
95%
Homens Mulheres
Esta instituição não tem muitos materiais que possam ser utilizados
durante as aulas, apresentando apenas dois kits de boccia, alguns arcos,
cones, garrafas de água com areia e uma aparelhagem. No ínicio do ano foi
proposto à mesma instituição a compra de alguns materiais como elásticos,
bolas e mais alguns cones, mas devido à falta de fundos tal não foi possível.
Caracterização da Turma do Centro de Dia da Areosa.
Esta caracterização é feita através da realização de um inquérito
formulado por mim, e da bateria de testes Rikli&Jones (1999). O inquérito teve
como objetivo conhecer melhor os idosos em questão, quer em termos de
história pessoal quer dos seus problemas de saúde e outras dificuldades que
enfrentam no seu dia-a-dia. As respostas ao mesmo permitiram perceber os
cuidados a ter na realização das aulas e na sua planificação. A bateria de
testes Rikli&Jones (1999) será utilizada para avaliar a condição física dos
idosos que vão fazer parte da turma, de forma a perceber quais as
capacidades que necessitam de maior atenção e trabalho, e de que forma
programar a evolução dos exercícios em termos de intensidade, volume e
repetições ao logo do tempo.
3.1.1. Género e Idade
Gráfico 1 - Distribuição (%) por Género dos alunos da turma do Centro de dia Da Areosa
68
Habilitações Literárias
3
2
3 3
5
1
4
Iletrado 1ºclasse 2ºclasse 3ºclasse 4ºclasse 5º ano Não sabe
No centro de dia da Areosa a turma é composta por vinte e um alunos, dos
quais 20 do sexo Feminino e apenas um do sexo Masculino (gráfico 1).
A média etária dos indivíduos é de 82,18 anos, sendo com idades
compreendidas entre os 64 e os 93 anos. Mais de metade dos indivíduos (12) tem já
mais de 80 anos.
3.1.2. Habilitações Literárias
No que diz respeito às habilitações literárias, nenhum dos idosos em questão
frequentou mais do que o antigo 5º ano, sendo que só um concluiu o 5º ano. Muitos
admitiram que deixar de estudar não foi uma decisão própria mas sim uma
consequência dos momentos que viviam na altura, outros nem chegaram a aprender a
ler nem escrever porque foram logo trabalhar para ajudar a família a sobreviver.
Quatros dos indivíduos já não se lembravam até quando tinham ficado na escola e que
classe é que concluiram por último, no entanto estes sabem ler e escrever portanto
pelo menos a primeira ou a segunda classe deverão possivelmente ter concluída. O
seguinte gráfico mostra o nível das habilitações literárias dos indivíduos :
Gráfico 2 – Habilitações Literárias dos alunos do Centro de dia da Areosa
69
Com quem vive?
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Marido/esposa Filhos Familiares Lar/Casa
comunitária
Sozinho Outro
Segundo o INE em 2001, 92% da população idosa não tinha mais do
que o antigo secundário e destes 55,1% não tiveram qualquer tipo de instrução.
O que demonstra o baixo nível de instrução da população idosa em Portugal.
3.1.3. Agregado Familiar
Muitos dos indivíduos que estão diariamente no centro de dia da Areosa
vivem sozinhos, isto porque o centro de dia oferece um serviço, onde os
funcionários se deslocam até às suas casas e os ajudam nas suas tarefas
domésticas como tomar banho e vestir. Deixam também em casa de cada um,
mesmo ao fim-de-semana, comida feita na cantina do centro de dia para
assegurar a alimentação dos indivíduos. O segundo maior grupo vive ou num
lar ou numa casa comunitária dependendo igualmente do apoio do centro de
dia da Areosa. De todos os indivíduos só existe um casal, o restante são
pessoas viúvas, existindo dois casos em que os indivíduos são solteiros. O
gráfico seguinte demonstra o local onde os indivíduos que fazem parte desta
turma vivem e com quem vivem.
Gráfico 3- Com quem vivem os idosos do Centro de Dia da Areosa
Através deste gráfico podemos perceber que a percentagem de idosos
que vivem sozinhos é muito alta (38%). O que está acima da média da Região
Norte calculada pelo INE(2011) que é de 17%. Segundo o INE (2011) a zona
70
Patologias Neurológicas
7
2
1 1 1
Demência Alzheimer Depressão Deficiência
Intlectual
Parkinson
Norte é onde se encontra um terço da população idosa portuguesa, sendo no
entanto uma das zonas com a mais baixa taxa de idosos a viver sozinhos.
3.1.4. Estado de saúde
O estado de saúde dos alunos do Centro de dia da Areosa é em muitos
casos bastante problemático. Todos responderam que sofriam de alguma
patologia, sendo que apenas uma senhora afirmou que não sofria de nenhuma
patologia. Todavia, mais tarde após analisar o boletim médico da mesma e de
conversar com os funcionários do Centro de Dia fiquei a saber que a mesma
sofria de demência. Todos tomam algum tipo de medicação sendo que a
maioria é para casos como hipertensão, diabetes e para dormir. O mais
preocupante é o número de indivíduos com doenças neurológicas:
Gráfico 4 – Número de Individuos com Patologias Neurológicas
São no total 12 indivíduos que sofrem de um tipo de doença neurológica,
sendo que em alguns casos a doença já está num estado avançado onde o
indivíduo já cria uma realidade própria.
71
Sente dificuldades em dormir?
Sim
67% (14)
Não
33% (7)
Sofreu alguma queda no último ano?
Sim
47%
Não
43%
Não sabe
10%
Existem também outro tipo de patologias que estão presentes em muitos
casos como por exemplo, problemas auditivos, problemas articulares,
problemas de visão, hipertensão, diabetes e dificuldades em dormir. A
dificuldade em dormir é um problema que afeta desde cedo muitos idosos, no
entanto muitos respondem que não têm dificuldades já que tomam medicação
para dormir. Se tirarmos a medicação mais de metade dos idosos responde
que tem dificuldades, tal como o seguinte gráfico demonstra:
Gráfico 5 – Percentagem de Idosos que sentem dificuldade a dormir sem o uso da medicação.
Outro problema que diz respeito ao estado de saúde dos idosos do Centro de
Dia da Areosa, e em todos em geral, são as quedas :
Gráfico 6 – Percentagem de idosos que sofreu alguma queda no último ano.
72
Quantidade de Água ingerida por dia
0
13
6
01 1
Nenhuma 0,5L 1L 1,5L 2L mais de 2L
Quase metade dos indivíduos assume que sofreu uma ou mais quedas
no último ano, existindo ainda muitos alunos que dizem que não se lembram se
cairam.
A hidratação é um dos factores a ter mais em atenção no que diz respito
à saúde dos idosos, e por isso, não podia deixar de inquirir os indivíduos
acerca da quantidade de água que ingeriam por dia. Muitos responderam
através do número de copos, outros através do volume das garrafas, pelo que
decidi dividir o gráfico em seis grupos como é possivél observar no gráfico 7:
Gráfico 7 – Quantidade de água ingerida por dia
Segundo o Institudo da Hidratação e Saúde (IHS, 2010) o recomendado
para a população idosa seria a ingestão de 1,9 L de água por dia. Analisando o
gráfico é possível perceber que só um dos 21 alunos consegue cumprir com as
recomendações, e a esmagadora maioria não ingere metade daquilo que é
recomendado, o que torna imperativo uma mudança de atitude pelo bem da
saúde destes indivíduos.
3.1.5. Bateria de testes Rikli&Jones(1999)
Esta bateria de testes tem como objetivo perceber como se encontra um
determinado indivíduo com mais de 65 anos em termos de capacidade física e
73
funcional. A bateria de testes é dividida em 7 testes: Estatura e Peso (IMC),
Levantar e sentar da cadeira; Flexão do antebraço; Sentado e Alcançar;;
Alcançar atrás das costas; Sentado, caminhar 2,44m, voltar e sentar; e por fim
Step durante dois minutos. No caso do centro de dia da Areosa este último
teste de dois minutos de step veio substituir a caminhada de 6 minutos, na
medida em que não apenas o espaço do centro de dia não permitia a correta
realização do teste, mas também porque a maior parte dos idosos não
conseguia andar tanto tempo sem recorrer a ajuda. Mesmo assim quatro dos
vinte e um alunos não conseguiram realizar os testes que implicavam manter-
se na situação de pé , já que dois dos mesmos se encontram em cadeiras de
rodas, e os outros dois só se conseguem levantar com ajuda. Aqueles que
necessitam de cadeira de rodas também não foi possível realizar uma
pesagem já que o material existente também não permitia uma outra pesagem
mesmo com a cadeira de rodas, nestes casos a estatura foi medida da única
forma possível, recorrendo à medição de cada parte do corpo, membros
inferiores, tronco, e cabeça. Da avaliação inicial realizada obtiveram-se os
seguintes resultados:
Parâmetros N Mínimo Máximo Média Desvio – Padrão
Idade 21 64 93 82,18 7,88
Altura/Estatura(cm) 21 142 183 151,38 8,35
Peso (kg) 19 46 82 60,87 10,97
Índice de Massa corporal
(kg/m2)
19 19,65 38,19 26,49 4,77
Levantar e Sentar (reps) 19 0,00 16 7,05 4,87
Flexão do Antebraço (reps.) 21 0,00 17 8,04 5,91
Sentado e Alcançar (cm) 21 -51,00 0,00 28,38 17,49
Sentado, caminhar (2,44m) e
sentar (s)
14 7,45 27,87 13,73 4,71
Alcançar Atrás das costas
(cm)
21 -60 -12 40,62 14,07
2 minutos step (reps.) 14 0 110 41,26 35,76
Tabela 2- Estatística descritiva da avaliação inicial dos alunos do Centro de dia da Areosa.
74
Os resultados obtidos neste primeiro teste demonstram que a turma se
encontra em termos gerais abaixo daquilo que são os valores normativos. No
que diz respeito ao IMC, a turma demonstra estar com uma média acima do
recomendado o que reflete também a realidade nacional, já que 51% dos
idosos entre os 65-74 anos têm excesso de peso e 24,1% são mesmo
considerados obesos (ONAFD, 2011). Os mesmos testes demonstram que a
flexibilidade e a força dos membros inferiores são os maiores problemas, sendo
que os restantes valores médios estão mais próximos do que seria esperado
estando, no entanto, abaixo do recomendado.
A tabela seguinte mostra a descrição individual dos resultados obtidos
por cada um dos alunos em questão. Através da comparação dos resultados
iniciais da turma do centro de dia com os resultados da bateria de testes
validados para a população portuguesa (Marques et al, 2013), dividimos os
idosos em três grupos distintos em função da idade dos mesmos: 65 -74 anos,
75 e os 84 anos e mais de 85 anos. Assim é possível identificar as maiores
fragilidades/dificuldades dos idosos e em que capacidades temos de ter um
trabalho mais frequente. A tabela dos resultados iniciais é a seguinte:
75
Sujeitos Idade Estatura e Peso (cm – kg) IMC Levantar e sentar (reps)
Flexão do antebraço
(reps)
Sentado e Alcançar
(cm)
Sentado Caminhar voltar e sentar(s)
Atrás das costas (cm)
Step 2 minutos
(reps)
Grupo 1 (65-74)
64 152 56 24,23 5 10 -27 16.35 -43 43
64 183 82 24,49 9 17 0 11.87 -28 110
Médias 64 167 69 24,37 7 13 -13 14,11 35 76
Grupo 2 (75-84)
76 151 (Cr) (Cr) (Cr) 5 -51 (Cr) -53 (Cr)
77 145 80.3 38,19 16 15 -40 15.37 -60 39
78 153 46 19,65 15 14 -23 7.45 -12 56
78 152 58 25,1 15 13 -3 9.18 -32 100
79 147 62 29,89 0 1 -47 (Nc) -57 0
79 148 55 25,11 7 14 -13 15.75 -39 50
80 155 90 37,46 3 7 -27 (Nc) -59 12
81 160 59 23,05 7 12 -4 12.50 -24 77
83 150 67 29,78 8 4 -17 19.23 -37 37
84 155 53 22,06 10 13 -15 16.68 -34 100
84 144 46 22,18 0 6 -32 (Nc) -26 0
Médias 80 151 61 32,74 8,1 9 -24 12,02 -39 47
Grupo 3 (85+)
87 156 60 24,65 0 0 -51 (Nc) -56 0
87 154 55 23,19 4 2 -27 27.87 -31 40
88 144 (Cr) (Cr) (Cr) 1 -50 (Cr) -60 (Cr)
88 147 59 27,3 15 4 -33 12.32 -39 39
90 149 63 28,38 0 0 -50 (Nc) -51 0
91 148 59 26,94 0 2 -50 (Nc) -52 0
91 146 53 24,86 11 15 -5 10.45 -25 47
93 142 54 26,78 9 14 -31 17.2 -35 34
Médias 89 148 57 26,01 5 5 -37 16,96 44 23
Tabela 3 – Resultados obtidos para avaliação inicial utilizando a bateria de testes Rikli&Jones(2001) Azul escuro – Aluno do sexo masculino.
Legenda: Nc – Não consegue; Cr – Cadeira de Rodas
Percentil Cor Significado
‹P25 Muito baixo desempenho
P25‹P50 Desempenho baixo
P50 Desempenho normal
P50‹P75 Bom desempenho
›P75 Excelente desempenho
Comparando então agora os resultados dos testes com os resultados
sugeridos por Marques et al. (2013), e aproveitando os gráficos
disponibilizados pelo IDP(2011) conseguimos perceber exactamente como se
encontra cada um dos indivíduos em cada teste.
76
3.1.5.1. IMC
Classificação IMC(kg/m2)
Principais pontos de referência Pontos de referência intermédios
Baixo Peso <18.50 <18.50
Magressa severa <16.00 <16.00
Magressa Moderada 16.00 - 16.99 16.00 - 16.99
Ligereiramente Magra 17.00 - 18.49 17.00 - 18.49
Normal 18.50 - 24.99 18.50 - 22.99
23.00 - 24.99
Excesso de Peso ≥25.00 ≥25.00
Pré-Obeso 25.00 - 29.99 25.00 - 27.49
27.50 - 29.99
Obeso ≥30.00 ≥30.00
Obesso classe I 30.00 - 34.99 30.00 - 32.49
32.50 - 34.99
Obesso classe II 35.00 - 39.99 35.00 - 37.49
37.50 - 39.99
Obesso classe III ≥40.00 ≥40.00
Tabela 4 – Valores de referência do Índice de Massa Corporal ( WHO, 2004).
Através da tabela 4 confrontando com os valores da WHO (2004),
podemos verificar que apenas 2 idosos (um homem e uma mulher) apresentam
um valor de IMC normal, sendo que estes idosos pertencem ao Grupo 1. No
Grupo 2 podemos afirmar que seis alunos estão acima dos valores normais,
sendo quatro considerados pré-obesos e dois obesos de nível dois. As
restantes pessoas que fazem parte do segundo grupo têm valores dentro do
esperado. No Grupo 3, último grupo, são cinco os alunos com excesso de
peso, sendo que se encontram os cinco na classe de pré-obesidade.
