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Brochura da Educação Pré-Escolar Colégio do Castanheiro "Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui? Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato. Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice. Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato." Lewis Carroll

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Brochura da Educação Pré-Escolar

Colégio do Castanheiro

"Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?

Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.

Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.

Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato."

Lewis Carroll

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ÍNDICE

Páginas

Nota Introdutória . . . . . . . . . 2

Organização do Ambiente Educativo. . . . . . . 3

Áreas de Conteúdo da Educação Pré-Escolar . . . . . 11

Continuidade Educativa . . . . . . . . 15

Práticas Pedagógicas do Pré-Escolar no Colégio . . . . 18

Bibliografia Consultada . . . . . . . . 23

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NOTA INTRODUTÓRIA

A presente brochura nasce da necessidade de se evidenciarem os pressupostos sobre os

quais assentam as práticas pedagógicas do Pré-Escolar no Colégio do Castanheiro. O principal

objetivo deste documento é o de tomar consciência da identidade do colégio, a qual começa na

mais tenra idade, a idade pré-escolar. Assente nas premissas ideológicas do Projeto Educativo do

Colégio e científicas das Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar, esta brochura

reflete as práticas levadas a cabo nas salas dos três, quatro e cinco anos, sendo referenciadas as

comuns a todas as salas.

Começaremos por explicitar, em sentido lato, a organização do espaço e do tempo, bem

como a relação que estabelecemos, e que pretendemos alargar, com os pais. A tomada de decisão

quanto a estes aspetos espelham as linhas pedagógicas seguidas pelo grupo de educadoras, e são

de extrema importância para a definição de um ensino de qualidade e de excelência, como

preconizado pela ideologia do colégio. De forma a contextualizar as atividades desenvolvidas,

descrevemos brevemente os conteúdos presentes no documento regulador da educação de

infância, as orientações curriculares para a educação pré-escolar. Seguidamente abordaremos a

questão da continuidade educativa, explicitando os projetos aglutinadores de participação de

alunos de outros ciclos. Esse tipo de trabalho é, para nós, de elevada importância, pois reflete a

ideologia do colégio e é máximo contribuidor para o sentimento de pertença e de identidade do

mesmo. Por fim pode ler-se uma resenha acerca das práticas pedagógicas no pré-escolar

referenciando o apoio às crianças, as atividades promovidas no âmbito da planificação semanal e

dos projetos do colégio, dos quais destacamos o projeto de literacia financeira.

Esta brochura é, então, o resultado do trabalho de educadoras, auxiliares, crianças e seus

pais, sendo a comunicação entre todos, essencial para fazer evoluir sempre e cada vez mais as

práticas pedagógicas existentes no Colégio do Castanheiro.

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ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE EDUCATIVO

1. Organização do espaço:

A criança em idade pré-escolar aprende com

as suas vivências e com o modo como se relaciona

com o mundo. O ambiente onde está inserida tem,

por isso, elevada importância, quer seja o espaço sala

ou o espaço institucional. A par disso, a gestão do

espaço evidencia as linhas ideológicas de quem o faz.

Através da estruturação do espaço da sala o educador

pode facilitar ou inibir diversas aprendizagens quer a

nível académico quer a nível social.

As salas do pré-escolar encontram-se organizadas em diferentes áreas através das quais se

pretende que as crianças realizem experiências significativas. Todas as salas estão equipadas com quadro

interativo onde as crianças podem ter várias experiências através da visualização e manipulação de

conteúdos de suporte digital. Em cada sala há cacifos onde as crianças podem guardar os seus pertences. A

par da questão funcional, estes cacifos permitem à criança um maior sentido de pertença e do seu espaço.

