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Bioloto: A Loteria da Vida
Armstrong
1. Introdução
Vivemos o início do Século XXI e convivemos com diversos problemas
sociais e ambientais que podem por fim à vida na Terra. Uma enorme “pedra
no caminho” que nos desafia a todos nas últimas décadas. O excesso de gases
poluentes na atmosfera, que se associa diretamente a um aquecimento global
de conseqüências previsíveis; desmatamento sem controle, que pouco a pouco
vai tirando do reino vegetal a capacidade de capturar o gás carbônico em
excesso na atmosfera; enchentes, falta de água potável, falta de comida, lixo e
centenas de outros problemas que já não se conseguem resolver com as
armas tradicionais da política. A saída pode estar na mudança de
comportamento do homem. Há muito tempo Deus nos ensinou a encontrar os
verdadeiros caminhos para encontrar saídas para esses problemas.
Os Dez Mandamentos, ditados a Moisés, podem ser entendidos como
normas de comportamento do homem na Terra. Essas leis descrevem, com
muita propriedade, as exigências do amor e respeito a Deus e ao próximo. Os
três primeiros mandamentos se referem ao deveres do homem para com Deus,
e pode ser resumido em “Amarás o Senhor teu Deus acima de todo teu
coração, de toda tua a alma e de todo o entendimento”. Os outros sete
mandamentos se referem ao amor ao próximo, os quais podem ser resumidos
em uma única instrução: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Como
cumprir essas divinas orientações de maneira que as pessoas possam mudar o
rumo da história, a tempo de salvar a vida no planeta?
Neste trabalho, apresenta-se a proposta de implementação de uma
Loteria (BioLoto: A Loteria da Vida) com fins socioambientais. Além de
premiar os apostadores, o garante a sustentabilidade da loteria, deveria
premiar pessoas e/ou instituições que desenvolvessem ações socioambientais
no Brasil, capazes de gerar oportunidades para todos os brasileiros, em todos
os setores. Com a implementação dessa loteria, espera-se que os problemas
sociais e ambientais de todo o território brasileiro possam ser resolvidos ou
minimizados, e assim possamos construir uma nova realidade social e
ambiental, onde as pessoas de maior capacidade empreendedora busquem ou
encontrem soluções para os diversos problemas que sejam relatados pela
própria sociedade.
2. Como Tirar Pedras do Caminho
Os problemas sociais e ambientais de um país muito se assemelham ao
desafio de se tirar uma grande pedra do caminho. Por muito tempo se espera
por soluções as mais diversas para os problemas brasileiros, mas quem dará o
primeiro passo? Assim, imagina-se que as soluções que se buscam possam
ser obtidas pelo equilíbrio entre a motivação dos empreendedores e o tamanho
do problema a ser resolvido, tal como se mostra a seguir:
2.1. Seja uma grande pedra no caminho, por onde todos passam;
Tem-se aí o problema.
2.2. Passam-se os anos e ninguém retira a pedra;
Indiferença das pessoas; falta de motivação.
2.3. Anuncia-se que se pagará “x” para quem retirar a pedra;
Busca de executores da ação
2.4. O problema continua. Ninguém se interessa;
Falta da motivação certa.
2.5. Duplica-se e triplica-se o prêmio e ninguém se habilita;
Busca da motivação certa.
2.6. Oferece-se um grande prêmio e se estipula um prazo para a retirada da
pedra;
Equilibro da oferta: o desafio!
2.7. Plenamente motivado alguém usará a criatividade e retirará a pedra.
A iniciativa empreendedora.
3. BioLoto: A Loteria de Vida
3.1. Introdução
A BioLoto é uma proposta de implementação de uma loteria de
números, que tem entre seus principais objetivos o propósito de chamar a
atenção das pessoas para os problemas socioambientais no Brasil, criando
mecanismos que poderão permitir a todos dar suas parcelas de contribuição
para a solução ou minimização desses problemas. Utilizando-se da Internet, a
proposta pode dar grande visibilidade aos resultados de sua implantação,
permitindo aos apostadores o acompanhamento das ações socioambientais
que se desenvolverem em cada região do país. Propõe-se que cada região,
objeto da loteria, deva discutir e decidir suas prioridades socioambientais e
formas de execução de ações que possam minimizar ou resolver esses
problemas. Espera-se que a execução das ações socioambientais no Brasil
possa se tornar um grande exemplo para outros países que poderão utilizar
dessa prática para também resolver os problemas socioambientais em seus
espaços geográficos. A proposta de uma loteria que possa congregar a
participação de vários países não deve ser descartada e muitas questões
sociais e ambientais poderiam ser melhor resolvidas ou minimizadas se todos
os povos se dessem as mãos.
Entende-se por ”ações socioambientais” todas as ações sociais e
ambientais desenvolvidas por pessoas, associações, empresas, etc. voltadas
para a melhoria da qualidade de vida do homem e do ambiente em que vive,
traduzidas pela forma ética e humanística de sua aplicação a todos os outros
seres vivos da Terra e ao meio ambiente. Dessa forma, podem ser
compreendidas as iniciativas (empreendedorismo consciente) das pessoas ou
associações que se dão as mãos para preservar florestas; para limpar
pequenos riachos; ações de restauração de florestas devastadas; restauração
de áreas atingidas pela seca; trabalhos de organizações de ajuda às vítimas da
Aids, do Câncer, da fome; da falta de água, de drogas, cárceres, etc.
A proposta consiste em se criar e administrar no Brasil uma loteria de
100 números (BioLoto), com sorteio semanal de cinco dezenas. Excluindo-se
os custos operacionais (pagamento de agentes lotéricos, impostos, e outros),
espera-se que seja possível a formação de um montante líquido de recursos,
o qual permitiria que se desenvolvessem, entre outras, as ações
socioambientais que estivessem registradas em pequenas áreas cujos
números se associariam às dezenas sorteadas da loteria. Assim, além de se
premiar diretamente os apostadores que acertarem cinco, quatro ou três
dezenas, a proposta consistiria, também, em se premiar as ações
socioambientais que estivessem registradas e sendo desenvolvidas em
5(cinco) Pequenas Áreas (micro-regiões), associadas diretamente às cinco
dezenas sorteadas semanalmente.
3.2. Execução da Loteria
A BioLoto deverá ser gerenciada pela Caixa Econômica Federal (CEF),
a qual deverá realizar semanalmente o sorteio de cinco das 100 dezenas que
constituirão a loteria, cujo resultado será utilizado para a premiação, entre
outras, de apostadores e executores de ações socioambientais no espaço
geográfico brasileiro.
Propõe-se que a CAIXA destine, semanalmente, 10% (dez por cento) da
arrecadação líquida da loteria para serem aplicados tal como se proporá a
seguir. Os 90% (noventa por cento) restantes deverão ser utilizados da
seguinte forma:
a) 45% para o pagamento de prêmios aos apostadores que acertarem
cinco, quatro ou três dezenas, o que garantirá a sustentabilidade da proposta;
b) 45% para o pagamento dos executores de ações socioambientais que
sejam executadas em áreas cujos números que as identifiquem sejam os
mesmos das dezenas sorteadas.