Estes resultados demonstram que metade da turma tem valores de
índice de massa corporal demasiados elevados, e que o cuidado na
alimentação e a prática de exercício físico são essenciais para conseguir baixar
estes valores. No entanto, são resultados que demonstram a realidade
existente em Portugal onde 51% dos idosos tem excesso de peso (ONAFD,
2011).
77
3.1.5.2. Levantar e sentar
A tabela seguinte mostra os resultados de referência para este teste,
dividindo os indivíduos por género e idades dando sempre os valores esperados em
cada um dos respectivos percentis.
Tabela 5 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Levantar e sentar”. IDP(2011)
Neste teste os indivíduos apresentam uma média de 7,05, repetições
sendo que o único homem realizou 9 vezes. Dos dois alunos com menos de 74
anos, um do sexo feminino e o outro do masculino, ambos se encontram no
P‹25 o que demonstra um mau desempenho. Dos alunos com idades
compreendidas entre os 75 e os 84, 4 encontram-se no P‹25, dos restantes,
um está no P50 enquanto que os outros três indivíduos tiveram excelentes
desempenhos e estão no P›75. Os alunos com idades superiores a 85 estão
melhores já que dos 4 que realizaram este teste, 1 está no P›75 e o outro está
entre o P50 e o P75, sendo que só um está no P‹25. Há que salientar ainda
que 7 dos alunos não conseguiram realizar nenhuma vez o exercício sendo
que fica bem demonstrado a baixa capacidade física dos mesmos e as
dificuldades de movimentação que possuem.
No que diz respeito ao geral da turma e comparando com os resultados
que a literatura nos indica é possível afirmar que a turma no geral teve um
desempenho baixo relativamente ao que é indicado pelo IDP (2011).
78
3.1.5.3. Flexão do antebraço
Tabela 6– Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Flexão do antebraço” IDP(2011) Neste teste a média geral da turma foi de 8,04 repetições, sendo que o
único aluno do sexo masculino fez 17 repetições. O grupo de idosos com 64
mostrou que está com as capacidades muito reduzidas já em ambos os casos
ficaram no P‹25. No que diz respeito ao grupo entre os 75 e os 84 dos onze
alunos, cinco estão no P‹25, sendo que dos outros seis nenhum atinge o P›75.
No terceiro grupo dois alunos tiveram um desempenho excelente, enquanto os
restantes tiveram resultados muito abaixo do que seria expectável.
Olhando para os dados que o IDP (2011) nos fornece é fácil observar
que o desempenho da turma é muito inferior aos resultados minímos
espectáveis.
3.1.5.4. Sentado e alcançar
Tabela 7 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Sentado e alcançar” IDP(2011) A média da turma neste teste de flexibilidade foi de -28.38cm, o que
demonstra um afastamento enorme daquilo que seria o esperado. O aluno do
79
sexo masculino conseguiu atingir o P50 graças a um resultado de 0,0. No
grupo com 64 anos o outro aluno conseguiu um resultado de -27, o que é
incrivelmente baixo. Entre os 75-84, nenhum conseguiu atingir o P›75, sendo
que apenas dois alunos conseguiram atingir o P50, os restantes estão no P‹25.
No 3º grupo podemos afirmar que todos estão muito abaixo do P25.
Comparando com a tabela 6 fornecida pelo IDP (2011) podemos
entender que a flexibilidade é uma capacidade que necessita de treino urgente
devido aos baixos resultados obtidos pela turma.
3.1.5.5. Sentado caminhar e voltar a sentar
Tabela 8 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Sentado, caminhar 2,44m e voltar a
sentar”. IDP(2011) Devido às grandes dificuldades demonstradas pelos alunos em andar,
este foi um dos testes mais difíceis de realizar. A média dos alunos foi de
13,73s. Apesar dos resultados, devemos de ler os resultados da tabela
inversamente já que os valores mais baixos vão corresponder aos valores mais
elevados. No que diz respeito aos alunos do primeiro grupo os resultados
demonstram que eles estão ambos no P›75, no segundo grupo quatro pessoas
não conseguiram realizar o exercício, e dos restantes só dois atingem o P50 os
restantes ficaram todos também no P›75. O último grupo tem um aluno no
P›75, três no P50 e por fim três alunos que não conseguiram realizar o
exercício.
80
3.1.5.6. Atrás das costas
Tabela 9 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Atrás das costas” IDP(2011)
Este teste apresentou um nível de dificuldade extremamente elevado
para todos alunos sendo que em toda a turma só três alunos conseguiram não
estar no P›25, os restantes tiveram resultados muito negativos demonstrando
mais uma vez as suas dificuldades de movimentação e a sua fraca
flexibilidade. A média da turma foi de -40 cm. Os três alunos com melhores
resultados pertencem cada um a um grupo diferente, sendo que o melhor dos
três fez -12cm. Esses três atingiram o P50.
Mais uma vez e analisando os resultados da tabela 9 podemos comparar
e afirmar que os resultados obtidos pela turma são muito inferiores aos
mínimos considerados pelo IDP 2011).
3.1.5.7. Step 2 minutos
Uma vez que não existe uma tabela com os resultados validados deste
teste para a população portuguesa, irei então comparar os resultados obtidos
com os resultados publicados por Rikli&Jones (2002) para a população
americana:
Tabela 10 - resultados para homens, no teste “step 2 minutos”, para a população americana.
81
Tabela 11– resultados para mulheres, no teste “step 2 minutos”, para a população americana.
As tabelas anteriores são relativas à população americana e apesar das
diferenças com a população portuguesa, é a única forma de ter um meio de
comparação de resultados. Nesta turma o único aluno do sexo masculino, com
64 anos, realizou 110 movimentos o que o coloca dentro dos padrãos de
resultados aferidos por Rikli&Jones (2002). O elemento restante do primeiro
grupo fez 43 movimentos o que está muito abaixo do menor valor aferido nas
tabelas anteriores para a idade em questão. O segundo grupo é representado
por alunos entre os 75 e os 84 anos, no entanto e divindido o mesmo grupo tal
como na Tabela 10, os resultados são os seguintes, só um aluno entre os 75-
79 conseguiu atingir o intervalo de resultados fornecidos, os restantes
encontram-se muito abaixo daquilo que seria espectável segundo a mesma
tabela. Dos alunos entre os 80-85 dois conseguiram atingir os resultados, os
restantes três ficaram muito aquém. No último grupo, (idade superior a 85
anos), os resultados são idênticos aos anteriores com apenas uma pessoa a
conseguir um resultado no intervalo demonstrado pela tabela para aquela
referida idade, os restantes alunos encontram-se muito distantes do limite
mínimo dado ao seu grupo.
No geral, os alunos que conseguiram realizar este teste tiveram um
baixo desempenho comparando com a tabela 9 e 10 fornecida por
Rickli&Jones (2002), tendo só 3 alunos a descarem-se pela positiva.
82
3.2. Plano Anual e sua justificação
O Plano Anual relativamente ao Centro de Dia da Areosa foi
desenhado tendo por base as condições de espaço apresentadas pela
instituição, bem como, o estado funcional e clinico dos idosos que vão
participar nestas aulas. Segundo as recomendações do ACSM (2014) é
fundamental para um envelhecimento saudável o trabalho aeróbio (3 a 5 x
semana - cerca de 150 minutos) e o trabalho de força muscular (2xsemana). O
trabalho de Flexibilidade e Coordenação Motora são também muito importantes
para esta organização (ACSM, 2004) pelo que merecerá atenção nas sessões
de exercício físico. Neste grupo, ficou definido duas aulas por semana com
uma duração de 60 minutos por aula. Olhando para as referências publicadas
pelo ACMS (2014) podemos perceber que se trata de uma frequência mais
reduzida do que aquilo que é recomendado, no entanto o trabalho que irá ser
realizado vai tentar abranger todas as áreas necessárias e estimular todas as
capacidades físicas básicas que levam a um envelhecimento saudável e bem-
sucedido. Serão programadas um total de 65 aulas, nas quais se encontram
aulas de apresentação, aulas de adaptação, aulas de avaliação e aulas lúdicas.
Após duas aulas de apresentação e realização de questionários,
começei por realizar uma aula de adaptação ao exercício físico, na medida em
que estes idosos não tinham qualquer contacto prévio com exercício há alguns
anos.
De seguida realizei a bateria de Rikli & Jones (2001) que teve a duração
de duas aulas. Esta bateria de testes veio demonstrar, tal como descrito
anteriormente, que os idosos que participam nestas aulas têm a sua condição
física muito deteriorada, sendo que alguns não conseguiram realizar todos os
testes propostos, e outros precisaram de ajuda para poder realizar alguns dos
testes. Para além da baixa condição física também pude constatar que uma
baixa motivação para a prática de EF por parte deste grupo, mostrando mesmo
alguns receio nos exercícios propostos.
Assim atendendo a estas características da amostra e em concordância
com a literatura (ACSM,2014), estruturei as aulas com exercícios multi-
83
componentes, que são exercícios que combinam o trabalho de diversas
capacidades simultaneamente. Para além de permitir trabalhar a condição
física global, este tipo de atividade parece ter uma grande aceitação no seio da
população idosa comparativamente aquelas mais especificas (Toraman et al ,
2004).
As aulas irão ser organizadas tendo por base as recomendações do
ACSM (2014), englobando uma fase de aquecimento, parte fundamental e
parte de relaxamento. Serrabona (2004) define o aquecimento como um
conjunto de atividades físicas e psicológicas realizadas antes da prática
principal com o objetivo de caracter preparatório que estão estruturadas de
forma sistemática e que tem por finalidade adaptar o organismo para a
atividade posterior. Para o ACSM (2014) o aquecimento deve durar cerca de
10/15 minutos e deve englobar exercícios que promovam o aumento da
temperatura corporal e exercícios de mobilização articular.
No que diz respeito a este grupo de idosos, considerando que a maior
parte têm muitas dificuldades de locomoção precisando de ajuda para
conseguir andar, o aquecimento será feito sentados nas cadeiras e iremos
recorrer ao uso da música, no sentido de potenciar a motivação para a prática.
Como a mobilidade deste grupo é muito reduzida as aulas serão feitas
quase todas com os participantes sentados, isto também por motivos de
segurança, já que serei o único professor a trabalhar com eles e não posso
focar toda a minha atenção individualmente. Excecionalmente poderá existir
uma ou outra pessoa que, depois de devidamente avaliada fisicamente e que
demonstre capacidade para realizar atividades em segurança estando em pé,
poderá realizar alguns exercícios mais exigentes e adequados à sua
capacidade física.
A parte fundamental da aula vai ser dividida por duas capacidades
fundamentais, tentando ao longo do ano trabalhar as diferentes capacidades
físicas uma vez que os resultados da bateria de testes Rikli&Jones (2001)
demonstraram que este grupo se encontra muito abaixo daquilo que seria ideal,
principalmente no que diz respeito ao equilíbrio. O equilíbrio é uma capacidade
com extrema importância na vida de um idoso, a falta de equilíbrio é uma das
84
principais causas de quedas nas pessoas com mais de 65 anos (ACSM,2014).
Todavia e porque estes idosos apresentam grandes dificuldades de locomoção
e mesmo de permanecer na posição de pé, esta capacidade será trabalhada
indiretamente através do treino de força e através do treino de coordenação.
No treino da resistência aeróbia irão ser utilizados exercícios que
impliquem um constante movimento por parte dos idosos, tais como exercícios
de dança em que os idosos sentados nas cadeiras tentam movimentar os
membros superiores e inferiores de modo a seguirem o ritmo da música. O
tempo de trabalho desta capacidade vai aumentando no decorrer do ano e com
a evolução dos idosos.
No treino de Força iremos trabalhar segundo o princípio da sobrecarga
progressiva, isto é, ao longo do tempo iremos aumentar a intensidade e a
duração dos exercícios. Nos exercícios para os membros superiores irão ser
utilizadas garrafas de água como pesos e também bandas elásticas, no
decorrer do ano haverá um aumento da carga dependente da evolução de
cada um; para trabalhar os membros inferiores utilizaremos exercícios de
sustentação do próprio peso, sendo que apesar dos mesmos não serem
capazes de se levantar e ficar numa posição vertical, os alunos conseguem
levantar as pernas sentados e será assim que irão trabalhar. Também utilizarei
as bandas elásticas.
No que diz respeito ao treino da coordenação, o trabalho a ser realizado
vai incidir mais na vertente oculo-manual e no trabalho de movimentação com
bolas e arcos. Vão ser realizados diversos jogos que permitem uma grande
interação entre os elementos do grupo e também estimulam a motivação e a
alegria do grupo.
Devido ao facto de muitos dos idosos que participam nestas aulas terem
problemas ou doenças neurológicas como Parkinson, Alzheimer, Depressões,
terei que tomar mais atenção às consequências que estes problemas trazem, e
às adaptações que terei de fazer. Um dos cuidados a ter será manter uma
rotina, isto é, irei manter a estrutura da aula. Assim e apesar da variabilidade
de exercício ser positiva por forma a imprimir maior motivação ao grupo, as
características deste grupo implicam a repetição de movimentos no sentido de
85
criar memórias e rotinas que potenciem uma relação professor/aluno mais
profunda.
Um dos aspetos fundamentais destas sessões de EF é transmitir-lhes a
noção que a atividade física é muito importante e para tal é fundamental tornar
as aulas mais atrativas e interessantes onde os idosos tenham sucesso para
que no final fique um sentimento de satisfação e alegria que possivelmente
será recordado ou relembrado no início da aula seguinte. Pretendo criar assim
um ambiente positivo e uma motivação incrementada.
As Doenças neurodegenerativas não têm cura (ACSM, 2014) e por isso
temos de trabalhar de diversas formas para contrariar a perda das capacidades
dos idosos, a perda de memória e fundamentalmente a perda de vontade.
Durante o decurso destas aulas procurarei trabalhar não só em termos físicos
mas também em termos psicológicos e cognitivos procurando sempre manter a
motivação e a vontade dos meus discentes nos maiores níveis possiveis.
Como já foi dito anteriormente, a análise dos resultados da bateria de
testes Rikli&Jones (1999) revela uma capacidade física diminuída por parte do
grupo, para tentar inverter esse caminho vou focar-me principalmente em áreas
como a força e a resistência aeróbia, isto sem esquecer as outras capacidades.
Sempre que haja um período de férias ou alguma pausa, a primeira aula a
seguir a esse momento deve ser sempre direcionada para a resistência aeróbia
e para a força. Iremos trabalhar para que no final do ano possamos apresentar
resultados animadores e que demonstrem alguma evolução na condição física
do grupo.
A esperança não é de resolver todos os seus problemas mas de
conseguir ajudar a que todos os indivíduos se sintam melhor não só fisica mas
também psicologicamente.Em seguida apresenta-se o Plano Anual:
86
3.3. Plano anual - Centro de Dia da Areosa
Tabela 12 – Planeamento anual da turma do centro de dia da Areosa
Legenda:
Dia/ Mês Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
1
2
3
4
5
6
7
8 Socialização Páscoa
9
10 Inquéritos
11
12 Sº Martinho
13
14
15
16
17 Rikli&jones “Natal”
18 Carnaval
19 Férias “Última aula”
20
21
22 Rikli&jones
23
24 Rikli&jones
25
26 Rikli&jones
27
28
29
30
31
Cor Representação Fins-de-semana Feriados Força Flexibilidade Coordenação e Equilíbrio Resistência Aeróbia Aulas temáticas Bateria de Testes Rikli and Jones Férias
87
3.4. Reflexão Centro de Dia da Areosa - Setembro a
Dezembro 2014
Como seria de esperar encontrei no Centro de dia da Areosa muitos
indivíduos com diversos problemas, não só físicos mas também psicológicos.