Há também placards nas salas que permitem afixar os trabalhos, individuais e coletivos, de modo a

aumentar a autoestima das crianças e dar visibilidade ao que é feito no espaço de sala de aula. Cada sala

apresenta particularidades no seu espaço, de acordo com a idade que as crianças apresentam. Assim

sendo, as áreas principais de cada sala são:

ÁREA DA CASINHA (3- 4 anos)

Promove a socialização;

Permite a utilização do jogo dramático;

Desenvolve capacidades de resolução de problemas;

Promove o desenvolvimento da linguagem oral;

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MERCADINHO (5 anos)

Promove a socialização;

Permite a utilização do jogo dramático;

Desperta para a educação para o consumo;

Promove a resolução de problemas;

ÁREAS DA EXPRESSÃO PLÁSTICA

Área da plasticina, área dos desenhos, área de recorte e colagem, área da pintura

Desenvolve a criatividade;

Desenvolve o sentido estético;

Permite o contato com diversos materiais e técnicas;

Permite a expressão em duas e três dimensões;

ÁREA DA GARAGEM E JOGOS DE CONSTRUÇÃO

Permite a socialização;

Permite a utilização do jogo dramático;

Promove a resolução de problemas;

Desenvolve capacidades de raciocínio lógico-matemático;

ÁREA DA LEITURA E DA ESCRITA (5 anos)

Promove a aquisição do gosto pela leitura e escrita;

Permite o conhecimento de algumas convenções da escrita;

Permite o contato com diferentes suportes da língua escrita;

ÁREA DA MATEMÁTICA (5 anos)

Promove a resolução de problemas;

Desenvolve o raciocínio lógico-matemático;

Desenvolve a concentração;

Explora noções de quantidade e medida;

Sistematiza as aprendizagens matemáticas;

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ÁREA DOS JOGOS DE MESA

Promove a resolução de problemas;

Desenvolve capacidades de raciocínio lógico-matemático;

Desenvolve a concentração;

BIBLIOTECA

Permite o contato com diferentes suportes da língua escrita;

Promove a aquisição do gosto pelo livro;

Desenvolve a concentração;

Permite aprender a manusear um livro corretamente;

A apropriação do espaço não se encerra nas quatro

paredes da sala, ela estende-se ao espaço institucional da escola

que frequenta, neste caso, o colégio. Este representa, para a

criança, um meio alargado de interação onde a criança pode ter

diversas oportunidades de aprendizagem, de experiência, e de

convivência. O Colégio do Castanheiro oferece às crianças uma

multiplicidade de experiências de extrema importância e muito do

seu agrado.

O Parque Ambiental/ Estufa é o espaço que privilegia o

contato com a natureza favorecendo a Área de Conhecimento do

Mundo. Cada uma das salas possui uma porção de terra da qual

está encarregue de realizar a manutenção, ao longo do ano letivo.

Assim, antes de cada sessão, as crianças e as educadoras selecionam o tipo de plantio a fazer e a gestão do

mesmo é feita quinzenalmente. Neste espaço é possível também observar diversas espécies de animais. É

uma das atividades que as crianças mais apreciam e onde surgem mais questões acerca do mundo que as

envolve, sendo nosso objetivo que essas questões deem o mote para iniciar trabalhos por projeto de

pesquisa individual e coletiva.

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O Laboratório é um espaço onde as crianças podem despertar o seu espirito científico. Aqui as

crianças têm ao seu dispor materiais que lhes

proporcionam experiências interessantes e que levam

a questões acerca de variados fenómenos. Este é

desenvolvido, de modo intercalado, com o parque

ambiental. Para o registo sobre as atividades que se

desenvolvem nestes dois espaços é construído um

caderno de ciências por cada uma das crianças.

O recreio exterior é o espaço onde as crianças têm oportunidade de brincar livremente e de

explorar os materiais que aí têm ao seu dispor. As crianças usufruem desse espaço no intervalo da manhã,

após o lanche. Nos dias em que chove o recreio é feito na sala dos castanhiços onde as crianças podem,

igualmente, brincar livremente, ou ver televisão.

O ginásio é um espaço onde as crianças têm oportunidade de realizar as sessões de expressão

motora. O ginásio dispõe de salas de espelhos, campo, e diversos materiais próprios.

Na Ouriteca (biblioteca do colégio, cuja denominação se encontra associada ao facto de a sua

mascote ser um ouriço) as crianças dispõem de livros e outros materiais relacionados com a abordagem à

leitura e à escrita que lhes permitem desenvolver o gosto pela leitura (tendo em conta as idades). Neste

espaço também são enfatizadas comemorações e datas festivas que

habitualmente são assinaladas pelas educadoras das quatro salas

conforme o Plano Anual de Atividades. Para além disso, é neste espaço

que se desenvolve o projeto “Castanheiro das Leituras”, as atividades do

avental das histórias e da panela das histórias.

