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ANO XI N' 82 LEME MAIO 1983 BOLETIM INFORMATIVO Pe.6ca.doJLe.i e. ?e.6cadzi*.ci.6 Rumando Paia. Hovai ÂgaaA JABOATAO, TU RESSUSCITARÍS! PIRAPAMA, TU RESSUSCITAR^.' IPOJUCA, TU RESSUSCITARÍSI MANHÃ DE PROTESTO LOCAL: PORTO DO BARCO . ' ' PONTE DOS CARVALHOS - CABO-PE DATA' 15 DE MAIO DE 1983 - AS 9HS DA MANHA

BOLETIM INFORMATIVO Pe.6ca.doJLe.i e.e.6cadzi*.ci.6 ... · Que cada dia que.passa A caristia consome Peixe morre envenenado E pescador morre de fome ® EM SEGUIDA FALOU O PRESIDENTE

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ANO XI

N' 82 LEME MAIO

1983

BOLETIM INFORMATIVO

Pe.6ca.doJLe.i e. ?e.6cadzi*.ci.6 Rumando Paia. Hovai ÂgaaA

JABOATAO, TU RESSUSCITARÍS!

PIRAPAMA, TU RESSUSCITAR^.'

IPOJUCA, TU RESSUSCITARÍSI

MANHÃ DE PROTESTO LOCAL: PORTO DO BARCO

.■■■■' '

PONTE DOS CARVALHOS - CABO-PE

DATA' 15 DE MAIO DE 1983 - AS 9HS DA MANHA

MANIFESTO DOS PESCADORES E PESCADEIRAS DO CABO AO POVO DE PERNAMBUCO

&^ t^^^z U ■,:■■'..

\

FAZ BASTANTE TEMPO

QUE ESSES RIOS DEIXARAM DE SER

A FONTE DA NOSSA SOBREVIVÊNCIA

Jií*^^^- [DESSES RIOS, JA RETIRAMOS O PAO^

OS HOMENS PROMETERAM A GENTE

QUE COM AS FABRICAS E AS USINAS

TODO MUNDO TERIA EMPREGO

E UM SALÁRIO SEGURO PARA VIVER.

OS EMPREGOS

FORAM INSUF

E O SALÁRIO

/ ... E AS FABRICAS

AGORA

ESTÃO FECHANDO

RESTOU

PARA NOS

A POLUIÇÃO

COM A MORTE DOS RIOS

**=Z. E DOS PEIXES

NAO TEMOS MAIS j

PRODUÇÃO E RENDA

V AGORA A GENTE

TEM SÕ A INCERTEZA

DE TRAZER O ALIMENTO

PARA CASA.

®

T TAMBEM ESTAO SENTINDO O PROBLEMA

OS NOSSOS IRMãOS OPERáRIOS

TRABALHADORES NA CANA

E AGRICULTORES

EXPULSOS DA TERRA.

ELES

QUE

ALIVIAVAM

SUAS

NECESSIDADES

NA PESCA.

£MúM

COM A POLUIÇÃO TAMBÉM VIERAM AS DOENÇAS

NOSSOS FILHOS

JA SAO GERADOS

NA POLUIÇÃO. J&

I MO SE NAO BASTASSE A POLUIÇÃO, ' AGORA ESTÃO DERRUBANDO OS MANGUES. yá*^

SCíN f NESSES ANOS TODOS NOS NAO FICAMOS CALADOS.

IMPLORAMOS PROVIDENCIAS

'SÕ TIVEMOS RESPOSTAS NEGATIVAS E FALSAS ESPERANÇAS.

OQUE FAZER QUANDO 0 DONO DE FABRICAS E USINAS SO ENXERGAM 0 LUCRO. OS 0'RGÂOS DE COMBATE A POLUIÇÃO FICAM DE BRAÇOS CRUZADOS E NÓS MORREMOS DEVAGAR? ®

HOJE 15 DE MAIO DE 1983

DAMOS NOSSO GRITO DE ALERTA.

PEDIMOS A UNI AO DE TOÍÍOS

E AO POVO TRABALHADOR

DE PERNAMBUCO PARA

ENFRENTAR A POLUIÇAü.