Muitos não conseguem andar, ou têm muita dificuldade precisando de ajuda
para não correrem o risco de cair. No entanto, são pessoas muito simpáticas
que me receberam de uma forma muito querida e entusiasmante. Explicaram-
me que no ano anterior já tinha lá estado um professor, tal como eu da
Faculdade de Desporto, e que as pessoas do lar tinham gostado muito de o ter
lá. Eu próprio senti a felicidade e a saudade quando se falava do antigo
professor, não só pelas aulas dele mas também pela relação entre ele e os
seus alunos. Percebi desde logo que mais importante que ter uma aula muito
focada no desenvolvimento das capacidades físicas, era criar uma relação de
afecto e simpatia com as pessoas que lá passavam o dia e que iriam ser os
meus alunos.
Assim, antes de iniciar a aula propriamente dita, comecei a chegar mais
cedo ao lar e interagir com os idosos, não só para os conhecer melhor, mas
também para perceber as dificuldades de cada um. Aproveitei também estes
momentos para ver qual a perceção acerca do exercício físico e da sua
importância. Estes momentos permitiram-me criar uma relação de simpatia,
respeito, cordealidade e amizade com os meus alunos e com todos os utentes
e trabalhadores daquele centro de dia.
As aulas começaram no dia 1 de Outubro. Como era o dia do Idoso, o
centro de dia já tinha preparado algumas actividades para os idosos realizarem
e por isso decidi participar e observar o que se iria passar. Apercebi-me que as
pessoas que se lembravam do antigo professor mostraram-se muito
entusiasmadas com a ideia de voltar a realizar exercício físico, no entanto
aquelas que ou não se lembravam ou não tinham participado, mostraram-se
reticentes.
Uma das coisas que mais me surpreendeu foi o facto de nenhum dos
homens querer realizar o programa, já que sempre pensei que os mesmos
88
fossem mais ativos. Mas no decorrer das semanas, dos meses, em que dei as
aulas consegui perceber que não foi por falta de vontade, mas sim muitas
vezes por vergonha. Muitos pareciam ter medo de que algumas das senhoras
conseguissem realizar os exercícios melhor do que eles, e o medo de fazerem
disso uma brincadeira ou motivo de gozo deixava-os intimidados. A avaliação
pelos seus pares, pelos resultados que consegue ou não apresentar é não
raras vezes uma importante barreira à prática do exercício físico. Por outro
lado, é possível também que as primeiras aulas de adaptação e familiarização
não tenham sido encarados por estes elementos do sexo masculino como
suficientemente desafiantes. No início do programa de EF houve necessidade
de trabalhar com mais cuidado e fazer progressões mais lentas, com o nivel de
exigência mais reduzido dadas as dificuldades motoras de muitos alunos. No
entanto, posso afirmar que o trabalho que foi realizado ao logo destes meses
foi eficaz.
Tal como explicado na justificação do planeamento anual, devido a
muitos destes idosos terem problemas como Alzheimer, Parkinson,
Depressões e outras doenças do foro neurológico, decidi criar um género de
rotina nas aulas. Por exemplo, o aquecimento que fiz foi praticamente igual em
todas as aulas.
Outro momento da aula onde é possível perceber as dificuldades que
alguns idosos têm é nos alongamentos, principalmente naqueles em que os
dois braços fazem alguma coisa. Mesmo repetindo o exercício em todas as
aulas, ou faseando o movimento, os erros continuaram os mesmos.
Fazendo uma reflexão mais profunda e analisando estes casos, posso
também especular que muitos deles cometeram erros por forma a chamar a
minha atenção. Por exemplo, no mês de Novembro, alguns alunos disseram-
me que sofriam quedas quase todas as semanas, e depois de aprofundar o
assunto percebi que tomavam atitudes que os colocavam em risco de queda,
como carregar muito peso só num braço, andar muito rápido, tentar ultrapassar
obstáculos mais elevados sem ajuda. Decidi ter o cuidado de sempre que
trabalhavamos a Coordenação explicar que estas atitudes deviam de ser
evitadas para não correrem riscos desnessessários. No entanto, mais tarde,
89
algumas das auxiliares afirmaram que algumas das quedas nunca
aconteceram e que, muitas vezes, eles diziam que caiam porque procuravam
receber mais um carinho ou mais umas palavras bonitas de alguém. Não
obstante decidi manter os avisos já que a prevenção é a melhor atitude a
tomar.
Os testes iniciais mostraram aquilo que já esperava, uma turma com
muitas dificuldades de locomoção, com muitas limitações motoras e com
muitos problemas a nível de saúde mental. Os principais problemas
encontrados foram a falta de flexibilidade, de resistência e de força. No entanto
e durante as primeiras semanas foi possível perceber uma melhoria na
realização dos movimentos.
Durante estes meses o trabalho que planeie foi cumprido tal como
planeado não sendo necessária nenhuma alteração relevante ao plano anual.
Estas aulas foram muito motivadoras e entusiasmantes não só para
eles mas para mim também, têm sido bons conselheiros, e eu tenho dado o
máximo para tornar a atividade física um tema importante na vida de cada um
deles.
3.5. Resultados finais e discussão da aptidão física
Após a conclusão do programa de treino as turmas foram novamente
avaliadas através da bateria de testes Rikli&Jones (1999). Para saber se
ocorreram diferenças estatisticamente significativas entre as duas avaliações
usei o teste t para amostras emparelhadas, mantendo um nível de significância
de p inferior a 0,05.
Na tabela 12 podemos comparar os valores médios e desvio-padrão
para os dois momentos de avaliação em que a inicial é A1 e a final é A2, assim
como o valor de p que resulta da comparação entre as duas avaliações.
90
Parâmetros
Média e Desvio padrão Comparação (A1-A2)
A1 (Média - desvio
padrão)
A2 (Média- desvio
padrão) Valor de p
Peso (kg) 60,87 -10,97 61,60 – 8,17 0,687
Índice de Massa
corporal 26,49 – 4,77 27,13 – 5,87 0,879
Levantar e
Sentar(reps) 7,05 – 4,07 11,64 – 4,87 0,043
Flexão do
Antebraço(reps) 8,04 – 5,91 14,57 – 6,94 0,169
Sentado e
Alcançar(cm) - 28,38 – 17,49 -23,60 – 17,70 0,003
Sentado, caminhar
(2,44m) e sentar (s) 13,73 – 4,71 11,15 – 5,03 0,134
Atrás das
costas(cm) -40,62 – 14,07 -28,87 – 10,79 0,163
Step 2minutos 41,26 – 35,76 62,40 – 42,17 0,024
Tabela 13: Comparação de resultados entre a Avaliação inicial (A1) e a Avaliação final (A2).
Analisando a tabela 13 podemos verificar que se registaram melhorias
significativas (p ‹0,05) em três testes, sendo eles: Levantar sentar; Sentado e
Alcançar; e 2 minutos step. Nos restantes testes é possível analisar que
ocorrem melhorias mas as mesmas não foram estatisticamente significativas.
De seguida vou analisar individualmente os resultados de cada parâmetro:
3.5.1. Peso
O peso aumentou em média menos de 1kg nesta turma, no entanto este
aumento não foi estatisticamente significativo. Uma explicação possível para
estes resultados pode ter a ver com o fato de estes alunos almoçarem e
jantarem no centro, sendo que as suas refeições diárias são controladas pelos
funcionários do mesmo. Assim sendo a sua ingestão calórica é normalizada ao
longo do tempo. Como não sofrem alterações em termos de alimentação e
91
como este é um centro que procura manter os seus idosos sempre ativos é
normal que o peso se, em média, mantenha constante salvo pequenas
excepções.
3.5.2. IMC
Como seria de esperar os valores do IMC também se mantiveram
constantes sendo que as alterações que surgiram não são estatisticamente
significativas, isto porque como vimos anteriormente o peso não sofreu grandes
alterações e a altura dos alunos também não, logo o IMC tinha de se manter
nos mesmos níveis. Esta é uma turma em que o valor médio é de 27,13 kg/m2
na avaliação final o que demonstra que muitos destes alunos estão em níveis
de pré-obesidade.
3.5.3. Levantar e sentar
Este foi um dos testes que mostrou melhorias significativas (p‹ 0,05),
inicialmente esta turma conseguia em média realizar 7,05 repetições e no final
do programa de treino, em média, cada aluno realizava 11,64 repetições, o que
demonstra que o trabalho de força dos membros inferiores obteve resultados
muito positivos.
3.5.4. Flexão de braços
Neste teste os resultados não demonstraram melhorias significativas,
apesar da média de repetições ter subido. Um dos problemas que também
ajuda a explicar o porquê de não haver melhorias significativas prende-se com
o fato de muitos destes alunos apresentarem queixas a nível de dores dos
membros superiores, e de problemas articulares. No entanto só há registos
92
médicos de problemas nas articulações em dois casos. Possivelmente a
intensidade ou tempo dedicado a este tipo de treino não foi suficiente.
3.5.5. Sentado e alcançar
Este teste é um dos que demonstra uma melhoria estatisticamente
significativa, o que representa um trabalho positivo a nível de flexibilidade dos
membros inferiores. O valor médio inicial era de -28,38cm o que baixou para -
23,60cm, estes resultados revelam que, em média, cada aluno conseguiu
chegar 5 cm mais longe do que no teste inicial. Para mim estes resultados
estão também relacionados com a atitude dos alunos para com os testes.
3.5.6. Sentado caminhar 2,44m e sentar
Analisando a tabela 12 podemos verificar que houveram melhorias nos
resultados deste teste, no entanto as mesmas não foram estatisticamente
significativas o que demonstra que apesar das melhorias o treino não provocou
as alterações fisiológicas necessárias para que as adaptações permitissem
uma melhoria significativa dos resultados.
3.5.7. Atrás das costas
Este foi o teste que mostrou os piores resultados em termos estatisticos
com p= 0,189. Apesar de uma ligeira melhoria de -40,62 para 39,87 estes
resultados não foram estatisticamente significativos. Este foi também o teste
que mais dificuldade criou à maior parte dos idosos. O trabalho de flexibilidade
desenvolvido para conseguir melhorar os resultados teve de passar primeiro
pela divisão do movimento em fases para que o mesmo fosse realizado
93
corretamente. No final este trabalho mostrou ter sido insuficiente e mais tempo
seria necessário para que as melhorias se tornassem significativas.
3.5.8. 2 minutos de step
Neste último teste os resultados demonstraram uma melhoria
estatisticamente signficativa. Inicialmente o valor médio de repetições era de
41,26, no final este valor subiu para 62,40 repetições. Mais uma vez fica
demonstrado que o trabalho de força e resistência aeróbia mostrou resultados
positivos, sendo que a mudança de hábitos e motivação de alguns dos alunos
também ajudou a que estes resultados melhorassem significativamente.
3.6. Reflexão geral sobre o estágio e os resultados finais.
De um modo geral posso afirmar que os resultados foram positivos e de
alguma forma animadores. Não houve nenhuma perda de capacidade física, e
em três capacidades físicas houve mesmo uma melhoria estatisticamente
significativa.
No entanto e analisando primeiro os casos que não demonstraram
grandes alterações posso concluir que o trabalho de força dos membros
superiores deveria ter tido mais atenção e mais tempo. De certa forma, e pelo
conhecimento que fui obtendo dos meus alunos e dos seus comportamentos,
penso que os mesmos não obtiveram melhores resultados por receio de se
lesionarem já que durante as aulas, e utilizando pesos inferiores aqueles dos
testes, alguns já se queixavam que eram muito pesados: Por diversas vezes
percebi que era tudo uma forma de chamada de atenção.
O teste de caminhar 2,44m e sentar também foi um dos que demonstrou
resultados menos positivos, não conseguindo os alunos melhorar
significativamente os tempos. O fato de muitos terem extremas dificuldades em
andar fez com que durante o programa os exercícios leccionados fossem
94
realizados na posição de sentados já que são poucos os alunos desta turma
que aguentam ficar de pé e andar.
O último teste que evidênciou resultados menos positivos foi o de
flexiblidade dos membros superiores, “atrás das costas”. O movimento para a
realização deste teste foi aquele que mais dificuldade criou aos idosos sendo
que muitos não o conseguiam fazer corretamente sem a minha ajuda. A própria
dificuldade criou uma barreira motivacional e todo o trabalho realizado foi
baseado em fasear o movimento de forma a tornar mais simples a
compreensão do movimento. Para melhorias significativas deste teste seria
necessário mais tempo de trabalho desta capacidade.
Os resultados que mostraram melhorias estatisticamente significativas
revelam que o trabalho feito ao longo do ano foi capaz de criar as alterações
fisiológicas necessárias para que os idosos conseguissem melhorar
capacidades em causa. Como professor fiquei orgulhoso pelos resultados
apresentados e apesar de o objetivo ser melhorar em todos os testes e todas
as capacidades, acho que o programa correu bem, foi cumprido tal como tinha
sido planeado, e a relação que ficou entre professor e alunos foi excelente. A
atividade física no final do programa foi muito valorizada não só pelos idosos
que participaram mas também por todos os membros e funcionários do centro
social da Areosa.
95
3.7. Caracterização do espaço e material – FADEUP
As aulas da turma A de ginástica de manutenção foram lecionadas no
Pavilhão de Rítimica da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O
espaço é amplo, tem dois espelhos e uma barra de apoio num deles, a
iluminação é boa e o sistema de som é excelente permitindo uma maior alegria
e divertimento durante a aula. O facto de ser um local com muito espaço
permite uma maior dinamização da aula e consequentemente uma maior
motivação para a realização da mesma. Um defeito a apontar prende-se com o
facto de a temperatura no interior do pavilhão ser por vezes, muito frio no
Inverno. Adicionalmente, durante o Inverno, por vezes, choveu no interior do
pavilhão e o piso ficou molhado e escorregadio, potenciando o risco de queda.
No sentido de evitar as quedas e consequentes fraturas ósseas, delimitamos a
área molhada e os idosos impedidos de se movimentarem lá.
O material de apoio a que tivemos acesso estava todo guardado na
arrecadação, tendo nós acesso a cones de vários tamanhos e númerados,
steps, arcos, plataformas de equílibrio, colchões, raquetes de badminton e
volantes, bolas de rítmica, bolas fit, kits de lançamento, kits de boccia,
caneleiras, elásticos, halteres de vários pesos, bastões, cordas, coletes,
garrafas cheias de areia, barreiras, bolas de ténis, entre outros. Em termos de
material só de realçar que alguns dos steps estavam partidos e não podendo
ser utilizados, pois colocavam em risco a segurança dos alunos.