Estas atividades permitem um maior incentivo

à leitura acompanhada pelos pais e à

apresentação de um projeto individual aos

colegas.

O refeitório é, para nós, um

prolongamento da sala de aula, já que a hora

da refeição representa também um momento de aprendizagem de regras, de

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conhecimentos, e de convivência. O facto de os pais poderem almoçar com os seus filhos proporciona o

estreitamento das relações escola-família. Para que estes momentos ocorram de forma a não alterarem as

rotinas dos grupos os encarregados de educação deverão comunicar à educadora responsável pela sala na

manhã do dia. A refeição não deverá ser realizada nas mesas das crianças, proporcionando desta forma um

momento mais acolhedor e familiar que os mais pequenos tanto aguardam. É necessário ainda relembrar

que os alimentos que constam no prato do dia não poderão ser substituídos sem conhecimento das

responsáveis. Este espaço é também muitas vezes utilizado para a realização de atividades culinárias.

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2. Organização do tempo:

O tempo para as crianças é representado pelas rotinas. Através destas as crianças conseguem

antecipar os momentos, o que lhes dá estabilidade e conforto. As rotinas do Pré-escolar encontram-se

espelhadas na seguinte tabela:

HORA ATIVIDADE

8:00 Entrada das crianças

As crianças são acolhidas nas salas dos 4 anos pelos auxiliares.

9:00 Acolhimento

É neste momento que as crianças preenchem os quadros das presenças, os do

tempo, os do chefe, etc. No tapete da sala as crianças são convidadas a contar as

suas novidades, colocar as suas questões no momento Ler, contar e mostrar. São

exploradas histórias e planificam-se as atividades do dia.

9:45 Lanche opcional e

Recreio

As crianças que entram cedo têm oportunidade de tomar um snack (fruta,

iogurte, pacote de leite) na sala dos castanhiços e posteriormente recreio

(conforme as condições atmosféricas).

10:30 Atividades

Neste tempo as crianças realizam as atividades diárias, quer sejam em sala de

aula, quer nos espaços adjacentes.

11:45 Higiene e almoço

As crianças realizam a higiene necessária antes da refeição que se realiza no

refeitório do colégio. No espaço de tempo que se segue as crianças dos 4 e 5

anos podem brincar nos recreios.

13:30 Atividades

Quando voltam à sala lavam os dentes. Posteriormente, as crianças realizam as

atividades diárias, quer sejam em sala de aula, quer nos espaços adjacentes. As

crianças da sala dos três anos realizam dormitório.

14:45 Avaliação do dia

As crianças arrumam a sala e sentam-se no tapete onde fazem a reunião de

grupo para avaliar o dia e sugerir atividades. Esta avaliação tem em conta,

sobretudo, a questão emocional das crianças e reflexão das aprendizagens.

15:00 Lanche

As crianças dirigem-se à sala dos castanhiços onde lancham, têm brincadeira livre

e participam em variadas atividades.

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3. Relação com os pais:

A escola representa para a criança pequena uma extensão da sua própria família. Escola e

família são os dois mundos de muito valor afetivo para ela. É, por isso, que o estabelecimento de

relações positivas entre estes dois contextos é de extrema importância.

No colégio do Castanheiro tentamos, sempre que possível, integrar os pais nas nossas

dinâmicas, como nas pesquisas com os seus filhos sobre alguns assuntos e em todos os projetos

desenvolvidos ao longo do ano. A atividade “mercadinhos do Pré-escolar” é patrocinada pelos pais

que trazem um doce ou salgado que será vendido e cujo lucro reverte para o fundo do

departamento do pré-escolar com o qual se investe em material necessário para o

desenvolvimento das nossas atividades.

Das atividades realizadas merece

destaque a comemoração do dia

internacional da família. Por esta

comemoração a família desloca-se à escola

onde envolvem-se numa tarde primaveril que

trará muitas surpresas, partilhas e animação.