Os 10% (dez por cento) restantes deverão ser utilizados para serem
utilizados nas seguintes ações:
1) Criação da Fundação BioLoto, à qual será destinada a parcela semanal
de 1% (um por cento) dos 10% arrecadados. Essa fundação terá como
principal objetivo, constante em seus estatutos, o de premiar anualmente
personalidades ou associações que mais se destacarem na proposição de
idéias, trabalhos científicos, livros, ações, etc., as quais possam ajudar na
humanização do país ou até do planeta, propondo soluções para problemas
como desemprego, fome, moradia, escassez de água, drogas, cárceres, etc.
2) Criação do Prêmio Municipal, resultante da contribuição de 9% (nove
por cento) da parte líquida. Esse prêmio será destinado, semanalmente, aos
municípios brasileiros onde se localizarem as cinco dezenas sorteadas,
para aplicações diretas em ações socioambientais nesses municípios ou como
lhes convier.
3.3. Áreas de Associação da Loteria
Propõe-se dividir o espaço geográfico brasileiro em 41 Grandes Áreas
(macro-regiões) perfeitamente identificadas por suas coordenadas (latitude e
longitude), tal como são mostradas na Figura 01. Assim, como exemplo, a
Grande Área 17 pode ser identificada por suas coordenadas (5º; 55º), (5º; 50º),
(10º; 55º) e (10º; 50º).
Propõe-se, também, a divisão de cada Grande Área em 100 Pequenas
Áreas (micro-regiões) as quais, também, podem ser perfeitamente
identificadas por suas coordenadas que derivam desta divisão (décimos das
variações das latitudes e longitudes dos vértices de cada Grande Área), tal
como são mostradas na Figura 02 para a Grande Área 17. Assim, como
exemplo, a Pequena Área (micro-região) 45 pode ser identificada por suas
coordenadas (7º; 53º), (7º; 52,5º), (7,5º; 53º) e (7,5º; 52,5º). Outras pequenas
regiões do Brasil que não puderem ser identificadas por esse modo poderão
ser consideradas como pertencentes à Grande Área mais próxima.
Figura 01 – Grandes Áreas do Espaço Geográfico Brasileiro
3.3.1. Exemplo de Resultado Associado
Seja, por exemplo, o resultado de um sorteio qualquer da BioLoto:
a) Grande Área Sorteada: 17
Dezenas sorteadas: 07-21-45-68-93
b) Pequenas Áreas da Grande Área 17: 07, 21, 45, 68, e 93.
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
91 92 93 94 95 96 97 98 99 00
Figura 02 – Pequenas Áreas de uma Grande Área associadas às dezenas de um sorteio da Loteria.
Devido à possibilidade de existirem ações socioambientais em algumas
dessas pequenas regiões, com diferentes áreas de atuação (medidas em
hectares), com diferentes tempos de atuação (medidos em anos) e possuindo
diferentes qualidades (A, B ou C), propõe-se que a premiação dessas ações
seja de forma ponderada, tal qual se mostrará posteriormente.
3.4. A Administração da BioLoto
Propõe-se que a BioLoto seja gerenciada do seguinte modo:
1) Gerência da Loteria
Caixa Econômica Federal. A Caixa possui toda a infra-estrutura necessária
para o registro das apostas, arrecadação e distribuição do rateio líquido.
2) Gerência das Ações Socioambientais
Bancos Estaduais. Essas instituições ficariam responsáveis pelo Registro e
Certificação da Realização das ações socioambientais nas regiões do espaço
geográfico brasileiro. Na impossibilidade destes, poder-se-ia contar com a
ajuda do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e organizações parceiras, ou
outros órgãos públicos que quisessem participar do projeto.
3.5. Registro das Ações Socioambientais
Para o registro das ações socioambientais junto ao órgão administrador,
poderiam ser utilizadas empresas que possuam tecnologia de
georrastreamento para a definição das principais coordenadas (latitude e
longitude) das áreas e os tipos de ações socioambientais que, a partir do
registro, estariam sendo desenvolvidas nessas áreas. Assim, essas ações, de
um modo geral, para serem registradas, deveriam possuir:
ü Dados de Identificação da ação;
ü Município(s) onde está localizada a ação;
ü Número(s) que identifique(m) a(s) Grande(s) Área(s) à(s) qual(is)
pertence(m), se for o caso. Uma ação socioambiental pode ser desenvolvida
em mais de uma Grande Área;
ü Número(s) que identifique(m) a(s) Pequena(s) Área(s) à(s) qual(is)
pertence(m). Uma ação socioambiental pode ser desenvolvida em mais de uma
Pequena Área;
ü Um número que represente a ordem de registro na Pequena Área;
ü Tipo de ação socioambiental (descrição sumária do que é a ação, para
favorecer a análise de sua qualidade);
ü Área de atuação da ação socioambiental (em hectares);
ü Data de início da ação, que servirá para se medir, em qualquer
momento, o tempo de duração da ação;
O registro das ações socioambientais associadas às Pequenas Áreas
poderá ocorrer em curto, médio ou longo prazo. Em um primeiro momento,
enquanto a BioLoto não alcançar a todos poderá haver micro-regiões com
poucas ou nenhuma ação socioambiental registrada no órgão gerenciador. No
entanto, com a acumulação de prêmios nas micro-regiões servindo de atrativo,
pessoas, associações de moradores, empresas, etc. serão potenciais
executores dessas ações e, enquanto houver problema socioambiental a
resolver e prêmios a estimular, sempre haverá quem se interesse por, ao
menos, tentar resolvê-lo. Assim, com o tempo, os registros de ações
socioambientais estariam numa proporção direta com os desafios de cada
região e com os montantes dos prêmios acumulados.
Assim como o registro, haverá a necessidade da confirmação da
existência ou não das ações socioambientais premiadas. Tal serviço, que
poderá ser terceirizado (executado por empresas cadastradas no órgão
gerenciador), não só confirmará a existência de uma ação como também
poderá atestar o tempo de execução da ação (a partir do registro); em se
tratando de uma ação de preservação e/ou restauração, por exemplo,
empresas que utilizam a tecnologia do rastreamento por satélite poderiam
confirmar tal trabalho. O órgão gerenciador da execução das ações
socioambientais também ficaria responsável pela análise de cada ação
registrada, definindo sua qualidade como “A” (excelente), “B” (boa) ou “C”
(regular).
3.6. Estratégia de Execução
A sustentabilidade e a motivação dos apostadores se darão tanto pelo
retorno socioambiental (prazer de estar contribuindo) quanto pelos prêmios
semanais (expectativa de pequeno, médio ou grande retorno financeiro) que
serão concedidos aos que acertarem cinco, quatro ou três dezenas. Pode-se
afirmar, antecipadamente, que, enquanto os interesses socioambientais do
projeto estiverem acima dos interesses pessoais ou corporativos, a vitória será
sempre de todos, ou que na BioLoto, a loteria da vida, todos ganham.