Pilme-ifio vamoò noà ORGANIZAR

Va.moò UKCLfL ai COMISSÕES

pafia jJazeA. CLò TAREFAS.

COMISSW PARA FAZER OS COWVITES?

COMISSÃO RARA FAZER OS CARTAZES,

MOSQUITOS E FAIXAS

COMISSÃO PARA FAZER O MANIFESTO

COMISSÃO PO TRANSPORTE, PO SOM

'MISSÃO PARA FAZER Õ PROGRAMA PO P

E COBRANÇA DAS TAREFAS

Até que enfim...

UMA MANIFESTAÇÃO FOI PREPARADA PELOS PESCADORES COM A AJUDA DO POVO DO MUNICÍPIO DO CABO TUDO COMEÇOU NO PORTO DO BARCO,EM PONTE DOS CARVALHOS,

AS MARGENS DO POLUÍDO RIO JABOATAO.

Partindo pra defender A nossa democracia O povo precisa ma i s Também da ecologia: É a terra onde se planta E na água a pescaria.

Está muito diferente O nosso Brasil sem nome Que cada dia que.passa A caristia consome Peixe morre envenenado E pescador morre de fome

®

EM SEGUIDA FALOU O PRESIDENTE DA SOCIEDADE BENEFICENTE

DE PESCADORES DE PONTE DOSCARVALHOS E COLÔNIA Z-8 DE

GAIBO,JOSÊ SEBASTIÃO VI JESUS-

Meus irmãos:

Aqui nós estamos reunidos para protestar

contra a poluição dos rios

JABOATAO, PIRAPAMA E IPOJUCA,

causada pelas indústrias

poluidoras desta ârea-

A situação e de calamidade

Os polui dores matam

a gente de fome.

DEPOIS 0 POVO SAIU NUM GRANDE ARRASTÃO

PARA 0 PÁTIO DA FEIRA.

NO PÁTIO DA FEIRA FALARAM VARIAS ASSOCIAÇÕES

- DE PONTEZINHA, - MORADORES DE PONTE DOS CARVALHOS, - VILA COHAB E UNlAO MUNICIPAL

DOS BAIRROS DO CABO.

FALARAM AINDA:

- UM REPRESENTANTE DA ACO (Açio Católica Operaria)

- E O PREFEITO DO CABO.

(D

ESTAVAM PRESENTES TAMBÉM:

- COLÔNIA Z-k DE OLINDA -ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DE IBURA

(Povo contra o lixo) - ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DE CURCURANA/CAMBUIM - ASPAM (Associarão Pernambucana de defesa â Naturesa) - APEB (Associação Pernambucana de Biólogos) - CPP (Comissão Pastoral dos Pescadores) - MOVIMENTOS E GRUPOS DA ARQUIDIOCESE DE OLINDA E RECIFE

a ! ■:

OS VIOLEIROS VOLTARAM A DAR O SEU RECADO

nao po1u i sse para gente

Se fabrica Era melhor Se lucrava sobre a terra Peixe do rio na enchente E hoje em dia o povo sofre Com fome, é tudo doente.

Eu peço a Nosso Senhor Que é prá ver se ele me acuda Meu Cristo, dê-me uma ajuda Na vida do pescadpr Um homem trabalhador Passando na precisão Sexta-feira da Paixão Nem tem peixe nem tem coco NESSE BRASIL DE CABOCO DE" MAE PRETA E PAI JOÃO.

@

A FESTA ERA DOS PESCADORES E DAS PESCAOEIRAS POR ISSO

FALARAM DOIS REPRES ENTANTES : DA COLÔNIA 2-U DE GO ! ANA

E DA COLÔNIA Z-8 DE ITAPISSUMA.

JOÃO AMBJtfSIO VA COLÔNIA Z-14 PE GOIANA FALOU:

Companheiros e Companheiras) A situação ê terrível. Nesta manifestação quero lembrar os pescadores de Goiana que também sofrem esse processo de poluição. A Fábrica PONSA, a Usina Santa Tereza e a Us i na Ma rav i 1 ha vivem poluindo os rios, vivem deixando no maior flagelo,

na maior miséria da vida

3.500 famílias morrendo de fome por causa dessa poluição tremenda.