Algumas aulas foram ainda lecionadas no exterior da faculdade no
sentido de aumentar a motivação.
96
3.8. Caracterização da Turma de Manutenção A -
FADEUP.
Para a realização da caracterização desta turma utilizei, tal como na
turma anterior, um inquérito formulado por mim e a bateria de testes
Rikli&Jones (1999). O inquérito teve como objectivo conhecer melhor os idosos
em questão, quer em termos de história pessoal quer de problemas de saúde
e/ou outras dificuldades que enfrentam no seu dia-a-dia. A bateria de testes
Rikli&Jones (1999) será utilizada para avaliar a condição física, de forma a
perceber quais as capacidades que necessitam de maior atenção e trabalho, e
de forma a programar a evolução dos exercícios em termos de intensidade,
volume e repetições ao logo do tempo.
3.8.1. Género e Idade
A turma de ginástica de manutenção foi composta por 28 alunos, dos
quais apenas 6 eram do sexo masculino. A sua distribuição em termos de
percentagem no que diz respeito ao género é a seguinte:
Gráfico 8 – Distribuição por género da turma A de Manutenção
Distribuição por Género - 28 alunos
6 Homens - 21%
22 Mulheres - 79%
97
Como podemos verificar pelo gráfico 8, a maioria da turma é do sexo
feminino. A média de idade da turma é de 75,9 sendo que as idades variam
entre os 67 e os 87. Existem seis alunos com idade superior a 80 anos e
quatro com idade inferior a 70.
3.8.2. Habilitações Literárias
Gráfico 9 – Habilitações Literárias da turma A de manutenção
Tal como pode ser observado no gráfico 9, na turma de ginástica de
manutenção a maioria dos alunos completou a 4ºclasse e depois deixou de
estudar. Muitos idosos responderam que o abandono dos estudos se deveu ao
fato de precisarem de ir trabalhar. Aqueles que responderam que não se
lembravam admitiram que sabiam ler e escrever mas que já não tinham a
certeza se conseguiram completar a 4º classe.
Habilitações Literárias
1
3
12 2
11
8
0
2
4
6
8
10
12
Licenciado 12ºano 9ºano 6ºano 5ºano 4ºclasse Ns/ Nr
98
3.8.3. Agregado Familiar
Um dos maiores problemas na terceira idade é a solidão (ACSM 2014).
Em muitos casos os idosos já não têm familiares que os possam albergar,
noutros casos os mesmos idosos não querem abandonar o seu lar e preferindo
viver sozinhos. Na turma em questão os idosos têm todos familiares ou amigos
que os podem ajudar, no entanto muitos continuam a preferir viver sozinhos tal
como o seguinte gráfico demonstra:
Gráfico 10– Com quem vivem os idosos da turma A de manutenção
A maioria dos casos os idosos ainda tem a felicidade de poder viver com
o seu cônjuge, no entanto em doze casos os idosos estão sozinhos sendo que
só um caso está a viver com familiares, os restantes casos vivem sozinhos em
casa.
Atualmente com quem vive?
11
16
1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Sozinho Marido/Esposa Filhos
99
Patologias
8
15
5
13
4 5
9
4
12
02468
10121416
Doen
ças Card
íaca
s
Hip
erte
nsão
Dia
bete
s
Pro
blemas
na C
oluna
Doen
las Res
pira
tória
s
Pro
blemas
auditi
vos
Pro
blemas
de visão
Pro
blemas
Articu
lare
s
Cole
ster
ol
3.8.4. Estado de Saúde
Gráfico 11 – Patologias mais frequentes na turma A de manutenção.
Aos alunos desta turma foi colocada uma questão acerca dos problemas
de saúde de cada um, analisando as respostas foi possível perceber que a
maior parte dos alunos sofre de hipertensão e/ou problemas de coluna. Os
altos níveis de colesterol também representam um problema abrangente a
muitos dos idosos, sendo que o gráfico seguinte demonstra a quantidade de
pessoas que admitiu ter cada um destes problemas:
A maioria dos alunos admitiu ter dois ou mais problemas sendo que
apenas três afirmaram ter apenas um problema de saúde. Há ainda que realçar
um aluno do sexo masculino que sofre de cancro da próstata e bexiga estando
a ser seguido no IPO do Porto.
Um problema que afeta também a população idosa são as quedas e a
frequência das mesmas, representando um perigo para a sua saúde e
autonomia, devendo ser evitadas a todo custo (ACSM,2014). Nesta turma,
como os alunos já praticam exercício físico hà alguns anos e como possuem
uma boa condição física, o número de pessoas que cairam no último ano é
reduzido (gráfico 12).
100
Sofreu alguma queda no último ano?
Não 22 (78%)
Não sabe 3 (11%)Sim 3 (11%)
Gráfico 12 - Quedas no último ano dos alunos da turma de manutenção
Tal como podemos observar no gráfico 12, só três em 28 alunos
sofreram alguma queda no último ano. Outros três alunos não se lembram se
sofreram alguma queda ou não.
3.8.5. Atividade Física
Como estes são indivíduos que já praticam exercício físico há algum
tempo, e têm uma grande motivação e vontade graças aos conhecimentos que
possuem acerca dos benefícios do exercício, decidi questionar os mesmos
sobre as atividades que mais gostam de realizar, não só no programa da
Faculdade de Desporto, mas também aquilo que realizam fora do âmbito do
mesmo. Do total de alunos quatro não responderam a esta questão, e os
restantes 24 disseram todos que as aulas de ginástica eram das atividades que
mais gostavam de realizar. Em seguida surge a hidroginástica e a musculação,
esta última também realizada na Faculdade de Desporto. É importante referir
que os alunos que se referem à natação e hidroginástica não realizam esta
atividade na Faculdade de Desporto mas noutros locais.
101
Gráfico 13- Atividade física preferida pelos alunos da turma A de manutenção
3.8.6. Avaliação da aptidão física e funcional
Tal como para o grupo institucionalizado, vão ser realizadas duas
avaliações (inicial e final) da aptidão física e funcional usando a batertia Senior
Fitness Test (Rikli&Jones, 1999), já por nós descrita anteriormente.
A avaliação inicial foi feita com uma amostra de 25 alunos, e os
resultados médios foram os seguintes:
Parâmetros N Mínimo Máximo Média Desvio – Padrão
Idade 25 67 87 76,44 5,22
Altura/Estatura(m) 25 143 168 155,92 7,15
Peso (kg) 25 50,6 78 64,62 6,74
Índice de Massa corporal 25 19,95 33,32 26,69 3,31
Levantar e Sentar(reps) 25 13 33 22,88 5,41
Flexão do Antebraço(reps) 25 17 35 25,36 5,07
Sentado e Alcançar(cm) 25 -24 +15 -5,20 10,86
Sentado, caminhar (2,44m) e
sentar (s)
25 4,26 7,00 5,36 1,04
Atrás das costas(cm) 25 -57 +1 -17,88 11,72
6 minutos a andar(m) 25 417,5 620 533 62,49
Tabela 14 – Estatísticas dos resultados da aptidão física e funcional dos idosos da Turma A de Manutenção
Qual a atividade física que mais gosta de praticar?
24
5 6 75 4
0
5
10
15
20
25
30
Ginástica Natação Musculação Hidroginástica Caminhar Não respondeu
102
Os resultados anteriores demonstram que esta é uma turma bastante
apta, alcançando boas prestações em todos os testes da bateria de
Rikli&Jones (1999). A média do IMC encontra-se um pouco alta comparando
com os valores normativos (WHO,2004) e os valores dos testes de
flexibilidade são aqueles que mais se destacam pela negativa (IDP, 2011). Nos
restantes testes a turma teve resultados muito positivos.
De seguida vou mostrar a tabela com a descrição individual dos
resultados obtidos por cada um dos alunos em questão. Através da
comparação dos resultados iniciais da turma A de manutenção com os
resultados da bateria de testes validados para a população portuguesa
(Marques et al, 2013). Para realizar esta compração vou dividir a turma em três
grupos em função da idade de cada aluno. Os alunos entre os 65-74 anos vão
fazer parte do primeiro grupo, o segundo será contituído por alunos do 75-84
anos e por fim, o último grupo terá todos os alunos com idades superiores a 85
anos. A tabela 15 representa os resultados iniciais:
103
Sujeito Idade IMC Estatura e Peso Levantar e
sentar Flexão do antebraço
Sentado e Alcançar
Sentado Caminhar voltar e sentar
Atras das costas
Andar 6minutos
Grupo 1 (64-74)
Masculino
67 24,8 168 70 19 22 -10 5,69 -17 610
73 28,93 161 75 31 32 7 4,43 -25 565
Médias 70 26,87 165 73 25 27 -1 5,06 -21 588
Grupo 1 (64-74) Feminino
67 26,53 163 70,5 31 32 10 4,26 -12 600
67 26,37 157 65 19 23 -10 5,55 -20 535
71 26,44 150 59,5 33 25 -12,5 4,32 -23 575
72 26,91 163 71,5 23 26 -10 4,31 0 550
73 25,64 158 64 30 30 9 4,32 -13 570
74 27,7 152 64 29 35 8 4,23 -16 620
Médias 71 26,60 157 66 27 29 -2,5 4,49 -16 575
Gupo 2 (75-84)
Masculino
76 22,59 165 61,5 20 22 -20 6,94 -16 500
78 26,53 167 74 30 20 -19 4,4 -20 620
80 33,32 153 78 22 25 7 4,33 -27 560
Médias 78 27,48 162 71 24 22 -16 5,22 -21 547
Grupo 2 (75-84) Feminino
76 30,81 148 67,5 26 29 0 5,26 0 525
76 27,89 155 67 19 32 -18 5,29 -24,5 515
76 29,67 148 65 17 22 -15 5,5 -26 520
77 25,39 160 65 22 32 0 5,05 1 570
77 28,99 152 67 25 26 -21 7,5 -57 425
77 27,05 155 65 20 20 -11 6,1 -34 512,5
78 32,84 146 70 21 21 -24 6,77 -16 435
79 19,95 166 55 13 21 0 4,43 -20 520
79 23,01 156 56 26 29 -3,5 4,65 -16 565
81 22,83 158 57 17 19 -7 7 -11 605
83 22,79 149 50,6 20 30 -10 5,06 -10 450
83 27,68 146 59 15 17 0 6,78 -14 417,5
84 30,07 143 61,5 23 20 -10 5,18 -18 535
Médias 79 26,84 152 62 20 24 -9 5,74 -19 507
Grupo 3 (85+) Feminino 87 22,55 159 57 21 24 0 6,56 -12,5 425
Médias 87 22,55 159 57 21 24 0 6,56 -12,5 425
Tabela 15 – Resultados individuais da bateria de testes Rikli&Jones (2002)
Legenda:
Percentil Cor Significado
‹P25 Muito baixo desempenho
P25‹P50 Desempenho baixo
P50 Desempenho normal
P50‹P75 Bom desempenho
›P75 Excelente desempenho
104
3.8.6.1. IMC
Classification BMI(kg/m2)
Principal cut-off points Additional cut-off points
Underweight <18.50 <18.50
Severe thinness <16.00 <16.00
Moderate thinness 16.00 - 16.99 16.00 - 16.99
Mild thinness 17.00 - 18.49 17.00 - 18.49
Normal range 18.50 - 24.99 18.50 - 22.99
23.00 - 24.99
Overweight ≥25.00 ≥25.00
Pre-obese 25.00 - 29.99 25.00 - 27.49
27.50 - 29.99
Obese ≥30.00 ≥30.00
Obese class I 30.00 - 34.99 30.00 - 32.49
32.50 - 34.99
Obese class II 35.00 - 39.99 35.00 - 37.49
37.50 - 39.99
Obese class III ≥40.00 ≥40.00
Tabela 16 – Valores de referência para o Índice de Massa Corporal (WHO, 2004)
No que diz respeito ao índice de massa corporal, no Grupo 1 Masculino
apenas um aluno se encontra nos parâmentros normais, estando o outro já
num nível de pré-obesidade. Nesse mesmo Grupo 1 mas do sexo Feminino
podemos verificar que nenhuma se encontra dentro dos parâmetros
considerados normais, estando todas no nível de pré-obesidade. No Grupo 2
Masculino só um idoso está dentro dos valores normais, um outro é pré-obeso
e o terceiro e último já é considerado obeso. Nas mulheres deste grupo, quatro
alunas estão dentro dos valores normais, sendo que uma está com um valor
muito perto do limite inferior dos parâmetros, as restantes nove estão todas
acima dos valores normais, 3 pertencem mesmo ao grupo dos obesos. O
último grupo é constituído por uma única aluna que se encontra dentro dos
valores normais do índice de massa corporal.
No geral a turma encontra-se com valores elevados de IMC
(WHO,2004), o que pode ser jutificado pela falta de cuidado com a alimentação
já que é uma turma que realiza muita atividade física.
105
3.8.6.2. Levantar e sentar
Tabela 17 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Levantar e sentar”. 8 (IDP,2011)
Neste teste foi possivél perceber que todos os alunos estão dentro dos
valores normais, tanto os alunos do sexo feminino como masculino. No entanto
a maior parte dos alunos até tem resultados superiores ao que seria
considerado excelente (IDP,2011). O que demonstra mais uma vez que a força
dos M.I é uma capacidade que está trabalhada e bem desenvolvida na turma.
3.8.6.3. Flexão do antebraço
Tabela 18– Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Flexão do antebraço”. (IDP,2011)
Neste teste também conseguimos perceber que todos os alunos da
turma estão bem acima dos níveis considerados normais (IDP,2011). Isto
demonstra que a força dos M.S está a um nível excelente.
106
3.8.6.4. Sentado e alcançar
Tabela 19 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Sentado e alcançar” (IDP, 2011)
No que diz respeito à flexibilidade esta turma demonstra uma grande
heterogeneadade. No Grupo 1 Masculino dos dois sujeitos um tem um
resultado excente enquanto que o outro tem um resultado muito inferior ao
mínimo considerado pelo IDP(2011). No Grupo 1 Feminino mais uma vez a
heterogeneadade está bem patente com três alunas a obterem excelentes
resultados e outras três com resultados que correspondem a um nível de muito
baixo desempenho. No Grupo 2 Masculino podemos verificar que apenas um
aluno tem um resultado excelente, os outros dois mais uma vez têm resultados
muito inferiores e demonstram uma capacidade diminuída. No correspondente
Feminino podemos afirmar que os resultados não são animadores, nenhuma
das treze alunas consegue ter um resultado positivo, no entanto em quatro
casos os resultados não estão muito longe de um bom resultado. No último
Grupo a aluna em questão consegue um bom resultado demonstrando uma
boa capacidade de flexibilidade. No geral é fácil de perceber que a turma quase
se divide em dois grupos, um com um nível de flexibilidade bom ou excelente, e
outro com um nível fraco ou muito fraco de flexibilidade (IDP,2011).
107
3.8.6.5. Sentado caminhar 2,44m e voltar a sentar
Tabela 20– Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Sentado, caminhar 2,44m e voltar a sentar”. IDP (2011).