A principal estratégia da execução da BioLoto será a acumulação de
prêmios para as Pequenas Áreas que não possuírem registro de qualquer ação
socioambiental. Esse fato permitirá a criação de um montante de recursos que
certamente incentivará e atrairá pessoas e/ou empresas e/ou associações de
pessoas tanto para a definição quanto para a busca de soluções para os
problemas dessas áreas.
Outra estratégia proposta é a valorização do tempo de execução das
ações socioambientais. Assim, por exemplo, uma área que esteja sendo objeto
de restauração e que estivesse registrada havia 10 anos deveria merecer uma
premiação maior do que outra que estivesse em menos tempo de atividade,
contado a partir do registro.
Como estratégia geral, pretende-se premiar de forma ponderada as
ações socioambientais que estiverem sendo desenvolvidas nas Pequenas
Áreas. Assim, caso duas ações socioambientais estejam sendo desenvolvidas
em uma Pequena Área passível de premiação, ganhará maior parcela do
prêmio a que possuir maior área de atuação (medida em hectares) ou a que
possuir maior tempo de atuação (medido em anos) ou a que for de melhor
qualidade (A, B ou C).
3.7. Benefícios esperados e projeções
3.7.1. Benefícios Esperados:
Prevêem-se alguns benefícios que podem representar melhoria da
qualidade de vida para todos, como:
1. Estimulando-se a preservação dos ativos ecológicos e a restauração de
áreas degradadas no Brasil, principalmente na Amazônia, espera-se unir todos
os brasileiros em torno de uma luta há muito aguardada, sem que se soubesse
como cada um poderia contribuir;
2. Fazer com que recursos de uma loteria possam chegar a todos os
municípios brasileiros;
3. Ajudar na procura de soluções de problemas socioambientais vividos em
muitas áreas, principalmente as questões que envolvam fome, falta de água,
drogas, violência urbana, prisões, etc., mesmo em regiões mais desenvolvidas;
4. Gerar oportunidades de emprego e renda para todos, criando
alternativas de trabalho em muitas regiões sem oportunidades;
5. Possibilitar a todos os que vivem em áreas passíveis de preservação
e/ou de recuperação, uma expectativa de sorteio dessas áreas que os motive
fortemente a agir em nome das atividades-fins do projeto (empreendedorismo
consciente);
6. Fazer com que todas as áreas onde estiverem sendo executadas ações
socioambientais possibilitem prêmios progressivos ao longo do tempo de
execução dessa ação (tempo de registro);
7. Possibilitar ações imediatas, financiadas pelos próprios empreendedores
ou buscando parcerias com órgãos públicos, para qualquer área do Brasil;
8. Criar nas pessoas e/ou empresas não envolvidas com a preservação
e/ou restauração uma consciência ecológica (educação ambiental) que as faça
refletir melhor sobre os benefícios e os custos de suas ações;
9. Permitir que a exploração dos atuais ativos ecológicos seja compensada
por ações que, pelo menos, reponham o que foi ou for destruído;
10. Valorizar sementes e mudas de árvores nativas de todas as regiões
brasileiras, principalmente as de espécimes extintas ou em extinção, criando
verdadeiras Fábricas de Florestas, exportando-se mudas para países com
pouco ativo florestal.
3.7.2. Projeções no espaço brasileiro
Considerando que o Brasil possui uma área aproximada de 8.525.000
Km2, a qual será dividida em 41 Grandes Áreas, e estas em 100 Pequenas
Áreas, passíveis de ações socioambientais em curto, médio e longo prazos, e
que apenas cerca 250 dessas pequenas áreas poderão ser sorteadas em um
ano (5 por semana), pode-se prever que, pelo menos, 16 anos se passarão
para atingir todas as Pequenas Áreas de todas as Grandes Áreas. Na prática,
no entanto, muito mais tempo se levará para se atingir todas essas áreas. O
projeto começará a atingir seu clímax quando muitas Pequenas Áreas já
tiverem sido sorteadas de três a cinco vezes. Nesse momento, supõe-se, o
projeto poderá estar com cerca 40 ou 50 anos.
3.8. Fundamentos econômicos, ecológicos e sociais
3.8.1. Fundamentos econômicos
Pode-se projetar o desempenho anual da BioLoto comparando-a com o
faturamento bruto da Caixa Econômica Federal, que administra loterias no
Brasil, a qual, só em 2004, ultrapassou a marca dos R$ 4 bilhões (fonte:
www.caixa.org.br). Por outro lado, considerando os benefícios sociais e
ambientais da proposta, imagina-se que muito mais pessoas passarão a
apostar em loterias, e que esse montante poderia ser pelo menos o dobro.
3.8.2. Fundamentos ecológicos
Os fundamentos ecológicos da BioLoto se concentram na proposição
de alternativas de renda para as populações que habitam regiões passíveis de
preservação ou restauração e que, por falta de oportunidades ou sem
consciência ecológica (educação ambiental), não se sentem motivadas para
essas ações. Criando-se fontes alternativas de sobrevivência, como se espera,
por certo as populações de áreas degradadas ou passíveis de recuperação
passarão a viver uma nova realidade. Os próprios agentes empreendedores
poderão gerar essas oportunidades.
3.8.3. Fundamentos sociais
Os fundamentos sociais serão estabelecidos, principalmente, pelas
oportunidades de emprego e renda que surgirão em função do
desenvolvimento das ações socioambientais nas Pequenas Áreas. Nos
grandes centros urbanos, por exemplo, onde se agravam a cada dia os
problemas sociais, pessoas e/ou organizações podem encontrar motivação na
acumulação de prêmios para tentar resolvê-los com o uso da criatividade.
3.9. Ramos, empresas, produtos e serviços
3.9.1. Ramos envolvidos
Uma das principais estratégias da BioLoto será o desafio de execução
de ações socioambientais para as cerca de 4.000 Pequenas Áreas do espaço
geográfico brasileiro, algumas precisando de muitos recursos e criatividade
para melhorar a qualidade de vida dos que habitam essas áreas. Enquanto isso
não ocorrer ou ocorrer parcialmente, haverá acumulação de prêmios, por um
prazo que pode ser definido pela administração da loteria no país. Esses
prêmios tenderão para o ponto de atração de pessoas, associações e/ou
empresas com atuação nas mais diversas atividades, que poderão buscar
solução para os problemas de cada Pequena Área. Assim, todos os ramos de
atividades que se cruzarem com as necessidades socioambientais dessas
micro-regiões serão envolvidos com o projeto.
3.9.2. Empresa e concepções de negócios
Ao longo do tempo (médio e longo prazos) de execução da proposta,
com o dinheiro do rateio da loteria chegando semanalmente às pessoas,
empresas ou associações, dependendo da área focada, podem-se imaginar os
principais tipos de atividades que poderão ser desenvolvidas nessas áreas.