Aliás, como foi evidente em anos anteriores

com lanches partilhados, piqueniques no

parque ambiental, jogos tradicionais,

atividades entre pais e filhos e momentos musicais.

O contato com os pais é uma constante, quer pessoalmente, na receção/entrega das

crianças e na hora de atendimento, ou via correio eletrónico, onde os pais recebem informações e

podem esclarecer possíveis dúvidas. De modo a estreitar este contato e para que os pais tenham

um maior conhecimento acerca do que se faz na sala de aula, há, para cada sala, um grupo secreto

numa rede social onde são publicadas as atividades, informações ou até curiosidades sobre a

turma. No Natal as crianças preparam uma pequena apresentação para os pais, a qual é

demonstrada no auditório do colégio, onde os pais são convidados a subirem a palco e abrilhantar

o nosso espetáculo.

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Na feira pedagógica, realizada no final do ano letivo, há também uma apresentação

preparada para os pais, a qual coincide com o culminar do projeto de história e património, pelo

que, as temáticas são sempre sobre a identidade açoriana. Nestas duas comemorações a

colaboração dos pais na preparação do vestuário é fundamental, enriquecendo, assim, estas datas

comemorativas.

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ÁREAS DE CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

As principais áreas de desenvolvimento e avaliação das crianças na Educação Pré-escolar

são: a área de formação pessoal e social, a área de expressão /comunicação e a área de

conhecimento do mundo (Ministério da Educação, 2016). O principal documento que reflete

sobre estas áreas e que orienta o trabalho do educador de infância denomina-se Orientações

Curriculares para a Educação Pré-escolar (OCEPE), e é entendido como uma referência comum

para todos os educadores da Educação Pré-Escolar. Este clarifica que todo o trabalho deverá

acontecer num ambiente integrador de diversos saberes, sendo que o educador deverá ter uma

postura unificadora, adotando práticas e pedagogias diferenciadas e cooperativas que incluam

todas as crianças, respondendo às necessidades de cada uma.

Desta forma, iremos seguidamente esclarecer os principais fundamentos de cada uma das

áreas enunciadas anteriormente, para que assim se consiga um conhecimento mais profundo das

competências a desenvolver em cada uma.

1. Área de Formação Pessoal e Social:

A área de formação pessoal e social é transversal a todas as outras e favorece o

“desenvolvimento de atitudes, disposições e valores, que permitam às crianças continuar a

aprender com sucesso e a tornarem-se cidadãos autónomos, conscientes e solidários” (Ministério

da Educação, 2016, p. 6). É também através desta área que o educador desenvolve a cooperação

entre as crianças, estimula a discussão de opiniões e a resolução de conflitos e fomenta

comportamentos tolerantes, compreensivos e de respeito pela diferença.

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2. Área de Expressão e Comunicação:

A área de Expressão e Comunicação subdivide-se em diferentes domínios: educações

artísticas (artes visuais, dramatização, música, dança), educação motora, linguagem oral e

abordagem à escrita e matemática.

Começamos pelo subdomínio das artes visuais, que visa fomentar a exploração livre dos

meios de expressão gráfica e plástica e assim não só contribuir para despertar a imaginação e a

criatividade dos alunos, como possibilitar o desenvolvimento da destreza manual. Em diferentes

fases da educação pré-escolar encontramos importantes informações sobre o desenvolvimento da

criança nos seus registos plásticos (desenhos, construções com materiais manipuláveis, entre

outros). Muitos educadores apercebem-se da importância destes e retiram informações

importantes do seu conteúdo para os trabalhos que pretendem desenvolver em fases futuras.

Estes profissionais assumem que estes trabalhos têm um papel fundamental na avaliação das

aprendizagens.

O subdomínio da dramatização é entendido como uma forma de descoberta de si e do

outro, de afirmação de si próprio e de apropriação de situações sociais. A importância atribuída a

atividades desta índole prende-se com o facto de estas possibilitarem à criança descobrir-se e à

própria vida através de jogos físicos e emocionais e de interações com os colegas do grupo e com

o educador.