MARIA ALICE VA COLÔNIA Z-IO PE ITAPISSUMA FALOU:

Senhoras e Senhores.' Quem me bota por aqui em Pont é a poluição do CLORO da Fábr rio Botafogo . Os viventes de Botafogo não podem mais viver. Já morreram. 10 netos meus; foram 10 netos,' 0 rio Botafogo tinha peixe prá fa zer gos to . Hoje em dia até o animal que passar por dentro do rio ca i o casco, porque a poluição é demais.

e do i ca

s Ca Arar

rva i pe

lhos no

EM SEGUIDA FALOU CTIRMAO DOS POBRES: VOU HELPER CÂMARA

Meus queridos irmãos!

Minhas queridas Irmãs 1

Chegu das p em qu parti un I do pesca es tav af i rm COPER polui tempo seus

ei aqui r i me í ra e t i ve c i par, com o

dores - am surg ando - BO prot ção, qu começa

estrago

Quem e que n com um pouqu podiam trans tudo isso qu matando os r podiam trans ifem adubo de Eles sabem*.

em \S()k e uma s manifestações a aiegria de foi justamente, povo, com os as pescadei rai indo e se foi i rmos a

estar contra a e jâ naquele vá a fazer s .

ão sabe, que se as indústrias quisessem inho mais de dinheiro - coisa pouca - formar esses depósitos, e jogam no rio matando os peixes ios e matando os pescadores, formar toda aquela calda venenosa pr imei ra classe!

0 negócio, é que a ambição não tem limite, o egoísmo não tem limite. Quem ganha quer sempre ter mais. é "no venha a nos1

e não tem os olhos que está sofrendo.

'venha a nos" pa ra ver o i rmão

®

Ninguém perca a esperançai Ninguém dige que não vale a pena o povo Valei Multo mais longe nós já estivemos

se unir

Ainda há gente que fica com medo. Ainda há gente que já está cansada. Ainda há gente que está perdendo a esperança Perder a esperanaça por que?

0 POVO UNIDO PARA FAZER JAMAIS SERÁ VENCIDO'.

0 BEM

Eu quando vi os caixões alí, com os nossos rios JABOATAO, PIRAPAMA e IPOJUCA fiquei com o coração apertado. Mas, eu me lembrei de que nós todos - eu acredito que quase todo mundo daqui - quem não é católico ê crente, e nós todos acreditamos naquele Pai que es tá nos céus , e nós acreditamos em CRISTO. Cristo também aceitou a mortel Ele aceitou a mortel Mas quando eu vi aqueles caixões, eu me lembrei que CRISTO RESSUSCITOU.

Os nossos rios vão RESSUSCITAR. Nós vamos nos unir, sem armas, sem violência - Violência atraí violência. Ódio não constrói nada NOS VAMOS EXIGIR QUE NAO MATEM OS NOSSOS RIOS! QUE NAO MATEM OS NOSSOS PEIXES! QUE NAO MATEM 0 NOSSO POVO!

NÕS VAMOS EXIGIR A RESSURREIÇÃO DOS NOSSOS RIOS!

JABOATAO, Tü RESSUSCITARA!

PIRAPAMA,TU RESSüSCITARAS:

IPOJUCA, TU RESSUSCITARAS:

Até sempre.' Se Deus quiser.

H i -;

@

TUDO TERMINOU COM A LEITURA DO MANIFESTO DOS PESCADORES

ONDE DISSERAM O QUE QUERIAM!

QUEREMOS 0 CUMPRIMENTO DAS LEIS E FISCALIZAÇÃO MAIS RIGOROSA CONTRA OS POLUIDORES. QUEREMOS LEIS QUE PROTEJAM COM MAIS FORÇA OS NOSSOS MANGUESAIS. QUEREMOS QUE O ÕRGAO DE CONTROLE DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO E O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE DE BRASÍLIA DÊEM ASSENTO E VOZ AOS PESCADORES DAS ÁREAS ATINGIDAS PELA POLUIÇÃO. QUEREMOS QUE SE CRIEM NOS MUNICÍPIOS OS CONSELHOS MUNICIPAIS DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE PARA MELHOR NOS DEFENDER.