Assim, por exemplo, as áreas devastadas pela seca, de pouca atividade
produtiva, poderiam ser nascedouros de muitos negócios, como fábricas de
florestas, empresas de irrigação, fábricas de água potável, comércios, escolas
e hospitais com demanda social, etc.
3.9.3. Produtos e serviços
Dependendo da área focada, muitas atividades poderiam ser
desenvolvidas nessas regiões. Assim, por exemplo, em algumas áreas da
região amazônica, passíveis de preservação e/ou de restauração da vegetação
nativa, poderão ser desenvolvidos ou oferecidos produtos e serviços, como
comércio de mudas e sementes,fábricas de jardins, serviços de saúde, etc.
3.10. Necessidades e competências
3.10.1. Necessidades humanas, ecológicas e outras atendidas
Não se pode pensar em ações socioambientais de forma localizada.
Quando isso ocorre em uma dada região, devido ao fato de serem muitas as
necessidades humanas, há um fluxo intenso de pessoas em busca de
oportunidades, o que acaba resultando em mais problemas socioambientais.
Assim, com a loteria, pretendem-se estimular pessoas, empresas e/ou
associações a se envolverem com a busca de solução para os problemas de
todas as micro-regiões brasileiras. Nesse sentido, tanto se espera recompor os
ecossistemas degradados pela ação do homem ou pelas intempéries,
explorando economicamente seus resultados, quanto se espera construir uma
consciência ecológica nas populações (educação ambiental) que habitam as
áreas passiveis de preservação, explorando os recursos dessas áreas de
forma sustentável. Assim, a BioLoto seria um grande instrumento para resolver
ou minimizar os graves problemas de ordem social e/ou ambiental do Brasil.
3.10.2. Significância das necessidades no presente e no futuro
Quando as necessidades de muitas regiões brasileiras estiverem sendo
atendidas pelas ações que aí se desenvolverem, terá início uma nova etapa da
vida no país, sem sombra de dúvidas. Cada micro região poderá ser vista,
acima de tudo, como um grande laboratório de toda sorte de experiências
concebidas e executadas pela própria população residente nas áreas carentes
e/ou por empresas atraídas pelos prêmios acumulados. O significado de tudo
isso, no presente e no futuro, está na melhoria da qualidade de vida das
pessoas de todo o país; está na confirmação de que a união de todos é capaz
de resolver problemas que se arrastam por séculos, como as das regiões
áridas do Nordeste brasileiro; está na enorme responsabilidade que deveremos
deixar aos mais jovens para que não se cometam os mesmos erros das
gerações passadas; está na sobrevivência do próprio planeta.
3.10.3 Competências necessárias ao atendimento das necessidades
As competências tanto podem estar num simples homem do campo
quanto nos melhores cérebros das instituições de pesquisa do país. Cada qual
poderá ser determinante em uma dada área. Assim, para recompor um
ambiente degradado pela seca, por exemplo, ter-se-á que recorrer a todo
conhecimento de ponta para a obtenção da água tão necessária para esse
empreendimento. Igualmente, para se preservar um eco-sistema em uma
Pequena Área da Amazônia, ter-se-á que usar criatividade para oferecer às
pessoas que habitam esse espaço tanto educação ambiental quanto
alternativas de sobrevivência.
3.10.4. Avaliação da evolução da proposta no tempo
Pode-se avaliar a evolução da BioLoto no tempo analisando-se os três
pilares de sustentação do projeto:
1) Implantação da loteria
No início a BioLoto será apenas mais uma loteria com o diferencial do
apelo socioambiental. Com o tempo, contando-se com o apoio da mídia,
exibindo-se os resultados das ações socioambientais, convencendo-se os
atores da importância de seus trabalhos, ter-se-á uma loteria muito mais que
social: a BioLoto será a razão da união de todo o povo brasileiro; a loteria em
que todos irão ganhar; e se for implantada em outros países, poderá ser a
loteria da própria vida na Terra.
2) Registro das ações socioambientais;
O registro das ações nas pequenas áreas terá uma importância
fundamental na definição da qualidade, tempo de atuação e área de suas
abrangências, assim como, favorecerá a transparência das premiações.
3) Confirmação da existência das ações socioambientais;
Atividade complementar que confirmará ou certificará a existência ou
não das ações socioambientais que estão sendo executadas.
3.11. Justificativas da proposta
3.11.1. Justificativas econômicas
Não restam dúvidas de que a BioLoto, mesmo em curto prazo, já dará
resultados. Somente no Brasil, o faturamento bruto da Caixa Econômica
Federal em 2004 (Figura 03), em loterias de números, ultrapassou a casa dos
R$ 4 bilhões (www.caixa.org.br), o que mostra o quanto o brasileiro gasta com
o sonho de dias melhores, usando apenas a boca-do-caixa das agências
lotéricas (mais de 8.000 agências no Brasil) e sem ter retornos
socioambientais. Pode-se imaginar que uma loteria como a BioLoto, que
possuirá um forte apelo socioambiental e financeiro aos apostadores, além de
permitir o acompanhamento do desenvolvimento das ações propostas, terá
tudo para ser do agrado de um número bem maior de apostadores do que o
atual (de repente, pessoas que nunca apostaram em loterias passam a
apostar).
Figura 03 – Faturamento bruto da Caixa Econômica Federal (Brasil) (Fonte CEF: www.caixa.org.br )
3.11.2. Justificativas ecológicas
Os brasileiros mais experientes devem se recordar de que houve um
tempo na região amazônica em que um quilograma da borracha, processada
do leite extraído das seringueiras, valia tanto quanto um grama de ouro. Nesse
tempo, ninguém de sã consciência derrubava as seringueiras. Situação
semelhante ocorreu com o Açaí no Pará. Quando se instalaram na região
centenas de fábricas de Palmito (iguaria extraída do caule de palmeiras),
milhares de pessoas passaram a sobreviver da venda desse produto, o que
acabou por derrubar milhões de árvores nativas, provocando uma escassez na
oferta dos frutos, dos quais se extrai a bebida muito consumida na região,
ocasionando um considerável aumento no preço do litro dessa bebida. Diante
dessa realidade as populações que exploravam o Açaí desenvolveram uma
consciência ecológica e hoje mantem as árvores em pé e vendem seus frutos.
Em outro extremo estão as áreas áridas do Nordeste brasileiro onde já
não se consegue sobreviver. É preciso que se encontrem saídas urgentes para
essas áreas para que se tornem produtivas. O problema da falta de água é
emergencial. Assim, para que se encontrem soluções para esses problemas,
propõe-se acumular prêmios para as Pequenas Áreas com essas
características, atraindo empreendedores que possam desenvolver as ações
necessárias para resolver esse e outros problemas dessa região.
Portanto, os fundamentos ecológicos da BioLoto se concentram na
proposição de alternativas de renda para as populações que habitam regiões
passíveis de preservação ou restauração e que, por falta de oportunidades
ou sem consciência amboental, não vêem atrativos nessas ações. Caso essas
alternativas se tornem fontes de sobrevivência, como se espera, por certo as
populações da Amazônia e de outras partes do Brasil passarão a viver uma
nova realidade. Nesse sentido, a valorização de sementes e mudas das
árvores nativas, por exemplo, objeto das ações de restauração, pode se
constituir em uma grande fonte de rendimentos.