As atividades de música devem assentar na exploração de sons, ritmos e músicas que a

criança produz e explora espontaneamente e que vai aprendendo a identificar e a produzir,

baseando-se nos diversos aspetos que caracterizam os sons. A música como qualquer educação

artística, pode favorecer o desabrochar de crianças que se caraterizam por terem uma

personalidade mais introvertida ou tímida. Para além disso, pode desenvolver a sensibilidade

estética e auditiva.

O domínio da educação motora explora diferentes formas de movimento e permite tomar

consciência das diversas partes do corpo. As OCEPE destacam este domínio, considerando que os

jogos de movimento são momentos de controlo motor que permitem socializar, compreender e

aceitar regras. De facto, é “através das actividades lúdicas de grande movimento, espontâneo e

criativo, que a criança vai desenvolvendo as suas estruturas neuropsicológicas” (Sousa, 2003, pp.

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200-201). Refira-se, ainda, que, segundo este autor, “a criança [se] exprime pelo movimento

global (…), porque tendo necessidade de se exprimir, formula, por essa via o que não consegue ou

não pode expressar através da expressão oral” (ibidem, p. 12).

Outro domínio de grande relevo na área de Expressão e Comunicação é o da linguagem

oral e abordagem à escrita. Quanto ao domínio da escrita, é de grande importância trabalhar

sobre as experiências que as crianças já vivenciaram e que lhes são significativas, e ainda sobre

aspetos que lhes sejam relevantes. Deste modo, a importância de se trabalhar conteúdos escritos

no período que antecede o Ensino Básico reflete-se nas fases posteriores de crescimento infantil e

nas capacidades de comunicação verbal da criança. Estas interações podem ser “mediadas por

adultos e outras crianças, têm um grande impacto no desenvolvimento das concepções e dos

conhecimentos de que as crianças se apropriam sobre a linguagem escrita” (Mata, 2008, p. 11),

até porque “é clara a referência ao facto de as crianças desenvolverem concepções sobre a escrita

e a forma como se organiza à medida que a vão contactando e explorando e que essas concepções

vão assumindo características diversas ao longo do desenvolvimento” (ibidem, p. 32).

O mesmo acontece com a linguagem oral, em que o educador tem uma função primordial.

Só ele pode conduzir o diálogo ao ponto de ficar interessante e prazeroso para as crianças, pois

desenvolver a linguagem depende do interesse em comunicar, o que implica ser-se escutado e

supõe também ter coisas interessantes para dizer.

O último domínio desta área é o da matemática. O trabalho neste domínio desempenha

um importante papel na estruturação do pensamento que as crianças desenvolvem na sua vida

corrente. Todos os conhecimentos matemáticos apreendidos nesta fase são essenciais para o

processo que se quer ver desenvolvido no quotidiano das crianças, pois a grande finalidade deste

domínio é desenvolver nos alunos capacidades para usar a matemática eficazmente na sua vida

diária: a resolução de problemas oferece uma oportunidade única de mostrar a relevância desta

no quotidiano dos alunos, apesar de toda a dificuldade que resolver problemas reveste (Palhares,

2004, p. 7).

A área do conhecimento de mundo “enraíza-se na curiosidade natural da criança e no seu

desejo de saber e compreender porquê. Esta sua curiosidade é fomentada e alargada na educação

pré-escolar através de oportunidades para aprofundar, relacionar e comunicar o que já conhece, e

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pelo contacto com novas situações” (Ministério da Educação, 2016, p. 88). Assim, os educadores

deverão alargar este interesse, que é tão natural nesta faixa etária, dando oportunidade às

crianças de contatarem com novas situações que poderão proporcionar ocasiões de descoberta e

de exploração do mundo.

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CONTINUIDADE EDUCATIVA

No Colégio do Castanheiro existe

preocupação em interligar os diferentes níveis de

ensino, pelo que, ao longo do ano letivo são

desenvolvidas diversas atividades que promovem

o intercâmbio entre os diversos ciclos. Como tal,

temos o exemplo do projeto de inglês no qual os

alunos do 1.º ao 12.º ano preparam uma atividade,

relacionada com uma temática específica, para

ser apresentada nas salas das crianças entre os três e os cinco anos.

Estas dinâmicas integram-se muito bem nas dinâmicas desenvolvidas neste nível de ensino e

são desenvolvidas nos 30 minutos

semanais destinados à exploração da

língua inglesa, em cada turma.