AFINAL OS COMPANHEIROS EXCLAMARAM;

COMPANHEIROSÍ

NOSSA LUTA E JUSTA

HUMANA E CRISTA.

O HOMEM NAO FOI FEITO

PARA CONVIVER COM A MORTE

E AS INJUSTIÇAS

EXIGIMOS, APENAS,

O VIREITÕ Â VIVA.

1?* S 8. Pescadores condenam

poluição no Jaboatão Para pratotuur eoatr» » poluição dos

rios JabOBfto, Ipojuca e Pimpsma. a Sociedade BenefkMRte dos Peacadone de Ponte doe Carvalhos e a Colônia t-S de Pescadores de Oaibú, promove- ram na tnanhfc de ootctn um ato púbVi- co no Porto do Barco ás margens do Rio Jaboatão, no Cabo, onde denun- ciaram a diflcü situação daquela comu- nidade «m conseqüência da mortanda* dn doe peixes catsada pelos detrito» industria» ali lançados.

O 380 pescadores que parücipam da Sociedade vem noe últimos BOOS so- frendo em escala cada vez maior a es* cassei de peixes camarão e outros ani- mais que é para muitas famílias a única fonte de aiimentaç&o e de obteiK&o de recursos. Segundq José Sebastião- «0 anos de pesca e Atual presidente da en- tidade, de nada tem adiantado os vá- rios abaixo assinados e pedidos leitos a órgão» públicos oomo o CPRH, 6urie- p» CwpTtania dos Portos, para que se •vtte • lançamento de «gtntas polui- dona sw acuas dos rios. A manífesta- -jio, dta; de, á para «ntar mostrar a

população que vive da pesca que é pre- ciso feier algo senão brevemente todo» terão que abandonar o oficio

Conforme afirmam o» ptscadem o» maiores responsãveib peia pciuicio dos rios e dos mangues são sfeumas fá- bricas iocaüiidas nas proximidades do rio Jaboeláo. AS caldas e outros aten- tes poluidores estão pratica «nenti inu- tilizando os rios, «té mwmo na barra, onde ainda «a consegue pescar apuros coisa quando a m»r€ esta altk. tt«s temem que, isto as torne mais irave cem a implantação do Projeto Suape.

Durante a m«nMt de prot«Mo. en- quanto violeiros, um grupo da teatro e líderes com«nttfcrioa apoiavam o movimento, os pescadores; re- tttavam a que ponto chagou a vida nos Hos e mangues. Cícero Uma, hé 35 anos «vendo como pescador «m Ponte dos Carvalho» cont» que há 15 «no» cem dum varas um único pescador ali- mentava até tit« ftsnillat, o que' ela boje não con&wgue com mil matat d» rede. Dos peixes, antes encontrados cm

quantidade com© a carãpd*. d batre • o camorim hoje quasealo^ existem a nlo aar poocae tilápiaa • o camurim b\ q»c sio mais resistentes a po!uiç«a Mesmo assim, como afirma Cícero, o peixe que d apanhado eçtá imprestãvet Na semana passada ele pescou cem quii«s de iundia ma^ mesmo depois dt traído « cozido exalavam um msu- cheir» « estavam com um sabor insu- porlávsU

Atçm do% rio», os mangues conhe- cido entre os pescodems e pe*cadeira& como a maternidade dês pefee«, f>ois í o local de desova ds moitas espéci- mes aigrínhas, estão imprestáveis. O esmarão não exista mais e o caran^de- Jo quando a calda iançada peiaa usf- aaa é muito forte não resistem c mor- rem. Fora os animais mortos os pes- cadores enfrentam o mau-ch*in dei- xado palas acuas polvtdas, as doenças da pais c a dsniflcacão do material dt fflsca.' Alfuna resíduos, afirmam, cèo tão forte» que a igua do iW fica prel* e as «ades «c desmancham.

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