3.11.3. Justificativas sociais:
O que mais pode motivar os que investirem ou acreditarem na BioLoto
são seus propósitos sociais e ambientais. No Brasil e mesmo entre os países
mais ricos do planeta, agravam-se problemas sociais de toda ordem. A
presente proposta contribuirá para que se encontrem soluções para resolver ou
minimizar esses problemas. Nesse sentido, são propostas as seguintes ações:
1) Em cada Pequena Área do espaço geográfico brasileiro deverão ser
estudadas ou definidas pela própria população as principais prioridades
sociais e/ou ambientais. Essas prioridades deverão constar do Site da BioLoto ;
2) Acumulação de prêmios para uma Pequena Área em caso de não haver
ações registradas (soluções) nesse espaço;
3) Criação da Fundação BioLoto, à qual será destinada a parcela
semanal de 1% (um por cento) do rateio líquido da loteria, e que terá como
principal missão em seus estatutos, a de premiar anualmente personalidades,
organizações ou associações que mais se destacarem na proposição de idéias,
trabalhos científicos, livros, ações, etc., que ajudem na humanização do
planeta, propondo soluções para problemas como desemprego, fome, moradia,
escassez de água, drogas, corrupção, cárceres, etc.
4) Criação do Prêmio Municipal, resultante da contribuição semanal de
9% (nove por cento) da parte líquida da loteria, destinado aos municípios
onde se localizarem as regiões sorteadas, para aplicações diretas em ações
socioambientais nesses municípios ou como lhes convier.
Assim, as justificativas sociais serão estabelecidas, principalmente,
pelas oportunidades de emprego e renda que surgirão em função do
desenvolvimento das ações sociais e/ou ambientais nas Pequenas Áreas.
3.12. Fatores de sustentabilidade da proposta
Como ocorre a toda loteria de números, o principal fator de
sustentabilidade da BioLoto será a possibilidade de grande retorno financeiro
aos apostadores. Pretende-se criar mecanismos, também, que deixem o
apostador sempre na expectativa de que possa receber grandes prêmios,
mesmo diante de um número menor de acerto de dezenas. Serão premiados
os que acertarem 5, 4 e 3 dezenas. Nesse sentido, deve-se agir segundo as
seguintes diretrizes:
3.12.1. Formação do Rateio:
De posse das informações financeiras de cada sorteio da BioLoto, a
Caixa Econômica Federal deverá divulgar semanalmente o montante que será
destinado ao Prêmio Municipal (9%) e à Fundação BioLoto (1%);
Os 90% restantes da loteria serão utilizados para o pagamento dos
apostadores e dos executores de ações socioambientais na seguinte
proporção:
a) 45% para constituírem os recursos para o pagamento de Prêmios aos
apostadores que acertarem 5, 4 ou 3 dezenas da loteria;
b) 45% para constituírem os recursos que deverão ser investidos nas ações
socioambientais do país.
3.12.2. Regras de Premiação:
1) Prêmio BioLoto (1%)
A Fundação BioLoto poderá contar com recursos de outras fontes
(prêmios não reclamados em 90 dias), além dos recursos diretos da loteria
(1%), que servirão para o pagamento (em dinheiro) da premiação anual de
pessoas ou instituições. Propõem-se as seguintes ações de premiação:
a) Que se escolham anualmente 10 (dez) pessoas ou instituições;
b) Que a soma de todos os dez prêmios pagos anualmente não
comprometam 50% da arrecadação anual da fundação;
c) Que além do prêmio em dinheiro, se agraciem as pessoas ou
instituições premiadas com uma estatueta-símbolo, a qual pode ser criada
para representar o nascimento de uma nova vida do planeta.
2) Prêmio Municipal (9%)
Para que se possam destinar mais recursos da loteria para as políticas
públicas voltadas para as ações socioambientais dos municípios brasileiros,
propõe-se que sejam premiados os municípios onde estejam sendo
desenvolvidas as ações socioambientais que possuírem a mesma numeração
das cinco dezenas sorteadas. Caso uma ação sorteada pertença a mais de um
município, propõe-se dividir a premiação.
Esses recursos poderiam ser aplicados no financiamento de ações
socioambientais prioritárias nos municípios e por eles definidas. Essas ações
poderiam fazer parte do Site da BioLoto e seriam do conhecimento de todos.
3) Prêmios dos Apostadores (45% da parte líquida)
Os prêmios deverão ser pagos semanalmente ao(s) apostador(es) que
acertar(em) cinco, quatro ou três dezenas. Considerando que a loteria proposta
tem 100 dezenas, que combinadas 5 a 5 sem repetição, geram 75.287.920
(setenta e cinco milhões, duzentos e oitenta e sete mil, novecentos e vinte)
combinações, a tarefa de se acertar cinco dezenas será, aproximadamente, do
mesmo grau de dificuldade da atual loteria Mega Sena. Esse fato despertará
igual interesse dos apostadores. Nesse sentido, considerando-se os 100%
deste prêmio, propõem-se as seguintes ações:
a) Um terço ao(s) apostador(es) que acertar(em) cinco dezenas. Caso em
uma semana não haja acertador(es), propõe-se acumular 40% desta parcela,
para a semana seguinte e 60% ao(s) que acertar(em) quatro dezenas;
b) Um terço ao(s) apostador(es) que acertar(em) quatro dezenas. Caso em
uma semana não haja acertador(es), propõe-se acumular 40% desta parcela,
para a semana seguinte e 60% ao(s) que acertar(em) três dezenas;
c) Um terço ao(s) apostador(es) que acertar(em) três dezenas. Caso em
uma semana não haja acertador(es), propõe-se acumular os 100% desta
parcela para a semana seguinte nesta mesma faixa de premiação;
d) Que os prêmios em qualquer dessas hipóteses de acertos só
acumulem por cinco semanas. Findo esse tempo, os recursos acumulados
deverão ser divididos entre os acertadores de dezenas de um nível
imediatamente inferior ao do prêmio acumulado;
e) Além do prêmio financeiro, propõe-se premiar com a estatueta-símbolo
da BioLoto todos os apostadores que acertarem cinco dezenas e que
contribuírem com 1% do prêmio ganho com a Fundação Bioloto.
4) Prêmios das Ações Socioambientais (45%)
O órgão responsável pelo controle da parte socioambiental da loteria
será responsável pelo pagamento dos executores das ações socioambientais
que estejam registradas e sendo desenvolvidas em cada micro região.