Analisando a tabela 20 é preciso desde logo indicar que a sua leitura
deve ser feita com cuidado já que os resultados se devem ler inversamente já
que quanto menor o tempo melhor a prestação. Isto é, os resultados inferiores
correspondem a melhores resultados logo nesta situação o P25 será sempre
melhor do que o P75.
Assim sendo, podemos verificar que os alunos desta turma mais uma
vez demonstraram uma excelente capacidade de força e reação, sendo que
todos sem exceção conseguiram resultados bons ou excelentes o que é
francamente positivo (IDP,2011).
3.8.6.6. Atrás das costas
Tabela 21 – Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Atrás das costas” (IDP,2011)
Neste teste de flexibilidade e analisando o conjunto do Grupo 1 podemos
verificar que apenas uma aluna consegue um bom resultado, os restantes
demonstram mais uma vez resultados muito baixos correspondentes a um nível
muito fraco de flexibilidade. No conjunto do Grupo 2 tanto nos homens como
108
nas senhoras é possível perceber que a heterogeneadade volta a surgir, sendo
que três homens têm resultados excelentes e um tem um mau resultado; nas
senhoras quatro tem um resultado muito fraco enquanto as restantes tem bons
resultados e uma chega mesmo a ter um excelente resultado (IDP,2011).
3.8.6.7. Andar 6 minutos
Tabela 22 - Valores de referência válidos para a população portuguesa no teste “Andar 6 minutos”.
Este teste de resistência aeróbia consiste em andar durante 6 minutos à
volta de um circuito previamente definido e medir a distância que cada um dos
idosos percorre durante esses mesmos 6 minutos. Tal como podemos verificar
na tabela 21 a totalidade da turma tem resultados muito positivos. sendo
manter estes níveis, já que esta capacidade é uma das que mais depressa
decresce com a falta de trabalho (ACSM,2014).
3.9. Justificação do Plano Anual
Segundo o ACMS (2014) é fundamental para um envelhecimento
saudável, desenvolver a capacidade Aeróbia e a Força muscular. As guidelines
deste organismo indicam-nos que por semana a frequência mínima deverá ser
de dois dias contabilizando pelo menos 150 minutos de exercício Aeróbio e
mais dois dias de trabalho de Força. O trabalho de Flexibilidade e Coordenação
Motora são também muito importantes o que merecerá elevada atenção nas
aulas em que estas capacidades vão ser reforçadas. No que diz respeito à
Flexibilidade as mesmas guidelines indicam-nos que deve ser estimulada pelo
menos duas vezes por semana, sendo que os idosos devem realizar o
109
exercício até sentirem algum grau de desconforto mas sem dor, sendo
essencial manter a posição entre 10 a 30s (ACSM, 2014).
No que diz respeito a este grupo, ficou definido que seriam lecionadas
duas aulas por semana com uma duração de 60 minutos. Olhando para as
referências publicadas pelo ACMS(2014) podemos perceber que se trata de
uma frequência mais reduzida do que aquilo que é recomendado, no entanto o
trabalho a ser realizado vai tentar abranger todas as áreas necessárias e
estimular todas as capacidades físicas básicas que levam a um
envelhecimento saudável e autónomo. A maioria das aulas será leccionada por
mim, no entanto algumas serão preparadas pelos alunos do 3ºano de
Licenciatura, como por exemplo, todas as segundas-feiras de 3 de Novembro a
15 de Dezembro. Nestas aulas eu vou estar presente como observador e darei
toda a assistência e apoio.
Serão programadas um total de 67 aulas, incluindo aulas de apresentação,
aulas de adaptação, aulas de avaliação e aulas lúdicas.
Após uma aula de apresentação e aplicação de questionários, começei
por realizar três aulas de adaptação à atividade física, isto já que os idosos não
tinham qualquer contacto com atividade física há alguns meses. De seguida
realizei a bateria de Rikli & Jones (1999) que teve a duração de duas aulas.
Esta bateria de testes, tal como referido anteriormente, veio demonstrar que
maior parte dos idosos que participam nestas aulas estão com uma capacidade
física razoavelmente boa, alguns até muito boa, sendo que é importante manter
um certo nível de intensidade ao longo do ano para que eles não percam esta
capacidade. No planeamento das aulas tomei em conta aquilo que foi
demonstrado por Toraman NF, Erman A e Agyar E no seu artigo publicado em
2004, que falava sobre os diversos tipos de treino e as vantagens dos
exercícios multi-componentes. Torman et al (2004) referem queeste tipo de
trabalho permite obter melhores resultados do que com um programa de treino
em bloco trabalhando uma capacidade de cada vez. Estes tipo de trabalho é
também recomendado pelas directrizes da actividade física para idosos (Cress
et al., 2006).
110
Assim sendo as aulas serão organizadas em três momentos:
aquecimento, fase fundamental (onde serão trabalhadas duas capacidades por
aula) e a fase final. No início será feito um aquecimento geral, que segundo o
ACSM (2013), deve durar cerca de 10/15 minutos. Serrabona (2004) define o
aquecimento como um conjunto de atividades físicas realizadas antes da
prática principal com o objetivo de preparar as estruturadas de forma
sistemática e adaptar o organismo para a atividade posterior. Para o ACSM
(2014) o aquecimento deverá conter: mobilização articular, flexibilidade e
aumento da temperatura corporal. O aquecimento será feito num percurso
quadrangular. Caminhar com mais intensidade durante 30s e caminhar com
mais calma durante cerca de 15s, isto é feito três a quatro vezes durante o
aquecimento sendo uma tentativa de habituar os discentes a trabalhar a um
ritmo mais elevado durante um curto período de tempo, ao longo do ano os
momentos de caminhar com mais intensidade vão ser alargados em termos de
tempo, esperando assim que no final do ano quando forem outra vez realizados
os testes, eles consigam mais facilmente realizar o mesmo e até melhorar o
número de voltas conseguidas. O aquecimento para além de caminhada irá
terminar com alguns alongamentos e exercícios de respiração.
A parte fundamental como já disse anteriormente vai ser dividida em
dois momentos onde iremos trabalhar duas capacidades diferentes. A junção
das capacidades conforme está descrita no quadro do plano anual foi pensada
para se conseguir aproveitar melhor cada momento do ano. Por exempo, após
os períodos de férias as primeiras aulas serão sempre de resistência aeróbia e
força para assim recuperar o tempo em que os idosos estiveram sem atividade
e não deixar que os níveis de intensidade das mesmas diminuam. Espero que
no final deste ano letivo os idosos apresentem resultados superiores àqueles
que tiveram no início do ano, daí um foco muito grande no que toca à
resistência aeróbia e à força muscular, duas das mais importantes capacidades
físicas para a sua autonomia (ACSM,2014). A flexibilidade não vai ser
esquecida já que além das aulas em que vai ser especificamente trabalhada,
em todas as aulas, tanto no início como no final (ACSM 2014). O equilíbrio e
coordenaçãoo irão igualmente ser trabalhados ao longo de todo o ano.
111
No treino da resistência aeróbia os exercícios utilizados implicaram a
realização de movimentos usando grandes grupos musculares e irão ser
baseados em percursos com diversos obstáculos que impliquem um esforço e
intensidade progressivamente superiores. Com o decorrer do ano o objetivo
será aumentar o nível de intensidade e dificuldade dos percursos. Inicialmente
a intensidade prevista vai variar na escala de RPE( Percepção de esforço de
Borg) entre o 6 e o 7 (intensidade moderada e vigorosa) sendo que durante o
ano a intensidade irá aumentar progressivamente (ACSM 2014). Esta
capacidade será trabalhada todas as semanas pelo menos uma vez por
semana, ocupando entre 10 a 15 minutos das aulas numa fase inicial, sendo
que irá aumentar progressivamente ao longo do ano até aos 25 minutos. Para
al´me de serem importantes para a autonomia do idoso, este tipo de exercicios
é recomendado no controlo de alguns tipos de doenças como doenças
cardiovasculares, Diabetes tipo II e alguns cancros (Paterson, 2007).
No treino de Força iremos trabalhar no sentido do treino de
sobrecarga progressiva, isto é, ao longo do tempo iremos aumentar a
intensidade e a duração dos exercícios. Segundo o ACMS(2014) a frequência
do trabalho de força deve de ser no mínimo de duas vezes por semana. No
entanto, como só dispomos de duas aulas por semana, o trabalho vai ser
executado apenas uma vez por semana. Inicialmente a intensidade do trabalho
irá ser medida com a escala de percepção de esforço de Borg sendo que o
objectivo é que o idoso seja capaz de realizar 12 repetições seguidas com uma
intensidade entre o 6 e o 7 ( Moderado a Vigoroso) (ACMS, 2014). Serão
executadas inicilamente duas séries de 12 repetições sendo que ao longo do
ano irá haver uma progressão tanto na intensidade como no número de séries
e repetições, o trabalho de força irá sempre forcar-se nos grandes grupos
musculares implicados no dia a dia do idoso. Nos exercícios para os membros
superiores irão ser utilizados pesos e também bandas elásticas, tentando
sempre individualizar o mais possível as cargas a cada idoso; para trabalhar os
membros inferiores utilizaremos exercícios de sustentação do próprio peso e
também as bandas elásticas.
112
O equilíbrio é definido como a capacidade de manter o controlo dos
movimentos do corpo quer seja na tentativa de o manter na mesma posição ou
na execução de movimentos controlados ACMS (2014). O equilibrio requer
uma boa capacidade de antecipação e reação de controlo do movimento do
corpo (Rose,. 2010). O equilíbrio e a coordenação devem de ser trabalhados 2
a 3 vezes por semana como descrito pelo ACMS (2014) mas neste caso só
poderemos trabalhar esta capacidade uma vez por semana. Para esta
capacidade a intensidade não é o factor mais importante, a dificuldade
colocada é que implica uma alteração no comportamento do indivíduo. O tipo
de trabalho a fazer nestas capacidade implica quatro vertentes (ACSM, 2014),
progressivamente dificultar a postura reduzindo a base de suporte, movimentos
dinâmicos que perturbem o centro de gravidade, colocar os grupos musculares
responsaveis pela postura sobre stress, reduzir o input sensurial como por
exemplo realizar exercicios com os olhos fechados. Nesta capacidade é
importante ter o cuidado de realizar exercicios seguros onde o participante se
possa monitorizar, sendo que em todos os momentos o participante deve de ter
noção dos seus limites. No que diz respeito ao treino da coordenação e
equilíbrio, o trabalho a ser realizado vai incidir mais na vertente oculo-manual
no que à coordenação diz respeito, com trabalho de movimentação com bolas
e arcos, as bases de equilíbrio e os colchões serão utilizados para o treino do
equilíbrio. Vão ser realizados diversos jogos que permitem uma grande
interação entre os elementos do grupo e também estimulam a motivação e a
alegria.
Em termos de trabalho de flexibilidade, a forma de trabalho mais
recomendada para a Terceira Idade é o alongamento estático. O trabalho de
flexibilidade deve durar cerca de 10 minutos num mínimo de duas vezes por
semana (ACMS 2014). A intensidade deste tipo de trabalho deve de se situar
na escala de intensidade de Borg entre o 5 e o 6 (Moderado), e a duração do
movimento entre 10 a 60 segundos sendo que devemos repetir o movimento
pelo menos quatro vezes (ACMS 2014). Inicialmente o objetivo será realizar o
movimento uma vez, conseguir mantê-lo durante 15 segundos, mais tarde e
progressivamente irei aumentar o tempo em que se tem de manter o
113
alongamento, e o número de repetições por movimento. Este tipo de trabalho
irá ser realizado duas vezes durante cada aula, depois do aquecimento e no
final, já que facilita um relaxamento e um retorno á calma (ACSM,2014).
Ao longo do ano iremos também ter algumas aulas dedicadas a
períodos especiais, como o Sº.Martinho, o Natal, a Páscoa e o Carnaval. O
objetivo destas aulas será a confraternização e a socialização através de
actividades lúdicas, nunca esquecendo a atividade física.
Como foi dito anteriormente o objectivo será implicar melhorias na
condição física deste grupo de idosos, mas igualmente aumentar o sentimento
de bem-estar físico e psicológico. Para tal, para além de manter uma certa
exigência irei tentar que as aulas também sejam interativas e motivadoras, para
isso espero que contribua a diversidade dos exercícios e a excelente relação
que penso criar com este grupo.
Em seguida apresenta-se o Plano Anual:
114
Tabela 23 – Plano anual para a turma de manutenção A - FADEUP.
115
3.10. Reflexão turma A de manutenção - Setembro a
Dezembro de 2014
O ínicio deste estágio não se adivinhou fácil, era o primeiro contato que
iria ter com pessoas idosas durante uma aula completamente planeada por
mim e onde lecionava sozinho. A primeira aula começou bem em termos de
ligação com os alunos, acho que nos entendemos bem desde muito cedo, e
partilhamos uma relação aluno-professor muito profissional, com respeito, mas
também com muito carinho transmitido. O que correu bem em termos sociais
não correu tão bem em termos de planeamento e gestão do tempo, onde
cometi alguns erros, com os quais aprendi muito. Estes erros fizeram com que
eu crescesse enquanto professor e ajudaram-me a ultrapassar outras
dificuldades que encontrei na turma.
Esta é uma turma muito heterogénea em termos de capacidade física, o
que causou algum transtorno no planeamento das aulas já que estas deveriam
ser exigentes e motivadoras para todos. Assim, como o nível de capacidades
era tão variado foi preciso ter o cuidado de trabalhar de diferentes formas de
modo a que todos se sintam bem e capazes de realizar os exercícios. Neste
escalão etário o fator sucesso na tarefa é de fundamental importância para
manter a motivação e adesão às sessões de exercício físico.
Do total de 28 alunos da turma, três alunos apenas apareceram na
primeira aula pois estavam com graves problemas de saúde e não poderiam
continuar.
As aulas funcionaram normalmente e correu tudo como planeado. Sinto
que com o decorrer destes meses fui ganhando confiança e a minha relação
com os alunos foi crescendo.
Um problema secundário que, por vezes, também afetou as aulas foi o
frio que se fez sentir no pavilhão de rítmica. Muitas vezes os alunos queixaram-
se que a diferença de temperatura do pavilhão para o corredor era enorme, o
que causava algum desconforto. Acredito que esta situação ajudou a que
116
alguns dos alunos não viessem às aulas nos dias em que estava mais frio. Em
termos se sessões de exercício tivemos que aumentar um pouco a duração do
período de aquecimento.
Muitos idosos apenas frequentavam as aulas de segunda-feira, razão
pela qual estas aulas tiveram quase sempre mais de vinte alunos enquanto que
as quinta-feira apenas tinham cerca de quinze alunos. Possivelmente estas
diferenças justificam a minha maior dificuldade planear e concretizar as aulas,
dada a maior heterogeneidade da turma. Por exemplo, para formar grupos por
vezes aconteceu um aluno com menor capacidade não deixar que outros com
maior capacidade conseguissem fazer o exercício com a intensidade devida.
Pelo contrário à quinta-feira como o número de alunos era menor, era mais fácil
fazer os grupos de forma a permitir que todos realizassem os exercícios com a
intensidade devida.