O pré-escolar participa ainda na

dinamização da semana da leitura, visto

que se pretende fomentar o interesse

pelos livros desde cedo. Nestes dias são

lidas e exploradas histórias pelos alunos

mais crescidos cujos espetadores são as

crianças do pré-escolar, reforçando assim as competências literárias e expressivas das crianças.

Além disso, os alunos do 3.º ciclo e Secundário, na aula de português, escolhem diversas

histórias tradicionais infantis e realizam pequenas representações que apresentam às crianças

do pré-escolar. Estes alunos e alunas preparam todo o espaço e utilizam diversos adereços e

recursos que ajudam a captar a atenção das crianças, proporcionando-lhes momentos muito

interessantes e apelativos.

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Sendo que, nos dias de hoje, é de extrema importância o trabalho a nível da

consciencialização e reflexão no que diz respeito à igualdade de direitos, bem como ao modo

como nos devemos dirigir ao nosso próximo, é importante despertar nas crianças o seu lado

solidário e, nesta medida o pré-escolar realiza anualmente um projeto solidário, visando a

melhoria das condições de vida dos mais desfavorecidos.

Este trabalho tem como objetivos principais: fomentar valores de solidariedade;

despertar a consciência cívica dos alunos e alunas; promover a proximidade entre comunidades

educativas e partilhar experiências.

Deste modo, pretendemos que as crianças possam contatar e constatar situações nas quais

podem ter um papel ativo e interventivo e, de alguma forma atenuar as situações destas

pessoas.

No colégio do castanheiro todos os alunos têm a possibilidade de permanecer até às

19h30, hora de fecho das suas instalações. No entanto, alguns dos alunos gostam de se sentir

envolvidos na comunidade educativa pelo que, neste âmbito nasce o projeto voluntariado e

assim, os alunos a partir do 3.º ano têm a oportunidade de se inscrever para estarem presentes

nos momentos de atividade letiva das crianças do pré-escolar. Após a inscrição, é feita uma

análise ao perfil de cada aluno/a, junto com

a psicóloga do colégio, para o/a mesmo/a

ser integrado/a numa das salas do pré-

escolar. Assim, pretende-se que cada

voluntário/a tenha um horário (feito de

acordo com a sua disponibilidade) no qual

poderá permanecer nas salas e participar

das rotinas das crianças.

O Referencial Curricular para a

Educação Básica na Região Autónoma dos

Açores evidencia a necessidade de se

explorar as caraterísticas da Açorianidade, pelo que, no Colégio do Castanheiro existe o projeto

de História e Património Regional. Neste projeto os alunos e alunas de História, a partir do 2.º

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ciclo, deslocam-se às salas do pré-escolar para realizar apresentações elucidativas acerca dos

temas a incluir no projeto (ex: lendas locais, origem dos Açores, caraterísticas da fauna e da

flora, entre outras).

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO PRÉ-ESCOLAR NO COLÉGIO

1. Apoio às crianças:

As educadoras do Colégio do Castanheiro encontram-se em funções letivas das 9h00 às

15h00, sendo que a sua interrupção para almoço é pensada no sentido de as crianças ficarem na

presença dos auxiliares do pré-escolar.

2. Atividades promovidas no âmbito da sala de atividades:

No pré-escolar do Colégio do Castanheiro é defendida uma pedagogia sem recurso a

manuais, o que possibilita que, mediante as caraterísticas de cada uma das turmas seja possível

desenvolver as atividades e estratégias mais adequadas. Assim, as práticas pedagógicas têm por

base a metodologia de trabalho por projeto. Segundo o documento do Ministério da Educação,

intitulado de Trabalho por Projetos na Educação de Infância: Mapear Aprendizagens e Integrar

metodologias,

o trabalho de projecto pode, então, ser considerado uma

abordagem pedagógica centrada em problemas, ou “um estudo em

profundidade sobre determinado tema ou tópico” (Katz e Chard, 1989:2)

ou, melhor ainda, “uma metodologia assumida em grupo que pressupõe

uma grande implicação de todos os participantes, envolvendo trabalho de

pesquisa no terreno, tempos de planificação e intervenção com a

finalidade de responder aos problemas encontrados” (Leite, Malpique e

Santos, 1989:140). (Vasconcelos, 2011, p. 10)

Pretendemos que as crianças sejam ativas na planificação, consecução e avaliação das suas

atividades pois a função do educador é fazer com que as crianças participem e sejam ouvidas nas

ideias apresentadas e apoiar “as suas propostas implícitas ou explícitas, participando

intencionalmente em situações da iniciativa da criança, de modo a alargar e enriquecer as suas

aprendizagens” (OCEPE, 2016, p. 19).