Propõe-se que, inicialmente, se deva fazer o sorteio simples de uma
Grande Área. Assim, em um globo, especialmente projetado para esse sorteio,
deverão ser colocadas bolas com os números das 41 Grandes Áreas em que o
Brasil foi dividido (Figura 01). Somente uma bola será sorteada semanalmente,
cujo número corresponderá à Grande Área objeto de premiação. Sorteada a
Grande Área, devem ser identificadas as 5 (cinco) Pequenas Áreas dessa
Grande Área, em correspondência com as 5 (cinco) dezenas sorteadas da
loteria, caso esse fato seja possível. Cada Pequena Área fará jus a 1/5 (um
quinto) do total destinado semanalmente a este tipo de premiação.
Para se premiar as ações socioambientais que estiverem sendo
desenvolvidas nessas Pequenas Áreas sorteadas, bastará que se divida a
parcela de cada Pequena Área, de forma ponderada, por todas as ações
socioambientais que estiverem sendo desenvolvidas nessa Pequena Área.
Caso não existam ações socioambientais registradas em uma Pequena
Área sorteada, propõe-se que o prêmio a ela destinado fique acumulado pelo
tempo máximo de dois anos, findo o qual, os valores acumulados deverão ser
destinados a aplicações em ações socioambientais em outras áreas, a critério
do órgão executor das ações socioambientais.
Caso uma Pequena Área sorteada não pertença ao Brasil, propõe-se
que o seu respectivo prêmio seja destinado, por sorteio simples, aos hospitais
que pratiquem atendimento por demanda social; às instituições públicas de
ensino ou pesquisa (federal, estadual ou municipal), civil ou militar, registradas
no órgão executor, que estejam desenvolvendo suas atividades-fins na Grande
Área sorteada, para reforço de suas instalações, equipamentos e despesas
operacionais. Tudo por sorteio simples.
3.13. Infra-estrutura necessária
Deve-se implementar a BioLoto utilizando-se apenas a infra-estrutura
lotérica da Caixa Econômica Federal, que possui mais de 8.000 agências
lotéricas espalhadas no espaço brasileiro. No início deve-se considerar a
BioLoto como uma nova loteria, e proceder estudos de marketing, criação do
Site de divulgação, realizar convênios com bancos, instituições, etc., para que
ela se transforme na proposta que se imaginou ou em uma proposta melhor.
3.14. Benefícios ao meio-ambiente
O meio ambiente será o principal beneficiado com a implantação da
BioLoto. Com a acumulação de prêmios para as áreas passíveis de ações
socioambientais, como preservação ou de restauração, é previsível que as
pessoas que hoje não vêem atrativos nessas ações passarão a desenvolvê-las
com grande interesse. Espera-se, principalmente, a restauração de grande
parte do que já foi destruído; partes de grandes fazendas agropecuárias
poderão ser restauradas pelos próprios fazendeiros que não desperdiçarão a
oportunidade de serem premiados; revitalização de áreas áridas; rios
assoreados poderão voltar a ter seus leitos recuperados. Enfim, basta que se
divulguem as necessidades de uma pequena área e o prêmio acumulado que
se terá uma resposta da população. A filosofia de como se tirar uma pedra do
caminho constante deste trabalho deve ser lembrada sempre, buscando-se o
equilíbrio entre a motivação e a ação empreendedora. À medida que outros
países tomarem conhecimento do que já estará ocorrendo com o Brasil, poder-
se-á pensar em uma loteria internacional com os mesmos objetivos. Assim,
Gaia e todos os seus hospedeiros poderão sonhar com uma nova fase de vida,
pois pela primeira vez em muitos anos os povos poderão se dar as mãos para
agir em nome da vida humanizada na Terra.
3.15. Mão-de-obra necessária para a implantação
As quantidades e qualidades da mão-de-obra necessárias para a
implementação da proposta atual podem ser determinadas nas fases de
implantação da loteria e execução das ações socioambientais. Nessas fases,
não se exigirá qualquer quantidade adicional de mão-de-obra especializada
que não seja o mesmo material humano utilizado pela CAIXA. Para o Registro
e Certificação das Ações Socioambientais, no entanto, haverá a necessidade
de contratação de empresas especializadas na criação e gerenciamento de
Sites; que possuam tecnologias que utilizem geoprocessamento, entre outras.
Para a execução das ações socioambientais que se desenvolverão com
a loteria, um significativo número de trabalhadores, com qualidades que são
próprias da região onde essas ações estarão sendo desenvolvidas, poderá ser
utilizado. Nos projetos de restauração de áreas degradadas, por exemplo, o
conhecimento do povo local passa a ser fundamental para a seleção de mudas
e sementes das árvores nativas.
3.16. Formação de força humana
As universidades públicas federais, estaduais e municipais, poderão ser
utilizadas para a formação da força humana com conhecimento técnico para a
execução de determinadas ações socioambientais. Para a formação da mão-
de-obra operacional, principalmente voltada para a seleção e manuseio de
mudas e sementes, espera-se contar com o conhecimento de empresas
públicas e privadas na elaboração de cartilhas e outros materiais didáticos que
possam ajudar nessa tarefa.
3.17. Planos de atração de participantes e apoiadores
3.17.1. Estratégia geral de atração
É certo que a proposta não tem a pretensão de ser completa e, por isso,
deve ser tratada como uma idéia básica, que precisa ser detalhada por
técnicos mais especializados em áreas de interesse da proposta. A CAIXA tem
pessoas altamente qualificadas na área de gestão de loterias que podem muito
bem estudar a viabilidade do projeto, seus benefícios e custos. Há muito tempo
que se espera uma ação que possa unir as pessoas em busca de soluções
para os nossos problemas socioambientais, sem que se soubesse como agir.
Para atrair apostadores, propõe-se que o preço de cada aposta seja
acessível. Assim, o custo em torno de US$ 1,00 (um dólar) por aposta estaria
de bom tamanho. Também, como já se disse, para que não se tenha uma
loteria com baixo número de acertadores, devem ser premiados apostadores
da faixa de premiação inferior, tal como se abordou no item 3.12.2. Também, a
criação da estatueta para também premiar os que acertarem as cinco dezenas
e que contribuírem com a Fundação BioLoto será um grande atrativo.
Para atrair investidores em ações socioambientais a estratégia será
acumular prêmios para as Pequenas Áreas. Haverá um ponto de equilibro em
que o dinheiro acumulado será um verdadeiro convite para pessoas,
associações de moradores, empresas em geral que vencerão qualquer desafio
para se candidatarem a esses prêmios.
3.17.2. Planos de comunicação
Após o estudo de viabilidade e de obtenção dos apoios necessários para
a execução do projeto, propõe-se, em um primeiro momento, que devam ser
divulgadas apenas as idéias básicas do projeto; de como o país deve ser
dividido (divisão em Grandes Áreas e Pequenas Áreas); como serão premiadas
as ações; quais as ações são mais emergenciais; que benefícios esperam-se
do projeto; etc.
Em curto prazo, uma campanha promocional do tamanho da que for
necessária, deve dar início ao funcionamento da loteria. Em pouco tempo (um
ou dois anos) já se poderão observar os resultados. A mídia fará o resto.
Propõe-se que a Internet seja utilizada para a divulgação das atividades-
meios e atividades-fins da BioLoto, inclusive para permitir o acompanhamento
das ações de melhoramentos que se executarem nas micro regiões.