Os testes físicos revelaram ser uma tarefa de desagrado para os idosos
já que os mesmos dizem que fazem aquilo todos os anos e não gostam.
Mesmo assim realizaram os testes com todo o empenho e atitude exigida,
sendo que a meio da realização dos mesmos fiz questão de explicar a
importância do que eles estavam a fazer no sentido de comparar os resultados
do antes e do depois de um programa de exercício físico, de forma a perceber
a evolução de cada um dos alunos. Após a explicação já não se queixaram
mais e acho que entenderam que realmente aqueles testes são importantes.
Apesar de nas sessões de exercício, a turma aparentar ser muito
heterogénia, os resultados dos testes são bons e homogéneos, particularmente
na força muscular e resistência aeróbia. Assim, se por um lado estes
resultados não me surpreenderam pois a turma era muito ativa e dinâmica, por
outro lado não eram coincidentes com a realidade das aulas. Isto leva-me a
duas possíveis explicações, ou os alunos que nas aulas se mostram menos
capazes se aplicam mais nos testes para de alguma forma disfarçar a diferença
para os outros, ou então durante as aulas queixam-se e referiam estar muito
cansados apenas para não terem de se esforçar mais e manterem-se na sua
117
zona de conforto. Ao longo do ano a diferença entre alunos ficou cada vez mais
evidente.
Concluíndo posso afirmar que durante estes meses aprendi muito mais
do que aquilo que estava à espera, não apenas em termos teóricos mas
fundamentalmente em termos práticos, já que a responsabilidade de liderar
uma turma, de liderar um grupo de pessoas com muito mais experiência de
vida do que eu, e pelas quais eu tenho um enorme respeito fez com que em
cada aula houvesse alguma coisa que permitisse que eu melhorasse e
crescesse enquanto professor.
3.11. Resultados finais e discussão
Após a conclusão do programa de treino as turmas foram novamente
avaliadas através da bateria de testes Rikli&Jones (1999). Para saber se
ocorreram diferenças estatisticamente significativas entre as duas avaliações
apliquei um t-teste para amostras emparelhadas para a comparação de
médias. Neste teste se o resultado de p for inferior a 0,05 significa que se
verificaram diferenças significativas entre o primeiro momento de avaliação e o
segundo; se pelo contrário o resultado por inferior a 0,05 então é porque as
diferenças não são significativas entre os dois momentos de avaliação.
Na tabela 23 podemos observarnos valores médios e respetivos desvio-
padrão para os dois momentos de avaliação em que a inicial é A1 e a final é
A2, assim como o valor de p que resulta da comparação entre as duas
avaliações.
118
Tabela 24 -Comparação de resultados da Avaliação Inicial (A1) com a Avaliação Final (A2)
Analisando a tabela anterior podemos verificar que foram conseguidas
melhorias significativas em dois testes: Levantar e Sentar e Flexão do
antebraço. Nos restantes testes embora se observem melhorias dos resultados
médios nos testes finais comparando com os testes iniciais, as diferenças entre
os resultados não foram estatisticamente significativas. De seguida apresento a
análise dos resultados médios referentes a cada teste:
3.11.1. Peso
Apesar de não ser estatisticamente significativa os resultados mostram
que a média de peso da turma baixou. A média na primeira avaliação estava
em 64,62kg sendo que na avaliação final baixou para 60,55 kg. Apesar de não
ser estatisticamente significativo, esta redução parace-nos bastante importante.
A prática do exercício físico conjuntamente com uma alimentação equilibrada
leva a uma redução do peso (ACSM, 2014). Embora não tenha existido um
controlo nutricional por minha parte, penso que o fato de estes idosos serem
Parâmetros
Média e Desvio padrão Comparação( A1-A2)
A1 (Média -
desvio padrão)
A2 (Média- desvio
padrão) Valor de p
Peso (kg) 64,62 – 6,74 60,55 - 7.07 0,075
Índice de Massa
corporal 26,69 -3,31 26,69 - 2,16 0,209
Levantar e Sentar(reps) 22,88 – 5,41 26,5 – 4,55 0,044
Flexão do
Antebraço(reps) 25,36 – 5,07 28,5 – 4,18 0,047
Sentado e Alcançar(cm) -5,20 – 10,86 4,67 – 5,55 0,669
Sentado, caminhar
(2,44m) e sentar (s) 5,36 – 1,04 4,87 – 0,55 0,078
Atrás das costas(cm) -17,88 – 11,72 -11,5 - -8,11 0,385
6 minutos a andar(m) 533 – 62,49 552,00 – 57,00 0,171
119
tão ativos e participarem em mais do que uma atividade permitiu esta redução
do peso.
3.11.2. IMC
O índice de massa corporal, tal como o peso, não apresentou diferenças
significativas. De notar que apesar da redução peso, a média dos valores de
IMC corresponde a níveis de pré-obesidade.
3.11.3. Levantar e Sentar
Este teste obteve resultados estatisticamente significativos sendo que
houve uma melhoria da capacidade de força dos membros inferiores. Nos
resultados iniciais a média de repetições era de 22,89 repetições sendo que no
final do programa essa média subiu para 26,5. Fica demonstrado que o
planeamento feito foi efetivo e conseguiu induzir alterações necessárias para
promover uma melhoria da capacidade. Esa evolução é de fundamental
importância já que a força dos membros inferiores está implicada na
locomoçãoo, equilíbrio, menor risco de quedas e na maior facilidade para
realizaçãoo de inúmeras tarefas diárias (ACSM,2014).
3.11.4. Flexão do antebraço
Este foi o segundo teste onde se verificaram melhorias estatisticamente
significativas, os resultados subiram de 25,36 repetições na avaliação inicial,
para 28,5 na avaliação final. Estes valores mostram que o trabalho realizado
alcançou resultados muito positivos e foi possível melhorar o nível de força dos
membros superiores destes alunos.
120
3.11.5. Sentado e Alcançar
Os resultados obtidos neste teste foram os piores em termos
estatísticos, sendo que os valores se mantiveram praticamente constantes. Isto
demonstra que a melhoria alcançada não foi significativa e como tal, o
programa de exercício físico não foi efetivo em termos de flexibilidade sendo
necessário mais trabalho e mais tempo para que apareçam melhores
resultados.
Podemos então concluir que a flexibilidade necessita de mais tempo de
trabalho do que aquele que tivemos ao longo do ano, só dessa forma
poderiamos ter resultados estatisticamente significativos.
3.11.6. Sentado caminhar 2,44m e sentar
Neste teste os resultados tiveram muito próximos de se tornarem
estatisticamente significativos (p= 0,078). A média de tempo baixou de 5,36s
da primeira avaliação para 4,87s na segunda, o que pode parecer uma redução
muito baixa, mas tendo em conta que na primeira avaliação já quase todos os
idosos se encontravam acima da normalidade dos resultados segundo o
IDP(2011) esta redução é muito positiva.
3.11.7. Alcançar atrás das costas
Mais uma vez conseguimos perceber que a flexibilidade é a capacidade
que menos melhorias apresentou ao longo deste programa. Estes resultados
demonstram o que já foi dito anteriormente, a flexibilidade é uma capacidade
121
que precisa de mais tempo de trabalho para que os resultados alcançados
apresentem melhorias que sejam significativas.
3.11.8. 6 minutos a andar
Os resultados obtidos neste teste demonstram que não houve nenhuma
melhoria estatisticamente signifcativa apesar de os resultados mostrarem uma
ligeira melhoria entre as avaliações. Comparando a primeira com a segunda
avaliação, em média os alunos andaram mais 19 metros, o que é bastante
razoável mas insuficiente para ser estatisticamente significativo tendo em conta
os valores altos de desvio-padrão.
122
3.12. Reflexão geral do estágio com a turma de
manutenção da FADEUP
No geral e tal como os resultados demonstram, o trabalho realizado ao
longo do ano foi bem concebido e o objetivos a que me propus foram
cumpridos quase na totalidade. Sempre soube que obter melhorias em todos
os parâmetros e todos os testes ia ser muito difícil já que estamos a falar de um
grupo de idosos que realiza atividade física frequentemente e é muito ativa na
sua vida. No entanto é sempre possível provocar alterações fisiológicas através
do exercício que façam com que o corpo se adapte e os resultados melhorem
ou se mantenham (ACSM,2014).
No final deste programa fica o sentimento de dever cumprido sendo que
as atividades realizadas que foram incluídas mais tarde no programa como o
sarau e a mostra da UP deram uma maior motivação e vontade aos idosos.
Estas atividades permitiram uma excelente socialização não só entre os idosos
das turmas de manutenção mas também com outros alunos e professores da
Faculdade de Desporto, o que fez com que os alunos se sentissem mais
integrados no ambiente académico.
Após a conclusão deste ano posso afirmar que aquilo que foi planeado
foi cumprido e as alterações que foram feitas vieram ajudar de muitas formas à
maior amplificação do que é a atividade física na Terceira Idade.
Apesar de entender que estas alterações foram muito positivas penso
que estas atividades devem ficar definidas o quanto antes de forma a fazerem
parte já do plano anual e assim poder ser possível adaptar o mesmo para que
nenhuma capacidade seja prejudicada. O exemplo mais visível disso foi o mês
de ensaio que tivemos para o sarau. Apesar de ser um mês de treino onde
através da dança trabalhamos a resistência aeróbia e a coordenação, outras
capacidades como a força e a flexibilidade não foram tão desenvolvidas. A
melhor solução é preparar tudo com mais antecedência e em vez de ser um
mês de treino intenso, o melhor é ter mais aulas de ensaios intercaladas com
123
aulas normais de exercício físico, de forma a não permitir que nenhuma
capacidade seja descuidada.
3.13. Conclusões e prespetivas de futuro
Em Portugal o envelhecimento é um fator muito importante na nossa
sociedade. Analisando os dados do INE(2011) podemos concluir que a
percentagem de pessoas idosas na nossa população tem vindo a aumentar
significativamente e, segundo o mesmo instituto, é possível prever que
continue a aumentar. Este aumento da percentagem de população idosa não é
só explicavél pelo baixo indíce de natalidade, mas também pelo aumento da
esperança média de vida (INE, 2011). Isto significa que cada vez mais as
pessoas vivem mais tempo. O importante é dar a conhecer as pessoas a
melhor forma de viver esses anos. Com o dercorrer dos anos o organismo vai
sofrendo alterações e com o seu envelhecimento alguns problemas de saúde
podem surgir, e aí é que entra o EF/AF de forma a prevenir e reduzir o risco de
aparecimento de alguns problemas como: diabetes, a osteoporose, doenças
cardiovasculares, excesso de peso e obesidade, hipertensão (ACSM,2014;
OMS, 1996). O trabalho realizado neste estágio tem também o objetivo de dar
a conhecer à população idosa as vantagens da prática do exercício físico. Mas
para obter estes benefícios é necessário a realização de um programa de EF
com conhecimentos aprofundados sobre aquilo que motiva os idosos, os seus
maiores problemas, as capacidades que cada um possuí, as suas patologias e
o seu nível de limitação física.
Durante a minha avaliação das duas turmas percebi que o principal
objetivo de todos era melhorar a sua qualidade de vida, em alguns casos
acrescentavam melhorar uma capacidade em específico ou mesmo a
socialização que provinha de participar num programa com outras pessoas da
mesma geração, que partilham os mesmos problemas. As duas turmas com
que trabalhei revelaram ser, tal como esperado, completamente diferentes, a
turma de manutenção demonstrava ser muito mais capaz e ativa do que a do
centro social da Areosa.
124
Os resultados finais do programa foram positivos em termos físicos mas
fundamentalmente em termos de bem-estar psicológico. Aprendi enquanto
docente que duas aulas por semana são insuficientes para obter os resultados
significativos em termos de aptidão física e que o trabalho referente à
flexibilidade devia de ter sido mais intenso e/ou mais frequente. No entanto,
penso que tanto eu como os alunos estamos satisfeitos com os resultados que
alcançamos. As sessões de exercício físico são fundamentais para a manter a
condição física dos idosos mas são igualmente determinantes para fomentar as
relações sociais e melhorar o bem-estar e a qualidade de vida dos mesmos.
A nível de futuro espero continuar a trabalhar na área Desportiva, mais
especificamente com idosos, não só na realização de programas de EF mas
também na divulgação do trabalho que tem vindo a ser feito nesta área e que
permite que os idosos tenham uma qualidade de vida superior.
Este ano ajudou-me a crescer a nível pessoal e profissional, e a
aprender a lidar com discentes que são mais velhos e com uma experiência de
vida muito superior à minha, pessoas pelas quais eu tenho um enorme respeito
e com as quais tive um gosto enorme em trabalhar.
125
4. Bibliografia
126
ACMS’s (2014). Guidelines for exercise Testing and Prescription. Ninth
Edition. Wolters Kluwer, Lippincott Wiliams & Wilkins.
ACMS’s(2014). Exercise for older adults. First edition. Wolters Kluwer,
Lippincott Wiliams & Wilkins.
ACMS’s (2009). Position Stand: Exercise and Physical Activity for Older
Adults. Medicine & Science in Sports & Exercise: 1510-1530.
Alzheimer Portugal- Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos
doentes de Alzheimer. (2014) - consultado a 11 de Dezembro 2014,
disponível em: http://alzheimerportugal.org/pt/text-0-9-30-14-a-doenca-de-
alzheimer
American Heart Association (2014) - Recommendations for Physical
Activity in older adults. Consultado em 12 de Dezembro de 2014 , disponivél
em:
http://www.heart.org/HEARTORG/GettingHealthy/PhysicalActivity/FitnessBasics
/American-Heart-Association-Recommendations-for-Physical-Activity-in
Adults_UCM_307976_Article.jsp
American Diabetes Association. (2010) Diagnosis and classification of
diabetes mellitus. Diabetes Care. 27(1): S62-9
Astrand, P.O., & Rodahl, K. (1986). Textbook of work physiology:
Physiological bases of exercise (3ºEd.). New York: McGraw-Hill Book
Company.
Bastone, A.D.C & filho, W.J. (2004) – Effect of an exercise program on
functional performance of institutionalized elderly. Journal of Rehabilitation
Research and Development. 41(5): 659-668.
Bergen, J.L, Toole, T; Elliott, R.G; Wallace, B; Robinson, K.; Maitland,
C.G. (2002). Aerobic exercise intervention improves aerobic capacity and
movement initiation in Parkinson’s disease patients. NeuroRehabilitation.
17(2):161-8
Birren JE. Research on the psychologic aspects of aging. (1963)
Geriatrics 18:392-403
127
BOFF, Leonardo (2003). Ética e moral: a busca dos fundamentos.
Petrópolis: Vozes. (PUC-SP). 125p.
Boulé, N.G., Háddad, E., & Kenny, G.P. (2001). Effects of exercise on
glycemic control and body mass in type 2 diabetes mellitus: a meta-analysis of
controlled clinical trials. Journal of American Medical Association, 286(10),
1218-1227
Brazzeli, M. Saunders, D.H. Greig, C, Mead, G.E. (2011) - Physical
Fitness Training for stroke patients. Cochrane database of Systematic Reviews,
Issue 11. Art. No.: CD003316. DOI: 10.1002/14651858. CD003316.pub4.