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A criança dos três aos seis anos está no auge da sua curiosidade, pelo que há que

aproveitar este fator em favor delas próprias e partir das suas questões para alcançar os objetivos

delineados tendo em vista as metas curriculares para a educação pré-escolar.

As crianças colocam questões, resolvem problemas e buscam um sentido para o mundo

que as rodeia, desenvolvendo a capacidade de continuar a aprender. Desta forma, fortalecem

competências como:

• capacidade para planear;

• elaborar hipóteses e questões e analisá-las;

• fazer previsões e verificá-las;

• persistir na resolução de problemas;

• tomar iniciativas autonomamente;

• ser responsável pelo que conseguiu fazer;

• monitorizar o seu pensamento;

• ser capaz de refletir desenvolver espírito crítico/reflexivo sobre as aprendizagens e a

forma como as desenvolveu.

Assim, o método científico é privilegiado de modo a ajudar a fazer crescer futuros cidadãos

críticos, curiosos e conscientes. Desta forma, a metodologia colocada em prática pelas educadoras

do Pré-escolar têm em conta as várias etapas de todo o processo de planificação e de

implementação de projetos num jardim-de-infância, independentemente da área em que estes

sejam desenvolvidos. As estas etapas que os constituem são: observar, planear, agir, avaliar,

comunicar e articular.

Observar é essencial para compreender as caraterísticas e as potencialidades ou limitações

de todas as crianças do grupo com quem se trabalha. Só assim se consegue desenvolver atividades

de cariz diverso com a certeza de que tudo é executado de acordo com as particularidades de cada

um. O planear é um processo que aparece no seguimento da observação, pois tem por base aquilo

que o educador conhece do seu grupo. É através do primeiro processo que se consegue fazer com

que todos os momentos planeados e todas as experiências de aprendizagem sejam adequados a

cada criança.

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Já o agir e o comunicar decorrem de momentos planeados em conjunto, entre educadora e

crianças, sendo o papel do educador o e mediar e conduzir o processo educativo. Assim, muitas

vezes as interações não coincidem com os planos semanais, mas enriquecem e fundamentam o

trabalho do educador e as aprendizagens das crianças. Para além disso, é nestes momentos que o

educador tem a oportunidade de articular todos os conhecimentos que a criança apreendeu e

avaliar a mesma de forma refletida, tendo em conta as progressões ocorridas ao longo de todo o

processo letivo. A articulação é também feita com a comunidade, nomeadamente com a

apresentação dos trabalhos realizados.

Na organização semanal as crianças dispõem de 45 minutos dedicados à expressão motora;

45 minutos dedicados ao parque ambiental e laboratório (alternando, semanalmente); 45min para

a Ouriteca e 30 minutos para a dinamização das sessões de inglês, onde se explora o vocabulário

(em inglês) relacionado com os projetos em sala de aula. Esta atividade é, para nós de extrema

importância pois “a educação em línguas estrangeiras é um processo de formação integral do

aprendente na sua dupla vertente de aluno e de falante autónomo, através do qual ele constrói a

sua competência plurilingue e pluricultural” (CREB, 2001, p.55).

Diariamente e no momento de acolhimento as crianças participam na atividade “ler,

contar, mostrar”, onde são convidadas a ler uma história, a contar uma vivência ou mostrar um

brinquedo/objeto que seja significativo. Com esta atividade pretende-se desenvolver a oralidade,

a desinibição, bem como o reforço de sentimento do grupo.

Semanalmente, na tarde de sexta-feira, as crianças reúnem-se em conselho para refletirem

sobre as atividades desenvolvidas, o comportamento do grupo, podendo também fazer propostas

de melhoria. A planificação tem como base os resultados deste conselho/reflexão.