A divulgação semanal dos resultados da loteria; os cinco municípios
premiados semanalmente com os 9% do Rateio Líquido da loteria; as
pequenas áreas premiadas e os respectivos prêmios que se acumulam; os
prêmios anuais da Fundação BioLoto e outras informações. Tudo será motivo
de divulgação. A mídia passará a ter uma importante responsabilidade de
manter sempre viva a marca da Loteria.
3.18. Plano de implantação e operações
3.18.1. Ciclo operacional
Como já exposto, haverá dois ciclos operacionais: o semanal, que
decorre dos resultados da loteria e o anual, que premiará personalidades ou
instituições que mais se destacarem social e ambientamente.
3.18.2. Instalações e melhoramentos
Em curto prazo deverão ser utilizadas as instalações do órgão
gerenciador de loterias no país (CEF). Os melhoramentos que se fizerem
necessários ao longo do tempo de existência da loteria podem ser executados
com os seus próprios recursos, considerando-os como custos operacionais.
3.19. Governança da proposta
Propõe-se que a BioLoto seja administrada pelo órgão gerenciador de
loterias no país, a Caixa Econômica Federal, a qual ficaria responsável pela
administração de todas as ações relacionadas com a loteria. Também deve ser
escolhido um órgão como o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o qual ficaria
responsável pela execução das ações socioambientais e outras proposições da
BioLoto. Uma infra-estrutura administrativa deve ser estudada para que se
possa fazer funcionar a proposta. Um órgão Colegiado Administrador
composto por integrantes das principais instituições envolvidas com a loteria,
deve ser criado para aprovar ou decidir sobre ações de interesse da proposta.
3.20. Organização
Propõe-se que seja estudada, em nome dos princípios socioambientais
da proposta, uma parceria entre o órgão executor da loteria e o órgão executor
das ações socioambientais, para que a proposta possa ser executada em
curto, médio e longo prazos.
3.21. Órgãos Executores: Papéis-chave na governança
3.21.1. Órgãos executores das Ações Socioambientais
O órgão executor das ações socioambientais deverá realizar estudos
para que os objetivos da BioLoto possam ser alcançados. Entre seus principais
direitos e deveres, destacam-se:
Deveres:
• Contratar, com custos para a BioLoto, os serviços de empresas
especializadas, capazes de levantar os dados necessários para o registro e a
confirmação das ações socioambientais registradas;
• Identificar, semanalmente, quais as pequenas áreas do seu espaço
geográfico que estarão associadas às cinco dezenas sorteadas;
• Divulgar quais as ações socioambientais, desenvolvidas no seu espaço
geográfico, que serão premiadas e os seus respectivos valores de premiação;
• Realizar, semanalmente, o sorteio do Prêmio Municipal, estabelecendo o
valor de cada município premiado;
• Realizar, anualmente, com grande pompa midiática, a entrega do
Prêmio da Fundação BioLoto, tal como proposto;
• Divulgar (Internet) os prêmios acumulados para as Pequenas Áreas e
quais devem ser as ações socioambientais mais importantes para essas áreas.
• Divulgar os benefícios obtidos em cada micro região, ao longo do tempo
de execução da proposta.
Direitos:
• Administrar os recursos do Prêmio BioLoto (1%);
• Administrar os recursos dos prêmios não reclamados em 90 dias
distribuindo-os na forma de acumulação de prêmio nas Pequenas Áreas mais
carentes de ações socioambientais ou na forma indicada pelo Colegiado
Administrador;
• Administrar os recursos do Prêmio Municipal (9%), distribuindo-os na
forma proposta;
• Administrar os recursos destinados aos pagamentos das ações
socioambientais, acumulando-os quando da não-existência dessas ações nas
Pequenas Áreas sorteadas, pelo tempo máximo de cinco anos.
3.21.2. Órgãos executores de Loterias
Entre os principais direitos e deveres do órgão executor da loteria (CEF)
em parceria com o órgão executor das ações socioambientais, destacam-se:
Deveres:
• Criar o volante de apostas da BioLoto para sua execução em curto
prazo;
• Estudar a viabilidade da aceitação de apostas digitais feitas por
empresas ou instituições cadastradas, em quantidades limitadas de apostas
(propõe-se o máximo de 1000 apostas por apostador) nas agências lotéricas
locais ou via Internet;
• Gerir os recursos (recebimentos de apostas; pagamento de prêmios,
repasses para outros órgãos, etc.) da loteria tal como proposto;
• Realizar os sorteios semanais das cinco dezenas;
• Identificar e efetuar os respectivos pagamentos de prêmios às apostas
vencedoras. Havendo acerto de cinco dezenas, fazer a entrega da estatueta-
símbolo ao acertador (quando for o caso);
• Repassar ao órgão executor das ações socioambientais em seu espaço
geográfico, os recursos de prêmios não reclamados em 90 dias;
• Repassar semanalmente ao órgão executor das ações socioambientais
55% (10%+ 45%) da renda líquida da loteria;
• Realizar, quando achar necessário, estudos que impliquem
melhoramentos do sistema.
Direitos:
• Ser ressarcido dos custos operacionais e custos que impliquem
melhoramentos do sistema;
3.22. Sustentação da estrutura de governança
Administrativamente, a sustentação da estrutura de governança da
proposta se dará pela parceria firmada entre os órgãos executores da loteria e
das ações socioambientais, para que se estabeleçam os direitos e deveres das
partes, inclusive com a estrutura de composição do órgão colegiado proposto.
Financeiramente, pode-se afirmar que, já em curto prazo, os prêmios
acumulados para as Pequenas Áreas serão tão significativos que garantirão a
sustentação da estrutura de funcionamento da loteria.