Camargo, Luís Fernando Aranha (2010). Página Einstein. Revista Veja,
17: 59
Conn, VS. (2010) Depressive symptom outcomes of physical activity
interventions: Meta-analytic findings. Annals Behavioural Medicine, 39(2):128-
38
Cress, M.,Buchner, D.,Prohaska, T.,Rimmer, J.,Brown, M.,Macera, C., et
al.(2006). Best Practices for Physical Activity Programs and Behaviour
Counselling in older Adults Populations. European Review of Aging and
Physical Activity: Official Journal of the EGREPA. 3(1): 34-41.
Cruz, Ana Patrícia – (2010) Influência dos acontecimentos de vida
stressantes na satisfação com a vida dos idosos 5(1) 20-27. Viseu: IPV –
ESSV, 2010. Tese de pós-licenciatura de especialização.
Chobanian AV, Bakris GL, Black HR, et al. (2003) Seventh report of the
Joint National Committee on prevention, detection, evaluation, and treatment of
high blood pressure. Hypertension. 42(6):1206-52.
Ettinger WH. Jr., Burns R, Messier SP, et al. (1997). A randomized trial
comparing aerobic exercise and resistance exercise with health education
program in older adults with knee osteoarthritis. The Fitness Arthritis and
Seniors Trial., 227(1):25-31
ESS Round 5: European Social Survey Round 5 Data (2010). Data file
edition 3.2. Norwegian Social Science Data Services, Norway – Data Archive
and distributor of ESS data.
128
Dishman, R.K., Washburn, R. A., & Health, G. W. (2004). Physical
activity epidemiology. Champaign: Human Kinetics.
Farinatti, P.(2008). Envelhecimento, promoção da saúde e exercício:
Bases teóricas e metodológicas. São Paulo: Manole.
Farinatti, P. & Monteiro, W. (2008). Aspectos fisiológicos da aptidão
física no envelhecimento: Função cardiorespiratória e composição corporal, In
Farinatti,P. (ed). Envelhecimento, promoção da saúde e exercício: Bases
Teóricas e Metodológicas. São Paulo: Manole.
Farret, J. (2005). Nutrição e doenças cardiovasculares: prevenção
primária e secundária. São Paulo: Atheneu.
Food and Nutrition Board, Institute of Medicine. (2011) Dietary Reference
Intakes for Calcium and Vitamin D. Washington (DC): National Academy Press.
Food and Nutrition Board, Institute of Medicine. (1998) Dietary Reference
Intakes Thiamin, Riboflavin, Niacin, Vitamin B6, Vitamin B12, Pantothenic Acid,
Biotin and Choline. Washington (DC): National Academy Press.
Gale Kittle, RN, MPH, St. Joseph’s Hospital and Medical Center, Barrow
Neurological Institute, Pheonix, Arizona. (2005) what you and your family
should know. National Parkinson Foundation.
Gallaher DD, Schneeman BO. Dietary Fiber. (2001) In: Bowman BA,
Russell RM, editors. Present Knowledge in Nutrition: Eight edition (83-91).
Washington (DC): ILSI Press.
Garber CE, Blissmer B, Deschenes MR, et al. (2011). American College
of Sports and Medicine Position Stand. The quantity and quality of exercise for
developing and maintaining cardiorespiratory, muscle-skeletal, and neuromotor
fitness in apparently healthy adults: Guidance for prescribing exercise. Medicine
Science Sports Exercise. 43(7) - 1334-1359.
Gonçalves, C (2003). As pessoas idosas nas famílias institucionais
segundos os censos. Revista de Estudos Demográficos.
Garcia, R.R (1999). O Idoso na sociedade contemporânea. In: Mota, J. &
Carvalho, J. (ed). A Qualidade de Vida no Idoso: O Papel da Actividade Física:
129
Actas do Seminário.: Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e Educação
Física. PP. 70-84.
Halpern, M. J., Quintas, A., Freire, A.P. (2008). Bioquímica –
Organização Molecular da Vida, Lidel, Lisboa.
Hackney ME, Earhart GM. (2009) Effects of dance on movement control
in Parkinson’s disease: a comparison of Argentine tango and American
ballroom. Journal Rehabilitation Medicine.
Headley S, Germain M, Mailloux P, et al. (2002) Resistance training
improves strength and functional measures in patients with end-stage renal
disease. Am J Kidney Dis. 40(2):355-64.
Hurley BF, Roth SM. (2000) Strength training in the elderly: effects on
risk factors for age-related diseases. Sports Med. 30(4):249-68.
INE, Instituto Nacional de Estatística (2014) , População Residente em
Portugal. Lisboa.
INE, Instituto Nacional de Estatística (2008) – Estatisticas Demograficas.
INE, Lisbon, Portugal.
INE, Instituto Nacional de Estatística(1999,2002a) – Caracterização da
População Portuguesa. Lisboa, Portugal
Instituto Português de Reumatologia – Atrite Reumatóide (2007),
consultado a 3 de Janeiro de 2015, disponivél em :
http://www.ipr.pt/index.aspx?p=MenuPage&MenuId=154
Jan MH, Lin JJ, Liau JJ, Lin YF, Lin DH. (2008) Investigation of clinical
effects of high and low resistance training for patients with knee osteoarthritis: a
randomized controlled trial. Phys Ther. 88(4):427-36.
Jones, J. & Rose, D. (2004). Physical Activity Instruction for Older Adults.
Champaign, Illinois: Human Kinetics
Kahn, S.E., Larson, V.G., Beard, J.C., Cain, K.C., Fellingham, G.W.,
Schwartz, R.S. et al. (1990) Effect of exercise on insulin action, glucose
tolerance, and insulin secretion in aging. American Journal of Physiology &
Endocrinology Metabolism. 258, 937-943.
130
Lawlor DA, Hopker SW. (2001) The effectiveness of exercise as an
intervention in the management of depression: Systematic review and meta-
regression analysis of randomised controlled trials. Brain Medicine Journal.
322(7289): 763-7.
Levenson, S.A. (2001). A assistência institucional de longo prazo, p531.
In J.J. Gallo, J Busty- Whitehead, P.V. Rabius, R.A Silliman, &J.B Murphy. Rio
de Janeiro.
Mancia, G., Rosei, E., et al. (2003). European Society of Hypertension –
European Society of Cardiology Guidelines for the management of arterial
hypertension. Journal Hypertension.
McCormick DB. (2001) – Vitamin B6. In: Bowman BA, Russell RM,
editors. Present Knowledge in Nutrition: Eight edition (207-213). Washington
(DC): ILSI Press.
M. Paula Mota, Pedro A. Figueiredo, José A. Duarte (2004). Revista
Portuguesa de Ciências do Desporto,, vol. 4, nº 1 [81–110].
Ministério da Saúde – Portal da saúde (2012) – Reconhecer os sintomas
da doença de Parkinson. Consultado em 12 de Dezembro de 2014, disponível
em:
http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/ministeri
osaude/doencas/doencas+neurologicas/parkinson.htm
Nelson ME, Rejeski WJ, Blair SN, et al. (2007) Physical activity and
public health in older adults: recommendation from de American College of
Sports Medicine and the American Heart Association. Medicine Science Sports
Exercise. 116(9), 1094-1105.
Netz Y, Wu MJ, Becker BJ, Tenenbaum G. (2005) Physical activity and
psychological well-being in advanced age: A meta- analysis of intervention
studies. Psychol Aging. 20(2), 272.
Observatório Nacional da Actividade Física e do Desporto (2011). Livro
verde da aptidão física. Lisboa: Instituto do Desporto de Portugal.
Oliveira, C.C (2006). Optimizando a qualidade de vida das pessoas
idosas intitucionalizadas. Revista Virtual de Textos & Contextos (6).
131
Owen N, Healy GN, Matthews CE, Dunstan DW. 2010. Too much sitting:
the population health science of sedentary behaviour. Exerc Sport Sci Rev.
38(3): 105-13
Paterson DH, Jones GR, Rice CL. (2007) Ageing and physical activity:
Evidence to develop exercise recommendations for older adults. 98(2): S69-
108.
Physical Activity Guidelines Advisory Committee Report, 2008.
Department of Health and Human Services, 78 p.
Resende, Marineia Crosara et al. (2006). Rede de relações sociais e
satisfação com a vida de adultos eidosos. Psicología para América Latina, n.º 5
(Fevereiro 2006), México. Revista Electrónica Internacional de la Unión
Latinoamericana de Entidades de Psicologia. ISSN 1870-35X.
Rikli, R.E. & Jones, C.J. (2001). The Senior Fitness Test. Champaign:
Human Kinetics, 161 p.
Rose DJ. Fallproof! (2010). A comprehensive Balance and Mobility
Training Programme. 2nd edition. Champaing (IL); Human Kinetics.
Russel RM, Rasmussen H. (1999). The impact of nutritional needs of
older adults on recommended food intakes. Nutr Clin Care. 2(3) 164-76.
Russel RM, Rasmussen H. Lichtenstein AH (1999). Modified food guide
pyramid for people over seventy years of age. J Nutr. 129(3): 751-753.
Skinner JS. Aging for exercise testing and exercise prescription. 2005. In
Skinner JS, editor. Exercise testing and prescription for special cases:
Theoretical Basis and Clinical Application. 3rd ed. Baltimore, p.85-99.
Spirduso, W.W., Francis, K. L & MacRae, P.G. (1995). Physical
dimensions of aging. Champaign, Illianois: Human Kinetics.
Spirduso, W.W., Francis, K. L & MacRae, P.G. (2005). Physical
dimensions of aging. Champaign, Illinois: Human Kinetics.
Serrabona y Cols (2004). 1001 ejercicios y juegos de calentamiento.
Barcelona. Paidotribo. 3º edición
132
Sigal RJ, Kenny GP, Wasserman DH, Castaneda-Sceppa C. (2004)
Physical activity/exercise and type 2 diabetes. Diabetes care; 27:2518-39
TAVARES, Viviana et al – (2007) Recomendações para o diagonóstico e
terapêutica da Osteoporose, SPR/ SPDOM.
Toraman, F. & Sahin, G. (2004) Age responses to multicomponent
training programme in older adults. Disability and Rehabilitation. 26(8): 448-454.
Toraman, N.F., Erman, A. & Agyar, E. (2004). Effects of multicomponent
training on functional fitness in older adults. Journal of Aging and Physical
Activity. 12(4): 538-553.
U.S Department of Health and Human Services and U.S department of
Agriculture. (2005) Dietary Guidelines for Americans. Washington (DC): U.S
Government Printing Office.(HHS Publication number: HHS-ODPHP-2005-01-
DGA-A).
Wallace, J. (2003). Exercise in hypertension: a clinical review. Sports
Medicine. 33:1.
World Health Organization, editor. (1996). Heidelberg Guidelines for
promoting Physical Activity among Older Persons. Geneva, Switzerland.
World Health Organization. (1997) WHOQOL: measuring quality of life.
Geneva: WHO;
World Health Organization. (2002). Active ageing: A policy framework.
Madrid: WHO.
World Heath Organization. (2006). Neurological Disorders: Public Health
Challenges. WHO
World Heath Organization. (2011). Depression: A hidden burden. WHO.
World Heath Organization. (2011). Global Health and Aging. USA: U.S
Department of Health and Human Services.
133
5. Anexos
134
Anexo 1
Ficha individual do Idoso Turma de Manutenção
Nome: Idade: Contacto telefónico: Em caso de emergência contactar Nome: Contacto Telefónico: Grau de parentesco: Habilitações Literárias - Atualmente com quem vive? Marido/Esposa Filhos Familiares Lar Sozinho Outro Patologias: Doenças Cardiacas Doenças Respiratórias Hipertensão Colesterol Diabetes Doenças da Coluna Doença Renal Crónica Bronquite/Asma Depressão Problemas de Visão Problemas Auditivos Problemas Articulares Outros Quais? - Fuma? Sim Quantos cigarros por dia? Não Toma Medicação? Qual ou quais os medicamentos – Sofreu alguma queda no último ano? Sim Não Tem dificuldade em realizar alguma atividade do seu dia-a-dia? Sim Não Se sim, qual ou quais? -
135
Atividade Física Pratica alguma atividade física? Sim Não Se sim, qual e quantas vezes por semana – Quais as atividades que mais gosta de realizar? – O que espera melhorar mais com estas aulas? Força Equilíbrio Coordenação Resistência Flexibilidade
136
Anexo 2
Ficha individual do Idoso Centro Social da Areosa
Nome: Idade: Contacto telefónico: Habilitações Literárias - Atualmente com quem vive? Marido/Esposa Filhos Familiares Lar Sozinho Outro Patologias: Doenças Cardiacas Doenças Respiratórias Hipertensão Colesterol Diabetes Doenças da Coluna Doença Renal Crónica Bronquite/Asma Depressão Problemas de Visão Problemas Auditivos Problemas Articulares Outros Quais? - Fuma? Sim Quantos cigarros por dia? Não Toma Medicação? Qual ou quais os medicamentos – Sofreu alguma queda no último ano? Sim Não Tem dificuldade em realizar alguma atividade do seu dia-a-dia? Sim Não Se sim, qual ou quais? Vestir-se Tomar banho Tem dificuldades em dormir? Sim Não Quais os sentimentos que mais experiencia ao longo do dia? Ansiedade Medo Felicidade Alegria Orgulho
137
Coragem Tranquilidade Bem-estar Hidratação Qual a quantidade de água que ingere por dia? Nenhuma 0,5L 1L 1,5 2L + De 2L Atividade Física Pratica alguma atividade física? Sim Não Se sim, qual e quantas vezes por semana – Quais as atividades que mais gosta de realizar? –
138
Anexo 3
Bateria de Testes de ApF
DESCRIÇÃO DOS TESTES DA BATERIA SENIOR FITNESS TEST (SFT)
Os protocolos e objectivos de cada teste serão descritos a seguir, na mesma
ordem em que são distribuídos no circuito:
1. Levantar e Sentar na Cadeira
Objectivo:
Avaliar a força e resistência dos membros inferiores.
Equipamento:
Cronómetro, cadeira com encosto (sem braços), com altura de assento
aproximadamente de 43cm. Por razões de segurança, a cadeira deve ser
colocada contra uma parede, ou estabilizada de qualquer outro modo, evitando
que se mova durante o teste.
Protocolo:
O teste inicia-se com o participante sentado no meio da cadeira, com as costas
direitas e os pés afastados à largura dos ombros e totalmente apoiados no
solo. Um dos pés deve estar ligeiramente avançado em relação ao outro para
ajudar a manter o equilíbrio. Os braços estão cruzados ao nível dos punhos e
contra o peito. Ao sinal de “partida” o participante eleva-se até a extensão
máxima (posição vertical) e regressa à posição inicial de sentado. O
139
participante é encorajado a completar o máximo de repetições num intervalo de
tempo de 30s. O participante deve sentar-se completamente entre cada
elevação. Enquanto controla o desempenho do participante para assegurar o
maior rigor, o avaliador conta as elevações correctas. Chamadas de atenção
verbais (ou gestuais) podem ser realizadas para corrigir um desempenho
deficiente.