3. Atividades promovidas na sala dos castanhiços:

A sala de convívio, intitulada de “Sala dos Castanhiços” é um espaço lúdico-pedagógico que

surgiu com base nas necessidades inerentes à promoção do desenvolvimento global das crianças

do pré-escolar. Para além de um momento de brincadeira livre, que ocorre após a saída das

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crianças de cada sala, são também desenvolvidas, neste espaço, diversas atividades que englobam

as diferentes áreas da Educação Pré-escolar.

As atividades promovidas junto das crianças são planificadas e realizadas com a ajuda dos

auxiliares de educação, a fim de trabalhar diversos temas, como a ciência, a natureza, a reciclagem

e a culinária.

Estas atividades são realizadas ao final do período da tarde, a partir das 17 horas.

4. Atividades promovidas no âmbito de projetos do colégio:

É sempre com imenso gosto que o grupo de educadoras acede às propostas do colégio no

que toca a novas temáticas, desenvolvendo projetos com as crianças.

As educadoras realizam, ao longo do ano, sessões de esclarecimento sobre prevenção

sísmica. Nestas sessões podem ser convidadas diversas entidades que vêm ao colégio prestar

esclarecimentos sobre os temas, adequando-os às idades. É de ressalvar que todas as abordagens

têm como enfoque a componente lúdica pelo que são explorados vídeos e realizados jogos e

experiências.

No Colégio existe uma preocupação com a identidade cultural pelo que, desde o pré-

escolar, tem início o projeto de história e património açoriano. São planificados momentos em que

são explorados diversos conteúdos da geografia e cultura açorianas já que “no caso particular dos

Açores, a identidade arquipelágica exprime-se no fenómeno da Açorianidade” (CREB, 2011, p. 29).

O pré-escolar também assume um papel ativo neste projeto, uma vez que promove e

divulga tradições regionais, através da realização de diversos trabalhos sobre as caraterísticas do

arquipélago dos Açores, os quais são posteriormente apresentados a toda a comunidade

educativa. Importa também salientar que este projeto decorre ao longo dos três períodos nas

diversas salas, iniciando-se com a pesquisa e escolha dos nomes das mesmas (nas salas novas) e

culminando com uma apresentação na Feira Pedagógica, no final de cada ano letivo.

Uma das preocupações do colégio prende-se com a educação para um consumo.

Pretende-se educar consumidores conscientes, o que faz sentido ser desenvolvido desde cedo.

Assim, em cada uma das salas encontra-se implementado o projeto mealheiro. Este surgiu da

necessidade de se formarem cidadãos mais conscientes, sendo o principal objetivo deste projeto a

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educação para o consumo. No início do ano é fixado um objetivo pelo grupo, em conjunto com a

educadora, para a escolha do tipo de “investimento” a realizar com o valor angariado. Assim as

crianças, semanalmente, trazem uma moeda e é feito um registo (de acordo com a idade de cada

um dos grupos). No final da semana a educadora, junto com o grupo, contabiliza o total e é feito o

balanço deste projeto.

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Bibliografia consultada:

Mata, L. (2008). A Descoberta da Escrita. Lisboa: Direcção-Geral de Inovação e de

Desenvolvimento Curricular - Ministério da Educação.

Ministério da Educação. (2016). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa:

Departamento da Educação Básica.

Palhares, P. (2004). Elementos de Matemática. Lisboa: Lidel – Edições técnicas, Lda.

Slade, P. (1978). O jogo dramático infantil. São Paulo: Summus.

Sousa, A. (2003). A Educação pelo Movimento Expressivo: Movimento, Música, Drama. Lisboa:

Básica Editora.

SREC. (2011). Referencial Curricular para a Educação Básica na Região Autónoma dos Açores.

Angra do Heroísmo: Secretaria Regional da Educação e Formação – Direcção Regional da

Educação e Formação.

Vasconcelos, T. (Coord.) (2011). Trabalho por Projetos na Educação de Infância: Mapear

Aprendizagens e Integrar metodologias. Ministério da Educação – Direção geral de Inovação e

desenvolvimento Curricular.