3.23. Cronograma geral
3.23.1. Atividades para a construção da proposta
a) Viabilização de Convênios (parcerias) entre os órgãos executores da loteria
e de ações socioambientais visando a implantação da BioLoto;
(Tempo sugerido: 90 dias)
b) Desenvolvimento de estudos para a implantação da parte lotérica da BioLoto
(estudos, regulamento da loteria, softwares, testes, etc.);
(Tempo sugerido: 180 a 360 dias, a partir do item a)
c) Desenvolvimento de estudos para a implantação da parte socioambiental da
BioLoto (estudos, codificação das ações socioambientais, criação do Título de
Registro das ações socioambientais, home page, softwares, testes, etc.);
(Tempo sugerido: 180 dias, a partir do item a)
d) Elaboração de uma estratégia de mídia nacional, custeada pela parceria dos
órgãos executores da BioLoto (os custos deverão ser contabilizados nas
despesas operacionais da loteria), anunciando o início da loteria e o início do
recebimento dos pedidos de registro das ações socioambientais;
(Tempo sugerido: 90 dias, a partir dos itens b e c)
e) Elaboração de uma estratégia de mídia, custeada pela parceria dos órgãos
executores da BioLoto local (os custos deverão ser contabilizados nas
despesas operacionais da loteria de cada país), pedindo ao povo que participe
da elaboração da lista de ações socioambientais que possam ser
desenvolvidas nas Pequenas Áreas de divisão do espaço geográfico brasileiro;
os benefícios que se obterão ao se realizá-las; os possíveis prêmios; etc.;
(Tempo sugerido: 90 dias, a partir dos itens b e c)
f) Elaboração de um aplicativo (software), disponível para download na Home
Page da BioLoto, que possibilite aos interessados locais a elaboração de
Pedidos de Registro de Ações Socioambientais;
(Tempo sugerido: 90 dias, a partir dos itens b e c)
g) Contratação pelo órgão executor das ações socioambientais, de empresas
especializadas em georrastreamento e/ou consultores ad hoc (os custos
deverão ser contabilizados nas despesas operacionais da loteria), para
efetuarem o levantamento dos dados técnicos e emitirem parecer sobre os
Pedidos de Registro das ações socioambientais propostas;
(Execução: a partir do recebimento do pedido)
h) Contratação pelo órgão executor das ações socioambientais, de empresas
especializadas em georrastreamento e/ou consultores ad hoc (os custos
deverão ser contabilizados nas despesas operacionais da loteria), para
efetuarem o levantamento dos dados técnicos e emitirem parecer sobre a
execução das ações socioambientais premiadas;
(Execução: a partir da identificação das ações premiadas)
i) Divulgação das ações socioambientais premiadas e seus respectivos
prêmios;
(Execução: a partir da identificação das ações premiadas)
j) Início da expansão da loteria.
(Execução: a partir da conclusão dos estudos0)
3.24. Etapas e marcos críticos
ü Estudos iniciais de implantação;
ü Primeiro ano de registro de ações socioambientais;
ü Primeiro ano de atividade.
3.24.1. Projeção do crescimento
Como se trata de uma loteria de números, o crescimento de pessoal
gerencial, de produção, equipamentos, etc. se dará na mesma proporção de
expansão da proposta nos países participantes.
3.24.2. Discussão geral dos eventos que podem afetar o cronograma e
possíveis ações de contingência
* Indeferimento de registro de ações socioambientais;
Comentário:
Com o tempo, é possível que muitas pessoas ou empresas atraídas
pelos prêmios acumulados para determinadas regiões (Pequenas Regiões),
desenvolvam ações socioambientais de grandes abrangências, mas de poucos
ou discutíveis resultados.
Contingência:
É preciso que se construam regulamentos claros sobre o que se
reconhecerá como ações socioambientais e formas claras de se definir seus
níveis de qualidade (A, B ou C);
* Reclamações na Justiça de prêmios;
Comentário:
É possível que pessoas ou empresas venham reclamar prêmios na
Justiça por conta de ações socioambientais que estejam desenvolvendo em
uma Pequena Área premiada.
Contingência:
O regulamento da loteria deve deixar claro que somente farão jus aos
prêmios as ações socioambientais registradas (aceitas) no órgão executor
das ações socioambientais nos países participantes, antes da realização dos
sorteios.
3.25. Riscos críticos, problemas e premissas
3.25.1. Premissas e riscos implícitos ao plano
Os seguintes riscos e premissas podem estar implícitos ao projeto:
1) O órgão executor de loteria não aceitar parceria com o órgão executor
das ações socioambientais;
2) Órgão executor de loterias não conseguir abrir agências em alguns
municípios brasileiros;
3) Rendimento da loteria abaixo das expectativas;
4) Pessoas ou empresas com algum poder econômico, atraídas pelos
prêmios acumulados, podem querer registrar ações de resultados duvidosos
em muitas Pequenas Áreas (imaginam-se centenas), apenas para fazer jus aos
seus prêmios acumulados.
3.25.2. Estratégias para neutralização de riscos
Propõem-se as seguintes estratégias, na ordem em que os riscos e
premissas foram estabelecidos acima:
1) Podem ser buscados apoios de políticos no Congresso Nacional; pode-
se tentar escolher outros órgãos públicos interessados;
2) Pode-se tentar viabilizar apostas pela Internet exclusivamente aos
clientes (pessoas físicas e jurídicas) da Caixa, limitadas a 1.000 apostas por
sorteio, cujos comprovantes das apostas poderiam ser retirados nos agentes
lotéricos indicados pelos apostadores;
3) Podem-se realizar dois sorteios semanais; pode-se reduzir o número
de loterias praticadas no Brasil.
4) Deve-se evitar essa possibilidade limitando-se o número de ações
socioambientais que uma pessoa ou uma empresa pode desenvolver em uma
ou mais áreas do espaço geográfico.
4. Considerações Finais
A questão da busca de soluções para os problemas sociais e ambientais
no Brasil e no mundo, não pode ser estudada de forma isolada. Todos esses
problemas estão relacionados entre si. Há que se buscar melhorias em muitos
setores, mas não se pode esquecer o todo, a Terra. Sabe-se que muitas
pessoas e/ou instituições lutam diariamente em alguma parte do nosso planeta
para que possamos reverter a tendência atual de grave crise social e ambiental
que pode nos levar ao fim da vida na Terra. Todas essas práticas e tentativas
de reversão desse quadro são louváveis e bem-vindas, mas precisamos de
mais ação. Precisamos fazer com que todos os povos reconheçam que somos
hospedeiros deste lindo planeta azul, que um dia já foi um paraíso. Precisamos
estimular mais pessoas a vestirem a camisa do social e do ambiental, de
forma a torná-las imprescindíveis em nossas vidas. Precisamos levar aos mais
distantes recantos da Terra nosso recado de luta pela vida em um sentido mais
amplo; nosso recado de que precisamos ter a iniciativa de dar o primeiro
passo; de sermos exemplos de luta para que tenhamos dias melhores. Não
podemos continuar pensando em práticas que são a origem de todas as formas
de violência na Terra. É preciso mudar. A proposta da BioLoto não pode ser
vista como uma proposta simplista, embora ela seja essencialmente simples.
Ela pode ter o tamanho que acharmos que ela deve ter para que nos ajude a
encontrar saídas para todos os nossos problemas. Só o fato de possibilitar que
pessoas do país inteiro se dêem as mãos para tentar resolver os problemas já
será um grande avanço ou um grande aprendizado. Mas a BioLoto é muito
mais: ela pode ser o exemplo para o mundo. Podemos transformá-la em uma
loteria internacional. Assim, só nos resta pedir a Deus que nos ajude a
despertar nas pessoas esse tão necessário empreendedorismo consciente;
que nos ilumine para que tenhamos coragem e iniciativa, tão necessárias para
vencermos esse grande desafio. Se todos nos dermos as mãos em nome
dessa causa, podemos ter a certeza, as pedras do caminho logo serão
retiradas.
Conclui-se com uma frase do matemático brasileiro Malba Tahan (Júlio
César de Melo e Sousa (06/05/1895 – 18/06/1974):
“O próximo nunca está perto de quem está longe de Deus; quem não se
chega ao próximo se afasta de Deus”.