Prática / ensaio:
Após uma demonstração realizada pelo avaliador, um ou dois ensaios podem
ser efectuados pelo participante visando uma execução correcta. De imediato
segue-se a aplicação do teste.
Pontuação:
A pontuação é obtida pelo número total de execuções correctas num intervalo
de 30s. Se o participante estiver a meio da elevação no final dos 30s, esta deve
contar como uma elevação.
2. Flexão do Antebraço
Objectivo:
Avaliar a força e resistência do membro superior.
Equipamento:
Relógio de pulso ou outro qualquer que possua ponteiro de segundos, cadeira
com encosto (sem braços) e halteres de mão (2,27 kg para mulheres e 3, 63 kg
para homens).
Protocolo:
O participante está sentado numa cadeira, com as costas direitas, com os pés
140
totalmente assentes no solo e com o tronco totalmente encostado. O haltere
está seguro na mão dominante. O teste começa com o braço em extensão ao
lado da cadeira, perpendicular ao solo. Ao sinal de “iniciar” o participante roda
gradualmente a palma da mão para cima, enquanto faz a flexão do cotovelo no
sentido completo do movimento; depois regressa à posição inicial de extensão.
Especial atenção deverá ser dada ao controlo da fase final da extensão do
cotovelo.
O avaliador ajoelha-se (ou senta-se numa cadeira) junto do participante no lado
do braço dominante, colocando os seus dedos no bicípite do executante, de
modo a estabilizar a parte superior do braço, e assegurar que seja realizada
uma flexão completa (o antebraço do participante deve apertar os dedos do
avaliador). É importante que a parte superior do braço permaneça estática
durante o teste.
O avaliador pode precisar de colocar a sua outra mão atrás do cotovelo de
maneira a que o executante saiba quando atingiu extensão total, evitando
movimentos de balanço do antebraço. O relógio deve ser colocado de maneira
totalmente visível.
O participante é encorajado a realizar o maior número possível de flexões num
tempo limite de 30s, mas sempre com movimentos controlados tanto na fase
de flexão como de extensão. O avaliador deverá acompanhar as execuções de
forma a assegurar que o peso é transportado em toda a amplitude do
movimento – da extensão total à flexão total.
Cada flexão correcta é contabilizada, com chamadas de atenção verbais
sempre que se verifique um desempenho incorrecto.
Prática / ensaio:
Após demonstração por parte do avaliador deverão ser realizadas, uma ou
duas tentativas pelo participante para confirmar uma realização correcta,
seguindo-se a execução do teste durante 30s.
141
Pontuação:
A pontuação é obtida pelo número total de flexões correctas realizadas num
intervalo de 30s. Se no final dos 30s o antebraço estiver em meia-flexão, deve
contabilizar-se como uma flexão total.
3. Sentado e Alcançar
Objectivo:
Avaliar a flexibilidade dos membros inferiores.
Equipamento:
Cadeira com encosto (aproximadamente 43cm de altura até ao assento) e uma
régua de 45cm. Por razões de segurança, a cadeira deve ser colocada contra
uma parede para que se mantenha estável (não deslize para a frente) quando
o participante se sentar na respectiva extremidade.
Protocolo:
Começando numa posição de sentado, o participante avança o seu corpo para
a frente, até se encontrar sentado na extremidade do assento da cadeira. A
prega entre o topo da perna e as nádegas deve estar ao nível da extremidade
do assento. Com uma perna flectida e o pé totalmente assente no solo, a outra
perna (a perna de preferência) é estendida na direcção da coxa, com o
calcanhar no chão e o pé flectido (aproximadamente 90º). O participante deve
ser encorajado a expirar à medida que flecte para a frente, evitando
movimentos bruscos, rápidos e fortes, nunca atingindo o limite da dor.
Com a perna estendida (mas não hiper-estendida), o participante flecte
lentamente para a frente até à articulação da coxo-femoral (a coluna deve
manter-se o mais direita possível, com a cabeça no prolongamento da coluna,
portanto não flectida), deslizando as mãos (uma sobre a outra, com as pontas
dos dedos sobrepostas) ao longo da perna estendida, tentando tocar os dedos
dos pés. Deve tocar nos dedos dos pés durante 2s. Se o joelho da perna
142
estendida começar a flectir, solicitar ao participante que se sente lentamente
até que o joelho fique na posição estendida antes de iniciar a medição.
Prática / ensaio:
Após demonstração realizada pelo avaliador, o participante é questionado
sobre a sua perna preferencial. O participante deve ensaiar duas vezes,
seguindo-se a aplicação do teste.
Pontuação:
Usando uma régua de 45 cm, o avaliador regista a distância (cm) até aos
dedos dos pés (resultado mínimo) ou a distância (cm) que consegue alcançar
para além dos dedos dos pés (resultado máximo). O meio do dedo grande do
pé, na extremidade do sapato, representa o ponto zero. Registar ambos os
valores encontrados com a aproximação de 1cm, e fazer um círculo sobre o
melhor resultado. O melhor resultado é usado para avaliar o desempenho.
Assegure-se de que regista os sinais – ou + na folha de registo.
Atenção:
O avaliador deve ter em atenção as pessoas que apresentam problemas de
equilíbrio, quando sentadas na extremidade da cadeira.
A perna preferida é definida pelo melhor resultado. É importante trabalhar os
dois lados do corpo ao nível da flexibilidade, mas por questões de tempo
apenas o lado hábil tem sido usado para definição de padrões.
4. Estatura e Peso
Objectivo:
Avaliar o índice de massa corporal (kg m2)
Equipamento:
143
Balança, fita métrica de 150cm, régua e marcador.
Calçado:
Por uma questão de tempo, as pessoas podem estar calçadas durante a
medição da altura e do peso, com os ajustamentos abaixo descritos.
Protocolo:
Estatura
Uma fita métrica de 150cm deve ser aplicada verticalmente numa parede, com
a posição zero exactamente a 50cm acima do solo.
O participante encontra-se de pé encostado à parede (a parte média da cabeça
está alinhada com a fita métrica) e olhando em frente. O avaliador coloca a
régua (ou objecto similar) sobre a cabeça do participante, mantendo-a nivelada,
estendendo-se até a fita métrica. A estatura da pessoa é a medida (cm)
indicada na fita métrica, mais 50cm (distância a partir do solo até ao ponto zero
da fita métrica). Caso o participante se encontre calçado, pode ainda retirar-se
de 1,3cm a 2,5cm de total dos cm, usando o critério mais rigoroso possível.
Peso
O participante deve despir todas as peças de vestuário pesadas, tais como
casacos, camisolas grossas, etc.
O peso é medido e registado com aproximação às 100g e ajustamentos
relativos ao peso do calçado. Em geral deve ser subtraído 0,45kg para
mulheres e 0,91kg para homens.
5. Sentado, caminhar 2,44m e voltar e sentar
Objectivo:
Avaliar a mobilidade física – velocidade, agilidade e equilíbrio dinâmico.
Equipamento:
Cronómetro, fita métrica, cone (ou outro marcador) e cadeira com encosto
144
(aproximadamente 43cm de altura).
Montagem:
A cadeira deve ser posicionada contra a parede ou de outra forma que garanta
a posição estática durante o teste. A cadeira deve também estar numa zona
desobstruída, em frente a um cone à distância de 2,44m (medição desde a
ponta da cadeira até à parte interior do marcador). Deverá haver pelo menos
1,22m de distância livre à volta do cone, permitindo ao participante contornar
livremente o cone.
Protocolo:
O teste é iniciado com o participante totalmente sentado na cadeira (postura
erecta), mãos nas coxas, e pés totalmente assentes no solo (um pé
ligeiramente avançado em relação ao outro). Ao sinal de “partida” o participante
eleva-se da cadeira (pode empurrar as coxas ou a cadeira), caminha o mais
rápido possível à volta do cone (por qualquer dos lados) e regressa à cadeira.
O participante deve ser informado de que se trata de um teste “por tempo”,
sendo o objectivo caminhar o mais depressa possível (sem correr) à volta do
cone e regressar à cadeira. O avaliador deve funcionar como um assistente,
mantendo-se a meia distância entre a cadeira e o cone, de maneira a poder dar
assistência em caso de desequilíbrio. O avaliador deve iniciar o cronómetro ao
sinal de “partida” quer a pessoa tenha ou não iniciado o movimento, e pará-lo
no momento exacto em que a pessoa se senta.
Prática/ensaio:
Após demonstração, o participante deve experimentar uma vez, realizando
duas vezes o exercício. Deve chamar-se a atenção do participante de que o
tempo é contabilizado até este estar completamente sentado na cadeira.
Pontuação:
145
O resultado corresponde ao tempo decorrido entre o sinal de “partida” até ao
momento em que o participante está sentado na cadeira. Registam-se os dois
valores até aos 0,1s. O melhor resultado é utilizado para medir o desempenho.
6. Alcançar atrás das costas
Objectivo:
Avaliar a flexibilidade dos membros superiores (ombro).
Equipamento:
Régua de 45cm.
Protocolo:
Na posição de pé, o participante coloca a mão dominante por cima do mesmo
ombro e alcança o mais baixo possível em direcção ao meio das costas, palma
da mão para baixo e dedos estendidos (o cotovelo apontado para cima). A mão
do outro braço é colocada por baixo e atrás, com a palma virada para cima,
tentando alcançar o mais longe possível numa tentativa de tocar (ou sobrepor)
os dedos médios de ambas mãos.
Prática/ensaio:
Após demonstração por parte do avaliador, o participante é questionado sobre
a sua mão de preferência. Sem mover as mãos do participante, o avaliador
ajuda a orientar os dedos médios de ambas as mãos na direcção um do outro.
O participante experimenta duas vezes, seguindo-se duas tentativas do teste.
O participante não pode entrelaçar os dedos e puxar.
Pontuação:
A distância da sobreposição, ou a distância entre as pontas dos dedos médios
é medida ao cm mais próximo. 0s resultados negativos (-) representam a
146
distância mais curta entre os dedos médios; os resultados positivos (+)
representam a medida da sobreposição dos dedos médios. Registam-se duas
medidas. O “melhor” valor é usado para medir o desempenho. Certifique-se de
que marca os sinais – e + na ficha de pontuação.
A mão de preferencia é definida segundo o melhor resultado encontrado. É
importante trabalhar os dois lados do corpo ao nível da flexibilidade, mas por
questões de economia de tempo tem sido usada apenas a “melhor” pontuação
para definir a norma.
7. Andar seis minutos
Objectivo:
Avaliar a resistência aeróbia.
Equipamento:
Cronómetro, uma fita métrica comprida, cones, paus, giz e marcador. Por
razões de segurança, cadeiras devem ser colocadas ao longo de vários pontos,
na parte de fora do circuito.
Montagem:
O teste envolve a medição da distância máxima que pode ser caminhada
durante 6 min ao longo de um percurso de 50 m, sendo marcados segmentos
de 5m. Os participantes caminham continuadamente em redor do percurso
marcado, durante um período de 6 minutos, tentando percorrer a máxima
distância possível. O perímetro interno da distância medida, deve ser
delimitado com cones e os segmentos de 5m com marcador ou giz. A área de
percurso deve estar bem iluminada, devendo a superfície ser lisa e não
deslizante. Se necessário o teste pode ser realizado numa área rectangular,
marcada em segmentos de 5 m.
147
Protocolo:
Para facilitar o processo de contagem das voltas do percurso, pode ser dado
ao participante um pau (ou objecto similar) no final de cada volta, ou então um
colega pode marcar numa ficha de registo sempre que uma volta é terminada.
Dois ou mais participantes devem ser avaliados simultaneamente, com tempos
de partida diferentes (10s de diferença) de maneira a que os participantes não
andem em grupos ou em pares. Quando várias pessoas são avaliadas ao
mesmo tempo, os participantes devem ostentar números segundo a ordem de
partida e paragem (podem ser colocados autocolantes nas camisolas).
Ao sinal de “partida”, os participantes são instruídos para caminharem o mais
rápido possível (sem correrem) na distância marcada à volta dos cones. Se
necessário, os participantes podem parar e descansar, sentando-se em
cadeiras ao dispor, e retomando depois o percurso.
O avaliador deverá colocar-se dentro da área marcada, após todos os
participantes terem iniciado o teste. No sentido de uma assistência periódica,
os tempos intermédios devem ser anunciados aproximadamente a meio do
percurso, quando faltarem 2m e quando faltar 1minuto.
No final dos 6 minutos, os participantes (em cada 10s) são instruídos para
pararem (quando o avaliador olhar para eles e disser “parar”) deslocando-se
para a direita, onde um assistente registará a distância percorrida.
Pontuação:
O resultado representa o número total de metros caminhados nos 6 minutos.
Para determinar a distância percorrida, o avaliador ou assistente regista a
marca mais próximo do local onde o executante parou a acrescente-a ao
número de paus ou indicações registadas na ficha. Por exemplo, uma pessoa
que tenha consigo 10 paus e que tenha alcançado a marcação dos 35m terá
percorrido 535m.
Precauções:
148
O teste deve ser interrompido caso qualquer participante tenha tonturas, dor,
náusea ou fadiga.
8. Dois minutos de step no próprio lugar
Objectivo:
Avaliar a resistência aeróbia (teste alternativo ao de andar seis minutos).
Equipamento:
Cronómetro, fita métrica ou pedaço de corda com 75cm e marcador.
Montagem:
A altura adequada (mínima) para o joelho do participante realizar o step é ao
nível do ponto médio entre a rótula (ponto médio) e a crista ilíaca (topo do osso
ilíaco). Este ponto pode ser determinado usando uma fita métrica, ou
simplesmente esticando o bocado de corda entre a rótula e a crista ilíaca,
dobrando-a depois para determinar o ponto médio. O monitor corrige a altura
do joelho ao longo do teste com uma régua presa à cadeira ou à parede,
marcando a altura adequada do joelho.
Protocolo:
Ao sinal de “partida” o participante inicia o step no mesmo lugar, realizando o
maior número possível de steps no período de tempo estipulado. O avaliador
conta o número de steps efectuados, servindo de apoio em caso de
desequilíbrio e assegurando que o participante mantenha o joelho na altura
adequada. Logo que a altura adequada do joelho não possa ser mantida, o
participante é informado para parar ou apenas descansar até recuperar. O teste
poderá ser retomado se ainda não tiver terminado o período de 2 minutos. Se
necessário, pode ser colocada uma mão na mesa ou na parede para ajudar a
manter o equilíbrio.
149
Prática/ensaio:
O participante deve experimentar numa ocasião anterior ao dia do teste, para
que possa criar o seu ritmo. No dia do teste, o avaliador deve fazer uma
demonstração do procedimento e permitir ao participante que pratique
rapidamente para assegurar a compensação do protocolo. Os participantes
devem ser encorajados verbalmente no sentido de obterem o desempenho
máximo.
Pontuação:
A pontuação é calculada a partir do total de steps realizados em 2 minutos.
Apenas steps completos deverão ser contados, isto é, cada vez que o joelho
atinge a altura mínima. No sentido de disponibilizar uma assistência periódica,
os sujeitos devem ser informados do tempo intermédio (1 minuto) e quando
faltarem 30s.